aditivos em busca de melhor desempenho, produtividade ... · desempenho e de relação...

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28 PO L I U R E T A N O - TECNOLOGIA & APLICAÇÕES N os dias de hoje, espumas flexíveis e rígidas de poliu- retano, principalmente, não são consideradas produtos que na maior parte das vezes demandem uma extensa pesquisa de matérias-primas, aditivos, cargas e outros com- ponentes para serem fabricados em qualidade aceitável. Isso se deve a que as formulações, para fabricar esses produtos, são praticamente de domínio público: cada transformador tem as suas, e elas geralmente não se diferenciam muito das formulações dos concorrentes. Isso faz com que os técnicos, quando precisam ajustar a espuma a requisitos específicos em termos de densidade ou resiliência, por exemplo, simplesmente adicionem ou tirem um ou outro componente (geralmente um aditivo) e pronto. Mas essa realidade está mudando. Isso pode ser explicado com fenômenos que ocorrem simultaneamente e que se influen- ciam uns aos outros. Por um lado, o consumidor final está de posse de maiores informações sobre o produto final, o que o torna mais exigente; por outro, o transformador de poliuretano (espumador, por exemplo) começa a sentir a necessidade de diferenciar seus produtos dos fabricados pelos concorrentes sem que isso acarrete custos muito elevados; por sua parte, ONGs, entidades como a ONU, governos e mesmo a sociedade Em busca de melhor desempenho, produtividade, cuidado ambiental e custo baixo Surfactantes com retardância à chama. Catalisadores com zero emissão de voláteis. Retardantes não halogenados. São infinitos os aditivos que é possível utilizar em espumas de poliuretano. Conheça alguns deles pressionam cada vez mais os fabricantes de matérias-primas por produtos ecologicamente corretos e/ou que minimizem seu efeito se pegarem fogo, por exemplo; por seu lado, os fabricantes de espumas rígidas ou flexíveis não querem que o atendimento a essas demandas (que exige investimentos) afete os custos e portanto os preços finais dos produtos. Essa complexa realidade abre espaço para muitas novidades. E, nessa briga, o destaque são novamente os aditivos. EXIGÊNCIAS “As necessidades de mercado tornam-se cada vez mais especializadas, e a única forma de atendê-las é com constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, disse Roberto Luiz, gerente de poliuretanos da Evonik (São Paulo, SP). “Esse trabalho prevê não somente a produção de novos itens, mas também a melhoria dos produtos que já fazem parte do portfó- lio”. Essas exigências levam o fabricante de matérias-primas a aumentar o atendimento técnico às demandas. “Existe cla- ramente uma maior necessidade de atuação técnica dos forne- cedores de matérias-primas, de forma a não apenas apresentar ADITIVOS Aditivos_PU41_02.indd 28 10/13/10 2:32 PM

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Page 1: ADITIVOS Em busca de melhor desempenho, produtividade ... · desempenho e de relação custo-benefício”, afi rmou Mário Sér-gio Avezu, gerente de fl uorquímicos da Solvay do

28 PO L I U R E T A N O - TECNOLOGIA & APLICAÇÕES

ADITIVOS

Nos dias de hoje, espumas fl exíveis e rígidas de poliu-retano, principalmente, não são consideradas produtos que na maior parte das vezes demandem uma extensa

pesquisa de matérias-primas, aditivos, cargas e outros com-ponentes para serem fabricados em qualidade aceitável. Isso se deve a que as formulações, para fabricar esses produtos, são praticamente de domínio público: cada transformador tem as suas, e elas geralmente não se diferenciam muito das formulações dos concorrentes. Isso faz com que os técnicos, quando precisam ajustar a espuma a requisitos específi cos em termos de densidade ou resiliência, por exemplo, simplesmente adicionem ou tirem um ou outro componente (geralmente um aditivo) e pronto.

Mas essa realidade está mudando. Isso pode ser explicado com fenômenos que ocorrem simultaneamente e que se infl uen-ciam uns aos outros. Por um lado, o consumidor fi nal está de posse de maiores informações sobre o produto fi nal, o que o torna mais exigente; por outro, o transformador de poliuretano (espumador, por exemplo) começa a sentir a necessidade de diferenciar seus produtos dos fabricados pelos concorrentes sem que isso acarrete custos muito elevados; por sua parte, ONGs, entidades como a ONU, governos e mesmo a sociedade

Em busca de melhor desempenho,

produtividade, cuidado ambiental e

custo baixo

Surfactantes com

retardância à chama.

Catalisadores com zero emissão de voláteis.

Retardantes não halogenados. São infi nitos os aditivos que é possível utilizar em

espumas de poliuretano. Conheça alguns deles

pressionam cada vez mais os fabricantes de matérias-primas por produtos ecologicamente corretos e/ou que minimizem seu efeito se pegarem fogo, por exemplo; por seu lado, os fabricantes de espumas rígidas ou fl exíveis não querem que o atendimento a essas demandas (que exige investimentos) afete os custos e portanto os preços fi nais dos produtos. Essa complexa realidade abre espaço para muitas novidades. E, nessa briga, o destaque são novamente os aditivos.

EXIGÊNCIAS“As necessidades de mercado tornam-se cada vez mais

especializadas, e a única forma de atendê-las é com constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, disse Roberto Luiz, gerente de poliuretanos da Evonik (São Paulo, SP). “Esse trabalho prevê não somente a produção de novos itens, mas também a melhoria dos produtos que já fazem parte do portfó-lio”. Essas exigências levam o fabricante de matérias-primas a aumentar o atendimento técnico às demandas. “Existe cla-ramente uma maior necessidade de atuação técnica dos forne-cedores de matérias-primas, de forma a não apenas apresentar

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Page 2: ADITIVOS Em busca de melhor desempenho, produtividade ... · desempenho e de relação custo-benefício”, afi rmou Mário Sér-gio Avezu, gerente de fl uorquímicos da Solvay do

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as suas propriedades, mas sobretudo demonstrar os ganhos de desempenho e de relação custo-benefício”, afi rmou Mário Sér-gio Avezu, gerente de fl uorquímicos da Solvay do Brasil (São Paulo, SP). E é esse atendimento técnico que contribui para que o fornecedor continue competitivo. “A busca de maior com-petitividade leva ao desenvolvimento e lançamento de novos produtos”, afi rmou Rodrigo Santos, responsável pelas vendas técnicas da divisão América Latina para PU e PL da Lanxess (São Paulo, SP). Essa competitividade, por sua vez, é o que mantém as empresas no mercado. “Somente empresas que têm a capacidade de entregar mais valor aos seus clientes poderão se orgulhar de ter um negócio sustentável no longo prazo”, confi rmou Rodrigo Santiago, gerente técnico-comercial de poliuretanos da Air Products (São Paulo, SP). “A exigência por espumas de alta qualidade vem crescendo cada vez mais, o que faz com que os fabricantes de espumas, assim como de móveis e colchões invistam em novas tecnologias e produtos de maior valor agregado”, completou Luiz, da Evonik.

QUalidadEDiversos são os requisitos exigidos para espumas fl exíveis,

rígidas ou outras, consideradas de boa qualidade. Uma exigência muito comum é de soluções em aditivos contra oxidação (scor-ching). “Para isso, são usados antioxidantes de altíssima potên-cia, que previnem esse fenômeno, causado pela forte exotermia gerada na produção da espuma”, explicou Roberto Luiz. Mas, em última instância, o que o transformador quer é simplesmente qualidade. No mercado calçadista, por exemplo, a busca, dentre outras, é por produtos anti-hidrólise. Para isso, existem aditivos especiais. “Esses aditivos anti-hidrólise surgiram da necessidade de os calçadistas atenderem às exigências do mercado externo (Europa e EUA), assim como de clientes que queriam melhorar a qualidade do seu produto fi nal”, informou Santos, da Lanxess. “Os agentes anti-hidrólise permitem aumentar a vida útil do produto fi nal em até três vezes. É claro que nesse esforço deve haver também a disposição a se gastar um pouco mais por tal competitividade”, completou.

Já em se falando de espumas fl exíveis, por sua vez, a qualidade é em boa parte medida pela boa resiliência, fator que tem aberto às espumas HR (alta resiliência) um mercado cada vez mais amplo. “As espumas HR possibilitam atingir alto fator de conforto, o qual é muito exigido pelos consu-midores”, afi rmou Roberto Luiz, que frisa a necessidade de abastecer o transformador com espumas HR de várias densidades e durezas.

Outras características que promovem a fabricação de produtos em poliuretano de alta qualidade têm mais a ver com o processo de fabricação do que com a necessidade de um produto fi nal específi co. “Compatibilizantes para diferen-tes mesclas de polióis, por exemplo, resolvem problemas de compatibilidade entre diferentes formulações, e sai na frente quem tem esse tipo de aditivo”, afi rmou Fenelon Chaves dos Santos, gerente de aditivos da Byk-Chemie (São Paulo, SP). Por detrás dessa busca por aditivos que resolvam problemas de processo está também o esforço de tornar o poliuretano mais viável na substituição de outros materiais poliméricos, geral-mente de menor custo-em-uso. “Criar aditivos que promovam o maior uso do PU mantendo suas propriedades superiores é

um objetivo que os fabricantes de aditivos devem perseguir incansavelmente”, diz Santiago, da Air Products. “Acredito que os transformadores estão dispostos a gastar um pouco mais para ter um produto com uma qualidade melhor no mercado, visto que a concorrência atual é bastante grande e somente os melhores produtos se destacam”, afi rmou Santos, da Lanxess. Já no segmento de espuma rígida de PU, caracterizado por salientar o potencial de isolamento térmico da espuma, a busca é por melhor desempenho isolante com a mesma quantidade de matérias-primas (ou até menos). “O mercado tem buscado soluções que atendam a esse requisito”, afi rmou Avezu.

MEiO aMBiENTEAo se falar em novidades, o impacto ambiental é um dos

primeiros itens que vêm à mente, na medida inclusive em que está perfeitamente inserido na megatendência de redução de consumo de energia e de emissões de CO2. E esse é de fato um campo em que novos produtos e soluções surgem continuamen-te. “Claramente nos últimos anos os consumidores estão mais preocupados com os ‘rastros’ que os produtos químicos deixam no meio ambiente”, disse Santiago, da Air Products. Mas que produtos são mais afetados nesse novo contexto? “Aditivos de baixa liberação de VOCs (compostos orgânicos voláteis), assim como de baixo – ou nulo – fogging (embaçamento), isentos de ftalatos, passam a ser oferecidos para o mercado, assim como aminas de emissão zero”, explicou Roberto Luiz, da Evonik, que possui produtos de linha que vão nessa direção. “A menor agressividade ao meio ambiente é, sim, muito importante, e os fabricantes já atuam nesse sentido”, disse Avezu, da Solvay, segundo o qual a tendência por formulações menos danosas tende a aumentar na medida em que ocorram também melho-rias na relação custo-benefício. “Pode-se dizer que hoje em dia nossos clientes conseguem obter mais vantagens de nossos aditivos que há alguns anos”, destacou Santiago, da Air Products.

RETaRdÂNcia À cHaMa

A redução de infl a-mabilidade ou o au-mento de retardância à chama é uma outra preocupação dos es-pumadores e formu-ladores de sistemas. Às vezes esse efeito pode ser satisfeito com o uso de polióis especiais. “Os retar-dantes reativos de base poliol poliéter bromado possuem efeito permanente e de alto desempenho de re-tardância à chama, pois reagem como polióis e incorporam-se à matriz da molécula de poliuretano”,

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explicou Avezu, da Solvay. Já para quem não quer – ou não pode – mudar a formulação de sua espuma a tal ponto, os fabricantes de aditivos costumam oferecer retardantes à chama específicos, bromados ou fosforados, halogenados ou não halogenados. Neste ponto, há unanimidade: os não halo-genados mostram-se mais amigáveis ambientalmente falando. “Os retardantes não halogenados são largamente preferidos pelos transformadores em virtude de seu apelo ambiental, mas são ainda produtos com pouco tempo de vida no Brasil”, afirmou Mauro Majerowicz, diretor comercial da Polyorganic (São Paulo, SP). Nesse ramo, a retardância à chama é também oferecida por surfactantes com essa vocação.

EspEcialidadEsQuanto mais os mercados se especializam, mais au-

menta também a demanda por substâncias solucionadoras de problemas não previstos. É isso, por exemplo, o que acontece com clientes que querem abrir as células das espumas viscoelásticas. “Essa característica não aparece sem que se apliquem abridores celulares específicos para elas”, explicou Roberto Luiz, da Evonik. Outro mercado que merece um aditivo só para ele é o de esponjas para a cozinha. “Nesse produto, deve ser utilizado um agente hi-drofílico, que melhora a absorção de água pelas esponjas”, mostrou Fenelon, da Byk-Chemie. Outras especialidades incluem redutores de viscosidade (para sistemas de alta viscosidade), antisedimentantes para cargas pesadas e

antiflutuante para cargas leves, agentes antideformação da espuma à temperatura ambiente (também chamados de anti cold flow, indicados para flexíveis HR e viscoelásticas), compatibilizadores para emulsificação, melhoradores de homogeneização de blendas, estabilizadores para prevenir a sedimentação de matérias-primas, etc. “Nessas especia-lidades, cada aditivo é aplicado de forma específica para solucionar problemas pontuais”, disse Luiz, da Evonik.

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