acta n.º 06.12 04.10.12 x mandato · de toda a amizade. É um assunto delicado e até comovente...
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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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Aos quatro dias do mês de Outubro do ano 2012, pelas vinte e uma horas e trinta minutos, no
Salão Nobre do Edifício Sede do Município realizou-se uma Sessão Extraordinária da
Assembleia Municipal, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
Ponto Único – Pronúncia da Assembleia Municipal na base da Lei nº22/2012, de 30 de
Maio, sobre a proposta do Governo para a reorganização administrativa
territorial autárquica.
Verificação de ausências:
- Verificou-se a ausência de António Costa.
Substituições verificadas e presentes ao plenário da Assembleia Municipal:
- Eduardo Jorge Meruje Teixeira, é substituído nesta sessão por José António Soares Pereira.
- Andrea da Conceição Plácido Corte Real, é substituída nesta sessão por Maria Cristina da
Silva Martins.
Foi verificada a identidade dos membros substitutos.
Estiveram presentes os seguintes Membros do Executivo Camarário:
Sr. Presidente da Câmara João Manuel de Jesus Lobo, Sr. Vice-Presidente da Câmara, Rui
Manuel Marques Garcia e os Srs. Vereadores António José Gonçalves Duro, Vivina Maria
Semedo Nunes, Vítor Manuel Rodrigues Cabral, Carlos Alberto Picanço dos Santos, Miguel
Francisco Amoêdo Canudo.
Joaquim Gonçalves, Presidente da Assembleia Municipal
Refere que a sala se encontra repleta de população para assistir a esta sessão da Assembleia
Municipal, de discussão e conteúdos muito importantes para os munícipes, para as famílias e
para o Poder Local Democrático.
ACTA N.º 06.12
04.10.12 X Mandato
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Enquadra a presente sessão dizendo que não é a primeira vez que esta matéria é discutida pela
Assembleia Municipal, tendo sido promovida uma sessão /debate sobre o chamado livro verde
da administração local na biblioteca Bento de Jesus Caraça, onde foi convidada a população,
as comissões de moradores, as associações, as coletividades, autarcas e outras entidades
tendo-se estabelecido um debate para esclarecer e a própria Assembleia Municipal ficar
esclarecida quanto ao sentimento das populações.
Posteriormente ao livro verde saiu a Lei nº22/2012 de 30 de Maio, Lei essa que prevê que as
Assembleias de Freguesia deem o seu parecer sobre o ordenamento territorial autárquico,
sobre a sua extinção ou agregação, tal aconteceu e foi distribuído com a convocatória a todos
os membros da Assembleia Municipal. A lei prevê que a Câmara Municipal possa fazer uma
proposta, o que fez tendo aprovado por unanimidade em sessão pública um documento para
ser presente a esta Assembleia, o qual também foi distribuído com a convocatória e culminará
com a pronúncia desta assembleia sobre a reorganização administrativa territorial autárquica.
Depois de aprovada a pronúncia, esta irá ser enviada para a Assembleia da República, pois é
ela que tem poderes constitucionais e é responsável pela administração territorial. Mas a lei
também prevê que a Assembleia da República irá enviar para uma comissão técnica as
pronúncias de todas as assembleias municipais, comissão essa que é constituída por técnicos
designados e que deveriam ter dois membros indicados pela ANAFRE e dois elementos
indicados pela ANMP, as duas associações de autarcas não indicaram os elementos por não
estarem de acordo com esta situação e com a própria lei, portanto essa comissão técnica já
está coxa.
A comissão técnica irá avaliar a conformidade ou a desconformidade segundo as deliberações
das assembleias municipais, se acharem que há desconformidade perante a lei farão uma
proposta para cada município e enviarão novamente às Assembleias Municipais, que terá
vinte dias para discutir essa mesma proposta. Porque anda por aí muita falta de
esclarecimento, é para ficar esclarecido que quem tem a responsabilidade da alteração
territorial autárquica são os deputados da nação, é a Assembleia da República, a nosso ver
eles terão que assumir todas as responsabilidades.
Foi dada a palavra ao público
João Gregório
Em nome da direção do Centro Náutico Moitense deseja um bom trabalho e dirige um abraço
de toda a amizade. É um assunto delicado e até comovente estar a falar nestas coisas, há
algum tempo era impensável estarmos a discutir em Assembleia Municipal a extinção de
freguesias, autarquias algumas delas que foram criadas depois do 25 de Abril, com coisas que
nos fazem muita falta. O apelo e a sensibilidade das pessoas e toda a sua preocupação parece-
lhes que acabar com quase tudo o que existe, deve ser a preocupação dos responsáveis por
esse facto. Dirijo à Assembleia Municipal uma palavra de ânimo, de estímulo e de força para
que não se acabem com as freguesias, esta é a sua mensagem e a mensagem da direção do
Centro Náutico, porque acabar com as freguesias é estarmos a andar para trás.
Tânia Ribeiro
Diz trazer a posição da comissão sindical do STAL das autarquias Locais do concelho da
Moita, porque este é o local da voz dos trabalhadores. A publicação do diploma que define a
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extinção das freguesias constitui um marco negro da história da democracia portuguesa e do
Poder Local Democrático. O STAL condena esta peça legislativa de um governo ultraliberal
que quer destruir os principais traços dos avanços civilizacionais constituídos na democracia
portuguesa após a revolução de Abril e afirma a intenção de lutar pelo Poder Local
Democrático, pelos serviços essenciais que presta, bem como pelos direitos dos trabalhadores
e dos seus postos de trabalho. Sabemos que se confirmam os principais objetivos iniciais do
governo PSD/CDS-PP, a extinção injustificável de um elevado número de freguesias e a
consequente eliminação dos serviços públicos de proximidade que prestam às populações
locais, assim como a omissão do destino que terão os seus trabalhadores no que concerne aos
seus direitos e aos postos de trabalho.
O STAL lembra mais uma vez que a recente proposta governamental de alteração de
legislação laboral na administração pública, no que diz respeito à mobilidade especial e
territorial não vem deixar de estar ligada com os propósitos deste governo da chamada
reforma da administração local, pelo que a publicação deste diploma adensa o espectro de
transferência de trabalhadores para locais de trabalho longínquos ou ainda muito mais, a
passagem a situações de mobilidade forçada, com redução de vencimento e mesmo poderão a
vir a redundar em despedimento.
Junto dos trabalhadores, dos autarcas e das populações o STAL afirma mais uma vez a sua
determinação pela manutenção das freguesias na defesa do Poder Local Democrático, na
defesa da democracia e na defesa dos postos de trabalho, dos direitos e dos anseios dos
trabalhadores.
José Manuel Fernandes
Diz fazer parte da Confederação Nacional Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio,
que é um parceiro da plataforma contra a extinção de freguesias e tem vindo a participar em
todos os debates que as freguesias têm feito contra a extinção que está na Lei e pelo atual
governo. A Confederação considera que este é um golpe contra-revolucionário, contra a
democracia e contra as conquistas de Abril e faz parte da plataforma nacional porque entende
que as freguesias, assim como os municípios, são os únicos parceiros que têm tido ao longo
destes últimos anos para o desenvolvimento da atividade cultural, da atividade desportiva, da
atividade recreativa, de alguma atividade social e até de formação que as coletividades deste
país têm desenvolvido. Os únicos apoios que têm ajudado à atividade do movimento
associativo e popular em termos nacionais são os das autarquias locais, Câmaras Municipais e
Juntas de Freguesia. Ao serem extintas o número de freguesias que o governo propõe
extinguir, de certeza que vão ser extintas muitas das associações populares que existem por
essas freguesias fora, portanto isso é uma ruína para a democracia, para a democracia popular,
aquele patamar de democracia que tem a ver diretamente com as populações. Nós
manifestámos isso pelo presidente da direção da confederação na reunião de freguesias
promovida pela ANAFRE em Matosinhos e reafirmamos em cada uma das freguesias e em
cada um dos municípios a defesa intransigente das existências dessas freguesias e até
apoiamos o reordenamento aumentando o número de freguesias como se tem registado nos
últimos anos para que o poder local fique mais perto de cada uma das populações.
Diz também estar presente porque recebeu um convite da Assembleia Municipal na
Associação de Moradores da Zona Norte da Baixa da Banheira e essa associação delegou em
si por ser membro do Conselho Nacional da Confederação das coletividades para fazer esta
intervenção.
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Victor Ascensão
Louvar esta Assembleia pelo tema que traz, mas diz ir sair do parâmetro das anteriores
intervenções. Sobre o tema existem outras opiniões que todos teremos que ter em conta como
foi o caso de Lisboa e de outros municípios. O dia foi bem escolhido porque foi no dia 4 de
Outubro de 1910, que foi proclamada por gente do povo da Moita a República, antes do dia 5
de Outubro.
A atividade da Assembleia Municipal é fiscalizar os atos da Câmara Municipal, é o órgão
máximo que temos no concelho e por isso podemos aqui alertar para alguns dos nossos
problemas. Há situações que não se podem deixar em branco, esta que vai alertar é de um bem
essencial que é a água e que defendemos que não pode ser privatizada, mas também têm que
ser aplicadas regras e temos que cumprir com elas. Já levou este assunto a uma reunião de
Câmara, mas entendeu também trazer à Assembleia Municipal para alertar esta que deve fazer
a fiscalização junto da Câmara para cumprir a lei. Recebeu uma carta relativamente a um
corte de água de um utente que pura e simplesmente na fatura normal da conta corrente da
água, que vai ler para que se vejam os atropelos que faz a Câmara Municipal e não só o
Governo. O documento vai ser entregue à mesa da Assembleia Municipal. Lê o documento
que diz que o atraso no pagamento de faturas dos serviços de abastecimento de águas e de
outros serviços, conduz à instauração de processo de execução fiscal; que após a entrada em
execução fiscal das faturas, é emitido um aviso de citação com a informação da dívida
existente em processo de execução fiscal, bem como os seus procedimentos legais;
seguidamente descreve a situação e os valores em causa e dizendo que esses valores foram
pagos no mesmo dia do envio da citação para posterior envio pelos CTT e como o pagamento
foi efetuado no mesmo dia já não foi gerado qualquer aviso de citação.
Este caso é gravoso porque o decreto-lei 12/2008 diz que qualquer consumidor deve ser
avisado pelo menos com dez dias de antecedência antes do prazo, a Câmara tomou a liberdade
de não enviar tal aviso, e diz não ser caso único, o serviço das águas entendeu colocar isto em
execução fiscal, sendo a água um bem essencial será este um bom procedimento, pensa que
não é, pede que seja averiguado tal procedimento que diz não ter sido conforme com a lei.
Outro assunto é para dar os parabéns e agradecer à Câmara Municipal que finalmente “ o
monumento de Alhos Vedros”, junto à estação, no Bairro Gouveia, finalmente foi tapado, ao
fim de dezassete meses finalmente os serviços da Câmara taparam o buraco, alerta para o
trabalho de drenagem que não sabe se foi feito.
Presidente da Câmara Municipal, João Lobo
Relativamente ao assunto das faturas da água, tal assunto foi colocado na última reunião de
Câmara e lá foi respondido. Quanto ao buraco junto à estação, tal obra era da responsabilidade
do empreiteiro e finalmente este cumpriu a sua obrigação.
PERÍODO DA ORDEM DO DIA
Ponto Único – Pronúncia da Assembleia Municipal na base da Lei nº22/2012, de 30 de
Maio, sobre a proposta do Governo para a reorganização administrativa
territorial autárquica.
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Proposta apresentada pela Câmara Municipal:
“Introdução/Enquadramento
A 22 de setembro de 2011, o Governo publicou em Diário da República a Resolução do
Conselho de Ministros n.º40/2011, na qual anunciava os princípios orientadores e os eixos
estruturantes para a, designada, Reforma da Administração Local e Autárquica. Esta
publicação, a par do famigerado Documento Verde da Reforma da Administração Local,
confirmou as reais intenções do Governo quanto ao futuro do Poder Local Democrático,
conquista maior do 25 de Abril de 1974, visando, exclusivamente, o empobrecimento
democrático, a liquidação da autonomia do Poder Local, o esvaziamento dos direitos dos
trabalhadores e dos cidadãos, e a eliminação de centenas de freguesias.
Meses antes da publicação destes documentos, o partido da maioria governamental enunciava
no programa eleitoral que submeteu ao sufrágio dos portugueses em junho de 2011, um
conjunto de eixos de ação, entre os quais se encontrava a descentralização administrativa. Na
página 17, do aludido documento, é possível ler o seguinte:
“O PSD irá propor uma nova agenda para a descentralização administrativa: esta é a
grande alternativa à cultura centralista do nosso país, representando um caminho consensual
e uma política correta. Os Portugueses sentem que o poder de decisão mais próximo de si é
positivo, ajuda a resolver os seus problemas e introduz uma cultura de responsabilidade.
Portugal precisa de um Estado menos centralizado, menos burocratizado e assente no
princípio da subsidiariedade. É fundamental reordenar o aparelho do Estado de forma a
conseguir uma melhor eficiência na afectação de recursos destinados ao desenvolvimento
social, cultural e ambiental das várias regiões do País.”
Em momento algum, o PPD/PSD assumiu, a par do CDS/PP, que chegados a São Bento
tomariam como uma das suas prioridades a transformação radical do Poder Local
Democrático, impondo a redução do número de autarquias locais a começar com a extinção
de mais de um milhar de freguesias, promovendo a desconfiguração do sistema eleitoral com
a eliminação da eleição direta das Câmaras e a consagração dos poderes absolutos em
detrimento do pluralismo partidário e da representatividade, o que constitui uma afronta à
autonomia administrativa e à participação democrática, a par da redução dos cargos dirigentes
e do número de trabalhadores, dos cortes nos subsídios e vencimentos, do congelamento de
carreiras, progressões e admissões, no agravamento dos impostos e na eliminação de
deduções fiscais.
O governo teve necessidade de fundamentar esta sua opção com o Memorando de
Entendimento estabelecido entre o Governo Português, a Comissão Europeia, o Banco Central
Europeu e o Fundo Monetário Internacional, acenando como meta para a concretização da
alegada imposição Junho de 2012, não tendo a coragem necessária para assumir que a maioria
das medidas enunciadas em nada contribuiriam para a redução da despesa pública, ou para a
melhoria da prestação do serviço.
Com recurso a termos como “escala”, “coesão”, “economia”, “eficiência”, o governo
pretendia iludir a opinião pública responsabilizando as autarquias locais e indicando-as como
as principais responsáveis pelo estado das contas públicas. As dívidas e o endividamento dos
municípios são inegáveis, resultam de um conjunto de medidas restritivas, do incumprimento
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de uma série de leis e de muitos outros fatos conhecidos, mas não são estas medidas
legislativas que vão alterar a situação de grave crise económico-financeira em que o país se
encontra. E é importante que se acabe com esta corrente de contra-informação que lesa a
credibilidade, o trabalho e a honestidade dos municípios e dos seus autarcas, até porque a
dívida dos 308 municípios, superior a 7,5 mil milhões de euros, é inferior à dívida de apenas
uma das empresas tuteladas pelo Estado, e são estes os dados que importa tornar públicos para
esclarecer os cidadãos.
Prosseguindo a sua ofensiva ao Poder Local Democrático, aos trabalhadores das autarquias
locais e aos direitos de todos os portugueses, o governo aprovou a Lei n.º22/2012, de 30 de
maio, que estabelece o regime jurídico da reorganização territorial autárquica definindo
claramente as regras para proceder à sua inusitada reforma administrativa, definindo os
termos para a participação das autarquias locais na concretização desse processo. Esta lei
confirmou as piores expectativas, é um erro tomar como ponto de partida para a reorganização
territorial a extinção das freguesias. Mas mais errado é o próprio Estado obrigar à
reorganização territorial coagindo as freguesias, determinando que a participação no Fundo de
Financiamento das Freguesias é aumentada em 15% para as freguesias criadas por agregação,
um aumento que se manterá até ao final do próximo mandato, enquanto as restantes mantêm a
mesma participação, ou quem sabe se não podem vir a sofrer algum tipo de penalização. Que
Estado de Direito Democrático faz uma reorganização administrativa e territorial séria com
recurso a manobras sobre as autarquias mais frágeis?
Um aumento que apenas é válido se a agregação resultar da pronuncia favorável da
Assembleia Municipal, e assim quer determinar o sentido de voto e a liberdade de expressão
de cada órgão deliberativo.
Mas o procedimento de eliminação das freguesias não se fica pela pronúncia, ou falta dela,
das Assembleias Municipais, esta lei vai mais longe. Esta lei confere a uma Unidade Técnica,
na sua maioria composta por representantes da Administração Central (doze elementos,
precisamente, enquanto que a Associação Nacional de Municípios e a Associação de
Freguesias têm dois representantes cada, embora nenhuma destas associações tenha indicado
representantes), as competências necessárias para apresentar à Assembleia da República
propostas concretas de reorganização administrativa do território das freguesias, no caso da
ausência de pronúncias das Assembleias Municipais (às quais equivale pronúncia que
contrarie o pretendido pelo governo), ou elaborar parecer sobre a conformidade ou
desconformidade das pronúncias das respectivas Assembleias Municipais. Podem as
autarquias locais, os autarcas, os trabalhadores e os cidadãos aceitar que a sua identidade
territorial seja decidida no Parlamento por 16 técnicos e representantes de entidades diversas
que desconhecerão, na sua maioria, a história, a cultura, as origens destas gentes que querem
despojar das suas freguesias?
A Câmara Municipal da Moita responde: NÃO!
Todos os argumentos usados nos documentos aqui referidos, não constituem mais do que
manobras de distração para desincentivar a luta pela manutenção da nossa identidade.
Por discordar dos pressupostos em que assenta esta cega reforma da administração territorial
autárquica, tendo conhecimento das posições assumidas pelas Assembleias de Freguesia de
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Alhos Vedros, Baixa da Banheira, Gaio-Rosário, Moita, Sarilhos Pequenos e Vale da Amorei-
ra, a Câmara Municipal da Moita passa a expor os fundamentos que assistem ao município
para a rejeição liminar desta lei.
Caracterização histórica do Município da Moita
O concelho da Moita é um território integrante da Área Metropolitana de Lisboa e do distrito
de Setúbal, localizado na margem esquerda do Estuário do Tejo, com uma frente ribeirinha
superior a 20 km. Com exceção da freguesia do Vale da Amoreira, todas as outras freguesias
(Alhos Vedros, Baixa da Banheira, Gaio/Rosário, Moita e Sarilhos Pequenos) estão em
contacto com o rio.
As origens da ocupação humana no concelho da Moita remontam aos inícios do Neolítico e
correspondem a uma ocupação de carácter habitacional com cerca de seis mil anos, como
atestam os achados arqueológicos da jazida do Gaio. Só a partir de meados do século XIII
podemos apontar a existência de um núcleo urbano em Alhos Vedros, com base no
documento mais antigo referente à localidade que data de 30 de janeiro de 1298.
O povoamento da faixa ribeirinha, na qual se integra o território do atual concelho da Moita,
só terá ocorrido de uma forma mais ou menos contínua com a pacificação de toda esta zona, o
que nos faz supor que apenas terá sucedido após a reconquista definitiva de Alcácer do Sal em
1217.
Toda esta extensa região (doada por D. Sancho I, no ano de 1186) que se estendia desde a
Margem Sul do Rio Tejo até à extrema do Alentejo estava na dependência direta da Ordem Militar de Santiago. É neste contexto que surge a designação de Riba Tejo, termo utilizado
pelos freires de Santiago para denominarem o vasto território compreendido entre o rio de
Coina e a ribeira das Enguias e no qual nasceram e se foram desenvolvendo vários núcleos
populacionais, atraídos pela força do estuário.
É no âmbito desta estrutura organizacional que surge a freguesia de São Lourenço de Alhos
Vedros, confirmada documentalmente por uma sentença, datada de 5 de Outubro de 1319. O
período que medeia os séculos XIV e XVI é propício ao desenvolvimento económico e
populacional de Alhos Vedros, de tal forma que vê crescer a sua importância no contexto
regional, ao receber o estatuto de vila (1477), o poder municipal (1479) e a carta de foral
(1514).
Contudo, no final da centúria de quatrocentos e início de quinhentos, é que terá assumido o
seu período áureo, abrangendo o seu termo um extenso território que compreendia os atuais
concelhos do Barreiro e da Moita, estendendo-se desde a Ribeira de Coina até Sarilhos
Pequenos. Embora detivesse uma área de jurisdição, o antigo concelho de Alhos Vedros
estava na dependência direta da Ordem Militar de Santiago, a sua donatária, pelo que
constituía uma comenda da Mesa Mestral da Ordem.
É neste contexto espácio-temporal que vão surgindo pequenos aglomerados, constituídos por
pouco mais do que uma dezena de habitantes, demonstrando que a humanização, no território
do atual concelho da Moita se fez muito lentamente, o que se deveu, em grande parte, à
estrutura do solo, coberto exclusivamente por matas e extensos pinhais.
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Dados os imperativos geográficos, os aglomerados que nasceram no termo de Alhos Vedros
cresceram em estreita articulação com o trabalho no rio, através de uma rede efetiva de
ligações fluviais com a outra margem, o que permitia uma rápida circulação de pessoas e de
bens. Aliás, o desenvolvimento da Moita está indissociavelmente ligado ao transporte de
cabotagem, atividade que a converteu numa terra de passagem e num importante nó de
ligação entre o Sul do país e a cidade de Lisboa.
Assim, à medida que assistimos ao crescimento da Moita, que culmina com a sua elevação a
vila em 1691, Alhos Vedros vai lentamente declinando, situação que se reflete na
desintegração do seu território e consequentemente no decréscimo da população, de modo
que, no século XVIII, Alhos Vedros tinha apenas 124 moradores, enquanto a Moita já
registava 225 “vizinhos” e o lugar de Sarilhos Pequenos 55 “vizinhos”.
Nos finais do século XVII, passámos a ter duas vilas e dois concelhos com as respectivas
áreas jurisdicionais, administradas individualmente por dois juízes ordinários, vereadores, um
procurador do concelho, escrivão da Câmara, juiz dos órfãos com o seu escrivão, dois
tabeliões, um alcaide e uma companhia de ordenança.
No século XIX, no decorrer das reformas administrativas empreendidas pelo governo liberal,
Alhos Vedros perdeu definitivamente a sua autonomia municipal e foi integrado como
freguesia, num primeiro momento, no Barreiro (1855) e, num segundo momento, na Moita
(1861). Na última década do século, com a segunda extinção do concelho da Moita (1895), a
freguesia de Alhos Vedros voltou a ser anexada, por mais três anos, ao Barreiro, para ser de
novo reintegrada, em definitivo, no concelho da Moita (1898).
Hoje o concelho da Moita é composto por seis freguesias, com uma população de 66 029
habitantes (Censos 2011).
Crescimento demográfico
O crescimento da população tem-se processado de uma forma contínua, notando-se na última
década uma diminuição desse crescimento, que se fica a dever à própria dinâmica da Área
Metropolitana de Lisboa na qual o Município da Moita se insere.
A construção da Ponte Vasco da Gama, há mais de uma década, veio dar uma nova
centralidade e a acessibilidades que constituem um trunfo no posicionamento deste concelho
na região, nomeadamente para a valorização dos seus recursos naturais e zona ribeirinha,
constituindo um atrativo para a instalação de novos equipamentos, novas empresas e novos
residentes, originando novas oportunidades para o desenvolvimento local e regional,
resultantes do esforço da Câmara Municipal na requalificação urbanística e ambiental.
O concelho da Moita registou, na última década, uma taxa de variação demográfica negativa,
passando de um crescimento de 3,6% entre 1991 e 2001, para um decréscimo de 2.15%, entre
2001 e 2011, o que, em termos de população efetiva, resultou na perda de 1420 habitantes,
sendo que atualmente a população total do concelho da Moita é de 66029.
O grande surto populacional verificado na década de 60 explica-se pela oferta de emprego no
sector industrial do Barreiro, Setúbal e AML. Nos anos após 1975, o Município viu a sua
população aumentar, em parte, devido à chegada de residentes das ex-colónias. Este aumento
foi principalmente sentido nas freguesias da Baixa da Banheira, Moita e Vale da Amoreira.
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A freguesia da Baixa da Banheira é a que regista maior concentração, com uma densidade
populacional de 95,4hab/km2, com 21085 habitantes, o que corresponde a 32 por cento da
população do Município.
Para o decréscimo da população, nos últimos dez anos, contribuíram as freguesias do Vale da
Amoreira e da Baixa da Banheira, com uma redução no número de habitantes de 2496 e 2627,
respectivamente.
As restantes freguesias aumentaram a sua população, sendo o maior contributo da freguesia
de Alhos Vedros com um acréscimo de 2436 habitantes.
Caracterização socioeconómica
A população do concelho da Moita exerce a sua atividade sobretudo nos concelhos limítrofes
da Área Metropolitana de Lisboa, predominantemente nos sectores secundário e terciário,
efetuando deslocações diárias entre o local de trabalho e o de residência, utilizando
transportes públicos (rodo ferroviários e fluviais) e viatura própria.
A atividade agrícola efetua-se em pequenas propriedades (2 800m2 em média). A criação de
gado leiteiro e a produção de produtos hortícolas são as atividades mais significativas deste
sector.
No sector secundário, existem cerca de 120 unidades industriais de pequena e média
dimensão, de produção bastante diversificada, que representam cerca de 4 000 postos de
trabalho, localizadas, na sua maioria, nas freguesias de Alhos Vedros e Moita.
O sector do comércio e serviços apresenta um maior peso nas freguesias da Baixa da Banheira
e Moita.
O Município da Moita tem vindo a desenvolver uma política de captação de investimentos,
fomentando a oferta de terrenos industriais infraestruturados a baixo custo. As novas áreas
comerciais e de serviços são de iniciativa privada e prendem-se com as novas áreas
residenciais.
O desenvolvimento do Plano Diretor Municipal aponta para um crescimento equilibrado do
Município da Moita.
Caracterização administrativa
ALHOS VEDROS
A Freguesia de Alhos Vedros tem uma área de 1.798 ha, sendo 1.500 ha terrestres e 298 ha
marítimos.
A norte é limitada pelo Estuário do Tejo, tendo uma considerável área ribeirinha, a Sul o
Concelho de Palmela é a sua fronteira administrativa, a Poente faz fronteira com as Freguesias
da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira (Concelho da Moita) e com o Concelho do
Barreiro, a Nascente, pela Freguesia da Moita.
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O desenvolvimento económico e populacional que se verificou entre os séculos XIV e XVI
permitiu que, em 1479, recebesse o poder municipal e, em 1514, o foral, concedido por D.
Manuel I. Mas o seu primeiro povoamento é muito mais antigo, possivelmente do século XIII.
A Igreja de São Lourenço, a Igreja da Misericórdia, o Moinho de Maré do Cais de Alhos
Vedros, o Pelourinho e o seu Poço Mourisco, herança histórica deixada pelos mouros são as
principais referências, monumentos que constituem um património riquíssimo e que estão
integrados no núcleo mais antigo da vila, junto ao rio.
O seu território chegou a abranger os atuais concelhos do Barreiro e da Moita, entendendo-se
desde a ribeira de Coina a Sarilhos Pequenos.
A partir dos anos 40 do século XX, com o desenvolvimento do caminho-de-ferro, a indústria
de cortiça, têxteis, serralharia, carpintaria, construção civil e naval, metalomecânica são
algumas das atividades que floresceram. Foi nesta época que se deu o grande crescimento
urbano, com base na construção de vários bairros de operários, vindos de todo o País, que
acabam por atribuir à mais antiga vila do concelho o carácter de vila operária.
A freguesia é hoje constituída por diversos núcleos urbanos dispersos no seu território.
Atualmente, a freguesia de Alhos Vedros continua a evidenciar dinamismo económico,
integrando no seu território diversos polos de atividades económicas, de indústria e de
serviços, bem como mantém um relevante sector agrícola e agropecuário na sua zona rural.
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 6024 2984 12614
2011* 8210 3722 15050
Área – 1798 ha *Dados Censos Provisórios 2011
BAIXA DA BANHEIRA
Com 394 hectares, a Baixa da Banheira situa-se entre as freguesias de Alhos Vedros e do Vale
da Amoreira, o concelho do Barreiro, e é banhada a norte pelo estuário do Tejo.
Sítio da Banheira, Lugar da Banheira, Terras Baixas da Banheira do Tejo são apenas algumas
das designações que ao longo dos tempos é possível, através de registos de diversas épocas,
referenciar a localização da atual Baixa da Banheira, datando a primeira referência conhecida
do século XIV.
A origem toponímica do nome deve-se à configuração geográfica da terra, terras baixas ao
redor da pequena enseada do Tejo.
A ocupação urbana remonta ao princípio do século XX, pois a primeira licença de construção
concedida pela Câmara Municipal da Moita data de 1935. E o crescimento da Baixa da
Banheira ocorre nos anos 30/40 com a chegada de muitas famílias oriundas do Algarve, Trás-
os-Montes, Alentejo (entre outras), que procuraram trabalho nas grandes fábricas da região
como por exemplo a CP, a CUF, a Siderurgia, a Indústria Naval e as cortiças. Entre os anos
40 e 60, a Baixa da Banheira absorveu praticamente todo o crescimento urbano do concelho,
mantendo esse ritmo constante desde então.
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A Baixa da Banheira está tradicionalmente ligada às lutas operárias. Daí que o associativismo
e a sua forte componente operária sejam o que mais caracteriza e distingue esta freguesia que
nasceu como área residencial de ferroviários e operários fabris, erguida ao longo da linha-
férrea. As colectividades culturais, desportivas e de recreio cumpriram uma importante função
ao nível social e formativo. Algumas delas criaram mesmo jardins-de-infância, escolas
primárias, cursos liceais gratuitos, núcleos de alfabetização, entre outras iniciativas.
A freguesia da Baixa da Banheira foi criada em 1967 pelo Decreto-Lei n.º 47.513, de 26 de
Janeiro.
Atualmente, cerca de 32 por cento da população do Município da Moita vive nesta freguesia,
a mais populosa do concelho.
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 11200 2959 23712
2011* 11767 3060 21085
Área – 394 ha *Dados Censos Provisórios 2011
GAIO – ROSÁRIO
A freguesia do Gaio – Rosário tem 352 hectares e faz limite com o estuário do Tejo, e as
freguesias de Moita e Sarilhos Pequenos.
Habitada desde há seis mil anos, como atesta a jazida arqueológica descoberta em 1994, a
área da freguesia do Gaio/Rosário pertencia, no século XVI, à Quinta de Martim Afonso,
propriedade de D. Cosmo Bernardes de Macedo, fidalgo da Casa d’El Rei D. João III.
Contudo, o seu núcleo habitacional só viria a ter maior expressão no princípio do século XX.
Tradicionalmente relacionada com o rio desde a mais remota origem do povoado, a população
dedicou-se às atividades ribeirinhas durante décadas, destacando-se a apanha das famosas
ostras do Tejo e o transporte de produtos entre as duas margens, cruzando o Mar da Palha, e a
construção naval, da qual o estaleiro do Gaio foi um elevado expoente. A partir dos finais da
década de 60, com o declínio das atividades ribeirinhas tradicionais, a economia passou a
depender mais do exterior. Data desta época a instalação na freguesia de uma importante
unidade industrial de armazenamento e distribuição de gás, que chegou a ter dezenas de
postos de trabalho.
O Gaio e o Rosário, as duas localidades que constituem a freguesia e lhe dão nome,
apresentam atualmente um crescimento habitacional moderado e qualificado, bem como
grandes potencialidades naturais para o desenvolvimento do turismo ligado ao rio.
O Gaio e o Rosário são duas pitorescas localidades plantadas à beira rio, que têm hoje grandes
potencialidades em termos turísticos, sobretudo para desenvolver atividades ligadas ao rio.
Tem vindo a proceder-se à valorização de toda a zona ribeirinha, incluindo a bela praia
fluvial, dotando-a de infraestruturas de lazer e de acolhimento de visitantes.
Em anos recentes instalou-se na antiga seca do bacalhau uma moderna fábrica de
processamento de bacalhau, a maior do país, e que oferece perto de três centenas de postos de
trabalho.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
12
O Gaio – Rosário é freguesia desde 31 de dezembro de 1984.
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 467 412 987
2011* 591 536 1227
Área – 352 ha
*Dados Censos Provisórios 2011
MOITA
Com 2494 hectares, a freguesia da Moita faz fronteira com o estuário do Tejo, as freguesias
de Gaio – Rosário, Sarilhos Pequenos, e Alhos Vedros, e os concelhos do Montijo e Palmela.
O rio Tejo é o berço desta vila com origem num grupo de lenhadores, carvoeiros e salineiros,
que no século XIV, se fixou nesta margem. Desde então, e até ao século XIX, as atividades
ribeirinhas como a extração de sal, o transporte de produtos e pessoas entre esta margem e a
cidade de Lisboa e a construção naval impuseram-se como a principal base de sustento
económico da população, sendo o Cais da Moita o coração da vila onde fervilhavam
novidades, chegavam e partiam carroças, embarcavam e desembarcavam gentes e
mercadorias, numa movimentação diária cadenciada apenas pelo ritmo das marés.
A malha urbana do núcleo antigo da Moita, em frente ao Cais, estrutura-se a partir de uma rua
direita, paralela à margem, de onde partem enfiamentos transversais em direção ao esteiro,
ligando os mais importantes locais: o Cais, a Igreja de Nª Sr.ª da Boa Viagem e o altar de Nª
Sr.ª da Piedade, todos construídos às custas dos “marítimos”.
Em meados do Séc. XIV, já possuía uma Ermida sob a invocação de São Sebastião. A Ermida
de São Sebastião constituiu-se Freguesia, tal como consta na visitação da Ordem de Santiago,
em 1523.
A Moita recebeu a categoria de vila, por carta régia, passada por Dom Pedro II a 7 de
novembro de 1691 e foi doada ao Conde de Alvor, Francisco de Távora. E desintegra-se do
concelho de Alhos Vedros.
A Implantação da República na Vila da Moita ocorre no dia 4 de outubro de 1910, pelas
quatro e meia da manhã, com o hastear da bandeira da republicana no edifício municipal.
Como referência à primeira Junta da Paróquia, funcionou até à extinção da monarquia. Depois
com a implantação da República, ainda se manteve até 1916, nas instalações da Fábrica da
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Pertenceram à freguesia, o Lugar de Martim Afonso – atual Gaio/Rosário e Sarilhos
Pequenos, que por sua vez passaram a Freguesia pelo decreto – lei n.º 49/84, de 31 de
Dezembro de 1984.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
13
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 7800 3069 16727
2011* 9017 3796 17653
Área – 2 494 há
*Dados Censos Provisórios 2011
SARILHOS PEQUENOS
Sarilhos Pequenos é uma freguesia desde 31 de dezembro 1984, com 3,79 km² de área e 1150
habitantes (2011), com uma densidade populacional de 303,4 hab/km².
O núcleo urbano de Sarilhos Pequenos forma-se numa relação directa com o rio, organizando-
se numa dependência do esteiro. Todo o crescimento que se operou no sentido do esteiro
traduz uma forma urbana e uma tipologia de edificação próprias de uma povoação ribeirinha
nas margens do Estuário do Tejo. A malha urbana em forma de estrela, com as ruas a
desembocar num largo central e com o rio nas traseiras, tinha como função proteger as casas,
dos ventos desagradáveis de norte.
A atividade piscatória e salineira foi até às décadas de 60/70 do século XX, o sustento de 90%
da população ativa desta freguesia.
Apesar da quebra e do desaparecimento de algumas destas atividades, em Sarilhos Pequenos
ainda se podem observar as pequenas e tradicionais casas das gentes do mar, pintadas com
cores garridas e por vezes com redes de pesca penduradas à porta para impedir a entrada de
insectos. Também o estaleiro naval, único na construção e recuperação das embarcações
típicas do Tejo com recurso a técnicas de construção naval tradicionais, ajuda a preservar a
história de outrora e é uma importante atividade económica da freguesia e do concelho.
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 495 368 1049
2011* 620 488 1150
Área – 256 ha
*Dados Censos Provisórios 2011
VALE DA AMOREIRA
Criada em 11 de março de 1988, por desanexação da freguesia da Baixa da Banheira, o Vale
da Amoreira é a mais jovem Freguesia da Concelho da Moita, sendo a segunda freguesia do
concelho mais densamente povoada.
Os limites da freguesia são feitos com as freguesias de Alhos Vedros e Baixa da Banheira, e
com o concelho do Barreiro.
Os primeiros habitantes do Vale da Amoreira eram trabalhadores das quintas que formavam
esta área, então parte da freguesia da Baixa da Banheira. Em 1970, com a construção do
Bairro Fundo de Fomento de Habitação, as características urbanas acentuaram-se. A chegada
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
14
de milhares de pessoas das ex-colónias portuguesas, após o 25 de Abril de 1974, e a ocupação
de habitação de promoção pública acabaram por marcar definitivamente a identidade do Vale
da Amoreira.
A composição social desta população constitui um factor marcante no território. As suas
origens são diversas, cerca de 45% é oriunda dos PALOP e os restantes são provenientes das
diferentes regiões portuguesas, como resultado dos movimentos migratórios dos anos 60.
Saliente-se que é a freguesia mais jovem do concelho, com cerca de 34% dos seus habitantes
a apresentar idades inferiores aos 18 anos. Esta característica e a diversidade de origens e
culturas são as maiores riquezas da freguesia.
A dimensão demográfica que ganhou veio justificar a sua elevação a freguesia, abrangendo
uma área marcadamente residencial, urbana e multicultural, onde se misturam saberes e
culturas oriundos de vários pontos do país e de África. Situa-se aqui uma das maiores
comunidades cabo-verdianas da Área Metropolitana de Lisboa.
Nº de Alojamentos Nº de Edifícios
Nº de Indivíduos Resi-
dentes
2001 4566 853 12360
2011* 4454 795 9864
Área – 244 ha
*Dados Censos Provisórios 2011
CONCLUSÕES
Após quarenta e oito anos de Ditadura, de um regime fascista, opressor, violador de direitos, o
25 de Abril de 1974 renovou a aspiração de um povo, atribuiu-lhe direitos, liberdades e
garantias constitucionais, entre as quais a institucionalização do Poder Local Democrático,
expressão avançada e progressista da transformação iniciada com a Revolução dos Cravos.
Para as bases de um novo Poder Local livre e democrático, e para a sua institucionalização,
muito contribuíram as Comissões Administrativas instaladas logo após essa madrugada
renovadora, em regra, constituídas por destacados e prestigiados antifascistas, eleitos em
assembleias populares e ratificadas pelos Ministros da Administração Interna, de época.
Num quadro marcado por uma enorme escassez de recursos financeiros, em muitos casos
atenuada e superada por uma impressionante mobilização popular e por inesquecíveis
jornadas de trabalho voluntário generosamente oferecido pelas populações, as Comissões
Administrativas tiveram um papel de extrema importância e mostraram a força do povo.
Um ano e meio após o fim da ditadura, os eleitores puderam eleger livremente os seus
representantes locais, num ato eleitoral que ficará para sempre na história do nosso país e do
municipalismo. A participação popular na vida democrática tem sido determinante desde
então, pelo que não é possível tirar ao povo a sua identidade contra a sua vontade, expressa
em tantas ocasiões mas com maior projeção na manifestação nacional de freguesias realizada
em março de 2012.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
15
Como pode o PPD/PSD afirmar que “Não é possível imaginar a democracia, a prosperidade
e a coesão social sem instituições que propiciem e estimulem a participação, as iniciativas e
os empreendimentos dos cidadãos, e ofereçam ainda um enquadramento bem definido,
transparente e seguro para as relações interpessoais e empresariais.” e, recém instalado nos
seus gabinetes governamentais, faça precisamente o contrário ao decidir eliminar mais de mil
freguesias.
O Poder Local Democrático é, sem dúvida, uma das mais importantes conquistas de Abril.
Assente nos princípios da autonomia administrativa e financeira, plural e colegial,
representativo dos interesses das populações, é inegável e inquestionável o trabalho realizado
em infraestruturas e equipamentos como escolas, bibliotecas, pavilhões desportivos e
multiusos, estradas, saneamento básico e abastecimento de água, recolha de resíduos sólidos,
espaço público, ordenamento do território, ação social e educação. São incontestáveis as
profundas transformações sociais operadas pela intervenção do Poder Local Democrático na
melhoria das condições de vida da população e na superação de enormes carências. Tal como
é indiscutível o trabalho, o esforço e a dedicação de milhares de jovens, mulheres e homens
que nestes 36 anos assumiram condigna e abnegadamente os lugares para que foram eleitos ao
serviço das suas populações, do desenvolvimento das suas terras e no exercício da sua
cidadania ativa.
O povo conquistou o direito de poder decidir e escolher livremente, mandato após o mandato,
qual o projeto político que mais garantias lhes dava de honestidade e trabalho em prol da
aldeia, vila ou cidade. Os cidadãos passaram a sentir o Poder mais próximo. Sentiram que os
problemas na sua rua, no seu bairro, são resolvidos por alguém que tem um rosto e um nome,
alguém que está lá onde é preciso.
As autarquias locais, municípios e freguesias, são determinantes para a contínua melhoria das
condições de vida das populações e na superação das enormes carências herdadas por décadas
de regime ditatorial.
O Documento Verde para a Reforma da Administração Local tem como principal objectivo a
liquidação das mais importantes conquistas económicas e sociais de Abril, a alteração de
garantias, a imposição de limites e constrangimentos, contribuindo para o empobrecimento
democrático do Poder Local, e consequentemente da participação popular e cívica de todos os
cidadãos.
O município da Moita, que desde a primeira hora defendeu um regime republicano, que tem
na sua história a luta e a determinação das suas gentes para a instauração da liberdade e da
democracia não pode deixar de repudiar as medidas anunciadas e recusa a eliminação das suas
freguesias.
Recusa igualmente o oportunismo com que esta intenção foi anunciada criando-se a ilusão de
que teria um forte impacto financeiro na balança das contas públicas, quando as freguesias
representam 0,1% do total da despesa do Orçamento do Estado.
Porque são as freguesias, os seus eleitos e trabalhadores que estão ao lado das suas
gentes, é nas sedes das juntas de freguesias que funcionam serviços essenciais às populações
como: os correios, posto de enfermagem ou primeiros socorros, pagamento das reformas e
pensões, pagamento de serviços, bibliotecas, centro de fotocópias, entre outros, que muitas
vezes distam vários quilómetros das sedes de concelho;
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
16
Porque através dos protocolos de delegação de competências da Câmara Municipal,
são as Juntas de Freguesia que asseguram: a manutenção e reparação dos passeios; a gestão e
conservação dos mercados de levante; a conservação e reparação nas escolas e
estabelecimentos de educação pré-escolar e 1º ciclo; a manutenção, reparação e substituição
do equipamento e mobiliário urbano que não é gerido por concessão; a gestão, conservação e
limpeza da praia fluvial do Rosário e do posto de socorros nela existente; a conservação,
reparação e limpeza do cemitério municipal de Alhos Vedros, a concessão de licenças de
publicidade para os abrigos; o apoio ao movimento associativo; e a execução de obras
diversas;
E embora a vivência democrática prosseguida pela atual maioria governativa tenha
desrespeitado o órgão autárquico que é a Câmara Municipal, num total de 308 em todo o país,
ao não estipular na lei a sua audição sobre a aplicação do regime jurídico da reorganização
territorial autárquica, a Câmara Municipal da Moita delibera, em reunião de câmara realizada
em 26 de setembro de 2012:
Manifestar à Assembleia Municipal a sua total discordância com a aplicação da Lei
n.º22/2012, de 30 de maio, e recusar a extinção de qualquer uma das suas freguesias, e assim
apelar aos eleitos na Assembleia Municipal para que se pronunciem no mesmo sentido,
pronunciando-se pela não extinção, agregação ou fusão das freguesias do concelho da Moita;
Dar conhecimento desta posição junto de todos os partidos políticos com assento na
Assembleia da República, relembrando-lhes que os eleitores não votaram para extinguir
freguesias, e que Portugal é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular,
no pluralismo de expressão e organização política democráticas;
Prosseguir com a luta em defesa do Poder Local Democrático, um dever de toda a
sociedade, de todos os que defendem a pluralidade, a transparência, a honestidade, o direito
ao trabalho, à justiça social, ao progresso e desenvolvimento das suas regiões e do seu país. E
apela ao empenho de todos na luta em defesa das freguesias e dos municípios.”
Tita Maurício
Solicita que para além das deliberações das Assembleias de Freguesia, seja também lida a lei,
até porque parece-lhe que toda a gente se pronuncia sobre o que não está na lei, toda a gente
chega a conclusões do que não está na lei e criticam o que não está na lei. Solicita que ela
fosse lida para esclarecimento público.
Serafim Sousa
Embora compreenda a recusa das Assembleias de Freguesia do que está na lei, será bom
esclarecer que isso corresponde em deixar aos outros na totalidade pronunciarem-se por eles.
O que se está a passar aqui e o que tem ouvido é uma não pronuncia, se há o cuidado de
informar a população, não sabe se a população está informada de que há uma lei que pode ser
má, mas que foi emanada pela Assembleia da República, as pessoas podem não saber as
consequências da não pronúncia, portanto deve ser lida a lei para que as pessoas tenham a
consciência do que é que se está a falar.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
17
Joaquim Gonçalves, Presidente da Assembleia Municipal
Diz que poderá ler a lei, para conhecimento da população presente, no fim de serem lidas as
pronúncias das Assembleias de Freguesia, mas que com certeza durante o debate os membros
da Assembleia Municipal irão referir -se a ela e qual o seu posicionamento perante a mesma,
o que promoverá com toda a certeza o esclarecimento pretendido.
João Faim
Pede desculpa pela sua intervenção mas pensa que as afirmações dos representantes do CDS-
PP e do PSD nesta Assembleia Municipal tratam o público presente e a população do
concelho da Moita, exatamente da mesma maneira que este Governo tem tratado com os
acordos com a troika, está a tratar os presentes e a população da Moita com um “atestado de
burrice”, pois a lei está publicada desde o dia 30 de Maio de 2012, julga que muitos deles
leram a lei, mas não é à falta de ler a lei que estão aqui presentes, antes pelo contrário, porque
conhecem a lei e sabem as maldades e os malefícios que esta lei propõe para as freguesias.
Tita Maurício
Diz que não tratou ninguém por estupido, nunca o fez e sugere que se leiam só as conclusões
das pronúncias das Assembleias de Freguesia.
Presidente da Assembleia Municipal, Joaquim Gonçalves
Refere que no início da Assembleia quis enquadrar o debate para facilitação do mesmo, que
quanto à questão da conformidade ou não conformidade com a lei das pronúncias das
Assembleias de Freguesia, o Poder Local tem a característica de ser autónomo, então isso só
diz respeito às respetivas assembleias, talvez isso seja o que o Poder Central não gosta ou não
queira. Na realidade estar a ler todas as páginas das pronúncias é capaz de ser muito moroso,
concorda que só se leia as deliberações.
Serafim Sousa
Quer dizer que não chamou estúpido a ninguém, conhece muitas pessoas que estão na sala e
de algumas é amigo. Nunca lhe passou pela cabeça, nem é capaz de chamar estúpido ou burro
a ninguém e principalmente às pessoas que conhece, é uma questão de princípio.
Conforme o que foi estabelecido anteriormente, foram lidos os pareceres das Assembleias de
Freguesia de Alhos Vedros, aprovado por maioria; Baixa da Banheira, aprovado por
unanimidade; Gaio-Rosário, aprovado por unanimidade; Moita, aprovado por maioria;
Sarilhos Pequenos, aprovado por unanimidade e Vale da Amoreira, aprovado por
unanimidade, os quais serão remetidos com toda a documentação que irá ser enviada à
Assembleia da República, conforme é determinado pela Lei 22/2012 de 30 de Maio.
Foi também lida a proposta da Câmara Municipal que se encontra transcrita nesta ata.
Foi apresentada pelo Presidente da Junta de Freguesia da Moita, João Miguel e assinada
pelos Presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho da Moita uma proposta de
Pronúncia da Assembleia Municipal referente à Lei nº22/2012, de 30 de Maio.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
18
Antes de ler a respetiva proposta o presidente da Junta de Freguesia da Moita saudou a
população presente, os representantes das comissões de moradores, dos trabalhadores, das
coletividades e associações presentes agradecendo a sua comparência.
Homenageia as datas que hoje representam, uma que fizemos antes de entrarmos nesta sala
para iniciarmos esta sessão, com o desfile da banda do Gaio-Rosário, no 4 de Outubro um
movimento de republicanos levantou a bandeira da República aqui na Moita, foi levantada a
bandeira da República no edifício da Câmara Municipal, com coragem e firmeza adiantando-
se àquilo que aconteceu em Portugal no dia a seguir, 5 de Outubro. O nosso voto para essa
gente, o voto também para aqueles que há 38 anos atrás, também com habitantes da freguesia
da Moita e habitantes do concelho, que conseguiram derrubar um regime que não permitia
que houvesse o Poder Local Democrático e temos aqui hoje presidentes de Junta de Freguesia
eleitos democraticamente a expor os nossos assuntos e também dar um voto de
reconhecimento a todas as freguesias da Moita, porque este é um resultado de estarmos em
cooperação uns com os outros e não estarmos em competição, porque o nosso objetivo é
trabalhar e pensar nas populações, objetivo para o qual fomos eleitos.
Diz que a referida proposta de pronúncia apresentada a esta Assembleia Municipal foi
consensualizada por todos os presidentes de Junta do concelho da Moita.
“Pronúncia da Assembleia Municipal da Moita referente à Lei 22/2012 de 30 de Maio
Considerando que:
- A ANAFRE, Associação Nacional de Freguesias e a ANMP, Associação Nacional de
Municípios tomaram posição pela revogação da Lei 22/2012, em encontro nacional realizado
no dia 15 de setembro de 2012 e em congresso extraordinário no dia 29 de setembro de 2012,
respetivamente;
- Todas as Assembleias de Freguesia do concelho da Moita manifestaram-se contra a
agregação, extinção e fusão das suas freguesias;
- A Câmara Municipal da Moita tomou posição, apelando à recusa da extinção de qualquer
uma das freguesias do município.
A Assembleia Municipal da Moita reunida em sessão extraordinária de 4 de Outubro de 2012
delibera:
1 - Concordar com os pareceres das Assembleias de Freguesia do concelho da Moita (Alhos
Vedros, Baixa da Banheira, Gaio-Rosário, Moita, Sarilhos Pequenos e Vale da Amoreira)
bem como com o parecer da Câmara Municipal sobre esta matéria, e delibera pronunciar-se
pela não agregação, extinção ou fusão de qualquer freguesia do concelho da Moita;
2 – Enviar a presente pronúncia à Assembleia da República conjuntamente com os pareceres
das Assembleias de Freguesia e da Câmara Municipal, apelando ao parlamento português e
aos partidos que o compõem a assunção das suas responsabilidades de acordo com a
Constituição da República Portuguesa.”
Luís Chula
Em nome do Partido Socialista, apresentou a seguinte declaração política:
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
19
“Desde o momento em que foi apresentado o então “Documento Verde da Reforma da
Administração Local ” pelo XIX Governo Constitucional resultante das eleições de 6 de Junho de
2011, que o Partido Socialista sempre apresentou uma firme reserva e oposição.
Posteriormente, com a publicação da Lei 22/2012 de 30 de Maio o Governo veio substituir o
citado “Documento Verde” estabelecendo outros parâmetros de reorganização administrativa
territorial autárquica e outras regras, definindo e enquadrando os termos da participação dos
diversos órgãos autárquicos na concretização desse processo.
Mais uma vez o Partido Socialista se manifestou contra: no Parlamento, nas respectivas
Comissões Parlamentares, nas Autarquias, nos Fóruns e Associações em que se encontra
representado, mantendo a sua discordância pela forma, princípios e métodos com que o Governo
tem vindo a gerir todo este processo ao não respeitar a identidade, a cultura, a história do povo e
do País, ao não ouvir os autarcas, ao não cuidar das especificidades de cada população, ao não vir
ao terreno estudar e ouvir as populações, insistindo nesta pretensa Reforma Administrativa do
Território à custa da eliminação cega, e tão só, das Freguesias.
O Partido Socialista considera importante melhorar a gestão autárquica, modernizando-a e
tornando-a mais transparente, eficiente e eficaz, tendo como principal objectivo a prestação de
melhores serviços de proximidade às populações, mas rejeita uma reforma que começou a ser
feita a régua e esquadro e acabou com critérios meramente contabilísticos anunciando uma falsa
economia nas contas públicas, uma vez que as Freguesias apenas consomem menos de 0,1 pontos
percentuais do Orçamento Geral do Estado.
Argumenta ainda o Governo que esta redução de mais de mil Freguesias resulta do Memorando
de Entendimento com a Troika, no qual consta, de facto, a necessidade de uma reorganização da
Administração Local, numa perspectiva lacta e exclusiva de forçada poupança, não definindo nem
os métodos, nem as regras e processos de os alcançar.
Este Governo aplicando essa recomendação começou por dizer que iria reduzir e aglutinar
Municípios e Freguesias, para depois, forçado pelos seus Presidentes de Câmara, se virar para o
elo mais fraco desta cadeia que são as Freguesias.
No concelho da Moita o Partido Socialista consciente que esta temática obrigava a uma franca e
aberta discussão, apresentou em 30 de Setembro de 2011 a esta Assembleia Municipal uma
Recomendação no sentido da promoção de um debate organizado por este órgão, que permitisse a
todos os Partidos debaterem amplamente com a população tão importante matéria.
A Recomendação foi aprovada e o debate realizou-se cumprindo os objectivos traçados,
lamentando-se, contudo, a diminuta participação da população concelhia deixando que a
discussão desta matéria ficasse quase exclusivamente confinada aos partidos e agentes políticos,
num estranho divórcio que se tem sentido um pouco por todo o País, apenas contrariado pela
grande manifestação popular de 31 de Março do corrente ano e por algumas acções mais recentes.
Na senda da necessidade do esclarecimento e sensibilização das populações, o Partido Socialista
da Moita participou, ainda, através dos seus autarcas e responsáveis políticos, nos encontros
públicos promovidos pelas respectivas Juntas de Freguesia, com as populações de Sarilhos
Pequenos, Moita e Gaio-Rosário.
Em simultâneo os autarcas do PS em todos os órgãos autárquicos do nosso Concelho
manifestaram-se sempre contra a forma enviesada e pouco democrática de abordar e conduzir, por
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
20
parte do Governo, um assunto tão importante para a vida das populações, tendo inclusive
participado com a CDU na redacção e apresentação de uma Proposta de Resolução que foi votada
maioritariamente nesta Assembleia Municipal em 20 de Janeiro do corrente ano.
Neste documento ficou plasmada a nossa frontal oposição à agregação ou extinção de qualquer
Freguesia do nosso Concelho, no pressuposto do serviço público que as mesmas prestam às
respectivas populações, ultrapassando as suas competências legais, algumas num serviço de
proximidade de elevada qualidade, colmatando a ausência de outros serviços públicos de que os
seus habitantes tanto necessitam.
No mesmo documento, para além da defesa e valorização do Poder Local Democrático
consagrado na Constituição da República Portuguesa e da respectiva autonomia face aos outros
poderes constitucionalmente instituídos, votou ainda esta Assembleia Municipal de entre outros
importantes considerandos, e por proposta do PS, que nas áreas urbanas é possível e desejável
encontrar soluções de racionalidade, eficácia e eficiência nas estruturas, por acréscimo de
competências próprias ou protocoladas nas Juntas de Freguesia e que é possível defender a
interacção entre freguesias vizinhas com o objectivo de potenciar sinergias de forma a intervir em
áreas que o justifiquem.
Insere-se esta defesa, numa manifestação de interesse na reorganização, interacção e
modernização do poder autárquico, perspectivando, assim, preocupações de racionalização
económica que vão ao encontro das necessidades que o País de momento atravessa a que todos
não podemos ser indiferentes.
O Partido Socialista entende que, passados 36 anos da sua versão inicial, nada impede de se poder
reequacionar aspectos da Administração Local, tendo sempre presente os princípios democráticos
inscritos na Constituição, desde que se ausculte as populações, os autarcas e as instituições locais,
promovendo um trabalho sério e aprofundado no respeito pelas identidades e pelas diferenças
socioculturais de cada agregado urbano, considerando a demografia e a organização territorial, no
sentido de que qualquer reorganização administrativa deve resultar de um debate sobre as funções
do Estado moderno, estratega, regulador e solidário.
Uma reforma desta natureza não pode reduzir a participação dos portugueses na vida democrática
do nosso País, com a eliminação substancial do número de membros das Assembleias de
Freguesia e executivos das Juntas a extinguir.
Uma reforma desta natureza não se pode fazer sem as pessoas, e particularmente, contra as
pessoas.
Desta forma, o Partido Socialista da Moita em coerência com os entendimentos e posicionamentos
anteriores, conscientes que, no quadro actual, a manutenção das seis Freguesias do Concelho da
Moita é a arquitectura autárquica que melhor serve e que melhor defende os interesses das nossas
populações, rejeitam liminarmente a extinção ou aglutinação de qualquer uma das suas
Freguesias, entendendo que para além de continuarem, as mesmas devem ser reforçadas de meios
e novas competências”.
Presidente da Junta de Freguesia do Vale da Amoreira, Jorge Silva
O Poder Local, enquanto uma das mais relevantes conquistas de Abril, é um dos pilares
estruturantes do regime democrático. Poder Local que viu consagrado na Constituição da Re-
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
21
pública os seus princípios essenciais, quer no que respeita à sua relação com o Poder Central,
nomeadamente a descentralização administrativa e autonomia financeira, quer quanto à sua
dimensão democrática, de onde sobressai o seu carácter plural e colegial, amplamente
participativo e representativo dos interesses e aspirações locais.
Sem dúvida que as Freguesias representam em Portugal a forma mais conseguida e efetiva de
descentralização política. As Freguesias constituem um dos mais sólidos pilares da
democracia, não só pelo grande número de cidadãos que nelas intervêm, mas também porque
representam o Povo na gestão da coisa pública, permitindo a participação efetiva dos cidadãos
em geral nas decisões que lhes dizem respeito, contribuindo para a melhoria das condições de
vida e para o bem-estar das populações.
É, de todo, falso o argumento avançado pela Lei relativamente aos elevados custos que
representam as freguesias para o erário público. Com efeito, as mais de 4 mil freguesias do
país representam no total da despesa no Orçamento de Estado menos de 1%.
É mais do que certo que a concretizar-se a extinção de Freguesias, para além de provocar um
enorme abalo no edifício da nossa democracia com menos serviços públicos e a sua respetiva
degradação, além da destruição do emprego público, põem fim à pluralidade representativa.
Não podemos esquecer que as Freguesias são parceiros fundamentais do movimento
associativo, seja cultural, recreativo, desportivo ou social, mas são também parceiros
insubstituíveis da comunidade educativa, em particular ao nível do 1.º ciclo, excedendo tantas
vezes as suas competências.
Sublinha ainda uma das razões do repúdio por esta Lei 22/2012, que tem uma marca
claramente anti democrática bem ao nível das forças políticas que a forjaram, pretendem
assim impor o desmantelamento do poder local democrático, num autêntico ajuste de contas
com as conquistas da revolução de Abril, utilizando falsos argumentos para justificar extinção
das Freguesias, senão vejamos, evoca a proximidade, quando na realidade vai afastar as
autarquias e os eleitos das populações, e afirma o reforço da coesão, quando acentua as
assimetrias, onde os territórios mais ricos e mais populosos se tornarão mais atrativos, em
detrimento dos territórios mais pobres, dando mais um passo para a desertificação e o
abandono de muitas localidades. Acresce ainda que esta Lei, tendo como objetivo a extinção
de freguesias, ignora a opinião ou deliberação que estas venham a tomar sobre esta matéria
desrespeitando a autonomia do poder local democrático.
Para além de que, nenhum autarca foi eleito para coveiro da sua freguesia, ou fazer parte de
Comissões Liquidatárias.
A freguesia do Vale da Amoreira está bem viva. Os eleitos na sua totalidade assim como a
população em geral repudiam as pretensões de tecnocratas que a soldo de interesses obscuros
e políticas retrogradas tomam decisões de costas voltadas para as populações, não
legitimamos a extinção de Freguesias.
Tita Maurício
Não sei se é divertido ou triste ver autarcas, ufana e apaixonadamente, defenderem um mapa
que tem, em cima, mais de 150 anos! O problema não são os 150 anos. É o refletir e o agir
como se o País, a sua História, a sua Economia, a sua Geografia e Demografia não se
tivessem alterado profundamente.
Assim, em vez discutirmos o “como fazer melhor” uma imprescindível reforma da Adminis-
tração Local (e não só), estamos entretidos numa guerra de "capelinhas"...
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
22
As freguesias, na sua origem, tomam por referência a área geográfica das antigas paróquias
que, entretanto, pela implantação da República, haviam sido esvaziadas da sua única
competência com relevância não exclusivamente religiosa: os livros de assentos. A qual
passou para o Arquivo Central e que, salvo erro, está atualmente sob alçada da Direcção-
Geral dos Registos e Notariado.
Por isso, desde a sua criação até hoje, as Freguesias persistem, formalmente, em mais não ser
do que "verbos de encher", despidas de quaisquer competências formais próprias de relevo,
dedicam a sua atividade a tarefas (pelas quais são consideradas e louvadas) para as quais não
há lei habilitadora e dispondo de recursos que mais parecem uma espécie de pequena
“mesada”, o mero suficiente para "fazer umas pequenas flores" e justificar a sua triste e
abandonada existência.
E quanto mais pequena, menor é a "mesada" atribuída.
A maioria das atividades das Freguesias resulta de pontuais e temporários “acordos de
delegação de poderes”, estabelecidos com os respetivos órgãos municipais. Colocando as
Juntas numa posição de subordinação mendicante em relação às Câmaras, dependendo a sua
capacidade de “fazer obra” das boas relações que mantiver com a(s) “cor(es)” maioritária(s)
do município. E não são poucas as vezes em que as discordâncias dão lugar a “castigos” aos
autarcas, os quais se refletem na vida dos fregueses.
Há quem, na defesa do que está desajustado, recorra a todo o tipo de argumentos. Alguns até
são verdadeiros. Mas são bastante inconsistentes.
Uns dizem, «neste tempo de grande necessidade é à porta das juntas que as pessoas batem».
Não duvido que, em justificado desespero, as pessoas o façam. Só precisava que explicassem
em que artigo ou alínea da lei de competências das Freguesias (ou dos seus órgãos) sustentam
a atividade de resposta a essas solicitações? E com que recursos?
Algumas coisas que feitas pelos seus autarcas de freguesia são imprescindíveis e são (ou
poderiam ser) avaliadas como moralmente certas.
Todavia – e todos o sabem! –, Juridicamente, são de legalidade mais do que duvidosa.
Ou seja, o modelo que atualmente vigora, é uma fraude democrática: elegem-se candidatos a
autarcas, mas, pela ausência de competência e recursos, o que de facto se faz é escolher os
homens bons e generosos das terras.
Como já disse e repito-o, o erro de quem lidera esta reforma é ter cedido ao comodismo ou à
cobardia de não propor uma reforma total!
A proposta deveria ter sido corajosa e responsável.
Deveríamos estar a discutir um reajuste do mapa administrativo nacional TODO: freguesias,
municípios, as regiões, a Administração desconcentrada e os círculos eleitorais.
Tudo e tudo ao mesmo tempo.
Olhando às novidades tecnológicas disponíveis
E tomando em devida consideração as realidades geográficas, económicas.
Concretas.
Presentes.
Com coerência e rigor.
Não sou a favor da extinção das freguesias.
Mas não sou contra a alteração dos atuais quadros territoriais administrativos.
Ao invés do absoluto “Não, porque não!” (que, possivelmente, é a resposta a um “Sim, porque
sim!”), a resposta do Poder Local deveria ter sido que, primeiro (e partindo do pressuposto
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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que a posição de simples extinção da autarquia Freguesia não é considerada), importava
definir o que queremos que seja uma Freguesia. Suas competências e recursos.
Só depois de atingida essa definição, fará sentido discutir a agregação, fusão ou extinção.
Porém, temos de começar!
E entre continuarmos “atracados” a uma realidade administrativa inconsistente com o real ou
aprovar esta proposta, aceito a agregação de Freguesias. Na condição de, depois de as
dotarmos com maior massa crítica, rapidamente lhes serem outorgados mais recursos, mais
atribuições e competências próprias.
Somos pela descentralização e pelo reforço das freguesias e dos municípios.
Destes "à custa" do Estado central.
Daquelas "à custa" dos municípios.
Assim, poder-se-ia conseguir um Portugal mais próximo e com um Poder Local mais
democrático.
Presidente da Junta de Freguesia do Gaio-Rosário, Jorge Paulino
Este assunto já tem sido discutido e amplamente criticado pela Junta de Freguesia do Gaio-
Rosário através de muitas formas, lembra que tiveram uma concentração junto à sede da Junta
de Freguesia do Gaio-Rosário que foi caracterizada por ter muita população presente, o que
leva a crer que ficou bem claro que não é um capricho de presidentes de Juntas de Freguesia
mas sim uma vontade da população. Estiveram também na manifestação promovida pela
ANAFRE, com o movimento associativo em Lisboa, na Moita e noutros locais onde
manifestaram todo o descontentamento relativamente a esta reforma administrativa. A
Assembleia de Freguesia do Gaio-Rosário votou por unanimidade contra esta reforma
administrativa, foi sem dúvida importante e espera que hoje a Assembleia Municipal o possa
fazer.
A Junta de Freguesia do Gaio-Rosário é pequena, mas presta inúmeros serviços à população e
que vão muito para além do que são as suas competências que estão definidas pela lei.
Gostava também de lembrar o posto de enfermagem, o posto de CTT, um serviço de
INTERNET, o pagamento de serviços de água e luz, um serviço de fotocópias, consultadoria
jurídica, são muitos os serviços que nós prestamos a pensar na população. Foram feitas
inúmeras atividades em conjunto com as escolas, em conjunto com o movimento associativo e
em conjunto com a população. Faz-se uma ágil intervenção, realizando pequenas obras, a
limpeza da praia fluvial que é um grande ponto atrativo do concelho, intervenções em
equipamentos urbanos e realizando muitas atividades culturais e desportivas.
Esta agregação só iria trazer mais problemas para a população, só iria trazer dificuldades para
a Freguesia do Gaio-Rosário e quem faz esta lei certamente não conhece o trabalho que é feito
pelas Juntas de Freguesia, por isso estamos contra, o Gaio e o Rosário não estão como estão
se não fosse o trabalho que é feito ao longo destes anos pela Junta de Freguesia e por isso em
nome da Junta de Freguesia que é presidente vai estar contra esta reforma administrativa e irá
votar favoravelmente a proposta apresentada.
Presidente da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira, Nuno Cavaco
Diz que acompanha Tita Maurício quando este diz que as freguesias estão esvaziadas de
competências próprias porque é verdade.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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Primeiramente vieram com o livro verde, com uma bonita conversa, que tinha quatro eixos e
falavam de competências, falavam duma lei de finanças locais e de uma lei autárquica, mas só
aprovaram esta lei de extinção de freguesias. Não é sério discutir só uma lei que faz parte de
um pacote legislativo mais abrangente que a ANMP exigiu que fosse discutido globalmente e
que pede para que todas as leis aprovadas respeitantes ao poder local, que fossem todas
revogadas.
Quanto ao apoio jurídico que as Juntas fazem, inclusivamente a da Baixa da Banheira tem o
apoio da ordem dos advogados, portanto não é nenhum crime, criminoso é retirar serviços de
proximidade às pessoas. Será que esta lei é constitucional e respeita a legislação europeia, há
muito gente que diz que não é constitucional, nem respeita a legislação europeia.
Há pouco, quando se estavam a ler os pareceres, alguns manifestaram-se porque os pareceres
eram iguais e os pareceres são muito parecidos porque vêm da plataforma nacional contra a
extinção de freguesias. A população do nosso concelho deve orgulhar-se de ter autarcas que
se juntam com autarcas de outros partidos e até do CDS e que têm alternativas, não somos
contra a reorganização administrativa, achamos que é necessária, mas estranhamos que não se
cumpra a lei fundamental que diz que devemos de ter regiões administrativas, falta cumprir
um patamar do Poder Local. Esta lei não assenta em estudos e tem um único objetivo que é
extinguir freguesias.
Há uma ameaça em alguns pontos do país, pois quando aparecer a lista das freguesias a
extinguir, os sinos tocam a rebate num levantamento popular. O Presidente da República em
diálogo com Presidentes de Juntas opinou que esta lei não serve, o presidente da unidade
técnica votou contra a lei na Assembleia Municipal de Coimbra porque diz que é contra a
extinção de freguesias.
Solicita aos membros do PSD e CDS nesta assembleia para que não sejam tão seguidistas e
pensem pela sua própria cabeça, sejam solidários com os vossos companheiros das freguesias.
É bom ver que no concelho da Moita se consegue trabalhar em conjunto e consigamos
aprovar coisas por unanimidade, na Assembleia de Freguesia da Baixa da Banheira o parecer
foi aprovado por unanimidade e existe lá uma eleita pelo PSD, o mesmo aconteceu no Vale da
Amoreira onde existem eleitos do PSD, o mesmo está acontecer por todo o país.
João Faim
A Lei n.º 22/2012 que os partidos do Governo PSD e CDS-PP, aprovaram na Assembleia da
República para a reorganização administrativa do poder local, visa a extinção de 50% das suas
freguesias urbanas e 25% das rurais.
Perante a referida lei, que pretende aplicar de forma cega os mesmos critérios a concelho
diferentes, e que não identifica sequer quais as freguesias a serem extintas, nem tão pouco os
critérios objetivos a que devem obedecer, o nosso concelho ficaria mais pobre, uma vez que
perderia, indevidamente freguesias, com a sua história e tradições próprias.
O poder local democrático operou nos últimos 35 anos profundas transformações sociais que
resultaram na melhoria das condições de vida dos cidadãos, continuando hoje a contribuir
para a superação de enormes carências e desigualdades que atingem as nossas populações.
É de sublinhar, ainda, que as freguesias são os órgãos de poder mais próximos dos cidadãos e
das comunidades onde vivem, conhecendo bem os seus anseios e problemas e que, com maior
eficácia, contribuem para o acompanhamento ou resolução das suas necessidades.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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Desta forma, discordamos frontalmente dos objetivos, princípios e pressupostos da referida
Lei, recusando-nos a participar no processo de extinção/agregação de freguesias do concelho
reafirmando a CDU:
Apelo a todos os autarcas, trabalhadores das autarquias, movimentos associativos, comissões
de moradores e população em geral para que prossigam a luta contra a extinção de freguesias,
em defesa do Poder Local Democrático;
Que a existência das seis freguesias no concelho da Moita corresponde a uma realidade
histórica e cultural, com a sua diversidade e riquezas próprias que se complementam de forma
harmoniosa e que importa e é imperioso preservar;
Rejeitar a Lei 22/2012 de 30 de Maio e exigir a sua revogação porque, caso fosse aplicada,
representaria um grave atentado contra o poder local democrático, os interesses das
populações e o desenvolvimento local;
Exortar todos os autarcas do nosso país a não pactuarem neste processo, recusando integrar a
Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território;
A luta em defesa das freguesias é inseparável da defesa do Poder Local Democrático e da luta
pela rutura com a política de direita, pela rejeição do “Pacto de Agressão” e por uma política
alternativa, patriótica e de esquerda.
António Chora
Afirma que o Bloco de Esquerda sempre se pronunciou contra esta lei, nas Assembleias
Municipais onde o BE tem autarcas, avançou com uma proposta de referendo para que as
populações se pudessem manifestar e reforçar as posições das suas autarquias em relação a
esta questão. Essa proposta não passou tendo passado nuns municípios e não passou noutros,
foi constitucionalmente aceite numas propostas e noutras não, mas a realidade, na
generalidade das questões, apesar de a proposta não ter passado, não nos impede de dizer que
votarão favoravelmente o parecer que aqui foi apresentado pelos presidentes das juntas de
freguesia do nosso concelho, de ser contra a extinção, de acordo que os métodos utilizados
não são os melhores, que as populações não foram ouvidas, que a regionalização ainda não foi
feita, daí o nosso voto favorável à proposta de resolução apresentada.
Luís Morgado
Tendo já tomado posição anteriormente sobre este assunto, mas a propósito de algumas
questões que aqui hoje foram levantadas, existe uma coisa que não foi dita, as referências no
memorando da troika às alterações da reorganização administrativa do território são vagas,
reduzir isto às freguesias trata-se apenas de iludir a troika, porque em termos orçamentais isto
é 0,1% do OGE. É claro que mexer na reorganização do território noutras formas, em relação
aos municípios e mesmo em relação à regionalização iria ter mais carga política e social numa
situação que conhecemos de austeridade permanente que parece nunca mais acabar e sem
solução. Trata-se aqui duma habilidade política pela sua dimensão e absolutamente estúpida.
Olhando para a lei e aqui até estaria de acordo com Tita Maurício se partíssemos da
regionalização, numa realidade portuguesa litoralizada, num país estreito, isto teria que ser
discutido durante duas décadas, para ultrapassar a questão dos 150 anos que aqui foi referido,
assim é afastar ainda mais as populações dos seus autarcas ao mesmo não se vislumbra
acréscimo de poderes para as Juntas de Freguesia, porque a lei quanto a isso nada esclarece.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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Em relação ao nosso concelho, numa leitura objetiva da lei arriscamo-nos a ficar com 3 ou 4
freguesias e esta Assembleia historicamente importante como já aqui foi dito, com a presença
do público e da vida associativa da comunidade, isto é capaz de não ser tão histórico como
isso, nós pronunciamo-nos contra, se eles decidirem dão-nos alguns dias para nos voltarmos a
pronunciar e que acontecerá depois? Valeria a pena começarmos a refletir sobre o que fazer,
uma vez que não há referendos, mas pode haver outro tipo de ações.
Interpela o PSD e o CDS se conseguem ver se esta lei foi feita por especialistas porque um
bom legislador interpreta a realidade social e territorial, os hábitos e os costumes, esta lei não
espelha nada disso.
Presidente da Junta de Freguesia de Alhos Vedros, Fernanda Gaspar
Independentemente de ter colaborado na elaboração do projeto de proposta considerou
imprescindível usar da palavra, todos nós autarcas, a população que está aqui presente e a
grande maioria da população sentimos que estamos contra o que está estipulado na legislação,
mais tarde ou mais cedo estaremos a discutir as propostas que a chamada unidade técnica
formular e depois a Assembleia da República aprove, porque é da sua inteira competência.
Alguns aspetos referidos anteriormente e alguns acontecimentos que gostava de referir, a
grande importância do Poder Local Democrático é a participação colegial, a possibilidade de
todas as formações políticas se puderem pronunciar e dar a sua opinião nos diversos órgãos,
sejam eles executivos ou deliberativos. A legislação e o governo para aquilo que apontou e a
Assembleia da República quando aprovou esta lei é esvaziar a ação cívica da população,
diminuir o número de eleitos. A maior parte das pessoas quando vão às Juntas de Freguesia
vão com problemas que são da responsabilidade do Poder Central e o que nós fazemos é o
perceber o sentir da população e podermos contribuir com soluções e exigência para quem
está a outros patamares de decisão para a sua realização e isso dói e isso custa e portanto
pretende-se calar as populações. E se a população portuguesa tem esta forma de participar na
vida cívica e na vida política e, por vezes, parecendo aparentemente que está tudo bem, há
momentos que irrompe e irrompeu no dia 15 e no dia 29 em grandes manifestações e em
situações que lhes toca profundamente e também irrompeu há muitos anos no 4 de Outubro. A
força de trabalho que são os trabalhadores em momentos chave e decisivos sabem aquilo que
têm que escolher e a legislação que nós temos no Poder Local Democrático que tem vindo a
sair a conta-gotas, tem vindo a retirar a autonomia às freguesias. Temos um mapa de 150 anos
pois temos, mas agarremos nesse alicerce e melhoremo-lo, apostemos numa situação de crise
na descentralização e não na centralização do poder. O estarmos próximos das populações
permite um outro tipo de atividade e de exigência e o que nós queremos é dar resposta às
populações. Qualquer que seja o sentido de voto nesta Assembleia Municipal, com as suas
diferenças, respeito todos e o mesmo respeito também exige, nós podemos manifestarmo-nos
respeitando as nossas diferenças, mas não gosta particularmente da agressão verbal de baixo
nível, diz gostar de ir a sessões públicas onde a população se pode manifestar diferentemente,
mas com respeito para dignificação do Poder Local que foi assim que se tem vindo a
construir. Não se venha dizer que as freguesias não têm competências ou têm poucas
competências, quando alguns apostaram em Assembleia da República em não aprovar leis
para estas se poderem desenvolver. Temos que refletir que a Lei das Finanças Locais, ano
após ano, nunca é cumprida e em momentos de crise temos que apostar na descentralização
para que cada um de nós possa fazer mais e melhor.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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Vanda Figueiredo
Saúda os trabalhadores das autarquias que vieram assistir a esta Assembleia Municipal, há
pouco ouvimos um representante do STAL dar a sua posição relativamente como órgão e dos
sócios que fazem parte desse sindicato, dos trabalhadores das Juntas de Freguesia contra esta
lei e em defesa do poder local e dos direitos desses trabalhadores. Gostaria também de referir
alguns extratos da posição tomada pelo sindicato da administração local e que fez chegar à
Assembleia Municipal e vai ler para ficar registado:
“Sr. Presidente, dirigimo-nos a V.Exª como titular do cargo deliberativo desse município e
considerando as atribuições e competências que a esse órgão autárquico está atribuído, sobre a
firme expetativa que essa Assembleia atuará na matéria em apreço com o sentido de justiça,
rigor e seriedade que cumpre fazer apanágio na defesa dos valores, na intransigente defesa dos
valores e interesses da comunidade que serve. Esse hediondo processo de extermínio de
autarquias resultantes da vontade popular como verdadeiros baluartes e cada vez mais refúgio
de cidadãos que têm sido sistematicamente vitimados pelo rolo compressor da sonegação de
acesso aos seus direitos, tal como a educação e a saúde, têm sido veementemente condenado
não só diretamente por essas comunidades como também pelos mais variados setores da
sociedade civil. Confrontamo-nos assim com mais um instrumento legislativo afrontoso dos
direitos e legitimas aspirações das populações, das comunidades autárquicas em causa e dos
trabalhadores. Embora chegue até nós o eco da indignação provindo não só das freguesias
mas também dos municípios, permite-nos exortar a V.Exª e ao órgão deliberativo a que
preside no sentido de recusar no seu desempenho o extermínio direto de muitas freguesias e
de degradação do Poder Local, é este o nosso veemente apelo, reiterando o nosso protesto e
indignação por esta reforma e afirmando que jamais baixaremos os braços na luta pela defesa
e engrandecimento do poder local, das suas instituições e dos interesses das comunidades que
serve, dos postos de trabalho e dos direitos e anseios dos trabalhadores como agentes e
verdadeiros obreiros do progresso local e regional que urge prosseguir em prol da
dignificação e da qualidade de vida de todos os cidadãos”.
Carromeu Gomes
A sua posição sobre esta matéria é conhecida, mas a forma como correu o debate e os
documentos em apreço leva-o a tomar posição nesta Assembleia, vai votar a favor do parecer
subscrito pelos presidentes das Juntas de Freguesia do concelho da Moita e com aplauso da
sua parte, concorda e ainda bem que a unanimidade das freguesias pensa assim, oxalá que a
unanimidade das freguesias e dos municípios fosse uma realidade porque a lei é tão má que
qualquer coisa é preferível. Isto não significa que não deva ser feita uma reforma
administrativa em Portugal, tem que ser feita. O problema é que esta lei é tão mal feita que a
oportunidade política para o fazer, vai ser adiada para as calendas, foi mal feita, foi feita em
cima do joelho, como aliás têm sido feitos a grande parte dos documentos oficiais que esta
maioria tem trazido, fez com a TSU e faz abundantemente a partir de modelos não sabe quais,
a partir de leituras feitas por quem não tem qualquer preparação política e técnica e olha para
outra coisa menos para um país, o que leva a fazer aberrações destas e isto não é por causa de
se fazer extinções, isso até se podia fazer, porque há freguesias urbanas, há freguesias rurais
com meia dúzia de habitantes e há outro tipo de freguesias com distâncias, com dificuldades,
sem competências, então não é tudo a mesma coisa. Ninguém tem feito o que deve que é
enfrentar a questão e discuti-la, o nosso país não é capaz de explicar, nem junto da troika, nem
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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junto de nenhum órgão da Europa para que servem as freguesias em Portugal porque não tem
competências próprias só têm competências delegadas.
Diz que nesta crise em que estamos desde 2008, tem sido convocado por si próprio a uma
reflexão de repensar Portugal, a Europa e o Mundo, e a sua pessoa que foi um grande
europeísta, provavelmente qualquer dia está a pôr isso em causa, foi a favor do euro e
qualquer dia está a pô-lo em causa, porque não admite que ninguém humilhe ninguém e pode
estar a ser humilhado o país, pode estar e ser humilhado o Estado, pode estar a ser humilhado
o povo e podem estar a ser humilhadas as populações.
Submetida à votação foi a mesma aprovada por maioria com 28 votos a favor, sendo 18 de
CDU, 7 do PS, 3 do BE; 1 voto contra do CDS/PP e 2 abstenções do PSD.
Luís Chula
Em nome do Partido Socialista, apresentou a seguinte Declaração de Voto:
“Foi solicitada a esta Assembleia Municipal a votação de uma Pronúncia em que após
diversos considerandos propõe a concordância com a Proposta da Câmara Municipal sobre
esta matéria, donde resulta, no essencial, a não agregação, fusão ou extinção de qualquer
Freguesia deste Concelho.
O Partido Socialista tal como ficou amplamente explicitado na sua Posição Política atrás
apresentada, concorda com o essencial daquela proposta da Câmara Municipal, contudo após
atenta leitura, concluiu que:
a Câmara Municipal da Moita pretendeu naquele documento, fazer um retrato do nosso
Concelho e a sua caracterização, recuando na história e pouco se detendo na actualidade.
Mesmo quando o faz, enferma por uma visão romântica, pouco aderente à realidade com que
cada Freguesia se debate nos tempos difíceis e conturbados que decorrem, iludindo-nos, como
é seu hábito, com cenários de progresso e desenvolvimento irrealistas, que quando
questionados são sempre justificados por culpas de terceiros, pretendendo fazer ignorar as
realidades dos concelhos vizinhos, a maioria governados pelo mesmo partido que a Moita, e
dependentes, em igual pé, dos mesmo Governos centrais.
Pelo exposto e em relação à Pronúncia que nos é apresentada a votar, numa data de particular
importância para a Moita, o Partido Socialista vota favoravelmente em coerência com os
entendimentos e posicionamentos anteriores, consciente que, no quadro actual, a manutenção
das seis Freguesias do Concelho da Moita é a arquitectura autárquica que melhor serve e que
melhor defende os interesses das nossas populações.”
Declaração de voto de Tita Mauricio
“Votei contra, porque considero:
ser democraticamente insustentável e irrazoável um posicionamento que consista numa
simples e absoluta recusa de uma proposta aprovada, por uma maioria bastante, num
órgão com competência para tanto atribuída constitucionalmente;
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MOITA
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que, quer pelo texto que foi presente, quer pelas declarações e atos anteriores dos
proponentes desta pronúncia (e a força política que os sustenta), ficou clara a opção por
uma posição de obstinação e irredutibilidade políticas sobres este assunto.
que o atual quadro de atribuições competências do Poder Local deveria ser discutido e
profundamente alterado, e que esta poderia ser uma excelente oportunidade para o
fazermos;
que, ao invés do absoluto “Não, porque não!” (que, possivelmente, é a resposta a um
“Sim, porque sim!”), a resposta do Poder Local deveria ter sido que, primeiro (e partindo
do pressuposto que a posição de simples extinção da autarquia Freguesia não é
considerada), importava definir o que queremos que seja uma Freguesia, as suas
atribuições, competências e recursos.”
Não havendo mais intervenções, foi lida a acta em minuta a qual, não havendo objecções, foi
submetida à votação tendo sido aprovada por unanimidade, para efeitos de aplicação imediata.
Não havendo mais nada a tratar, foi encerrada a sessão, eram vinte e quatro horas, da qual se
lavrou a presente acta que vai ser assinada pelos membros da Mesa da Assembleia Municipal.
O Presidente,
O 1.º Secretário
A 2.ª Secretária