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CAPÍTULO 3 Doenças Cutâneas Bacterianas 82 FIGURA 3-105 Actinomicose. Ampliação da foto do cão mostrado na Figura 3-104. Tratos drenantes profundos com descoloração tecidual, típicos da celulite, são aparentes. FIGURA 3-106 Actinomicose. Grave aumento de volume com eritema e um trato drenante na pata de um cão adulto. Note que uma amostra de pele e tecido subcutâneo foi obtida para histopatologia e cultura mista de tecido (bacteriana e fúngica). FIGURA 3-107 Actinomicose. Mesmo cão mostrado na Figura 3-106. A radiografia da pata mostrou alterações ósseas consistentes com o diagnós- tico de celulite e osteomielite. FIGURA 3-108 Actinomicose. Mesmo cão mostrado na Figura 3-106. A expressão facial triste foi causada pelo hipotireoidismo subjacente, que provavelmente predispôs o cão ao desenvolvimento de actinomicose. Actinomicose (Cont.)

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C A P Í T U LO 3 ■ Doenças Cutâneas Bacterianas82

FIGURA 3-105 Actinomicose. Ampliação da foto do cão mostrado na Figura 3-104. Tratos drenantes profundos com descoloração tecidual, típicos da celulite, são aparentes.

FIGURA 3-106 Actinomicose. Grave aumento de volume com eritema e um trato drenante na pata de um cão adulto. Note que uma amostra de pele e tecido subcutâneo foi obtida para histopatologia e cultura mista de tecido (bacteriana e fúngica).

FIGURA 3-107 Actinomicose. Mesmo cão mostrado na Figura 3-106. A radiografia da pata mostrou alterações ósseas consistentes com o diagnós-tico de celulite e osteomielite.

FIGURA 3-108 Actinomicose. Mesmo cão mostrado na Figura 3-106. A expressão facial triste foi causada pelo hipotireoidismo subjacente, que provavelmente predispôs o cão ao desenvolvimento de actinomicose.

Actinomicose (Cont.)

Nocardiose 83

Nocardiose

Características

A nocardiose é uma doença cutânea que ocorre quando Nocar-dia, um saprófi ta do solo, é acidentalmente inoculado em uma ferida perfurante da pele. É incomum em cães e gatos.

A nocardiose provoca nódulos localizados, celulite e abs-cessos, com ulcerações e trajetos fi stulosos com secreção seros-sanguinolenta. As lesões geralmente ocorrem nos membros, nas patas ou no abdômen. A linfadenomegalia periférica é comum.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem outras infecções bacteria-nas e fúngicas profundas e neoplasias.

Diagnóstico

1. Descarte outros diagnósticos diferenciais. 2. Citologia (exsudato): infl amação supurativa a piogranu-

lomatosa com microrganismos fi lamentosos ramifi cados Gram-positivos isolados ou em agregados frouxos, parcial-mente álcool-acidorresistentes e em formato de contas.

3. Dermato-histopatologia: dermatite nodular ou piogranulo-matosa difusa e paniculite, com microrganismos ramifi ca-dos e em formato de contas Gram-positivos, parcialmente álcool-acidorresistentes no interior das lesões e que podem formar grânulos teciduais.

4. Cultura bacteriana: Nocardia. A análise por PCR, quando disponível, pode simplifi car o diagnóstico.

Tratamento e Prognóstico

1. O clínico deve realizar a drenagem, o debridamento e a excisão cirúrgica da maior quantidade possível de tecido doente. A cirurgia pode disseminar a infecção pelos planos teciduais.

2. A administração sistêmica de antibióticos deve ser realizada por um período longo (semanas a meses) e continuar por pelo menos 4 semanas após a resolução clínica completa. A escolha do antibiótico deve ser baseada, se possível, nos resultados do antibiograma.

3. Os antibióticos que podem ser empiricamente eficazes incluem os seguintes: j Sulfadiazina, 80 mg/kg VO a cada 8 horas ou 110 mg/kg

VO a cada 12 horas j Sulfametizol, 50 mg/kg VO a cada 8 horas j Sulfi soxazol, 50 mg/kg VO a cada 8 horas j Trimetoprima-sulfadiazina, 15 a 30 mg/kg VO ou SC a

cada 12 horas j Ampicilina, 20 a 40 mg/kg IV, IM, SC ou VO a cada 6

horas j Eritromicina, 10 mg/kg VO a cada 8 horas j Minociclina, 5 a 25 mg/kg VO ou IV a cada 12 horas

4. O prognóstico de cura é reservado. Essa doença não é con-siderada contagiosa a outros animais ou seres humanos.

FIGURA 3-109 Nocardiose. Lesões ulcerativas com formação de crostas com um exsudato purulento na cabeça e na base da orelha de um gato adulto.

FIGURA 3-110 Nocardiose. Mesmo gato mostrado na Figura 3-109. Múltiplas lesões drenantes ulcerativas no abdômen. Note a semelhança das lesões e da localização com as micobacterioses oportunistas em gatos.

C A P Í T U LO 3 ■ Doenças Cutâneas Bacterianas84

FIGURA 3-111 Nocardiose. Numerosas lesões drenantes ulcerativas no abdômen de um gato adulto. As lesões e a localização são típicas da nocardiose e das micobacterioses oportunistas em gatos.

FIGURA 3-112 Nocardiose. A lesão ulcerativa profunda na superfície dorsal da pata deste cão se desenvolveu ao longo de vários meses. Tratos profundos com proliferação tecidual podem ser observados em qualquer infecção bacteriana ou fúngica agressiva.

FIGURA 3-113 Nocardiose. Área focal de dermatite erosiva com lesões drenantes na área inguinal de um Dogue Alemão adulto. Devem-se usar luvas durante o exame de qualquer lesão drenante.

FIGURA 3-114 Nocardiose. Grandes úlceras abertas no abdômen. (Cortesia de L. Schmeitzel.)

Nocardiose (Cont.)

Micobacterioses Oportunistas 85

Micobacterioses Oportunistas (Granuloma Micobacteriano Atípico, Paniculite Micobacteriana)

Características

A micobacteriose oportunista é uma infecção cutânea profunda que ocorre quando micobactérias saprofíticas, normalmente encontradas no solo e na água, são inadvertidamente inocu-ladas na pele por meio de feridas perfurantes. A maioria dos casos é causada por micobactérias que crescem rapidamente em meios de cultura. As micobacterioses oportunistas são incomuns em gatos e raras em cães; animais obesos podem ser predispostos.

As micobacterioses oportunistas provocam a formação de subcutâneos nódulos, abscessos e celulites alopécicas crônicas, de desenvolvimento lento e que não cicatrizam com depres-sões focais de cor púrpura entremeadas a úlceras e fístulas puntiformes com secreção serossanguinolenta ou purulenta. As lesões podem aparecer em qualquer local do corpo, mas, em gatos, o tecido adiposo da área inguinal e abdominal caudal é acometido com maior frequência. A área infectada apresenta aumento gradual de tamanho e profundidade e pode, por fi m, acometer toda a porção ventral do abdômen e os fl ancos ou membros adjacentes. Pode haver linfadenomegalia regional. Os gatos afetados podem apresentar depressão, febre ou anorexia; também podem perder peso e relutar à movimentação. A dis-seminação extensa a órgãos internos e linfonodos é rara.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem outras infecções bacteria-nas ou fúngicas profundas e neoplasias.

Diagnóstico

1. Descarte outros diagnósticos diferenciais. 2. Citologia (exsudato): neutrófilos e macrófagos. Bacilos

intracelulares, álcool-acidorresistentes, com pouca ou nenhuma reatividade às colorações de rotina, podem ser observados, mas geralmente são difíceis de encontrar.

3. Dermato-histopatologia: dermatite nodular ou piogra-nulomatosa difusa e paniculite. Os bacilos intralesionais álcool-acidorresistentes podem ser difíceis de encontrar.

4. Cultura micobacteriana: os microrganismos causadores incluem M. fortuitum, M. chelonei, M. smegmatis, M. phlei, M. xenopi, M. thermoresistibile e M. visibilis. Esses microrganis-

mos são cultivados com facilidade, diferentemente daqueles que causam a lepra felina e canina, mas as culturas podem ser negativas.

5. A análise por PCR, quando disponível, pode simplifi car o diagnóstico.

Tratamento e Prognóstico

1. A excisão cirúrgica radical ou debridamento extenso dos tecidos infectados, seguido pela reconstrução da ferida, deve ser realizado, se possível. A cirurgia pode disseminar a infecção pelos planos teciduais.

2. A terapia antimicrobiana sistêmica deve ser administrada por um período longo (3-6 meses) e continuar por 1 a 2 meses após a resolução clínica completa. A escolha dos anti-microbianos deve ser baseada, se possível, nos resultados do antibiograma.

3. Os fármacos que podem ser empiricamente efi cazes incluem os seguintes: j Doxiciclina ou minociclina, 5 a 12,5 mg/kg VO a cada

12 horas ou 25 a 50 mg/gato VO a cada 8 a 12 horas, imediatamente antes das refeições

j Marbofl oxacina, 2,75 a 5,5 mg/kg VO a cada 12 horas j Enrofl oxacina, 5 a 15 mg/kg VO a cada 12 horas ou 25 a

75 mg/gato VO a cada 24 horas (pode causar toxicidade retiniana em gatos)

j Ciprofl oxacina, 62,5 a 125 mg/gato VO a cada 12 horas j Pradofl oxacina (gatos), 7,5 mg/kg VO a cada 24 horas j Claritromicina, 5 a 10 mg/kg VO a cada 12 horas j Clofazimina, 8 mg/kg VO a cada 24 horas

4. A aplicação de DMSO tópico com enrofl oxacina (de modo a produzir uma solução com 10 mg/mL) a cada 12 a 24 horas pode ser efi caz.

5. A doxiciclina deve ser usada profi laticamente após lesões penetrantes em gatos e cães obesos para ajudar a prevenção de infecção micobacteriana secundária.

6. O prognóstico de cura completa é moderado a reservado, embora a terapia medicamentosa prolongada geralmente confi ne a infecção de forma sufi ciente para que o animal tenha uma vida normal. Essa doença não é considerada contagiosa a outros animais ou seres humanos.

C A P Í T U LO 3 ■ Doenças Cutâneas Bacterianas86

FIGURA 3-115 Micobacterioses Oportunistas. Numerosas úlceras e tratos drenantes no abdomen de um gato. Múltiplos nódulos e um exsudato purulento aderente podem ser observados. Os nódulos podem servir como nicho residual para a recidiva da infecção. Note a semelhança com a nocardiose.

FIGURA 3-116 Micobacterioses Oportunistas. Múltiplas lesões ulce-rativas no abdômen de um gato adulto.

FIGURA 3-117 Micobacterioses Oportunistas. Grande úlcera não cicatrizada com exsudato purulento e um trato profundo.

FIGURA 3-118 Micobacterioses Oportunistas. Ampliação da foto do gato mostrado na Figura 3-117. Lesões ulcerativas são aparentes.

FIGURA 3-119 Micobacterioses Oportunistas. Grave celulite provocan-do ulceração e formação de crostas na cabeça de um cão adulto.

FIGURA 3-120 Micobacterioses Oportunistas. Mesmo cão mostrado na Figura 3-119. A ulceração profunda causada pela celulite é mais aparente.

Micobacterioses Oportunistas (Cont.)

Micobacterioses Oportunistas 87

FIGURA 3-121 Micobacterioses Oportunistas. Uma úlcera não cica-trizada profunda e aberta é o resultado de uma infecção prolongada. Note a semelhança com uma neoplasia.

FIGURA 3-122 Micobacterioses Oportunistas. Grave celulite com aco-metimento do leito ungueal. O aumento de volume e o grave hematoma indicam a profundidade e a gravidade da infecção.

FIGURA 3-123 Micobacterioses Oportunistas. Lesões drenantes pro-fundas em um gato com infecção crônica. Os múltiplos tratos drenantes são típicos das infecções bacterianas e fúngicas profundas em gatos.

FIGURA 3-124 Micobacterioses Oportunistas. Grave celulite e tratos drenantes no ventre de um gato.

FIGURA 3-125 Micobacterioses Oportunistas. Celulite expansiva no abdômen de um gato infectado. Os nódulos expansivos demonstram a natureza disseminada da infecção.

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Síndrome de Lepra Felina

Características

Acredita-se que a lepra felina seja causada por duas diferentes espécies micobacterianas — Mycobacterium lepraemurium e outra espécie que ainda não foi nomeada. Presume-se que M. lepraemurium, o agente da lepra em ratos, é transmitido aos gatos por meio de mordeduras de ratos infectados. O nicho ambiental da nova espécie micobacteriana, que se acredita ser um saprófi to oportunista, ainda não foi determinado. A lepra felina foi relatada no oeste dos Estados Unidos, no oeste do Canadá, na Holanda, na Austrália, na Nova Zelândia e na Grã-Bretanha. Enquanto os casos provocados por M. lepraemurium foram limitados principalmente às áreas costais temperadas e às cidades litorâneas, as infecções causadas pela nova espécie micobacteriana tendem a ocorrer em áreas rurais e semirru-rais. A síndrome da lepra felina é incomum em gatos; a maior incidência de M. lepraemurium foi observada em gatos adultos com menos de 4 anos de idade. A maior incidência da nova infecção micobacteriana foi documentada em gatos com mais de 9 anos de idade com imunocomprometimento decorrente de uma doença subjacente, como a infecção prolongada pelo vírus da imunodefi ciência felina (FIV), a insufi ciência renal crônica ou a idade avançada.

As infecções por M. lepraemurium são caracterizadas nódulos cutâneos e subcutâneos de progressão rápida, disseminação local, não dolorosos, elevados, de consistência macia e simi-lares a tumores. As lesões têm de poucos milímetros a 4 cm de diâmetro; as lesões maiores geralmente são ulceradas. As lesões podem ocorrer em qualquer local do corpo, mas geralmente começam como um nódulo único ou um grupo de nódulos na cabeça ou nos membros. O acometimento cutâneo dissemina-do tende a ocorrer em 2 meses e pode haver linfadenomegalia regional. Apesar do rápido desenvolvimento de lesões cutâneas generalizadas, não há disseminação a órgãos internos.

A infecção pela nova espécie micobacteriana geralmente começa com nódulos subcutâneos e cutâneos localizados na cabeça, na cauda ou nos membros que são fi rmes e não dolo-rosos e que não apresentam úlceras. Essas lesões progridem de forma lenta por meses ou anos, até se tornarem generalizadas; ocasionalmente, há disseminação aos órgãos internos.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem outras infecções bacteria-nas e fúngicas profundas e neoplasias.

Diagnóstico

1. Descarte outros diagnósticos diferenciais. 2. Citologia (aspirado, impressão tecidual): neutrófilos e

macrófagos, alguns com bacilos álcool-acidorresistentes intracelulares que não reagem às colorações de rotina.

3. Dermato-histopatologia: dermatite (pio)granulomatosa e paniculite difusa com bacilos álcool-acidorresistentes intracelulares e extracelulares. Enquanto as lesões causadas por M. lepraemurium tendem a apresentar regiões de necrose caseosa com números pequenos a moderados de bacilos álcool-acidorresistentes, as lesões provocadas pela nova espécie não possuem necrose caseosa e contêm grandes números de bacilos álcool-acidorresistentes.

4. Técnica de PCR (biópsia de pele): detecção de DNA de M. lepraemurium ou da nova micobactéria.

5. Cultura micobacteriana: geralmente é negativa, já que os microrganismos causadores são fastidiosos e de difícil cres-cimento.

Tratamento e Prognóstico

1. A excisão cirúrgica completa é o tratamento de escolha nos casos de infecção por M. lepraemurium . A cirurgia pode dis-seminar a infecção pelos planos teciduais.

2. Se a excisão completa não for possível, o tratamento com clofazimina em dose de 8 a 10 mg/kg VO a cada 24 horas (25 mg/gato VO a cada 24 horas) ou 50 mg/gato VO a cada 48 horas pode ser efi caz. A terapia é administrada por um período longo e é mantida por 2 a 3 meses após a resolução clínica completa.

3. A excisão cirúrgica completa raramente é possível nas infecções causadas pela nova espécie micobacteriana. O tratamento medicamentoso de escolha é a combinação de claritromicina, em dose de 62,5 mg/gato VO a cada 12 horas, e rifampicina, em dose de 10 a 15 mg/kg VO a cada 24 horas. A terapia deve ser mantida por vários meses e se estender por pelo menos 2 meses após a resolução clínica completa.

4. O prognóstico é melhor caso as lesões possam ser subme-tidas à excisão completa. A lepra felina não é considerada contagiosa a outros animais ou seres humanos.

Síndrome de Lepra Felina 89

FIGURA 3-126 Lepra Felina. Lesões erosivas na face de um gato infec-tado com Mycobacterium lepraemurium . (Cortesia de A. Yu.)

FIGURA 3-127 Lepra Felina. Múltiplas lesões eritematosas alopécicas no corpo de um gato infectado com Mycobacterium lepraemurium. (Cortesia de A. Yu.)

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Síndrome do Granuloma Leproide Canino (Lepra Canina)

Características

A síndrome do granuloma leproide canino é uma doença micobacteriana cutânea de cães. Sua causa e patogênese não foram completamente elucidadas, mas acredita-se que uma micobactéria ambiental de espécie ainda não determinada seja inoculada no tecido subcutâneo por insetos sugadores. A doença micobacteriana mais comum em cães na Austrália também foi relatada na Nova Zelândia, no Brasil, no Zimbábue e nos estados da Califórnia e da Flórida dos Estados Unidos. A incidência da doença é maior em cães de pelo curto; Boxers e seus mestiços podem ser predispostos.

A síndrome do granuloma leproide canino provoca nódulos subcutâneos únicos ou múltiplos, bem circunscritos e fi rmes com diâmetro entre 2 mm e 5 cm. As lesões são não dolorosas e não pruriginosas, às vezes são alopécicas e podem apresentar úlceras caso muito extensas. Os nódulos são mais comumente encontrados na cabeça e nas pregas dorsais da orelha, mas podem aparecer em qualquer local do corpo. Os cães afetados parecem saudáveis e não apresentam doença sistêmica.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem outras infecções bacteria-nas e fúngicas profundas, granulomas não infecciosos (p. ex., suturas esquecidas após cortes de orelha) e neoplasias.

Diagnóstico

1. Descarte outros diagnósticos diferenciais. 2. Citologia (aspirado): numerosos macrófagos com números

variáveis de linfócitos, plasmócitos e neutrófi los. Números baixos a moderados de bacilos álcool-acidorresistentes de comprimento médio, que não se coram com métodos de rotina, podem ser observados no meio extracelular ou no interior de macrófagos.

3. Dermato-histopatologia: dermatite piogranulomatosa e paniculite com bacilos álcool-acidorresistentes intracelulares e extracelulares.

4. Técnica de PCR (biópsia de pele): detecção da sequência de DNA da nova espécie micobacteriana, que não foi encon-trada em granulomas micobacterianos de qualquer espécie animal que não a canina ou seres humanos.

5. Cultura micobacteriana: negativa, já que os requerimentos de crescimento desse microrganismo fastidioso ainda não foram determinados.

Tratamento e Prognóstico

1. A síndrome do granuloma leproide canino tende a ser uma doença autolimitante e as lesões geralmente regridem de forma espontânea em 3 a 4 semanas.

2. Em caso de persistência das lesões, em baixo número, a excisão cirúrgica agressiva é o tratamento de escolha.

3. Nas lesões graves, refratárias, crônicas e desfi gurantes, o tratamento medicamentoso de escolha é a combinação de rifampicina, em dose de 10 a 15 mg/kg VO a cada 24 horas, e claritromicina, em dose de 15 a 25 mg/kg VO, a cada 8 a 12 horas. O tratamento deve continuar por, no mínimo, 4-8 semanas, até a resolução das lesões.

4. Alternativamente, a combinação de rifampicina, em dose de 10 a 15 mg/kg VO a cada 24 horas, e doxiciclina, em dose de 5 a 10 mg/kg VO a cada 12 horas, pode ser efi caz.

5. A aplicação tópica de pomada de clofazimina (preparada por meio da mistura do líquido corado extraído de 40 cápsulas esmagadas de 50 mg de clofazimina com 100 g vaselina) pode ser um bom adjunto à terapia sistêmica.

6. O prognóstico é bom, já que a doença tende a ser auto-limitante e geralmente se resolve de forma espontânea. Pequenas cicatrizes hiperpigmentadas são possíveis sequelas nos locais dos granulomas piores. Essa doença não é consi-derada contagiosa a outros animais ou seres humanos.

Síndrome do Granuloma Leproide Canino 91

FIGURA 3-128 Síndrome Granulomatosa Leproide Canina. Múltiplos granulomas erosivos alopécicos nos pavilhões auriculares de um cão. (Cortesia de R. Malik.)

FIGURA 3-129 Síndrome Granulomatosa Leproide Canina. Um gra-nuloma focal no pavilhão auricular. (Cortesia de R. Malik.)

FIGURA 3-130 Síndrome Granulomatosa Leproide Canina. Nódulos ulcerados e com formação de crostas no pavilhão auricular de um cão.

C A P Í T U LO 3 ■ Doenças Cutâneas Bacterianas92

Tuberculose

Características

Na tuberculose (TB), as micobactérias são transmitidas aos animais pelo contato próximo com proprietários infectados ou pelo consumo de leite ou carne contaminada. A TB raramente ocorre em cães e gatos; as maiores incidências são relatadas em áreas de tuberculose endêmica.

A tuberculose se manifesta como nódulos, placas, abscessos e úlceras dérmicas únicas ou múltiplas, não cicatrizadas, com exsudato espesso e purulento. As lesões são observadas na cabeça, no pescoço e nos membros. Sintomas concomitantes de acometimento sistêmico (p. ex., febre, anorexia, depressão, perda de peso, linfadenomegalia, tosse, dispneia, vômitos, diarreia) geralmente são observados.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem outras infecções bacteria-nas e fúngicas profundas e neoplasias.

Diagnóstico

1. Descarte outros diagnósticos diferenciais. 2. Citologia (exsudato): neutrófi los e macrófagos, alguns con-

tendo bacilos álcool-acidorresistentes que não se coram com métodos de rotina.

3. Dermato-histopatologia: dermatite nodular ou piogranulo-matosa difusa com poucos a muitos bacilos álcool-acidor-resistentes intracelulares.

4. Cultura micobacteriana: os microrganismos causadores incluem M. tuberculosis, M. bovis, variante M. tuberculosis-M. bovis e complexo M. avium .

5. A análise por PCR, quando disponível, pode simplifi car o diagnóstico.

Tratamento e Prognóstico

1. Os órgãos de saúde pública devem ser notificados para orientação. O órgão fará as recomendações com base nas circunstâncias do caso.

2. Se o proprietário recusar a eutanásia, a quimioterapia pro-longada (6-12 meses) pode ser efi caz em alguns animais.

3. Na infecção por M. tuberculosis, as terapias que podem ser efi cazes incluem as seguintes: Em cães e gatos, a combinação de isoniazida, em dose de

10 a 20 mg/kg VO a cada 24 horas, e etambutol, em dose de 15 mg/kg IM a cada 24 horas

Em cães, a combinação de pirazinamida, em dose de 15 a 40 mg/kg VO a cada 24 horas, e rifampicina, em dose de 10 a 20 mg/kg a cada 12 a 24 horas

4. Nas infecções por M. bovis em gatos, as lesões localizadas devem ser submetidas à excisão cirúrgica e o paciente deve receber rifampicina em dose de 4 mg/kg VO a cada 24 horas.

5. Nas infecções pela variante M. tuberculosis-M. bovis em gatos, a combinação de rifampicina, em dose de 10 a 20 mg/kg VO a cada 24 horas, enrofl oxacina, em dose de 5 a 10 mg/kg VO a cada 12 a 24 horas, e claritromicina, em dose de 5 a 10 mg/kg VO a cada 12 horas.

6. Nas infecções causadas pelo complexo M. avium em cães e gatos, a combinação de doxiciclina, em dose de 10 mg/kg VO a cada 12 horas, ou clofazimina, em dose de 4 mg/kg VO a cada 24 horas, enrofl oxacina, em dose de 5 a 10 mg/kg VO a cada 12 a 24 horas, e claritromicina, em dose de 5 mg/kg VO a cada 12 horas.

7. O prognóstico é reservado. A tuberculose é contagiosa a outros animais e seres humanos.

93Peste Bubônica

Peste Bubônica

Características

A peste bubônica é uma doença bacteriana zoonótica causada por Yersinia pestis. Os cães parecem ser resistentes, mas os gatos são suscetíveis. A peste bubônica se desenvolve quando os gatos ingerem roedores infectados (reservatórios naturais) ou são picados por pulgas de roedores infectados (vetores). A peste bubônica é incomum em gatos, com as maiores incidências relatadas em áreas endêmicas do sudoeste e do oeste dos Esta-dos Unidos.

A peste bubônica é uma doença aguda e geralmente fatal caracterizada por febre, desidratação, linfadenomegalia e abs-cedação de linfonodos (bubo). O bubo pode fi stular e liberar um exsudato espesso e purulento. Os linfonodos submandi-bulares, retrofaríngeos e cervicais são acometidos com maior frequência.

Principais Diagnósticos Diferenciais

Os diagnósticos diferenciais incluem os abscessos subcutâneos causados por outras bactérias.

Diagnóstico

1. Citologia (exsudato, aspirado de linfonodo): infl amação supurativa com pequenos cocobacilos bipolares Gram-nega-tivos.

2. Sorologia: aumento de quatro vezes no título de anticorpos contra Y. pestis em amostras seriadas de soro obtidas com 10 a 14 dias de intervalo.

3. Ensaio de fl uorescência direta com anticorpo ou técnica de PCR (exsudato, aspirado de linfonodo): detecção de antígeno de Y. pestis .

4. Cultura bacteriana: isolamento de Y. pestis. 5. A análise por PCR, quando disponível, pode simplifi car o

diagnóstico.

Tratamento e Prognóstico

1. Condições sanitárias estritas devem ser mantidas porque o pus, a saliva, os tecidos e as gotículas respiratórias infectadas

são altamente contagiosos para seres humanos e outros ani-mais. Se possível, os animais suspeitos devem ser mantidos em isolamento. Ao manipular animais e amostras suspeitas, o clínico deve usar luvas, avental e máscara cirúrgica. Os desinfetantes de rotina devem ser usados na limpeza de mesas e gaiolas, e todos os materiais contaminados (p. ex., compressas de gaze) devem ser colocados em sacos plásticos duplos e incinerados.

2. A antibioticoterapia deve ser imediatamente instituída em todos os casos suspeitos. Para minimizar a probabilidade de contaminação dos cuidadores pela manipulação de um animal infectado, a administração parenteral, e não oral, é recomendada. O tratamento (por, no mínimo, 3 semanas) deve ser mantido bem além da recuperação clínica com-pleta.

3. O antibiótico de escolha é a gentamicina, em dose de 2 a 4 mg/kg por via IM ou SC a cada 12 a 24 horas.

4. Os antibióticos alternativos que podem ser efi cazes incluem os seguintes: j Cloranfenicol, em dose de 15 mg/kg SC a cada 12 horas j Trimetoprima-sulfadiazina, em dose de 15 mg/kg IM ou

IV a cada 12 horas 5. O animal deve ser tratado de forma agressiva para rapida-

mente matar e prevenir a disseminação de pulgas (vetores). O controle agressivo de pulgas deve ser usado na prevenção em longo prazo.

6. Os abscessos devem ser lancetados e lavados com solução de clorexidina a 0,025%.

7. Os animais expostos e assintomáticos devem ser submeti-dos ao tratamento profi lático com tetraciclina, em dose de 20 mg/kg VO a cada 8 horas por 7 dias.

8. O prognóstico é mau a não ser que a antibioticoterapia seja iniciada logo no início da progressão da doença. A peste bubônica é contagiosa a outros animais e seres humanos.

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Classificação de Arquivo Recomendada

Medicina Veterinária

Medicina Interna de Pequenos Animais

Dermatologia de

Pequenos Animais