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MARCOS VINÍCIUS DE BARROS ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS FRENTE À GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL . Florianópolis - SC 2007

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MARCOS VINÍCIUS DE BARROS

ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE

REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS FRENTE À GLOBALIZAÇÃO

COM A WHIRLPOOL

.

Florianópolis - SC

2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO - ESAG

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

MARCOS VINÍCIUS DE BARROS

ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE

REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS FRENTE À GLOBALIZAÇÃO

COM A WHIRLPOOL

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. Curso em Administração, Centro de Ciências da Administração – ESAG – Universidade Estadual de Santa Catarina UDESC.

Orientador: Prof. Mário César Barreto Moraes, Dr.

Florianópolis - SC

2007

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MARCOS VINÍCIUS DE BARROS

ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE

REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS FRENTE À GLOBALIZAÇÃO

COM A WHIRLPOOL

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de Mestre em Administração,

na área de concentração Adaptação Estratégica de uma Organização e aprovada em sua forma

final pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Estado de

Santa Catarina, em 25 de junho de 2007.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Mário César Barreto Moraes, Dr.

Orientador

Prof. Wilson José Mafra, Dr.

Membro

Prof. Osmar Possamai, Dr.

Membro Externo

Florianópolis – SC

2007

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4

DEDICATÓRIA

A minha esposa Mari Ester e meus filhos Rafael e

Alessandra Samuelle pelo suporte, compreensão e

incentivo na condução deste trabalho.

Aos meus pais, Ayrton (in memoriam) e Irene, pelo

carinho, dedicação e incentivo ao conhecimento.

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5

AGRADECIMENTOS

A Whirlpool do Brasil, na pessoa de seu Presidente e à Vice-presidência de Manufatura,

Tecnologia e Suprimentos pela liberação para minha participação no curso de Mestrado em

Administração.

• Ao Professor Dr. Mário César Barreto Moraes, pela dedicação e esforço prestado como

orientador do presente trabalho;

• Ao Professor Dr. Wilson José Mafra pela dedicação e incentivo como membro da Banca

Examinadora na Dissertação;

• Ao Professor Dr. Osmar Possamai pela colaboração e incentivo, como membro da Banca

Examinadora na Dissertação;

• Aos Gerentes de Tecnologia do grupo do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Região

da América Latina pelo suporte a elaboração da Dissertação;

• As colegas de trabalho Marisa Dressel e Márcia K Meneghelli pela ajuda e suporte na

condução deste trabalho;

• A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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"Estamos num ponto do tempo em que uma era de quatrocentos anos está morrendo e outra está lutando

para nascer - uma mudança de cultura, ciência, sociedade e instituições muito maior do que qualquer outra que o mundo já tenha experimentado. Temos à

frente a possibilidade de regeneração da individualidade, da liberdade, da comunidade e da

ética como o mundo nunca conheceu, e de uma harmonia com a natureza, com os outros e com a

inteligência divina como o mundo jamais sonhou".

Dee Hock

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RESUMO

BARROS, Marcos Vinicius. ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS FRENTE À GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL. 2007. 141f. Dissertação. Programa de Mestrado Acadêmico em Administração, Escola Superior de Administração e Gerência, Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Santa Catarina, 2007.

Esta dissertação tem por principal objetivo analisar o processo de adaptação organizacional

estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras com a Whirlpool

Corporation, atendendo os ditames do fenômeno globalização. Por meio de uma pesquisa

exploratória qualitativa foram analisadas as mudanças que ocorreram na definição da

estrutura, dinâmica e processo de trabalho no Centro de Tecnologia de Refrigeração.

Pretende-se com este resultado fornecer subsídios não somente para o melhor entendimento

de aspectos da cultura da empresa, de sua mudança e das resistências às mudanças, mas,

sobretudo, para a compreensão das importantes transformações e impactos que aconteceram

no dia-a-dia das pessoas desta organização.

Palavras-chave: adaptação estratégica, formação de estratégias, mercado, globalização.

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ABSTRACT

BARROS, Marcos Vinicius. Strategical Adaptation for the Multibras Refrigeration Technological Center towards the globalization with WHIRLPOOL. 2007. 141f. Essay. Master Program for Business Administration University of Administration and Management, Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, Santa Catarina, 2007.

This essay focus on analyzing the strategical organizational adaptation

process within the Technology Center towards Whirlpool Corporation, meeting the

globalization fenomenon. Through the means of qualitative and exploration research, the

changes to be occurred on the structure definition, dynamics and working process in the

Refrigeration Technology Center will be analyzed. It is intended to offer subsidies not only

for the best understanding of the company culture, its changes and resistance to the changes,

but also for the comprehension of the important transformations and impacts that have

happened everyday upon the people working at this company.

Key-words: strategical adaptation, strategy formation, market, globalization.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - O Passado e as Tendências Futuras das Organizações......................................... 18

Quadro 2 – Princípios gerais da Teoria Clássica de Administração....................................... 25

Quadro 3 - Os postulados do novo paradigma de Dahrendorf ............................................... 27

Figura 1 - Organização do escritório regional....................................................................... 35

Figura 2 - A forma de dois departamentos na mesma organização ........................................ 35

Figura 3 - Premissas: Carreira Técnica "Y" Multibras - Objetivos ........................................ 37

Figura 4 - Carreira Técnica "Y" Multibras - Estrutura de Cargos.......................................... 38

Figura 5 - Organização global dos Centros de Tecnologia da Whirlpool............................... 39

Figura 6 - Construindo o comprometimento com a mudança – Envolvimento ...................... 43

Figura 7 - Construindo o comprometimento com a mudança ................................................ 44

Figura 8 – Estratégias-chave de gerenciamento .................................................................... 46

Figura 9 – As escolas na formação das estratégias organizacionais ....................................... 48

Figura 10 – Matriz de crescimento e participação do BCG ................................................... 49

Figura 11 - Forças competitivas concorrentes na indústria .................................................... 51

Figura 12 – As três estratégias genéricas .............................................................................. 52

Figura 13 - Relação entre a escolha estratégica e determinismo ambiental na adaptação estratégica ................................................................................................................ 56

Quadro 4 - Resumo: o grande debate sobre a globalização ................................................ .. 64

Figura 14 - A tríade para o estudo da Mudança Estratégica .................................................. 69

Figura 15 -Organização estrutural do (CTR) Região da América Latina................................71 Figura 16 - Projeto Time-to-Market.........................................................................................79

Figura 17 - Organização: Plataforma e Subsistemas ............................................................. 83

Figura 18 - Evolução do headcount do Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR) .......... 85

Figura 19 - Indústria de eletrodomésticos no Brasil - evolução histórica............................... 88

Figura 20 - Indústria de eletrodomésticos no Brasil - evolução histórica............................... 90

Figura 21 - Principais movimentos da Linha Branca no Brasil.............................................. 92

Quadro 5 – Matriz cronológica mostrando os principais direcionadores, as mudanças ocorridas e estratégias adotadas no mercado de eletrodomésticos pela Multibras/Whirlpool............................................................................................... 101

Quadro 6 – Matriz de Adaptação Estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração ..... 103

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LISTA DE ABREVIATURAS

APO Administração por resultados

BCG Boston Consulting Group

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CTR Centro de Tecnologia de Refrigeração

CTO Corporate Technology Officer

GTEC Grupo de Simulação de Engenharia (Grupo de tecnologia)

LWE Leadership Whirlpool Entrepeneur

PALO Product Approval & Lab Operation

PBT Plan Business Team

SBC São Bernardo do Campo

SIG Sistemas Gerenciais

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GLOSSÁRIO

Change Management: Gerenciamento da mudança Computer Aided Design (CAD): Projeto de produto em computador

Controls: Sub-sistema de controles

Cooling: Sub-sistema de refrigeração

Core Competencies: Competencias principais

Corporate Technology Officer: Escritório de Tecnologia Corporativo

Design: Projeto

Dotted-line: Subordinação a nível técnico

Empowerment: Dar poder

Global Players: Competidores globais

Headcount: Pessoas da organização

Idea-Shelf: Conceitos/Idéias de prateleira

Ideation: Processo de geração de idéias

Inputs/Outputs: Entradas/saídas

Key issues: Problemas chave

Leading large projects: Liderando grandes projetos

Lean Thinking: Filosofia enxuta da Toyota

Low-cost: Baixo custo

Make or buy: Feito na fábrica ou comprado de fornecedores

Manager: Gerente

New Deal Global: Novo negócio global

Portfolio Management: Gerenciamento do portfolio de produtos

Robust design: Projeto robusto

Solid-line: Subordinação a nível de gestão de carreira

Stakeholders: Acionistas

Talent Pool: Grupo de talentos da organização

Team-work: Trabalho em equipe

Tollgates: Reuniões de tomada de decisão

World class: Classe Mundial

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA............................................................................ 15 1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO...................................................................................... 20 1.2.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 20 1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................... 20 1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO ............................................... 20 1.4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 21 1.5 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO .......................................................................... 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 23 2.1 CULTURA E EVOLUÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES ................................................... 23 2.1.1 Histórico e evolução das organizações......................................................................... 23 2.1.1.1 A contingência ........................................................................................................ 29 2.1.1.2 Participacionismo ................................................................................................... 29 2.1.1.3 Voluntarismo .......................................................................................................... 30 2.1.2 Cultura organizacional................................................................................................. 31 2.1.2.1 Abordagem cognitivista.......................................................................................... 31 2.1.2.2 Abordagem simbólica ............................................................................................. 32 2.1.2.3 Abordagens prescritivas......................................................................................... 32 2.1.3 Estrutura organizacional.............................................................................................. 33 2.1.3.1 Complexidade ......................................................................................................... 34 2.1.3.2 Diferenciação horizontal ........................................................................................ 36 2.1.3.3 Diferenciação vertical............................................................................................. 36 2.1.3.4 Dispersão geográfica .............................................................................................. 38 2.1.4 Poder nas organizações................................................................................................ 39 2.1.4.1 Tipos de poder ........................................................................................................ 40 2.1.5 Mudança organizacional.............................................................................................. 41 2.1.5.1 Gerência da mudança organizacional.................................................................... 42 2.1.5.2 O Desafio da mudança ........................................................................................... 47 2.2 A ESTRATÉGIA ........................................................................................................... 47 2.2.1 Planejamento estratégico ............................................................................................. 48 2.2.2 Visão de Porter............................................................................................................ 50 2.3 ADAPTAÇÃO ORGANIZACIONAL ESTRATÉGICA................................................ 54 2.3.1 Escolha da estratégia ................................................................................................... 58 2.3.2 Modelo de Miles e Snow............................................................................................. 59 2.4 GLOBALIZAÇÃO ........................................................................................................ 60 2.4.1 Globalização: debate de globalistas e céticos............................................................... 63

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................................................... 67 3.1 NATUREZA DA PESQUISA........................................................................................ 67 3.2 FORMA DE ABORDAGEM DA PESQUISA ............................................................... 68 3.3 QUESTÕES DE PESQUISA ......................................................................................... 68

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4 AMBIENTE GERAL E ESPECÍFICO .......................................................................... 71 4.1 A ORGANIZAÇÃO PESQUISADA.............................................................................. 71 4.2 PERÍODO DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CTR DA

MULTIBRAS DE 1997 A 2006 ..................................................................................... 72 4.3 TRÊS HISTÓRIAS ........................................................................................................ 73 4.3.1 A história da Consul.................................................................................................... 73 4.3.2 A história da Brastemp ................................................................................................ 74 4.3.3 A história da Whirlpool Corporation ........................................................................... 75 4.4 O PROJETO DE VISÃO DE FUTURO DA BRASMOTOR E A FUSÃO DAS

EMPRESAS CONSUL E BRASTEMP CRIANDO A MULTIBRAS S. A. ELETRODOMÉSTICOS ............................................................................................... 75

4.4.1 Projeto Visão de Futuro Brasmotor.............................................................................. 75 4.4.2 A formação da Multibras S.A. Eletrodomésticos ......................................................... 76 4.4.3 A Whirlpool no Brasil ................................................................................................. 76 4.5 GLOBALIZAÇÃO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO

COM A WHIRLPOOL EM 1997 ................................................................................... 78 4.5.1 História do Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR)............................................ 78 4.5.2 A reorganização estrutural do CTR - Projeto Time-to-Market ...................................... 78 4.5.3 Globalização do Centro de Tecnologia de Refrigeração com o Corporate

Technology Officer (CTO) da Whirlpool Corporation, em 1997..................................... 84 4.6 CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO: CARACTERIZAÇÃO

GERAL DE ASPECTOS DA SUA ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA NO PERÍODO DE 1997 A 2006 ............................................................................................................ 86

4.7 AMBIENTE GERAL, ANÁLISE DE MERCADO E COMPETITIVIDADE NO BRASIL NAS DÉCADAS DE 80/90/2000..................................................................... 88

4.7.1 Principais competidores na década de 80/90/2000 ....................................................... 88 4.7.2 Varejo (concentração/expansão/falências) ................................................................... 89 4.7.3 Inflação ....................................................................................................................... 89 4.7.4 Produtos...................................................................................................................... 90 4.7.5 Distribuição................................................................................................................. 90 4.7.6 Preço ........................................................................................................................... 91 4.7.7 Mercado (proteção e abertura) ..................................................................................... 91 4.7.8 Tecnologia .................................................................................................................. 91 4.7.9 Qualidade.................................................................................................................... 91 4.7.10 Exportação/importação.............................................................................................. 91 4.8 STAKEHOLDERS RELEVANTES NO PERÍODO 1991 A 2006 ................................. 92 4.9 TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA QUALITATIVA................................... 93 4.9.1 Perfil dos servidores da amostra .................................................................................. 93 4.9.2 Traços característicos e impactos importantes ocorridos nos colaboradores durante

a adaptação organizacional estratégica no processo de criação do CTR e durante a adaptação organizacional estratégica à globalização identificados na pesquisa............. 93

4.9.2.1 Fatores positivos identificados na pesquisa qualitativa ........................................ 93 4.9.2.2 Fatores negativos identificados na pesquisa qualitativa ....................................... 95 4.9.3 Constatações identificadas na pesquisa qualitativa realizada e corroboradas com a

pesquisa bibliográfica.................................................................................................. 95 4.9.3.1 Período de 1991-1994.............................................................................................. 96 4.9.3.2 Período de 1994-1997.............................................................................................. 97 4.9.3.3 Período de 1997-2006.............................................................................................. 98

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4.10 QUADRO CRONOLÓGICO MOSTRANDO OS PRINCIPAIS DIRECIONADORES, AS MUDANÇAS OCORRIDAS E ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO MERCADO DE ELETRODOMÉSTICOS ................................... 100

4.11 QUADRO CRONOLÓGICO MOSTRANDO AS MUDANÇAS OCORRIDAS, ESTRATÉGIAS ADOTADAS E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA NOS DIVERSOS MOMENTOS (EVENTOS) DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO .................................................................................................... 101

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 105 5.1 COMENTÁRIOS SOBRE A PESQUISA .................................................................... 105 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS....................................................... 107

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 108

APÊNDICES .................................................................................................................... 113

ANEXOS .......................................................................................................................... 116

ENTREVISTA COM COLABORADOR RICARDO O ROSA. .................................124

ENTREVISTA COM COLABORADOR ALPHEU GUERREIRO..............................126

ENTREVISTA COM COLABORADOR GILBERTO MÜLLER .................................129

ENTREVISTA COM COLABORADOR ADELAR DALZÓCHIO...............................131

ENTREVISTA COM COLABORADOR RODRIGO H ARAÚJO..............................134

ENTREVISTA COM COLABORADOR NILTON SIMAS..........................................136

ENTREVISTA COM COLABORADOR MARCO MARQUES ..................................138

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

O mundo está sendo palco de profundas mudanças nos campos social, político e

econômico diante do fenômeno da globalização. A previsibilidade e a estabilidade

tradicionais do século XX dão lugar a um cenário ininterrupto de mudanças em todas as áreas.

A convergência da tecnologia e democratização da informação está permitindo que a China,

Índia e tantos outros países ingressem na cadeia global de fornecimento de serviços e

produtos, deflagrando uma exploração de riqueza nas classes médias dos dois maiores países

do mundo, e convertendo-os, assim, em grandes interessados no sucesso da globalização

(FRIEDMAN, 2005).

Crusius (1998, p. 4-5) conceitua a globalização “como um processo microeconômico

de integração entre organizações e mercados [...]”. Esse processo é alimentado por mudanças

de três fatores: a tecnologia, a organização das corporações e as políticas públicas. Num

ambiente de globalização as organizações direcionam a transformação para três fatores

básicos: a inovação, a tecnologia e a desregulamentação. Esses fatores não ocorrem isolados,

tendem a agir de maneira conexa, cada um multiplicando e acelerando os efeitos uns dos

outros. Assim, tanto as organizações privadas como as públicas tiveram de se adaptar às

mudanças advindas desse fenômeno. (CRUSIUS ,1998 apud EVANGELISTA,2002).

Ressalta Ianni (1999, p. 58) que “Todas essas características da globalização,

configurando a sociedade universal como uma forma de sociedade civil mundial, promovem o

deslocamento das coisas, indivíduos e idéias, o desenraizar de uns e outros, uma espécie de

desterritorialização generalizada”.(IANNI,1999 apud EVANGELISTA,2002).

Ainda segundo Ianni (Op. cit.), a história do Capitalismo pode ser vista como a

história da mundialização, da globalização do mundo, um processo histórico de larga duração,

com ciclos que se expandiram e retraíram, tiveram ruptura e reorientação. O autor analisa

esse processo lembrando que os países não são mais vistos como agrários ou industrializados,

pobres ou ricos, colônias ou metrópoles, dependentes ou dominantes, arcaicos ou modernos.

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Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o processo de mundialização das relações,

processos e estruturas de dominação e apropriação do antagonismo e integração dos

mercados.

Há cada vez mais competição entre as organizações e a crise do emprego e a

globalização se tornam marca característica da nova ordem mundial e exigem das

organizações e dos administradores capacidade crítica e inovadora.

Em consonância com o fenômeno da globalização, as mudanças organizacionais se

intensificam, quebrando todos os paradigmas tradicionais dos processos internos das

organizações. Conforme Wood Jr. et al. (1995) a velocidade das mudanças sociais,

econômicas, políticas e tecnológicas tem exigido grandes transformações por parte das

empresas. Essas transformações devem ser impulsionadas por uma visão de futuro (HAMEL,

PRAHALAD, 1997), devem ser flexíveis e adaptativas às necessidades dos clientes e dos

requisitos de mercado, segundo Craves (apud PEREIRA, 2000).

Observa-se a realidade, onde as mudanças ambientais estão ocorrendo por toda parte;

mudanças tecnológicas afetando diretamente as organizações, provocando transformações de

âmbito social que, por sua vez, influenciam o comportamento do indivíduo, seja na sociedade

ou no contexto organizacional.

Child e Kieser (1981) afirmam que as organizações estão mudando constantemente,

movidas principalmente por alterações nas condições externas, como concorrência, inovação,

exigências do público e política governamental que exigem novas estratégias, métodos de

trabalho e produtos importantes para que uma organização possa continuar em seu nível atual

de operações. Por outro lado, fatores internos também promovem a mudança, pois os gerentes

e os demais membros de uma organização podem almejar não apenas a sua manutenção, mas

também o seu crescimento, a fim de assegurar melhores benefícios e maior satisfação para

eles mesmos.

Outros autores, como Joshi (1991), admitem que a mudança é um tema fundamental

para a vida humana, além de ser um fator importante também para a vida organizacional. Na

atual situação, a sobrevivência das organizações não depende apenas de simples mudanças

frente às pressões do ambiente, mas da capacidade que elas têm de antecipar os eventos e as

respostas ao ambiente, para que cresça em meio às mudanças.

Empresas que seguem modelos antigos de administração, que tanto sucesso fizeram

em décadas passadas, já se encontram ultrapassadas, salienta Gonçalves (1998). Com base

nessa afirmação, empresas que foram modelos de suas respectivas indústrias, desapareceram,

comprovando a incapacidade de se adaptar à velocidade requerida pelo mercado. E muitas

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17

que ainda se mantém operativa apresentam problemas que indicam que seus modelos de

gestão, sua organização e seus recursos não são mais adequados.

Dessa forma, a mudança organizacional passa a ser uma condição imprescindível para

as empresas nos dias de hoje. Conforme Wood Jr. (1995) pode-se compreender mudança

organizacional como uma transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural,

tecnológica, humana ou qualquer outra capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da

organização. As mudanças dão lugar a novas maneiras de agir e pensar, objetivando a

permanência no mercado e a descoberta de oportunidades.

A regra de tamanho de escala, válida até os dias de hoje, passa também a considerar a

flexibilidade, palavra de ordem nessa nova economia. A organização da empresa estará sujeita

a novas regras de liderança, redução dos níveis hierárquicos, formação de times de trabalho.

As informações disponíveis serão compartilhadas por todos, graças aos sistemas

informatizados. Novas competências e habilidades, tais como criatividade e intuição dos

funcionários e espírito empreendedor dos líderes resultarão em ações pró-ativas da

organização.

Robbins (2001) considera que quase todas as organizações estão tendo de se ajustar a

um ambiente multicultural. As políticas e práticas de recursos humanos estão mudando para

conseguir atrair e reter essa força de trabalho mais diversificada. As empresas estão tendo de

investir mais recursos em capacitação de seus funcionários para melhorar as diversas

habilidades requeridas para este novo desafio. A tecnologia está mudando o trabalho e as

organizações. Há a substituição da supervisão direta por sistemas informatizados, o que leva

ao aumento de amplitude de controle dos administradores e à diminuição dos níveis

hierárquicos das organizações.

O Quadro 1, a seguir, apresenta essa relação entre o passado e as tendências de futuro

das corporações.

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Século XX Século XXI

Estabilidade, previsibilidade Mudança descontinuada

Tamanho e escala Velocidade e capacidade de resposta

Liderança do alto Liderança de todos

Rigidez organizacional Flexibilidade permanente

Controle por regras e hierarquia Controle por visão e valores

Informação guardada a sete chaves Informação compartilhada

Análises quantitativas Criatividade e intuição

Necessidades de certezas Tolerância de ambigüidade

Reativo: aversão ao risco Pró-ativo, empreendedor

Independência corporativa Interdependência corporativa

Integração vertical Integração virtual

Foco na organização interna Foco no ambiente competitivo

Vantagem competitiva sustentável Reinvenção constante da vantagem

Concorrência pelos mercados atuais Criação dos mercados do amanhã

Quadro 1 - O Passado e as Tendências Futuras das Organizações Fonte: World Executive Digest, ABEMD (2001)

As constantes pressões e incertezas do ambiente acenam para o advento de uma

realidade até então ignorada, ou seja, é difícil perceber o futuro com os olhos do passado. Isso

significa que as organizações precisam criar meios que, de fato, habilitem as pessoas e

permitam a expressão de seu potencial criativo.

No novo ambiente, onde a complexidade do negócio tem aumentado de forma

inusitada, mudanças que levavam décadas para acontecer e ser aceitas, hoje ocorrem mais

rapidamente: em meses ou em semanas. Aliado a esse fato, o aumento de mercado provocou

outro desafio. A tendência aponta para empresas globais ou pequenas empresas em nichos de

mercados. A previsão de qualquer organização na atualidade é de atuar no mercado global ou

correr o risco de ser invadida pelo concorrente dentro de seu próprio território.

Outro fator de instabilidade para previsões é a pressão sobre os custos sofrida por

todas as organizações, resultando no enfoque sistêmico de sua redução contínua. Os

competidores, sob a ótica da globalização, passam a ter preocupações incessantes com a

velocidade de inovação.

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Além do descrito, as exigências dos clientes em relação à qualidade e a confiabilidade,

aumentam os riscos no negócio e, em conseqüência, os riscos em prever o futuro de sua

corporação. A diminuição de oportunidades em função do número de concorrentes e a

redução do ciclo de vida dos produtos resultam num menor tempo de exclusividade em

qualquer mercado. Por sua vez, a redução do tamanho dos lotes de produção tem provocado

um novo desafio de flexibilidade dentro das corporações.

No que se refere à questão de adaptação estratégica, Miles & Snow (apud

HREBINIAK & JOYCE, 1985) a definem como simplesmente o caminho percorrido em

direção à mudança, incluindo tanto o comportamento pró-ativo quanto o reativo. Uma

organização adaptativa precisa: (1) ser flexível e capaz de rápida recuperação; (2) ser aberta a

idéias, com atenção tanto no presente quanto nas mudanças ambientais do futuro; (3) aprender

através das experiências; (4) ser rápida nas respostas.

Contudo, a organização adaptativa num ambiente turbulento precisa ter uma avançada

capacidade de (1) antecipar as reconfigurações organizacionais e ambientais; (2) solucionar

problemas; (3) administrar dificuldades e crises (DE GREENE, 1982).

Vive-se em uma “era de descontinuidade”, como ressalta Robbins (2002). Nas décadas

de 1950 e 1960, o passado representava um prólogo aceitável para o futuro. O amanhã era

essencialmente a extensão das tendências do ontem. Mas é possível inferir que nada

permanece igual à situação existente nas décadas passadas e o novo modelo de gestão precisa,

de maneira acelerada, ser adaptado às novas exigências. Essas mudanças têm contribuído para

que os administradores, em primeiro lugar, busquem entender a cultura e evolução

organizacional como forma de verificar os períodos de crise e crescimento da organização e,

com isso, propor uma condução adequada ao momento atual e futuro.

Diante desse cenário de mudanças e novas exigências elabora-se a presente pesquisa

pela qual se propõe responder quais foram os impactos no dia a dia dos colaboradores, na

estrutura organizacional e no processo de denvolvimento de tecnologia do Centro de

Tecnologia de Refrigeração da Multibras S.A. Eletrodomésticos no processo de globalização

com a Whirlpool Corporation, no período de 1997 a 2006 ?.

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1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral é analisar o processo de adaptação organizacional estratégica do

Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S.A. Eletrodomésticos frente à

globalização com a Whirlpool Corporation – EUA, no período de 1997 a 2006.

1.2.2 Objetivos específicos

Para o alcançe do objetivo geral do trabalho foram estabelecidos os seguintes objetivos

específicos:

- Conhecer a história do CTR, identificar as mudanças estratégicas ocorridas no

Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A

Eletrodomésticos durante os períodos de:

- CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994)

- durante a existência da Multibras (1994 - 1997)

- e finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006)

- Identificar o impacto gerado em colaboradores, do Centro de Tecnologia de

Refrigeração ainda em atividade, que se aposentaram no período de 1997 a 2006;

bem como na estrutura organizacional e tecnologia.

- Identificar qual foi a estratégia adotada pelo Centro de Tecnologia de

Refrigeração em cada um dos três períodos;

- CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994)

- durante a existência da Multibras (1994 - 1997)

- e finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006)

- Associar o período de adaptação do CTR analisando as macro mudanças

ambientais, sociais e econômicas ocorridas no meio.

1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

Neste trabalho de pesquisa, inicialmente, considera-se relevante o tema do estudo, pois

a adaptação estratégica e a mudança organizacional têm sido vivenciadas pela organização

nos últimos 10 anos. Buscar-se-á compreender a história dos executivos submetidos à

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transformação organizacional, levando em conta os processos ocorridos na organização e o

contexto interno e externo em que a evolução organizacional aconteceu. Assim, o presente

trabalho, com foco na adaptação organizacional estratégica, tem por propósito ampliar o

conhecimento sobre as mudanças organizacionais e impactos gerados nos colaboradores , bem

como estimular, para o futuro, novas pesquisas nesta área.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia adotada constituirá de pesquisa bibliográfica e cronológica para, por

meio da fundamentação teórica, encontrar subsídios para entender e analisar quais foram os

impactos gerados nos colaboradores no processo de adaptação estratégica do CTR na

globalização com a Whirlpool. No sentido de embasar a pesquisa teórica e interpretação do

pesquisador também será enviado questionário a um grupo previamente escolhido de

entrevistados que abrange alguns níveis da área pesquisada, com perguntas específicas, com

o objetivo de coletar mais dados que embasem a elaboração final dos impactos gerados no

processo de adaptação estratégica do CTR na globalização com a Whirlpool.

1. 5 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos, incluindo a introdução, que constitui

o Capítulo 1.

O Capítulo 2 traz a fundamentação teórica, e com base nos referenciais bibliográficos,

pretendeu-se dar significado aos fatos estudados, mostrando uma contextualização de como

ocorreu o processo da adaptação estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da

Multibras SA Eletrodomésticos à globalização com a Whirlpool Corporation.

O Capítulo 3 descreve os procedimentos metodológicos e a organização da pesquisa

qualitativa para entender a adaptação estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da

empresa Multibras Eletrodomésticos S. A.

No Capítulo 4 apresenta-se o histórico das empresas do Grupo Brasmotor (Consul e

Brastemp) bem como as fusões que originaram a Multibras S.A. Eletrodomésticos e,

posteriormente, a Whirlpool do Brasil. Esse capítulo mostra ainda o mercado de

eletrodomésticos e a competitividade no Brasil nas décadas de 1980/1990/2000, os

stakeholders mais relevantes nos períodos abordados bem como a evolução da estrutura

organizacional da empresa pesquisada.

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Por fim, o Capítulo 5 apresenta as conclusões gerais, o exame do alcance dos

objetivos propostos e as recomendações para futuros trabalhos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta fundamentação teórica tem como objetivo propiciar a análise e o entendimento

através do referencial teórico apropriado, das transformações e adaptações sofridas pelo

Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR) da Multibras quando da globalização com a

Whirlpool Corporation. O estudo das organizações auxilia no entendimento das mudanças

organizacionais que ocorreram na organização pesquisada.

Neste capítulo também se aborda o planejamento estratégico na visão de alguns

autores, com o objetivo de dar embasamento teórico ao estudo proposto. Apresenta-se a

seguir, uma série de aspectos relacionados à Globalização e seus aspectos no mundo atual.

2.1 CULTURA E EVOLUÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Segundo Motta (2003) a teoria da administração tem suas origens na preocupação com

a produtividade dominante a partir da Revolução Industrial.

2.1.1 Histórico e evolução das organizações

Motta (2003) descreve que a proposição de formação e treinamento do trabalhador foi

feita por Morelly, em 1755, antecipando-se a Taylor em pouco mais de um século e meio.

Entre as suas idéias está o trabalho de acordo com as habilidades do trabalhador. Durante esse

período crescem aos poucos, a idéia que não só o trabalho, mas a sociedade poderia se

organizar racionalmente.

Charles Fourier, por sua vez, denunciou a falência das instituições, costumes e

tradições vigentes em seu tempo. Proclamou a necessidade de reconstruir a sociedade, arcaica

e rígida, adequando a cultura não-material aos avanços da cultura material. Fourier acreditava

que o trabalho monótono e repelente deveria se transformar em fonte de prazer. Dessa forma,

as melhores energias seriam canalizadas para a produção. Na época em que Fourier imaginava

a sociedade organizada em falanstérios, ou seja, comunidades agroindustriais autogeridas que

congregariam os trabalhadores, não haveria nenhum trabalho desagradável.

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Robert Owen é considerado precursor da Administração e descreveu que a natureza

humana poderia ser facilmente treinada e dirigida e nessa época os castigos foram substituídos

por notas e advertências, aboliu-se o trabalho para menores de 10 anos e reduziu-se a jornada

de trabalho de quatorze para onze horas e meia (OWEN, 1820).

Louis Blanc foi também um precursor da administração, tendo vivido de 1811 a 1882.

Blanc imaginava que se poderia construir uma sociedade igualitária a partir do Estado, que

poderia promover reformas sociais. Seriam criadas as "oficinas nacionais”, as quais

inspiraram as futuras cooperativas de produtores (BLANC, 1840).

Na seqüência surgiram os pioneiros da Administração como ciência, no início do

século XX. Como suas idéias convergiam para um senso comum foram conhecidos como os

fundadores da Escola Clássica. Dentro da Teoria Clássica da Administração, Morgan (2006)

cita os autores Henry Fayol, F. W. Mooney e Lyndall Urwick como estudiosos de problemas

práticos de administração que procuravam sistematizar as suas experiências a respeito das

organizações de sucesso para que fossem seguidas por outros e tinham como idéia que a

administração fosse um processo de planejamento, organização, direção, coordenação e

controle. Esses autores definiram as bases de muitas técnicas da moderna administração tais

como administração por objetivos, os sistemas de planejamento e programação de orçamentos

e outros métodos que enfatizavam o planejamento e o controle racional.

Baseado na implementação dos princípios da Teoria Clássica da Administração,

apresentada no Quadro 2, caminha-se ao tipo de organização representado pelo conhecido

organograma empresarial: um padrão de cargos precisamente definidos e organizados de

maneira hierárquica através de linhas de comando ou de comunicação precisamente definidas.

Grande parte das ferramentas utilizadas no decorrer do século XX, como APO

(Administração Por Objetivos), SIG (Sistemas Gerenciais) tem sido utilizada para controlar a

direção, na qual administradores e empregados podem levar a organização a metas de

desempenho consistentes com seus objetivos. Esse pensamento sugere que as organizações

podem ou devem ser sistemas racionais que operam de maneira tão eficiente quanto possível

(mecanicista), tornando significativo que os teóricos clássicos tenham dado relativamente

pouca atenção aos aspectos humanos da organização (MORGAN, 2006).

O Quadro 2 mostra alguns princípios da Teoria Clássica de Administração.

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Unidade de comando: Um empregado só deve receber ordens de um único superior.

Hierarquia: A autoridade do superior sobre o subordinado caminha do topo para a base da

organização.

Amplitude de controle: O número de pessoas que se reporta a um superior não deve ser tão

grande, a ponto de criar problemas de comunicação e coordenação.

Assessoria e linha: O pessoal de assessoria pode oferecer importante ajuda de orientação,

mas deve ter cuidado para não violar a linha de autoridade.

Iniciativa: Deve ser encorajada em todos os níveis da organização.

Divisão do trabalho: A administração deve buscar atingir um grau de especialização, de

forma a permitir que se chegue aos objetivos da organização de maneira eficiente.

Autoridade e Responsabilidade: Deve-se levar em conta o direito de dar ordens e exigir

obediência, chegando a um bom equilíbrio entre autoridade e responsabilidade.

Centralização da Autoridade: Até certo ponto sempre presente, devendo variar para permitir

a máxima utilização das capacidades do pessoal.

Disciplina: Obediência, empenho, energia, comportamento e atitudes de respeito devem ser

adaptadas aos regulamentos e hábitos da organização.

Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais: Através de firmeza,

exemplos, acordos justos e constante supervisão.

Eqüidade: Baseada na amabilidade e justiça para encorajar o pessoal nas suas

responsabilidades; remuneração justa que leve a uma boa moral, sem ocasionar gastos

excessivos.

Estabilidade e manutenção do pessoal: Para facilitar o desenvolvimento das habilidades.

Espírito de união: Para facilitar a harmonia como uma base de fortificação.

Quadro 2 – Princípios gerais da Teoria Clássica de Administração. Fonte: Morgan (2006, p. 28)

Esses princípios, muitos dos quais foram anteriormente utilizados por Frederico “O

Grande” e outros especialistas militares para transformar os exércitos em “máquinas

militares”, representam o fundamento da teoria administrativa na primeira metade do século

XX.

Frederick Taylor, Henri Fayol, Gulick, Urwick, Giant e Gilbreth são os principais

precursores da afirmação que será um bom administrador aquele que planejar cuidadosamente

todos os passos, organizar e coordenar as atividades de seus subordinados e comandar e

controlar o seu desempenho. Em 1911 foi publicado o livro mais importante de Taylor,

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intitulado Princípios de Administração Científica. Nele, o autor se preocupava com a

racionalização dos métodos de trabalho e propôs a natureza humana como ser eminente

racional, o qual, ao tomar decisão, conhece todos os cursos de ação disponíveis e as

conseqüências da opção por qualquer um deles. O homem é encarado como um agente capaz

de maximizar as decisões, sugere Taylor (1947). Taylor ainda propõe a seleção, o treinamento

e o controle dos trabalhadores. E para realizar o sugerido, define o conceito do "homem de

primeira classe", que seria a base para o estudo dos métodos e tempos.

Henri Fayol, em 1916, classificou as funções do administrador em: planejar, organizar,

coordenar, comandar e controlar, salientando o princípio de idéia da unidade de comando, da

divisão do trabalho, da especialização e da amplitude do controle. Esses princípios referem-se

às formas estruturais dominantes em nossa sociedade. A "Taylorização" das relações de

produção caracteriza todo o período da industrialização mundial.

Elton Mayo refere-se à idéia de grupo informal no trabalho, entendido em termos de

um conjunto suficientemente pequeno de indivíduos, que mantenham relações diretas,

freqüentes e repetitivas entre si. O grupo informal no trabalho preenche diversas funções,

entre as quais o atendimento das necessidades de segurança, afeto e aprovação social. Outro

fator importante refere-se à participação do trabalhador nas decisões que afetam o seu

trabalho. Essa participação não era mencionada sem restrições o que levou a interpretação de

"pseudoparticipação", como uma forma manipuladora de trabalho (MAYO, 1968). As idéias

de Elton Mayo inspiraram toda uma corrente administrativa, que ficou conhecida pelo nome

de Relações Humanas.

A passagem da Administração Científica para a Escola de Relações Humanas

corresponde a um deslocamento da atenção da organização formal para a informal e uma certa

"psicologização" das relações de trabalho. A influência da Escola de Relações Humanas sobre

os desenvolvimentos posteriores da teoria das organizações foi muito grande, na medida que

inaugurou a preocupação psicossocial no campo.

Os postulados de March e Simon marcam a transição da teoria da administração para a

teoria das organizações, isto é, a tentativa de estudar o sistema social em que a administração

se exerce, com vistas a sua maior eficiência, em face das determinações estruturais e

comportamentais. A preocupação com a produtividade dá lugar à preocupação com a

eficiência do sistema (MARCH, SIMON, 1958). O trabalho desses autores reflete a tentativa

de aplicação do método científico desenvolvido nas ciências humanas, principalmente na

psicologia social, na sociologia e na ciência política norte-americana.

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A organização é entendida como uma rede de tomada de decisões. A eficiência dessa

rede dependerá da articulação de diversos fatores estruturais e comportamentais. A teoria

procura dar conta dessa articulação.

Simon (1970) estudou em detalhe o processo decisório e especialmente os limites da

racionalidade neste processo. Como resultado desenvolve-se uma linha teórica que tem no

processo decisório o seu centro de atenção. Essa linha teórica ficou conhecida como

"behaviorismo", fundamentalmente pelos seus pontos de contato com a corrente psicológica

de Watson, F.H. Allport, Miller & Dollard e Skinner.

No quadro proposto por Dahrendorf (1958), (ver quadro 3), os paradigmas postulados

levam a crer na visão do pesquisador, algo positivo e democrático nos conflitos sociais

estabelecidos, entendendo-se que a procura de soluções ouvindo todas as vozes determina

uma resultante de mudança para o bem-estar social dos grupos. Dahrendorf (apud MOTTA,

2003, p. 15) procurou resumir as linhas gerais desse paradigma em oposição àquelas que

caracterizam a ciência social dominante no período imediatamente anterior.

Novo paradigma de Dahrendorf Pressupostos que norteavam a sociologia do

dominante na primeira metade do século XX

a)- sociedade industrial pode ser a)- qualquer sociedade é vista como uma

entendida como um sistema em constelação de elementos relativamente

mudança contínua. estáveis.

b)- o conflito entre grupos sociais b)- qualquer sociedade é vista como uma

deve ser visto como um processo configuração suficientemente integrada de

social básico. todos os seus elementos.

c)- o conflito entre grupos tende à c)- qualquer componente da sociedade

institucionalização. contribui para o seu funcionamento.

d)- a resolução dos conflitos entre d)- qualquer sociedade se apoia no consenso

os grupos determina a direção da de seus elementos.

mudança.

e)- o bem-estar social está na

dependência do resultado dos

conflitos entre os grupos.

Quadro 3 - Os postulados do novo paradigma de Dahrendorf Fonte: Motta (2003, p. 15)

Merton (1957), Gouldner (1954) e Selznick (1957) concentram suas análises nas

disfunções da burocracia, na idéia de que esse sistema possui funções manifestas e latentes e

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na idéia de que os mesmos fatores que levam à eficiência podem levar à ineficiência. O que

está em jogo é a racionalidade do sistema, dificultada pelas fontes de imprevisibilidade que

lhe são inerentes. Assim, a excessiva burocratização, bem como as resistências à

conformidade, pode levar à ineficiência do sistema.

Morgan (2006) descreve que quando os administradores pensam nas organizações

como máquinas, tendem a administrá-las e planejá-las como máquinas feitas de partes que se

interligam, cada uma desempenhando o seu papel claramente definido no funcionamento do

todo. Enquanto algumas vezes isso pode comprovar-se altamente eficaz, outras vezes pode

levar a resultados desastrosos. Um dos problemas mais básicos da administração moderna é

que a forma mecânica de pensar está tão arraigada nas nossas concepções diárias da

organização que é freqüentemente muito difícil organizá-la de outra forma.

Katz e Kahn (1987, p. 35) afirmam que enquanto tal, a organização apresenta as

seguintes características:

Importação de energia: A organização recebe insumos do ambiente tais como matéria-prima, mão-de-obra, materiais ou alunos e professores. Processamento: A organização processa esses insumos energéticos para transformá-los em saídas. Isto se refere à fabricação. Exportação de energia: A organização coloca suas saídas no ambiente, isto é, produtos finais ou formados. Ciclo de eventos: Há um retorno para a organização da energia colocada no ambiente, para a repetição dos ciclos necessários ao processamento. Seria o retorno sobre os investimentos. Entropia negativa: A entropia refere-se a um processo pelo qual toda e qualquer forma organizada tende à morte. Os sistemas sociais, porém repõem energia para resistir ao processo entrópico. A relação entre as saídas e as entradas, por um lado, e a quantidade de energia absorvida pelo sistema, por outro diz respeito à eficiência da organização burocrática e é garantida por meios técnicos e econômicos. Informação com insumo, controle por retroalimentação e processo de codificação: Os insumos recebidos pela organização referem-se também as informações que lhe possibilitam conhecer a qualidade de sua relação com o meio-ambiente. Estado estável e homeostase dinâmica: No afã de impedir a entropia, as organizações procuram manter uma relação constante entre exportação e importação. Esta relação define a sua eficácia e é garantida por meios políticos. Todavia, no esforço de adaptação, as organizações procuram absorver novas funções ou até mesmos novos subsistemas. Uma empresa pode optar pela pesquisa e desenvolvimento, para controlar melhor seu ambiente científico. Diferenciação; As organizações tendem a multiplicar funções de linha e de coordenação, e a desenvolver novos cargos. No exemplo da pesquisa e desenvolvimento, a empresa vai exige a criação de novos papéis e articulação e, talvez um departamento especial. Eqüifinalidade: A visão sistêmica pressupõe a inexistência de uma única maneira certa de se atingir um estado estável. O exemplo seria uma escola que pode optar por técnicas diferentes pedagógicas.

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2.1.1.1 A contingência

Motta (2003) define como teoria da contingência um conjunto de conhecimentos,

derivados de diversos empreendimentos de pesquisa no campo, que procuraram delimitar a

validade dos princípios gerais de administração e organizações a situações específicas.

Burns e Stalker (1961) entendem que há dois "tipos ideais" de organização, que devem

ser entendidos como os pontos extremos de um continuum. O primeiro é o sistema mecânico e

o segundo é o sistema orgânico. O sistema mecânico é adequado às condições relativamente

estáveis de tecnologia e mercado, enquanto o sistema orgânico é adequado às condições

opostas.

O sistema mecânico caracteriza-se por uma divisão de trabalho rígida, por uma nítida

hierarquia de controle, pela concentração de autoridade de linha com a cúpula administrativa,

pela concentração de informações e conhecimento no mesmo nível e pela valorização das

comunicações e interações verticais entre superiores e subordinados. É caracterizado ainda

pela obediência e pela exigência estrita de lealdade à organização, segundo Burns e Stalker

(1961). O sistema orgânico, por sua vez, caracteriza-se pelo ajuste contínuo às mudanças

ambientais e pela redefinição continuada de tarefas correspondentes, pela valorização do

saber especializado e pelas comunicações horizontais e verticais exigidas pelo processo de

trabalho, bem como um alto grau de engajamento com os fins da organização como um todo

(BURNS; STALKER, 1961). Observa-se este sistema no Centro de Tecnologia de

Refrigeradores da Whirlpool, onde a carreira técnica, a chamada carreira "Y" valoriza a

especialização técnica. São observadas também hierarquias menos rígidas e valorização das

relações horizontais e verticais.

2.1.1.2 Participacionismo

Segundo Motta (2003) novas tendências desenvolveram-se na análise organizacional,

qualquer que seja o seu campo de aplicação, algumas bastante afastadas da teoria

convencional, opondo-se a ela, enquanto outras não. Um grande número de estudos se

concentrou em questões relacionadas com os sistemas de participação dos trabalhadores na

administração das organizações, outros se referem a experiências setoriais ou nacionais mais

avançadas de participação, tais como os sistemas vigentes em determinados países europeus

com Alemanha, Grã-Bretanha, França, Holanda e países escandinavos. Outros ainda se

referem a experiências históricas de autogestão, ou pelo menos que se proclamaram

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autogestionárias, tais como a experiência dos kibutzim israelenses e a experiência iugoslava,

que começa em 1950 e termina com a divisão do país. Muitos estudos ainda se encontram em

análise dos pressupostos filosóficos, econômicos, sociológicos, antropológicos e

organizacionais das formas diversas de participação e autogestão.

2.1.1.3 Voluntarismo

Segundo Hall (1984) um outro conjunto de organizações, as organizações voluntárias

adicionam certa complexidade aos aspectos tipológicos e teóricos gerais. De acordo com

Knoke e Prensky (1984) as associações voluntárias são grupos conhecidos organizados

formalmente, cuja maioria de participantes não depende de atividades das organizações para

viver, embora algumas posições (de staff e liderança) possam ser remuneradas. Uma

proporção considerável das associações é formada por organizações ou pessoas com

interesses econômicos, como associações comerciais, sociedades de profissionais e sindicatos

trabalhistas, enquanto muitas outras defendem interesses não - econômicos de sues membros.

Os limites da associação são sempre indistintos e penetráveis, conforme Aldrich (1971 apud

Knoke e Prensky, 1984), pois muitas envolvem defensores ocasionais e membros interessados

de modo passivo, que podem ser mobilizados e circunstâncias excepcionais, a fim de

proporcionar apoio financeiro ou político.

Knoke e Prensky (Op. cit.) acreditam que a teoria organizacional tradicional tem

utilidade limitada para as organizações voluntárias. Elas baseiam sua conclusão em análises

de sistemas de incentivo e de compromisso dos participantes, estruturas formais, liderança e

autoridade, condições ambientais e temas de eficácia operacional.

Sob uma perspectiva taxonômica, as organizações voluntárias, provavelmente, formam

diversas classes distintas de organização. Existem formas de organização de trabalho que

partilham características com as associações voluntárias descritas por Knoke e Prensky (Op.

cit.). Muitas novas pequenas empresas e algumas empresas de propriedade dos empregados

são muito coletivistas (Rothschild; Whitt (1979); Rothschild; Whitt (1986)) na orientação que

proporcionam aos membros, nos padrões de liderança, e assim por diante.

O voluntarismo tem se expandido nos últimos anos trazendo uma riqueza muito

grande de reflexão e conhecimento para as pessoas que dele participam, levando as grandes

corporações a valorizar indivíduos com este tipo de experiência. Uma iniciativa muito

interessante da Whirlpool foi a criação do Consulado da Mulher, o qual valoriza a mulher

patrocinando o desenvolvimento de pequenos novos negócios. Existe um grande incentivo

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que profissionais do Centro de Tecnologia participem como voluntários na orientação e

realização de cursos a este público alvo, para que se tenha um contato com a realidade social

do país. O enriquecimento de visão de consumidor e necessidades de mercado é evidente nas

pessoas expostas a esta experiência.

2.1.2 Cultura organizacional

A cultura é a interpretação de um mundo e de suas atividades e artefatos que as

refletem. Essas interpretações são compartilhadas coletivamente, e, em um processo social

não existem culturas particulares. “Algumas atividades podem ser individuais, mas a sua

importância; é coletiva”, salientam Mintzberg, Ahltrand e Lampel (2000, p. 195).

Motta (2003) considera a cultura como uma variável do sistema organizacional e são

estimuladas a procura de suas origens, características e funções. A cultura representa valores,

ritos, mitos e modelos de comportamento que visam a orientação e o controle dos

comportamentos individuais das pessoas, fornecendo um sentido comum voltado para a

convergência de objetivos da organização. Outra maneira de ver a cultura seria abordá-la

como uma metáfora aplicada à organização, que seria uma esfera cultural e simbólica, como

qualquer construção humana, e o pesquisador poderia analisá-la aplicando uma metodologia

etnográfica, a fim de compreender as manifestações dos diversos grupos de atores sociais.

A cultura pode ser estudada através de diversas abordagens explicativas, que serão

analisadas a seguir.

2.1.2.1 Abordagem cognitivista

Pode-se usar o paradigma "cognitivista" no qual é ressaltada a construção de uma

cultura comum de empresa através da interação dos vários grupos de atores sociais. “Essa

passa a ser a "mente da organização", as crenças comuns que se refletem nas tradições e nos

hábitos, bem como manifestações, mais tangíveis - histórias, símbolos, ou mesmo edifícios e

produtos”, de acordo com. Mintzberg apud Pettigrew (1985, p. 44).

Observa-se a abordagem cognitivista na formação do Centro de Tecnologia de

Refrigeração (1991), por influência da cultura germânica presente na época na Consul

Eletrodomésticos. Muitos dos credos, hábitos do CTR são advindos da cultura Consul.

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2.1.2.2 Abordagem simbólica

Para estudar a função ideológica da cultura organizacional e o seu papel na construção

de sentido e fonte de justificação de decisões e distribuição de poder, ou ainda abordagens

psicodinâmicas, que empregam teorias psicológicas e psicanalíticas e as aplicam ao grupo de

atores organizacionais, ou seja, aos membros da organização, com o objetivo de analisar a

história da organização e as mudanças nos valores e cultura.

2.1.2.3 Abordagens prescritivas

A cultura organizacional foi "descoberta" em administração da década de 80, com o

sucesso das organizações japonesas através da sólida reputação de qualidade, confiabilidade,

valor e serviço. Ao mesmo tempo em que esse sucesso parecia ser uma maneira diferente, ele

constituía uma cópia dos princípios americanos, os quais soavam teóricos no ocidente, mas

eram aplicados na prática com muita disciplina pelos japoneses. Muitos escritores americanos

tentaram explicar este fato, seguidos de todos os tipos de consultorias para destacar a cultura.

Todo esse trabalho e movimentação nada valeram para aumentar a nossa compreensão de

estratégias, porque no fundo se tratava principalmente de organização e motivação do

trabalhador alicerçada pela forma de vida em geral deste país oriental (MINTZBERG et al.,

2000). Desenvolvem ferramentas no intuito de promover a administração da cultura

organizacional.

Morgan (2006, p. 116) destaca que “vivemos em uma sociedade cultural e grandes

organizações são capazes de influenciar a maior parte do dia-a-dia das pessoas de maneira

completamente estranha àquela encontrada em uma remota tribo”.

Culturas organizacionais internas são relativamente estáveis. As pessoas entram e

saem, porém a cultura permanece forte (HARRISON E CARROLL, 1991). A estabilidade e a

robustez das culturas internas tornam problemático o fato da cultura ter-se tornado uma

palavra chave teórica e gerencial na década de 80 e nos primeiros anos da década de 90

(SMITH, 1993). Apesar de tudo, se a cultura é estável, ela é difícil de ser alterada e, portanto,

não é uma verdadeira ferramenta de gestão.

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33

2.1.3 Estrutura organizacional

Estrutura organizacional é entendida "como a distribuição, em várias linhas, de

pessoas entre posições sociais que influenciam os relacionamentos entre os papéis destas

pessoas" (BLAU, 1974, p. 12). Trata-se da divisão do trabalho entre pessoas que recebem

diferentes tarefas e cargos na organização. Essa organização contém níveis ou hierarquia; as

posições que as pessoas ocupam possuem regras e regulamentos, que definem em grau

diverso, como devem ser o comportamento e as atribuições.

Existe a interação humana na formação das estruturas, visto que as pessoas se moldam

à estrutura, porém a atuação desses indivíduos constitui a estrutura. As organizações são

conservadoras e a estrutura tem por objetivo evitar comportamentos aleatórios.

Hall (1984, p. 47) define que as estruturas organizacionais executam três funções

básicas.

A primeira e mais importante, tem por finalidade produzir resultados organizacionais e atingir metas organizacionais. A segunda função das estruturas seria minimizar ou, ao menos, regular a influência das variações individuais na organização. Ou seja, são impostas para assegurar que os indivíduos se adaptem às exigências das organizações. A terceira função é assegurar o cenário de decisões e hierarquia da organização, o fluxo de informações para uma decisão, no fundo as estruturas são o cenário onde o poder é exercido.

Existem diferenças estruturais entre unidades de trabalho, departamentos e divisões.

Também existem diferenças estruturais de acordo com o nível de hierarquia.

Uma organização burocrática é planejada para ter eficiência e confiabilidade, embora a

burocracia seja vista com conotação negativa, ela na verdade tem por objetivo operar com

eficácia.

Weber (1947) afirma que a burocracia possui uma hierarquia de autoridade, autoridade

limitada, divisão do trabalho, participantes tecnicamente competentes, métodos de trabalho,

regras para os ocupantes dos cargos e remunerações distintas.

Burns e Stalker (1961) identificaram a forma "mecânica" que é muito próxima do tipo

ideal de burocracia proposto por Weber, e a forma "orgânica" que se aproxima de seu oposto

lógico. As organizações orgânicas possuem uma estrutura de controle em rede, diferente da

autoridade hierárquica, proposta na estrutura "mecânica". Um ajuste contínuo e redefinição de

tarefas, em vez da especialização das tarefas, e um contexto de comunicação envolvendo

informações e opiniões ao invés de supervisão hierárquica. Os autores vêem as formas

organizacionais como sendo estritamente vinculadas ao ambiente na qual as organizações

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34

estão inseridas, particularmente naquilo que diz respeito à tecnologia empregada pela

organização.

Essa estrutura orgânica onde as tarefas são ajustadas continuamente e os indivíduos

possuem empowerment para tomada de decisão sem supervisão hierárquica rígida se faz

presente no Centro de Tecnologia de Refrigeração e o estudo e compreensão das estruturas

organizacionais se faz importante para o entendimento do processo de adaptação estratégica à

globalização.

2.1.3.1 Complexidade

Hall (1984, p. 49) enfatiza que complexidade é um dos primeiros aspectos que se

tornam perceptíveis a uma pessoa quando ela passa a fazer parte de uma organização, exceto

as mais simples. A divisão do trabalho, os títulos dos cargos, a existência de diversas divisões

e níveis hierárquicos, normalmente se tornam evidentes de imediato.

As variações intra-organizacionais, em termos de complexidade, também podem ser

observadas em empresas industriais com departamentos de pesquisa e desenvolvimento. Esses

departamentos têm a probabilidade de serem caracterizados por uma hierarquia mais achatada

do que a existente em outras divisões. Embora possam existir diversos níveis acima deles, os

empregados da área de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa serão supervisionados

com pouco rigor e terão controle sobre uma variedade ampla de tarefas.

Esse fator revestiu-se de grande importância no que se refere à adaptação estratégica

do Centro de Tecnologia de Refrigeração, pois os colaboradores tendo um maior controle de

suas atividades, puderam opinar e participar mais efetivamente das decisões no processo de

globalização com a Whirlpool. Em departamentos de produção, a amplitude de controle de

cada supervisor é mais limitada e toda a unidade se parece mais como uma pirâmide (Ver

Figuras 1 e 2).

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Figura 1 - Organização do escritório regional. Fonte: Hall (1984)

Nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento os empregados têm mais amplitude de

controle sobre as tarefas, sendo supervisionados com menos rigor, o contrário ocorre na

Produção.

Figura 2 - A forma de dois departamentos na mesma organização. Fonte: Hall (1984)

ProduçãoPesquisa e desenvolvimento

Assistente do

Gerente

DistribuiçãoVendas

MarketingContabilidade Jurídico

Serviçosadministrativos

Manager

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36

2.1.3.2 Diferenciação horizontal

É a maneira como as tarefas a serem desempenhadas são divididas na organização.

Segundo (HALL, 1984) existem duas maneiras básicas pelas quais as tarefas podem ser

subdivididas e duas maneiras pelas quais a complexidade pode ser avaliada. A primeira

consiste em atribuir a especialistas altamente treinados uma faixa abrangente de atividades

para desempenhar; a segunda consiste em subdividir detalhadamente as tarefas para que

pessoas não especializadas possam executá-las.

A primeira maneira pode ser exemplificada por profissionais ou especialistas do

cenário organizacional, totalmente responsáveis pelas operações completas, e aplica-se a

estrutura do Centro de Tecnologia de Refrigeração.

A segunda forma de diferenciação horizontal é vista nas situações em que cada

trabalhador desempenha somente uma ou poucas tarefas repetitivas (RITZER, 2000). A

natureza da tarefa em si é importante nesse ponto, pois a tarefa rotineira e uniforme é mais

indicada para esse segundo tipo de diferenciação; tarefas não rotineiras e muito variadas são

mais comumente divididas de acordo com o primeiro tipo.

A primeira forma de complexidade horizontal baseia-se no número de especializações

ocupacionais na organização. Essa forma de diferenciação horizontal introduz complicações

adicionais, pois o alto nível de especialização exige a coordenação de especialistas.

A segunda forma de complexidade horizontal baseia-se tipicamente na contagem dos

cargos no âmbito da organização. Em grandes escritórios, por exemplo, podem-se encontrar

alguns cargos para o pessoal burocrático, como Digitador 1, Digitador 2, Digitador 3. Essas

diferenças baseiam-se, freqüentemente, em salário ou tempo de serviço, mas usualmente

também se baseiam no modo como o trabalho é dividido na organização. Quanto maior a

divisão do trabalho, mais elevado o nível de complexidade horizontal. A divisão do trabalho,

nesse caso, ocorre nas tarefas altamente especializadas, de natureza repetitiva e rotineira.

A complexidade horizontal pode também ser avaliada contando-se o número de

divisões, departamentos ou unidades em uma organização.

2.1.3.3 Diferenciação vertical

Pugh et al. (1968, p. 78) sugerem que a dimensão vertical pode ser avaliada pela

"enumeração de cargos entre o principal executivo e os empregados que trabalham na

produção”.

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Hall (1984, p. 53) define que os “indicadores diretos da diferenciação vertical supõem

que a autoridade seja distribuída de acordo com o nível de hierarquia, isto é, quanto maior o

nível, maior a autoridade”. Existem situações nas quais a proliferação de níveis pode

representar fenômenos distintos da distribuição de autoridade. No Centro de Tecnologia de

Refrigeração da Whirlpool existe a chamada carreira "Y” ou carreira técnica, pela qual se

valorizam os profissionais com aptidões técnicas especializadas, e eles podem crescer

verticalmente e ter cargos com os mesmos benefícios que possuem os executivos nas posições

gerenciais. Na figura 3, a seguir, são definidas as premissas para a inclusão de profissionais na

carreira "Y".

Figura 3 - Premissas: Carreira Técnica "Y" Multibras – Objetivos. Fonte: Carreira "Y" Multibras (2006)

Na figura 4 a seguir são mostrados os diversos níveis da carreira "Y” de acordo com a

evolução profissional, que é medida em pontos do ocupante, bem como o comparativo com a

carreira administrativa, na qual são mantidos os benefícios nos cargos equivalentes na posição

horizontal.

CARREIRA YCARREIRA Y Y

Criado como alternativa mais coerentepara os casos não contemplados dentroda estrutura da carreira administrativaconvencional

Vislumbra a possibilidade deretenção de profissionais dasáreas técnicas, que possuem estetipo de especialidade

O ponto chave é oprofissional, sua formação eexperiência que sãonormalmente adquiridas nodecorrer de sua carreiraprofissional dentro da empresapor se tratar de uma atividadeque esta vinculada diretamenteao negócio

Os fatores que avaliam a maturidade de dosprofissionais envolvidos e estão vinculados a àsnecessidades da organização e procuram medir onível de aplicabilidade de novos processos enovas tecnologias, as quais são normalmentedesenvolvidas internamente

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Figura 4 - Carreira Técnica "Y" Multibras - Estrutura de Cargos. Fonte: Carreira "Y" Multibras (2006)

2.1.3.4 Dispersão geográfica

Hall (1984, p. 53-54) define o elemento final da complexidade, a dispersão geográfica,

como na realidade uma diferenciação horizontal ou vertical, isto é, as atividades e o pessoal

podem estar dispersos geograficamente, de acordo com as funções horizontais ou verticais,

por meio da separação dos centros de poder ou das tarefas. As tarefas desempenhadas pelos

vários escritórios regionais são essencialmente idênticas e o poder na organização é

diferenciado entre o escritório central e os escritórios regionais.

A dispersão geográfica torna-se um elemento separado no conceito de complexidade

quando se percebe que uma organização pode executar as mesmas funções com a mesma

divisão de trabalho e configuração hierárquica em diversas localidades.

A Whirlpool Corporation globalizou a área de Tecnologia, dividindo os Centros de

Tecnologia de Refrigeração através do globo, sendo que o Centro de Tecnologia da Latin

American Region (LAR) passou a ser responsável pelo desenvolvimento de projetos de

refrigeradores e freezers para a América Latina.

Carreira Administrativa Carreira Técnica

Gerência

Chefia

Ger. Desenv. Técnico II

Ger. Desenv. Técnico I

Espec.Desenv. CT II

Espec.Desenv. CT IChefia

SR

PL

JR

Intervalo de Pontos

Acima de 748

De 562 a 748

De 422 a 561

De 316 a 421

De 237 a 315

De 178 a 236

Até 177

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39

A Figura 5 mostra como está estruturada a área de tecnologia (CTO) da Whirlpool

Corporation nos 4 continentes.

Figura 5 - Organização global dos Centros de Tecnologia da Whirlpool.. Fonte: Organograma CTO (2007)

2.1.4 Poder nas organizações

“O poder sempre tem a ver com os relacionamentos entre dois ou mais atores, nos

quais o comportamento de um é afetado pelo comportamento do outro” salienta Hall, (1984,

p.103). Existem muitas maneiras pelas quais o poder pode ser distribuído nas organizações, e

ele poderá estar centralizado nas mãos de poucos ou descentralizado em toda a organização.

Uma pessoa ou um grupo não pode ter poder isoladamente; o poder deve ter relação com uma

outra pessoa ou coletividade, como quando uma pessoa ou um grupo tem de suplantar a

resistência de outra pessoa ou grupo (PFEFFER, 1992).

Morgan (2006) define as seis relações de poder nas organizações:

a) Organizações podem ser autocracias; nas quais o poder é detido por um

indivíduo ou um pequeno grupo com controle absoluto;

b) Organizações podem ser burocracias; nas quais as regras são escritas e as

relações de poder claramente especificadas;

Corporate Technology OrganizationGlobal Product Development

Food Stream Solutions

PDC DirectorLAR

Director GTOPDC Director Mexico

PDC DirectorAsia & GTO)

DirectorGlobal PA/LO

PDC Director NAR

General ManagerGPD - FSS

DirectorGrowth Opportunities

Technical LeaderZeus SxS Project

FSS Global RobustProduct Design Mentor

PDC DirectorWER

Vice PresidentGlobal Product Development

Food Stream Solutions

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c) Organizações podem ser tecnocracias; nas quais o conhecimento e a

especialização governam o sistema;

d) Organizações governadas por codeterminação; por meio da qual partes em

oposição na organização partilham do sistema de comando;

e) Organizações podem ser democracias representativas; nas quais os dirigentes

são eleitos e atuam durante mandatos específicos ou durante um tempo em que

contarem com o apoio dos membros;

f) Organizações podem ser democracias diretas; nas quais todos participam e

possuem o direito de governar.

As relações de poder acarretam dependência mútua, as partes necessitam uma da

outra, ou seja, os dirigentes precisam de trabalhadores para prover serviços ou fabricar

produtos e os trabalhadores precisam dos dirigentes para que possam ser pagos (EMERSON,

1962).

Dois aspectos do poder são importantes. Primeiro o poder é um ato; constitui algo

utilizado ou exercício. Segundo aqueles a quem o poder se dirige são importantes para

determinar se ocorreu o ato de poder.

2.1.4.1 Tipos de poder

Weber (1947) desenvolveu a tipologia amplamente conhecida e empregada da

autoridade racional-legal, carismática e tradicional. A autoridade racional-legal baseia-se na

crença do direito daqueles em posições elevadas de ter poder sobre os subordinados. Um

exemplo de autoridade racional-legal seria o aceite dos alunos perante as normas,

procedimentos e prazos para a entrega das monografias.

A autoridade carismática é originada pela dedicação a um detentor de poder específico

e baseia-se em características pessoais. O respeito, a admiração, o conhecimento estão

presentes na liderança carismática. Se for aplicada uma liderança racional-legal por meio da

autoridade carismática, existirá mais poder sobre os subordinados do que o determinado pela

organização. Se a autoridade carismática estiver em pessoas que não pertencem ao sistema, o

próprio sistema poderá estar ameaçado.

A terceira forma abordada por Weber (Op. cit.), autoridade tradicional, baseia-se na

crença da ordem tradicional estabelecida e é mais bem exemplificada pelas monarquias. Esse

tipo de liderança pode ser encontrado em empresas familiares, onde o dono ainda está

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presente. Outro exemplo de autoridade tradicional é a igreja representada pelo papa, pelos

cardeais, pelos arcebispos e padres.

Morgan, (2006, p. 163), define que "poder é o meio através do qual os conflitos de

interesses são, afinal, resolvidos. O poder influência quem consegue o quê, quando e como".

Robert Dahl apud Morgan, (2006, p. 163) sugere que poder envolve habilidade para conseguir

que outra pessoa faça alguma coisa que, de alguma forma, não seria feita. ”As fontes do poder

são ricas e variadas, provendo aqueles que querem dirigir e ”agir de modo escuro”

perseguindo os seus interesses com muitas formas de assim o fazer”.

2.1.5 Mudança organizacional

(KANTER, STEIN E JICK, 1992) definem a mudança sob a perspectiva, de política

interna, com coalizões e facções que se alteram constantemente. As organizações não

permanecem eternamente no mesmo estado. "Organizações nascem, crescem e decaem.

Algumas vezes, elas se despertam novamente e outras vezes, desaparecem" (KIMBERLY E

MILES, 1980, p. IX), Hage (1980, p. 262) descreve a mudança como a "alteração e a

transformação da forma, a fim de sobreviver no ambiente".

Chield e Kieser (1981, p. 169) afirmam que

[...] as organizações estão mudando constantemente. Alterações nas condições externas, como concorrência, inovação, exigências do público e política governamental, requerem que novas estratégias, métodos de trabalho e produtos sejam criados para uma organização meramente continuar em seu nível atual de operações.

Os indivíduos nas organizações são encarados como constantemente aprendendo (ou

deixando de aprender) com as suas ações, gerando-se uma abordagem individualizada do

potencial de mudança.

Staw (1982) descreve que existem obstáculos individuais e coletivos ou

organizacionais à mudança. Um exemplo de obstáculos à mudança a níveis organizacionais

seria a dificuldade de alterar procedimentos padronizados, coalizões poderosas impediram a

mudança caso não seja de interesse dela.

As grandes organizações por um lado tem a possibilidade ter os recursos necessários

para mudanças, como a entrada em novos mercados. Por outro, elas têm a possibilidade de

serem mais burocráticas e, portanto, resistentes à mudança (HAVEMAN, 1993).

A composição de pessoal ou demografia organizacional é afetada pelas políticas

organizacionais relativas à remuneração e à promoção, entre outras, e por fatores ambientais,

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como o índice de crescimento do setor na qual a organização opera. As características

demográficas organizacionais, por sua vez afetam os padrões da mudança, pois exercerão um

impacto sobre a sucessão e as diferenças de poder entre grupos etários (PFEFFER, 1983;

CARROL E HANNAN, 2000).

Maturana e Varela (1980) baseiam os seus argumentos na idéia que os sistemas vivos

são caracterizados por três aspectos principais: autonomia, circularidade e auto-referência.

Isso confere a eles a habilidade de renovação e autocriação. O termo autopoiesis refere à

capacidade de auto-reprodução através de um sistema fechado de relações. Sustentam que o

objetivo de tais sistemas é, em última instância, reproduzirem-se a si mesmos: a sua

organização e identidade próprias são seus produtos mais importantes.

Reforçam ainda Maturana e Varela (Op. cit.) que a razão principal dos seres vivos se

esforçarem para ter uma identidade, subordinando tais mudanças à manutenção de sua própria

organização como sendo um conjunto de relações. Fazem isso se engajando em padrões

circulares de interação nos quais a mudança em um elemento do sistema se acha casada com

mudanças em todas as outras partes do sistema, estabelecendo padrões contínuos de interação

que são sempre auto-referentes. São auto-referentes, pois um sistema não pode entrar em

interações que não estejam especificadas dentro do padrão de relações que definem a sua

organização. Assim, a interação de um sistema com seu "ambiente" é, na realidade, um

reflexo e parte da sua própria organização. O sistema interage com seu ambiente de um modo

que facilita a sua própria auto-reprodução e, nesse sentido, pode-se observar que o seu

ambiente é, na verdade, parte de si mesmo.

2.1.5.1 Gerência da mudança organizacional

Segundo Sertek (2007) são três os direcionadores das mudanças organizacionais: as

ameaças externas que afetam a sobrevivência da empresa, as mudanças ambientais como

oportunidades externas e a rapidez de resposta às solicitações de mercado

Barros et al. (2007) sugerem que são estratégias as atividades que suportam transições

pessoais e organizacionais do estado atual para o estado futuro ou desejado, com o objetivo de

reduzir o impacto financeiro, o tempo de implementação e o impacto humano das mudanças.

A metodologia não transforma as notícias más em boas notícias, somente assegura que a

mudança seja feita na melhor condição possível e previsível.

O gerenciamento da mudança organizacional exige três habilidades básicas: acreditar

na causa, disciplina na execução do processo e perseverança em fazer as pessoas percorrerem

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43

a curva do comprometimento. Existem papéis considerados chave no processo de

gerenciamento da mudança organizacional que se relata a seguir: Patrocinador: indivíduo ou

grupo que torna legítima a mudança; Patrocinador de Sustentação: indivíduo ou grupo que

reforça constantemente a mudança conforme ela progride na organização; Agente de

Mudança: indivíduo ou grupo responsável pela mudança acontecer; Alvos: indivíduo ou

grupos que deve de fato mudar. Os grupos de força da mudança, ou seja, onde nascem as

forças que geram a mudança. São definidos pelos fornecedores, governo, entidades de classe,

revendedores, imprensa, sociedade, acionistas, sindicatos, colaboradores, rede de serviços,

consumidores, mercado, familiares.

Liderar a mudança é chave no processo, pois o processo de liderar a mudança não é

delegável. Patrocinadores fracos devem ser preparados ou substituídos. O líder da mudança

precisa acreditar na causa, estar energizado, ser estimulante, pró-ativo, participativo, estar

presente, dar suporte e trabalhar junto com o grupo-alvo da mudança.

Na figura 6 mostram-se as fases do envolvimento com a mudança e a curva

característica de comportamentos demonstrados pelos indivíduos ao longo do tempo.

Figura 6 - Construindo o comprometimento com a mudança – Envolvimento. Fonte: GMO/ Grupo Brasmotor, Fusão da Brastemp, Semer, Consul (1999)

São importantes também os estágios dos compromissos com a mudança e a Figura 7

identifica as fases da mudança e o compromisso do grupo que está sendo atingido com a

24

Envolvimento

l O Envolvimento positivo ou negativo depende de dois fatores: compatibilidade entre os objetivos damudança e seus interesses pessoais e, da qualidade da comunicação da mudança.

l Quando a comunicação é pobre surge um processo gradual e crescente de resistência.

l Quando as pessoas percebem uma convergência de interesses e a mudança é bem comunicada, surgem ascondições necessárias para a construção de um envolvimento positivo.

l Construir um envolvimento positivo pressupõe todo um trabalho de construção de uma percepçãoestimulante e verdadeira sobre a mudança.

l Um envolvimento positivo pode ser obtido através de uma ação de comunicação planejada edirecionada para os mapas mentais das pessoas afetadas pela mudança.

Comprometimento

Entendimento

Aceitação

VIII

VII

IV

VI

II

V

III

VIII

VII

I

IV

VI

II

V

IIICeticismo

Resistência PassivaResistência Passiva

Resistência AtivaResistência Ativa

Envolvimento +_

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44

mudança. Normalmente são aplicadas pesquisas para se identificar onde o grupo se encontra

em compromisso com o grau de apoio a mudança.

Figura 7 - Construindo o comprometimento com a mudança. Fonte: GMO/ Grupo Brasmotor, Fusão da Brastemp, Semer, Consul (1993)

De acordo com Barros et al. (2007) as fases do processo de mudança podem ser

caracterizadas como a seguir:

Comprometimento com um determinado resultado: é quando se persegue a meta de

forma consistente. Os benefícios em curto prazo serão rejeitados se as ações não forem

consistentes com a estratégia e a consecução da meta maior. Compromisso é o fator

aglutinador que provoca adesão crítica entre as pessoas e as metas da mudança;

Contato é o primeiro encontro com a mudança que está ou pode vir a acontecer.

Objetiva gerar consciência de que a mudança já se iniciou ou pode ocorrer a qualquer

instante. Os estágios do contato são o desconhecimento e a conscientização;

Conscientização gera consciência de que uma modificação ocorreu ou ocorrerá.

Somente quando a conscientização se transformar em entendimento é que se estará

caminhando em direção à fase de aceitação. Os resultados dos estágios de conscientização são

a confusão e o entendimento;

25

Comprometimento

Entendimento

Aceitação

I - Perda de Conhecimento

II - Confusão

III - Percepção Negativa

IV - Decisão de não suportar a implementação

V - A Mudança é abortada após o início da utilização

VI - A Mudança é abortada após ampla utilização

Se falharmosSe falharmos

Construindo o Comprometimento

Tempo I - I - Contato ContatoII -II - Conscientização ConscientizaçãoIII -III - Entendimento Entendimento

IV -IV - Percepção Positiva Percepção Positiva

V -V - Implementação Implementação

VI -VI - Adoção Adoção

VIII -VIII - Internalização Internalização

VII -VII -InstitucionalizaçãoInstitucionalização

VIII

VII

I

IV

VI

II

V

III

Grau de Apoio

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45

Entendimento se dá através dos seus próprios sistemas de "filtros", cognitivo,

emocional e filosófico. Nessa fase, o alvo está, pela primeira vez, em condições de fazer um

julgamento sobre a mudança. Esse julgamento leva o indivíduo a cruzar a barreira da

disposição. O indivíduo entra na fase de aceitação, demonstrando uma percepção sobre a

mudança. A resistência será ou não expressa se a percepção for negativa. Os resultados do

estágio de entendimento podem ser a percepção negativa que pode gerar resistência ou

positiva que move o indivíduo para a fase de aceitação da mudança;

Percepção Positiva: tendo a percepção positiva da mudança o indivíduo atingirá o

nível de ação, movendo-se para a fase final, que é o compromisso. Os estágios da percepção

positiva são a desconsideração, ou seja, a decisão do indivíduo de não levar em consideração

e não apoiar a mudança ou instalação, que seria a decisão formal do indivíduo de iniciar;

Implementação: nesta fase a mudança torna-se operacional e a barreira do

compromisso foi cruzada. A implementação é a primeira oportunidade para que o

compromisso seja demonstrado e as caracterizações dessa fase são investimentos, consistência

de ações, subordinação em curto prazo e atendimento das metas de longo prazo. Algum grau

de pessimismo nessa fase é inevitável, porém, se os problemas na implementação forem muito

grandes, o pessimismo irá crescer a ponto de se atingir o nível de "cair fora" e "afastamento".

Um ambiente que encoraja a discussões abertas tende a resolver problemas, promover a co-

responsabilidade e construir compromisso com a ação. No momento que os problemas são

resolvidos, um nível de convicção, novo e realista, é gerado com relação à mudança. Os

resultados do estágio de implementação são o aborto e a adoção onde a mudança é adotada.

Adoção: quando a mudança organizacional ou pessoal atinge esse estágio considera-se

a mudança implantada com sucesso. A fase de implementação lida com os problemas iniciais

e a fase de adoção com os problemas profundos e de longo prazo. A adoção exige um alto

compromisso, porém a mudança ainda está em período de avaliação, que pode, com

facilidade, acabar em seu encerramento. As razões típicas para abortar uma mudança após

extensa experimentação é a detecção de problemas logísticos, políticos ou econômicos, ou a

necessidade inicial da mudança deixou de existir, ou ainda as pessoas-chave, patrocinadores e

ou agentes deixam a organização. Os resultados da adoção são o aborto ou a

institucionalização a qual representa o mais alto nível de compromisso organizacional. A

institucionalização refere-se à mudança que tem uma longa história de méritos, durabilidade e

continuidade. Foi incorporada à rotina da organização ou do indivíduo. A mudança passa de

desvio da norma para ser a norma. À medida que ocorre a maturação da mudança ela torna-se

parte da cultura da empresa, ou modelo esperado de comportamento. Acabar com um modelo

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46

institucionalizado que já está inserido na fibra da organização é algo extremamente difícil.

Uma vez que a mudança já está institucionalizada, os alvos podem ser motivados a aderir

apenas para cumprir com um imperativo da organização. Essa submissão é obtida por meio da

motivação das pessoas para ter recompensas ou evitar punições, independente de suas

próprias convicções. A mudança institucionalizada, por mais poderosa que seja, toca apenas o

comportamento dos participantes, não a sua alma.

Internalização: nessa fase ou estágio da mudança as pessoas estão enganjadas com o

objetivo de satisfazer as suas próprias metas, bem como as da organização. Nesse último

estágio, as pessoas demonstram propriedade sobre a mudança, aceitando responsabilidades

pessoais para o seu sucesso. Elas advogam, protegem, desenvolvem e investem na mudança.

Nessa fase os alvos são confundidos com os patrocinadores. Entusiasmo, alta energia e

persistência são as características deste nível. (Ver figura 8).

Figura 8 – Estratégias-chave de gerenciamento. Fonte: GMO/ Grupo Brasmotor, Fusão da Brastemp, Semer, Consul (1993)

79

Início da transição :

• Endereçar transições

pessoais e organizacionais.

• Dar informação aos

funcionários.

• Explicar o que esperar.

• Tratar o passado com

respeito.

• Esperar sinais de emoção

e reconhecer.• Não tente tirar as pessoas

de suas emoções.

• Comunique, comunique,

comunique.

• Faça a liderança visível.

Conforme a mudançacaminha:

• Fornecer um senso de direção

e orientação.• Encorajar envolvimento dofuncionário.

• Identificar as habilidades econhecimento necessários.

• Reunir-se com freqüência paradar feedback e ouvir aspreocupações/expectativas.

• Demonstrar flexibilidade paratentar novas coisas e encorajar

pensamento criativo e ação.• Permitir a retração e o retorno

de funcionários que estejamtemporariamente resistentes.

Situação

Atual

Estado

Desejado

Estado de

Transição

Estratégias Chave de Gerenciamento

Continuamente durante atransição:

• Encorajar a liderança “senior” acomunicar os resultados desejados.

• Envolver os funcionários noestabelecimento de metas.

• Desenhar oportunidades parapequenos sucessos.

• Monitorar o processo de mudança econtinuar a reforçar o entusiasmo paraa mudança.

• Encorajar os funcionários a suportarum ao outro.

• Celebrar a mudança com anúnciospúblicos que reconheçam grupos eindivíduos.

• Follow-up contínuo / realinhamentopara acessar o progresso e fazer asmodificações conforme a necessidade

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47

2.1.5.2 O Desafio da mudança

De acordo com a pressão da competição e variáveis do mercado as mudanças estão

ocorrendo rápida e de uma forma mais complexa do que jamais ocorreu no passado.

Atualmente o as organizações vêm:

- Aumentando o uso de sistemas de informações computadorizadas e tecnologia de

automação de escritórios;

- Integrando novos funcionários;

- Iniciando planos de reorganização profunda;

- Aumentando a capacidade de produção de projetos através da implantação de

programas de melhoria de produção e qualidade de desenvolvimento de

tecnologia;

- Incorporando novos procedimentos e equipamentos;

- Redefinindo cultura organizacional para melhorar o suporte dos objetivos

corporativos;

- Adaptando-se às flutuações da economia através da redução de estrutura;

- Respondendo a novos e crescentes níveis de competição;

- Criando novos produtos e mercados;

- Ajustando-se às mudanças de perfil e necessidades atuais dos funcionários;

- Adaptando-se a contínuas alterações de legislação;

O entendimento da mudança organizacional, dos desafios da mudança e suas

implicações se fazem importantes como referencial teórico, para a análise e compreensão do

pesquisador de como as mudanças ocorridas no processo de globalização do Centro de

Tecnologia de Refrigeração com a Whirlpool impactaram os seus colaboradores.

2.2 A ESTRATÉGIA

Hamel e Prahalad (1995, p. 124) definem o conceito de estratégia citando que “[...]

toda empresa precisa de uma arquitetura estratégica". Para construir uma arquitetura

estratégica, a alta gerência precisa saber que novos benefícios ou "funcionalidades" serão

oferecidos aos clientes na próxima década, quais serão as competências essenciais necessárias

para criar estes benefícios e como a interface com o cliente terá de mudar a fim de permitir o

acesso de clientes aos benefícios de forma mais eficaz.

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Mintzberg et al. (2000) descrevem estratégia através dos cinco Ps: A estratégia como

um plano (plan), uma direção, um guia, um curso de ação para o futuro, um caminho para

dirigir-se de um lugar para outro. Pode ser considerada também como um padrão (pattern),

isto é, uma consistência de ações ao longo do tempo, referindo-se ao que já foi realizado. O

terceiro P definido pelos autores é Posição (position), levando em consideração a localização

de determinados produtos em determinados mercados. O quarto P é quando a estratégia pode

ser uma perspectiva (perspective), focando na forma fundamental de uma organização fazer as

coisas. E, por fim, definem o quinto P como a estratégia sendo um truque (ploy), isto é, uma

manobra para enganar ou distrair um concorrente, sem a intenção real de realizá-la.

2.2.1 Planejamento estratégico

Mintzberg et al. (2000) consideram algumas escolas na formação estratégica. Serão

focalizadas aqui as classificações para estratégia organizacional apresentadas pelos autores,

que identificaram dez escolas na formação da estratégia organizacional. Essas escolas são

apresentadas na Figura 9, e descritas em seguida.

Tipos Formação da estratégia como:

Escola do design Processo de concepção

Escola do planejamento Processo formal

Escola do posicionamento Processo analítico

Escola empreendedora Processo visionário

Escola cognitiva Processo mental

Escola da aprendizagem Processo emergente

Escola do poder Processo de negociação

Escola cultural Processo coletivo

Escola ambiental Processo de transformação

Figura 9 – As escolas na formação das estratégias organizacionais. Fonte: Mintzberg et al. (2000)

As três primeiras escolas (do design, do planejamento e do posicionamento) têm

caráter prescritivo, estão mais interessadas em como as estratégias deveriam ser formuladas

do que como se formam na realidade. Já as outras sete escolas, que seguem, (empreendedora,

cognitiva, da aprendizagem, do poder, cultural, ambiental e da configuração) estão mais

voltadas à descrição que à prescrição.

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Escola do design – Esta escola tem como suas principais contribuições à técnica da

análise do ambiente, sustentada nos conceitos de oportunidades e de ameaças externas e das

forças e fraquezas internas. Propõe um modelo de formação de estratégia que busca atingir

uma adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas.

Escola do planejamento – Esta escola entende que a formulação de estratégia é

essencialmente um processo de elaboração mental, controlado e consciente de um

planejamento, que poderá se decompor em passos distintos, delineados por listas de checagem

e apoiados por técnicas específicas.

Escola do posicionamento – A estratégia reduz-se a posições genéricas selecionadas

por meio de análises formais das situações da empresa. Os planejadores tornam-se analistas,

isto provou ser lucrativo para consultores e acadêmicos que tiveram acesso a dados e

promoveram suas “verdades científicas” em jornais e empresas. Um exemplo importante da

Escola de Planejamento é a matriz BCG mostrada na figura 10.

Figura 10 – Matriz de crescimento e participação do BCG.

Fonte: Henderson (1979); Mintzberg, Ahlstrand, Lampel (2000, p. 77).

Escola empreendedora – Fez o contrário da escola de design: focalizou o processo de

formação de estratégia exclusivamente no líder. A visão estratégica está mais associada à

imagem e ao senso de direção que ao plano articulado. No processo, são levadas em conta as

experiências do líder e é, portanto uma estratégia mais flexível.

PARTICIPAÇÃO DE MERCADO ATUAL DO NEGÓCIO

ALTA BAIXA

POTENCIAL DE CRESCIMENTO DO NEGÓCIO

BAIXO

ALTO ESTRELA

VACA LEITEIRA

CRIANÇA - PROBLEMA

CÃO $

* ?

X

Sequência de sucesso

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50

Escola cognitiva – Esta escola adota uma visão mais subjetivo-interpretativa ou

construtivista do processo de estratégia, ou seja, a cognição é usada para construir estratégias,

que são concebidas como interpretações criativas, em vez de simplesmente mapas da

realidade de alguma forma mais ou menos objetiva.

Escola do aprendizado – As estratégias emergem quando as pessoas, algumas vezes

atuando individualmente, mas, na maioria dos casos, coletivamente, aprendem a respeito de

uma situação tanto quanto desenvolvem a capacidade de lidar com ela. As estratégias

convergem para padrões de comportamento que funcionam e devem emergir mediante

pequenos passos.

Escola do poder – O poder micro vê o desenvolvimento de estratégias dentro da

organização como um fator essencialmente político. O poder macro vê a organização como

uma entidade que utiliza o poder sobre as outras e seus parceiros de alianças. A formulação de

estratégias ocorre no processo de negociação.

Escola da cultura – É a inversão da escola do poder, pois, para a formação de

estratégias, reúne-se uma coleção de indivíduos em uma entidade chamada organização, logo

a formação das estratégias é um processo social baseado na cultura da organização.

Escola ambiental – Para esta escola, a estratégia é formada como uma reação à

imposição do ambiente externo e não como desejo da própria entidade.

Escola da configuração – Considera a organização como uma configuração, tem

características adaptativas às transformações que se fizerem necessárias. As mudanças fazem

parte do ciclo de vida das organizações. Desse modo, as estratégias utilizadas serão para

sustentar a estabilidade ou para proceder às mudanças estratégicas imprescindíveis.

2.2.2 Visão de Porter

Segundo Porter (2004) a essência da formulação de uma estratégia competitiva é

relacionar uma companhia ao seu meio ambiente. Esse meio ambiente é amplo e envolve

forças sociais e econômicas, mas o aspecto principal citado pelo autor é a própria indústria ou

as suas indústrias concorrentes. A estrutura industrial tem uma forte influência na composição

das regras competitivas do jogo, bem como as estratégias disponíveis para a empresa. Forças

externas à indústria são significativas, principalmente no sentido relativo; uma vez que as

forças externas em geral afetam a todas as empresas na indústria. A intensidade de

concorrência em um setor não é meramente coincidência, a concorrência tem raízes em sua

estrutura econômica básica e vai além do comportamento dos atuais concorrentes.

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O ponto de partida de uma boa estratégia é ter o objetivo correto que, segundo ele, é

obter um excelente retorno sobre o investimento em longo prazo. Conjugado a isto, outro

importante aspecto é a posição da empresa em seu setor de atividade. O desempenho da

empresa como um todo depende, portanto, da rentabilidade do seu setor de atividade e de sua

própria rentabilidade.

Para que isso ocorra, Porter (2004) propôs que a estratégia de negócios da empresa

deveria ser baseada na estrutura de mercado no qual as empresas atuam, com as regras de

concorrência englobadas em cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes, a

ameaça de substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos

fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes existentes.

A Figura 11 apresenta as cinco forças competitivas propostas por Porter.

Figura 11 - Forças competitivas concorrentes na indústria. Fonte: Porter (2004, p. 4)

Porter (Op. cit.) defende que o poder dessas cinco forças competitivas determina a

capacidade de empresas obterem, em média, taxas de retorno sobre o investimento superiores

ao custo de capital. Essa rentabilidade da indústria é obtida porque as cinco forças

influenciam os preços, os custos e o investimento necessário das empresas em uma indústria.

A meta da estratégia competitiva para uma unidade empresarial em uma indústria é encontrar

uma posição dentro dela em que a companhia possa melhor se defender contra essas forças

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competitivas ou influenciá-las a seu favor. Dado que o conjunto de forças pode estar

exageradamente aparente para todos os concorrentes, a chave para o desenvolvimento de uma

estratégia é pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de cada força.

Essa metodologia não elimina a necessidade de criatividade na busca de novas formas

de concorrência em uma indústria. Ao contrário, ela dirige as energias criativas dos

administradores para os aspectos da estrutura da indústria que são mais importantes para a

rentabilidade de longo prazo (PORTER, 1992).

A segunda questão relativa à estratégia competitiva é que a posição da empresa em seu

setor de atividade determina sua rentabilidade acima ou abaixo da média da indústria. Porter

(2004) afirma que a vantagem competitiva sustentável é que mantém o desempenho da

empresa acima da média no longo prazo e que existem dois tipos básicos de vantagem

competitiva que uma empresa pode possuir: baixo custo ou diferenciação. E essas vantagens

resultam da habilidade de uma empresa em lidar com as cinco forças, melhor do que seus

concorrentes. Isso acaba gerando três estratégias genéricas para alcançar um desempenho

acima da média na indústria: liderança de custo, diferenciação e enfoque, com esta última

tendo duas variantes, o enfoque no custo e o enfoque na diferenciação, conforme Figura 12.

Figura 12 – As três estratégias genéricas. Fonte: Porter (1992, p. 10).

Ao estrategista cabe entender os motivos que levam à rentabilidade ou à falta dela em

um setor, onde a empresa tem duas opções para ser mais rentável do que seus concorrentes,

ter preços mais elevados ou custos inferiores.

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53

Porter (2004) salienta que a melhor maneira de levar o cliente a aceitar um preço mais

elevado por um produto é garantir-lhe o fornecimento de um valor que justifique tal preço.

Esse valor pode ser apresentado de duas maneiras: uma, fazendo com que o produto reduza o

custo operacional do cliente; outra, fazendo com que o produto permita ao cliente cobrar mais

caro de seus próprios clientes. Para isso é preciso estudar a fundo suas atividades, isto é, sua

cadeia de valor.

Para isto, Porter (1992) propõe que uma empresa pode ser desagregada em atividades

primárias e de suporte. Atividades primárias estão diretamente envolvidas no fluxo de

produtos até o cliente e as atividades de suporte existem para apoiar as atividades primárias. A

cadeia apresenta uma forma de examinar as atividades desempenhadas pela empresa e como

elas interagem. Nesse sentido, a empresa pode ser competitiva em uma das atividades, mas

isto não fará com que ela seja competitiva no setor de atuação. Na realidade, deve ser

considerado o conjunto das atividades da empresa e ser a melhor em todas, para que ela possa

obter uma vantagem competitiva ou permanecer na vanguarda.

Porter (2004) descreve que a opção mais imperativa que uma empresa deve adotar diz

respeito a ela competir globalmente ou pode encontrar nichos em que elabore uma estratégia

defensável para competir em um ou alguns mercados nacionais. O autor cita as seguintes

alternativas:

Concorrência global como uma linha ampla: Essa estratégia visa uma concorrência

mundial com uma linha completa de produtos da indústria, aproveitando as fontes de

vantagem competitiva global para obter uma diferenciação ou uma posição de custo baixo.

Essa estratégia demanda recursos substanciais e um longo horizonte de tempo.

Enfoque global: Essa estratégia tem como alvo um segmento particular da indústria

no qual a empresa compete em uma base mundial. Um segmento é escolhido quando os

obstáculos à concorrência global são pequenos e a posição da empresa no segmento pode ser

defendida contra a incursão de concorrentes globais com uma linha ampla. A estratégia

produz custo baixo ou diferenciação no segmento.

Enfoque nacional: Essa estratégia aproveita diferenças nos mercados nacionais para

criar um método de enfoque para um mercado nacional particular e que permita a empresa

superar empresas globais. Essa variação da estratégia do enfoque visa a diferenciação ou o

custo baixo ao satisfazer as necessidades particulares de um mercado nacional, ou dos seus

segmentos mais sujeitos a obstáculos econômicos à concorrência global.

Nicho protegido: Essa estratégia busca países em que as restrições excluam

concorrentes globais por meio de uma exigência de uma grande participação local no produto,

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tarifas altas, impostos altos de importação etc. (Ex.: a Lei de Proteção de Informática no

Brasil na década de 80). A empresa elabora a sua estratégia para lidar efetivamente com os

mercados nacionais particulares que têm essas restrições, colocando extrema atenção no

governo anfitrião de modo a assegurar a vigência da proteção.

Em algumas empresas globais, as estratégias de enfoque nacional ou de busca de um

nicho protegido não são possíveis, pois não existem obstáculos à concorrência global,

enquanto em outras essas estratégias podem ser defendidas contra concorrentes globais.

O entendimento do modelo dominante de Escola de Estratégia proposta por

Mintzberg, Ashlstrand e Lampel (2000) e da Formulação Estratégica de Porter (2004)

permitem a interpretação do modelo adotado na globalização do Centro de Tecnologia de

Refrigeração com a Whirlpool no período de 1997-2006, assunto alvo deste estudo.

2.3 ADAPTAÇÃO ORGANIZACIONAL ESTRATÉGICA

Hrebiniak e Joyce (1985) salientam que a adaptação organizacional estratégica

compreende as mudanças concretizadas pelas organizações com a finalidade de articular suas

capacidades com as contingências ambientais, mediante comportamento pró-ativo ou reativo,

em face de variáveis exógenas, ou seja, variáveis do ambiente externo em que atua. Constitui

um dos grandes desafios que se apresenta aos administradores modernos, pois seu papel

influencia a estrutura organizacional e a própria estratégia adotada.

Ressalta-se que não há unicidade entre os estudiosos sobre a articulação entre a

organização e o ambiente organizacional. Para uns, o ambiente exerce uma força

determinística sobre a organização (posição determinista). Já outros consideram que a

organização pode sofrer adaptações por meio das escolhas feitas pelos administradores

(posição voluntarista). Estes podem influenciar o ambiente onde operam. Entre as abordagens

acerca dessa articulação serão focalizados aqui os seguintes modelos: a ecologia das

populações, a institucional, a abordagem da dependência de recursos, o modelo racional de

contingências e a abordagem da escolha estratégica. Tratar-se-á, primeiramente, da posição

teórica de Hrebiniak e Joyce e depois das perspectivas antes mencionadas.

A escolha estratégica (voluntarismo) e o determinismo ambiental são variáveis

independentes, afirmam Hrebiniak e Joyce (1985), ao contrário de muitas abordagens que as

consideram excludentes. Os autores desenvolveram uma tipologia de adaptação

organizacional, com a qual facilitaram o estudo das interações entre as duas variáveis,

voluntarismo e determinismo, no processo de adaptação. As interações entre essas variáveis

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possibilitam quatro tipos principais de adaptação estratégica: Seleção natural; Diferenciação;

Escolha estratégica e Escolha indiferenciada.

1) Seleção natural, baixa escolha estratégica e alto determinismo ambiental;

2) Diferenciação, alta escolha organizacional e alto determinismo ambiental e

adaptação com restrições;

3) Escolha estratégica, máxima escolha e adaptação pelo design;

4) Escolha indiferenciada, como uma escolha incremental e adaptação por

chance.

Segundo Hrebiniak e Joyce (Op.cit.), esses tipos influenciam o número e as formas das

opções estratégicas das organizações, a ênfase decisória nos meios e fins, o comportamento

político, os conflitos e a busca de atividade da organização em seu ambiente.

Esses autores asseguram que essa abordagem segue a lógica da teoria de sistema

aberto das organizações, segundo a qual esse sistema tende a um estado de equilíbrio

dinâmico com ambiente por meio do intercâmbio contínuo de materiais, dados e energia.

Tanto o sistema quanto o seu ambiente podem afetar esse processo de intercâmbio e

transformação, sugerindo suas independências e a importância de seus efeitos interativos. A

escolha, portanto, pode ser separada do determinismo ambiental de uma maneira lógica, como

se fosse uma característica definidora e necessária da organização como sistema aberto. Essas

questões levam em conta que a escolha é tanto a causa quanto uma conseqüência das

influências ambientais, uma vez que causa e conseqüências interagem e entram em conflito

para resultar em adaptações organizacionais observáveis (HREBINIAK; JOYCE, 1985).

Os autores ainda admitem uma integração das teorias sobre a organização com a da

administração e da economia, embora nelas haja uma visão do processo de adaptação das

organizações em que ora focaliza a predominância da escolha estratégica, ora o determinismo

ambiental na adaptação estratégica.

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56

Com o objetivo de demonstrar e examinar as duas variáveis em interação, a escolha

estratégica e o determinismo ambiental, os autores construíram a figura 13 que representa a

capacidade da relação das escolhas estratégicas e o grau de determinismo ambiental na

adaptação organizacional.

ALTA

Figura 13 - Relação entre a escolha estratégica e determinismo ambiental na adaptação estratégica. Fonte: Hrebiniak e Joyce (1985)

Esses dados representam, em sua ordem:

a) Quadrante I – Seleção natural – mostra basicamente as condições ou suposições

nas quais se baseiam a ecologia da população, bem como a abordagem de seleção natural da

adaptação: baixa escolha estratégica e alto determinismo ambiental. Argumenta-se que as

organizações exercem virtualmente nenhum controle sobre os fatores exógenos. Esse

quadrante inclui as organizações pequenas ou grandes que trabalham sob condições rotuladas

de perfeitamente competitivas, e também as organizações em nichos imperfeitamente

competitivos. Ou seja, os preços são ditados pelo mercado no qual a demanda é perfeitamente

elástica, e a diferenciação de produtos para o comando de preços altos e excesso de lucros é

difícil, se não for impossível.

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57

b) Quadrante II – Diferenciação – tanto a escolha estratégica quanto o determinismo

ambiental são altos, definindo um contexto turbulento para a adaptação. Sob essas condições,

existem certos fatores exógenos que afetam a tomada de decisão, mas, apesar disso, a

organização exerce a escolha independente da natureza poderosa das forças e restrições

externas, podendo desenvolver várias opções estratégicas.

c) Quadrante III – Escolha estratégica – As ações gerenciais exercem o domínio nas

organizações, que são marcadas por uma alta escolha estratégica e baixo determinismo

ambiental. As dependências dos recursos não são muito problemáticas, e quando o poder é

visto como o oposto da dependência, as organizações exercem uma influência sobre as outras

em seu ambiente operacional. As inovações organizacionais e o comportamento pró-ativo são

mais fáceis em face das condições que favorecem o determinismo e a escolha estratégica.

d) Quadrante IV – Escolha indiferenciada – Caracteriza-se por baixa escolha

estratégica e baixo determinismo ambiental. As organizações tendem a não fazer escolha

estratégica, apesar das poucas restrições externas. Nessa visão, a tarefa da organização é

desenvolver as capacidades e competências distintas necessárias para obter as vantagens,

buscando movimentos em outro domínio.

Hrebiniak e Joyce (1985), com o exposto na Figura 12, sugerem que o processo da

adaptação é dinâmico. Indicam que: (1) o controle sobre recursos escassos é fundamental para

as relações entre escolha e determinismo e (2) a escolha estratégica é possível em todos os

quadrantes, embora a natureza qualitativa e o impacto do processo de decisão certamente

variem de acordo com o contexto organização ambiente. As partes ou os subsistemas de toda

a organização podem ser colocados em quadrantes diferentes, com efeito líquido de que a

escolha estratégica e os fatores ambientais determinam a colocação de toda a organização ou

sistema do qual o subsistema faz parte.

Os tipos de escolhas organizacionais variam ao longo dos diferentes quadrantes da

tipologia, lembram Hrebiniak e Joyce (1985). A escolha mínima é encontrada no Quadrante I,

a escolha máxima no Quadrante III. A introdução da escolha diferenciada é apresentada no

Quadrante II e no Quadrante IV a escolha é incremental.

A conclusão desse estudo é que a interdependência e a interação entre a escolha

estratégica e o determinismo ambiental definem a adaptação organizacional. O estudo conclui,

ainda, que a adaptação organizacional é um processo dinâmico resultante da força relativa e

do tipo de poder ou dependência entre a organização e o ambiente. Tanto a escolha estratégica

quanto o determinismo ambiental oferecem impulsos para a mudança, cada um é a causa e a

conseqüência do outro no processo de adaptação (HREBINIAK, JOYCE, 1985).

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58

2.3.1 Escolha da estratégia

Miles e Snow (1978) enfatizam o papel da aprendizagem e da escolha no processo de

adaptação organizacional estratégica, ressaltando que as organizações complexas possuem a

habilidade não só de alterar suas estruturas para se adaptar às contingências impostas pelo

ambiente, mas também, de exercer uma influência considerável nos ambientes em que elas

operam.

Para os autores a qualidade da liderança executiva é de grande importância, para que

uma organização trabalhe eficazmente com as incertezas, supere os obstáculos e tenha acesso

a domínios mais abundantes de recursos e oportunidades. Assim sendo, os detentores do

poder dentro da organização, chamados de coalizão dominante, desempenham um papel

fundamental no processo das escolhas estratégicas, papel que envolve uma grande

responsabilidade: a identificação de alinhamentos satisfatórios e viáveis entre os riscos e

oportunidades ambientais e das capacidades e recursos organizacionais disponíveis para o

alcance e manutenção desses alinhamentos.

Child (1972) afirma que para exercer essa responsabilidade de forma efetiva, os

administradores possuem três opções de escolhas estratégicas: opções estratégicas, opções

estruturais e opções de atuação.

As opções estratégicas referem-se à escolha dos domínios ou segmentos de domínio

nos quais a organização pretende atuar. Essa flexibilidade de escolha do domínio variará de

acordo com a situação, mas o fator mais importante a ser considerado pelos administradores é

a compreensão de que as estratégias devem ser desenvolvidas para criar novos ambientes para

a organização ou para se desfazer daqueles que se tornaram desnecessários ou para segmentar

o ambiente, a fim de adequar suas partes mais relevantes às competências e recursos da

organização. As opções estruturais são importantes para que a organização faça ajustes

estruturais que enfatizem as capacidades internas e reforcem o processo de mobilização e

motivação ou os recursos organizacionais.

Miles e Snow (1978) enfatizam cinco características importantes para essa abordagem:

a) coalizão dominante - a organização possui um grupo de tomadores de decisões

cujas ações afetam todo o sistema organizacional;

b) percepções - as respostas da organização são baseadas, principalmente, nas

percepções dos membros da coalizão dominante;

c) segmentação - a coalizão dominante segmenta o ambiente, atribuindo seus

componentes às várias subunidades organizacionais;

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d) monitoramento de atividades - a coalizão dominante mantém uma vigilância

sobre os elementos ambientais considerados mais críticos para a organização; e

e) restrições dinâmicas - as decisões da coalizão dominante são limitadas pelas

estratégias passadas e atuais, pela estrutura e pelo desempenho.

2.3.2 Modelo de Miles e Snow

Miles e Snow (1978) apresentam duas formas para melhor compreensão do processo

de adaptação organizacional estratégica: o ciclo adaptativo e uma tipologia que contemple os

diversos tipos de comportamentos adaptativos adotado pelas organizações.

No ciclo adaptativo ocorre um modelamento do processo de adaptação estratégica que

descreve as decisões necessárias à manutenção de um alinhamento eficaz da organização com

o seu ambiente. Este ciclo foi elaborado para a compreensão do processo pelo qual as

organizações se adaptam continuamente aos seus ambientes e objetiva apresentar a natureza e

a interrelação dos problemas-chave que as organizações devem resolver, a fim de se

posicionar com sucesso em seu ambiente. Nesse processo de mudança e adaptação, as

organizações devem solucionar três problemas básicos: o empreendedor, o de engenharia e o

administrativo.

O problema empreendedor refere-se ao desenvolvimento de inovações, visa definir o

domínio produto-mercado e fortalecer a posição competitiva da organização. O problema de

engenharia envolve a escolha dos mecanismos para a implementação das respostas ao

problema empreendedor. Ele envolve a seleção da tecnologia apropriada para a produção e

distribuição dos produtos ou serviços definidos e para a formação de novos elos de

informação e comunicação, ou modificação dos existentes, a fim de assegurar a utilização

adequada da tecnologia.

O problema administrativo envolve a formulação e a institucionalização das soluções

referentes aos dois problemas anteriores, além de posicionar a organização quanto à adaptação

contínua aos desafios posteriores. Cabe ressaltar que o processo de adaptação ocorre

freqüentemente pela seqüência empreendedor, engenharia e administrativo, porém o ciclo

poderá iniciar-se em qualquer um desses pontos.

O foco do processo de adaptação organizacional estratégica encontra-se na eficácia

organizacional, que é alcançada pelas percepções e decisões da coalizão dominante,

relacionada com a maneira pela qual a organização enfrentará as condições ambientais. Cada

organização formará o seu próprio padrão de decisão.

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60

Com base no estudo de diversas empresas, Miles e Snow (1978) identificaram quatro

tipos de organizações com características distintas em relação às estratégias adotadas para

lidar com o ambiente: defensivo, prospector, analista e reativo.

A organização defensiva possui foco muito estreito. É altamente especializada e reluta

e procurar novas oportunidades ou atuar em situações diferentes daquelas a que está

acostumada. Por causa do foco estreito, esse tipo de organização raramente modifica sua

tecnologia, estrutura ou sistemas operacionais. Os administradores da cúpula enfatizam a

melhoria da eficiência das operações vigentes.

A prospectora é a característica das organizações que continuamente procuram novas

oportunidades no mercado e fazem tentativas para lidar com as ameaças emergentes. São

organizações criadoras de exemplos, incertezas e desafios para as demais, especialmente para

seus competidores, contudo, devido a seu foco nas inovações no produto e no mercado, essas

organizações tendem a ser ineficientes.

O comportamento analítico é característico das organizações que atuam em dois

mercados: um relativamente estável e outro em processo de mudança. No mercado estável,

essas organizações atuam de maneira rotineira, utilizando processos e estruturas consolidadas.

Nos mercados em mudança, essas organizações procuram acompanhar e adotar as inovações

mais promissoras, introduzidas pela concorrência.

As organizações reativas atuam em ambientes turbulentos e em constante mudança,

mas a alta administração é incapaz de elaborar respostas eficazes. A menos que forçadas pelas

pressões ambientais, essas empresas freqüentemente ficam como estão, sem fazer qualquer

ajuste em sua estratégia ou estrutura.

O referencial teórico sobre adaptação estratégica segundo o modelo Dominante de

Estratégia para Miles e Snow (1978) e a Adaptação Estratégica segundo Hrebiniak e Joyce

(1985) propõe-se a compreender qual foi o modelo adotado pelo Centro de Tecnologia de

Refrigeração da Whirlpool quando da globalização com a Whirlpool.

2.4 GLOBALIZAÇÃO

Held e McGrew (2001, p. 11) enunciam

[...] que não existe uma definição única e aceita para a globalização. Como acontece com todos os conceitos nucleares das ciências sociais, seu sentido exato é contestável. A globalização tem sido diversamente concebida como ação à distância (quando os atos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências significativas para "terceiros distantes"); [...].

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61

Existem fatores pro e outros contra a Globalização. Nesse sentido, Ohmae (1990) e

Perlmutter (1994) salientam que entre os globalistas de orientação neoliberal, a globalização

econômica contemporânea é vista como encarnando a criação de um único mercado global,

que, mediante a operação de livre comércio, a mobilidade de capital e a competição global, é

o arauto da modernização e do desenvolvimento.

Para os céticos, especialmente os de inclinação marxista tradicional, a perspectiva de

um New Deal Global é decididamente utópica. Mesmo reconhecendo que o capitalismo

contemporâneo está criando um mundo mais dividido e desregrado, é pura ingenuidade

política, diriam muitos, presumir que os Estados, as empresas e as forças sociais que mais se

beneficiam da atual ordem mundial, tendam, em algum momento, a consentir em sua reforma

efetiva, e muito menos em sua transformação, como salientam Callinicos et al. (1994) e

Burbach et al. (1997) apud Held e McGrew (2001).

Segundo essa análise, o centro e a periferia - o Primeiro Mundo e o Terceiro Mundo

continuam a ser, sem sombra de dúvida, um aspecto fundamental da ordem vigente. Em vez

de o capital internacional criar um só mundo, ele tem sido acompanhado pelo aprofundamento

da desigualdade global, através da marginalização da maioria das economias do Terceiro

Mundo, à medida que se intensificam os fluxos de comércio e investimento entre as

economias ocidentais desenvolvidas, com exclusão de grande parte do resto do planeta. Em

vez de uma nova divisão global do trabalho, a análise radical aponta para um aprofundamento

da fratura norte-sul (BURBACH et al. 1997, apud HELD e MCGREW, 2001).

Friedman (2005, p. 97) escreve que

a partir de 1990 - a plataforma para o achatamento do mundo já começa a emergir. Primeiro, a queda dos muros, a abertura da janela (o nascimento do Windows-Microsoft), a digitação do conteúdo e da difusão da navegação na internet geraram um grau inaudito de conexão irrestrita entre as pessoas. Depois os softwares de fluxo de trabalho geraram um grau inaudito de conexão irrestrita entre aplicativos, permitindo aos usuários manipularem todo o seu conteúdo digitalizado, por meio de computadores e da internet.

Esse alto grau de comunicação interpessoal com todos os novos programas de fluxo de

trabalho e aplicativos da web resultou na criação de uma plataforma global totalmente nova

para as mais variadas formas de colaboração. Alguns autores definem este momento como

genesíaco da integração do mundo (FRIEDMAN, 2005).

A partir da década de 1990 é que as pessoas começaram a perceber que algo estava

mudando em torno delas, ou seja, de uma hora para outra, mais e mais pessoas de mais

lugares diferentes, se deram conta que podiam colaborar mais, participar mais nos mais

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variados trabalhos e compartilhar os mais variados tipos de conhecimento, criando uma escala

de conectividade sem precedentes.

Foi a criação desta plataforma, com todas as suas peculiaridades, que constituiu a

inovação crucial e verdadeiramente sustentável que veio a possibilitar este "achatamento" do

mundo, conclui Graig Mundie (da Microsoft) apud Friedman (2005).

Friedman (2005) descreve a globalização através de três eras. Segundo esse autor, a

globalização teve seu início quando Cristóvão Colombo embarcou, inaugurando o comércio

entre o Velho e o Novo Mundo - até por volta de 1800. Essa etapa é denominada pelo autor de

globalização 1.0, que reduziu o tamanho do mundo de grande para médio e envolveu

basicamente países e músculos. A força dinâmica por trás do processo de integração global,

era a potência muscular (a quantidade de força física, a quantidade de cavalos-vapor, a

quantidade de vento, ou mais tarde a quantidade de vapor. Nesse período, os governos (em

geral motivados pela religião, pelo imperialismo ou por uma combinação de ambos) abriram o

caminho derrubando muros e interligando o mundo, promovendo a integração global. As

questões básicas da globalização 1 eram: como o meu país se insere na concorrência e nas

oportunidades globais? Como posso me globalizar e colaborar com outras pessoas, por

intermédio de meu país?

A segunda era, denominada por Friedman (2005) de globalização 2.0, durou mais ou

menos de 1800 a 2000 (sendo interrompida apenas pela Grande Depressão e pelas Primeira e

Segunda Guerras Mundiais) e diminuiu o mundo do tamanho médio para pequeno. O

principal agente da mudança, a força dinâmica que moveu a integração global, foram as

empresas multinacionais, que se expandiram em busca de mercados e mão-de-obra -

movimento encabeçado pelas sociedades por ações inglesas e holandesas e a Revolução

Industrial. Na primeira metade dessa era, a integração global foi alimentada pelas quedas de

custos de transporte (graças ao motor a vapor e ferrovias) e, na segunda, pela queda dos

custos de comunicação (em decorrência da difusão do telégrafo, da telefonia, dos PC's, dos

satélites, dos cabos de fibra ótica e da World Windows Web e sua versão inicial). Nesse

período iniciou-se o nascimento e a maturação da economia global propriamente dita, no

sentido que havia uma movimentação de bens e informações entre os continentes em volume

suficiente para a constituição de um mercado de fato global, com a venda e revenda de

produtos e mão-de-obra em escala mundial. As forças dinâmicas por trás dessa etapa de

globalização foram as inovações de hardware (dos barcos a vapor a ferrovias, no princípio,

aos telefones e mainframes, mais para o final), e as grandes indagações eram: como a minha

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63

empresa se insere na economia global? Como se tira proveito das oportunidades? Como posso

me globalizar e colaborar com outras pessoas, por intermédio da minha empresa?

Foi nesse período que ruíram os muros em todo o mundo e a integração (e a resistência

a ela) atingiu um nível sem precedentes. Por mais muros que fossem derrubados, todavia,

continuava havendo inúmeras barreiras a uma integração global homogênea.

Finalmente, Friedman (2005) defende, de que por volta do ano 2000 adentrou-se em

uma nova era: a Globalização 3.0, que não só está encolhendo o tamanho do mundo de

pequeno para minúsculo como também, ao mesmo tempo, aplainando o terreno. Enquanto a

força dinâmica da Globalização 1.0 foi a globalização dos países e a Globalização 2.0, a das

empresas, na 3.0 a força dinâmica vigente (aquilo que lhe confere caráter único) é a recém

descoberta capacidade dos indivíduos de colaborarem e concorrerem no âmbito mundial – e

alavanca que vem permitindo que indivíduo e grupos se globalizarem com tamanha facilidade

e de maneira tão uniforme é não o cavalo-vapor nem o hardware, mas o software (novos

aplicativos de todos os gêneros), conjugado à criação de uma rede de fibra ótica em escala

planetária que nos converteu, a todos, vizinhos de porta.

Agora os indivíduos questionam como podem inserir-se na concorrência global e nas

oportunidades que surgem a cada dia, e como podem, por sua conta, colaborar com outras

pessoas, em âmbito global?

A diferença na globalização 3.0 é que as duas anteriores foram encabeçadas

basicamente por europeus e americanos, pessoas e empresas. A tendência, todavia, é que este

fenômeno se inverta: em virtude do achatamento e encolhimento do mundo, esta fase 3.0 será

cada vez mais movida não só por indivíduos, mas também por grupos mais diversificados de

não ocidentais e não brancos. Pessoas de todos os cantos estão adquirindo poder; a

Globalização 3.0 possibilita a um número cada vez maior de pessoas se conectarem num

piscar de olhos, e veremos todas as facetas da diversidade humana entrando na roda.

2.4.1 Globalização: debate de globalistas e céticos

Held e McGrew (2001) elaboraram o quadro 4 a seguir onde está exposto o debate de

algumas das questões mais fundamentais da época atual envolvendo a posição entre céticos e

dos globalistas. O debate em questão coloca frente a frente o posicionamento forte dos céticos

ou conservadores e o lado pró-ativo da globalização segundo a perspectiva dos globalistas.

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64

O Grande Debate sobre a Globalização

Céticos Globalistas

1) Conceito Internacionalização, Um só mundo, moldado

não globalização por fluxos, movimentos e

Regionalização redes sumamente extensos,

Intensivos e rápidos através

das regiões e continentes

2) Poder Predomina o Estado Desgaste da soberania,

nacional da autonomia e da

Intergovernamentalismo legitimidade do Estado

Declínio do Estado nação

Aumento do multilateralismo

3) Cultura Ressurgimento do Surgimento da cultura

nacionalismo e da popular global

identidade nacional desgaste das identidades

políticas fixas. Hibridização.

4) Economia Desenvolvimento de Capitalismo global

blocos regionais informacional

Triadização Economia transnacional

Novo imperialismo Nova divisão global do Trabalho

5) Desigualdade Defasagem crescente Desigualdade crescente

entre o norte e o sul nas e entre as sociedades

Conflitos de interesse desgaste das antigas

irreconciliáveis hierarquias

6) Ordem Sociedade internacional Gestão global em camadas

de Estados múltiplas Persiste inevitavelmente Sociedade civil global

O conflito entre Organização político global

Os Estados Cosmopolitismo

Gestão Internacional

e geopolítica

Comunitarismo

Quadro 4 - Resumo: o grande debate sobre a globalização. Fonte: Held & McGrew (2001, p. 92)

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65

Esse debate suscita questões profundas de interpretação. É freqüente haver uma

diferença marcante entre os tipos de provas oferecidas pelos dois lados. Os céticos dão ênfase

primordial na organização da produção e do comércio, ao passo que os globalistas

concentram-se na desregulamentação financeira e no crescimento explosivo dos mercados

financeiros globais nos últimos 25 anos. Os céticos enfatizam a primazia contínua dos

interesses nacionais e as tradições culturais das comunidades nacionais que sustentam sua

identidade distinta, enquanto os globalistas apontam para a importância crescente dos

problemas políticos globais - como a poluição mundial, o aquecimento global e as crises

financeiras - que criam um sentimento crescente do destino comum da humanidade. A

resposta ponderada ao debate teria que pesar todas essa considerações para se chegar a uma

visão bem fundamentada.

De acordo com Held e McGrew (2001) é importante notar que o debate possui áreas

de consenso em alguns campos tais quais:

1) Houve um certo aumento, nas últimas décadas, da interligação econômica nas e

entre as regiões, ainda que com conseqüências multifacetadas e desiguais nas

diferentes comunidades;

2) A competição estabelecida nos campos da política, cultura e economia

interregional e global desafia as velhas hierarquias e gera novas desigualdades

de poder, conhecimento e riqueza;

3) Os problemas transnacionais e fronteiriços, como disseminação de alimentos

geneticamente modificados e a lavagem de dinheiro, têm ganhado destaque

cada vez maior, questionando o papel, as funções e as instituições de

responsabilidade tradicionais dos governos nacionais;

4) Houve uma expansão da gestão internacional nos planos regional e global, com

o aparecimento de questões normativas acerca do tipo de ordem mundial que

está sendo constituído e dos interesses a que ele serve;

5) Todos estes fenômenos exigem novas maneiras de agir e pensar sobre política,

economia e mudanças culturais. Obviamente gerando uma demanda nova para

legisladores sobre futuras possibilidades e formas de regulamentação política

eficaz e de responsabilidade democrática.

Esse debate gera a reflexão e leva à conclusão que muito se tem a aprender em ambos

os lados, pois enquanto os céticos têm uma profundidade histórica e significativa, essa mesma

argumentação precisa ser estudada profundamente para que seja possível defender

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adequadamente a posição dos globalistas. Muitas das afirmações empíricas levantadas pelos

argumentos dos céticos, como por exemplo, a importância histórica dos fluxos

contemporâneos de comércio e de investimento direto, exige um exame pormenorizado e

rigoroso. Entretanto, o globalismo, em suas diversas formas, de fato esclarece algumas

transformações importantes que vêm ocorrendo na organização espacial do poder - a natureza

mutável da comunicação, a difusão e a velocidade da mudança tecnológica, a disseminação do

desenvolvimento econômico capitalista etc. -, ainda que sua compreensão dessas questões

exagere, vez por outra, a escala e impacto delas.

No plano político o que está em jogo são as questões referentes aos princípios éticos e

institucionais que podem ou devem instrumentalizar a organização apropriada dos assuntos

humanos e a futura forma de ordem mundial (HELD, MCGREW, 2001).

O referencial teórico sobre a globalização e suas fases visa dar uma compreensão e

embasamento a resposta de como foi a adaptação à globalização do Centro de Tecnologia de

Refrigeração, alvo deste estudo.

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3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Este capítulo busca a definição dos procedimentos metodológicos utilizados na

pesquisa e nele são exploradas a natureza da pesquisa, a caracterização, as técnicas de coletas

e análise de dados.

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

Segundo Pettigrew (1987, p. 181):

A importância da pesquisa para os desenvolvimento de estudos de adaptação organizacional, no momento em que se observa que grande parte das pesquisas geradas são ahistórica e acontextual, por estar apoiada no quadro de referência conhecido por positivismo e estruturalismo.

Neves (1996) assinala que a pesquisa qualitativa mostra-se como uma alternativa

interessante como modalidade de pesquisa para uma investigação científica. Esse tipo de

pesquisa ajuda o pesquisador a firmar os conceitos e objetivos a serem alcançados e sugere

sobre as diferentes variáveis a serem estudadas, com mais profundidade. Os métodos

qualitativos trazem uma grande contribuição ao trabalho de pesquisa, pois apresentam uma

mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para melhor

compreensão dos fenômenos.

Nas pesquisas qualitativas é freqüente que o pesquisador procure entender os

fenômenos segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe

sua interpretação dos fenômenos.

A pesquisa qualitativa é mais utilizada quando se possui pouca informação, em

situações em que o fenômeno deve ser observado ou em que deseja conhecer um processo,

determinado aspecto psicológico complexo, ou um problema complexo, sem muitos dados de

partida. As técnicas qualitativas são aplicadas também quando os problemas de pesquisa

requerem uma abordagem mais flexível.

O ponto de partida de qualquer pesquisa qualitativa é a existência de uma relação

dinâmica entre o sujeito/organização e o mundo real, o que obriga ao pesquisador ser isento

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de preconceitos e adotar uma posição aberta em relação a tudo que é observado. Seu objetivo

é o resgate do processo de aprendizagem na esfera organizacional, assim adota o método

histórico-antropológico, que “captam os aspectos específicos dos dados e acontecimentos no

contexto em que acontecem” (CHIZZOTTI, 1995, p. 104).

3.2 FORMA DE ABORDAGEM DA PESQUISA

Em função da forma de abordagem, este trabalho se caracteriza como pesquisa

qualitativa, que segundo Silva e Menezes (2002), baseia-se em descrições detalhadas de

situações sem que o investigador se preocupe muito em seguir regras precisas e

procedimentos rigorosos, não requer o uso de técnicas e métodos estatísticos e possui caráter

descritivo.

Godoy (1995) recomenda que o investigador, em uma pesquisa qualitativa, deva

considerar o ambiente como fonte direta dos dados e ele próprio como instrumento-chave;

focar o processo e não o resultado ou o produto; analisar os dados de forma intuitiva e

indutivamente; ter como preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de

resultados.

Segundo Silva e Menezes (2002, p. 88), “os pesquisadores qualitativistas dão grande

valor à validade do trabalho realizado e à fidelidade dos dados, sendo a sua sensibilidade,

experiência e conhecimento fundamentais para essa garantia”.

Nascimento (2002) afirma que a pesquisa qualitativa apresenta dois momentos

distintos:

O primeiro momento constitui a fase exploratória na qual o pesquisador e o

pesquisado discutem sobre o objeto de estudo, pressupostos, teorias e metodologia. No que se

refere a esta pesquisa, esse primeiro momento é caracterizado pela pesquisa bibliográfica,

pesquisa documental e delimitação do objeto de pesquisa.

Já o segundo momento é o trabalho de campo propriamente dito e quando ocorrem as

entrevistas, observações e levantamentos. Neste trabalho utilizaram-se a pesquisa e estudo de

caso.

3.3 QUESTÕES DE PESQUISA

Segundo Triviños (1992) os estudos classificados como sendo pesquisa qualitativa

devem conter questões ou perguntas que permitam ao pesquisador esclarecer seu problema.

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69

Os trabalhos de Pettigrew (1987) têm, ao longo do tempo, se constituído numa boa

referência para pesquisa qualitativa a respeito de mudança estratégica. Esses trabalhos

apresentam um modelo de estudo do processo de mudança que envolve a interação contínua

entre três elementos da mudança, apresentados na figura a seguir, aliado à capacidade de

interpretar a relação entre estes elementos. São os elementos da mudança (PETTIGREW,

1987 apud SERRALHEIRO, 2004):

a) O conteúdo da mudança (“o quê”): refere-se à área particular de contorno

envolvendo a transformação em estudo. Ele pode ser classificado de acordo com

características abstratas que podem induzir a mudança. Por exemplo, algumas mudanças são

radicais, outras incrementais, algumas tecnológicas e outras centradas em mudanças

estruturais da organização;

b) O contexto da mudança (“o por quê”): é classificada em contexto interno e externo.

O contexto externo refere-se ao contexto econômico, político e social no ambiente em que a

organização vive; assim como à percepção, à ação e à interpretação das políticas e eventos;

aos movimentos sociais e processos de profissionalização de longo prazo. O contexto interno

refere-se à estratégia, estrutura, cultura, rede de forças, e processo político atuais da

organização que moldem a mudança;

c) O processo da mudança (“o como”): são as ações, reações e interações das várias

partes interessadas quando elas procuram mover a organização do seu estado presente para

um estado futuro. É a própria dinâmica da mudança.

Figura 14 - A tríade para o estudo da Mudança Estratégica. Fonte: Barros (2007) adaptada de (Pettigrew 1987 apud Serralheiro 2004)

Ainda segundo Pettigrew (1987) a pesquisa sobre mudança estratégica é realizada de

maneira correta quando o pesquisador desenvolve a interação contínua entre idéias sobre a

mudança, sob ótica dessa tríade (contexto da mudança, processo da mudança e conteúdo da

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mudança), observando sempre a conjunção e interação entre estes elementos. Com base nessa

ótica, foram definidas as seguintes questões básicas para esta pesquisa:

1) Como foi a história estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da

Multibras S. A. Eletrodomésticos durante toda a sua existência, entre os anos

de 1991 e 2006?

2) Quais foram as mudanças estratégicas ocorridas no Centro de Tecnologia de

Refrigeração da Empresa Multibras S. A. Eletrodomésticos durante os períodos

de:

- CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991-1994)

- Durante a existência da Multibras (1994-1997)

- E, finalmente, com a globalização com a Whirlpool (1997-2006)

3) Qual foi o impacto gerado em colaboradores do Centro de Tecnologia de

Refrigeração ainda em atividade, que se aposentaram no período, e ainda em

alguns outros que deixaram a organização naquele período (1997 - 2006).

4) Qual foi a estratégia adotada pelo centro de Tecnologia de Refrigeração da

Empresa Multibras S. A. Eletrodomésticos em cada evento presente nesse

contexto?

A primeira questão pretende descrever um continuum histórico na qual a pesquisa é

baseada. A segunda pergunta pretende identificar as mudanças ocorridas durante o período,

alocando cada evento nesse continuum de tempo, mas sem entrar a fundo no tema foco da

dissertação. A terceira pergunta atende mais detidamente o foco da pesquisa de dissertação,

quando se analisa e se compreende, através de pesquisa aplicada, como alguns colaboradores

em atividade, aposentados e que deixaram a organização no período, avaliaram a

globalização. A quarta pergunta visa entender qual foi a estratégia adotada em cada um dos

eventos citados. A resposta a essas perguntas é de suma importância para que se possa

analisar o processo de adaptação estratégica ocorrido no Centro de Tecnologia de

Refrigeração quando da globalização com o CTO (Corporate Technology Officer) da

Whirlpool Corporation.

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4 AMBIENTE GERAL E ESPECÍFICO

Este capítulo mostra histórico cronológico das empresas Consul, Brastemp, Multibras

e Whirlpool, assim como relata o histórico do Centro de Tecnologia de Refrigeração,

iniciando-se por sua criação em 1991 e focando-se no período de 1997-2006 onde se dá a

globalização, que é o objetivo principal do tema de pesquisa.

O capítulo mostra também uma visão cronológica do mercado de linha branca e

finaliza com um quadro-resumo mostrando as estratégias dominantes identificadas e

adaptação estratégica escolhida, através da pesquisa qualitativa aplicada e referencial teórico

desenvolvido.

4.1 A ORGANIZAÇÃO PESQUISADA

CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA AMÉRICA LATINA (CTR)

Figura 15 - Organização Estrutural do Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR) da Região da América Latina. Fonte: Organograma CTR (2007).

MARCOS V.DE BARROSGerente Geral

Plannejamnento e Controle

Plataformas & Sub-sistemas

Serviços

CAD-CAM-PDM Protótipos

Gerente Plataforma Multidoor/Maestro

C I T - LAR

Secretária

MBB / OpEx

Gerente TécnicoCooling

GerenteReduçao de Custos

Desenv.e Avaliação

Inovação

Gerente Laborat. Desenv. e Aval.Produtos

Gerente PlataformaMonodoor / Freezer

e Winner

S.S. Controles S.S. RefrigeraçãoS.S.Estrut.Mecânicas S.S. Ice & Water

Aprov.Prod. GerenteEng.Transreg.

Gerente SS Materiais

S.S. Controles Global

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A organização pesquisada é o Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR)

pertencente à Multibras S. A. Eletrodomésticos. A Multibras S. A. Eletrodomésticos

(doravante somente será denominada Multibras) nasceu em 1994, através do processo de

Visão Brasmotor, o qual definiu a formação de uma cultura única partindo da fusão das

empresas do Grupo Brasmotor, a Brastemp, a Consul, a Semer e a Sabrico.

A Whirlpool Corporation com sede em Benton Harbour, Michigan, parceira da

Brasmotor desde 1958, adquiriu o controle acionário da Brasmotor e Multibras em 1997.

O Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR) globalizou-se em 1997, após a

incorporação da Multibras pela Whirlpool Corporation, formando a Whirlpool do Brasil. O

CTR é responsável primeiramente pelo desenvolvimento de projetos de refrigeradores e

freezers para a América Latina. O CTR também desenvolve projetos de refrigeradores duas

portas e uma porta para a América do Norte, Europa, Ásia e Oceania.

A Whirlpool do Brasil produz e comercializa os produtos da chamada linha branca, os

refrigeradores, freezers, ar condicionados, fogões, lavadoras de roupa, secadoras de roupa,

microondas e portáteis.

4.2 PERÍODO DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DO CTR DA

MULTIBRAS DE 1997 A 2006

A determinação do período estratégico que a organização passou de 1997 a 2006, teve

como base as pesquisas em documentos, informativos, aplicação de questionários a

colaboradores na ativa e colaboradores que deixaram a organização. A partir de uma

perspectiva histórico-interpretativa, o processo de adaptação estratégica do CTR da Multibras,

entre 1997 e 2006, serão analisados os eventos críticos que representaram relevância e

influência decisiva no processo de adaptação estratégica da organização. Após o detalhamento

desse período caberá sua análise com base nos argumentos teóricos discutidos pela literatura

especializada, a fim de identificar os enfoques comparados a fundamentação teórica.

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4.3 TRÊS HISTÓRIAS

4.3.1 A história da Consul

No período pós-guerra, no início da década de 40, na pequena Brusque, no Vale do

Itajaí (SC), onde imigrantes alemães haviam implantado uma próspera indústria têxtil,

empresários sofriam pela falta de insumos básicos, como agulhas, guias para fios e demais

acessórios para fiação e tecelagem. A dificuldade transformava-se, porém, em oportunidade

para habilidosos artesãos que, utilizando-se das matérias-primas disponíveis, dedicavam-se a

produzir as pequenas peças tão essenciais à indústria local. A “Oficina Tiradentes” era um

desses pequenos empreendimentos tornados vitais à economia, diante das dificuldades da

guerra. À frente dos negócios estava Rudolfo Stutzer, ex-motorista e amigo do cônsul Carlos

Renaux, que havia financiado o pequeno negócio de Stutzer e, por isso, os anzóis, as agulhas

e guias, as correntes e aros de bicicleta, as biqueiras de sapato, os talheres e todos os demais

produtos da oficina levavam a marca “Consul”.

Posteriormente, Stutzer entrou em contato com Wittich Freitag, comerciante em

Joinville, que se associaram e em 15 de julho de 1950, foi fundada a Indústria de Refrigeração

Consul S.A., com capital de cerca de 80 acionistas. De um pequeno galpão de 680 m² saíram

os primeiros refrigeradores da nova empresa. No primeiro ano de produção, de julho a

dezembro, foram fabricadas 22 unidades por absorção, entre os modelos que funcionavam a

querosene e os elétricos. No segundo, 230. Em 1955, quando a empresa atingiu o pico de três

mil unidades, novas máquinas e equipamentos mais modernos foram instalados em prédios

recém-construídos no terreno do velho galpão, que, aos poucos, ia ganhando ares de indústria

de grande porte. No ano seguinte foram lançados os primeiros modelos elétricos por

compressão.

Em 1959, a Consul fez a primeira venda para o exterior, com destino ao Paraguai. A

entrada na década de 60 deu-se com produção de 30 mil geladeiras por ano. Em 1971, a

Consul lançou o primeiro condicionador de ar totalmente produzido no País. Atenta aos

padrões estéticos da época, introduziu sua linha de refrigeradores com cores vibrantes -

vermelho, azul, verde e grafite. Dando sempre atenção especial às inovações das linhas de

refrigeradores e condicionadores de ar, a Consul, gradativamente, ampliou seu catálogo de

produtos, incluindo secadora de roupas, em 1980; fogões, fornos de microondas e lavadoras,

na década de 90. Atualmente, a linha Consul possui além de refrigeradores, freezers

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horizontais e verticais, condicionadores de ar, fogões e lavadoras, lava-louças, depuradores de

ar, centrífuga de roupas, fornos de microondas e ventilador de teto.

Foi a aquisição pelo Grupo Brasmotor, detentor da marca Brastemp, ocorrida em

1976, que abriu caminho para uma diversificação maior da linha de produtos Consul e que lhe

possibilitou um crescimento ainda mais vertiginoso.

4.3.2 A história da Brastemp

Criada em 1945, a Brasmotor iniciou suas atividades importando veículos Chrysler e

Volkswagen prontos para venda e também em partes para serem montados em sua fábrica,

localizada em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo. Com a maior oferta de

energia elétrica que se registrou naquela década, a empresa passou a importar, num segundo

momento, refrigeradores das marcas Norge, Alaska, White Star e Kelvinator.

Em 1954, a Brasmotor optou pela fabricação de geladeiras de marca própria. Foi

quando nasceu o nome Brastemp, resultado da fusão das palavras Brasil e Temperatura.

Desde o início, a empresa estabeleceu uma parceria tecnológica com a americana Whirlpool

Corporation, líder mundial no segmento de linha branca. Em 1960, durante a primeira edição

da UD, a Brastemp lançou seu primeiro fogão.

Ainda na primeira metade dos anos 60, a empresa apareceu com duas novidades: a

primeira geladeira brasileira de duas portas (1964) e a secadora de roupas (1965). A primeira

lava-louças do mercado brasileiro foi lançada em 1977. Um ano mais tarde, foi a vez do

primeiro freezer vertical. Em 1983, rompeu-se uma nova barreira tecnológica com o

lançamento do sistema Frost-Free que impede a formação de gelo no interior dos

refrigeradores. Em 1989, nasceu o conceito de Twin System®, produto que reúne refrigerador

na parte de cima e freezer na parte de baixo - ideal para as cozinhas com pouco espaço. Este

modelo tem as mesmas características do moderno Inverse.

Nos anos 90, a Brastemp introduz o uso do Zyrium® no acabamento de seus produtos

de refrigeração. Esta matéria-prima é um polímero especial mais resistente a impactos que o

aço e que oferece uma vantagem adicional: total resistência à corrosão. Com esta tecnologia, a

Brastemp lançou a linha Clean, de visual mais moderno e limpo, bem como cores mais claras.

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75

4.3.3 A história da Whirlpool Corporation

A história da Whirlpool Corporation teve início em 1911, com a aparição da Upton

Machine Company, no estado de Michigan (EUA), para a produção de máquinas de lavar

roupas. Porém, todas as cem máquinas encomendadas no primeiro pedido apresentaram

defeitos de funcionamento, mas, graças ao empenho do fundador da companhia, o Sr. Louis

Upton, todas foram consertadas a tempo de salvar a empresa.

Em 1916 foi firmada a primeira parceria entre a Upton Machine Company e a Sears

Roebuck and Co. Os resultados foram tão positivos que passados alguns meses a demanda

superou a produção.

A década de 1950 foi marcada pelo crescimento da empresa, impulsionado por

relevantes mudanças. A primeira delas aconteceu no ano de 1950, quando a companhia trocou

seu nome para Whirlpool Corporation. O nome Whirpool foi utilizado pela primeira vez em

1906, pela Horton Manufacturing Company, como marca das suas máquinas de lavar.

Adquirida em 1922 pela Nineteen Hundred Washer Co. tornou-se nome institucional da

empresa em 1950.

Já em 1955, vários produtos como secadoras automáticas, refrigeradores, fogões e

condicionadores de ar foram adicionados à linha de produtos da Whirlpool Corporation. Em

1968 a empresa alcançou pela primeira vez em sua história a marca de 1 bilhão de dólares de

rendimento. Dez anos depois, a sua renda já chegava aos 2 bilhões de dólares.

As décadas de 1980 e 1990 presenciaram a expansão da empresa para o mercado da

Europa, México, Canadá, China, África do Sul, Argentina e Brasil.

4.4 O PROJETO DE VISÃO DE FUTURO DA BRASMOTOR E A FUSÃO DAS

EMPRESAS CONSUL E BRASTEMP CRIANDO A MULTIBRAS S. A.

ELETRODOMÉSTICOS

4.4.1 Projeto Visão de Futuro Brasmotor

O Projeto Visão de Futuro Brasmotor - ou apenas Projeto Visão, foi o resultado da

sistematização das idéias e aprofundamento das experiências anteriores na busca do melhor

modelo corporativo para o grupo. No projeto foram definidos os valores e objetivos - os

fundamentos da nova "cultura do grupo” - e estabeleceu a metodologia e o cronograma para a

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disseminação entre todos os colaboradores. O projeto se iniciou em 1991 e contou com a

participação de uma assessoria especializada, trabalhando intensamente na busca de uma

compreensão mais apurada da realidade complexa do grupo, no diagnóstico da situação das

empresas e, sobretudo, na sensibilização dos participantes quanto aos valores corporativos.

Assim, com o Projeto Visão, acertou-se o passo para o futuro. Por meio de seus

princípios e valores buscou desenvolver uma consciência coletiva dos desafios que a

esperavam num cenário crescente de globalização.

A busca para solidificar sua estrutura corporativa e preparar as bases para de sua

internacionalização é realizado o primeiro objetivo em 1994, a criação da Multibras S. A.

Eletrodomésticos através da fusão das empresas Brastemp, Consul e Semer.

4.4.2 A formação da Multibras S.A. Eletrodomésticos

A união da Brastemp com a Consul (marca adquirida pelo Grupo Brasmotor em 1976)

aconteceu em 1994 e deu origem à Multibras S. A. Eletrodomésticos. Em 2006, após uma

reorganização societária envolvendo a Multibras e a Embraco – líder mundial em

compressores e soluções de refrigeração – as marcas Brastemp e Consul passaram a ser

controladas pela Whirlpool S. A. – Unidade de Eletrodomésticos.

A criação da Multibras e posteriormente da Whirlpool S.A. não mudaram o

compromisso da marca Brastemp em inovar, definir tendências e criar produtos diferenciados

em design e tecnologia.

Atualmente, o portfólio de produtos das marcas Brastemp e Consul são compostos

por: refrigeradores, freezers, fogões, lavadoras de roupa, secadoras, lava-louças, fornos de

microondas, depuradores de ar, desodorizador de roupas e coifas.

4.4.3 A Whirlpool no Brasil

Em 1958, para dar sustentação ao projeto de suspender a montagem de veículos e

incrementar os setores industrial e comercial de eletrodomésticos, a Brasmotor fez um acordo

com a Sears Roebuck Co. e, por intermédio dela, com a Whirlpool Corporation – na época,

uma indústria de eletrodomésticos de atuação concentrada no mercado local norte americano.

Juntas, as empresas formaram a Multibras S. A. Indústrias de Aparelhos Domésticos, com um

capital de Cr$ 60.000.000.00, no qual a Brasmotor detinha 65% de participação e a Whirlpool

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77

e a Sears dividiam em partes iguais os outros 35% (que correspondiam ao maquinário e

equipamentos por eles cedidos à nova empresa).

O tempo fortaleceu os laços, estimulou o intercâmbio e juntou os interesses. Por

intermédio da Multibras, a Whirlpool aumentou sua participação, acionária inclusive, no

Grupo Brasmotor. Além de continuar a oferecer suporte tecnológico, apoiou a expansão do

grupo nos anos de 1970 e 1980, sobretudo por meio da construção da Fábrica II, também em

São Bernardo do Campo, e da incorporação da Consul e da Embraco, em Joinville. Na década

de 1990, apoiou sua expansão internacional com as posições de mercado assumidas na

Argentina, Itália e China.

Em 1997, essa parceria avançou mais um passo quando a Whirlpool anunciou a

compra de ações que a colocaram na posição de acionista majoritária da Brasmotor S.A. A

Whirlpool, que já possuía 33% das ações, com direito a voto, comprou mais 33% pertencentes

ao Grupo Bradesco.

Em janeiro de 2000, em leilão público na Bolsa de Valores de São Paulo, a Whirlpool

adquiriu as ações da Multibras S.A. Eletrodomésticos e da Brasmotor S. A., passando a deter

aproximadamente 95% do capital das duas empresas. O fato foi comunicado ao mercado, por

meio do anúncio em jornais de grande circulação.

Criada em 1º de maio de 2006, a Whirlpool S.A. surgiu a partir da reorganização

societária entre a Multibras S.A. Eletrodomésticos e a Empresa Brasileira de Compressores –

Embraco.

A partir de 2007, a Whirlpool S.A. se tornará também a responsável pelos negócios da

região North America South (NARSO). Com faturamento de mais de R$ 5 bilhões (baseado

no faturamento líquido das duas empresas em 2005) e 18 mil colaboradores, a Whirlpool S.A.

está entre as 50 maiores empresas do Brasil, bem como entre as 35 maiores exportadoras do

país.

A partir da sua Unidade de Eletrodomésticos, a Whirlpool S. A. é a única empresa do

Brasil que fabrica todos os produtos de linha branca – refrigeradores, freezers horizontais e

verticais, fogões, lavadoras de roupa, secadoras, lava-louças, microondas, fornos elétricos,

condicionadores e depuradores de ar e coifas, detendo, com as marcas Brastemp e Consul,

aproximadamente 40% do mercado.

Em 2006, a Whirlpool Corporation adquiriu o controle acionário da Maytag, uma das

principais empresas de eletrodomésticos do mercado norte-americano, tornando-se, dessa

forma, a maior indústria de eletrodomésticos do mundo, com receita de aproximadamente 19

bilhões de dólares, 60 centros de produção e tecnologia e mais de 80 mil colaboradores.

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78

4.5 GLOBALIZAÇÃO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO COM A

WHIRLPOOL EM 1997

4.5.1 História do Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR)

O CTR foi criado em 1992 para atender a demanda de projetos de refrigeradores,

freezers e condicionadores de ar para as empresas Consul e Brastemp. Esse foi o primeiro

passo para a integração das duas empresas, que embora pertencessem ao mesmo grupo

(Brasmotor), competiam em vários segmentos.

Na época, a divisão de engenharia da Consul foi escolhida para sediar o Centro de

Tecnologia de Refrigeração (CTR) em Joinville, o qual tinha como missão desenvolver os

projetos de refrigeradores e freezers e condicionadores de ar para as duas empresas. Esta

divisão criou um momento muito difícil para o novo CTR, pois a antiga engenharia da

Brastemp foi praticamente desmanchada, sendo que o grupo remanescente de São Bernardo

do Campo passou a dirigir o Centro de Tecnologia de Lavanderia e Cocção. Esse período foi

turbulento para o CTR, visto que o primeiro projeto de refrigeradores desenvolvido em

Joinville não tinha o apoio total das divisões da Brastemp. Foi um período de adaptação

gradual de culturas diferentes. Além disso, os processos de desenvolvimento de produtos

estavam ainda em seu início, gerando inúmeros reprocessos nos desenvolvimentos da época.

Os dois primeiros anos (1992-1994) foram de mútuo conhecimento entre as equipes de

manufatura da Brastemp e engenheiros do CTR. Nessa época foi desenvolvido em Joinville, o

primeiro projeto do CTR de um refrigerador 2 portas para ser produzido na fábrica da

Brastemp em São Bernardo do Campo, SP. Esse projeto constituiu a possibilidade de os

engenheiros de Joinville desenvolverem um projeto de um produto a ser fabricado em outra

fabrica, outros processos fabris, outra cultura. A adaptação estratégica de se tornar um

fornecedor de serviços foi difícil, pois a experiência pregressa era de atender a Consul como

um fornecedor interno.

4.5.2 A reorganização estrutural do CTR - Projeto Time-to-Market

Com a criação da Multibras S. A. Eletrodomésticos em 1994, a situação do CTR ficou

mais clara perante a organização e seus engenheiros, visto que com a consolidação de uma

empresa única, as barreiras impostas nos dois anos anteriores, estavam removidas. Porém, o

comportamento que estava sendo aprimorado pelos engenheiros no que se refere ao

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desenvolvimento de uma visão de negociação, flexibilidade, atendimento foi reduzida por não

mais existirem as duas empresas Brastemp e Consul.

A partir de 1996 tornou-se evidente que havia necessidade de tornar o CTR mais

efetivo no tocante ao atendimento dos prazos de demanda do mercado. Nessa época foi

desenvolvido em parceria com a consultoria Andersen Consulting o projeto chamado Time-to-

Market. O objetivo geral do projeto foi implementar a filosofia de entregar projetos em curto

prazo, possibilitando a organização criar diferencial competitivo frente à concorrência. Na

Figura 14 listam-se os principais issues da época, que guiaram o Projeto Time-to-Market.

Figura 16 - Projeto Time-to-Market Fonte: Multibras arquivo

Para atacar os problemas listados foram desenvolvidos grupos de trabalho com vistas a

a desenvolver os 6 objetivos abaixo: (Fonte: Projeto Time to market , 1997)

I - Definir as Core Competencies

II - Desenvolvimento/Disponibilização de Tecnologia - Idea-Shelf

III - Desdobramento da Metodologia de Desenvolvimento de Produtos

(diretrizes de projetos)

IV - Preparação das Pessoas (gestores e participantes)

V - Suporte Tecnológico (Infra-estrutura)

VI - Desverticalização da Ferramentaria

Key Issues

3 Focar nas Core competencies

3Desverticalização da Ferramentaria

3Tecnologia de produto disponível para aplicação em projetos

3Preparação de Gestores eParticipantes de projetos

3Utilizar tecnologia comodiferencial competitivo(infraestrutura)

BUSINESSPROCESSES

TECHNOLOGY

STRATEGY

BUSINESSINTEGRATION

PEOPLE

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I - Definir as Core Competencies

II - Desenvolvimento / Disponibilização de Tecnologia - Idea-Shelf

Situação Atual Proposta

q Dificuldade de focalização nascompetências (sub-sistemas), que podemgerar diferenciais competitivos

3core competences não claramentedefinidas

3dispersão de recursos

q Baixo índice de sucesso de aplicação doEarly Supply Selection/ Involvement

q Definição da “Matriz Futura deCompetências” (subsistemas)

3focalização no business

3tecnologias que gerem diferenciaiscompetitivos

3input para o estabelecimento doroadmap de tecnologias

3alinhamento com a Whirlpool

o Definição da estratégia de implantação doESS/I a partir da matriz acima

3definição / utilização de fornecedoresworld-class / “estratégicos” para astecnologias definidas como “nãocore”

3milestones da implantação

Situação Atual Proposta

q “Novas tecnologias”não totalmentedominadas são desenvolvidas durante afase de CONCEPÇÃO

3não existe um “idea-shelf”

3aumento significativo do time-to-market

q A partir das competências definidas,desenvolver e disponibilizar soluções deprateleira para sub-sistemas (idea-shelf)integrado com o Portfolio Management

3soluções para aplicação em projetos denovos produtos

3detalhar o processo dedesenvolvimento de tecnologia/design,com atenção especial à transferênciade know-how para projetos

3detalhar a estrutura organizacionalresponsável (módulos) / modelo degestão

q O Benchmark técnico de produtos não éuma prática contínua, pois não estáintegrada com o Portfolio Management

q Ausência de uma “ matriz básica” de QFD

q Integrar o Benchmark técnico de produtocom a fase de Tear down e com o PortfolioManagement (metodologia)

q Disponibilização da matriz básica de QFD(em andamento)

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III - Desdobramento da Metodologia de Desenvolvimento de Produtos (diretrizes de

projetos)

Situação Atual Proposta

q Aperfeiçoamento do desdobramento daMetodologia C2C (desde a fase de ideation)

3simultaneidades e interdependências

3inputs/outputs / responsáveis(análises/relatórios/informações)

3revisões mensais com a Diretoria (statusde mega projects)

3milestones de controle

3aumentar a efetividade das revisões deprojeto entre tollgates

3avaliação da decisão de make or buy deprodutos importados no idea-screening/concept evaluation tollgate

3em projetos que incluem investimentosfabris, deve-se otimizar o processo deanálise e liberação de verba

q Falta de critérios claros de priorização deprojetos em função de recursos

q Processo de DPP não otimizado

3como as revisões intermediárias doprojeto não são efetivas, gerandosobre carga nos tollgates

3retrabalho e/ou indefinições porcritérios de inputs/outputs não clarosnas atividades

3potencial de simultaneidades eintegração de atividades nãoexplorado

3falta de relatórios adequados para ogerenciamento de projetos

3etc

q Estabelecimento de políticas normas emetas para o desenvolvimento de projetos

3% componentes padronizados(comunalidade)

3modularização

3critérios de uso do DFMA/S/E

3Revisão de normas de testes (emandamento)

3etc

q Implementação do Lab de Homeeconomics e Usabilidade (emandamento)

q Metodologia de gestão de Design nos trêsnegócios (formação das famíliasBrastemp/Consul)

q Falta de políticas/diretrizes claras deprojeto, gerando retrabalhos e baixando aprodutividade

3% componentes padronizados(comunalidade)

3modularização

3critérios de uso do DFMA/S/E

3Revisão de normas de testes

3etc

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IV - Preparação de Pessoas (Gestores e Participantes)

V- Suporte Tecnológico

q Desbalanceamento entreResponsabilidade e Poder de Decisão(autonomia) das equipes de projeto

q Revisões não eficientes de projetossobrecarregando os toll-gates, que gerammodificações excessivas

q Falta de um padrão de gerenciamento deprojetos único e alinhado com asnecessidades futuras

Situação Atual Proposta

q Plano de treinamentos e preparação paraos gestores e integrantes de equipes deprojetos

3empowerment

3tomada de decisões

3gerenciamento de consequências

3reconhecimento/recompensa

q Implantação da estrutura de plataforma emódulos reforçando o suporte aos megaprojetos

q Garantir o uso do “Leading LargeProjects” da Whirlpool

3método de gerenciamento

3relatórios

3revisão de projetos

Situação Atual Proposta

q Acelerar a implantação da prototipagemrápida

q Acelerar a implantação do PDM

q Integração dos softwares de projeto

q Monitorar /buscar soluções no mercado (àmédio prazo)

q Necessidade crescente de prototipagemrápida

q Necessidade crescente da implantação doPDM

q Necessidade de integração dos softwaresde projeto (Pro/E e CDRS, etc)

q Falta de software de simulação digital

q Dar continuidade ao desenvolvimentotécnico da solução para produtos derefrigeração junto a Whirpool, investigar apossibilidade de sistemas semelhantespara produtos de cocção e lavanderia

q Implantar sistema já desenvolvido paraeste objetivo

q Pesquisar no mercado software que atendaestas expectativas e realizar benchmarkingpermanente para escolha da solução

q Necessidade de implantar sistema demonitoramento remoto para produtos emteste de campo

q Necessidade de implantar um sistema depriorização de projetos

q Necessidade crescente da aplicação desoftwares para simplificar os trabalhos deengenharia

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VI - Desverticalização da Ferramentaria

A implementação do projeto Time-to-Market elevou o CTR a um padrão world-class

no desenvolvimento e implementação de novas tecnologias e novos produtos. A partir deste

projeto a estrutura organizacional do CTR passou a trabalhar em sistemas e plataformas.

Nessa nova organização os Subsistemas são responsáveis pelo desenvolvimento das

tecnologias identificadas dentro das core competências e as Plataformas são responsáveis pela

integração dos diversos sistemas gerando os produtos como evidencia a figura 17.

Figura 17 - Organização: Plataforma e Subsistemas. Fonte Projeto Time to-Market (1997)

Com a implementação da organização estrutural composta por plataformas e

subsistemas, o CTR encontrava-se ajustado ao modelo do Corporate Officer Technology

facilitando sobremaneira a integração estrutural na globalização com a Whirlpool, em 1997.

Assim sendo, no início de 1997 o CTR já estava com a estrutura adequada às

organizações de desenvolvimento de tecnologia consideradas world class e executando

projetos em prazos menores que os requeridos quando eram desenvolvidos os produtos para

Situação Atual Proposta

q Definição de uma estratégia de terceirizaçãoda ferramentaria

3mapeamento de ferramentarias

3políticas de acompanhamento

3plano de capacitação (se necessário)

3plano de implementação

q Sistematização da compra de ferramentas

3Know-how de aquisição

3critérios de aquisição

q Não focalização no Core Business

SYMPHON

KRYOS

ÓPERA

Controlssystem

GTC

Structure

GeneralManager

Refriger.system

Compon user interf.

GTD

l l l

l

l MULTI

MONO DOORS

l

l FREEZER

ME

GA

PR

OJ

EC

TS

Currículo dos Sistemas

Currículo das Plataformas

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as empresas Consul e Brastemp, no início da década de 90. A adaptação estratégica a esse

novo cenário de competitividade regional acirrada tinha sido desenvolvida e o processo de

change management para implementação das 5 ações descritas do projeto Time-to-market

estava em pleno desenvolvimento.

O CTR sempre teve autonomia no modelo de execução e desenvolvia internamente as

melhores estratégias para melhorar sua competitividade em entregar projetos com qualidade,

custo adequado e prazo condizentes com a demanda de mercado na época.

Em 1997 a Whirlpool Corporation, que até aquele momento compartilhava algumas

experiências nas áreas de tecnologia comprou o capital acionário da Brasmotor e passou de

parceira estratégica à proprietária da Multibras Eletrodomésticos.

4.5.3 Globalização do Centro de Tecnologia de Refrigeração com o Corporate Technology

Officer (CTO) da Whirlpool Corporation, em 1997

Em 1997 aconteceu a primeira visita do pessoal do CTO da Whirlpool para entender

como o CTR da Multibras S. A. Eletrodomésticos estava organizado. A primeira constatação

foi que o projeto Time-to-Market conduziu o CTR a um patamar muito similar ao adotado

pelo Corporate Technology Officer da Whirlpool. A estrutura organizacional baseada em

Plataformas e Sistemas era muito similar à adotada pelo CTO nos EUA. Esse fato facilitou o

primeiro passo de integração entre os dois Centros de Tecnologia.

Ainda em 1997 o CTR passou a usar a organização matricial, ou seja, os subsistemas

passam a se reportar diretamente (solid-line) ao CTO da Whirlpool, mantendo também a

subordinação com a região (dotted-line). Outras áreas do CTR também iniciaram a

denominada dupla subordinação, ligadas ao CTO da Whirlpool (para implementação e

mantenimento dos padrões dos processos de desenvolvimento) e matricialmente ligados ao

CTR da Região para a administração da carreira e foco das atividades em desenvolvimento.

O CTR passa a ser denominado Latin American Region Refrigeration Product

Development Center. A partir de 1998 o Centro de Tecnologia iniciou o desenvolvimento de

projetos globais, e o primeiro projeto consistiu em um refrigerador de uma porta que deveria

ser desenvolvido para atender a América Latina e Índia. Inicia-se um contato muito forte dos

engenheiros com outras culturas e outros mercados. Esse projeto resultou em grande sucesso,

principalmente devido ao elevado team-work dos engenheiros de CTR. Pela primeira vez a

Whirlpool realizava um projeto global de sucesso, que coroava o grupo de desenvolvimento

do Brasil.

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A impressão de perda de poder, ou seja, subordinação total à matriz de tecnologia

(CTO) passa a ser interpretada como uma oportunidade de carreira e de aquisição de

conhecimento pelos engenheiros do CTR em Joinville. Em 1999 inicia-se o segundo projeto

global que dessa vez envolvia uma linha completa de produtos 2 portas frost-free para o

mercado latino americano e asiático. Nesse período, cresce o respeito do CTO com o CTR e

inicia-se o processo de capacitação das regiões para desenvolver tecnologia através dos

subsistemas.

A proximidade com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Embraco

ratificam a escolha do Centro de Tecnologia de Refrigeração como centro de excelência no

subsistema de refrigeração conhecido internamente como Cooling. Nesse momento Joinville

passa a ser o centro de desenvolvimento de Cooling para todas as regiões da Whirlpool. O

número de engenheiros e técnicos que era de 100 colaboradores salta para 130 em 1999 e

chega em 2006 com 170 engenheiros e técnicos. (Ver figura 18).

Figura 18 - Evolução do headcount do Centro de Tecnologia de Refrigeração (CTR) Fonte: Whirlpool do Brasil (2007)

A partir de 2000 iniciam-se os expatriamentos de engenheiros e técnicos para EUA,

Europa e Ásia, para períodos de treinamento que depois se tornaram participação em projetos

e alguns casos de transferências definitivas unindo a necessidade da organização com a opção

Evolução - Tecnologia Produtos Refrigeração (Brasil)

133143

152

171 173188

4553

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

2002 2003 2004 2005 2006 2007

HEADCOUNT

REBILADOS

28%RecursosGlobais*(2007)

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pessoal de desenvolvimento de carreira. O domínio da língua inglesa passa a ser uma

necessidade de todos os colaboradores e as viagens internacionais multiplicam-se em todos os

níveis do CTR. O uso de laptops e celulares vira padrão, pois como a Whirpool se torna

realmente global a partir de 2000, os diferentes fusos horários das regiões colocam os

engenheiros e técnicos em contato no período noturno, com regiões como, por exemplo, a

Índia, para discussão de projetos.

Os investimentos no CTR aumentam, visto o baixo custo da região e qualidade dos

engenheiros e universidades em Santa Catarina. Em 2004 o Centro já se encontrava

totalmente integrado às políticas e estratégias do CTO.

A partir de 2006 a Multibras S. A. Eletrodomésticos deixa de existir dando lugar a

Whirlpool do Brasil.

4.6 CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO: CARACTERIZAÇÃO GERAL

DE ASPECTOS DA SUA ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA NO PERÍODO DE 1997 A

2006

A partir da globalização do CTR novas regras e modelos passaram a fazer parte do

dia-a-dia da liderança, visando dar dinamismo a ação e comunicação. Entre elas faz-se

importante citar:

a) Uso freqüente do audix: o uso dessa ferramenta passou a ser semanal com o

objetivo de fornecimento de informações para staff e chefia distribuídos

geograficamente nos quatro cantos do planeta;

b) Foneconferências semanais com staff Global: visando a integração das

regiões e compartilhamento das melhores práticas de gestão e tecnologia;

c) Reuniões Globais (Face-to-face): Determinadas três reuniões globais por ano

envolvendo os Diretores das Regiões e Vice-presidente Global de Refrigeração

para revisão operacional da Refrigeração;

d) Formação de Grupos multiculturais: por área de sinergia para a solução de

problemas e trabalho de benchmarking e tear-down;

e) Formação de Estruturais Matriciais: com duplo reporte, para a região e

global;

f) Project Teams multi-regionais: para o desenvolvimento de novos produtos

globais;

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g) Criação do Centro de Excelência em domínio de tecnologia: Ex: Eletrônica

na China, Sistemas de Refrigeração no Brasil, Simulação na Índia (GTEC);

h) Expatriamentos: Desenvolvimento de talentos através de oportunidades de

Job rotation internacional;

i) Padronização dos testes de aprovação: no desenvolvimento de novos

produtos;

j) Padronização e globalização dos softwares de engenharia: Pro-engineer,

PDM, Mold-Flow, outros;

k) Padronização dos relatórios: Os relatórios foram padronizados para todas as

regiões no que se refere a dados de custo, qualidade, investimentos, orçamento,

projetos;

l) Definido processo padrão para o desenvolvimento de produtos: passarão a

ter os mesmos fóruns de discussões e etapas de tomada de decisão;

m) Processo Talent Pool: Passa a ser realizado globalmente envolvendo todas as

regiões;

n) Regiões consideradas low cost: Passam a receber a maioria dos investimentos,

visando uma saúde diferenciada da empresa globalmente. Ex: Grupo de

Simulação na Índia (GTEC), Investimentos no Brasil e China em Sistemas de

refrigeração e eletrônica, respectivamente;

o) Língua Inglesa: Passa a ser um atributo essencial a ser dominado pelos

engenheiros visto a exposição e trabalho global;

p) Estratégia de Tecnologia: passa a ser global e dirigida por um grupo global

liderado pelo CTO;

q) Avaliação 360º: Os gestores são avaliados por seus subordinados através de

questionários com perguntas dirigidas dentro dos quesitos valores e gestão de

liderança;

r) Core Competencies: definidas globalmente as core competências de tecnologia

por negócio a serem dominadas pelos CT's;

s) Benchmarking: O benchmarking passa a ser global comparando os produtos

das 4 regiões (Asia/América do Norte/Europa/América Latina);

t) Global Sourcing: A busca por opções de Tecnologia e Componentes na Índia e

China;

u) GTEC: Estruturado grupo de Simulação de Engenharia na Índia para suporte

aos Centros de Tecnologia de todos os negócios espalhados pelo globo.

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88

4.7 AMBIENTE GERAL, ANÁLISE DE MERCADO E COMPETITIVIDADE NO

BRASIL NAS DÉCADAS DE 80/90/2000

Na figura 19 é mostrada a evolução histórica do mercado de eletrodomésticos no

Brasil desde 1994.

Figura 19 - Indústria de eletrodomésticos no Brasil - evolução histórica. Fonte: Eletros (2006)

4.7.1 Principais competidores na década de 80/90/2000

Na década de 80 os principais competidores eram regionais, ou seja, como o mercado

brasileiro não estava aberto para a economia mundial, os competidores eram empresas

familiares que cresceram em um mercado fechado. A Refripar (marca Prosdócimo) era o

principal concorrente na área de refrigeradores e freezers e, a Metalfrio, na área de freezers

horizontais. Com a abertura da economia no fim da década de 80 começaram a chegar ao

Brasil os chamados Global Players (Bosch-Siemens/Electrolux AB). A Electrolux adquiriu a

Refripar (Prosdócimo) e a Bosch adquiriu a Continental.

A década de 90 mostrou um acirramento da competitividade entre os Global Players e

abriu oportunidade para a vinda do tigres asiáticos (LG e Sansung) na década posterior

(2000). Também a G&E volta a operar no Brasil depois de ter-se retirado do negócio linha

branca no Brasil, através da aquisição da Dako fogões e CCE.

Indústria de Eletrodomésticos no BrasilEvolução Histórica

Após 1996, fim da euforia do plano Real: empobrecimento da população,limitação do poder de compra e do crescimento do consumo

• Também apresentoucrescimento ínfimo

• Principais razões:sucessivos aumentos dosjuros e crise energética,que desencorajaram acompra deeletrodomésticos.

• Apresentou crescimentoínfimo

• Principais razões: sucessivosaumentos dos juros e criseenergética, quedesencorajaram a compra deeletrodomésticos.

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Industry (T3)

Industry (Other)

9,7 10,6

13,512,5

11,0 10,2 11,1 10,6 10,5 9,411,0 11,2

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89

No momento todos os Big Players comercializam produtos da Linha Branca no Brasil

e o mercado interno apresenta o mesmo nível de competitividade do mercado europeu,

asiático e norte-americano.

4.7.2 Varejo (concentração/expansão/falências)

O varejo extremamente pulverizado na década de 80 passou a ser mais exclusivo com

o passar dos anos diante da quebra de várias cadeias de lojas, em decorrência das dificuldades

de adaptação aos planos econômicos (Plano Bresser/Cruzado). Essas lojas foram sendo

incorporadas ao longo dos anos, formando as cadeias fortes do varejo.

O poder ficou mais centralizado, sendo dominado atualmente por grandes corporações

(Lojas Bahia/Ponto Frio/Magazine Luisa/Lojas Colombo) competindo também com algumas

cadeias de lojas regionais. Porém, o que se percebe cada vez mais forte é o domínio dos

grandes varejos por meio de aquisições dos varejos menores regionais.

4.7.3 Inflação

As décadas de 80 e parte da década de 90 podem ser descritas como de alta inflação e

tentativas de contenção dos governos estabelecidos, através de planos econômicos

mirabolantes.

Na década de 80 a competição era pequena devido ao reduzido número de

competidores no mercado, mais precisamente a Refripar (no ramo de refrigeração doméstica),

a Dako e a Continental (no setor de fogões) e a Springer (no setor de condicionamento de ar).

Essa década pode ser descrita de alta lucratividade no setor de eletrodomésticos. A partir de

1994 com o Plano Real, houve a redução da inflação a patamares sustentáveis e a luta pelo

melhor custo passou a ser prioridade nas grandes corporações, pois o efeito inflação

mascarava sua visão competitiva.

Com o domínio e redução da inflação o mercado brasileiro passou a ser cobiçado

diante de seu potencial de consumo e atuar no Brasil passou a ser objetivo dos Grandes

Players.

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90

4.7.4 Produtos

A competição na década de 80 era principalmente no grupo chamado T5

(Geladeiras/Fogões/Máquinas de Lavar/Freezers/Ar Condicionado) sendo que os níveis de

penetração ainda eram muito baixos em comparação com a Europa e EUA. Na década de 90 a

competição passa a ser ampliada para T9 (acrescentando Microondas/Lava-louças/outros).

Hoje se pode dizer que o Brasil é globalizado, ou seja, é possível encontrar nos pontos

de venda os mesmos produtos que são comercializados na Ásia e Europa. A figura 20 mostra

o crescimento acentuado de mercado de eletrodomésticos entre os anos de 1994 e 1996, o que

atraiu os competidores globais.

Figura 20 - Indústria de eletrodomésticos no Brasil - evolução histórica. Fonte: Eletros (1997)

4.7.5 Distribuição

A distribuição antes concentrada nas Regiões Sul e Sudeste na década de 80, passa a

ser continental na década de 90, envolvendo os países da América Latina. Com a aquisição da

Multibras Eletrodomésticos pela Whirlpool Corporation, a exportação se torna global em

2000, produzindo para Estados Unidos, Ásia e Europa.

Indústria de Eletrodomésticos no BrasilEvolução Histórica

Este crescimento atraiu uma série de competidores globais a entrar noBrasil investindo pesado no mercado de linha branca, inlcusive a Whirlpool

em 1997

Após 1994, a indústria viveu um crescimento espetacular de 40% em 3 anos pela euforia gerada peloplano Real

+40%

9,710,6

13,5

1994 1995 1996

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91

4.7.6 Preço

As empresas definiam os preços na década de 80 (o chamado product-out) amparados

pela alta inflação e pouca competitividade. No fim dos anos 90 a competição passa a ser mais

consumer driven. Essa mudança teve como pilar quatro vertentes: primeiro a competitividade

global, a estabilização da inflação, a concentração do poder do varejo e, principalmente, a

conscientização dos consumidores através do crescimento da oferta.

4.7.7 Mercado (proteção e abertura)

O mercado protegido na década de 80, e operado por empresas familiares passa a ser

global na década de 90 com múltiplas aquisições. Chega a 2000 totalmente globalizado, ou

seja, passou a competir com produtos importados, principalmente da Ásia (Coréia/China) e

México.

4.7.8 Tecnologia

A partir de 90 pode-se dizer que a Tecnologia se tornou global, salientando que todos

os competidores regionais que haviam desenvolvido tecnologia no Brasil, nas décadas de

70/80, passam a ter acesso à tecnologia e informação global, através dos Grandes Players e

suas matrizes distribuídas no globo.

4.7.9 Qualidade

A qualidade, que sempre teve papel importante, passa a ter um papel preponderante na

competitividade a partir da década de 90, e o foco no consumidor passa a ser o objetivo das

corporações. O modelo de Qualidade Total importado do Japão (Prof. Miauchi) e as Iso

Standards (9000/18000/21000) são objetivos comuns a todas as empresas World Class.

4.7.10 Exportação/importação

A década de 80 e início da década de 90 também são marcadas pelas exportações

regionais (América do Sul) e passam a ser amplificadas com o controle da inflação e

estabilização da moeda (Real).

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92

O Brasil passa a ser competitivo no mercado mundial, em decorrência da qualidade de

seus produtos e preços. Em 2000 o Brasil passa a ser um player global, exportando produtos

da linha branca para Europa, Ásia e EUA.

Na figura 21 a seguir mostra os principais movimentos no mercado de linha branca

envolvendo a entrada de novos competidores no Brasil e os principais lançamentos de

produtos desde 1994 até 2006.

Figura 21 - Principais movimentos da Linha Branca no Brasil Fonte: Eletros (2007)

4.8 STAKEHOLDERS RELEVANTES NO PERÍODO 1991 A 2006

A Whirlpool iniciou sua participação na Brasmotor em parceria com a Sears em 1958,

com a participação de 35% do capital acionário da recém-fundada Multibras S. A. Indústrias e

Aparelhos domésticos. A Brasmotor adquiriu o capital acionário da Consul e Embraco na

década de 70. O Bradesco fez parte do capital acionário da Brasmotor nas décadas de 80 e 90,

tendo vendido 33% de suas ações para a Whirlpool Corporation em 1997. A partir de 1º de

maio de 2006 a Whirlpool S. A. nasceu a partir da reorganização societária entre a Multibras

S. A. Eletrodomésticos e a Empresa Brasileira de Compressores (EMBRACO).

Principais Movimentos

Bosch adquireContinental(fogões elavadoras)

Electrolux adquireProsdócimo

(Refrigeradores eLavadoras)

GE/Mabe adquire Dako(Fogões)

Bosch - NovaFabrica de

Refrigeradores

LG - Nova Fabrica de AirConditioning

Bosch lança RefrigeradorNo-Frost

Gree - Nova Fabricade Air Conditioning

Electrolux lançalavadoras top loader

eletromecânicas

GE/Mabe adquire CCE-Refrigeração

CCE- Nova Fabricade Refrigeradores

Mueller - NovaFabrica de

Fogões

Electrolux lançaRefrigeradorNo - Frost

Esmaltec - NovaFabrica de Fogões e

Refrigeradores

Atlas new ranges Plant

Atlas adquire Enxuta(planta de lava-louças,lavadoras e secadoras)

LG Nova Fabrica de MWO

LG Fecha FabricaMWO

ElectroluxLança Fogões

Plano Real

Whirlpool adquirecontrole da Brasmotor

Players globaisatuando no mercado.

Electrolux lançalavadoras top loader

eletrônicas

LG e Samsungentram nosegmentopremium

Marca GE élançada p/

refrigeradores elavadoras

Predominância de fabricantesglobais

Entrada e crescimento depequenos fabricantes nacionais

com produtos populares.(A tlas, Muller , Venax e Clarice)

Transformação dos pequenos emmédios fabricantes, apropriando-

se do mercado popular

20022001199719961994 20001998 2003 2004 2005

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93

4.9 TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA QUALITATIVA

As perguntas da pesquisa, aplicadas ao público determinado para esta pesquisa,

encontram-se no Apêndice 1. A seguir são demonstrados os perfis dos participantes da

pesquisa.

4.9.1 Perfil dos servidores da amostra

Para esta pesquisa foram selecionadas sete pessoas, convidadas a participar da amostra

de pesquisa qualitativa. Do total, cinco dos entrevistados trabalham no CTR em posições

gerenciais e de liderança. Os outros dois selecionados já não pertencem mais ao quadro

funcional da organização: um deles ocupava posição de gerência geral e outro a gerência de

tecnologia.

A faixa etária dos envolvidos na pesquisa oscila entre os 35 anos a 60 anos de idade, e

estão ou estiveram ligados ao CTR entre 15 a 25 anos, em média. Todos os envolvidos são

engenheiros com pós-graduação, mestrado e doutorado na área.

4.9.2 Traços característicos e impactos importantes ocorridos nos colaboradores durante a

adaptação organizacional estratégica no processo de criação do CTR e durante a

adaptação organizacional estratégica à globalização identificados na pesquisa

4.9.2.1 Fatores positivos identificados na pesquisa qualitativa

Foram identificados, por meio das respostas obtidas na pesquisa qualitativa os

seguintes fatores, considerados positivos:

- Integrar as tecnologias de Brastemp e Consul, na época duas empresas distintas

pertencentes a Brasmotor, buscando sinergia entre ambas, mantendo o

conhecimento acumulado e ao mesmo tempo otimizando os custos no

desenvolvimento de produtos.

- Desenvolvimento de competências e talentos com o objetivo de buscar o

reconhecimento das demais regiões da Whirlpool, trazendo investimentos em

centros de excelência, tais como Cooling, Controls e Eletrônica.

- Migração para sistemas de CAD/CAM.

- Introdução de novos softwares de simulação.

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- Início da implantação de Engenharia Simultânea para o desenvolvimento de

projetos.

- Implementação da Carreira Y, visando retenção dos talentos.

- Início da integração com Whirlpool.

- Início do contato com o C2C - processo de desenvolvimento de produtos

desenvolvido pela Whirlpool.

- Criação das Plataformas e Subsistemas.

- Total aderência ao C2C, com desdobramento às demais áreas da empresa.

- Desenvolvimento de projetos Globais. Ex.: Projeto 1 porta Direct cool (Ópera)

para a Índia, 2 portas No-frost (Maestro-América Latina e Europa) e Compacto 1

porta (Blues) para EUA.

- Foco nas competências fundamentais à empresa (Core Competencies).

- Aumento do foco no consumidor, com a criação do conceito de Robust Design.

- Senso de urgência, levando a um foco maior no prazo de lançamentos - Time to

market.

- Alto foco em redução de custos e assertividade nas previsões dos projetos

(prazo, custo e investimento).

- Integração do processo de Aprovação de Produtos entre as regiões criando o

Global Product Approval (PALO).

- Enaltecimento dos conceitos de Safety (Segurança) and Liability (Legalidade).

- Início da integração com Engenharia Residente da Brastemp (1991-1994) através

do desenvolvimento de um primeiro projeto para aquela planta (Projeto 20DN).

- Domínio da língua inglesa pelos engenheiros e técnicos.

- Aumentou significativamente o número de pós-graduandos e mestres, bem como

o movimento de profissionais de nível médio que voltaram a estudar,

ingressando em cursos de engenharia e design.

- Consolidação do CTR com o desenvolvimento de um segundo projeto

(Symphony), compartilhando a liderança do mesmo com SBC, bem como

trazendo alguns engenheiros de SBC para trabalhar diretamente no

desenvolvimento.

- A Globalização forçou o CTR e também a Multibras a não só manter a interface

com a Whirlpool, mas também com empresas em outros países. Esse impacto

ocasionou a modificação de hábitos, atitudes e até mesmo valores.

- Aumento do desenvolvimento e produção de patentes.

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95

4.9.2.2 Fatores negativos identificados na pesquisa qualitativa

Também foram identificados alguns pontos de caráter negativo, que são expostos a

seguir:

- Projetos globais demandam muita negociação e flexibilidade na tomada de

decisão e, em decorrência, o time-to-market fica prejudicado.

- Poder de decisão da Whirlpool é lento, dificultando o estabelecimento das metas.

- Planejamento da Whirlpool é muito bom, mas a ação é lenta.

- Período altamente turbulento (1991-1994) durante o primeiro projeto do CTR

para a Brastemp, devido a grande resistência e não aceitação da decisão por parte

dos funcionários da Brastemp do CTR estar em Joinville.

4.9.3 Constatações identificadas na pesquisa qualitativa realizada e corroboradas com a

pesquisa bibliográfica

A pesquisa qualitativa realizada junto ao grupo de sete colaboradores do CTR,

identifica-se e é corroborada pela pesquisa bibliográfica realizada, no sentido de obter-se uma

resposta ao tema proposto. Para esse fim, foram selecionamos alguns autores e seus modelos

dominantes, visando um melhor embasamento e entendimento do modelo usado pelo CTR em

sua adaptação estratégica. Como produto secundário e adicional à pergunta de pesquisa

também se identificam as estratégias que foram adotadas pela organização em três períodos.

Os modelos escolhidos foram os modelos dominantes da escola estratégia de

Mitzberg, Ashlstrand e Lampel, o modelo dominante de estratégia de Miles & Snow, a

formulação estratégica de Porter, o ciclo de vida das organizações segundo Adizes,

complementando com o modelo de escolha de adaptação estratégica de Hrebiniak e Joyce

para a resposta a adaptação estratégica do CTR à globalização com a Whirlpool Corporation,

em 1997. Analisamos 3 períodos distintos :

Período de 1991 – 1994 : Criação do CTR na Consul

Período de 1994 – 1997 : CTR passa a ser corporativo após criação da Multibras AS

Período de 1997 - 2006: CTR passa a ser global após aquisição da Multibras pela

Whirlpool Corporation.

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96

4.9.3.1 Período de 1991-1994

Nesse período, os modelos dominantes da Escola Estratégica de Mintzberg, Ashlstrand

e Lampel (2000) identificados foram a Escola de Design muito usada pelo PBT (Plan

Business Team) que é composto por gerentes gerais de Tecnologia, Marketing, Manufatura,

Suprimentos, Serviços e Controladoria, para formulação de estratégia de elaboração do

portfólio de produtos. Foi usada intensamente a análise SWOT para identificação das forças e

oportunidades diante das fraquezas e ameaças, aliada à identificação de competências

distintas para se obter vantagens competitivas diante dos concorrentes. A estratégia era

simples e mesmo com a simplicidade alavancava grandes resultados.

Foi identificado o uso da estratégia da Escola Empreendedora quando da formação do

CTR. Nesse período de formação a expressão mais utilizada foi visão de futuro conduzida

pelo líder. Também foram intensamente praticados a intuição, o julgamento, a sabedoria, a

experiência e o critério. A visão estratégica é vista como perspectiva pelo grupo do CTR.

No modelo de formulação estratégica de Porter o pesquisador identificou no período

de 1991-1994 um foco muito forte do CTR em diferenciação de produtos, ou seja, o

lançamento contínuo de novos produtos no sentido de fragilizar novos entrantes potenciais.

Foi nessa época que se inaugurou a nova fábrica para refrigeradores em Joinville, pois a

capacidade instalada nacional estava aquém da demanda e escala do mercado no final dos

anos 80. Segundo um dos entrevistados na pesquisa qualitativa:

Devido a Brastemp e Consul possuírem características e culturas totalmente diferentes. De um lado a Brastemp posicionada no mercado como detentora de alta tecnologia, o que influenciava diretamente o comportamento de seus funcionários em relação às demais empresas. Em geral, seus funcionários eram contrários às mudanças. Pelo fato de estar situada no coração do ABC paulista, os salários eram maiores que os pagos pela Consul. De outro lado estava a Consul como segunda marca no mercado de refrigeradores, onde seu funcionários apresentavam um comportamento mais conciliador frente às mudanças. Havia um maior senso de comprometimento para com os resultados da empresa.

Pelo modelo de Ciclo de Vida das Organizações de Adizes (1990), o pesquisador pôde

identificar as fases de Infância, ou seja, o nascimento da idéia de CTR para as duas

Organizações (Brastemp e Consul), no qual foi verificado um desempenho inconsistente nos

primeiros meses, visto a pouca maturidade do CTR para lidar com culturas diferentes citadas,

mas, por outro lado, foram verificadas grandes oportunidades para o CTR no que se refere à

realização de projetos para as duas empresas, independentes na época.

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97

Na aplicação do modelo dominante de estratégia de Miles e Snow foi identificado no

período como defensivo com foco muito forte na melhoria operacional (tecnologia

dominadas), ou seja, a produtividade era a palavra de ordem para atender a demanda de

mercado. Assim, nesse período as ferramentas e filosofias de qualidade e produtividade do

tipo Kan-Ban, Qualidade Total, CCQ eram a tônica na empresa. No CTR esse período foi

marcado pela mudança dos projetos da prancheta para o CAD (Computer Aided Design). Esse

fato gerou ganhos de produtividade no tempo de desenvolvimento de projetos.

4.9.3.2 Período de 1994-1997

O pesquisador identificou nesse período o uso da Escola Cultural na formação do CTR

corporativo, pois havia sido desenvolvido o projeto Visão Brasmotor, que culminou com a

formação da Multibras S. A. Eletrodomésticos. Percebeu-se um forte alinhamento no sentido

de criar uma nova cultura que seria a fusão do melhor das empresas Brastemp, Cônsul e

Semer. Observou-se fortemente a formação da estratégia como um processo coletivo em toda

a organização.

Mintzberg, Ashltrand e Lampel (2000, p. 196) salientam que

Em conseqüência disso, a estratégia assume a forma de uma perspectiva, acima de tudo, enraizada em intenções coletivas e refletida nos padrões pelos quais os recursos ou capacidades da organização são protegidos e usados como vantagem competitiva.

Como ponto forte foi identificado também pelo pesquisador o uso da Escola de Design

para o portfólio de produtos, porém nesse período se fez mais presente a Escola de

Planejamento, visto que um desdobramento melhor das estratégias fez-se necessário, assim

como a criação do planejamento estratégico formal, ou seja, a estratégia passa a ser guiada por

planejadores preparados.

Nessa fase, segundo o modelo de formulação estratégica de Porter, a ameaça é

identificada com o crescente poder dos compradores (lojistas e atacadistas), pois com as

inúmeras fusões acontecendo nessa área na época, a centralização do poder de compra se

evidencia uma vez que a escala de volume de compras começou a ficar concentrada em

poucos. O foco se faz no preço e market-share e a ação é o aumento de lançamento de

produtos, para fazer frente à chegada dos grandes competidores no Brasil.

O pesquisador identificou, baseado no Ciclo de Vida das Organizações de Adizes

(1990) a fase do Toca-toca para o CTR, quando se visualizou os projetos florescendo e as

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98

idéias sendo colocadas em prática. O foco continuou sendo a conquista da confiança da

organização através de projetos realizados rapidamente para melhorar a competitividade. No

fim desse período nasce o projeto Time-to-market desenvolvido pela Multibras com suporte

da Andersen Consulting (descrito neste trabalho) e que propunha o desenvolvimento de ações

sustentadas para melhoria de competitividade no desenvolvimento de novos produtos.

Verificou-se o uso da Escola de Posicionamento (MINTZBERG, 2000) no fim do período de

1996, com o uso de consultorias para as melhores escolhas estratégicas.

O uso da matriz BCG (Boston Consulting Group), exposta na figura 10, passa a ser

intenso nas reuniões do PBT.

O pesquisador identificou como modelo dominante de estratégia para Miles e Snow

que a organização passa de defensiva a prospectora buscando novas tecnologias emergentes

tais como a eletrônica aplicada a Refrigeradores e Freezers. Nesse período o domínio da

língua inglesa fez-se necessário para enfrentar a globalização que estava por vir.

4.9.3.3 Período de 1997-2006

Nesse período foi identificada pelo pesquisador a aplicação da Escola de Aprendizado,

do modelo Dominante de Escola de Estratégia de Mintzberg, Ashltrand e Lampel (2000), no

qual pode ser citado como exemplo principal o projeto estratégico de enraizamento da

competência de inovação, através da criação de equipes globais da Whirlpool Corporation nos

quatro continentes onde grupos são deslocados por sete meses para o aprendizado da

metodologia e posterior disseminação do conhecimento adquirido junto a Consultoria

Strategos, pertencente a Gary Hammel.

Outro exemplo identificado como uso da Escola de Aprendizado é a aplicação da

filosofia Lean Thinking, ou seja, a implementação por grupos de trabalho da metodologia de

administração enxuta da Toyota na tecnologia.

Também foi percebido pelo pesquisador o uso fortíssimo da Escola de

Posicionamento, com a contratação de várias consultorias para orientação de escolhas

estratégicas. Ex.: BCG, Andersen Consulting, Buzz-Allen, McKinsey, Strategos, entre outras.

Outra verificação do pesquisador foi o início do uso da Escola de Configuração pela

qual são propostas mudanças estratégicas para transformação. O exemplo mais forte é

definição e modelagem do tipo ideal de executivo proposto pelo modelo de liderança da

Whirlpool (LWE). A definição dada por Mintzberg, Ashltrand e Lampel (2000, p. 224) para a

Escola estratégica de Configuração simplifica o pensamento:

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99

Na maior parte das vezes, uma organização pode ser descrita em termos de algum tipo de configuração estável de suas características: para um período distinguível de tempo, ela adota uma determinada forma de estrutura adequada a um determinado tipo de contexto, o que faz com que se engage em determinados comportamentos que dão origem a um determinado conjunto de estratégias.

O ambiente exerce uma influência muito forte no negócio. Nesse aspecto, foi

observada pelo pesquisador a aplicação também da Escola Ambiental, a qual pode ser

verificada como a reação da organização ao mercado e concorrência.

Nessa terceira fase (1997-2006) foi ainda percebido pelo pesquisador dentro da

Formulação Estratégica segundo Porter (2004) como ameaça o poder de negociação dos

fornecedores com o aumento de demanda da China e crescimento do preço dos commodities.

O foco do CTR passou a ser o melhor custo. Como exemplo da ação cita-se a aplicação

intensiva de benchmarking e tear-down de produtos em escala regional e global.

O CTR entra na adolescência quando observado o Ciclo de Vida da Organizações

proposto por Adizes (1990), onde aparece o gerente profissional, com senso de propriedade e

capacidade empreendedora (vide Programa de Formação de Liderança Empreendedora da

Whirlpool - LWE). Os projetos tomam esfera global e os profissionais ganham mais

experiência internacional, participando de reuniões, projetos e expatriamentos. Nesse

momento o CTR já está globalizado com a Whirlpool, através do CTO.

Alguns brasileiros passam a ocupar posições globais de liderança, exigindo habilidade

e muita flexibilidade para lidar com novas culturas. Foi instalado em Joinville o Centro de

Competência Mundial da Competência de Cooling, Controles e Eletrônica. Inúmeros projetos

com a Universidade Federal de Santa Catarina são realizados.

Dentro do modelo Dominante de Estratégia proposto por Miles e Snow é observado

que o CTR se move como uma Organização Prospectora, ou seja, o foco passa a ser a procura

por novas tecnologias emergentes através de pesquisa aplicada e benchmarking de produtos

globais.

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100

4.10 QUADRO CRONOLÓGICO MOSTRANDO OS PRINCIPAIS DIRECIONADORES,

AS MUDANÇAS OCORRIDAS E ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO MERCADO DE

ELETRODOMÉSTICOS

O quadro 5 mostra, de forma melhor organizada, as principais mudanças ocorridas

nos três períodos mencionados no mercado de linha branca, ligando-as a fatores tais como:

cenário mundial, cenário nacional, cenário da linha branca e cenário Brasmotor.

Também foram inseridos no quadro os modelos dominantes da escola estratégica de

Mitzberg, Ashlstrand e Lampel(2000), o modelo dominante de estratégia de Miles &

Snow(1978), a formulação estratégica segundo Porter(2004) e o ciclo de vida das

organizações, segundo Adizes(1990). O quadro reflete interpretação do pesquisador com base

na fundamentação teórica e pesquisa bibliográfica realizada.

PERÍODO PERÍODO I PERÍODO II PERÍODO III

1980 - 1989 1990 - 1999 2000 - 2006

FATORES

Dissolução da URSS Recrudescimento do Comunismo China Capitalista/Comunista

Queda do muro de Berlim Formação de Blocos Econômicos Europa Unida

Fim da Guerra Fria EUA Potência Hegemônica Mundial China - Potência Econômica

CENÁRIO MUNDIAL As Multinacionais Globalização Mundo Planificado

Mainframe O Computador Pessoal Internet

Dow Jones Dow Jones NASDAC

Mecânica Eletrônica Digital Nanotecnologia

VHS DVD Blue Ray/HDVD/I-pod

Qualidade Inovação Sustentabilidade

Redemocratização Enxugamento do Estado PT assume o Poder

Anistia Geral Privatizações Nacionalismo: Etanol/Bio

Diesel

CENÁRIO NACIONAL Sindicalismo Plano Real Redução do Risco Brasil

Eleições Diretas Controle da Inflação Inclusão Social

Inflação Descontrolada Aumento do Desemprego Melhor distribuição de renda

CENÁRIO LINHA BRANCA Players Regionais Chegada dos Big Players Mercado Globalizado

Foco na Produtividade Foco na Competitividade Foco no Custo

Mercado Fechado Mercado em abertura Mercado Globalizado

Foco no T3 Foco no T9 Novos Negócios

Varejo Pulverizado Varejo Concentrado Exploração de Novas Opções

Web/Vendas Diretas

Produção em Escala Diferenciação por features Customização

Sourcing Regional Sourcing Asia China Sourcing

CENÁRIO BRASMOTOR Brastemp/Consul Multibras SA Eletrodomésticos Whirlpool do Brasil

Competição Interna Brasmotor integrada pelo Plano Visão Globalização

Estratégia Regional Estratégia Latino Americana Estratégia Global

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101

FATORES PERÍODO I PERÍODO II PERÍODO III

1980 - 1989 1990 - 1999 2000 - 2006

Modelo Dominante de Escola Planejamento Escola Empreendedora Escola do Configuração

Escola de Estratégia Investimento em crescimento Globalização da Brasmotor (Visão) Mudanças Transformacionais

Mintzberg, Ashlstrand Planejamento FábricaIII Escola Cultural Escola do Aprendizado

Lampel (2000) Formação da Multibras Learning Organization

Escolade do Posicionamento Escola do Posicionamento

Uso de Consultoria para a Uso de consultorias para

escolha de opções estratégicas a escolha de opções estratégicas

Modelo Dominante de Organização Defensiva Organização Defensiva /Prospectora Organização Prospectora

Estratégia para Miles Foco na melhoria operacional Foco passa ao longo da década de Defen- Foco intensivo na procura de

e Snow (1978) em Tecnologias Dominadas e sivo a Prospector devido a abertura de novas oportunidades para criar

Produtividade Fabril mercado e aumento da competitividade diferencial competitivo

Formulação Estratégica Invest. em Novas Fábricas Investimentos em Novos Produtos Custo e Preço

Segundo Porter (2004) Ameaça: Capacidade Instalada Ameaça: Novos Entrantes Ameaça: Poder de negociação

dos Compradores, Poder de

negociação dos Fornecedores

Ciclo de Vida das Toca-Toca Adolescência Plenitude

Organizações Adizes (1990) Investimentos em Expansão Delegação de autoridade Equilíbrio de autocontrole

Vendas aumentan Mudança da liderança: do flexibilidade

Empresa florescendo empreendedor ao gerente Organização planeja e segue

profissional planos

Transposição de metas: de Visão e criatividade

trabalhar mais para trabalhar institucionalizadas

melhor Sistemas e estrutura organiza

cional funcionais

PERCEPÇÃO DOS Crescimento Sustentado Poder da Marca EVA(Economic Value Added)

STAKEHOLDERS

Quadro 5 – Matriz cronológica mostrando os principais direcionadores, as mudanças ocorridas e estratégias adotadas no mercado de eletrodomésticos pela Multibras/Whirlpool. Fonte: Matriz de Santos(2004) adaptada por (Barros (2007) com base em pesquisa bibliográfica.

4.11 QUADRO CRONOLÓGICO MOSTRANDO AS MUDANÇAS OCORRIDAS,

ESTRATÉGIAS ADOTADAS E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA NOS DIVERSOS

MOMENTOS (EVENTOS) DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO

O quadro 6 a seguir ressalta as principais mudanças ocorridas nos três períodos

mencionados no mercado de linha branca, ligadas a fatores tais como: cenário mundial,

cenário nacional, cenário da linha branca e cenário Brasmotor. Também foram inseridos no

quadro os modelos dominantes da escola estratégica de Mitzberg, Ashlstrand e Lampel(2000),

modelo dominante de estratégia de Miles & Snow(1978), formulação estratégica segundo

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102

Porter(2004) e ciclo de vida das organizações, segundo Adizes(1990). O quadro reflete a

análise dos dados da pesquisa qualitativa realizada com colaboradores em ativa e que

deixaram o CTR, bem como a interpretação do pesquisador com base na fundamentação

teórica e pesquisa bibliográfica realizada para o desenvolvimento deste estudo.

PERÍODO PERIODO I PERIODO II PERIODO III

1991 - 1994 1994 - 1997 1997 - 2006

FATORES

CENÁRIO CTR 60 funcionários 96 funcionários 173 funcionários

Engenharia da Consul Formação do CTR Globalização do CTR

Foco na Mecânica Foco na Eletrônica Foco em Novas Tecnologias

Viagens Nacionais Viagens Internacioanis Expatriamentos

Projetos na Prancheta Projetos no CAD Projetos no Global ECN

Ingles intermediário Domínio do Inglês Domínio do Inglês

Cultura Nacional Multicultural Cultura Global

Projetos Prod regionais Projetos Prod Globais Projetos de Sistemas Globais

Proj Refrig e Freezers Proj. Refrig e Freezers Proj. de Refrig e Freezers

para o mercado nacional para a América Latina e Ásia para EUA/Europa/Asia

Tecnologia Regional Tecnologia Global Parcerias Estratégicas

Fases da Globalização Globalização 2 Globalização 2 Globalização 3

Segundo Froedman (2005) Globalização das empresas Globalização das empresas Globalização das pessoas

Modelo Dominante de Escola do Design Escola Cultural Escola de Configuração

Escola de Estratégia Análise SWOT Formação do CTR Corporativo Mudanças Transformacionais

Mintzberg, Ashlstrand e Escola Empreendedora Escola do Design Escola Ambiental

Formação do CTR Consul Análise SWOT Reação às necessidades merc.

Lampel (2000) Escola de Planejamento Escola do Aprendizado

Formação da Estratégia como processo Learning Organization

formal Iniciativa do Innovation

Escola do Posicionamento Lean Thinking na tecnologia

Seleção de Estratégias por analistas Escola do Posicionamento

Seleção de Estratégias por

Analistas

Formulação Estratégica Ameaça: Entrantes Potenciais Ameaça: Poder de Negociação dos Comp Ameaça: Poder de Neg Forn.

Segundo Porter (2004) Foco: Diferenciação Foco: Preço e Market-share Foco: Liderança em Custo/MS

Ação: Lançamento de Novos Ação: Lançamento de Novos Produtos Ação: Benchmarking/Tear-

Produtos Down de Produtos

Ciclo de Vida das Infância Toca-Toca Adolescência

Organizações Adizes (1990) Voltada para a ação e impul- Idéias postas em prática Delegação de autoridade

sionada pelas oportunidades Projetos florescendo Do empreendedor ao gerente

Desempenho inconsistente Foco: Conquistar a confiança da profissional

Foco: Oportunidades Organização Foco: Empowerment/Owner-

Ação: Projetos para a Ação: Projetos para a Multibras ship

Consul e Brastemp Ação: Projetos Globais

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103

PERÍODO PERIODO I PERIODO II PERIODO III

1991 - 1994 1994 - 1997 1997 – 2006

FATORES

Plenitude

Sistemas organizacionais

funcionais

Ciclo de Vida das Organização planeja e segue

Organizações Adizes (1990) planos

Foco: Equilíbrio de auto-

Controle e flexibilidade

Ação: Proj. de Sub-sistemas

globais

Modelo Dominante de Organização Defensiva Organização Defensiva /Prospectora Organização Prospectora

Estratégia para Miles Foco na melhoria operacional Foco passa ao longo da década de Defen- Foco intensivo na procura de

e Snow (1978) de Tecnologias Dominadas siva a prospectora focando a busca em de diferencial competitivo

tecnologias emergentes (Ex: Eletrônica) em custo através do bench-

marking e tear-down e novas

tecnologias breaktrough

Adaptação Estratégica Escolha Diferenciada Escolha Estratégica Seleção Natural (início)

Hrebiniak e Joyce (1985) Resulta da interseção do alta Caracterizada por alta escolha Baixa escolha estratégica e

grau de determinismo do meio estratégica e baixo determinismo alto determinismo do meio

e alta capacidade de escolha do meio. Mercado comanda o preço

de estratégica. Situação de instabilidade, força Comoditização

A ação gerencial é restrita a movimentação para outros Perda de lucratividade

domínios.

Escolha Estratégica

Autonomia e controle

constituem regras

Não enfrentam problemas

com variações ambientais

Inovação e comportamento

pró-ativo fazem parte do

processo.

Quadro 6 – Matriz de Adaptação Estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração. Fonte: Matriz de Santos (2004) adaptada por Barros (2007) com base em pesquisa bibliográfica.

A matriz de adaptação estratégica do CTR, mostrada no Quadro 6, consolidada a partir

da pesquisa realizada, junto aos arquivos da organização, documentos históricos e referencial

teórico, demonstra que o processo de adaptação estratégica percebido pela organização tem

relação e afinidade com as mudanças sociais, tecnológicas, econômicas e políticas

vivenciadas em nível mundial, nacional e regional, nos três períodos considerados para este

estudo. Assim, os cenários desenhados em cada período analisado apresentaram, em maior ou

menor grau, impactos sobre a gestão, a estratégia e o próprio desempenho da organização.

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104

Finalmente, a análise dos dados e informações coletados na pesquisa qualitativa

aplicada a colaboradores em ativa e que deixaram a organização nos períodos descritos,

permitiu ratificar a interpretação em relação ao processo de adaptação estratégica vivenciado

pela organização, demonstrando certa identidade entre os eventos relatados e o referencial

teórico pesquisado.

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105

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho buscou-se verificar como se desenrolou o processo de adaptação

organizacional estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S. A.

Eletrodomésticos frente à globalização com a Whirlpool Corporation. Foram analisados três

períodos distintos da organização desde sua formação em 1991 dentro da empresa Consul,

passando pela formação da Multibras S. A. Eletrodomésticos em 1994, no processo de fusão

com a Brastemp e culminando com a globalização com a Whirlpool em 1997.

Tendo como referencial teórico o estudo das organizações, para embasar o

entendimento das mudanças organizacionais que ocorreram na organização pesquisada, são

apresentadas neste capítulo as considerações finais a que se chegou com o estudo, bem como

recomendações que possam ser úteis à organização estudada.

5.1 COMENTÁRIOS SOBRE A PESQUISA

A pesquisa evidencia que no período (1991-1994) quando da formação do CTR a

escolha estratégica estava alta e o determinismo ambiental também alto, levando a

identificação do CTR no Quadrante II, Escolha Diferenciada Adaptação com Restrições, ou

seja, existiu uma grande turbulência nesses primeiros anos, devido a dificuldades de

adaptação dos colaboradores do CTR (Consul) à nova cultura da Brastemp. Esse fato ficou

evidente na pesquisa quando foram analisados os resultados dos primeiros projetos

desenvolvidos na época. Mesmo assim obteve-se o desenvolvimento de várias estratégias,

com algum grau de dificuldade, como ficou evidenciado na pesquisa.

No período seguinte de (1994-1997), depois da formação da Multibras S. A.

Eletrodomésticos, e consolidação de uma cultura única, a organização entra em uma fase de

comportamento pró-ativo, que se evidenciou na consolidação das estratégias. Nessa época se

desenvolveram os primeiros projetos para a América Latina. Tudo isto moveu o CTR para o

Quadrante III, ou seja, mantém a alta escolha estratégica e o determinismo ambiental se reduz,

pois foi evidente a cultura única na organização.

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106

No período inicial pós-globalização do CTR com o CTO da Whirlpool (1997-2006),

ocorreu um fenômeno interessante, pois com o crescimento da concorrência no mercado, e

fragilização dos preços na ponta, devido à concentração de poder dos lojistas, a pesquisa

evidenciou uma volta ao Quadrante I, ou seja, com os preços ditados pelo mercado, o lucro

tornou-se crítico levando à situação denominada de comoditização.

Porém, com uma elaboração mais eficaz do portfólio de produtos, e auxiliado pela

força da marca Brastemp, mais o grande esforço da Whirlpool no enraizamento da

competência inovação, observou-se o retorno ao Quadrante III, o qual é definido como de

estratégia alta. Nesse caso, comandada pelo CTO da Whirlpool, implementando a estratégia

global de inovação em tecnologia, e um determinismo ambiental baixo, devido ao grande

apoio dos colaboradores do CTR à globalização. Esse apoio é identificado na pesquisa quando

foi observada uma visão comum pró-ativa de crescimento pessoal e oportunidade de carreira

internacional.

A adaptação estratégica do CTR nos anos pós-globalização com a Whirlpool foi

interpretada pelo pesquisador, com base em Hrebiniak e Joyce (1985), como Quadrante III.

O período (1997-2006) é marcado pelo amadurecimento administrativo do CTR e, à

medida que a globalização com a Whirlpool é entendida e interpretada por todos como

positiva, percebe-se o aprimoramento da gestão executiva. Sob esse domínio a organização

traça novos patamares de atuação já com enfoque completamente globalizado.

Conforme Hrebiniak e Joyce (1985), o tipo de adaptação estratégica é a escolha

estratégica, onde a organização passa a contar com alta escolha estratégica e baixo

determinismo do meio. A escolha estratégica determinou o domínio organizacional. Assim, a

autonomia e o controle se constituíram em regras e a organização não enfrentou nesse período

muitos problemas quanto às variações ambientais e conseguiu seu equilíbrio no lançamento

de projetos na velocidade adequada e com o custo e qualidade.

Na interpretação do pesquisador há que se ter cuidado com esta pseudo-estabilidade,

pois a mesma , pode ser perigosa, criando uma armadilha e facilitando o surgimento da fase

chamada Aristrocacia, segundo Adizes(1990), onde se corre o risco de se iniciar o declínio

da organização devido a redução de flexibilidade e capacidade da mesma de não produzir

resultados a longo prazo.

Outro fator importante a ser evitado na visão do pesquisador, é que sendo o CTR

altamente especializado o mesmo poderá relutar na procura de novas oportunidades e passar

de uma posição prospectora para a posição defensiva, segundo Miles e Snow (1978),

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107

tornando-se pouco ousado na tomada de riscos e introdução de novas tecnologias. Com isto

poderá perder competitividade ao longo do tempo.

Outra grande ameaça poderá ocorrer se a organização passar para uma baixa escolha

estratégica e alto determinismo do meio, onde se estabelece a chamada comoditização,

passando o mercado a comandar o preço e definindo a queda de lucratividade do negócio a

um nível perigoso para a sobrevivência da organização, ou seja o quadrante I ou seleção

natural descrito por Hrebiniak e Joyce(1985). Este deverá ser o fator principal a ser

combatido pelo CTR, no sentido de criar diferencial competitivo para as marcas, através da

introdução de novas tecnologias que dispertem valor agregado, na visão dos consumidores,

nos novos produtos a serem lançados.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS

O presente trabalho abre as portas para a iniciativa de futuras discussões a respeito da

adaptação estratégica organizacional.

Com base neste trabalho, pesquisadores poderão estudar o comportamento adaptativo

estratégico de empresas similares, o que contribuiria para futuros estudos multicasos nessa

indústria.

A pesquisa permitiu identificar diversos momentos da organização e procurou-se

classificá-los com base na literatura técnica, com o objetivo de fundamentar teoricamente o

entendimento do fenômeno.

O campo é muito vasto e com certeza existem muitos pontos que não foram

abordados, porém deixando a oportunidade para novas pesquisas futuras, como por exemplo,

a sugestão do estudo e aprofundamento do entendimento das culturas organizacionais

envolvidas neste case, que constituiria fator de extrema importância e interesse geral.

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WEBER, M. The theory of social and economic: organization, Talcott Parsons, org., Nova York: The Free Press, 1947.

WHIRLPOOL CORPORATION, Senior management convention - the change management program, 2007.

WOOD JR., Thomaz (Coord.). Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em administração de empresas. São Paulo: Atlas e Coopers & Lybrand, 1995. p. 188-216.

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APÊNDICES

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APENDICE 1

PESQUISA APLICADA

1) Como foi a história estratégica em sua visão do Centro de Tecnologia de Refrigeração da

Multibras S. A. Eletrodomésticos durante toda a sua existência, entre os anos de 1991 e 2006?

(Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta se resume entre 1991 e ano em

que deixou a mesma).

2) Quais foram as mudanças estratégicas ocorridas no Centro de Tecnologia de Refrigeração

da Empresa Multibras S. A. Eletrodomésticos durante os períodos de:

2.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991-1994)

2.2) Durante a existência da Multibras (1994-1997)

2.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997-2006)

(Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de saída)

3) Qual foi o impacto gerado em colaboradores do Centro de Tecnologia de Refrigeração

ainda em atividade, que se aposentaram no período, e, ainda em alguns outros que deixaram a

organização neste período (1997-2006).

4) No seu modo de ver qual foi a principal estratégia adotada pelo Centro de Tecnologia de

Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos em cada evento presente neste

contexto?

4.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994)

4.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997)

4.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006)

(Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o

mesmo se desligou)

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APÊNDICE 2

CARTA DE APRESENTAÇÃO E QUESTIONÁRIO SOBRE A ADAPTAÇÃO

ORGANIZACIONAL ESTRATÉGICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CATARINA (UDESC)

PROJETO DE PESQUISA: ADAPTAÇÃO ORGANIZACIONAL ESTRATÉGICA

Prezado Senhor

Este questionário é parte de um projeto de pesquisa sobre a adaptação estratégica

organizacional do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S A Eletrodomésticos.

O questionário requer que você expresse a sua opinião pessoal sobre o impacto das mudanças

e estratégias adotadas nos períodos mencionados.

Seu nome foi escolhido para fazer parte da amostra de funcionários que serão entrevistados.

Para responder as perguntas do questionário serão gastos aproximadamente 40 minutos, e, ao

participar, você nos permitirá realizar um trabalho de pesquisa.

Todas as perguntas são do tipo questão aberta. Por favor, solicitamos que responda a todas as

perguntas. O questionário é anônimo, portanto, o seu nome não está incluído entre os dados

solicitados. Qualquer dúvida que você tenha, por favor, pergunte ao pesquisador A sua

participação é sumamente importante e desde já lhe agradecemos.

Solicitamos a fineza de devolver este questionário no prazo de uma semana enviando a cópia

para o e-mail: [email protected]

Atenciosamente,

Marcos Vinícius de Barros

Pesquisador – fone: 8809-3673

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ANEXOS

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ANEXO 1

Vista aérea da Whirlpool – Unidade de Eletrodomésticos - Joinville, SC

• Terreno = 1.060.500 m²

• Área Construída = 213.700 m²

• Capacidade de Produção = 3.500.000 produtos por ano

• Número de Empregados: 5.918

• Produtos e Serviços:

• Manufatura de Refrigeradores, Freezers Verticais/Horizontais e Secadoras

• Centro de Desenvolvimento de Produtos Refrigeração, Cocção e Condicionadores de

Ar

• Televendas

• Design Industrial

• Centros de Competências:

• Sub-Sistema de Refrigeração (Cooling)

• Sub-Sistema de Controles

• Laboratório de Acústica

• Desenvolvimento de Embalagens

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ANEXO 2

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL GLOBAL DE TECNOLOGIA REFRIGERAÇÃO

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE

REFRIGERAÇÃO DA AMÉRICA LATINA (CTR)

MARCOS V.DE BARROSGerente Geral

Plannejamnento e Controle

Plataformas & Sub-sistemas

Serviços

CAD-CAM-PDM Protótipos

Gerente Plataforma Multidoor/Maestro

C I T - LAR

Secretária

MBB / OpEx

Gerente TécnicoCooling

GerenteReduçao de Custos

Desenv.e Avaliação

Inovação

Gerente Laborat. Desenv. e Aval.Produtos

Gerente PlataformaMonodoor / Freezer

e Winner

S.S. Controles S.S. RefrigeraçãoS.S.Estrut.Mecânicas S.S. Ice & Water

Aprov.Prod. GerenteEng.Transreg.

Gerente SS Materiais

S.S. Controles Global

GM TechBenton Harbor, MI

PDC DirectorN A R - U S

Amana, IA

DirectorGlobal PA/LO

DirectorGlobal Tech.Evansville, IN

PDC DirectorW E

Cassinetta, IT

PDC DirectorNAR-MexicoMonterey, MX

North America Region Other Regions Global

DirectorGlobal GrowthEvansville, IN

PDC DirectorLAR

Marcos V. BarrosJoinville, BR

PDC DirectorAsia

Raj . India

Dir. GlobalSxS Platform

Evansville, IN

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ANEXO 3

INSTALAÇÕES/EQUIPAMENTOS E PROCESSOS DE ENGENHARIA DO

CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO

Laboratórios:

a)Desenvolvimento e Avaliação de Produtos

b)Confiabilidade de Produtos e Componentes (testes de vida)

c)Segurança (atendimento a normas de segurança mundiais)

d)Verificação de Produtos

e)Usabilidade de Produtos

f)Acústica e Vibração

g)Estruturas e Embalagens

h)Laboratórios dos Centros de Competência de Controls e Cooling

Protótipos:

a)Prototipagem Rápida (sinterização a Laser, softmolding, corte a lazer de metais e plásticos,

dobra CNC e máquinas de usinagem rápida)

b)Processo e Suporte (Marcenaria, Pintura, Injeção de PU e Termoformagem)

CAD/CAM/CAE/PDM:

a)Hardware: IBM e Dell Workstations

b)Softwares: Pro/E, Moldflow, Ansys, CFX, Hypermesh, Mechanical Advantage, CMS.

Processos:

a)Processos Globais de Aprovação de Produtos de acordo com padrões internacionais

orientados por procedimentos Globais da Whirlpool

b)C2C Refresh (Processo Global de Desenvolvimento de Novos Produtos)

c)Robust Product Design (Robustez de Projetos)

d)Lean Thinking

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ANEXO 4

PERFIL ORGANIZACIONAL DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE

REFRIGERAÇÃO (CTR)

Total de funcionário: 188 pessoas (base: Maio / 2007)

10% são Mulheres

2% são Deficientes

Nível de Escolaridade:

Técnico/2°grau: 49 pessoas

Graduação: 79 pessoas

Pós-graduação: Especialistas 35 pessoas

Mestres 23 pessoas

Doutores 02 pessoas

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ANEXO 5

ALGUNS LANÇAMENTOS DE PRODUTOS DE REFRIGERAÇÃO REALIZADOS

PELO CTR (2001 A 2007)

TangoLançado em Agosto/2002Refrigerador 2 Portas (bottom freezer)Marca Brastemp

FrevoLançado em Novembro/2001Refrigerador 1 PortaMarca Consul

BluesLançado em Setembro/2002Refrigerador Compacto 80L (porta de vidro)Marca Brastemp

TornadoLançado em Março/2003Refrigerador 2 Portas com menor nivel de ruído e deconsumo de energia da categoria (com VCC)Marca Brastemp

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Brastemp Fashionlançado em Junho/05

O primeiro Mini-Refrigerador que vemcom opções de painéis para afixar naporta.

Marca Brastemp

Projeto SalsaLançado em Março/20041° Refrigerador de 1 Portacom water dispenser externo

Marca Consul

Projeto Maestrolançado em Março/2004

Refrigeradores 2 Portas (top freezer, bottomfreezer, no-frost e direct cool) 320 à 450 litros

Marca Brastemp Consul e Whirlpool

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SambaLançado em Agosto/2006O Refrigerador 1 Porta com dispenserde água externo de menor preço preço

Marca Consul

AquarelaLançado em Março/2007Possibilidade de escrever e desenharna porta e nas laterais do Refrigerador

Marca Consul

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ANEXO 6

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR RICARDO OLIVEIRA ROSA CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA TRANSREGIONAL ENGINNERING

1) DESCREVA DE FORMA OBJETIVA QUAL A SUA VISÃO PESSOAL SOBRE QUAL FOI A HISTÓRIA ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS S. A. ELETRODOMÉSTICOS A PARTIR DE SUA FORMAÇÃO EM 1991 E 2006? 1.1) OBJETIVO DE SUA CRIAÇÃO? Integrar as Tecnologias de Brastemp e Consul, na época duas empresas distintas pertencentes a Brasmotor, buscando sinergia entre ambas, mantendo o conhecimento acumulado e ao mesmo tempo otimizando os custos no desenvolvimento de produtos. 1.2) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS? Duas empresas com características e culturas totalmente diferentes. De um lado a Brastemp posicionada no mercado como detentora de alta tecnologia, o que influenciava diretamente o comportamento de seus funcionários em relação às demais empresas. Em geral seus funcionários eram contrários as mudanças. Pelo fato de estar situada no coração do ABC paulista, os salários eram maiores que os pagos pela Consul. De outro a Consul como segunda marca no mercado de refrigeradores, onde seu funcionários apresentavam um comportamento mais conciliador frente às mudanças. Havia um maior senso de comprometimento para com os resultados da empresa. 1.3) PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO PERÍODO? - Adequação à Visão Brasmotor, buscando sinergia com a Brastemp - Definição do CTR em Joinville - Início da Integração com Engenharia Residente da Brastemp através do desenvolvimento de um primeiro projeto para aquela planta (20DN) - Período altamente turbulento devido a grande resistência e não aceitação da decisão por parte dos funcionários de SBC. - Consolidação do CTR com o desenvolvimento de um segundo projeto (Symphony) compartilhando a liderança do mesmo com SBC e San Luiz, bem como trazendo alguns Engenheiros de SBC para trabalhar diretamente no desenvolvimento. - Maior aproximação com a liderança Global da Whirlpool, buscando adquirir o respeito e valorização das competências da região. - Consolidação destas competências com a criação de centros de desenvolvimento globais

em Joinville. 2) QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS MUDANÇAS ESTRATÉGICAS OCORRIDAS NO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS DURANTE OS PERÍODOS DE? 2.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994)? - Busca de Sinergia com a Brastemp, dentro dos princípios da Visão Brasmotor - Migração para sistemas de CAD/CAM - Início da implantação de Engenharia Simultânea para o desenvolvimento de projetos - Desenvolvimento de um primeiro produto para a planta de São Bernardo do Campo 2.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997)? - Consolidação do CTR com o desenvolvimento de um segundo projeto para São Bernardo do Campo e San Luiz na Argentina, compartilhando a liderança do mesmo - Aperfeiçoamento da Engenharia Simultânea - Implementação da Carreira Y, visando retenção dos talentos

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- Início de integração com Whirlpool - Início de contato com o C2C - processo de desenvolvimento de produtos desenvolvido pela Whirlpool. 2.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006)? - Total integração à Estrutura Global - Criação das Plataformas e Subsistemas - Total aderência ao C2C, com desdobramento às demais áreas da empresa - Desenvolvimento de projetos Globais - Foco nas competências fundamentais à empresa (Core Competencies) - Aumento do foco no Consumidor, com a criação do conceito de "Robust Design" - Senso de Urgência, levando a um foco maior no prazo de lançamentos - "Time to market" - Alto foco em redução de custos e assertividade nas previsões dos projetos (prazo, custo e investimento). 3) QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS IMPACTOS GERADOS DEVIDO AS MUDANÇAS MENCIONADAS NOS COLABORADORES DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO NOS PERÍODOS DESCRITOS ABAIXO? 3.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994)? - Necessidade de aprender a utilizar o computador para desenvolvimento de produtos (CAD) - Início de integração com as demais áreas da empresa no tocante ao desenvolvimento de produtos. - Início da exposição e aceitação de uma cultura diferente (Brastemp). 3.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997)? - Necessidade de adequação à nova cultura - Busca de autodesenvolvimento em função da Carreira Y (Inglês, Graduação - no caso dos Técnicos e Projetistas - e Pós Graduação). 3.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006)? - Grande ênfase no aperfeiçoamento do Inglês. - Possibilidade de participação em projetos globais e expatriação - Maior exposição à Liderança Global - Menor tolerância ao erros (projeto, custos e prazos) - Maior necessidade de autodesenvolvimento e desempenho 4) NO SEU MODO DE VER QUAL FOI A PRINCIPAL ESTRATÉGIA ADOTADA PELO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS EM CADA EVENTO PRESENTE NESTE CONTEXTO? 4.1)-CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994)? - Preparação das competências visando trazer para Joinville o CTR 4.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997)? - Consolidação do centro de desenvolvimento da Multibras, buscando uma maior integração

com as demais plantas (SBC e San Luiz na Argentina) 4.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006)? - Desenvolvimento de competências e talentos com o objetivo de buscar o reconhecimentos das demais regiões da Whirlpool, trazendo com isto investimentos em centros de excelência, tais como Cooling, Controls e Eletrônica.

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ANEXO 7

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR ALPHEU GUERREIRO CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA DESIGN TO VALUE (DTV)

1) DESCREVA DE FORMA OBJETIVA QUAL A SUA VISÃO PESSOAL SOBRE QUAL FOI A HISTÓRIA ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS A PARTIR DE SUA FORMAÇÃO EM 1991 E 2006? 1.1) OBJETIVO DE SUA CRIAÇÃO? - A criação do CTR teve como objetivo uma melhor estruturação da área de tecnologia que, até então, era muito focada em alterações mecânicas de produtos existentes e apresentava deficiências em outras áreas como, por exemplo, controles e materiais. - A estratégia inicial foi de ampliar o escopo de conhecimento e aplicação de tecnologia, posteriormente focando em projetos de novos produtos e, finalmente, globalizando. 2) QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS MUDANÇAS ESTRATÉGICAS OCORRIDAS NO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS DURANTE OS PERÍODOS DE? 2.1) CTR CONSUL/PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 /1994) - Aumento do escopo de atuação, migrando de engenharia de produtos para centro de tecnologia com foco em desenvolvimento de novos produtos. Início da aplicação da metodologia de engenharia simultânea com envolvimento das demais áreas da empresa. - Definida a alocação dos recursos de tecnologia de refrigeração em Joinville com a responsabilidade de desenvolver projetos para a unidade SBC. 2.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRÁS (1994 / 1997) - Consolidação como centro de tecnologia com nível de abrangência maior, atendendo Joinville, SBC e Argentina. Teve como marco o lançamento do projeto Symphony no início de 1998 que consistiu de uma família de novos produtos com tecnologia no frost e eletrônica embarcada, produzidos nas plantas de Joinville, SBC e Argentina. - Outra iniciativa importante ocorrida no final desta fase foi o “time to market” que consistia de uma série de ações para melhorar o lead time de lançamentos de novos produtos concomitante com melhorias de qualidade e custos mais competitivos. Um exemplo foi o “early supplier involvement”. 2.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 / 2006) - Alteração da estrutura organizacional, consistindo em plataformas e subsistemas , com foco em manutenção dos produtos existentes e desenvolvimento de novas tecnologias, respectivamente. Os times de projeto são mantidos para desenvolvimento de novos produtos, utilizando a metodologia C2C. - Liderança de tecnologia global, demandando mudanças culturais / comportamentais importantes, bem como a necessidade de fluência no idioma inglês em todos os níveis da organização. O intercâmbio entre regiões aumentou muito, demandando o uso de “phone conferences” globais e viagens para o exterior. - Podemos citar como marco desta fase o projeto global Ópera que foi lançado no Brasil e na Índia. - Complementarmente, passamos a utilizar ferramentas importantes com mais intensidade, como simulações de engenharia, “benchmarking” de produtos concorrentes, seis sigma, modularidade etc.

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3) QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS IMPACTOS GERADOS DEVIDO AS MUDANÇAS MENCIONADAS NOS COLABORADORES DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO NOS PERÍODOS DESCRITOS ABAIXO? 3.1) CTR CONSUL /PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 /1994) - Necessidade de adaptação mais rápida às novas tecnologias, pois nesta época houve a migração definitiva da prancheta para o CAD que já havia sido iniciada antes. - Início de mudança cultural com a recepção de alguns engenheiros e projetistas vindos da Brastemp SBC para Joinville com a integração das engenharias de produtos das duas empresas. - Entendimento de que o sucesso dos projetos dependia de todas as áreas da CIA, aumentando o contato da tecnologia com as demais áreas (engenharia simultânea). 3.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRÁS (1994 / 1997) - Necessidade de melhorar a formação, impulsionada pela carreira Y que definia critérios de pontuação para crescimento profissional. Aumentou significativamente o número de pós-graduandos e mestres, bem como o movimento de profissionais de nível médio que voltaram a estudar, ingressando em cursos de engenharia e design. - Movimento em massa dos colaboradores para estudar inglês, motivados pela carreira Y e pelo aumento das interações com outras regiões da Whirlpool. - Necessidade de aumento de produtividade para aumentar a eficiência de projetos. 3.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 / 2006) - Necessidade de adaptação à nova estrutura organizacional de plataformas e subsistemas. Com isso, aumentou significativamente o foco em desenvolvimento de novas tecnologias, inclusive aumentando a produção de patentes. - Forte movimento no sentido de aumentar a formalização dos processos (cultura norte americana) direcionada pela implantação do C2C como metodologia de desenvolvimento de produtos. - Pessoas passam a ter uma visão mais global , impulsionadas pelos contatos diários com outros países, através de “phone conferences”, viagens e recebimento de estrangeiros. - O domínio do idioma inglês passa a ser requisito básico para crescimento de carreira em todos os níveis, chegando a ser fator determinante de permanência na empresa para alguns cargos. - Necessidade de especialização tecnológica das pessoas nos subsistemas, bem como domínio do uso de ferramentas como simulações e seis sigma. 4) NO SEU MODO DE VER QUAL FOI A PRINCIPAL ESTRATÉGIA ADOTADA PELO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS EM CADA EVENTO PRESENTE NESTE CONTEXTO? 4.1) CTR CONSUL /PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 /1994) - Estruturação para atender a demanda de desenvolvimento de novos produtos acelerada pela abertura da economia brasileira. - Preparação para assumir o controle da integração das engenharias de produtos Consul e Brastemp. - Investimento em infra-estrutura (CAD) e treinamento. - Aumento das interfaces com as demais áreas da empresa (redução de barreiras). 4.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRÁS (1994 / 1997) - Consolidação como centro de tecnologia, assumindo a liderança de “mega projects” a serem produzidos em Joinville, SBC e Argentina. - Ações para melhorar a velocidade de projetos (time to market) como parcerias com fornecedores e ferramentarias, aumento da utilização de simulações e investimentos nas áreas de protótipos e laboratórios. 4.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 / 2006)

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- Toda estrutura foi redesenhada para estar alinhada com a estrutura global. - Definição de uma postura pró-ativa em relação às demandas globais, o que resultou no crescimento do centro de tecnologia no Brasil, inclusive prestando serviços e desenvolvendo novos produtos para vários países. - Investimento pesado em infra-estrutura e treinamento para melhorar a acuracidade de projetos (simulações de engenharia / seis sigma). - Alinhamento maior da área de tecnologia com as demandas do negócio, aumentando o foco na agilidade de lançamento de novos produtos, melhorias de qualidade e reduções de custos.

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ANEXO 8

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR GILBERTO MÜLLER CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA DE PRODUTOS (APOSENTADO EM 2001)

1) DESCREVA DE FORMA OBJETIVA QUAL A SUA VISÃO PESSOAL SOBRE QUAL FOI A HISTÓRIA ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS A PARTIR DE SUA FORMAÇÃO EM 1991 E 2006? (PARA OS ENTREVISTADOS QUE DEIXARAM A ORGANIZAÇÃO A PERGUNTA SE RESUME ENTRE 1991 E ANO QUE DEIXOU A MESMA). 1.1) OBJETIVO DE SUA CRIAÇÃO. Otimizar a Área Tecnológica, tornando-a mais competente e eficiente. 1.2) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS. Novas tecnologias e recursos humanos compatíveis. 1.3) PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO PERÍODO. Aprimorar os recursos humanos na área de tecnologia. Busca de novas tecnologias. 2) QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS MUDANÇAS ESTRATÉGICAS OCORRIDAS NO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS DURANTE OS PERÍODOS DE? 2.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994). Na pré-formação da Multibras, o CTR enfrentou a adequação de novas ferramentas tecnológicas, a exemplo da Computação Gráfica e Softwares de simulação. 2.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Consolidação e aplicação das novas tecnologias no desenvolvimento de Novos Produtos, diferencialmente adequados ao mercado. 2.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). Com a globalização as mudanças estratégicas, focaram-se em um novo paradigma, devido a as novas características do mercado global. 3) QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS IMPACTOS GERADOS DEVIDO ÀS MUDANÇAS MENCIONADAS NOS COLABORADORES DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO NOS PERÍODOS DESCRITOS ABAIXO? 3.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994). O CTR precisou adequar-se ao desenvolvimento de Produtos Globais. 3.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Durante este período, O CTR, sentiu o impacto de necessitar da interface Whirlpool, para tomada de decisões no desenvolvimento de Produtos e Processos. 3.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). A Globalização forçou o CTR e também a Multibras, a não só manter a interface com a Whirlpool, como também, com empresas em outros países. Este impacto ocasionou a modificação de hábitos, atitudes e até mesmo valores. 4) NO SEU MODO DE VER QUAL FOI A PRINCIPAL ESTRATÉGIA ADOTADA PELO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS EM CADA EVENTO PRESENTE NESTE CONTEXTO? 4.1)CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994). Adequação inicial ao novo paradigma tecnológico.

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4.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Compartilhar as tomadas de decisões, na interface com a Whirlpool. 4.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). Solidificar-se como CTR, altamente especializado e globalizado. Informo que o ano de desligamento foi 2001.

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ANEXO 9

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR ADELAR DALZÓCHIO CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA DE PRODUTOS (APOSENTADO EM 2005)

1) DESCREVA DE FORMA OBJETIVA QUAL A SUA VISÃO PESSOAL SOBRE QUAL FOI A HISTÓRIA ESTRATÉGICA DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS A PARTIR DE SUA FORMAÇÃO EM 1991 E 2006? (PARA OS ENTREVISTADOS QUE DEIXARAM A ORGANIZAÇÃO A PERGUNTA SE RESUME ENTRE 1991 E ANO QUE DEIXOU A MESMA). 1.1) OBJETIVO DE SUA CRIAÇÃO. Na época a estrutura de desenvolvimento de produtos da Cônsul encontrava-se um tanto confusa e dispersa. Sob o comando de um Gerente de Engenharia que administrava toda a equipe de desenvolvimento, Engenheiros e Projetistas, mais os responsáveis pelo desenho industrial. Muito pouca sinergia e os canais de comunicação entre as áreas, Engenharia, Desenho Industrial, Produção, Marketing entre outras, estava prejudicado. Para sanar estas deficiências, proporcionar ganhos de sinergia e com foco exclusivo no desenvolvimento de produtos que atendesse aos anseios dos consumidores, foi criado o CTR. Com responsáveis dedicados a departamentos específicos pelo desenvolvimento de refrigeradores, de ar condicionado, desenho industrial, laboratórios, e engenharia residente para atendimento a produção. Áreas de desenvolvimento avançado e de suporte, como Materiais e Administração de Engenharia, também foram criados com responsabilidades claras e transparentes. 1.2) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS. Acredito que a principal característica tenha sido a divisão das atividades de desenvolvimento em departamentos específicos a cada linha de produtos e por áreas de atuação, como Desenho Industrial, Laboratórios e Protótipos. A aprovação de um projeto, no aspecto do desenho de engenharia, no desenho industrial e projeto fabril, passaram a ser feita por um comitê composto por Diretores, Gerentes e responsáveis por cada área de desenvolvimento, inclusive, e principalmente, por Marketing. 1.3) PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO PERÍODO. Como estratégia mencionaria a adoção de um processo compartilhado de aprovação de projetos, os primeiros passos na aplicação de Engenharia Simultânea, equipes focadas em novos projetos, em atividades de redução de custo e de melhoria da qualidade. 2) QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS MUDANÇAS ESTRATÉGICAS OCORRIDAS NO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS DURANTE OS PERÍODOS DE? 2.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994). No CTR da Cônsul as estratégias foram as já mencionadas e as mudanças foram no sentido de adaptá-las e melhorá-las na medida em que eram usadas e ganhava-se experiência. Nesta fase tivemos a implantação de projetos e desenhos por computador –CAD/CAM- uma nova tecnologia que empolgaram a todos os projetistas. Também nesta época ocorreu o primeiro desenvolvimento com equipe multidisciplinar e aplicação de Engenharia Simultânea. Buscava-se reduzir o tempo de desenvolvimento e chegar ao mercado antes da concorrência. 2.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Com o advento da Multibras as unidades Cônsul e Brastemp passaram a fazer parte de um mesmo guarda-chuva e as respectivas marcas mantiveram sua identidade, porém administradas pela mesma área de Marketing. A nova empresa tinha que formar uma cultura própria diversa da que existia na Cônsul e Brastemp. Nascia ali o movimento corporativo da Visão Brasmotor.

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Como conseqüência da junção das duas empresas o Centro de Tecnologia de Refrigeração teve sua responsabilidade aumentada, passando a desenvolver produtos de refrigeração para a marca Brastemp mantendo a produção em São Bernardo do Campo. Também nesta época o processo de Engenharia Simultânea foi aperfeiçoado e nasciam ali os primeiros esboços do Processo de Desenvolvimento de Produtos C2C. No aspecto de retenção e motivação de profissionais de desenvolvimento foi implantado a carreira técnica chamada de Carreira Y. Processo esse aperfeiçoado nos anos subseqüentes e que serviu de exemplo e padrão para as outras unidades do grupo. 2.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). Com a globalização Whirlpool os horizontes do CTR se ampliaram. As estratégias passaram a ser as da Whirlpool. O foco antes regional se ampliou passando a se desenvolver produtos globais atendendo a mercados nunca antes atingidos. A sinergia entre as várias áreas de Tecnologia da Whirlpool foi para mim, a principal estratégia adotada. Os projetos passaram a ser compartilhados globalmente com recursos e participação das várias regiões. O Processo de Desenvolvimento de Produtos C2C foi aperfeiçoado e alavancado globalmente a ponto dos projetos não serem executados sem a nomeação de um líder e de uma equipe dedicada, por menor que fosse sua magnitude. A troca de conhecimento técnico entre as regiões em todas as áreas de desenvolvimento, Projeto, Design, Protótipos e Laboratórios, inclusive com movimentação de Engenheiros e Projetistas em ambos os sentidos, mostrou ser um dos principais benefícios da globalização.

3) QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS IMPACTOS GERADOS DEVIDO ÀS MUDANÇAS MENCIONADAS NOS COLABORADORES DO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO NOS PERÍODOS DESCRITOS ABAIXO? 3.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994). A formação do CTR na antiga Cônsul teve impacto positivo nos colaboradores tornando-os mais responsáveis e dedicados devido à clareza de suas atribuições. Muitos deles investiram em estudos e treinamento tornando-se especialistas nas atividades. A implementação de projetos e desenhos por computador teve impacto positivo nos projetistas motivando-os para a nova tecnologia sempre buscando aperfeiçoamento no uso do CAD/CAM. 3.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Durante a existência da Multibras notamos nos colaboradores impactos positivos e negativos. De positivo tivemos a implantação da Carreira Y. Em função disto a motivação para adquirir maior conhecimento, cursos superiores, cursos de Inglês, cursos especializados e treinamentos internos, foi aumentada. Como impacto negativo, que atingiu mais para alguns e menos para outros, foi o relacionamento conflitante com a Engenharia de São Bernardo do Campo. Egos feridos e bairrismo de ambos os lados. 3.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). Com a globalização os Especialistas, Engenheiros e Projetistas passaram a se preocupar com a formação técnica e o aprendizado da língua Inglesa. As oportunidades de trocas de recursos de projeto com outras regiões começaram a aparecer com freqüência e muitos as aproveitaram assumindo posição de liderança no exterior. O conhecimento da língua Inglesa passou a ser requisito indispensável na formação de Engenheiros e Projetistas. A comunicação com as outras regiões passou a ser diária assim como as viagens e estágios nas várias unidades da Whirlpool. Todos se sentindo em uma Multinacional e globalizada. 4) NO SEU MODO DE VER QUAL FOI A PRINCIPAL ESTRATÉGIA ADOTADA PELO CENTRO DE TECNOLOGIA DE REFRIGERAÇÃO DA EMPRESA MULTIBRAS S A ELETRODOMÉSTICOS EM CADA EVENTO PRESENTE NESTE CONTEXTO? 4.1) CTR DA CONSUL / PRÉ-FORMAÇÃO DA MULTIBRAS (1991 - 1994).

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Na fase Cônsul a principal estratégia do CTR foi a de desenvolver produtos com equipes claramente definidas, com redução do tempo de projeto incentivando a sinergia de todas as demais áreas, de Marketing a Produção. Áreas específicas periféricas, como Materiais e Desenvolvimento Avançado, mantinham o foco em suas especialidades e agindo como suporte ao desenvolvimento do produto. 4.2) DURANTE A EXISTÊNCIA DA MULTIBRAS (1994 - 1997). Acredito que tenha sido a formação de recursos, humanos e físicos, capacitados a desenvolver produtos corporativos, conquistando credibilidade e reconhecimento da Organização. Inúmeras ações foram deflagradas no sentido de integração com a unidade de São Bernardo do Campo e na criação de uma cultura própria Brasmotor. 4.3) FINALMENTE COM A GLOBALIZAÇÃO COM A WHIRLPOOL (1997 - 2006). Os esforços foram canalizados para tornar-se um Centro de Tecnologia de Refrigeração reconhecido globalmente dentro do universo Whirlpool, pelo desenvolvimento de produtos destinados à produção em outras regiões. Formando profissionais capacitados e técnicas criativas no desenvolvimento de produtos e soluções para todas as regiões. A utilização do processo de desenvolvimento C2C, modificado e melhorado ao longo dos anos, permitiu através dos Toll Gates e participação compartilhada de todas as áreas técnicas, o desenvolvimento de produtos com adequados custos e qualidade.

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ANEXO 10

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR RODRIGO H ARAÚJO CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA DE PRODUTOS

1) Descreva de forma objetiva qual a sua visão pessoal sobre qual foi a história estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S A Eletrodomésticos a partir de sua formação em 1991 e 2006? (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta se resume entre 1991 e ano que deixou a mesma). 1.1) Objetivo de sua criação Gerar e perenizar conhecimento e valorizar o processo de desenvolvimento de produtos dentro do fluxo de valor da empresa p/ desenvolver e inovar novos produtos e melhorar continuamente os produtos atuais. 1.2) Principais características Ser centralizado e único. Criar um sistema de geração de conhecimento contínuo. . Proporcionar aos profissionais envolvidos alto grau de valorização e sentimento de pertencer. 1.3) Principais estratégias adotadas no período Estratégia de criação de identidade, de domínio técnico da planta de SBC e posteriormente de submissão a globalização com oportunidade. 2) Quais foram as principais mudanças estratégicas ocorridas no Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos durante os períodos de? 2.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) Foi uma estratégia de criação de identidade e criação de conhecimento. O objetivo foi criar conhecimento e domínio sobre o processo de desenvolver produtos, com pouca ênfase no domino técnico de subsistemas ou componentes. Foi dado ênfase em dominar ferramentas como CAD, e início de busca de ferramentas CAE (basicamente Ansys). As estruturas do CTR ainda eram muito parecidas com as estruturas anteriores (Eng. Produtos, Lab, CAD, Protótipos, Pesquisa Avançada, Eng. Processos). 2.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) O foco foi de consolidação do domínio técnico frente à estrutura administrativa de SP e de domínio sobre a planta de SBC. Uma das estratégias importantes foi trazer profissionais significativos da estrutura de projetos de SBC p/ pertencer ao time de Jlle. Observou-se mais ênfase em buscar conhecimento sobre determinados subsistemas, mas ainda sem reestruturar a organização do CTR, ocorreu somente uma maior especialização das engenharias de produtos (divisão por linhas Duas portas, Uma porta e Freezers) 2.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) O principal fato foi a reestruturação das engenharias em subsistemas e plataformas para com isso dar mais ênfase no desenvolvimento de sistemas e componentes e não somente em produtos e explicitação de coordenação de lideres em outras regiões do mundo e posterior inserção dos profissionais de Jlle dentro do time global. A adequação da estrutura local p/ espelhar a estrutura dos USA se caracterizou como submissão p/ alavancar oportunidades no período de 1997 a 2000. Após este período, o reconhecimento do CTR de Jlle perante a estrutura global foi reconhecido e observou-se a tendência de internacionalização e participação nas estratégias globais. Após este período surgiram as estruturas globais localizadas no Brasil, onde todo o trabalho é realizado p/ fora do Brasil, sem visibilidade pelo publico interno (do Brasil)

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3) Quais foram os principais impactos gerados devido às mudanças mencionadas nos colaboradores do Centro de Tecnologia de Refrigeração nos períodos descritos abaixo? 3.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) O principal impacto foi a questão do choque cultural entre as organizações de Jlle e SBC com os primeiros projetos sendo feitos em parceria. Os profissionais de Jlle foram expostos a um ambiente mais competitivo do que o local, tanto no aspecto de resultados quanto comportamental. Iniciou-se neste período a busca por aumento de conhecimento principalmente em Universidades p/ o time de Jlle se sentir legitimado como o CTR. 3.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) A busca por aumento de conhecimento se consolidou. Diversos profissionais buscaram pós-graduações e mestrados p/ se diferenciarem dentro do CTR e iniciou-se um início de ênfase em aumentar conhecimento em subsistemas, por exemplo, foco em domínio de ferramentas CAE (Ansys, Fluxo de ar, etc), e profissionais com especialização em áreas como refrigeração e elétrica foram contratados. 3.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) A estrutura de tecnologia dividida em plataformas e subsistemas determinou com mais clareza áreas de aumento de conhecimento p/os profissionais do CTR, dentro de tecnologias especificas quanto com relação a domino do idioma Inglês. Esta divisão descentralizou o poder. Níveis de chefia e especialistas passaram a ter mais responsabilidade e autoridade e novas oportunidades de crescimento profissional foram abertas tanto dentro da região LAR quanto na dentro da estrutura de tecnologia global. 4) No seu modo de ver qual foi a principal estratégia adotada pelo Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos em cada evento presente neste contexto? 4.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) Estratégia de expansão p/ garantir a perpetuação 4.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) Estratégia de dominação e consolidação com centro único. 4.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) Divido as estratégias em dois períodos. De 1997 a 200, houve uma estratégia de submissão às estruturas e políticas da organização dos USA. De 2000 ate agora, temos uma estratégia de internacionalização do CTR, onde se busca colocar profissionais de Jlle dentro de postos chaves, participando de diversos projetos globais e possuindo equipes localizadas em Jlle, mas servindo diretamente ao time dos USA.

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ANEXO 11

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR NILTON SIMAS CARGO: GERENTE DE TECNOLOGIA DE PRODUTOS

1) Descreva de forma objetiva qual a sua visão pessoal sobre qual foi a história estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S A Eletrodomésticos a partir de sua formação em 1991 e 2006? (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta se resume entre 1991 e ano que mesmo deixou a mesma). 1.1) Objetivo de sua criação O objetivo principal foi o de concentrar e estruturar conhecimento de forma a atender a todos os projetos de desenvolvimento de produtos, onde quer que estes viessem a ser manufaturados. 1.2) Principais características Inicialmente muito focado na marca Consul, constituía-se de uma estrutura gerencial composta por engenheiros e projetistas que atuavam com conhecimento mais genérico. Com o passar do tempo, passou-se a ter grupos mais especializados por tipo de tecnologias aplicadas. 1.3) Principais estratégias adotadas no período Criação da estrutura de subsistemas de tecnologia, atuando matricialmente com as plataformas e grupos de projetos. A adoção da figura do CVT (Component Value Team) na área de Suprimentos, que em um primeiro momento teve seu efeito positivo, porém acabou sendo destituído e incorporado pelos subsistemas de tecnologia. Grande foco na informatização dos processos e adoção de um sistema global de CAD (Pro-e). A adoção do processo global de Product Approval. 2) Quais foram as principais mudanças estratégicas ocorridas no Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos durante os períodos de? 2.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) Forte adoção de CAD/CAM, iniciada no final dos anos 80. A adoção de processo de desenvolvimento de produtos por grupos multifuncionais (Engenharia Simultânea), liderados pelo CTR. 2.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) A adoção do "Pro-e" em substituição ao EUCLID, ficando então alinhada com toda a Whirlpool. Investimento em "Fast Prototyping", o que muito ajudou no desenvolvimento dos produtos. Adoção do processo global de desenvolvimento de produtos C2C. A implantação da Carreira Técnica, com o intuito de valorizar e reter talentos na área de tecnologia. 2.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) O desenvolvimento do trabalho de "Time To Market" suportado por consultoria externa, visando otimização dos processos na busca de maior velocidade de desenvolvimento de produtos de maneira consistente e estruturada. A estruturação da área em Plataformas e Subsistemas. A adoção do PA/LO (Product Approval & lab Operation) global. O estabelecimento do processo de Robust Product Design como sendo o processo funcional do CTR, que alimenta o processo C2C. (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou)

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3) Quais foram os principais impactos gerados devido às mudanças mencionadas nos colaboradores do Centro de Tecnologia de Refrigeração nos períodos descritos abaixo? 3.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994). Busca de mais capacitação técnica. Mudança de perfil profissional pela adoção de CAD e trabalhos em grupos de projetos. 3.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) Maior conscientização quanto à necessidade de seguir processos de trabalho, como o C2C, por exemplo. Sentimento de maior responsabilidade e engrandecimento da função, perspectiva de maior mobilidade entre sites. 3.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) Inicialmente receio de que virássemos uma espécie de engenharia satélite da Whirlpool. No momento seguinte, como resultado dos bons resultados demonstrados pelo desenvolvimento de produtos (Symphony foi um marco), obteve-se o reconhecimento global da nossa capacitação tecnológica, onde então as pessoas começaram a perceber o grande leque de oportunidades que a globalização nos proporciona. Houve então um grande movimento no sentido de buscar/ desenvolver o idioma inglês, formação via cursos de extensão em nível de pós-graduação, mestrado e treinamento Opex, visando certificação Black Belt / Master Black Belt. (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) 4) No seu modo de ver qual foi a principal estratégia adotada pelo Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos em cada evento presente neste contexto? 4.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) A adoção de processo de desenvolvimento de produtos por grupos multifuncionais (Engenharia Simultânea), liderados pelo CTR. Neste período a estratégia foi a de estruturação de conhecimentos, através da liderança de projetos mega para manufatura em outro site (20DN de SBC) 4.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) Adoção do processo global de desenvolvimento de produtos C2C. Aplicação maciça de conhecimento tecnológico no desenvolvimento de produtos (Projeto Symphony), demonstrando a capacitação da área sob o ponto de vista tecnológico e trabalho multifuncional. 4.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) A estruturação da área em Plataformas e Subsistemas de tecnologia. Esta história de sucesso, em muito se deve a esta estratégia, pois foi a que mais alavancou conhecimentos de maneira estruturada, alinhando-se globalmente com a Whirlpool no caminho de duas vias, de aprender e ensinar. (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou).

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ANEXO 12

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR MARCO MARQUES CARGO: GERENTE GLOBAL DE COOLING

1) Descreva de forma objetiva qual a sua visão pessoal sobre qual foi a história estratégica do Centro de Tecnologia de Refrigeração da Multibras S A Eletrodomésticos a partir de sua formação em 1991 e 2006? (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta se resume entre 1991 e ano que mesmo deixou a mesma). 1.1) Objetivo de sua criação O CTR foi criado a partir da consolidação das empresas do grupo Brasmotor: Consul, Brastemp e Semer. Como as empresas tinham estruturas redundantes em diversas áreas, entre elas a de tecnologia, a consolidação em apenas uma localidade foi um passo natural. Como entre Consul e Brastemp (Joinville e São Bernardo do Campo), a primeira tinha melhores laboratórios, pessoas mais qualificadas e um fábrica mais atualizada. Além disso, o custo da mão de obra em Joinville era menor. Tinha-se, assim, um desenvolvimento de produtos e tecnologia com melhor qualidade e menor custo. A evolução do CTR e sua globalização deve levar em conta não apenas a aproximação com a Whirlpool, mas também a abertura de mercado a que o Brasil foi submetido. Isto levou a uma maior busca por eficiência, redução de custos, melhorias de qualidade e valorização do conhecimento. Quando da aproximação com a Whirlpool, de fato, algumas das áreas de tecnologia do CTR já podiam ser considerados entre os melhores do mundo dentro da Whirlpool. Mais recentemente, algumas áreas foram reconhecidas como centros de tecnologia mundiais e tiveram investimentos significativos em instalações, equipamentos e qualificação de pessoas. Hoje o CTR presta serviços nas áreas de Cooling, Controls e Mechanical Structures para todas as regiões da Whirlpool. Apesar do Brasil não ter o menor custo de mão de obra, entre todas as regiões, ele apresenta sem dúvida a melhor relação custo-benefício, com excelente qualidade de mão de obra a um custo acessível. 1.2) Principais características No princípio, apesar de ter melhores qualificações que São Bernardo do Campo, o CTR ainda desenvolvia trabalhos com base puramente empírica. Generalistas desenvolviam o produto completo, da cabeceira ao sistema de refrigeração. Experiência e tentativa e erro eram predominantes e os produtos eram caros e ineficientes. Aos poucos, porém, a empresa passou a buscar e a valorizar especialistas. Surgiu o plano Y que visava beneficiar especialistas e incentivar que as pessoas estudassem. Foi com a criação dos subsistemas, em 97, entretanto, que a ênfase na especialidade tecnológica foi realmente dada. Tendo especialistas definindo o destino dos produtos observou-se uma rápida melhoria em diversas áreas. Este processo foi mais efetivo no Brasil, diga-se de passagem, em grande parte devido ao plano Y, que incentivou as pessoas a estudarem e a contratação de especialistas e à autoridade compartilhada entre Plataformas (que cuidavam do dia a dia dos produtos) e dos Sub-Sistemas (que davam apoio tecnológico). Hoje o Brasil é destaque em diversas áreas, superando outras regiões, mesmo a matriz, em programas que surgiram lá fora. O programa de OPEX (Excelência Operacional ou 6 Sigma) é mais eficiente aqui do que lá fora. Em termos de tecnologia, as áreas de Cooling, Controls e Mechanical Structures são as melhores do mundo. O CTR foi pioneiro em parcerias de longo prazo com universidades e se beneficiou da existência de um centro de tecnologia na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) na área de refrigeração. Boa parte das pessoas da área de Cooling foram formadas e trabalharam nos projetos de pesquisa daquela instituição.

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Contribuiu para isso, também, o perfil do Brasileiro: aberto a outras culturas, capacidade de negociação, flexibilidade, dedicação ao trabalho. 1.3) Principais estratégias adotadas no período Diversas ações tornaram o CTR o que ele é hoje, entre elas: - O plano de carreira Y, que acenou com a possibilidade de crescimento de pessoas na área técnica, valorizando o conhecimento, a experiência e a qualificação das pessoas, sempre atrelado ao desempenho. Percebe-se o valor deste plano ao se observar que em outras regiões é difícil fazer as pessoas estudarem e evoluírem, uma vez que elas não têm incentivo para tal - Convênio com Universidades, que melhorou o nível tecnológico de áreas estratégicas através da pesquisa de temas específicos, troca de experiências entre academia e empresa e pela formação de mão de obra especializada. - a organização matricial entre Plataformas e Sub-Sistemas, que deu ênfase ao conhecimento específico em áreas chave, substituindo o "generalista-faz-tudo". Houve inegáveis ganhos de qualidade nos desenvolvimentos com esta especialização. Novamente aqui o Brasil foi mais bem sucedido que outras regiões, pois adotou de fato esta organização, enquanto em outras regiões ela ainda é "para americano ver", mas não está instalada de fato - a aproximação com a Whirlpool trouxe benefícios em diversas áreas. Foi importante também adotar um pouco do conservadorismo americano no desenvolvimento de produtos. Diversas ferramentas foram introduzidas visando a qualidade dos desenvolvimentos, entre elas: o processo C2C, os Technical Design Previews, as ferramentas OPEX, etc. Antes destas ferramentas o desenvolvimento era um pouco arrojado demais em algumas áreas. 2) Quais foram as principais mudanças estratégicas ocorridas no Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos durante os períodos de? 2.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) O projeto Visão Brasmotor focou na necessidade da mudança que viria na formação da Multibras, e preparou as pessoas para os desafios que estavam por vir em termos de competitividade, perda de recursos, redução de pessoas, redução de áreas redundantes, etc. Conseguiu o apoio dos colaboradores para mudanças amargas que estavam por vir. A aproximação com a Brastemp e o desenvolvimento de um projeto conjunto também marcaram esta etapa. 2.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) O projeto Time-to-Market desenvolveu a organização matricial que viria a ser adotada também pela Whirlpool em Plataformas e Sub-Sistemas, além de ter dado grande foco no senso de urgência. Uma mudança de mentalidade numa empresa que passava de um período de tranqüilidade num mercado protegido para a competição mais acirrada e globalizada pelos consumidores. Foi o início da aproximação com a Whirlpool e suas estratégias e metodologias. 2.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) A transformação do CTR em uma base de exportação e desenvolvimento globais aumentou significativamente a necessidade de capacitação tecnológica e de transformação das pessoas. Mobilidade, comunicação, habilidade de negociação, etc. passaram a ser fundamentais nessa nova realidade. O Brasil passou a ser reconhecido por entregar projetos que outras regiões não conseguiam, além de conseguir trabalhar com outras nacionalidades, o que era uma dificuldade para a maioria das demais regiões. (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) 3) Quais foram os principais impactos gerados devido às mudanças mencionadas nos colaboradores do Centro de Tecnologia de Refrigeração nos períodos descritos abaixo?

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3.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) Era uma época de mais "conforto" na área de desenvolvimento. Poucos lançamentos por ano, apenas um concorrente nacional, mais funcionários por área, menos cobrança por resultados, etc. Em termos de resultados financeiros a Empresa também ia sempre bem. A carga de trabalho naquela época era significativamente menor do que hoje, sendo que cada pessoa tinha apenas um ou 2 projetos para trabalhar. O conhecimento específico era pouco valorizado e, em alguns casos, mal visto como sendo "teórico" e não "prático". 3.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997) A consolidação das áreas de desenvolvimento em Joinville gerou, obviamente, bastante conflitos com São Bernardo do Campo, que não aceitou tão bem a decisão. O primeiro projeto conjunto entre as duas áreas foi bastante complicado, com disputas abertas pelo controle da situação e críticas abertas de São Bernardo à atuação de Joinville. Neste período também houve um significativo aumento da competitividade. A empresa foi enxugada significativamente e o "fazer mais com menos" foi introduzido à organização. A pressão por resultados ficou maior, a competição no mercado aumentou, bem como a necessidade de se reduzir custos significativamente. A valorização do conhecimento específico começou via plano Y, mas ainda localizado em áreas de suporte, que não tinham tanta autoridade sobre os projetos. Muitas pessoas da "velha escola", muito generalistas, com pouca formação ou com pouca capacidade de adaptação aos novos tempos foram substituídas. 3.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997 - 2006) (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou) Houve uma exposição muito grande a Whirlpool e seus métodos. O inglês virou obrigatório e muitas pessoas sofreram com isso. A Whirlpool trouxe método e planejamento, coisas que eram deficitárias no Brasil. Trouxe, por outro lado, um conservadorismo extremo e por vezes questionável e exigia do Brasil coisas que nem nos EUA se cumpria. As pessoas passaram a ter mais oportunidades de carreira, muitas tendo ocupado cargos globais ou tendo sido expatriados, o que foi muito positivo, assim como as novas ferramentas de desenvolvimento de produtos que foram introduzidas. A organização por Plataformas e Sub-Sistemas passa a dar autoridade aos especialistas em influenciar mais diretamente os projetos. No início os recursos ainda eram concentrados nas Plataformas e gradualmente foram migrando para os Sub-Sistemas até que os especialistas foram concentrados neste último. A exposição a outras culturas gerou certos choques: o extremo conservadorismo e lentidão Americanos com planejamentos de longo prazo que acabam não se realizando, a falta de pró-atividade e complexidade extrema dos Italianos, a lentidão e dificuldade de comunicação dos Mexicanos e a falta de lógica e de habilidade conclusão dos Indianos, que levam a negociações intermináveis. Entre estas culturas, entretanto, os Brasileiros se destacaram em conseguir trabalhar com todos, de uma maneira ou de outra, assumindo projetos globais importantes. Entre as outras culturas em muitos casos as barreiras eram intransponíveis levando a conflitos que penalizaram projetos importantes. 4) No seu modo de ver qual foi a principal estratégia adotada pelo Centro de Tecnologia de Refrigeração da Empresa Multibras S A Eletrodomésticos em cada evento presente neste contexto? 4.1) CTR da Consul / pré-formação da Multibras (1991 - 1994) Preparação e adoção do CTR em Joinville, encarregado de desenvolver produtos para as marcas Consul e Brastemp, coisa então inédita na empresa. 4.2) Durante a existência da Multibras (1994 - 1997)

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A consolidação do CTR centralizando trabalhos para São Bernardo do Campo e São Luiz na Argentina 4.3) Finalmente com a globalização com a Whirlpool (1997-2006) A organização por Sub-Sistemas e Plataformas sem dúvida mudou a maneira de trabalhar na engenharia e mudou o nível dos resultados obtidos. Sem esta mudança nosso produtos não teriam se sofisticado e atendido às novas necessidades de custo, performance e features. Apesar de ainda longe de empresas como a Toyota e sua abordagem Lean, a nova organização deu mais poder a quem detinha de fato o conhecimento da tecnologia e eliminou o "achologismo" da organização. O Brasil foi quem melhor implementou esta organização dentro da Whirlpool. Outras regiões a têm oficialmente, mas na prática ela não existe ou é ineficiente. Ainda há muito que se fazer nesta organização em termos de eficiência, geração e gestão do conhecimento, etc., mas certamente foi um passo importante. (Para os entrevistados que deixaram a Organização a pergunta só é válida até o ano de que o mesmo se desligou)