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OUTUBRO DE 2017 As alegrias da maternidade

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OUTUBRO DE 2017As alegrias da maternidade

“Acreditar em nossa própria mentira é o primeiro passo para o estabelecimento de uma nova verdade.”– Carlos Drummond de Andrade

TAG Comércio de Livros Ltda.Rua Câncio Gomes, 571 | Bairro Floresta | Porto Alegre - RS | CEP: 90220-060

(51) 3095.5200 | [email protected]

REDAÇÃOGustavo Lembert da CunhaMarina BrancherMaurício LoboNicolle Ortiz [email protected]

REVISÃOAntônio Augusto da CunhaFernanda Lisbôa

CAPAEstúdio [email protected]@estudiomargem.com.br

IMPRESSÃOImpressos Portão

PROJETO GRÁFICOBruno Miguell M. MesquitaGabriela HeberlePaula [email protected]

EQUIPEÁlvaro EnglertAriel BelmonteArthur DambrosArtur ScheiblerBruna MonteiroBruno MoutinhoBruno OzelameCelina RaposoCésar JuniorDaniel RomeroDione Guimarães Rosa

Douglas DolzanEduardo SchneiderGabriel DavesGabriela ThozeskiGuilherme KarkotliGustavo KarkotliJoão Pedro DassolerKarina NascimentoKassiele NascimentoLucas FredoLucas RichterLuísa PadilhaLuise FialhoManuela AndradeMaria Eduarda LarguraMaria Eduarda MelloMariah PachecoMarília FernandesMartín Castellanos

Oliver Grossman FerreiraPablo ValdezPaula FrançaPedro KondakRodrigo AntunesRodrigo RayaSuya CastilhosTomás SusinVinícius CarvalhoVinícius GoulartVinícius ReginattoVirginia BagatiniYasmin Lahm

Ao Leitor

Grécia, Índia, Reino Unido, Ca-nadá, Itália, França... Desde o início de 2017, fomos apresentados a autores de origens distintas, expe-rimentamos vozes multinacionais em uma só obra e, no último mês, desfrutamos de um (quase) romance da literatura brasileira. Em outubro, damos mais um passo importante na busca por novas expressões lite-rárias – chegando às terras do con-sagrado Wole Soyinka, vencedor do Nobel de Literatura de 1986.

A curadora deste mês, Chimaman-da Ngozi Adichie, é uma das mais celebradas escritoras da atualida-de. Sua indicação estabelece um enfrentamento à história única, tema explorado pela nigeriana em

obras de não ficção e palestras, que questiona o acesso a apenas uma visão, unilateral, criada por um grupo dominante.

Descrevendo as nuances, expe-riências, dramas e dilemas da mu-lher africana a partir de seu pró-prio ponto de vista, As alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta, chega pela primeira vez ao Brasil nesta edição exclusiva. Surpreen-dentemente, nenhuma outra obra de Buchi Emecheta havia sido traduzida e editada no país – mo-mento propício para Chimamanda e TAG iniciarem o processo de di-vulgá-la por aqui.

Boa leitura!

A curadora: Chimamanda Ngozi Adichie

Literatura nigeriana

O livro indicado: As alegrias da maternidade

A tradução de Heloisa Jahn

Nigéria – colonização, exploração e guerra

A curadora: Heloisa Buarque de Hollanda

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182023

28Que África é essa?24

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Poucos escritores contempo-râneos com menos de quarenta anos alcançaram tanto prestígio internacional quanto Chimamanda Ngozi Adichie. Desde a publicação de seus primeiros contos e roman-ces, hoje traduzidos para mais de trinta idiomas, a autora nigeriana tem conquistado milhares de novos leitores a cada nova obra. Para além da obra de ficção, vem apresentan-do-se como uma importante voz do feminismo, realizando palestras e publicando manifestos em livros cujos impactos desencadearam parcerias com estrelas como a can-tora americana Beyoncé.

Quinta de seis irmãos, Chima-manda nasceu em 1977, na cidade de Enugu, no sudeste nigeriano, mas cresceu em Nsukka, cidade universitária localizada a cerca de sessenta quilômetros ao norte. Os

pais, James Nwoye Adichie e Gra-ce Ifeoma, de etnia igbo (uma das três maiores da Nigéria, ao lado da iorubá e hauçá), proporcionaram às crianças uma infância confor-tável. Na Universidade da Nigéria, Grace foi a primeira mulher a tra-balhar na secretaria da instituição; e James, o primeiro professor de estatística do país. Embora os pais não cultivassem o hábito, a meni-na foi uma leitora precoce, apai-xonada pelas aventuras da inglesa Enid Blyton e outros autores euro-peus. A partir deles, Chimamanda apercebeu-se de que esses livros contavam histórias sobre persona-gens e cenários específicos – que, nesse caso, não coincidiam com as suas experiências.

Por acaso, a residência da famí-lia Adichie, localizada no campus universitário, abrigara, anos antes,

A curadora:Chimamanda Ngozi Adichie

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Chinua Achebe, um dos mais im-portantes escritores nigerianos da história. Achebe foi, inclusive, um dos responsáveis por transformar a percepção da autora sobre literatura e seus protagonistas. “Eu acho que nós [nigerianos] sentimos que ele nos devolveu a nossa história. Acho que nós sentimos a dignidade que ele trouxe de volta. Ele é imortal.”

Como acontece com muitos jovens que se destacam nas escolas por sua dedicação e boas notas, espe-rava-se que Chimamanda cursasse Medicina. Por um ano e meio, ela tentou fazê-lo, mas não se sentia feliz. Aos dezenove anos, decidiu tomar um rumo alternativo e ar-riscado: despediu-se de sua terra natal para estudar comunicação nos Estados Unidos. Lá, deparou--se pela primeira vez com questões que lhe eram alheias na Nigéria,

como o racismo e as visões distor-cidas sobre países africanos. Foi na América, entretanto, que ela come-çou a dar vida e potência à sua vo-cação: a de contadora de histórias.

Com vinte anos de idade, publicou o primeiro livro, Decisions [Deci-sões] (1997), uma coletânea de poe-mas. Aos vinte e um, seria a vez de escrever uma peça teatral, For the love of Biafra [Pelo amor de Biafra], obra que marca a primeira das suas incursões literárias abordando a guerra de Biafra.

Em Connecticut, a escritora for-mou-se em Ciências Políticas e Comunicação com as honrarias máximas (summa cum laude). Mais tarde, obteve o título de Mestre em Escrita Criativa na cidade de Balti-more. Durante o período acadêmi-co, dedicou-se também a escrever contos e iniciou a produção de seu primeiro romance. Publicado em outubro de 2003, Hibisco Roxo foi finalista do Orange Prize (atual Baileys Women’s Prize), nomeado para o Booker Prize e vencedor do prêmio de melhor primeiro livro do Commonwealth Writers. Ao relatar a vida de uma adolescente e sua família, Chimamanda transporta o leitor para a Nigéria atual, onde os vestígios da colonização europeia e cristã ainda abalam as relações so-ciais e familiares.

A guerra de Biafra voltou a ser abor-dada pela escritora, dessa vez com

4th Estate / HarperCollins

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mais profundidade: quatro anos de pesquisa culminaram na publi-cação de Meio sol amarelo (2006), que venceu o prêmio de ficção do Baileys Women’s Prize Em 2015, o livro foi escolhido pelo mesmo prêmio o “melhor dos melhores” da década, além de ter recebido uma adaptação cinematográfica em 2013. No seu pescoço, coletânea de contos recém-lançada no Brasil, foi publicada originalmente em 2009 e reúne doze histórias que têm como temáticas relações familiares, desi-gualdade racial, imigração e confli-tos religiosos.

As conquistas e o potencial de Chimamanda proporcionaram--lhe três bolsas em universidades, permitindo à autora dedicação exclusiva para a escrita. Em 2013, durante a terceira delas, finalizou e publicou Americanah (2013), seu romance mais recente, que descre-ve as experiências e conflitos de uma mulher nigeriana nos Esta-dos Unidos. Americanah foi a obra eleita para o programa One book, one New York, por meio do qual um livro é distribuído por livrarias e bibliotecas nova-iorquinas, a fim de estimular debates e fomentar a leitura na cidade.

No campo da não ficção, a escri-tora publicou duas obras: Sejamos todos feministas (2014), uma adap-tação do seu discurso para o TEDx Euston em 2012 (cujo trecho foi incorporado à canção ***Flawless,

da cantora americana Beyoncé) e Para educar crianças feministas – um manifesto (2017), outra adap-tação, dessa vez de uma carta da autora enviada a uma amiga que pedia conselhos para educar sua filha. Em ambas as obras, utiliza uma linguagem acessível para de-bater a importância da igualdade de gênero.

Chimamanda Adichie, hoje casa-da e mãe de uma menina de quase dois anos, divide seu tempo entre a Nigéria, onde promove workshops de escrita, e os Estados Unidos. A escritora africana de maior su-cesso da história entende que sua trajetória foi sustentada pelas co-rajosas e pioneiras mulheres que a antecederam. Entre as mais im-portantes, está Buchi Emecheta, sua conterrânea, autora de As ale-grias da maternidade:

“Eu li e admiro todos os seus livros. Destination

Biafra foi muito im-portante para a minha

pesquisa quando eu estava escrevendo Meio

sol amarelo. Eu amo As alegrias da mater-nidade por sua vivaz

inteligência e por um cer-to tipo de compreensão

honesta, viva e íntima da classe trabalhadora na

Nigéria colonial.”

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MATERIAIS COMPLEMENTARES

http://bit.ly/2vjx8HsO perigo de uma única história

http://bit.ly/2wsaNveTodos devemos ser feministas

O perigo de uma única história

Em 2009, Chimamanda Adichie foi convidada para uma conferên-cia da TED, instituição que pro-move eventos ao redor do mundo sob o tema “Ideias que devem ser disseminadas”. O vídeo “O perigo de uma única história”, título esco-lhido pela escritora para a palestra, foi assistido por mais de três mi-lhões de pessoas, em quarenta e seis línguas diferentes.

Na ocasião, Chimamanda discor-reu sobre a gravidade de reduzir-mos a complexidade histórica de uma identidade, como a africana, para uma única narrativa, eviden-ciando que a percepção da realida-de pode ser distorcida pelas visões dominantes repetidas à exaustão. Além disso, ela ressalta como as estruturas de poder se relacionam e legitimam de fato as histórias, tornando-as únicas:

“É impossível falar sobre única história sem falar sobre poder. Há uma palavra, uma palavra da tribo igbo, que eu lembro sempre que penso so-bre as estruturas de poder do mundo, e a palavra é ‘nkali’:

‘ser maior do que o outro’. Como nossos mundos eco-nômico e político, histórias também são definidas pelo

princípio do ‘nkali’. Como são contadas, quem as conta,

quando e quantas histórias são contadas, tudo realmen-te depende do poder. A con-sequência da história única é isto: ela rouba a dignidade das pessoas. Torna difícil o reconhecimento da nossa humanidade partilhada.

Realça aquilo em que somos diferentes em vez daquilo em

que somos semelhantes.”

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Chimamanda Adichie conta que, por muito tempo, dizer-se femi-nista gerava controvérsias. Logo surgiam frases como “feministas são infelizes”, “odeiam homens”, “odeiam sutiãs” e até “odeiam a cultura africana”. Prontamente, ela respondia que era uma “fe-minista africana, feliz e que não odeia os homens”.

De acordo com a escritora, o fe-minismo se encaixa em um de-bate político e individual. Isto é, a agenda feminista atende tanto a questões relativas à sociedade – a diferença salarial entre os gê-neros, por exemplo – como o em-poderamento feminino. Quando questionada sobre qual conselho daria para uma mulher nigeriana, ela responde reforçando a neces-sidade de uma afirmação interior:

“Nunca, jamais, peça desculpas por ser quem você é”. Em 2012, quando convidada para participar de outro TED, em Londres, e escolhe como tema o feminismo, Chimamanda torna-se um ícone do movimento. Durante seu discurso Todos deve-mos ser feministas, somos apresen-tados a histórias que remontam às experiências compartilhadas por diversas mulheres, independente-mente de suas origens.

Mesmo sem reivindicar uma teoria feminista específica, Chimamanda Adichie é considerada porta-voz do assunto, justamente por simpli-ficar um debate outrora mal com-preendido. Segundo ela, “feminista é o homem ou a mulher que diz: sim, o gênero como o conhecemos hoje é um problema, e precisamos rever isso, precisamos melhorar”.

TED

“Eu sou uma feminista que...”

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No dia 25 de janeiro de 2017, o mundo perdia uma obstinada voz da literatura, que inspirou uma geração inteira de escritores de língua inglesa. A partir de seus escritos, Florence Onyebuchi “Bu-chi” Emecheta comprometeu-se a questionar os estereótipos da mu-lher nigeriana e africana, expondo sua realidade diária e a opressão das normas sociais. Sua obra cri-tica, entre outros temas, o tipo de educação destinado à mulher, a valorização da maternidade como

única preocupação possível, a violência degradante do colonia-lismo e a cultura que deslegitima sua autonomia.

Buchi Emecheta nasceu em 1944, na cidade iorubá de Lagos, mas foi na terra natal de seus pais, Ibuza, onde ela passou boa parte da in-fância. Alice Ogbanje Emecheta e Jeremy Nwabudike Emecheta, que foram buscar trabalho em Lagos, faziam questão de cultivar em Buchi e em seu irmão as raízes igbo.

O livro indicado:As alegrias da maternidade

País culturalmente diverso, a Ni-géria possui mais de 250 grupos étnicos. Os três principais são: Igbo – com mais de trinta mi-lhões de representantes, a etnia ocupa territorialmente as partes leste, sul e sudeste da Nigéria. Protagonizaram a tentativa de independência da província de Biafra, que serviu de eixo para o conflito armado da região.

Iorubá – mais de trinta milhões de pessoas que ocupam a parte ocidental do país pertencem a esta etnia, de religião majoritaria-mente cristã. Boa parte da popu-lação negra no Brasil, em especial a da Bahia, possui origens iorubás. Hauçá – localizada principal-mente no norte da Nigéria, é a etnia na qual predomina a reli-gião islâmica.

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Uma das paixões da menina era ouvir histórias dos mais velhos. Em Lagos, conheceu bons contadores, mas, para ela, a maneira igbo era diferente. Cresceu ouvindo a tia, a quem chamava de Grande Mãe – as contadoras, seguindo a tradi-ção local, eram sempre mães de al-guém. Buchi costumava sentar “por horas a seus pés, hipnotizada pela sua voz de transe”, deleitando-se com as proezas de seus ancestrais. As visitas a Ibuza, aliadas ao pra-zer e ao conhecimento obtidos nas narrativas, trouxeram a Emecheta a certeza de que seria, também, uma contadora de histórias.

Durante a infância, seu irmão, privilegiado por ser menino, foi para a escola, enquanto Buchi ficou em casa. Mais tarde, após diversos e insistentes pedidos, foi matriculada em uma escola missionária para meninas, onde aprendeu línguas nativas e inglês – seu quarto idioma.

Apesar dessa conquista e do prazer de visitar Ibuza, Buchi Emecheta viveu uma infância dura. No en-tanto, a pobreza e a subnutrição que assolaram boa parte de seus anos de juventude, somadas à per-da precoce do pai – tinha apenas oito anos –, não lhe diminuíram a vontade de viver: um desejo inten-so que nunca a abandonaria.

Em 1954, recebeu uma bolsa de estudos em uma escola de elite,

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em Lagos. Durante esse período, a mãe de Emecheta faleceu, e ela foi passada de um parente distante para outro. No período de recesso dos estudos, enquanto suas cole-gas voltavam para as confortáveis casas das famílias, ela permanecia no dormitório da escola, encon-trando abrigo nos livros e na ima-ginação. A volta das férias era seu momento de brilhar, maravilhan-do as amigas com histórias sobre suas supostas aventuras.

Aos onze anos, ela conheceu e se tornou noiva do estudante Sylvester Onwordi; aos dezesseis, eles já esta-vam casados. Logo nos primeiros anos, nasceram dois filhos – chega-riam a cinco no total. A família mu-dou-se para Londres, onde Onwordi entrou para a universidade.

Emecheta viveu um casamento infeliz e, não raro, abusivo e vio-lento. Quando começou a escre-ver em seu tempo livre, chegando ao rascunho de um romance, viu Onwordi queimar os textos, consu-mido por um absurdo sentimento de posse e ameaçado pela força de vontade da esposa e seu desejo de conquistar uma graduação e tor-nar-se escritora. Aos vinte e dois anos, Buchi consumou o divórcio, mas Onwordi renegou a paternida-de. Sem dinheiro, em um país es-tranho a ela e com seus cinco filhos para cuidar, manteve-se com obsti-nação e trabalhou em lugares como a Biblioteca de Londres, enquanto

estudava à noite. Em 1974, estava graduada em Sociologia.

“Quanto à minha sobre-vivência na Inglaterra ao longo dos últimos

vinte anos, desde minha chegada, com quase

vinte anos de idade, ar-rastando quatro crianças

pequenas fungando de frio e grávida da quinta:

é um milagre. E se por algum motivo você não

acredita em milagres, por favor, comece a acreditar,

porque conquistar um lugar nesta sociedade in-diferente... É um milagre.”

Buchi Emecheta, trecho da autobiografia

Head above water

A graduação e os pequenos traba-lhos eram movidos, desde o prin-cípio, pela vontade de escrever, aprimorar seu inglês e sua comu-nicação com o resto do mundo. Depois de diversas rejeições, re-cebeu uma oportunidade como colunista no periódico inglês New Statesman, onde escreveu sobre experiências pessoais. Os textos tornaram-se a base do pri-meiro livro, In the ditch [Na vala] (1972). Dois anos depois, publicou Second-class citizen [Cidadão de segunda classe]. Enquanto os dois primeiros romances de Emecheta

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são de caráter autobiográfico com alguns elementos ficcionais, as obras subsequentes apresentam um tom de resgate histórico, ten-do como cenário a Nigéria igbo colonial do início do século XX, a África que sua mãe conheceu.

The bride price [O preço da noi-va] (1976) foi escrito pouco antes de sua mudança para New Jersey, nos Estados Unidos, onde tra-balhou como assistente social. Reconstrução do manuscrito des-truído pelo ex-marido, a obra re-lata a história de uma mulher que desafia os costumes de sua tribo ao casar-se com um homem que não pertence à mesma classe social que ela. The slave girl [A pequena escra-va] (1977), uma denúncia à opres-são patriarcal sobre as mulheres e seus corpos, tem como protagonis-ta uma menina órfã vendida pelos irmãos para um parente distante.

Emecheta manifestava, em textos diversos, sua necessidade de se comunicar e de atenuar angústias com páginas escritas. É natural imaginar, portanto, sua reação ao descobrir que uma de suas filhas iria morar com o pai, Onwordi. Devastada, escreveu em segui-da seu livro de maior repercussão e recepção positiva ao redor do mundo: As alegrias da materni-dade (1979), título abertamente irônico, que recebe sua primeira tradução para o português nesta edição, sendo ao mesmo tempo a

primeira obra de Emecheta editada no Brasil.

Tendo como cenário a mesma Nigéria colonial da primeira me-tade do século XX, a obra narra a trajetória de uma jovem igbo, Nnu Ego, cujas escolhas serão guiadas pelo que é esperado de uma mu-lher em seu contexto social: ser mãe. Ela é filha de Ona, mulher orgulhosa e, por isso, “socialmente inadequada”, e de Agbadi, chefe lo-cal do vilarejo de Ibuza, onde ainda sobrevivem as tradições nativas, alheias às transformações ocorri-das por influência da colonização no país.

Depois de casada, Nnu Ego percebe que não consegue gerar filhos, uma das maiores decepções e desgraças para uma mulher de sua cultura. Ela atribui a má fortuna à sua chi, uma espécie de guia espiritual da tradição igbo, que pode influenciar positiva ou negativamente a vida de quem por ele é acompanhado.

Os sofrimentos de Nnu Ego não parecem terminar quando ela fi-nalmente consegue dar à luz. As condições para sustentar os filhos vão mostrando-se cada vez mais precárias, ao mesmo tempo em que a vida em Lagos, sua nova e urba-nizada terra de moradia, impõe-lhe uma adaptação para a qual não se sente preparada. Sua vida é dire-tamente atingida pelas influências da cultura do colonizador inglês,

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“Existem milhões de mulheres africanas que nunca deixam suas ca-sas, nunca deixam seus vilarejos; esposas em vilarejos continuam na escravidão. Quanto aos meus livros, eles podem ser positivos ou podem ser negativos. Mas eu acredito que, se você cria uma heroína, seja africana ou europeia, com educação — não necessariamente com dinheiro, mas educação —, ela ganha a confian-ça para poder lidar com o mundo moderno.”

transformando os valores tradicio-nais de sua terra de origem.

Os percalços vividos por Nnu Ego refletem uma cultura de violen-ta opressão patriarcal e colonial. Buchi Emecheta explicita em sua obra a prisão em que vive a mu-lher da Nigéria e a clara posição de subordinação ao homem, tanto o nigeriano quanto o europeu, com relações de poder diferentes, mas sempre inferiorizada.

“As mulheres de Emecheta se recusam a se entre-

gar e morrer. Sempre há resistência, um desafio ao destino, uma necessidade de renegociar os termos

da paz incerta que existe entre elas e as tradições

consagradas.”

Trecho de um artigo na The Voice Literary Supplement, de Nova York, em 1982

Depois da publicação de As ale-grias da maternidade, a au-tora escreveu diversos outros romances, com destaque para Destination Biafra (1982), o pri-meiro a apresentar a perspectiva de uma mulher sobre a Guerra Civil Nigeriana. Aventurou-se, também, no universo infantoju-venil, em projetos para televisão e em uma autobiografia – que inclui, entre outras histórias, as

origens de As alegrias da mater-nidade. Em toda a sua carreira, dentro e fora dos livros, mostrou preocupação com a educação e o empoderamento da mulher.

Em janeiro deste ano, aos setenta e dois anos e debilitada pela de-mência, Emecheta faleceu. Sua obra expandiu as representações da mulher africana ao redor do mundo, estabelecendo-a como uma das melhores contadoras de histórias de seu tempo.

ECOSda leitura

Literatura nigerianaA literatura da Nigéria está intrinsecamente ligada à sua história, assim como a de outros países africanos, que compreende processos decor-rentes da colonização e da descolonização. Contudo, é interessante perceber, para além dos conflitos entre o poder colonial e o coloniza-do, como é marcada por um forte ativismo. As narrativas nigerianas do século XX descrevem uma cultura composta por rituais místicos e uma sociedade baseada em uma forte tradição literária oral. Confira

alguns escritores que fazem parte desse panorama literário.

Nascido em 1930 e considerado um dos autores mais importantes da li-teratura nigeriana, Chinua Achebe foi poeta, crítico literário, roman-cista e sagrou-se vencedor do Man Booker Prize em 2007, pela sua car-reira literária. Seu livro mais céle-bre, O mundo se despedaça (1958), retrata o povo igbo e os efeitos da colonização britânica no país, a partir de uma narrativa que remo-dela as convenções do romance eu-ropeu e que se ancora em um largo uso do vocabulário igbo. Faleceu em 2013, aos oitenta e dois anos.

Chinua Achebe

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Sefi Atta é uma romancista e dra-maturga nascida em Lagos, em 1964. Após concluir seus estudos na Universidade de Birmingham, ela deixa a Inglaterra e parte para os Estados Unidos, onde escreve Tudo de bom vai acontecer (2005). O livro, vencedor do prêmio Wole-Soyinka de 2006, é centrado na amizade de duas mulheres, uma católica e a outra muçulmana, ao mesmo tem-po em que retrata a Nigéria, país recém-saído da Guerra de Biafra, marcado por repressão política, gol-pes de estado e corrupção.

Sefi Atta

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Florence Nikiru Nwapa nasceu no ano de 1931, em Oguta. Foi a primeira escritora nigeriana de língua inglesa publicada interna-cionalmente e influenciou direta-mente Buchi Emecheta. Nos anos 60, enquanto atuava como profes-sora, redigiu seu primeiro roman-ce, Efuru (1966), e o apresentou a Chinua Achebe. Em seguida, seu livro foi publicado em Londres, e ela tornou-se a primeira mulher, dos vinte e seis homens até então, a aparecer na coleção de escritores africanos da editora Heinemann. A escritora faleceu em 1993, com apenas sessenta e dois anos.

Flora Nwapa

Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1986, Wole Soyinka é romancista, ensaísta e dramaturgo. Em 1954, aos vinte anos, foi para o Reino Unido estudar Literatura Inglesa e, anos depois, obteve seu doutorado na Universidade de Leeds. Entre os assuntos privile-giados em sua escrita, o autor aten-ta para os mitos africanos e para os possíveis encontros entre eles e os costumes britânicos. Ao longo de sua obra, criticou abertamente a corrupção e as incongruências que permearam os períodos ditatoriais de seu país.

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A tradução de Heloisa Jahn

A carioca Heloisa Jahn – que atualmente mora em São Paulo – trabalha como editora e tradutora, e foi responsável por traduções de grande importância para o cenário literário, como 1984 (George Orwell, edição de 2009), O livro dos seres imaginários (Jorge Luis Borges, edição de 2007), Respiração artificial (Ricardo Piglia, edição de 2010), Tête à tête (Henri Cartier-Bresson, edição de 1999), todos pela Companhia das Letras. Como editora, trabalhou na Cosac Naify e liderou diversos projetos, como o livro Tempo de espalhar pedras, de Estevão Azevedo, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015.

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TAG – Você já traduziu títulos do inglês, do espanhol e do francês. Você diria que existem diferenças no processo tradutório de acordo com a língua estrangeira com que se trabalha? Quais são os desafios particulares que cada uma dessas línguas impõe para a tradução para o português?

Heloisa Jahn – Também já tradu-zi do dinamarquês (há pouco saí-ram alguns contos do Andersen, O patinho feio e outras histórias, em uma bela edição da 34 Letras), e do sueco. Cada língua tem o seu jeitão: na escolha das palavras, na forma de arrumá-las, no ritmo, no som. Há línguas mais sisudas, outras são coalhadas de adjetivos, umas são guturais, outras musicais, umas são faladas mais alto, outras com delicadeza. A tradução é um processo de transferência de quase tudo isso para a língua de destino, mas boa parte da personalidade da língua original permanece – so-bretudo no estilo da narrativa. Não há propriamente peculiaridades no processo de tradução de cada língua; alguns livros são mais difí-ceis (por exemplo, exigem pesquisa quanto a conteúdos, referências e culturas que o tradutor desconhe-ce), mas o processo em si é o mes-

mo. O desafio está, na verdade, na especificidade de cada obra: se não quiser fazer um trabalho burocrá-tico, o tradutor terá de se atrever a escrever de novo o livro, e para isso tem de apostar que ouviu a voz de seu autor. O verdadeiro desafio, e o verdadeiro risco, está aí.

TAG – No mundo globalizado de hoje, os tradutores são essenciais para o intercâmbio entre cultu-ras. Inédita no Brasil, a escritora Buchi Emecheta é, pelo contrá-rio, muito conhecida em outros países, tendo publicado vinte romances, livros infantis e sido traduzida para inúmeras línguas. Como você encara ser responsá-vel pela primeira tradução que os leitores brasileiros terão dessa escritora nigeriana e qual impor-tância você, como editora e tra-dutora, confere a esse momento?

Heloisa Jahn – De muitas manei-ras, a nigeriana Buchi Emecheta foi uma pioneira. Nascida em 1944, cresceu em um país onde as mu-lheres só adquiriam identidade por meio do casamento, cabendo--lhes as tarefas de cuidar da casa, alimentar a família e tomar conta dos filhos, enquanto aos homens correspondia a obrigação de pro-

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ver ao sustento da casa. Mulheres deviam obediência e submissão aos pais e depois aos maridos, e tinham de adaptar-se sem opo-sição a situações difíceis como a convivência com eventuais outras esposas dos maridos, por vezes em condições de muita pobreza, com a família inteira, habitualmente com muitas crianças, vivendo em pequenos aposentos. Aos 22 anos, com cinco filhos, Buchi Emecheta se separou do marido. A família se mudara alguns anos antes para a Inglaterra; sozinha, achou a força de trabalhar para manter a casa, estudar e escrever. Escreveu a par-tir de sua própria experiência de vida e fez um relato emocionan-te sobre a força e a solidariedade das mulheres nas condições que conheceu – primeiro na Nigéria patriarcal, depois como imigrante negra na Inglaterra. Além de par-tilhar sua experiência com o leitor em uma escrita poderosa, faz-nos pensar mais uma vez na força da literatura: como essa moça, nasci-da em uma aldeia africana, tolhida por uma cultura de absoluto domí-nio masculino, confundida pelas imensas transformações culturais dos mundos em que viveu, en-controu a força de escrever mais de vinte livros extraordinários, transformando experiência em

literatura de primeira qualidade? Ela é uma escritora notável, e é um prazer muito grande trazê-la para o português do Brasil.

TAG – Levando em conta os questionamentos levantados por Buchi Emecheta ao descrever a sociedade patriarcal nigeriana, na qual a mulher tem um papel intrinsecamente ligado ao de mãe, como você imagina que será sua recepção pelo público leitor brasileiro?

Heloisa Jahn – No Brasil, como em quase toda parte, o papel da mulher está mudando, sobretu-do em decorrência da pressão das próprias mulheres. As mulheres vêm ocupando espaços crescentes em todas as áreas – da pesquisa científica à política. O desenho das funções familiares vem modifican-do-se, com os homens dividindo de forma cada vez mais equilibrada as funções antes consideradas “fe-mininas”. O Brasil ainda está relati-vamente atrasado nesse processo e tem peculiaridades quando pensa-mos no que é usual entre a maioria pobre, com um grande número de famílias sem pais. Seja como for, Emecheta chega ao Brasil em um ótimo momento da conversa sobre feminismo e consciência social.

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NigEriAColonização, exploração e guerra

A palavra “Nigéria” forma-se através das palavras niger, rio que corta a região, e area, lugar. Oficialmente, a República Federal da Nigéria é composta por trinta e seis estados, dentre eles, a an-tiga capital Lagos e a atual Abuja. Durante os séculos XVII a XIX, seu litoral foi especialmente ex-plorado pelos portugueses que o utilizavam como ponto de partida de escravos para as Américas. Antiga colônia inglesa, a Nigéria conquistou sua independência em 1960, época em que a estabili-dade colonial foi ameaçada pelos processos de independência eclo-didos em outros países africanos. Logo após, dois momentos polí-ticos remodelaram a organização do país: o golpe militar de 1966 e a ascensão do coronel Gowon ao poder da Nigéria. A primeira de-cisão de seu governo foi a de am-pliar de três para doze as regiões administrativas estatais, dividin-do ainda mais os múltiplos gru-pos étnicos nigerianos. Por outro lado, o coronel Ojukwu, líder da região leste, majoritariamente igbo, não tinha nenhum interes-

se em dispersar seu povo. Essa preocupação levou-o a proclamar a independência do estado de Biafra, zona que compreendia o território igbo, em 1967. Embora alguns países o tenham reconhecido, o governo da Nigéria não legitimou a independência. Assim, irrompeu-se uma guerra civil, influenciada principalmente pelos interesses estatais nas re-servas de petróleo de Biafra, que durou até janeiro de 1970 e matou cerca de dois milhões de pessoas.

Durante esses três anos, o territó-rio era praticamente inacessível para a cobertura midiática, em função do bloqueio militar e da re-tirada de grupos de auxílio, como a Cruz Vermelha. Como consequên-cia disso e da linha editorial tradi-cional dos periódicos internacio-nais, o resto do mundo só tomou conhecimento da dimensão do conflito em 1970, quando a catás-trofe ganhou ampla difusão. Logo, as imagens trágicas de fome e mor-te geraram pressão da opinião pú-blica, fazendo com que governos e diversas instituições interviessem.

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Que Africa e essa?

Quando falamos de literatura afri-cana, é preciso deixar claro que, ao lermos uma obra, não devemos procurar arquétipos de um típico africano, munido de uma aura so-brenatural, mística e presa às pu-rezas ancestrais, justamente, por-que a África não pode de ser vista como o reduto do primitivismo no mundo. O que os autores contem-porâneos buscam, de modo geral, é desestabilizar essas convenções, oferecendo, dessa forma, outra possibilidade de leitura estética e política do continente. É preciso lembrar que, enquanto na Europa e na América o cenário cultural se modificava radicalmen-te a partir da década de 1960 com os avanços tecnológicos, mudan-ças de mentalidades econômicas e sociais, os africanos lutavam por sua independência, travavam guerras internas e reorganizavam suas comunidades. Além disso, as experiências políticas, econômicas e sociais não foram as mesmas en-tre os países africanos. Na era pós--colonial, esses países precisavam, portanto, abrir um novo caminho, reconstruir nações, construir iden-tidades e contar a própria história por eles mesmos.

Neste sentido, o contexto e a di-versidade têm reflexo na produção literária africana, pois, ao pensar-mos em autores como o sul-africa-no J.M. Coetzee, com sua literatura pós-apartheid, e a moçambicana Paulina Chiziane, refletindo sobre a condição da mulher moçambi-cana, ou ainda entre o marroqui-no Tahar Ben Jalloun, discutindo a tradição e a contação de histórias, e o angolano Pepetela, escrevendo sobre as guerras coloniais, perce-bem-se diferenças que descentram a ideia de uma África única.

Esta heterogeneidade estética pode ser facilmente comprovada em outros dois autores do mesmo país: os nigerianos Chinua Achebe e Wole Soyinka, pois enquanto a literatura de Achebe se encontra mais próxima da tradição e do im-pacto do colonialismo, a obra de Soyinka aponta para outro cami-nho: representar uma visão mais cosmopolita dos africanos, locali-zando sua produção literária mui-to mais próxima das fronteiras do que da tradição fechada.

No entanto, talvez o ponto de con-tato entre as literaturas africanas contemporâneas possa se dar neste

Por Jeferson Tenório, escritor e mestre em literaturas luso-africanas pela UFRGS

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sentido: o de quebrar estereótipos. Por mais que o continente não te-nha participado da festa da globa-lização no mesmo passo em que o mundo ocidental, não significa que as comunidades não tenham sido afetadas, pois, se o processo desta mesma globalização diluiu fron-teiras, por outro lado, dissolveu as barreiras das distâncias, tornando inevitável o contato entre o centro e as periferias colonizadas. Nesta conjuntura social, é muito prová-vel que surjam novas identidades tanto “locais” quanto “globais”.

Deste modo, no pós-colonialismo, o Ocidente se vê cara a cara com o “outro”, com o “exótico”. É aí que se dá a emergência de se repen-sarem as etnias, pois as culturas locais sentem-se ameaçadas pela globalização, têm medo de que as “raízes” se percam, que sejam en-golidas pela modernidade. Neste movimento, tradição e moderni-dade não se excluem no campo da literatura, mas dialogam.

Escritoras como Chimamanda, por exemplo, procuram uma estética literária que possa ir na contramão de uma única história contada pelo Ocidente. Em Americanah (2013),

narrativa ambientada na Nigéria, Inglaterra e EUA, Chimamanda conduz o leitor a refletir sobre o choque entre culturas na contem-poraneidade, sobre política atual, sobre a sexualidade feminina e sobre as diversas formas de racis-mo. Na esteira dessas discussões, o moçambicano Mia Couto constrói personagens diaspóricos em busca de identidades culturais, como é o caso do romance O outro pé da se-reia (2006). Em ambas as obras no-ta-se que, apesar das fronteiras, as histórias locais, nacionais e globais se atravessam, e este atravessa-mento é inevitável, pois no mun-do contemporâneo, as ideias de conjunção e disjunção operam no mesmo sentido, isto é, há sempre uma tensão entre o particular e o local, que não são, necessariamen-te, antagônicos.

Portanto, não se pode exigir dos autores uma autenticidade lite-rária africana. Talvez esse seja o grande desafio dos escritores afri-canos na modernidade: pertencer a uma sociedade afetada pela glo-balização e discutir seus efeitos, tendo, por outro lado, a consciên-cia de um pertencimento identitá-rio deslizante.

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Espaço do Leitor

No final de julho, aconteceu a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty, e a TAG esteve por lá! Nossa primeira ida à Flip rendeu um encontro entre os associados, com a participação de Sérgio Rodrigues, escritor e colunista do blog Etcetera, de José Luis Peixoto, um dos autores do livro exclusivo da TAG, Uns e Outros, e da book-tuber do nosso canal, Mell Ferraz. Conversamos sobre as releituras,

as impressões dos associados sobre o livro e, é claro, literatura!

Agradecemos a todos e a todas que compareceram! Esse dia vai ficar na nossa memória, esperamos repeti-lo no próximo ano.

Para os que não puderam estar presentes, seguem algumas fotos desse encontro tão especial.

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Heloisa Buarque de Hollanda é pes-quisadora, professora, crítica literária, ensaísta, editora e jornalista. Desde a década de 60, fomenta o campo uni-versitário e artístico através de obras e projetos de inclusão, democratização e compartilhamento da cultura, dedi-cando-se, também, a questões de raça e gênero. Seu livro 26 poetas hoje lan-çou artistas como Ana Cristina César e Waly Salomão.

Sua indicação para o mês de novembro é o relato íntimo de uma mulher sobre sua trajetória e a de outras duas amigas, narrando detalhes sobre a amizade das três, desde a passagem pelo internato de freiras, na infância, até a experiência urbana, na vida adulta. Entre fugas e retornos, amores proibidos, estagnação, perdas e angústias, as três amigas en-frentarão situações que, por meio das palavras de uma das mais importantes escritoras brasileiras de nossa história, retratam sensivelmente os diferentes papéis sociais exercidos pelas mulheres na primeira metade do século XX.

“O livro traz um momento de passagem da adolescência para a idade adulta, revelando também várias perspectivas sobre as mulheres, a amizade e o amor. A autora introduziu uma escrita sóbria, rigorosa, avessa à qualquer demagogia no romance moderno nordestino.”- Heloisa Buarque de Hollanda

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OUTUBRO DE 2017As alegrias da maternidade

“Acreditar em nossa própria mentira é o primeiro passo para o estabelecimento de uma nova verdade.”– Carlos Drummond de Andrade