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CONCURSO “BOAS PRÁTICAS NA AGRICULTURA FAMILIAR” AÇÕES DE INCENTIVO À PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS COMO ESTÍMULO À PERMANÊNCIA DOS JOVENS NAS PROPRIEDADES DA AGRICULTURA FAMILIAR CATEGORIA: Jovens em Ação AUTOR: Marita Claudete Minetto COLABORADORES: Ademir do Amaral Deise Anelise Froelich Gilmar Francisco Vione Santa Rosa/RS Março/2016

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CONCURSO

“BOAS PRÁTICAS NA AGRICULTURA FAMILIAR”

AÇÕES DE INCENTIVO À PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ORGÂNICO S COMO ESTÍMULO À PERMANÊNCIA DOS JOVENS NAS PROPRIED ADES

DA AGRICULTURA FAMILIAR

CATEGORIA: Jovens em Ação

AUTOR: Marita Claudete Minetto

COLABORADORES:

Ademir do Amaral

Deise Anelise Froelich

Gilmar Francisco Vione

Santa Rosa/RS

Março/2016

1. Início da Experiência

A experiência aqui relatada refere-se ao trabalho desenvolvido pela Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural -EMATER/RS com a parceria efetiva da Associação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa - AREDE e o comprometimento com o desenvolvimento da Agroecologia na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul com a preocupação em fixar as famílias da agricultura familiar no âmbito rural dos municípios, bem como manter a estrutura e a sucessão familiar através da permanência dos jovens junto às propriedades.

Os técnicos da EMATER/RS e da AREDE trabalham os temas da Agroecologia e valorização da agricultura familiar com vistas à construção da soberania e segurança alimentar e nutricional; na preservação de recursos naturais, no respeito ao meio ambiente, na parceria com agricultores familiares e suas organizações. Ambas as entidades trabalham com a organização de grupos, com a cooperação e ajuda mútua no intuito de construir novas relações sociais e econômicas entre as pessoas e também com os públicos de jovens e mulheres, numa visão geracional e de gênero.

A presença da EMATER/RS junto aos agricultores e suas famílias no Rio Grande do Sul iniciou no ano de 1955, com a criação da ASCAR e continua até os dias atuais com a presença de seus extensionistas executando o acompanhamento nas atividades produtivas e sociais junto ao meio rural. A AREDE foi fundada em 2001 tendo por missão contribuir na construção do desenvolvimento regional sustentável.

Acompanhar a evidente preocupação da sociedade em relação à conservação do meio ambiente e à produção de alimentos saudáveis, o incentivo à produção agrícola com base nos princípios da Agroecologia tornou-se um dos objetivos de atuação da extensão rural. Visando o impulso e o incremento às práticas da agricultura de base ecológica e produção de alimentos orgânicos, em dezembro de 2013, a AREDE oficializou a criação do Núcleo Missões da Rede Ecovida de Agroecologia, com o objetivo de organizar e capacitar os agricultores familiares da região para a Certificação Orgânica. As duas entidades uniram-se em seus objetivos e traçaram as metas para alcançá-los.

Para a execução das atividades os recursos financeiros e humanos são oriundos de convênios existentes e de políticas públicas. Também são estabelecidas parcerias com outras instituições que tem o foco na produção orgânica.

2. Breve Resenha da Experiência

Com o objetivo de auxiliar no acesso e obtenção do Certificado de Conformidade Orgânica, as duas entidades, EMATER/RS e AREDE, somaram esforços para identificar (na região) os agricultores familiares que se propunham a desenvolver os cultivos de base agroecológica e orgânica para qualificação nas questões produtiva, organizacional e econômica.

O Sistema Participativo de Garantia (SPG) orienta para obtenção do Certificado de Conformidade Orgânica, é um processo de geração de credibilidade em rede realizado de forma descentralizada, respeitando as características locais, que visa aprimorar a agroecologia e assegurar a qualidade dos seus produtos através da participação, aproximação e compromisso entre os agricultores, técnicos e consumidores. O processo de certificação contempla a definição de valores básicos da agroecologia, construção de espaços de discussões como reuniões, organização de comitês onde são definidas sanções positivas e negativas aos interessados em obter a certificação; visitas do comitê

de ética e/ou revisão de pares; análise das informações das visitas e decisão da certificação.

A metodologia utilizada foi a formação de grupos de produção de base agroecológica e orgânica representados pelos municípios de Alecrim, Cândido Godói, Porto Vera Cruz, Santa Rosa, Dezesseis de Novembro, Santo Cristo, São Luiz Gonzaga, Porto Xavier e Rolador. A formação dos grupos teve a intenção de envolver todo núcleo familiar, principalmente a inclusão das mulheres e também dos jovens, filhos dos agricultores familiares. As famílias envolvidas neste processo são residentes no meio rural, do segmento da Agricultura Familiar, produtoras de alimentos, geralmente compostas pelo casal e filhos jovens que estudam e retornam aos finais de semana ou diariamente para as propriedades. A construção do conhecimento foi gradativa bem como de seus pares, iniciando uma relação de confiança mútua.

O trabalho realizado utilizou as metodologias participativas onde os agricultores e seus familiares são desafiados a manter pequenos grupos de trocas de saberes e experiências através de encontros periódicos. São feitas reuniões, visitas de pares, trocas de mudas e sementes, dias de campo, oficinas, encontros ampliados, viagens de estudos e intercâmbios com o acompanhamento dos técnicos comprometidos com as ações. As visitas têm como objetivos a integração do grupo, troca de conhecimentos na produção das culturas de cada propriedade no sistema orgânico, além de o grupo sugerir melhorias no sistema de produção e viabilizar alternativas de comercialização.

As principais atividades foram: identificação, nos municípios da região, dos agricultores familiares que gostariam de trabalhar com sistema de base agroecológica; organização dos grupos por proximidade geográfica; construção do conhecimento através de encontros, capacitações e reuniões; organização de Dias de Campo; acompanhamento técnico e assessoramento às dificuldades que surgiram no setor produtivo; visitas guiadas para observação e avaliação das propriedades; viagens para conhecer experiências na área; encaminhamento da documentação para obtenção do Certificado de Conformidade Orgânica após vistorias criteriosas.

Após a caminhada inicial, no mês de dezembro de 2014 receberam os Certificados de Conformidade Orgânica, as 30 famílias integrantes do Núcleo e duas agroindústrias de processamento de cana-de-açúcar. A expedição do certificado atende aos critérios estabelecidos pela Instrução Normativa nº 46, de 6 de outubro de 2011, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

No desenvolvimento das ações e atividades propostas observou-se que a produção de orgânicos proporcionou e motivou a permanência de muitos jovens que fizeram a opção de dar continuidade aos projetos existentes nas propriedades e nas comunidades onde vivem.

3. Que problemas ou realidades são resolvidos com essa experiência?

Com a assessoria e o trabalho realizado por meio da AREDE e da EMATER/RS – entidades integrantes do Núcleo Missões da Rede Ecovida de Agroecologia – as famílias que se inseriram no processo de certificação orgânica, junto às instituições de ATER, assumem novos papeis frente a desafios como da produção saudável de alimentos e estímulo à permanência dos jovens no meio rural. Além disso, busca-se propor alternativas, por meio de capacitações e organização de grupos de discussão, acerca de alguns fatores limitantes. No setor de produção há de serem consideradas as

intempéries climáticas, a falta de mão-de-obra para o setor produtivo, o envelhecimento da população rural, o êxodo dos jovens em busca dos grandes centros urbanos e a pequena extensão agricultável das propriedades rurais. No setor agroindustrial, os fatores limitantes a considerar são a falta de legalização, gestão ineficiente dos empreendimentos, matéria-prima insuficiente para a transformação e falta de mão-de-obra.

Entretanto, em sete das 30 propriedades que receberam a certificação orgânica de seus produtos – o que permite agregação de valor à produção além de ser um estímulo à autoestima - há presença de jovens que retornaram à propriedade e/ou estão participando do processo produtivo com a intenção de permanecer no meio rural levando à frente os projetos de produção de base agroecológica e orgânicos. Nestas propriedades estão presentes 11 jovens que apostam na atividade como fonte de trabalho e renda.

Considera-se portanto, que apesar das dificuldades apontadas, a produção de alimentos orgânicos despertou o interesse dos jovens, fazendo com que a sucessão esteja reafirmada com o compromisso da permanência e continuidade. Outro fator importante a ser considerado é o fato de esses jovens estarem buscando aperfeiçoamento técnico através de cursos regulares, capacitações específicas para aprimorar conhecimentos e colocar em prática novas alternativas de manejo em suas propriedades. Para alcançar este aperfeiçoamento, a AREDE, EMATER/RS e outras entidades parcerias promovem encontros de formação, capacitações técnicas, intercâmbios e troca de saberes com produtores orgânicos de outros pontos do Estado. O objetivo é proporcionar aos participantes (técnicos, agricultores e consumidores) a oportunidade de conhecer empreendimentos de base agroecológica e adaptar os conhecimentos adquiridos à realidade local. Até mesmo a partir das visitas efetuadas pelos grupos/pares às propriedades, é realizada uma avaliação que posteriormente chega aos agricultores de como podem qualificar seu trabalho para alcançar o certificado de conformidade orgânica. A propósito, nas visitas de vistoria para a avaliação da obtenção ou renovação do certificado são observados critérios/aspectos como apresentação do caderno de manejo das culturas, caderno de campo, mapa da propriedade, barreiras vegetais, participação da família em reuniões do grupo comprovada através do livro de atas, insumos utilizados para manutenção e recuperação da fertilidade do solo, arredores da residência, destino de resíduos da produção animal entre outros. Todos os aspectos observados devem estar em conformidade com as orientações recebidas e com os princípios da agroecologia.

Outrossim, a promoção da qualidade de vida através da alimentação saudável e preservação do meio ambiente, estimulada nas visitas, capacitações e diferentes etapas do processo de certificação, são fatores que motivam agricultores familiares a apostar nesse tipo de processo produtivo.

4. Quem são os beneficiários desta experiência? De que forma se beneficiam da experiência?

Por meio da inserção efetiva da Rede Ecovida no Noroeste gaúcho – com a organização do Núcleo Missões e a partir do engajamento direto da AREDE e EMATER/RS, 30 propriedades da agricultura familiar e duas agroindústrias, receberam a certificação de conformidade de orgânica, e outras 70 famílias estão em processo de transição com o intuito de alcançá-la. Para que possam se beneficiar da certificação, são compartilhados em todo o processo orientações para atender às exigência da Instrução Normativa 46 do

MAPA. O papel ativo dos agricultores e o diálogo de saberes são alguns dos diferenciais dos Sistemas Participativos de Garantia (SPGs), que obedecem a princípios de confiança entre os agricultores, os técnicos e os consumidores que integram o processo. Todos tomam conta de todos e se visitam, para garantir a qualidade da produção orgânica. O Sistema é formado pela reunião de produtores e outras pessoas interessadas em organizar a sua estrutura básica.

As experiências e as práticas agroecológicas dessas famílias, alinhadas com o Núcleo Missões da Rede Ecovida, estão embasadas no Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e organizadas de forma a permitir a comercialização diferenciada com a apresentação do Certificado de Conformidade Orgânica. Esta oportunidade traz aos jovens um novo olhar sobre as práticas de produção de alimentos que favorecem a preservação do meio ambiente e da saúde. Os atores envolvidos, quer sejam agricultores, consumidores ou técnicos constroem os conhecimentos coletivamente, partilham saberes e experiências, promovem a valorização do espaço rural, a valorização do meio ambiente e tem uma preocupação constante em fazer sempre o melhor dentro de um cenário onde o mais importante são as pessoas e suas relações com o ambiente onde vivem.

Por outro lado, os agricultores têm a possibilidade de obter um preço diferenciado na oferta de produtos se os mesmos estiverem reconhecidos através da Certificação Orgânica, em um contexto em que o potencial de consumo de produtos orgânicos é crescente.

Vale salientar que as famílias rurais inseridas neste processo optam pela produção de alimentos de forma agroecológica, com controle de pragas e doenças de forma ecológica para obtenção de alimentos sadios, saudáveis e isentos de produtos químicos, para que chegue até sua própria mesa e aos consumidores um produto de excelente qualidade, com diferencial para a comercialização. A opção em produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos e sem utilização de adubação química permite que os jovens que estão assumindo esse tipo de cultivo obtenham melhorias em termos de saúde, em convívio harmônico e equillibrado com a natureza e também melhoria na qualidade de vida. Para os pais é a garantia da sucessão, para os jovens é a aposta em um futuro promissor.

Através desta proposta alternativa, as entidades envolvidas no processo buscam mostrar às famílias rurais a importância de cultivar os alimentos de forma agroecológica e/ou orgânica, efetuando cultivos com suas próprias sementes, trocas de mudas entre seus pares, valorização do saber e das culturas locais que acabam sendo esquecidos ou substituídos pelas facilidades oferecidas. Dessa forma é possível resgatar e preservar a biodiversidade local, incentivando a sustentabilidade e ao mesmo tempo diminuindo a dependência de insumos externos. A manutenção da biodiversidade local é estratégica para a independência da agricultura familiar frente às grandes corporações multinacionais, atuais detentoras dos recursos genéticos. Através da produção de alimentos orgânicos pelos jovens que estão assumindo seu papel na propriedade será possível manter e ampliar os cultivos proporcionando a melhoria na qualidade de vida dos consumidores e dos produtores.

A comunidade local e regional é beneficiada por ter oportunidade de optar por alimentos orgânicos de base agroeocológica onde os agricultores e seus filhos, beneficiários do processo de certificação, estão organizados para comercializar através de feiras locais, da central cooperativa e da entrega direta de produtos a um grupo de 50 consumidores através da Cooperativa Central da Agricultura Familiar Ltda -

UNICOOPER, com sede em Santa Rosa. Também esses agricultores estão inseridos na venda de alimentos para os programas institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Esta experiência perpassa as dimensões da agroecologia e pode servir de exemplo para jovens que buscam novas perspectivas e motivação para a continuidade da atividade na agricultura. Existe a convicção de que todos os agricultores e consumidores contemplados por este tipo de produção, seguirão dando a sua contribuição para o crescimento da Agroecologia e terão o apoio das instituições empenhadas na continuidade e no avanço das propostas das ações desenvolvidas.

5. De que maneira se pode comprovar o que afirma nas respostas anteriores?

As 30 famílias de agricultores e duas Agroindústrias de processamento de cana-de-açúcar que se dedicam à produção de base agroecológica e orgânica, certificadas no ano de 2014 através da Rede Ecovida de Agroecologia e Certificação - Núcleo Missões possuem seu Cadastro Registrado junto Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil, e isso as qualifica para a comercialização com esse diferencial. Os trabalhos de acompanhamento pelos técnicos tiveram sequência e, no ano de 2015, foram incluídas mais famílias da Agricultura Familiar com Certificação Orgânica. Até o momento são 38 famílias com Certificação de Conformidade Orgânica e três agroindústrias, sendo que existem outras 70 famílias que estão em processo de conversão/transição. Com a inserção de mais famílias neste processo há a possibilidade de um maior número de jovens serem atraídos na atividade proporcionando a continuidade na produção de alimentos “limpos” e a sucessão familiar.

A comercialização e a visibilidade da existência de alimentos orgânicos disponíveis para venda pode ser comprovada através dos três agricultores certificados e identificados na Feira do Produtor que acontece em três dias da semana, no Mercado Público de Santa Rosa; comercialização no Brique da Praça aos domingos; através de sites (link nos anexos); inserção de percentual de alimentos orgânicos nos programas institucionais PAA e PNAE; instalação de gôndolas específicas para comercialização de produtos orgânicos no ponto de vendas da Central de Cooperativas e comercialização direta de produtos orgânicos a um grupo de 50 consumidores com periodicidade quinzenal.

Os agricultores afirmam que as vendas, a partir da assistência técnica oferecida em momentos de capacitação coletiva e visitas individuais, aumentaram em torno de 30% e consequentemente a renda obtida na comercialização. No caso específico das três agroindústrias de transformação de cana-de-açúcar houve uma ampliação de mercado inclusive com vendas em outros municípios do estado, o que vem a satisfazer os produtores e proporcionar boas perspectivas futuras.

6. Por que considera que esta é uma experiência de boa prática?

Considera-se esta experiência uma boa prática porque está demonstrando que onde existe o incentivo, o envolvimento e a participação da família dentro de um processo produtivo que é quase uma filosofia de vida, sonhos são possíveis de ser realizados. O fator social, onde o rural continua com a sucessão familiar, e o fator econômico, que é responsável também pela permanência dos jovens junto às Unidades de Produção fazem com que o futuro seja promissor. Esta é uma boa prática porque os jovens que moram

no ambiente rural sentem-se integrantes de um processo que visa a sustentabilidade, a continuidade da vida e o cultivo com amor à terra. Estes fatores recebem um incremento com o processo de certificação que, para além de permitir a regulação e a emissão de um documento, revela um contexto maior de trabalho conjunto, solidário e comprometido.

Os documentos produzidos pelas reuniões e encontros dos grupos por outro lado, são garantias de transparência e todos os participantes desenvolvem suas ações com a responsabilidade do compromisso assumido tendo a agroecologia como princípio fundamental.

A integração entre a EMATER/RS e AREDE com todas as entidades que a compõem, juntamente com o quadro de apoiadores dinamiza e dá sustentação ao desenvolvimento da agricultura de base agroecológica. Um destaque especial constata-se na atuação sempre ativa e presente da assistência técnica prestada pela EMATER/RS, através do seu quadro de técnicos extensionistas que atuam diretamente no setor produtivo dos municípios onde estão inseridos.

7. Lições aprendidas

O aprendizado que ocorre através do processo de Certificação de Conformidade Orgânica é feito coletivamente e as responsabilidades estão dividida entre todos os participantes. Os procedimentos e as dinâmicas são descentralizadas e decididos em assembleia, respeitando as características locais e regionais. Fazer parte deste grupo de pessoas que reflete sobre a melhor qualidade de vida, produção de alimentos sem o uso de agroquímicos, que pensa na sustentabilidade da propriedade rural é um constante desafio.

Uma das grandes lições aprendidas pelos participantes ativos deste processo é que a responsabilidade em produzir alimentos de qualidade leva em consideração os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. A convivência de forma grupal exige disciplina e respeito mútuo entre os pares, em muitos momentos as dificuldades e diferenças devem ser superadas em função de um objetivo maior que é o de alcançar a Certificação de Conformidade Orgânica e consequentemente proporcionar alimentos saudáveis para seu próprio consumo e para os consumidores.

Transcreve-se, a seguir, alguns depoimentos dos atores envolvidos, que refletem a importância dos mesmos na visão de cada um deles.

Depoimento 1:

Ezequiel Sauressig, 23 anos, filho de Egidio e Eleine Sauressig, Município de Dezesseis de Novembro/RS. Esteve de 2010 a 2014 no Exército Brasileiro e retornou à propriedade para dar continuidade aos trabalhos da Agroindústria de Processamento de Cana-de-Açúcar de propriedade de sua família.

“ Não gostei de viver na cidade. O que me motivou a voltar é a qualidade de vida que tenho aqui no interior. Estou fazendo uma coisa que eu gosto e aqui eu tenho liberdade.

Minha perspectiva de vida é estudar para trazer mais conhecimentos e continuar o trabalho de meus pais na agroindústria de melado. Pretendo ficar na propriedade para trabalhar com os orgânicos e vou poder contribuir com a qualidade de vida. A qualidade de vida muda muito.”

Depoimento 2:

Ramão Santo Cerri, 56 anos e Dalva Marisa Cerri, 48 anos, pais de Fernando (31 anos), Guilherme (21 anos) e Valéria (28 anos) agricultores familiares, possuem 10,5 há onde cultivam cana-de-açúcar de forma orgânica e transformam a produção na Agroindústria Doce Engenho, localizada no interior do municpío de Porto Xavier/RS.

“No ano de 2014 produzimos em torno de 25 toneladas de açúcar mascavo e essa produção foi para os municípios de Porto Xavier, Pelotas, Santo Cristo e Santa Rosa. Com esse avanço na produção tivemos a importante notícia que nosso filho, que estava há oito anos residindo na região Metropolitana, voltaria para casa para ajudar nos trabalhos (ano 2015). Agora ( neste ano de 2016), estamos esperando a volta da Valéria, que está trabalhando fora há um ano, pois houve um incremento de 30% nas vendas e precisamos da mão-de-obra. Eu vejo que o futuro será bom para nossos filhos e com as vendas aumentando, aumentará a renda também. Teremos o suficiente para todos viver bem.”

Depoimento 3

Ademir Amaral – Coordenador da AREDE

"Não creio ser possível descrever todas a ações que contribuem para a volta dos jovens ligados a Rede Ecovida, ao meio rural e a produção de alimentos. Creio que tem sempre uma vontade de plantar, preparar a terra, semear, cuidar colher, organizar. No entanto a volta é muito mais carregada de experiências de outros espaços, tem uma vontade de se capacitar-se, saber que tem a tarefa de viabilizar-se através da produção de alimento, portanto troca conhecimento, realiza intercâmbio de experiências. Muitos jovens vivenciam trabalhando na cidade a compra de alimentos e esta experiência se torna muito importante quando ele retorna, pois percebe que tem muito espaço para comercialização de sua produção. Temos percebido que esses jovens contribuem para organizar uma feira, participar de uma reunião do seu grupo, do Núcleo ou da Rede. Eles também participam para trocar sementes, receitas ou materiais. Definitivamente não há como descrever todas as atividades e inter-relações que se estabelecem para nos referimos sobre a volta dos jovens para as unidade de produção. Acreditamos sim, que é uma soma de grandes elementos que contribuem para esta volta. Portanto, cada dia estamos revigorando a produção de alimento de forma saudável, assim o meio rural fica mais produtivo, mais bonito e com gente.”

8 Anexos

ANEXO I

Associação Riograndense de Empreendimenteos de Assistência Técnica e Extensão Rural -EMATER/RS-ASCAR

O calendário do setor produtivo do Rio Grande do Sul marca no dia 2 de junho a

fundação da ASCAR, que desde 1955 está presente no cotidiano dos agricultores

familiares. A Instituição se tornou a representante natural do serviço oficial de extensão

rural do Estado, e fincou no solo gaúcho uma trajetória construída pela tenacidade e

dedicação de profissionais que colocaram em ação, ininterruptamente, a melhor e mais

atuante das políticas públicas do Governo do Estado. Hoje, a agricultura familiar gaúcha

é modelo no país graças ao trabalho desenvolvido pela Emater/RS-ASCAR.

Tem como Missão: “Promover o Desenvolvimento Rural Sustentável por meio de ações

de assistência técnica e extensão rural, mediante processos educativos e participativos,

visando o fortalecimento da agricultura familiar e suas organizações e criando

condições para o pleno exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da

população gaúcha”.

Disponível em:

http://www.emater.tche.br/site/a-emater/apresentacao.php#.VvLo1earFG4

ANEXO II

Associação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa -AREDE

A AREDE é uma organização não-governamental (ONG), está sediada na cidade de

Santa Rosa, na região Fronteira Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, é uma

associação civil, sem fins lucrativos, de direito privado, integrada por entidades. Foi

fundada no dia 22 de maio de 2001 e conta com treze entidades sócias conforme relação

abaixo. As entidades constituem a direção da organização, definem os rumos, as ações,

programas e projetos bem como colaboram na sustentação política, administrativa,

pedagógica e financeira da Associação. Entidades que compõem a AREDE:

1. Cooperativas

Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento da Fronteira Noroeste Ltda

Cooperativa dos Produtores de Cana Porto Xavier Ltda

Cooperativa dos Agricultores de Santo Cristo Ltda

Cooperativa dos Agricultores de Alecrim Ltda

Cooperativa Mista Agropecuária e Economia Solidária Ltda

Cooperativa Canavieira Santa Teresa

Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária de Santo Cristo

2. Igrejas

Igreja Católica – Diocese de Santo Ângelo

Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – Sínodo Noroeste

3. Sindicatos

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Cristo

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três de Maio

10º Núcleo CPERS Sindicato de Santa Rosa

Sindicato dos Empregados em Cooperativas de Produção Agrícola da Grande Santa Rosa

4. Apoiadores/Parceiros

Associação Riograndense de Empreendimenteos de Assistência Técnica e Extensão Rural -EMATER/RS

Sociedade Educacional Três de Maio -SETREM

Núcleo de Extensão e Desenvolvimento Territorial do Instituto Federal Farroupilha - Campus de Santa Rosa

Rede de Cooperativas, Associações e Agroindústrias Familiares do Território Missões - REMAF

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Clima Temperado

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA Mandioca e Fruticultura

ANEXO III

Fotos

Foto 1 – Entrega do Certificado de Conformidade Orgânica para 30 famílias. Dez/14

Foto 2 – Encontro com os consumidores, etapa de comercialização. Jun/15

Foto 3 – Conhecendo experiências em propriedade agroecológica. Set/15

Foto 4 – Conhecendo experiências em propriedade agroecológica. Set/15

Foto 5 – Visita de pares para avaliação da certificação de conformidade orgânica. Nov/15

Foto 6 – Agricultoras em momento de troca de sementes. Dez/15

Foto 7 – Agricultores familiares felizes com a participação do filho nos processos de cultivo da propriedade. Jan/16

Foto 8 – Proprietários da agroindústria de processamento de cana-de-açúcar juntamente com o filho e a neta que estão auxiliando na produção. Fev/16

Foto 9 – Agricultura comercializando no Mercado Público de Santa Rosa/RS exibindo o banner de identificação e o Certificado de Conformidade Orgânica. Mar/16

ANEXO IV

Endereços para contatos

1. Escritório Regional da EMATER/RS-ASCAR

Rua Guaporé,1378

Santa Rosa-RS

CEP - 98.900-000

Telefone: (55) 3512 6665

Unidade de Cooperativismo: Marita Claudete Minetto

e-mail: [email protected]

Assistente Técnico Regional: Gilmar Francisco Vione

e-mail: [email protected]

Assessoria de Imprensa: Deise Anelise Froelich

e-mail: [email protected]

2. Associação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa (AREDE)

Avenida América, 785

Santa Rosa -RS

CEP 98900-000

Telefone: (55) 3511-3754

Coordenador: Ademir do Amaral

e-mail: [email protected]

ANEXO V

Site de divulgação e comercialização “Sítio Margarida” que está em processo de Certificação

Disponível em: http://www.sitiomargarida.com.br/

ANEXO VI - Amostra de Notícias Divulgadas sobre o trabalho realizado

Produtores do Noroeste recebem certificado de produção orgânica – 18/12/2014. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=20601#.VvLyhuarFG4

Produtores de Porto Xavier investem na produção e certificação orgânica – 07/01/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=20635#.VvLwy-arFG4 Produtores de Cândido Godói recebem reconhecimento pela produção orgânica de alimentos – 09/01/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=20642#.VvLwGOarFG4

Produção orgânica é estimulada com certificação no Noroeste gaúcho – 22/01/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=20691#.VvLvKOarFG4 Comercialização de produtos orgânicos no Brique da Praça em Santa Rosa será neste domingo – 09/04/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=21210#.VvL7d-arFG4 Consumidores e agricultores firmam parceria para fornecimento de produtos orgânicos em Santo Ângelo – 19/06/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=21847#.VvL6DOarFG4 Cerro Largo terá grupo oficial de produtores orgânicos – 08/07/2015. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=22004#.VvL8B-arFG4 Comercialização é tema de encontro de produtores orgânicos em Porto Vera Cruz – 22/03/2016. Notícia disponível em: http://www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=23833#.VvLxXuarFG4