acordo novo 2012

13
Guia acordo ortográfico 2009 A implantação das regras desse Acordo, prevista para acontecer no Brasil a partir de janeiro de 2009, é um passo importante em direção à criação de uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países que tenham o português como língua oficial: Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo,Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. Mudanças no alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z, As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt); b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Trema Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui. Como era Como fica Agüentar Aguentar Argüir Argüir Bilíngüe Bilíngue Cinqüenta Cinquenta Delinqüente Delinquente Eloqüente Eloquente Ensangüentado Ensanguentado Eqüestre Equestre Freqüente Frequente Lingüeta Lingueta Lingüiça Linguiça Qüinqüênio Quinquênio Sagüi Sagui Seqüência Sequência Seqüestro Sequestro Tranqüilo Tranquilo Mudanças nas regras de acentuação 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). Como era Como fica Alcalóide Alcaloide Alcatéia Alcateia Andróide Androide Apóia (verbo apoiar) Apoia Apóio (verbo apoiar) Apoio Asteróide Asteroide Bóia Boia Celulóide Celuloide Clarabóia Claraboia Colméia Colmeia Coréia Coreia Debilóide Debiloide Epopéia Epopeia Estóico Estoico Estréia Estreia Estréio (verbo estrear) Estreio Geléia Geleia Heróico Heroico Idéia Ideia Jibóia Jiboia Jóia Joia Odisséia Odisseia Paranóia Paranoia Paranóico Paranoico Platéia Plateia Tramóia Tramoia 1

Upload: flaviana-soalheiro

Post on 30-Oct-2014

389 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Acordo novo 2012

Guia acordo ortográfico 2009

A implantação das regras desse Acordo, prevista para acontecer no Brasil a partir de janeiro de 2009, é um passo importante em direção à criação de uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países que tenham o português como língua oficial:

Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo,Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste.

Mudanças no alfabetoO alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.

O alfabeto completo passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z,

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações.

Por exemplo:a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);

b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos

gue, gui, que, qui.

Como era Como ficaAgüentar AguentarArgüir ArgüirBilíngüe BilíngueCinqüenta CinquentaDelinqüente DelinquenteEloqüente EloquenteEnsangüentado EnsanguentadoEqüestre EquestreFreqüente FrequenteLingüeta LinguetaLingüiça LinguiçaQüinqüênio QuinquênioSagüi SaguiSeqüência SequênciaSeqüestro SequestroTranqüilo Tranquilo

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era Como ficaAlcalóide AlcaloideAlcatéia AlcateiaAndróide AndroideApóia (verbo apoiar) ApoiaApóio (verbo apoiar) ApoioAsteróide AsteroideBóia BoiaCelulóide CeluloideClarabóia ClaraboiaColméia ColmeiaCoréia CoreiaDebilóide DebiloideEpopéia EpopeiaEstóico EstoicoEstréia EstreiaEstréio (verbo estrear) EstreioGeléia GeleiaHeróico HeroicoIdéia IdeiaJibóia JiboiaJóia JoiaOdisséia OdisseiaParanóia ParanoiaParanóico ParanoicoPlatéia PlateiaTramóia Tramoia

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

Como era Como ficaBaiúca BaiucaBocaiúva BocaiuvaCauíla CauilaFeiúra Feiura

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como ficaAbençôo AbençooCrêem (verbo crer) CreemDêem (verbo dar) DeemDôo (verbo doar) DooEnjôo EnjooLêem (verbo ler) LeemMagôo (verbo magoar) MagooPerdôo (verbo perdoar) PerdooPovôo (verbo povoar) PovooVêem (verbo ver) VeemVôos VoosZôo Zoo

1

Page 2: Acordo novo 2012

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era Como ficaEle pára o carro Ele para o carroEle foi ao pólo Norte Ele foi ao polo NorteEle gosta de jogar pólo Ele gosta de jogar poloEsse gato tem pêlos brancos

Esse gato tem pelos brancos

Comi uma pêra Comi uma pera

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui,(eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

Uso do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefi xos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como:

aero agro além ante antiaquém arqui auto circum cocontra eletro entre ex extrageo hidro hiper infra interintra macro micro mini multineo pan pluri proto póspré pró pseudo retro semisobre sub super supra teleultra vice e etc ...

1. Com prefi xos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.

Exemplos:Anti-higiênicoAnti-históricoCo-herdeiro

Macro-históriaMini-hotel

Proto-históriaSobre-humanoSuper-homemUltra-humano

Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefi -xo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos:AeroespacialAgroindustrial

AnteontemAntiaéreo

AntieducativoAutoaprendizagem

AutoescolaAutoestrada

AutoinstruçãoCoautor

CoediçãoExtraescolarInfraestrutura

PlurianualSemiaberto

SemianalfabetoSemiesféricoSemiopaco

Exceção: o prefi xo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo peração, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefi xo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.

Exemplos:

AnteprojetoAntipedagógico

AutopeçaAutoproteçãoCoproduçãoGeopolítica

Microcomputador

PseudoprofessorSemcírculoSemideusSeminovo

Ultramoderno

4. Não se usa o hífen quando o prefi - xo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.

Exemplos:

AntirrábicoAntirracismo

2

Page 3: Acordo novo 2012

AntirreligiosoAntirrugasAntissocialBiorritmo

ContrarregraContrassenso

CossenoInfrassom

MicrossistemaMinissais

MultissecularNeorrealismo

NeossimbolistaSemirreta

UltrarresistenteUltrassom

5. Quando o prefi xo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

Exemplos:

Anti-ibéricoAnti-imperialistaAnti-inflacionárioAnti-inflamatórioAuto-observaçãoContra-almirante

Contra-atacarContra-ataqueMicro-ondasMicro-ônibus

Semi-internatoSemi-interno

6. Quando o prefi xo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.

Exemplos:

Hiper-requintadoInter-racial

Inter-regionalSub-bibliotecário

Super-racistaSuper-

reacionárioSuper-resistenteSuper-romântico

7. Quando o prefi xo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.

Exemplos:

HiperacidezHiperativo

Interescolar

InterestadualInterestelar

InterestudantilSuperamigo

SuperaquecimentoSupereconômicoSuperexigente

SuperinteressanteSuperotimismo

8. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.

Exemplos:

Além-marAlém-túmuloAquém-mar

Ex-alunoEx-diretor

Ex-hospedeiroEx-prefeito

Ex-presidentePós-graduação

Pré-históriaPré-vestibularPró-europeu

Recém-casadoRecém-nascido

Sem-terra

9. Deve-se usar o hífen com os sufi - xos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.

Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção decomposição.

Exemplos:

GirassolMadressilvaMandachuvaParaquedasParaquedista

Pontapé

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

Exemplos:

3

Page 4: Acordo novo 2012

Na cidade, conta-se que ele foi viajarO diretor recebeu os ex-alunos

ResumoEmprego do hífen com prefixos

Regra básicaSempre se usa o hífen diante de h:

Anti-higiênicoSuper-homem

Outros casos1. Prefi xo terminado em vogal:• Sem hífen diante de vogal diferente:

AutoescolaAntiaéreo

• Sem hífen diante de consoante diferente de re s: anteprojeto, semicírculo.

• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essasletras:

AntirracismoAntissocialUltrassom

• Com hífen diante de mesma vogal:

Contra-ataqueMicro-ondas

2. Prefi xo terminado em consoante:• Com hífen diante de mesma consoante:

Inter-regionalSub-bibliotecário

• Sem hífen diante de consoante diferente:

IntermunicipalSupersônico

• Sem hífen diante de vogal:

InterestadualSuperinteressant

e

Observações1. Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen:

Subumano

Subumanidade

2. Com os prefi xos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal:

Circum-navegaçãoPan-americano

3. O prefi xo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o:

CoobrigaçãoCoordenarCooperar

CooperaçãoCooptar

Coocupante

4. Com o prefi xo vice, usa-se sempre o hífen:

Vice-reiVice-alimrante

5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como:

GirassolMadressilvaMandachuva

PontapéParaquedasParaquedista

6. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen:

Ex-alunoSem-terraAlém-mar

Aquém-marRecém-casadoPós-graduaçãoPré-vestibularPró-europeu

Novo Acordo Ortográfico

A adopção de uma única ortografia entre países de língua portuguesa pode ser óptima.” Se este texto fosse escrito em Portugal, a frase anterior estaria corretíssima. Já no Brasil, a letra p (nas palavras a-dopção e óptima) está sobrando e parece um erro de digitação – apesar de todos sabermos que se trata do mesmo idioma. Do ponto de vista da orto-grafia, existem diferenças bastante relevantes na língua portuguesa. E não apenas entre os dois paí-ses. Nas outras seis nações que falam e escrevem o português (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

4

Page 5: Acordo novo 2012

Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) ocorre o mesmo. Para acabar com essas diferen-ças, foi criado, em 1990, um acordo ortográfico – que deve vigorar no Brasil a partir do ano que vem. “A existência de duas grafias oficiais acarreta pro-blemas na redação de documentos em tratados in-ternacionais e na publicação de obras de interesse público”, defendia o filólogo Antônio Houaiss, o prin-cipal responsável pelo processo de unificação aqui no Brasil. Originalmente, o combinado era que to-dos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) deveriam ratificar o a-cordo para que ele tivesse valor. Em 2004, porém, os chefes de Estado da CPLP decidiram que basta-va a aprovação de três nações para a reforma orto-gráfica entrar em vigor. O Brasil, no entanto, definiu que mudaria o jeito de escrever somente se Portu-gal também o fizesse (e o “sim” de Lisboa às novas normas só veio no ano passado). É importante res-saltar que a pronúncia, o vocabulário e a sintaxe permanecem exatamente como estão. A novidadeé a unificação da grafia de algumas palavras.

Língua Internacional

Daqui para a frente, a língua portuguesa (comum aos países lusófonos) tem tudo para ganhar espaço – até mesmo em fóruns internacionais –, pois o in-tercâmbio de informações e textos ficará mais fácil. Unificar a grafia também visa aproximar as oito na-ções da CPLP, reduzir custos de produção e adap-tação de livros e facilitar a difusão bibliográfica de novas tecnologias, bem como simplificar algumas regras (que suscitam dúvidas até entre especialis-tas). Do ponto de vista prático, ganha força o idioma falado no Brasil. Isso porque os portugueses terão de promover mais mudanças na escrita do que nós, adaptando várias palavras à grafia brasileira. Por exemplo, acção passa a ser ação. E cai também o h inicial de herva e húmido. O português é a única lín-gua com dois cânones oficiais ortográficos, um eu-ropeu e outro brasileiro, e isso não só dificulta nos-as vida lá fora como também a dos estrangeiros que querem aprendêlo. “Inscreve-se, finalmente, a língua portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consci-ência da política do idioma e de maturidade na de-fesa, na difusão e na ilustração da língua da lusofo-nia”, afirma Cícero Sandroni, presidente da Acade-mia Brasileira de Letras (ABL). Além da unificação da grafia, o acordo propõe simplificar o idioma, no mesmo espírito do que ocorreu na década de 1910, quando uma reforma semelhante alterou o modo de escrever palavras como pharmacia e christallino (para farmácia e cristalino, sem o ph, o ch e o ll). Na época, porém, as mudanças foram encabeçadas por Portugal, que não consultou o Brasil e acabou aprofundando algumas diferenças ortográficas. O a-cordo prevê simplificações (como o fim do trema), mas tem inúmeros pontos obscuros, que só serão

esclarecidos com o lançamento de gramáticas atua-lizadas e um novo Vocabulário Ortográfico oficial (tarefa a cargo da Academia Brasileira de Letras). O professor Pasquale Cipro Neto é um dos que se manifestaram contra o documento. “Ele não se limi-ta a uniformizar a grafia: estabelece outras altera-ções no sistema ortográfico, várias delas para pior.”

Tempo de Adaptação

Aqui no Brasil, a última grande reforma do idioma foi realizada em 1971, a fim de aproximar mais nos-so jeito de escrever do de Portugal. Desde então foi abolido o acento diferencial em alguns vocábulos, bem como o acento grave ou circunflexo nas pala-vras derivadas de outras acentuadas – mais de dois terços dos acentos que causavam divergências fo-ram suprimidos. Nessa mesma época os substanti-vos acôrdo e govêrno viraram acordo e governo (perderam o circunflexo que os diferenciava das for-mas verbais eu acordo e eu governo, que eram e continuam sendo pronunciadas de forma diferente). Outras palavras, como somente, propriamente, rapi-damente, cortesmente, sozinho, cafezinho e café-zal, também deixaram de ser acentuadas. Naquela ocasião, muitas pessoas estranharam a alteração (sem falar que diversos materiais impressos, como livros, levaram um bom tempo até ter novas edições com o jeito certo de escrever). Até hoje, aliás, ainda há quem escreva êle, com o circunflexo extinto no início dos anos 1970. Nas próximas páginas, você vai conhecer (de forma simplificada) as mudanças trazidas pelo acordo, com exemplos de grafias atu-ais e de como vamos passar a escrever. São regras bastante fáceis, mas que precisam ser bem com-preendidas para ser usadas corretamente em textos produzidos no papel ou na tela do computador. Guarde este manual e consulte-o sempre que ne-cessário.

O que muda daqui pra Frente

Não é de hoje que os integrantes da Comu-nidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pensam em unificar as ortografias de nosso idioma. Os trabalhos da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa tiveram início em 1980 e consumiram dez anos de negociações até o acordo ortográfico ficar pronto. No Brasil, o Con-gresso Nacional aprovou o texto em 1995, mas sua implementação ficou “na gaveta”, à espera da apro-vação pelos parlamentares de Portugal. Agora, bas-ta um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va para que a nova grafia entre em vigor no país (até o fechamento desta edição não havia uma data determinada, mas a previsão é que isso ocorra em 2009). Mesmo sem o decreto presidencial, a Comis-são de Língua Portuguesa (Colip), do Ministério da Educação, já propôs que a reforma entre em vigor no próximo dia 1º de janeiro. Estima-se que o perío-

5

Page 6: Acordo novo 2012

do de transição para a nova norma dure três anos. Se a proposta do MEC for cumprida, todos os textosproduzidos a partir de 2009 terão de ser impressos segundo as novas regras lingüísticas. Vestibulares, concursos e avaliações poderão aceitar as duas grafias como corretas até 31 de dezembro de 2011. Quanto aos livros didáticos, deve haver um escalo-namento. A partir de 2010 os alunos de 1º a 5º ano do Ensino Fundamental receberão os livros dentro da nova norma – o que deve ocorrer com as turmasde 6º a 9º ano e de Ensino Médio, respectivamente,em 2011 e 2012.

Acento Agudo

O acento agudo desaparece das palavras da língua portuguesa em três casos, como se pode ver a se-guir:

- nos ditongos (encontro de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras pa-roxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com ma-is intensidade é a penúltima).

Como é Hoje Como vai FicarAssembléia Assembleia

Heróico HeroicoIdéia IdeiaJibóia Jiboia

No entanto, as oxítonas (palavras com acento na última sílaba) e os monossílabos tônicos terminados em éi, éu e ói continuam com o acento (no singular e/ou no plural).

Exemplos: herói(s), ilhéu(s), chapéu(s), anéis, dói, céu.

- nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato (seqüência de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes) com a vogal anterior quando esta faz parte de um ditongo;

Como é Hoje Como vai FicarBaiúca BaiucaBoiúna BoiunaFeiúra Feiura

No entanto, as letras i e u continuam a ser acentuadas seformarem hiato mas estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de s.

Exemplos: baú, baús, saída.

No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento permanece.

Exemplos: tuiuiú, Piauí.

- nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com o u tônico precedido das letras g ou q e seguido de e ou

i. Esses casos são pouco freqüentes na língua portugue-sa: apenas nas formas verbais de argüir e redargüir.

Como é Hoje Como vai FicarArgúis Arguis

Argúem ArguemRedargúis Redarguis

Redargúem Redarguem

Acento Diferencial

O acento diferencial é utilizado para permitir a identifica-ção mais fácil de palavras homófonas, ou seja, que têm a mesma pronúncia. Atualmente, usamos o acento diferen-cial – agudo ou circunflexo – em vocábulos como pára (forma verbal), a fim de não confundir com para (a prepo-sição), entre vários outros exemplos. Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial não será mais usado nesse caso e também nos que estão a seguir:

- péla (do verbo pelar) e pela (a união da prepo-sição com o artigo);

- pólo (o substantivo) e polo (a união antiga e po-pular de por e lo);

- pélo (do verbo pelar) e pêlo (o substantivo);

- pêra (o substantivo) e péra (o substantivo arca-ico que significa pedra), em oposição a pera (a preposição arcaica que significa para).

No entanto, duas palavras obrigatoriamente continuarão recebendo o acento diferencial:

- pôr (verbo) mantém o circunflexo para que não seja confundido com a preposição por;

- pôde (o verbo conjugado no passado) também mantém o circunflexo para que não haja confu-são com pode (o mesmo verbo conjugado no presente).

Observação: já em fôrma/forma, o acento é facultativo.

Acento Circunflexo

Com o acordo ortográfico, o acento circunflexo não será mais usado nas palavras terminadas em oo.

Como é Hoje Como vai FicarEnjôo EnjooVôo Voo

Abençôo AbençooCorôo CorooMagôo MagooPerdôo Perdoo

Da mesma forma, deixa de ser usado o circunflexo na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.

Como é Hoje Como vai Ficar

6

Page 7: Acordo novo 2012

Crêem CreemDêem DeemLêem LeemVêem Veem

Descrevêem DescreveemRelêem ReleemRevêem Reveem

No entanto, nada muda na acentuação dos verbos ter, vire seus derivados. Eles continuam com o acento circun-flexo no plural (eles têm, eles vêm) e, no caso dos deriva-dos, com o acento agudo nas formas que possuem mais de uma sílaba no singular (ele detém, ele intervém).

Trema: Um Sinal a Menos

O trema, sinal gráfico de dois pontos usado em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que, qui, gue e gui, é pronunciada, será abolido. É simples assim: ele de-ixa de existir na língua portuguesa. Vale lembrar, porém, que a pronúncia continua a mesma.

Como é Hoje Como vai FicarAgüentar AguentarEloqüente EloquenteFreqüente FrequenteLingüiça Linguiça

Sagüi SaguiSeqüestro SequestroTranqüilo Tranquilo

Anhangüera Anhanguera

No entanto, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados.

Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano.

Hífen: Palavras Compostas

O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações:

- quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s ou r. Nesse caso, a consoante obrigatoriamente pas-sa a ser duplicada;

- quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.

Como é Hoje Como vai FicarAnti-religioso AntireligiosoAnti-semita Antisemita

Auto-aprendizagem AutoaprendizagemAuto-estrada AutoestradaContra-regra ContraregraContra-senha ContrasenhaExtra-escolar Extraescolar

Extra-regulamentação Extraregulamentação

No entanto, o hífen permanece quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também é r.

Exemplos: hiper-requintado, super-resistente.

Alfabeto: Novas Letras

O acordo prevê que nosso alfabeto passe a ter 26 letras – hoje são 23. Além das atuais, serão oficialmente incorpo-radas as letras k, w e y. No entanto, seu emprego fica restrito a apenas alguns casos, como já ocorre atualmen-te. Confira os principais exemplos:

- em nomes próprios de pessoas e seus derivados;

Exemplos: Franklin, frankliniano, Darwin, darwi-nismo, Wagner, wagneriano, Taylor, taylorista, Byron, byroniano.

- em nomes próprios de lugares originários de outras lín-guas e seus derivados;

Exemplos: Kuwait, kuwaitiano, Washington, Yo-kohama, Kiev.

- em símbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medida internacionais;

Exemplos: km (quilômetro), KLM (companhia aérea), K (potássio), W (watt), www (sigla de world wide web, expressão que é sinônimo para a rede mundial de computadores).

- em palavras estrangeiras incorporadas à língua.

Exemplo: sexy, show, download, megabyte.

ANOTAÇÕES

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

7

Page 8: Acordo novo 2012

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

______________________________________

____________________________________

_____________________________________

8

Page 9: Acordo novo 2012

______________________________________

____________________________________

9