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153 SINTAXE 5.1 FRASE 5.2 FUNÇÕES SINTÁTICAS 5.3 FRASES SIMPLES E FRASES COMPLEXAS 5.4 PROCESSOS SINTÁTICOS FICHAS DE ATIVIDADES | 14 | 15 | 16 | 17 LQGG

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152 153

CAPÍTU LO 5 SINTAXE

5.1 FRASE

5.2 FUNÇÕES SINTÁTICAS

5.3 FRASES SIMPLES E FRASES COMPLEXAS

5.4 PROCESSOS SINTÁTICOS

F I C H A S D E AT I V I DA D E S | 1 4 | 1 5 | 1 6 | 1 7

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CAPÍTU LO 5 SINTAXE

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5.1 FRASEA sintaxe é a parte da gramática que se dedica ao estudo das

relações entre as palavras na frase.Com base no conhecimento das propriedades das várias clas-

ses de palavras, os falantes combinam diferentes tipos de palavras formando frases. A frase é a unidade máxima de combinação de palavras.

um barco

branco

viu

um barco branco

a rapariga

viu um barco branco

A rapariga viu um barco branco.

a, Detum, Detver, Vrapariga, Nbarco, Nbranco, Adj

Além de possuírem uma estrutura sintática, as frases são assi-naladas por uma pausa final, graficamente marcada pelo sinal de pontuação, e podem ter diferentes entoações, dependendo, tam-bém, do objetivo de comunicação.

As frases podem ser simples ou complexas. No caso das frases simples (1), uma frase corresponde a uma oração (um sujeito e um predicado). Esta correspondência não se verifica no caso das frases complexas, que contêm mais de uma oração (2).

(1) A Luísa telefonou.(2) A Luísa avisou que se ia atrasar.

Cada frase transmite um significado completo e indepen-dente, visto que esse significado se baseia nas relações que o pre-dicado (núcleo verbal dessa frase) estabelece com o sujeito e com os complementos que seleciona. No entanto, embora sejam uni-dades sintática e semanticamente autónomas, as frases produzi-das num dado contexto ou discurso estabelecem relações entre si. Estas relações têm que ver, entre outros aspetos, com a coesão e a compatibilidade de valores referenciais e temporais. Por exemplo, a sequência de factos e tempos gramaticais expressos pelas frases deve obedecer a uma sequência lógica (diremos Ontem o Zé foi ao cinema e amanhã vai ao teatro e não *Ontem o Zé vai ao cinema e amanhã foi ao teatro).

A interpretação de uma frase pode também depender de elementos presentes noutras frases. Uma frase como Quando eles lá chegaram, encontraram a porta fechada não tem interpretação sem qualquer outra informação, mas na sequência de O Pedro e o Rui foram a casa da Rita, a frase anterior já tem uma interpretação possível.

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Na atividade linguística, por vezes os falantes produzem estru-turas não frásicas. Estas estruturas ocorrem, por exemplo, em res-posta a perguntas (1), no uso de interjeições (2) e de vocativos (3).

(1) Pergunta: Quem vem jantar? Resposta: O Zé. Pergunta: Quantos livros compraste? Resposta: Três. Pergunta: A Ana fez os trabalhos? Resposta: Fez./Sim.

(2) Cuidado!, Ai!, Andor!

(3) Mãe!, Tareco!

Numa língua, não existe um número finito de frases, podendo ser sempre criadas frases novas.

5.1.1 Tipos de fraseA produção de um enunciado traduz uma intenção de comu-

nicação por parte do locutor. Em alguns casos, as opções comuni- cativas correspondem a diferentes possibilidades de realização sintática.

A intenção de comunicação, a entoação e o modo verbal per-mitem distinguir diferentes tipos de frase: frases declarativas, fra-ses interrogativas, frases exclamativas e frases imperativas.

Frases declarativasAs frases declarativas expressam uma asserção do locutor.

Na escrita, caracterizam-se por terminarem normalmente com um ponto final.

A maré está cheia.Estou atrasado.A Sara não foi a Paris.

As frases declarativas podem ser não marcadas ou marca-das. Quando os seus elementos constituintes ocorrem na ordem sujeito-verbo-complementos, diz-se que a frase é não marcada (1). Se a ordem não for esta, considera-se que a frase declarativa é mar-cada (2).

(1) O Pedro viu esse filme.(2) Esse filme, o Pedro viu-o.

As frases simples declarativas afirmativas são consideradas neutras do ponto de vista descritivo.

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Frases interrogativasAs frases interrogativas são produzidas quando o locutor tem

intenção de obter uma informação. Estas frases estão associadas a uma ordem de palavras própria, havendo diferentes tipos de inter-rogativas.

As interrogativas podem ser totais se a pergunta envolver toda a frase.

Compraste o livro que te pedi? A Joana telefonou?

Se a interrogação incidir apenas sobre um constituinte, a interrogativa será parcial.

Quem comprou este livro?Onde compraste este livro?Que livro compraste?O que compraste na feira?

Nas interrogativas totais, em geral, não há qualquer alteração da ordem de palavras. Pelo contrário, nas interrogativas parciais a frase inclui sempre um pronome interrogativo, que ocorre geral-mente em posição inicial de frase.

Alguns pronomes interrogativos podem ocorrer noutras posi-ções na frase.

O João comprou o quê?Compraste este livro quando?Foste jantar onde?

As interrogativas podem também ser diretas ou indiretas.As frases interrogativas diretas estão associadas a uma

entoação particular e, frequentemente, a uma ordem de palavras diferente da das frases declarativas. Na escrita, terminam com um ponto de interrogação.

Queres vir comigo?Amanhã vamos ao cinema?

As frases interrogativas indiretas não têm marcas caracterís-ticas próprias. São frases subordinadas completivas, selecionadas por alguns verbos. Na escrita, terminam com um ponto final.

Não sei se o João vem amanhã.Preciso de saber se jantas em casa.

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Frases exclamativasAs frases exclamativas servem essencialmente para transmi-

tir diferentes valores expressivos e estão tipicamente associadas a uma entoação característica.

Os sentimentos transmitidos pelas frases exclamativas são, por exemplo, a satisfação, a admiração, o entusiasmo, a dúvida, a dor, entre outros. Estas frases podem ser introduzidas por palavras que traduzem a exclamação, como que.

Que belo dia!Estás muito bonito!O trabalho está excelente!

Frases imperativasAs frases imperativas expressam ordens, pedidos ou instru-

ções do locutor, que, desta forma, pretende condicionar ou provo-car um dado comportamento por parte do seu interlocutor.

Traz-me a pasta.Saiam daqui!Dá-me um copo de água, se faz favor.

5.1.2 Constituintes da fraseNuma frase, as palavras ocorrem agrupadas formando

sequências a que se dá o nome de grupos.Os grupos são construções endocêntricas, isto é, estruturas

que possuem obrigatoriamente um núcleo. Por isso, na maior parte dos casos, basta a ocorrência de uma categoria nuclear para defi nir um grupo. Por exemplo, na frase Os rapazes corriam, o grupo verbal é formado apenas pela forma do verbo correr.

Sendo a categoria de um grupo defi nida pelo núcleo, um grupo cujo núcleo é um verbo será um grupo verbal, um grupo cujo núcleo é um nome será um grupo nominal, etc.

Os grupos podem fazer parte de outros grupos sintáticos, funcionando como complementos ou modifi cadores de um nome, de um adjetivo, de um verbo, etc.

Grupo GrupoO melhor amigo do Vítor vive numa caravana.

Grupo Grupo

Numa frase, as palavras ocorrem agrupadas formando

, isto é, estruturas que possuem obrigatoriamente um núcleo. Por isso, na maior parte dos casos, basta a ocorrência de uma categoria nuclear para defi nir

, o grupo verbal

S a b e r M a i s

Em estudos linguísticos, o termo

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Os grupos funcionam como blocos da estrutura das frases. Assim, propriedades como as funções sintáticas são atribuídas ao grupo no seu conjunto e não a uma das suas partes.

Decorre daqui que os grupos evidenciam determinados com-portamentos sintáticos, que facilitam a sua identificação:

• não é possível inserir elementos adverbiais de tempo no interior de um grupo;

• não se pode substituir parte de um grupo;• não se pode deslocar parte de um grupo.

Por exemplo, para reconhecer os principais grupos existentes na frase O melhor amigo do Vítor vive numa caravana, podemos identificar as suas fronteiras inserindo um advérbio como agora.

Assim, podemos concluir que a sequência o melhor amigo do Vítor forma um grupo, visto que não é possível interrompê-la inse-rindo o advérbio agora: *O melhor agora amigo do Vítor vive numa caravana ou *O melhor amigo agora do Vítor vive numa caravana.

Nesta frase, a única possibilidade é inserir o advérbio antes ou depois dos grupos: Agora o melhor amigo do Vítor vive numa caravana ou O melhor amigo do Vítor agora vive numa caravana. As possibilidades de ocorrência do advérbio agora seriam, então, as seguintes:

agora agora agora agora L� L� L� L

O melhor amigo do Vítor vive numa caravana.

Da mesma forma, também não é possível substituir uma parte de um grupo. Podemos dizer Ele vive numa caravana, mas não *Ele amigo do Vítor vive numa caravana; ou O melhor amigo do Vítor vive lá, mas não *O melhor amigo do Vítor vive numa lá.

GRU POS Núcleo Categoria ExemplosNome

Grupo nominalO pintor comprou um livro novo.

Pronome Ele não veio.Verbo Grupo verbal O pintor comprou um livro novo.

Adjetivo Grupo adjetival O pintor comprou um livro novo.Preposição Grupo preposicional Eles estiveram em Braga.Advérbio Grupo adverbial O Luís comeu agora.

Quadro 1 | Grupos sintáticos.

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Além do núcleo, um grupo pode conter outros elementos que funcionam como determinantes, modificadores ou complementos.

Os determinantes são categorias que especificam a interpre-tação de um nome e que ocupam a posição à esquerda do núcleo nominal.

os planetas Det N

trinta alunos Det N

Os complementos são constituintes selecionados por um núcleo (verbal, nominal ou adjetival), sendo obrigatórios.

comeram sardinhas V Comp

moram em Loures V Comp

estudante de Física N Comp

construção da ponte N Comp

orgulhoso da filha Adj Comp

desejoso por partir Adj Comp

Os modificadores afetam a interpretação do constituinte a que se juntam, acrescentando informação, mas são elementos opcionais na estrutura.

jogo perfeito N Mod

correu no estádio V Mod

Grupo nominalUm grupo nominal é uma unidade sintática cujo elemento

central (núcleo) é um nome (1) ou um pronome (2).Além do núcleo, o grupo nominal pode integrar determinan-

tes (3), complementos (4) e modificadores (5):

(1) Praga é uma bonita cidade.(2) Ela é uma boa rapariga.(3) A Ana foi-se embora.(4) A filha da Joana tem 12 anos.(5) O João, que está de férias, foi passear.

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Grupo verbalUm grupo verbal é uma unidade sintática cujo núcleo é um

verbo (1).Além do núcleo, o grupo verbal pode conter complementos (2)

e/ou modifi cadores (3):

(1) A Rita desmaiou.(2) O Pedro comeu um bolo.(3) A Maria magoou-se ontem.

Grupo adjetivalUm grupo adjetival é uma unidade sintática que tem um

adjetivo como elemento central (1).No grupo adjetival, o adjetivo (núcleo) pode coocorrer com um

complemento (2) e/ou com um advérbio de quantidade e grau (3):

(1) O rapaz interessado fez uma pergunta.(2) O Pedro está desejoso de saber o resultado do exame.(3) O Rui é o meu fi lho mais velho.

Grupo preposicionalUm grupo preposicional é uma unidade sintática cujo núcleo

é uma preposição, que ocorre obrigatoriamente com um comple-mento (1). Este complemento também pode ocorrer sob a forma de oração (2):

(1) Esqueci-me da carteira em casa.(2) Esqueci-me de que não vinhas jantar a casa.

Grupo adverbialUm grupo adverbial é uma unidade sintática que tem um

advérbio como elemento central (1). Além do advérbio (núcleo), o grupo adverbial pode integrar um complemento (2) e/ou outro advérbio (3):

(1) Amanhã vou à praia.(2) Independentemente de estar ou não a chover, eu vou

passear.(3) O aluno que respondeu mais rapidamente foi o Marco.

Grupo verbal

verbo

Grupo adjetival

Grupo preposicional

S a b e r M a i s

GV proibiu a manifestação ontem V C. Dir Mod

GN O Governo Det N

GN a manifestação Det N

GAdv ontem Adv

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5.2 FUNÇÕES SINTÁTICASA função sintática de um constituinte depende da relação

que ele estabelece com o predicado da frase. Por exemplo, o grupo nominal o gato funciona como sujeito numa frase como O gato fugiu, em que o verbo apenas seleciona um sujeito; o mesmo grupo nominal funciona como complemento direto numa frase como O Manuel quer o gato, em que o predicado verbal da frase exige um complemento.

Em português, em geral, o sujeito antecede o verbo e o com-plemento direto ocorre à direita deste. No entanto, são muitas as orações cuja ordem não é sujeito-verbo-complemento. Por exem-plo, o sujeito ocorre muitas vezes em posição pós-verbal: Telefonou a Maria.

A ordem das palavras não é, portanto, um critério determi-nante para saber qual é a função sintática de um constituinte.

5.2.1 Funções sintáticas ao nível da frase

SujeitoDo ponto de vista sintático, o sujeito é o constituinte que con-

corda com o verbo.Para determinar o sujeito, deve(m) identifi car-se a(s) palavra(s)

que concorda(m) com o verbo em número.

Sujeito PredicadoVárias fi rmas hoteleiras construíram um hotel na Lua.

plural plural

Sujeito PredicadoUma fi rma hoteleira construiu um hotel na Lua.

singular singular

O sujeito pode ser um grupo nominal ou uma oração. O su-jeito nominal (1) pode ser substituído pelo pronome pessoal com função de sujeito (2) e o sujeito frásico (3), pela forma pronominal isso (4):

(1) O João foi à praia.(2) Ele foi à praia.(3) Que te tivesses atrasado aborreceu-me.(4) Isso aborreceu-me.

Do ponto de vista sintático, o sujeito é o constituinte que con-

Para determinar o sujeito, deve(m) identifi car-se a(s) palavra(s)

O sujeito pode ser um grupo nominal ou uma oração. O su-jeito nominal (1) pode ser substituído pelo pronome pessoal com

pela forma pronominal

S a b e r M a i s

A solução falhou

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Sujeito realizado e sujeito nuloTodas as orações são constituídas por um sujeito e por um

predicado. No entanto, ao contrário de outras línguas como o inglês, a existência de uma fl exão verbal rica em português per-mite que ocorram os denominados sujeitos nulos.

Assim, além de frases como As cantoras deram uma entre-vista ou Eles ganharam, em que o sujeito corresponde a um grupo nominal, é possível ter em português frases como Fomos ontem ao cinema, em que não existe nenhuma palavra que corresponda ao sujeito. Nas primeiras, ocorre um sujeito realizado e na última, um sujeito nulo.

As orações de sujeito nulo são orações cujo sujeito não se encontra realizado lexicalmente. O sujeito nulo pode ser:

• subentendido — corresponde a um elemento (sujeito pro-nominal) identifi cado pela fl exão do verbo: Não chegaste a tempo. (equivalente a Tu não chegaste a tempo.)

• indeterminado — exprime o chamado sujeito de referência arbitrária («alguém») e é identifi cado pelo verbo como uma terceira pessoa do plural: Dizem que vai chover muito amanhã.

• expletivo — não tem interpretação, como no caso dos ver-bos impessoais, e é geralmente equivalente à terceira pes-soa do singular: Choveu muito hoje.

PredicadoO predicado é a função desempenhada pelo grupo verbal, que

integra o verbo e os seus complementos e/ou modifi cadores, caso existam.

PredicadoA Graça deu um par de esquis ao João.

V C. Dir C. Ind

Em frases com verbos copulativos ou transitivos-predicativos, o grupo verbal que desempenha a função de predicado integra o predicativo.

PredicadoOs dromedários são muito resistentes.

V P. Suj (GAdj)

sujeito nuloS a b e r M a i s

Algumas línguas, como o inglês

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Modificador da fraseO constituinte com a função sintática de modifi cador não é

selecionado por nenhum elemento da frase. No entanto, afeta glo-balmente a sua interpretação, acrescentando-lhe informação. Por não ser exigido por nenhum elemento, pode ser omitido sem pôr em causa a gramaticalidade da frase.

Esta função sintática pode ser desempenhada por um grupo adverbial (1) ou por uma oração subordinada adverbial concessiva (2) ou condicional (3):

(1) Infelizmente, não conseguimos acabar o trabalho a tempo.(2) Vou fazer o trabalho, embora esteja muito cansada.(3) Se tivesse estudado, teria tido uma boa nota.

VocativoA função sintática de vocativo é desempenhada pelo cons-

tituinte que interpela o interlocutor. Em geral, este constituinte ocorre em frases do tipo interrogativo (1), exclamativo (2) e impe-rativo (3):

(1) Ana, sabes como se faz este bolo?(2) Que horror, João!(3) Pedro, vem já para casa!

O vocativo é um chamamento e sintaticamente vem isolado do resto da frase, sendo, por isso, analisado à parte. Embora não seja subordinado a nenhum outro elemento frásico, pode esta-belecer uma relação semântica com outros termos da oração, em especial com o sujeito.

Outras características do vocativo são não ter posição fi xa na frase e vir sempre separado por algum sinal de pontuação, normal-mente uma vírgula.

5.2.2 Funções sintáticas internas ao grupo verbal

Complementos do verboO núcleo verbal pode ser acompanhado por um ou mais com-

plementos que restringem ou delimitam a informação expressa no predicado. Estes constituintes são selecionados pelo verbo e possuem uma determinada função sintática.

Os complementos podem estar unicamente relacionados com o verbo ou com o verbo e com outro constituinte que faça parte da oração.

O constituinte com a função sintática de modifi cador não é selecionado por nenhum elemento da frase. No entanto, afeta glo-balmente a sua interpretação, acrescentando-lhe informação. Por não ser exigido por nenhum elemento, pode ser omitido sem pôr

Esta função sintática pode ser desempenhada por um grupo ou por uma oração subordinada adverbial concessiva

A função sintática de vocativo é desempenhada pelo cons-tituinte que interpela o interlocutor. Em geral, este constituinte

e impe-

S a b e r M a i s

Para determinar as funções sintáticas

pôs um copo de água em cima da mesa. GV Predicado

A rapariga GN Sujeito

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Tendo em conta as relações que mantêm com outros elemen-tos oracionais, podemos distinguir duas classes de complementos:

• Complementos que se relacionam unicamente com o verbo que funciona como núcleo do predicado:— complemento direto;— complemento indireto;— complemento oblíquo;— complemento agente da passiva.

• Complementos que se relacionam com o verbo que fun-ciona como núcleo do predicado e com outro constituinte da oração.— predicativo do sujeito;— predicativo do complemento direto.

Para identifi car os complementos dos verbos, podemos usar o seguinte critério: se um constituinte for obrigatório, então é um complemento. Atente-se na seguinte frase:

Eles puseram o livro no balcão.

Nesta frase, os constituintes o livro e no balcão são comple-mentos, visto que a sua omissão torna a frase agramatical:

*Eles puseram.*Eles puseram o livro. *Eles puseram no balcão.

Do ponto de vista semântico, os complementos são os cons-tituintes selecionados pelo verbo. Por exemplo, o verbo pôr sele-ciona três constituintes, que correspondem ao agente que controla a ação, ao objeto que é deslocado e ao local para onde o objeto é deslocado. Numa frase que apresente a ordem básica, o primeiro constituinte é o sujeito e os outros são os complementos do verbo (complemento direto e complemento oblíquo, respetivamente).

Eles puseram o livro na mesa. Suj V C. Dir C. Obl

O número e o tipo de complementos selecionados pelos ver-bos é o critério para o estabelecimento das subclasses verbais. Assim, os verbos que não selecionam nenhum complemento são intransitivos, os que selecionam um complemento direto são tran-sitivos diretos, os que selecionam um complemento indireto são transitivos indiretos, etc.

tos oracionais, podemos distinguir duas classes de complementos:S a b e r M a i s

tituintes selecionados pelo verbo. Por exemplo, o verbo

Assim, os verbos que não selecionam nenhum complemento são

transitivos indiretos, etc.

S a b e r M a i s

em cima da mesa. GP

A rapariga pôs um copo de água GN

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Complemento diretoO complemento direto corresponde ao constituinte selecio-

nado pelo verbo que não é antecedido de preposição.Na maior parte dos casos, o complemento direto é um grupo

nominal que, na ordem básica do português, ocorre imediata-mente à direita do verbo.

O Maurício destruiu a estufa.

O complemento direto pode também ser uma oração. É o caso dos verbos que selecionam orações subordinadas substanti-vas completivas:

Ele disse que a viagem foi horrível.

PronominalizaçãoO complemento direto nominal é substituível por uma forma

acusativa de pronome pessoal:

O Zé viu a tua irmã. q O Zé viu-a. O João encontrou os livros. q O João encontrou-os.

A pronominalização do complemento direto ocorre também em construções em que o complemento surge destacado no início da frase:

A Rita, vi-a ontem na Baixa.Amigos desses, não os quero para nada.

O complemento direto oracional pode ser substituído pela forma pronominal isso:

A Rita disse que não queria ir.A Rita disse isso.

OrdemO complemento direto ocupa, geralmente, a posição imedia-

tamente à direita do verbo, antes de outros complementos e/ou modificadores:

A Joana pôs o livro na mesa.O Renato ouviu essa notícia ontem.

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No entanto, quando o complemento direto é muito longo ou complexo, pode ocupar a posição final da frase:

A Joana pôs na mesa o livro que o pai lhe mandou dos Estados Unidos.

O Renato viu ontem um documentário sobre o desapa-recimento do gelo polar.

Complemento indiretoO complemento indireto é o complemento do verbo que tem

a forma de um grupo preposicional cujo núcleo é a preposição a.

Comprei esta casa a um amigo que emigrou.A Sandra deu um livro à professora.O Ricardo comprou este barco ao representante da marca.

Pronominalização O complemento indireto é substituível pela forma dativa de

um pronome pessoal:

Comprei-lhe esta casa. A Sandra deu-lhe um livro.O Ricardo comprou-lhe este barco.

OrdemNas construções com mais de um complemento que apre-

sentam a ordem básica, o complemento indireto ocorre na posição imediatamente à direita do complemento direto:

Ela ofereceu um candeeiro de teto à mãe.

Contudo, se for pronominalizado (1) ou se o complemento direto for muito longo (2), o complemento indireto ocupa a posição imediatamente à direita do verbo:

(1) Ela deu-lhe a chave de casa.(2) Ele comprou ao Pedro a casa onde passava férias em

pequeno.

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Complemento oblíquoComplementos oblíquos são complementos do verbo que

podem ser grupos preposicionais (1) ou grupos adverbiais (2). Quando são grupos preposicionais, a preposição pode introduzir um grupo nominal (3) ou uma oração (4):

(1) O Pedro gosta da Paula. (2) A Laura mora aqui.(3) Eles foram para Itália. (4) A Câmara autorizou o clube a construir um novo pavilhão.

Ao contrário dos complementos indiretos, os grupos preposi-cionais com função de complemento oblíquo não podem ser subs-tituídos por formas dativas de pronome pessoal:

O condutor obedeceu ao agente. q O condutor obedeceu-lhe. (ao agente é um complemento indireto)

O Pedro gosta da Paula. q *O Pedro gosta-lhe. (da Paula é um complemento oblíquo)

Complemento agente da passivaO complemento agente da passiva é o grupo preposicional

selecionado pelo verbo nas frases passivas que é interpretado como agente:

A gala foi apresentada por um artista famoso.

O complemento agente da passiva pode ser identificado atra-vés das seguintes características:

• Forma — O complemento agente da passiva é um grupo preposicional cujo núcleo é a preposição por: A lei foi rejei-tada por uma larga maioria de deputados. Em casos raros, o agente da passiva pode ser opcionalmente introduzido pela preposição de: A sua fama era conhecida de todos/por todos.

• Relação com uma frase ativa — Na forma ativa, o comple-mento agente da passiva ocorre como sujeito.

PassivaA ponte foi inaugurada pelo rei.

Suj C. A. Pas

AtivaO rei inaugurou a ponte.

Suj C. Dir

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Predicativo do sujeito e do complemento direto

Predicativo do sujeitoO predicativo do sujeito é um constituinte obrigatório nos

grupos verbais cujo núcleo é um verbo copulativo (ser, estar, fi car, permanecer, continuar, ...). Pode ser um grupo adjetival (1), um grupo nominal (2), um grupo preposicional (3) ou um grupo adverbial (4).

(1) O teu comportamento é criticável.(2) A Berta é uma cantora famosa.(3) A escola fi ca em Sintra.(4) O Pedro permanece ali.

Propriedades sintáticas• O predicativo do sujeito é o constituinte selecionado obri-

gatoriamente por um grupo verbal formado com verbos copulativos. Por isso, a sua supressão torna as frases agra-maticais:

*O teu comportamento é.*A escola fi ca.

• O predicativo do sujeito de natureza adjetival concorda em género e número com o sujeito da frase:

O rapaz é alto.*O rapaz é alta./*O rapaz é altos.

• O predicativo do sujeito de natureza nominal concorda com o sujeito, exceto se for uma expressão nominal quali-tativa (uma maravilha, um horror, etc.):

Elas são professoras.*Elas são professores./*Elas são professora.

Aquela pintura é um horror.Aquele quadro é um horror.

• O predicativo do sujeito é substituível pelo clítico demons-trativo o (que é uma forma pronominal invariável):

A Maria é alta.A Maria é-o.Alta, a Maria é-o.

Predicativo do sujeito

permanecer

S a b e r M a i s

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Propriedades semânticasO predicativo do sujeito é o predicador das frases em que

ocorre (os verbos copulativos veiculam apenas valores gramaticais — tempo, modo, aspeto, pessoa e número), sendo, portanto, o ele-mento que atribui uma propriedade, uma característica ou uma localização (temporal ou espacial) ao sujeito da frase.

Predicativo do complemento diretoO predicativo do complemento direto é um constituinte que

ocorre obrigatoriamente com verbos transitivos-predicativos (con-siderar, achar, julgar, ...) e opcionalmente com verbos de outras classes.

O predicativo do complemento direto pode ser um grupo adjetival (1), um grupo nominal (2) ou um grupo preposicional (3).

(1) O Rui considera a solução extraordinária.(2) Eles acharam as férias uma maravilha.(3) Todos o tinham por culpado.

Propriedades sintáticas

• O predicativo do complemento direto é um constituinte obrigatório dos grupos verbais que têm como núcleo verbos transitivos-predicativos e, por isso, não pode ser suprimido:

*O Rui considera a solução.*Eles acharam as férias.*Todos o tinham.

• Com verbos de outras classes, o predicativo do comple-mento direto é um constituinte opcional:

A turma elegeu a Sara delegada de turma. A turma elegeu a Sara.

O Pedro comeu a sopa fria.O Pedro comeu a sopa.

• O predicativo do complemento direto quando tem forma adjetival concorda em género e número com o comple-mento direto:

O Rui considera a solução extraordinária.*O Rui considera a solução extraordinário.

O predicativo do complemento direto é um constituinte que con-

, ...) e opcionalmente com verbos de outras

O predicativo do complemento direto pode ser um grupo

S a b e r M a i s

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CAPÍTU LO 5 SINTAXE

171

A pronominalização do complemento direto permite distin-guir os predicativos do complemento direto dos modifi cadores do complemento direto. Quando um grupo é um modifi cador do com-plemento direto, tem de ser incluído na pronominalização deste:

A Marta comprou um casaco azul.*A Marta comprou-o azul. / A Marta comprou-o.

Pelo contrário, o predicativo do complemento direto não pode ser incluído na pronominalização do complemento direto:

Eles acharam o concerto fraco.Eles acharam-no fraco. / *Eles acharam-no.

Propriedades semânticasO predicativo do complemento direto forma um predicado

complexo em conjunto com o verbo. Ao contrário do que acontece com os verbos copulativos, os verbos que entram na formação destes predicados são verbos principais. O grupo com a função sintática de complemento direto é selecionado pelo verbo e, simul-taneamente, são-lhe atribuídas propriedades pelo predicativo do complemento direto.

O Pedro achou a festa aborrecida. C. Dir P. C. Dir

Modificador do verboOs predicados podem conter outros constituintes não sele-

cionados pelos verbos, que acrescentam informação sobre a loca-lização dos eventos e estados, os seus modos, meios, etc. Estes constituintes são modifi cadores (ou adjuntos) e têm geralmente um valor adverbial (sintaticamente, realizam-se como grupos preposicionais, grupos adverbiais ou orações subordinadas adver-biais), sendo opcionais.

Eles puseram o livro na mesa com cuidado. V Comp Comp Mod

Eles puseram o livro na mesa para enganar o professor. V Comp Comp Mod

taneamente, são-lhe atribuídas propriedades pelo predicativo do

Modificador do verbo

S a b e r M a i s

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5.2.3 Funções sintáticas internas ao grupo nominal

Complemento do nomeA função sintática de complemento do nome é desempe-

nhada por um constituinte que é selecionado pelo nome. Este constituinte pode ser um grupo preposicional (1) — que pode incluir uma oração (2) — ou, embora com menos frequência, um grupo adjetival (3):

(1) A remodelação da casa durará duas semanas.(2) A ideia de que me falaste é interessante.(3) Governos condenam a prática da pesca baleeira.

Os nomes de ação relacionados com verbos, como viagem, leitura, ensino ou construção, e os nomes agentivos, como viajante, leitor, professor ou construtor, podem selecionar complementos. Nestes casos, a estrutura do grupo nominal é paralela à estrutura do grupo verbal do verbo de que deriva, quer do ponto de vista sin-tático (em todos os casos existe um complemento) quer do ponto de vista semântico (o complemento é o objeto da ação):

GNconstrução de barcos

N Comp

GVconstruir barcos

V Comp

GNconstrutor de barcos

N Comp

GNleitura de jornais

N Comp

GVler jornais

V Comp

GNleitor de jornais

N Comp

GNtreino da equipa

N Comp

GV treinar a equipa

V Comp

GNtreinador da equipa

N Comp

Em geral, são complementos dos nomes os grupos preposi-cionais:

• com valor possessivo — constituintes que podem ser subs-tituídos por um determinante possessivo: o filho da Rita = o seu filho; a loja do Filipe = a sua loja;

• que indicam origem: vinho do Porto;• que indicam matéria: panela de ferro.

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CAPÍTU LO 5 SINTAXE

173

Modificador do nomeOs modificadores do nome são constituintes opcionais,

podendo, por isso, ser omitidos.

Modificador restritivoO constituinte com a função sintática de modificador restri-

tivo pode ser um grupo adjetival (1), um grupo preposicional (2) ou uma oração subordinada relativa restritiva (3):

(1) Vou comprar uma camisola azul.(2) Vou jantar com a amiga do Pedro.(3) O meu filho que vive em Inglaterra é o mais velho.

Como o nome sugere, este modificador restringe a referência do nome, não podendo ser separado dele por vírgula.

Modificador apositivoA função sintática de modificador apositivo também é

desempenhada por um constituinte que não é selecionado pelo nome. Contudo, ao contrário do modificador restritivo, o apositivo não restringe a referência do nome, devendo ser separado dele por vírgula.

Em geral, o modificador apositivo é um grupo nominal (1), um grupo adjetival (2) ou uma oração subordinada relativa expli-cativa (3):

(1) Cavaco Silva, presidente da República, vai falar à imprensa.

(2) A fruta, madura, caía da árvore.(3) O meu filho, que está a estudar, tem tirado ótimas

notas.

5.2.4 Funções sintáticas internas ao grupo adjetival

Complemento do adjetivoTal como os nomes, também os adjetivos podem selecionar

complementos: ansioso, orgulhoso, contente, capaz, etc. O com-plemento dos adjetivos é sempre um grupo preposicional (1), que pode também incluir uma oração (2):

(1) Fiquei satisfeito com a minha prestação.(2) Ela ficou desejosa por saber a novidade.

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5.3 FRASES SIMPLES E FRASES COMPLEXAS

As frases simples têm um único verbo principal.

GVAs raparigas trouxeram os livros ontem.

V

GVA torre da igreja tinha um grande relógio.

V

Além do verbo principal, as frases simples podem conter outras formas verbais, como os verbos auxiliares e semiauxiliares que formam os tempos compostos (1) e as formas perifrásticas (2):

(1) A Rita tem estudado muito.(2) O João vai correr logo.

As frases que contêm mais do que um verbo principal deno-minam-se frases complexas:

Eles querem que tu venhas para casa. V V

A Ana esqueceu-se de te dar o recado. V V

O facto de nas frases complexas existir mais do que um pre-dicado verbal significa também que estas contêm mais do que um sujeito, ou seja, as frases complexas são compostas por mais do que uma oração.

Quando a Ana chegou, o Rui cumprimentou-a. Oração Oração

O Pedro saiu, mas o irmão ficou em casa. Oração Oração

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As frases complexas podem ser formadas por coordenação ou por subordinação. A formação de uma frase complexa requer a existência de uma conjunção, que funciona como um conector frásico. A coordenação e a subordinação distinguem-se pelas con-junções associadas a cada um dos processos e pela relação sintá-tica entre orações. No caso da coordenação, as orações mantêm a sua independência estrutural, enquanto na subordinação a oração subordinada integra a estrutura da subordinante.

Coordenação Frase complexa

O Pedro escreveu e a Ana telefonou. Oração Oração

Subordinação Frase complexa GN GV

Eles querem que tu venhas para casa. Oração subordinada

A classificação das orações que integram frases complexas encontra-se resumida no esquema que se segue.

Consecutivas

Comparativas

CondicionaisExplicativas

ConcessivasConclusivas

TemporaisAdversativas

FinaisDisjuntivas Relativas explicativas

Relativas

CausaisCopulativas Relativas restritivas

Completivas

SubordinadasCoordenadas

OR AÇÕES

AdverbiaisAdjetivasSubstantivasSindéticas Assindéticas

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5.3.1 CoordenaçãoA coordenação é a união de orações sintaticamente indepen-

dentes através de um elemento conector ou, no caso da coordena-ção assindética, sem nenhum elemento explícito.

Coordenação assindéticaNa coordenação assindética, duas ou mais orações indepen-

dentes constituem uma frase complexa sem que ocorra uma con-junção a ligá-las.

Na fala, a coordenação assindética é assinalada por marcas prosódicas, que na escrita são indicadas pela pontuação (geral-mente por vírgula).

Não vou de comboio, vou de autocarro. Oração Oração

Não tenho problemas, sou uma pessoa feliz. Oração Oração

A Vera andou ao sol, fi cou doente. Oração Oração

As orações coordenadas assim formadas denominam-se ora-ções coordenadas assindéticas.

Estas frases podem ser formadas por duas ou mais orações independentes sintaticamente:

Cheguei, vi e venci.

Do ponto de vista semântico, as orações coordenadas assin-déticas podem estabelecer entre si vários tipos de relações:

REL AÇÕES EXEMPLOS

Justaposição Anda de um lado para o outro, solta, vira-se, não para.

Sucessão temporal Agora está a jogar, daqui a pouco aborrece-se.

Consequência Dói-me o corpo todo, devo estar com gripe.

Quadro 2 | Relações que se estabelecem entre orações coordenadas assindéticas.

A coordenação é a união de orações sintaticamente indepen-dentes através de um elemento conector ou, no caso da coordena-

Na coordenação assindética, duas ou mais orações indepen-dentes constituem uma frase complexa sem que ocorra uma con-

Na fala, a coordenação assindética é assinalada por marcas prosódicas, que na escrita são indicadas pela pontuação (geral-

S a b e r M a i s

L e r M a i sPara saber mais sobre este tema, pode

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Coordenação sindéticaQuando uma oração é coordenada por intermédio de uma

conjunção ou de uma locução coordenativa, denomina-se sindé-tica. Estas orações podem ser copulativas, disjuntivas, adversativas, explicativas ou conclusivas.

OR AÇÕES COORDENADAS SI N DÉTICAS

Subclasses Conjunções e locuções conjuncionais Exemplos

CopulativasIndicam a simples concatenação

de frases.

e, nem,não só... mas também,

tanto... como,não só... como

Saí de casa e fui comprar o jornal.Não gosto de viajar nem de

conduzir durante muito tempo.

DisjuntivasExpressam uma alternativa

entre os membros da construção coordenada.

ou,ou... ou, nem... nem, ora... ora, quer... quer

Amanhã escrevo-lhe ou telefono-lhe.

O Pedro nem acaba o curso nem arranja emprego.

AdversativasExpressam um contraste entre

os membros da construção coordenada.

mas, porém, todavia, contudo

O carro tem gasolina mas não anda.

ExplicativasApresentam uma explicação

ou justificação que legitima o que foi expresso na oração anterior.

pois, que, porquanto

Estava com muita fome, pois tinha comido já há algum tempo.Despacha-te, que nos vamos

atrasar.

ConclusivasExpressam uma relação de

causalidade entre uma causa, que é expressa pelo primeiro membro

da coordenação, e o seu efeito, que é indicado pelo segundo membro.

logo, assim, portanto, por isso

Penso, logo existo.Não estudei nada para o teste,

por isso tive negativa.

Quadro 3 | Orações coordenadas sindéticas.

As conjunções coordenativas ocupam em geral uma posição fixa no interior da estrutura coordenada (encabeçando o segundo membro da coordenação).

No entanto, as conjunções adversativas porém, contudo, toda-via, no entanto, entretanto e as conjunções conclusivas logo e por-tanto podem ocorrer em várias posições.

O Zé é bom aluno, porém o irmão não estuda nada.O Zé é bom aluno, o irmão, porém, não estuda nada.

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5.3.2 SubordinaçãoA subordinação é a relação de dependência entre duas ora-

ções. A oração subordinada ocupa uma posição na estrutura com-plexa formada pela junção das duas estruturas. A oração que não está encaixada na estrutura de outra oração denomina-se oração subordinante.

A subordinação estabelece-se através de um elemento de ligação: uma conjunção subordinante ou um pronome relativo.

Frase complexa GN GV

O advogado declarou que o seu cliente estava inocente. Oração subordinada

Frase complexa GN GV

O homem que entrou agora mesmo é o meu patrão. Oração subordinada

Frase complexa GN GV

Ela chegou quando eu estava no escritório. Oração subordinada

Frase complexa GN GV

A Lúcia é simpática embora tenha mau feitio. Oração Oração subordinada

Dependendo da função sintática que desempenham na frase, as orações subordinadas podem classifi car-se em:

• substantivas — quando desempenham uma função carac-terística do nome:Ele disse que a viagem foi ótima.

• adjetivas — quando exercem uma função geralmente atri-buída ao adjetivo: Comprei uma casa que tem um jardim.

• adverbiais — quando desempenham uma função típica do advérbio:Não me interrompas enquanto estudo.

A subordinação é a relação de dependência entre duas ora- ocupa uma posição na estrutura com-

plexa formada pela junção das duas estruturas. A oração que não oração

A subordinação estabelece-se através de um elemento de

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Orações subordinadas substantivasOrações subordinadas substantivas são orações que funcio-

nam como sujeito ou como complemento de um verbo, de um nome ou de um adjetivo.

Orações subordinadas substantivas completivasAs orações que têm uma distribuição equivalente aos grupos

nominais são orações subordinadas substantivas completivas. Em geral, é possível substituir as orações subordinadas com-

pletivas por um grupo nominal ou pela forma de demonstrativo isso.

que o ministro viesse.O secretário esperava a vinda do ministro. (grupo nominal) isso. (demonstrativo)

As orações subordinadas substantivas completivas podem ser finitas ou não finitas, consoante o verbo se encontre numa forma finita (1) ou não finita (2).

(1) Esqueci-me de que fazias anos.(2) Esqueci-me de trazer a carteira.

Estas orações podem desempenhar diferentes funções sintá-ticas na oração subordinante.

OR AÇÕES SU BORDI NADAS SU BSTANTIVAS COMPLETIVASFunção sintática Exemplos

Sujeito Aborrece-me que digas mentiras.Andar ao sol é perigoso para a saúde.

Complemento direto A Alice quer que o filho seja advogado.Eles pretendem mudar de casa este ano.

Complemento oblíquo Não te esqueças de que o Pedro faz anos amanhã.Não te esqueças de passar pela farmácia.

Complemento do nome A ideia de que ele possa estar a adoecer aflige-me.Agrada-me a ideia de passar férias com elas.

Complemento do adjetivo Ela está certa de que não se enganou.Estamos todos desejosos de conhecer a casa nova do Rui.

Quadro 4 | Funções desempenhadas pelas orações subordinadas substantivas completivas.

As interrogativas indiretas são um tipo particular de orações subordinadas substantivas completivas, que ocorrem como com-plemento de verbos como perguntar, ignorar, saber.

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Estas orações interrogativas são sintaticamente dependen-tes; correspondem a perguntas, mas não podem surgir isoladas.

As interrogativas indiretas podem ser:• parciais — contêm uma palavra interrogativa (que, quem,

quanto, onde, ...) que encabeça a subordinada:

A Ana pergunta quem vai com ela às compras.Perguntaram-me quantos anos tinha.

• totais — são introduzidas pela conjunção se e não contêm nenhum elemento interrogativo:

O Rui pergunta se quer um gato.Não sei se a Joana vem hoje.

Orações subordinadas substantivas relativasAs orações subordinadas substantivas relativas são introdu-

zidas por um pronome relativo (quem, o que, onde, quanto) sem antecedente (palavra ou expressão que fi xa a referência do pro-nome relativo). Estas orações podem ser fi nitas ou não fi nitas e podem ocorrer nos mesmos contextos em que ocorrem constituin-tes que desempenham as seguintes funções sintáticas:

• Sujeito:Quem te avisa teu amigo é.

• Complemento direto:Já sei quem me resolverá o problema.

• Complemento indireto:Dei os contactos a quem mos pediu.

• Complemento oblíquo:Esqueci-me de quem me deu a informação.

• Modifi cador do grupo verbal:Ele trabalha onde quer.

Orações subordinadas adjetivas relativasAs orações subordinadas adjetivas relativas são introduzidas

por um pronome relativo associado a um antecedente.

Comprei o livro de que me falaste.A intervenção que acabámos de ouvir foi muito interessante.O Pedro, que já tinha um carro, comprou outro.

As orações subordinadas substantivas relativas são introdu-) sem

antecedente (palavra ou expressão que fi xa a referência do pro-nome relativo). Estas orações podem ser fi nitas ou não fi nitas e podem ocorrer nos mesmos contextos em que ocorrem constituin-

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Nestas orações, a interpretação do pronome relativo é fixada pelo grupo nominal que lhe serve de antecedente.

Antecedente Oração adjetiva relativaum gato que mia toda a noite

«que» = «um gato»

O pronome relativo está associado a uma função sintática dentro da oração subordinada adjetiva relativa.

Antecedente Oração adjetiva relativaum gato que mia toda a noite

Suj

Antecedente Oração adjetiva relativauma pessoa que todos conhecem

C. Dir

Antecedente Oração adjetiva relativaa amiga a quem dei uma prenda de Natal

C. Ind

Antecedente Oração adjetiva relativao livro de que me falaste

C. Obl

Orações subordinadas adjetivas relativas restritivasAs orações subordinadas adjetivas relativas restritivas têm a

função de modificador do grupo nominal. Esta função de modifica-dor é partilhada com os grupos adjetivais e preposicionais.

que mia toda a noite. Ela tem um gato branco. (grupo adjetival) de olhos verdes. (grupo preposicional)

Semanticamente, as orações subordinadas adjetivas relativas restritivas limitam (restringem) a denotação do grupo nominal antecedente.

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Estas orações podem ocorrer com o verbo no modo indicativo ou no modo conjuntivo. O modo em que a relativa ocorre afeta a interpretação do grupo nominal antecedente.

• Indicativo — O modo indicativo induz a leitura específica do grupo nominal antecedente:

Procuro um cão que tem manchas brancas no focinho.

Neste exemplo, o grupo nominal um cão refere-se a um cão particular de cuja existência estamos certos. A leitura espe-cífica do antecedente permite que este contenha determi-nantes definidos ou demonstrativos:

Quero o pacote que tem um brinde.Vou levar aquele livro que me recomendou.

• Conjuntivo — Nas orações subordinadas adjetivas relati-vas restritivas no conjuntivo, o antecedente é interpretado como não específico:

Procuro uma casa que tenha vista para o rio.

Numa frase como esta, não se refere nenhuma casa especí-fica, nem sequer se pode assegurar a existência de tal enti-dade; o que se faz é enunciar uma propriedade que um dado objeto deve satisfazer para corresponder à descrição. A leitura não específica do antecedente bloqueia a possibilidade de este ser determinado por artigos definidos ou por demonstrativos:

*Procuro a casa que tenha vista para o rio.*Procuro aquela casa que tenha vista para o rio.

Orações subordinadas adjetivas relativas explicativasSintaticamente, as orações subordinadas adjetivas relativas

explicativas são modificadores apositivos; por isso, também se podem denominar relativas apositivas. Estas orações são limita-das por pausas, que na escrita são assinaladas por sinais gráficos (em geral por um par de vírgulas, mas também por travessões ou parênteses):

Os nossos amigos, que já tinham jantado, foram-se embora.O João, que tinha chegado na véspera, quis ir logo à praia.

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Orações subordinadas adverbiaisAs orações subordinadas adverbiais ocorrem predominante-

mente como modifi cadores.Tradicionalmente, classifi cam-se como adverbiais não só as

subordinadas que expressam valores adverbiais (como tempo, modo, lugar) mas também outras subordinadas que não têm pro-priamente um valor adverbial, como as comparativas e as conse-cutivas.

Excetuando as comparativas e as consecutivas, as orações subordinadas adverbiais apresentam grande mobilidade na frase. Quando antecedem a oração subordinante ou quando aparecem intercaladas, devem ser separadas por vírgulas:

O Ivo não encontrou a irmã quando chegou a casa.Quando chegou a casa, o Ivo não encontrou a irmã.O Ivo, quando chegou a casa, não encontrou a irmã.

Orações subordinadas adverbiais causaisAs orações subordinadas adverbiais causais exprimem uma

relação de causalidade entre a oração contida na subordinada (a causa) e a oração subordinante (a consequência).

As fl ores murcharam porque a Vera não as regou. Consequência Causa

Estas orações são introduzidas pelas seguintes conjunções e locuções conjuncionais: porque, pois, como, pois que, visto que, etc.

As orações subordinadas adverbiais causais podem ser fi ni-tas (1) ou não fi nitas (2).

(1) O motor gripou porque fi cou sem óleo. (2) A Sara perdeu o comboio por se ter atrasado.

Orações subordinadas adverbiais finaisAs orações subordinadas adverbias fi nais expressam a fi nali-

dade ou o objetivo que levou ao estado de coisas descrito na oração subordinante. São introduzidas pelas seguintes conjunções e locu-ções conjuncionais: para, para que, a fi m de que, porque, etc.

Tal como as subordinadas adverbiais causais, também se divi-dem em fi nitas (1) e não fi nitas (2).

(1) Telefono-te de manhã para que não percas o comboio.(2) Telefono-te de manhã para não perderes o comboio.

Orações subordinadas adverbiaisS a b e r M a i s

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Orações subordinadas adverbiais temporaisAs orações subordinadas adverbiais temporais são equivalen-

tes a advérbios de tempo:

O trânsito ficou um caos quando choveu. (oração sub. temporal) O trânsito ficou um caos ontem. (advérbio de tempo)

Estas orações são introduzidas por uma conjunção temporal ou por uma locução conjuncional temporal:

CON ECTORES TEMPOR AISConjunções quando, apenas, mal, que, enquanto, …

Locuções conjuncionais

antes que, depois que, até que, sempre que, desde que, …

Quadro 5 | Conjunções e locuções conjuncionais temporais.

A relação entre o tempo da oração subordinada e o tempo da oração subordinante pode assumir vários valores:

REL AÇÕES EXEMPLOSAnterioridade Mal acabem os exames, vou de férias.Posterioridade Quando quis falar com ele, já tinha saído.

Simultaneidade Não me interrompas enquanto estudo.

Quadro 6 | Relações temporais.

Orações subordinadas adverbiais concessivasAs orações subordinadas adverbiais concessivas expressam

um facto contrário ao estado de coisas expresso na oração subor-dinante. Estas orações são introduzidas pelas seguintes conjun-ções e locuções conjuncionais: ainda que, apesar de, mesmo que, embora, posto que, nem que, etc.

As orações concessivas podem ser factuais, hipotéticas ou contrafactuais.

Orações concessivas factuaisNas orações concessivas factuais, a situação descrita na ora-

ção subordinante é considerada inesperada, tendo em conta o estado de coisas descrito na subordinada:

Dou-te os parabéns, embora esteja magoada contigo.Tenho apetite, apesar de ter muita febre.Gosto de ti, ainda que te tenhas portado mal.

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Orações concessivas hipotéticasNo caso das orações concessivas hipotéticas, a oração subor-

dinante descreve uma situação futura que se verificará mesmo no caso de ocorrer o estado de coisas expresso pela subordinada:

Mesmo que tu não queiras, vou mudar de curso. Ainda que tentes, não vais conseguir dissuadir-me. Mesmo que eles comprem um carro novo, não vão vender

o velho.

Orações concessivas contrafactuaisAs orações concessivas contrafactuais expressam uma situa-

ção em que o estado de coisas expresso pela oração subordinante não teria ocorrido mesmo que se tivessem verificado as condições descritas na oração subordinada:

Mesmo que ela o tivesse avisado, o Zé não teria conseguido chegar a tempo.

Desta vez ele não perdia, mesmo que o Gil tivesse ido ao torneio.

Mesmo que eu não tivesse estado doente, não teria ido à praia.

Orações subordinadas adverbiais condicionaisAs orações subordinadas adverbiais condicionais expressam

uma condição da qual depende o estado de coisas descrito na ora-ção subordinante. A oração subordinada é muitas vezes designada como o termo antecedente da relação, e a subordinante, como o termo consequente. Estas orações são introduzidas pelas seguin-tes conjunções e locuções conjuncionais: se, contanto que, salvo se, sem que, desde que, caso, etc. Os vários tipos de orações condicio-nais, apresentados a seguir, correspondem ao grau de realidade dos factos descritos.

Orações condicionais factuaisAs orações condicionais factuais expressam uma relação que

ocorre de facto entre uma condição e um estado de coisas:

Se uma figura tiver quatro lados, (então) é um quadrilátero.

Se tiveres um resultado negativo, não és selecionada.Se o resultado do teste de gravidez for positivo, estás

grávida.

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Orações condicionais hipotéticasAs orações condicionais hipotéticas expressam a relação en-

tre uma condição e um estado de coisas que pode ou não vir a ocorrer:

Traz-me o jornal, se fores à rua.Caso tenhas sumo, traz-me um copo.Se fores à mercearia, compra um litro de leite.

Orações condicionais contrafactuaisAs orações condicionais contrafactuais expressam uma rela-

ção entre a condição e o seu consequente que não corresponde a um estado de coisas real:

Se tivesse estudado, teria tido boa nota.Se tivesses chegado a horas, terias entrado no concurso. Se elas tivessem ido ao cinema, teriam gostado do filme.

Orações subordinadas adverbiais comparativasAs orações subordinadas adverbiais comparativas estabele-

cem uma comparação entre dois termos através de um elemento conjuncional:

A Ana demora mais a fazer uma sopa do que a tua irmã a cozinhar um jantar completo.

O primeiro termo da comparação contém normalmente um advérbio de quantidade (mais, menos) ou um adjetivo no grau comparativo (maior, menor, melhor, pior).

O segundo termo é introduzido por uma das seguintes con-junções ou locuções conjuncionais: que, do que (antecedidas por mais, menos, maior, menor, melhor ou pior), quanto (antecedida por tanto), como, assim como, etc.

PRIMEI RO TERMO DA COMPAR AÇÃO

SEGU N DO TERMO DA COMPAR AÇÃO

A Isabel fala inglês melhor do que tu.Os números falavam mais do que as palavras.

Apareceu como se viesse de outro planeta.Tem tantos milhões como peixes há no mar.

Quadro 7 | Termos comparados nas orações subordinadas adverbiais comparativas.

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As construções comparativas permitem expressar vários graus:

GR AUS CONJ U NÇÕES EXEMPLOS

Comparativo de igualdade

tanto... como; o mesmo... que

O teu primo é tão alto como tu.

Ele tem a mesma altura que tu.

Comparativo de superioridade mais... do que/que Tenho mais cromos do

que tu.

Comparativo de inferioridade

menos... do que/que

A Luísa tem menos rugas do que tu.

Quadro 8 | Graus expressos pelas orações subordinadas comparativas.

Orações subordinadas adverbiais consecutivasAs orações subordinadas adverbiais consecutivas expressam

uma consequência de uma propriedade, de uma circunstância ou de um acontecimento referidos na oração subordinante. São intro-duzidas pelas seguintes conjunções e locuções conjuncionais: que (antecedida por tal, tanto, tão), de forma que, de maneira que, de modo que, etc.:

Estava tanto calor que o chão queimava.Ele gritou de tal modo que ficou sem voz.A terra era tão seca que não se conseguia cultivar nada.Estava muito cansado, de modo que resolvi procurar abrigo.

Em alguns casos, as orações consecutivas podem exprimir grau. É o que se verifica quando indicam a consequência do grau em que se encontra um determinado facto apresentado na subor-dinante:

Estou tão cheia que já não consigo comer sobremesa.Ele é tão perspicaz que resolveu o problema sozinho.

Tal como as orações subordinadas adverbiais comparativas, as orações consecutivas não apresentam mobilidade na frase:

Estava tão escuro que não se via nada.*Que não se via nada estava tão escuro.

Estas orações podem também ser não finitas:

A Sofia gostou da cidade a ponto de lá comprar uma casa.

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Análise de frases complexas: procedimento

Para analisar uma frase complexa, deve proceder-se da seguinte forma:1. Localizar os diferentes grupos verbais.2. Determinar o sujeito e os complementos de cada verbo para delimitar as

respetivas orações.3. Observar a relação sintática entre as orações:

— se as orações forem sintaticamente independentes, estamos perante um caso de coordenação;

— se uma das orações depende sintaticamente da outra, trata-se de ora-ções compostas por subordinação.

4. Nas orações ligadas por coordenação, se não existir nenhuma conjunção a ligá-las, estamos perante um caso de coordenação assindética.

5. Nas orações coordenadas, deve observar-se a natureza da conjunção coor-denativa:— se a conjunção for copulativa, a frase é composta por coordenação copu-

lativa;— se a conjunção for adversativa, a frase é composta por coordenação adver-

sativa;— se a conjunção for disjuntiva, a frase é composta por coordenação

disjuntiva;— se a conjunção for conclusiva, a frase é composta por coordenação con-

clusiva; — se a conjunção for explicativa, a frase é composta por coordenação

explicativa.6. Nas orações formadas por subordinação, deve observar-se a relação entre

a oração subordinada e a oração subordinante: — se a oração subordinada tiver a distribuição típica dos grupos nominais,

é uma oração subordinada substantiva completiva;— se a oração subordinada se comportar como um grupo adjetival, é uma

oração subordinada adjetiva relativa;— se a oração subordinada tiver a distribuição característica dos advérbios,

é uma oração subordinada adverbial.7. As orações subordinadas substantivas completivas podem funcionar

como sujeito da oração subordinante ou como complemento de um verbo, de um nome ou de um adjetivo. O verbo destas frases pode ocorrer num tempo finito ou no infinitivo.

8. As orações adjetivas relativas podem ser restritivas ou explicativas.9. Se se tratar de uma oração subordinada adverbial, determinamos a sua

classe tendo em conta o tipo de relação com a oração subordinante. Estas orações podem expressar uma causa, um fim, uma circunstância temporal ou ter um valor comparativo, concessivo ou consecutivo.

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CAPÍTU LO 5 SINTAXE

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5.4 PROCESSOS SINTÁTICOS5.4.1 Concordância

Denomina-se concordância a partilha de traços fl exionais de género, número e pessoa entre duas ou mais palavras que se encontram numa dada expressão ou oração, de tal modo que a variação no género, no número e na pessoa de uma delas obriga à alteração do traço correspondente na outra.

O menino é moreno. (masculino singular)As meninas são morenas. (feminino plural)

A locutora falava depressa. (3.ª pessoa do singular)Os locutores falavam depressa. (3.ª pessoa do plural)

A concordância é obrigatória nos seguintes contextos:• entre sujeito e verbo fl exionado (ex.: Nós fomos às com-

pras.);• entre determinante e nome (ex.: um aluno);• entre quantifi cador e nome (ex.: muitas pessoas);• entre nome e adjetivo (ex.: homem honesto);• entre sujeito e predicativo do sujeito (ex.: Ele fi cou satisfeito.);• entre complemento direto e predicativo do complemento

direto (ex.: Considero-a bonita.)• entre sujeito e particípio passado em construções passivas

(ex.: Os bolos foram comidos.).

Concordância verbal

Relação de concordância entre sujeito e verboO sujeito concorda em pessoa e número com o verbo que é o

núcleo do grupo verbal da oração a que ambos pertencem.

Eles deram uma prenda ao pai. Suj V

O biólogo afi rmou que os golfi nhos do Sado estão em extinção. Suj V Suj V

Concordância verbal

Relação de concordância entre sujeito e verbo

Suj V

Suj V Suj V

S a b e r M a i s

variação no género, no número e na pessoa de uma delas obriga à

L e r M a i s

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No caso de o verbo ocorrer num tempo composto, a concor-dância estabelece-se com o verbo auxiliar.

Elas tinham visto o fi lme na televisão. Suj V. Aux V

Uma vez que os traços de pessoa e número presentes no verbo são partilhados com o sujeito, a forma verbal permite identi-fi car os traços gramaticais dos sujeitos nulos.

Subimos à serra em duas horas. Suj V (1.ª pessoa do plural)

Dado que a concordância com o verbo é obrigatória em por-tuguês, podemos usá-la como critério para identifi car o sujeito da frase. Na frase O leão caçou a gazela, o constituinte o leão é o sujeito, visto que é ele que concorda com o verbo:

Os leões caçaram a gazela.*O leão caçaram a gazela.*O leão caçaste a gazela.

*O leão caçaram a gazela.; *O leão caçaste a gazela.; Os leões caçaram a gazela.; O leão caçou as gazelas.

Casos particulares de concordânciaA concordância estabelece-se sempre entre o verbo e o núcleo

do grupo com função de sujeito, independentemente dos valores de pessoa e número de outras expressões nominais que possam nele ocorrer:

A solução é boa.A solução destes problemas é boa.

No caso de grupos contendo expressões quantitativas, como a maioria de, um terço de, etc., a perceção dos falantes sobre o que constitui o núcleo do grupo com função de sujeito não é uniforme. Assim, alguns falantes fazem a concordância com a expressão quantitativa — 3.ª pessoa, singular (1) — e outros com o núcleo nominal (2).

(1) A maioria dos estudantes vive em casa dos pais.(2) A maioria dos estudantes vivem em casa dos pais.

A concordância estabelece-se sempre entre o verbo e o núcleo do grupo com função de sujeito, independentemente dos valores de pessoa e número de outras expressões nominais que possam

No caso de grupos contendo expressões quantitativas, como , etc., a perceção dos falantes sobre o que

constitui o núcleo do grupo com função de sujeito não é uniforme. Assim, alguns falantes fazem a concordância com a expressão quantitativa — 3.ª pessoa, singular (1) — e outros com o núcleo

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Concordância com um sujeito compostoSão frequentes as frases que têm um sujeito composto.

Nestes casos, o sujeito é sempre plural e o verbo ocorre, portanto, numa forma do plural:

O Pedro e o João saíram para a escola.

CONCORDÂNCIA COM UM SUJ EITO COMPOSTOContextos Exemplos

Se o sujeito contiver um pronome da 1.ª pessoa, o verbo ocorre na 1.ª pessoa

do plural.

Tu e eu levamos a Rita a casa.Ele e eu viemos ontem.

O Pedro e eu vamos escalar nos Alpes.Na maior parte das variedades do português,

a 2.ª pessoa do plural vós caiu em desuso, tendo sido substituída pela forma você, que

é uma 3.ª pessoa. Por isso, o sujeito composto com uma forma de 2.ª pessoa desencadeia

a concordância na 3.ª pessoa do plural.

Tu e tu vão arrumar a sala.Tu e o Rui verão o que lhes acontece.

Você e ela têm muito em comum.

Se os membros do sujeito composto forem da 3.ª pessoa, o verbo ocorre

na 3.ª pessoa do plural.O Pedro e o Zé foram às compras.

Ele e a Sandra montaram um negócio.

Quadro 9 | Concordância com um sujeito composto.

Concordância com o sujeito vocêA forma de tratamento de segunda pessoa você é formal-

mente uma terceira pessoa. Por isso, é na terceira pessoa que ocorre o verbo em frases com este sujeito:

Você vai de férias?Quero que vocês mudem já de roupa.

Concordância com sujeitos coletivosOs nomes coletivos singulares denotam uma pluralidade de

seres ou objetos, mas têm forma de singular. Como tal, é este valor gramatical que a concordância manifesta:

O rebanho foi inspecionado pelo veterinário.Esta biblioteca possui dez mil obras.

Quando os coletivos ocorrem no plural, o verbo também ocorre no plural:

Os rebanhos desciam da montanha no outono.

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Concordância com sujeitos oracionaisAs orações com função de sujeito são constituintes da terceira

pessoa do singular, e a forma dos verbos ocorre, portanto, nesta pessoa e neste número:

Agrada-me que venhas cá.Convém que todos fiquem calados.

Concordância nominalNo interior do grupo nominal, estabelecem-se relações de con-

cordância de género e número entre os seguintes elementos:• Determinante — Nome O determinante deve concordar com o nome em género e

em número:

o rapaz/a rapariga/os rapazes/as raparigaso leão/a leoa/os leões/as leoas

Se o nome for uniforme, é o determinante que define o género e o número:

o atleta/a atletao lápis/os lápis

• Quantificador — Nome Os quantificadores também concordam com o nome em

género e em número:

muitos alunos/muitas alunasnenhum cidadão/nenhuma cidadã

• Nome — Adjetivo O adjetivo tem de concordar com o nome em género e em

número:

rapaz alto/rapariga alta/rapazes altosgato branco/gata branca/gatos brancos

Se o adjetivo não permitir variação em género, con-corda apenas em número:

homem elegante/mulher eleganteanimal veloz/animais velozes

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5.4.2 Frases ativas e frases passivasFrases ativas

As frases ativas são frases em que o sujeito corresponde ao agente (entidade que controla a ação). O verbo principal das frases ativas pode ocorrer num tempo simples ou composto:

O Rui escreveu uma carta ao pai. Pretérito perfeito do indicativo

Eles tinham ido ao cinema ontem. Pretérito mais-que-perfeito composto

O Alberto conhece um restaurante muito barato. Presente do indicativo

Frases passivasNas frases passivas, o verbo principal ocorre na forma de par-

ticípio, acompanhado por uma forma do auxiliar ser (estas cons-truções são, por vezes, denominadas passivas sintáticas).

O sujeito da frase passiva é interpretado como a entidade que sofre a ação expressa pelo verbo e o constituinte preposicio-nal com a função de complemento agente da passiva expressa o agente dessa ação:

Suj PredOs atletas foram recebidos pelo presidente.

V. Aux V C. A. Pas

Quando o verbo tem duas formas de particípio (como sol-tado/solto e matado/morto), é normalmente a forma forte, ou não regular, que ocorre na passiva:

O suspeito foi solto pelo juiz.*O suspeito foi soltado pelo juiz.O indivído foi morto pelo tubarão.*O indivíduo foi matado pelo tubarão.

Frases passivas

ticípio, acompanhado por uma forma do auxiliar truções são, por vezes, denominadas passivas sintáticas).

L e r M a i s

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O agente nas frases passivas é expresso através de um grupo preposicional introduzido pela preposição por (1), mas as frases passivas sem agente expresso são muito frequentes (2 e 3):

(1) A sopa foi feita pela Ana.(2) Estas casas foram vendidas.(3) A proposta da oposição não foi aprovada.

Relação entre frases ativas e frases passivasUma frase ativa pode ser transformada numa frase passiva

através das seguintes alterações: • A forma verbal ativa é substituída pela forma passiva cor-

respondente de particípio passado e o auxiliar ser ocorre no tempo verbal da forma ativa.

• O sujeito passa a complemento agente da passiva.• O complemento direto passa a sujeito da frase passiva.

A polícia vedou a zona. Suj V C. Dir

A zona foi vedada pela polícia. Suj V C. A. Pas

O Duarte vendeu o carro. Suj V C. Dir

O carro foi vendido pelo Duarte. Suj V C. A. Pas

Passivas de -seAlém das passivas formadas por um particípio verbal e pelo

auxiliar ser, existe na língua portuguesa um outro tipo de passivas: as passivas de -se.

Estes tijolos usavam-se para fazer muros.Estas casas construíram-se depressa.

Tal como nas passivas sintáticas, também aqui o sujeito cor-responde ao complemento direto da forma ativa.

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Estas passivas, chamadas passivas de -se ou passivas reflexas, caracterizam-se pelas seguintes propriedades:

• O verbo ocorre numa forma flexionada.• Não é possível expressar o agente (*Convocaram-se os sócios

para o debate pelo presidente).• O sujeito é obrigatoriamente uma terceira pessoa.• A construção contém sempre a forma do clítico pronominal

-se.

Suj PredEstes casacos usavam-se no ano passado.

V + -se

As frases com verbos transitivos em que ocorre o clítico -se na terceira pessoa do singular são ambíguas, podendo ser interpreta-das quer como frases passivas quer como frases impessoais:

Inventou-se um novo método para extrair petróleo. = Foi inventado um novo método para extrair petróleo. = Alguém inventou um novo método para extrair petróleo.

As frases com verbos intransitivos não podem ser transfor-madas em passivas, pelo que são sempre impessoais:

Aqui vive-se bem.

As frases com sujeito no plural são sempre passivas:

Neste terreno cultivam-se beterrabas.

5.4.3 ElipseA elipse é um processo em que uma expressão é omitida/apa-

gada na frase porque a sua interpretação pode ser recuperada pelo contexto linguístico ou pela situação de comunicação.

O João quer um bolo e a Maria (quer) um gelado.A Ana comprou dois livros e a prima (comprou) dez (livros).

As elipses ocorrem em certos contextos sintáticos, como nas respostas a perguntas. Por exemplo, num par pergunta-resposta como Viste a Rita? Vi., a resposta é interpretada como Vi a Rita.

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1. Classifique as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).A — Os grupos são estruturas que possuem obrigatoriamente um núcleo. B — Na frase A filha do João começou hoje a escola, a sequência A filha constitui

um grupo nominal. C — Um grupo preposicional pode não integrar um complemento. D — Na frase A Joana dança bem, o grupo verbal é constituído pela sequência dança bem. E — No interior de um grupo adjetival, é possível ocorrer uma oração. F — Um grupo adverbial só pode integrar um advérbio.

2. Identifique nas frases abaixo os grupos sublinhados.a) A Mariana leu um livro à filha. — b) O aluno respondeu rapidamente. — c) Liguei ao Manuel após o jantar. — d) Achei o filme fantástico. — e) A aluna leu o livro recomendado. — f) O Pedro lutou contra o fracasso. — g) Gostei bastante da casa nova. — h) Nós comprámos um carro. — i) Chegaram ontem à noite. — j) Os cientistas descobriram a cura. — k) Por te teres atrasado, já não veremos o início do filme. —

3. Complete as frases com os constituintes indicados.a) foi ao teatro. (grupo nominal) (grupo adverbial)b) O António . (grupo verbal)c) estudou . (grupo nominal) (grupo preposicional)d) Um homem ofereceu-me flores. (grupo adjetival)e) comprou uma casa . (grupo nominal) (grupo adjetival)f) Partiram para o aeroporto. (grupo adverbial)g) Eles consideram-se . (grupo adjetival)

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1. Atente nas frases seguintes e identifi que o tipo de sujeito nelas presente, selecionando a opção correta.

1. Sujeito simples 3. Sujeito nulo expletivo 5. Sujeito nulo subentendido2. Sujeito composto 4. Sujeito nulo indeterminado

A — Dizem que o fi lme Avatar é fantástico. B — Os alunos e os professores participaram numa visita de estudo a Coimbra. C — Trovejou intensamente esta noite. D — A Joana acabou de ler um livro excelente. E — Vamos de férias assim que o verão começar! F — Eles pensam que ganharão o concurso facilmente. G — Nunca telefonas a avisar que chegas tarde! H — A Ana e quem tu sabes vêm à festa. I — Pensa-se que será um ano difícil… J — Não nevava assim há anos! K — Parece que ele já não vem. L — Vive-se bem em Lisboa.

2. Em cada grupo de frases que se segue, existe uma cujo sujeito é diferente dos restantes. Assinale as frases intrusas e identifique o tipo de sujeito predominante de cada grupo. a) 1. Diz-se que este ano ela vai ganhar o óscar. 2. Vou às compras. 3. Conversa-se muito, mas acerta-se pouco. 4. Comenta-se que foste de férias. Sujeito b) 1. Choveu a semana inteira. 2. Este ano nevou imenso na serra da Estrela. 3. Ouvi dizer que vai fi car mau tempo. 4. Ontem trovejou. Sujeito c) 1. Ele foi passear. 2. Vou ao centro comercial ver as novidades da nova estação. 3. Comprei um livro de banda desenhada. 4. Fazemos hoje um bolo? Sujeito

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3. Identifique os elementos que fazem parte do predicado de cada uma das frases seguintes e com-plete o quadro.a) Os jogadores obedecem ao árbitro. f) Os alunos parecem apreensivos…b) O avião está atrasado. g) O ilusionista fez um truque fantástico!c) A Marisa ofereceu um livro à mãe. h) A juíza considerou o réu culpado.d) Eles tomaram o Carlos por parvo. i) Acho que deves fugir.e) O médico pratica natação. j) Começou o espetáculo!

SujeitoPredicado

Núcleo Complemento Predicativo do sujeito

Predicativo do complemento diretoDireto Indireto

a) Os jogadoresb) O aviãoc) A Marisad) Elese) O médicof) Os alunosg) O ilusionistah) A juízai) (Subentendido)j) o espetáculo

4. Classifique os verbos das frases abaixo numa das categorias que se seguem.

1. Verbo transitivo direto 3. Verbo transitivo direto e indireto2. Verbo transitivo indireto 4. Verbo intransitivo

a) Cheguei! b) Telefonei à Marta. c) O quadro caiu. d) Resolvi a questão. e) Ele jantou. f) A Alexandra vendeu a carrinha na semana passada. g) Entreguei os apontamentos ao Paulo. h) Ele jantou peixe. i) Nós obedecemos às regras! j) A empresa reabriu em agosto. k) Esta bicicleta pertence à Filipa. l) O meu primo Rogério emprestou-te o carro?

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1. Identifique a função sintática dos constituintes destacados nas frases seguintes.a) A minha mãe ofereceu-lhe um perfume. — b) O ator foi entrevistado pelo jornalista. — c) O Rui gosta de futebol. — d) Nomearam-no capitão de equipa. — e) Os amigos do capitão leram o diário de bordo. — f) Eles continuam zangados um com o outro. — g) Os meus pais viajaram ontem. — h) A Joana leu o livro que a amiga lhe deu. — i) Os amigos achavam-na extremamente competente. — j) O Manuel foi ao Brasil. — k) Já assinou os documentos, senhor diretor? —

2. Selecione, em cada conjunto de frases apresentadas nas alíneas abaixo, aquela cujo constituinte destacado não desempenha a função sintática indicada. a) Complemento direto 1. A Marlene vendeu o barco na semana passada. 2. Os velejadores perderam a regata. 3. O nadador-salvador atirou a boia ao náufrago. 4. As focas comem peixe. b) Complemento oblíquo 1. Não te aconselho a fugir. 2. Ele bateu ao irmão. 3. Gosto de passear. 4. Duvido disso. c) Complemento agente da passiva 1. O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. 2. O Pedro anseia pelo teu regresso. 3. O barco foi desviado da rota pelo vento. 4. Os papéis foram organizados pela secretária. d) Predicativo do complemento direto 1. A Ana continua na mesma empresa. 2. Os padrinhos estimavam-no como filho. 3. O juiz considerou-o inocente. 4. Os vizinhos tinham-no por caloteiro.

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3. Atente nas frases que se seguem e, depois, classifique as afirmações abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F).

1 — Vestiste a tua camisola lilás.2 — D. Maria I, a Piedosa, foi a primeira rainha reinante de Portugal.3 — A minha mãe, que está de férias, vai para o Algarve amanhã.4 — A ideia da Joana é interessante.5 — O meu irmão mais novo magoou-se.6 — Não te esqueças de trazer leite, Miguel.

A — Na frase 1, o constituinte destacado desempenha a função sintática de modificador restritivo do nome. B — Na frase 2, o constituinte destacado é um complemento do nome. C — Na frase 3, o constituinte destacado é um modificador restritivo do nome. D — Na frase 4, o constituinte destacado desempenha a função sintática de complemento do nome.E — Na frase 5, o constituinte destacado é um modificador explicativo do nome. F — Na frase 6, o constituinte destacado desempenha a função sintática de vocativo. 3.1 Corrija as afirmações que assinalou com falsas.

4. Em cada par de frases (retiradas da obra Aliás voltas sempre, Ali às voltas sempre, de Ana Goês), assi-nale aquela em que existe um constituinte com a função de vocativo. a) 1. Anda, Luzia, quero vê-la… 2. Andaluzia, quero vê-la… b) 1. Vinde, táxi, depressa! 2. Vim de táxi, depressa… c) 1. Não é Regina! 2. Não erre, Gina! d) 1. Glória, adeus! 2. Glória a Deus!

5. Reescreva as frases em discurso direto, de modo a usar o vocativo. Siga o exemplo.

A Amélia avisou a Raquel para ter cuidado com o cão.— Raquel, cuidado com o cão!

a) O Pedro chamou o Paulo para vir ter com ele.b) A Sofia disse ao Mário que ele era preguiçoso.c) O professor pediu à Carolina para ir ao quadro.d) A mãe perguntou ao filho se trazia trabalhos de casa.

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1. Classifi que as frases seguintes como simples (S) ou complexas (C). a) Os ingleses desenvolveram o futebol. b) A Pietà foi esculpida por Miguel Ângelo e a Mona Lisa foi pintada por Leonardo Da Vinci. c) A roda foi uma das invenções mais geniais de todos os tempos. d) A viagem à Lua foi um grande passo para a Humanidade. e) A informática é excelente, porque nos facilita muito a vida. f) A música e a dança são artes espetaculares. g) O Concorde deixou de atravessar os ares, mas serão criados outros aviões igualmente

rápidos.

2. Identifique o processo de coordenação e o conector presente em cada uma das frases apresentadas abaixo. a) A Ana não gosta de brócolos nem tolera espinafres. Coordenação — Conector — b) Quer saias quer fi ques em casa, tens de arrumar o quarto! Coordenação — Conector — c) Chegas atrasado, logo, começamos a reunião sem ti. Coordenação — Conector — d) Vês televisão, mas não lês jornais! Coordenação — Conector — e) Precisamos de nos divertir, no entanto, não podemos exagerar! Coordenação — Conector —

3. Una cada par de frases simples estabelecendo o tipo de coordenação indicado e fazendo as alterações necessárias. Siga o exemplo.

e) Coordenação copulativa

Em 1998, José Saramago ganhou o Prémio Nobel da Literatura.Em 2010, Mário Vargas Llosa ganhou o Prémio Nobel da Literatura.José Saramago ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1998 e Mário Vargas Llosa, em 2010.

a) Coordenação adversativa

O Rafael comprou um jogo de computador.O Rafael não gostou do jogo.

b) Coordenação disjuntiva

A Beatriz fi ca em casa.A Beatriz vai à biblioteca.

c) Coordenação explicativa

Choveu.O chão está molhado.

d) Coordenação conclusiva

Sherlock Holmes desvendou muitos crimes.Sherlock Holmes era um bom detetive.

e) Coordenação copulativa

O cão adora o dono.O cão é um animal leal.

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4. Identifi que, nas frases complexas, as orações subordinadas, classifi que-as e indique o conector que as une.a) Quando chegaram, começaram logo a conversar.b) Se o António abrisse a porta, esperávamos lá dentro.c) O fi lme foi tão divertido que todos o apreciaram. d) Nada o aborrecia tanto como esperar por alguém. e) A Cristina tomou banho na piscina porque estava calor.

5. Considere a frase simples abaixo.

Todos nós gostamos de ver as estrelas.

5.1 Transforme-a numa frase complexa acrescentando-lhe:a) uma oração subordinada temporal;b) uma oração subordinada causal;c) uma oração subordinada condicional;d) uma oração subordinada concessiva.

6. De entre as frases que se seguem, descubra duas orações relativas explicativas e duas orações relativas restritivas.

1 — Espero que faças os trabalhos de casa.2 — O bebé que estava a chorar levou uma vacina.3 — O escritor que ganhou o Prémio Camões é português.4 — O prato, que está em cima da mesa, é antiquíssimo.5 — A Ana, que é uma ótima cientista, foi para os EUA.6 — Era bom que lhe desses uma explicação.

7. Construa frases complexas com a oração subordinada indicada. Siga o exemplo.

O adepto que estava na primeira fi la cumprimentou o jogador. oração relativa restritiva

a) As pessoas perderam o comboio. oração relativa restritivab) Os surfi stas não puderam ir ao mar. oração relativa explicativac) O António ajudou-me muito. oração relativa explicativa

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