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AÇÕES AMBIENTAIS QUE VISAM À REVITALIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA LAGOA DA PAMPULHA Andréa Aparecida Batista 1 RESUMO O presente trabalho aborda os principais problemas ambientais da Lagoa da Pampulha, apresentando as ações mais significativas implementadas pelas Prefeituras municipais de Belo Horizonte e Contagem, pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), além de entidades civis. Esta pesquisa mostra que a COPASA tem implementado diversas ações e obras na bacia hidrográfica da Pampulha. A Estação de tratamento de águas fluviais (ETAF), operada por essa Empresa, trata os esgotos que ainda são lançados nos Córregos Sarandi e Ressaca, contribuintes à Lagoa, com uma eficiência média de 85% na remoção da carga orgânica e de sólidos em suspensão. A inauguração da Estação Elevatória Pampulha em 2012 permitiu o aumento do atendimento de vários bairros da região. Outras três elevatórias estão previstas de ser entregues até o final de 2013. Além disso, a redução dos impactos da fonte de poluição pontual, por meio do aumento dos índices de coleta e interceptação, tanto dos esgotos domésticos, quanto dos efluentes industriais já demonstra bons resultados. As Prefeituras Municipais de Belo Horizonte (PBH) e de Contagem, tem executado também diversas obras e planos de interesse comum e de forma integrada, considerando que há uma área representativa desses municípios que estão inseridas da Bacia hidrográfica da Pampulha. Como exemplo dessas iniciativas cita- se a implantação do Parque Ecológico da Pampulha, urbanização de Vilas e favelas, a criação do Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da Pampulha (PROPAM), dentre outros. O PROPAM coordena diversas atividades que buscam a recuperação da bacia hidrográfica da Pampulha e a PBH vai realizar as obras de desassoreamento e tratamento da água da lagoa em 2013, com duração prevista para dez meses. Mediante esse trabalho pôde-se observar inúmeras atividades realizadas, porém verifica-se que, além da necessidade de concluir os projetos em andamento, compreende-se como fundamental se associar, aos empreendimentos executados e 1 Graduada em Engenharia Civil pela Faculdade Kennedy.

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AÇÕES AMBIENTAIS QUE VISAM À REVITALIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA

LAGOA DA PAMPULHA

Andréa Aparecida Batista1

RESUMO

O presente trabalho aborda os principais problemas ambientais da Lagoa da

Pampulha, apresentando as ações mais significativas implementadas pelas

Prefeituras municipais de Belo Horizonte e Contagem, pela Companhia de

Saneamento de Minas Gerais (COPASA), além de entidades civis.

Esta pesquisa mostra que a COPASA tem implementado diversas ações e obras na

bacia hidrográfica da Pampulha. A Estação de tratamento de águas fluviais (ETAF),

operada por essa Empresa, trata os esgotos que ainda são lançados nos Córregos

Sarandi e Ressaca, contribuintes à Lagoa, com uma eficiência média de 85% na

remoção da carga orgânica e de sólidos em suspensão. A inauguração da Estação

Elevatória Pampulha em 2012 permitiu o aumento do atendimento de vários bairros

da região. Outras três elevatórias estão previstas de ser entregues até o final de

2013. Além disso, a redução dos impactos da fonte de poluição pontual, por meio do

aumento dos índices de coleta e interceptação, tanto dos esgotos domésticos,

quanto dos efluentes industriais já demonstra bons resultados.

As Prefeituras Municipais de Belo Horizonte (PBH) e de Contagem, tem executado

também diversas obras e planos de interesse comum e de forma integrada,

considerando que há uma área representativa desses municípios que estão

inseridas da Bacia hidrográfica da Pampulha. Como exemplo dessas iniciativas cita-

se a implantação do Parque Ecológico da Pampulha, urbanização de Vilas e favelas,

a criação do Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da

Pampulha (PROPAM), dentre outros. O PROPAM coordena diversas atividades que

buscam a recuperação da bacia hidrográfica da Pampulha e a PBH vai realizar as

obras de desassoreamento e tratamento da água da lagoa em 2013, com duração

prevista para dez meses.

Mediante esse trabalho pôde-se observar inúmeras atividades realizadas, porém

verifica-se que, além da necessidade de concluir os projetos em andamento,

compreende-se como fundamental se associar, aos empreendimentos executados e

1 Graduada em Engenharia Civil pela Faculdade Kennedy.

previstos, ações de sustentabilidade para cumprimento das metas previstas e

resultados a curto, médio e longo prazo.

Os estudos sobre o tema deixam claro que será preciso, além da conclusão das

obras de infraestrutura e saneamento propostas e outras eventualmente necessárias

de serem incorporadas no futuro, se consolidar o Plano de ação único, continuado e

cujas diretrizes e compromissos perpassem os próximos governos. Dentre essas

diretrizes, incluem-se projetos de educação ambiental e mobilização social

permanentes, com o objetivo de disseminação, engajamento, conscientização e

cooperação de toda a população da região metropolitana de Belo Horizonte, visando

a total recuperação da Lagoa da Pampulha, tão almejada por toda sua população.

Palavras-chave: Ações ambientais. Lagoa da Pampulha. Preservação.

Revitalização.

ENVIRONMENTAL ACTIONS AIMED THE REVIVAL AND PRESERVATION OF

LAGOA DA PAMPULHA

ABSTRACT

The presente work talks about the mainly enviromenmtal problems of Pampulha`s

Lake, introducing the more significant actios implemented by Belo Horizonte an

Contagem´s City Halls, Santation Company of Minas Gerais (COPASA) and civil

organizations.

This research shows that COPASA has implemented several actions and deeds in

the watershed Pampulha. Station treating river water (ETAF), operated by this

company, which still treats sewage are released in streams and Sarandi Hangover

taxpayers to Lagoa, with an average efficiency of 85% in removal of organic matter

and suspended solids . The inauguration of the Pumping Station Pampulha in 2012

allowed the increase in assistance from various districts of the region. Three other

lifts are planned to be delivered by the end of 2013. Moreover, the reduction of the

impact point of the source of pollution, through increased rates of collection and

trapping, both domestic sewage, industrial effluents as already demonstrated good

results.

The Municipalities of Belo Horizonte (PBH) and Count has also performed several

works and plans of common interest and in an integrated way, considering that there

are representative of those municipalities that are inserted from the catchment

Pampulha. As an example of these initiatives is cited deploying Ecological Park of

Pampulha, urbanization of villages and slums, creating the Recovery Program and

Environmental Development Pampulha Basin (PROPAM), among others. The

PROPAM coordinates various activities that seek recovery of the watershed

Pampulha and PBH will perform the works of dredging and water treatment pond in

2013, lasting scheduled for ten months.

Through this work we observed numerous activities, but it turns out that, besides the

need to complete projects in progress, it is understood as fundamental to associate,

to projects implemented and planned actions for sustainable achievement of the

targets set and results in the short, medium and long term.

Studies on the subject make it clear that you will need, in addition to the completion

of the infrastructure works and sanitation and other proposals that may be necessary

to be incorporated in the future to consolidate the single plan of action, and whose

continued guidance and commitments pervade future governments. Among these

guidelines, include environmental education projects and social mobilization

permanent, with the objective of dissemination, engagement, awareness and

cooperation of the entire population of the metropolitan area of Belo Horizonte, aimed

at full recovery from the Pampulha Lagoon, as desired by its entire population.

Keywords: Environmental actions. Revival. Preservation. Lagoa da Pampulha.

1 INTRODUÇÃO

A inauguração do reservatório da Pampulha ocorreu em 1943, através do

represamento do ribeirão Pampulha e foi realizada pelo, então, prefeito da cidade de

Belo Horizonte, Minas Gerais, Juscelino Kubitschek. Sua principal função seria

amortecer enchentes e contribuir para o abastecimento da capital.

Para compor o entorno da lagoa que se formou no local, o arquiteto Oscar

Niemeyer projetou um conjunto arquitetônico que se tornou referência e influenciou

toda a arquitetura moderna brasileira. A lagoa foi a parte mais importante do projeto,

e se tornou o mais antigo e tradicional lago dentre os integrantes das bacias do Rio

das Velhas e São Francisco.

Na sua inauguração, segundo dados da prefeitura Municipal de Belo

Horizonte(PBH), a lagoa possuía capacidade de acumulação de 18 milhões de

metros cúbicos. Após um rompimento do vertedor, ocorrido em 1954, a lagoa sofreu

grande redução na sua capacidade de acumulação, caiu para 13 milhões de metros

cúbicos.

Esse local de extrema importância para a cidade de Belo Horizonte

começou a sofrer com a degradação a partir do início dos anos 50, devido ao

processo de ocupação desordenada das regiões vizinhas às margens dos córregos

e rios que compõem a sua bacia hidrográfica, do recebimento de esgoto do Centro

Industrial de Contagem, das áreas de bota-fora clandestinas e dos loteamentos

residenciais, que geram uma grande movimentação de terra que acaba sendo

levada para a represa, além da poluição por esgotos domésticos. Também

conhecida por Lagoa da Pampulha, o reservatório tinha como finalidade principal o

abastecimento de água para a população belo-horizontina. No entanto, com toda a

situação existente e suas implicações, na região da bacia hidrográfica da represa fez

com que a Lagoa da Pampulha sofresse, desde a década de 70, um forte processo

de eutrofização e assoreamento, florações de Cyanobacteria e crescimento de

macrófitas aquáticas (COELHO, 1998).

A partir da década de 80, após seguidas florações de Cyanobacteria

(GIANI, 1998), a Lagoa da Pampulha perdeu a função de abastecimento público,

permaneceu como um importante atrativo turístico e amortizador de cheias

(COELHO, 1992).

Ao ter em vista a situação do reservatório, os órgãos gestores da Lagoa

da Pampulha realizaram três grandes obras de dragagem entre os anos 1979 e

1996, retiraram dela um volume de aproximadamente 4,6 x106 m3 de sedimentos.

Entretanto, em 1999, o volume medido no reservatório indicava pouco mais de 8,5 x

106 m3 de água na represa (CDTN, 2000), valor consideravelmente aquém dos 18 x

106 m3,, aproximadamente, de água nela presentes na década de 50.

Segundo informações obtidas em visita técnica ao Parque Ecológico da

Pampulha, o montante de sedimentos dragados da Lagoa foi remanejado no próprio

reservatório, e o resultado desse processo foi o ganho de uma área de terra às

custas da perda definitiva de área de espelho d’água. O sedimento remanejado

originou uma ilha, sobre a qual foi inaugurado, em 2004, o Parque Ecológico

Promotor Francisco Lins do Rego.

Entre os anos de 2000 e 2006, novas obras de dragagem foram

realizadas no reservatório, totalizaram uma retirada de aproximadamente 1,8 x 106

m3 de sedimentos e vegetação flutuante (Superintendência de Desenvolvimento da

Capital, 2013).

Ao longo desse período, foram e estão sendo realizadas intervenções que

visam minimizar ou resolver os problemas apresentados pela lagoa. Essas ações

precisam buscar soluções que possam garantir a recuperação e preservação

permanente do local envolvendo o governo de Minas Gerais, as prefeituras

municipais de Belo Horizonte e Contagem, a COPASA, entidades não

governamentais, órgãos ambientais e a sociedade civil, pois a Lagoa da Pampulha é

um patrimônio importante para toda a comunidade.

2 JUSTIFICATIVA

A Bacia Hidrográfica da Lagoa da Pampulha está localizada nos

municípios de Belo Horizonte e Contagem e possui uma área de 9.450 ha. A represa

da Pampulha é a mais antiga e tradicional lagoa da região metropolitana de Belo

Horizonte. Possui grande importância por pertencer ao famoso conjunto

arquitetônico, que é um marco significativo para arquitetura brasileira, além de fazer

parte de um patrimônio ambiental, cultural e de lazer para todos.

Nas últimas décadas, o fenômeno de assoreamento da lagoa e da

eutrofização de suas águas acelerou-se tanto, que, nos dias atuais, apresenta

metade do seu volume inicial. A qualidade da água é ruim devido ao esgoto

doméstico e industrial que recebe.

Devido a diversos fatores que contribuem para a atual situação ambiental

da Bacia da Pampulha, a Prefeitura de Belo Horizonte tem realizado diversas

atividades como a dragagem parcial; retirada de aguapés; educação ambiental;

monitoramento da qualidade das águas, dentre outros. A COPASA também tem

implantado ações e obras que visam a melhoria das condições sanitárias da Lagoa

da Pampulha.

Este trabalho buscará aprofundar os estudos sobre o teor destas

intervenções e apresentar seus resultados mais significativos, visará reunir e

disseminar informações sobre a situação atual da lagoa, ações realizadas, medidas

mitigadoras e previsão de implantação de novos projetos, além de investigar a

existência de sugestões de soluções que possam ser usadas na sua recuperação.

Pretende-se que esta pesquisa contribua para fomentar a reflexão sobre

os projetos futuros e forneça dados que sirvam de subsídios para novas ações e

discussões a respeito das perspectivas reais de conservação e revitalização

ambiental da Lagoa da Pampulha, cartão postal da cidade.

3 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é abordar os principais problemas ambientais da

Lagoa da Pampulha, apresentar as ações mais significativas e os principais

resultados obtidos com as políticas de recuperação da atualidade, visa aprofundar

os estudos sobre estas ações, reunir e disseminar dados relevantes sobre a

recuperação da Lagoa da Pampulha, além de buscar informações sobre projetos

futuros ou em andamento para discussão e reflexão dos caminhos que precisam ser

seguidos até a conquista da efetiva preservação e revitalização ambiental da Lagoa

da Pampulha.

4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar os principais parâmetros da Qualidade da água;

• Expor um breve histórico da Lagoa da Pampulha e identificar a sua bacia

hidrográfica;

• Apontar as características topográficas da região onde está localizada a

lagoa;

• Expor os principais parâmetros de qualidade da água e apresentar a situação

da poluição da Lagoa da Pampulha na ;

• Fazer um levantamento dos tipos esgotos que a lagoa recebe e verificar o

grau de depuração da estação de tratamento em operação na região;

• Pesquisar sobre os projetos em desenvolvimentos pela prefeitura de Belo

Horizonte e COPASA;

• Levantar informações sobre projetos e investimentos futuros;

• Investigar a existência de sugestões de propostas que possam ser utilizadas

nas políticas de recuperação da Lagoa da Pampulha.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 A Água Doce

A água doce constitui um recurso natural fundamental para a

sobrevivência humana e o desenvolvimento econômico industrial e agrícola, além de

ser vital para a manutenção dos ecossistemas naturais (REBOUÇAS, 2002).

Para efeito de estudo consideram-se as águas que estão presentes nos

domínios terrestres, continentes e ilhas como “águas interiores”; logo incluem-se

neste grupo as águas dos rios, lagos, represas e aquíferos subterrâneos

(REBOUÇAS, 2002). Ferreira e Brito (2009) ressaltam ainda que as águas interiores

superficiais são as principais fontes deste recurso para as mais variadas demandas;

como por exemplo a irrigação, o abastecimento às populações humanas, a geração

de energia elétrica, a aquicultura, turismo e lazer.

Em decorrência do fato da água se valer para o atendimento de usos

variados sua qualidade precisa ser compatível mesmo com os usos mais exigentes,

como o abastecimento humano. Entretanto, a compatibilidade entre a qualidade real

da água e a qualidade demandada pelos usos pode não ocorrer, uma vez que ela é

função das condições do uso/ocupação do solo das bacias hidrográficas (VON

SPERLING, 2006).

5.2 Os parâmetros de qualidade de água

A NBR 9896/1993, define qualidade da água como o resultado de

características físicas, químicas, biológicas e organolépticas de uma água,

relacionado com o seu uso para um fim específico (ABNT, 1993).

Segundo Von Sperling (1996), a qualidade da água é resultante de

fenômenos naturais e da atuação do homem. De maneira geral, pode-se dizer que a

qualidade de uma determinada água é função do uso e da ocupação do solo na

bacia hidrográfica. Tal fato se deve aos seguintes fatores:

• Condições Naturais: mesmo com a bacia hidrográfica preservada nas

suas condições naturais, a qualidade das águas subterrâneas é afetada pelo

escoamento superficial e pela infiltração no solo, resultante da precipitação

atmosférica. O impacto nas mesmas é dependente do contato da água em

escoamento ou infiltração com as partículas, substâncias e impurezas no solo.

Assim, a incorporação de sólidos em suspensão (exemplo: partículas do solo) ou

dissolvidos (exemplo: íons oriundos da dissolução de rochas) ocorre, mesmo na

condição em que a bacia hidrográfica esteja totalmente preservada em suas

condições naturais (exemplo: ocupação do solo com matas e florestas). Nesse caso,

apresentam grandes influências a cobertura e a composição do solo;

• Interferência do homem: a interferência do homem, quer de uma forma

concentrada, como na geração de despejos domésticos ou industriais, quer de uma

forma dispersa, como na aplicação de defensivos agrícolas no solo, contribui na

introdução de compostos na água, afeta a sua qualidade. Portanto, a forma em que

o homem usa e ocupa o solo tem implicação direta na qualidade da água.

A qualidade da água pode ser representada através de diversos

parâmetros, que indicam as suas principais características físicas, químicas e

biológicas. Alguns desses parâmetros serão abordados adiante.

5.2.1 Parâmetros Físicos

a) Temperatura

A temperatura da água representa um parâmetro significativo no estudo

de qualidade de água. Elevações da temperatura aumentam a taxa das reações

químicas e biológicas, diminuem a solubilidade dos gases (exemplo: o Oxigênio

Dissolvido), aumentam a taxa de transferência dos gases (VON SPERLING, 1996).

A remoção da cobertura vegetal aumenta a entrada de radiação e pode

promover aumento de temperatura em rios e lagos.

b) Turbidez

Representa o grau de interferência com a passagem da luz através da

água, confere uma aparência turva à mesma. Os sólidos em suspensão são os

constituintes predominantes em sua formação. Em corpos d’água, pode prejudicar a

fotossíntese (VON SPERLING, 1996).

c) Sólidos

Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que

permanece como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a

uma temperatura pré-estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas gerais, as

operações de secagem, calcinação e filtração são as que definem as diversas

frações de sólidos presentes na água (sólidos totais, em suspensão, dissolvidos,

fixos e voláteis). Os métodos empregados para a determinação de sólidos são

gravimétricos, utiliza-se balança analítica ou de precisão (CETESB, 2008).

5.2.2 Parâmetros Químicos

a) pH – Potencial Hidrogeniônico

O pH representa a concentração de íons hidrogênio H+ (em escala

antilogarítmica), dá uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou

alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 a 14. No meio natural, está associado à

dissolução de rochas, à absorção de gases da atmosfera, à oxidação da matéria

orgânica e à fotossíntese. Pode também estar associado a efluentes domésticos e

industriais (VON SPERLING, 1996).

b) Oxigênio Dissolvido (OD) e Demanda Bioquímica de Oxigênio

(DBO)

Utiliza-se normalmente métodos indiretos para a quantificação da matéria

orgânica, ou do seu potencial poluidor. A DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)

retrata, de uma forma indireta, o teor de matéria orgânica nos esgotos ou no corpo

d’água, é, portanto, uma indicação do potencial de consumo do oxigênio dissolvido

(VON SPERLING, 1996).

O Oxigênio Dissolvido (OD) é de essencial importância para os

organismos aeróbios. Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias

fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, pode vir a causar redução

na concentração no meio. Dependendo da magnitude deste fenômeno, podem vir a

morrer diversos seres aquáticos, inclusive os peixes (VON SPERLING, 1996).

c) Séries Nitrogenadas

Nas séries nitrogenadas, no meio aquático, o nitrogênio se encontra nas

seguintes formas: (a) nitrogênio molecular (N2), escapando para a atmosfera, (b)

nitrogênio orgânico (dissolvido e em suspensão), (c) amônia, (d) nitrito (NO2-) e (e)

nitrato (NO3-). O nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento de

algas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a

um crescimento exagerado desses organismos, processo denominado eutrofização

(VON SPERLING, 1996).

d) Compostos de Fósforo

O fósforo aparece nas águas dos rios devido principalmente às descargas

de esgotos sanitários. Os fosfatos orgânicos são a forma em que o fósforo compõe

moléculas orgânicas, como a de um detergente, por exemplo. De acordo com dados

do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios (LGAR), 2012, o fósforo é um

dos mais poderosos indicadores do processo de eutrofização.

5.2.3 Parâmetros Biológicos

a) Coliformes Fecais

Os indicadores de contaminação fecal incluem os coliformes fecais, grupo

de bactérias encontradas no trato intestinal humano e de animais de sangue quente.

Os coliformes fecais passaram a serem denominados coliformes termotolerantes,

recentemente, pelo fato de resistirem a elevadas temperaturas do teste para

coliformes fecais, não sendo necessariamente fecais. A bactéria Escherichia coli é a

principal pertencente a este grupo. Ela é a única que dá garantia de contaminação

exclusivamente fecal. (VON SPERLING, 2006).

5.3 Padrões de Qualidade da Água Superficial

A resolução do CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre

a classificação dos corpos de água e fornece diretrizes ambientais para o seu

enquadramento. Nessa resolução, define-se que as águas doces, salobras e salinas

do Território Nacional são classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus

usos preponderantes, em treze classes de qualidade.

Para as águas doces, tem-se quatro classes de qualidade que são citadas

a seguir:

I - Classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;

c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação

de proteção integral.

II - Classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento

simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se

desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;

e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

III - Classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento

convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e

mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,

campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto;

e) à aqüicultura e à atividade de pesca.

IV - Classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento

convencional ou avançado;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) à pesca amadora;

d) à recreação de contato secundário;

e) à dessedentação de animais.

V - Classe 4: águas que podem ser destinadas:

a) à navegação;

b) à harmonia paisagística.

6 A LAGOA DA PAMPULHA

6.1 Um breve Histórico da Lagoa da Pampulha

Segundo informações em site oficial da Prefeitura de Belo Horizonte, em

1936, na administração do prefeito Otacílio Negrão de Lima, iniciaram-se as obras

do represamento do ribeirão Pampulha, objetivando a construção de uma lagoa

artificial, cujo objetivo principal seria diminuir enchentes e contribuir para o

abastecimento da capital, além de proporcionar lazer para a população.

Sua inauguração ocorreu em 1943, recebeu o nome de Lagoa da

Pampulha. O prefeito da cidade, que, nesta época, era Juscelino Kubitschek,

construiu importantes obras para a região, a que chamou de complexo arquitetônico

da Pampulha (FIG 1). Tal projeto idealizou também a construção de um futuro

aeroporto que fosse capaz de interligar a capital mineira ao Rio de Janeiro e a São

Paulo, emergentes capitais do país, e um hotel, mas este não chegou a ser

construído.

Figura 1 − Represa da Pampulha 1948

Fonte: (www.Google.com.br).

Projetada em área rural, a represa foi estruturada para ser um

reservatório de abastecimento, agregava ainda a função hidrológica de amortecer as

ondas de cheias e reduzir a vazão de pico dos cerca de 40 cursos de água que

compõem a sua bacia hidrográfica, para evitar inundações à jusante. Em 1954,

ocorreu o rompimento do vertedouro da barragem, sua reconstrução foi iniciada no

mesmo ano e teve sua conclusão e reinauguração em 1958.

Devido a diversos problemas ambientais sofridos ao longo dos anos, a

Lagoa perdeu, nas últimas três décadas, parte considerável de sua capacidade de

retenção. A seguir, a figura 2 mostra a recente foto da vista aérea da Represa da

Pampulha.

Figura 2 − Vista aérea da Lagoa da Pampulha

Fonte: (www.google.com.br)

6.2 A bacia Hidrográfica da Lagoa da Pampulha

Em visita ao Centro de Educação Ambiental da Pampulha, foi possível

obter informações a respeito da Bacia hidrográfica da Pampulha. Essa compõe a

Bacia hidrográfica do Rio das Velhas, que, por sua vez, é parte da bacia hidrográfica

do rio São Francisco. A bacia de drenagem do reservatório está dividida entre os

municípios de Belo Horizonte (44,9%) e Contagem(55.1%). Sua fluviografia inclui 40

córregos, dos quais, 19 estão em Belo Horizonte e 21 no município de Contagem. O

ribeirão Pampulha, onde está construído o reservatório, possui oito tributários

diretos, com destaque para os afluentes Ressaca e Sarandi, que juntos respondem

por mais de 70% do aporte de água na Lagoa da Pampulha.

A bacia hidrográfica da Pampulha possui uma área de aproximadamente

97Km2, a área original do espelho d’água da represa era de 2,1Km2, com

acumulação de 11 milhões de m3 de água. Hoje, o volume acumulado pelo lago

central é de aproximadamente de 9 milhões de m3 e a área alagada está reduzida a

1,82Km2.

A Bacia da Pampulha é, na verdade, é uma sub-bacia hidrográfica

localizada dentro da Bacia hidrográfica do Onça. O córrego do Onça não alimenta a

Lagoa da Pampulha, visto que, as águas da Pampulha, depois que saem pelo

vertedouro, vão para o córrego do Onça. O mapa 1 mostra a Bacia hidrográfica da

Pampulha.

Figura 3 – Bacia hidrográfica da Pampulha

Fonte: (SUDECAP, 2012).

Nota: Os principais tributários da represa são: Mergulhão(A), Tijuco(B), Ressaca (C),

Sarandi(D), Água Suja(E), Barúnas(F), Córrego de AABB e microbacias do Córrego do Céu Azul

(G,H).

A tabela 1 mostra a hidrografia dos principais córregos tributários da

Bacia da Pampulha.

TABELA 1 – Principais córregos da Bacia da Pampulha

HIDROGRAFIA DA BACIA DA PAMPULHA

CÓRREGOS

TRIBUTÁRIOS

ÁREA DE

DRENAGEM

(km2)

VAZÃO

MÉDIA

(m3/s)

Período

chuvoso

CURSOS D’ÁGUA,

AFLUENTES

MUNICÍPIO

DE

INSERÇÃO

OBS.

Ressaca/Sarandi 61,52 1,6320

Córrego Tapera

Córrego João Gomes

Córrego da Av. das

Alterosas

Córrego da Av. Ghandi

Córrego do Cincão ou

Ribeirão do Cabral

Córrego Flor D’água

Contagem e

BH

O Córrego

Sarandi

nasce em

Contagem e

continua em

BH

CÓRREGOS ÁREA DE CURSOS D’ÁGUA, MUNICÍPIO OBS.

TRIBUTÁRIOS DRENAGEM

(km2)

VAZÃO

MÉDIA

(m3/s)

Período

chuvoso

AFLUENTES DE

INSERÇÃO

Mergulhão 3,40 0,0406 - BH

Tijuco 1,77 0,0293 - BH

Braúnas 1,90 0,0353 - BH

AABB 0,71 0,0045 - BH

Olhos d’água 2,91 0,0446 - BH

Fonte: (www.pbh.gov.br, abril 2013)

6.3 Características topográficas da região da Bacia hidrográfica da Pampulha.

O site oficial da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte informa que a

topografia da região onde se encontra a Bacia hidrográfica da Pampulha é pouco

acidentada e o relevo é semiplano, com a altitude da região variando entre 751 a

850 metros.

A área dessa apresenta duas porções de terra com características

diferentes, a primeira é a parte mais alta de onde ocorre a distribuição das águas

através de escoamento até os pontos de menores cotas (partes mais baixas da

superfície do terreno), a segunda porção de terra são os fundos de vales, onde

estão localizadas as zonas de aeração (parte do solo que está parcialmente

preenchida por água). Grande parte da área é formada por vales, que apresentam

alta vulnerabilidade e são sensíveis em relação às atividades urbanas.

6.4 A situação ambiental da atualidade

O reservatório da Pampulha vem apresentando diversos problemas

ambientais durante as últimas décadas. A degradação desse ambiente não está

relacionada somente à qualidade da água, mas sim a diversos outros fatores que

são prejudiciais à fauna, flora e a todos os cidadãos da cidade de Belo Horizonte. A

seguir serão abordados os principais problemas ambientais da represa da Pampulha

que são: assoreamento, eutrofização esgotos clandestinos, deposição inadequada

do lixo e ocupação desordenada.

6.4.1 Assoreamento

O Guia de Avaliação de Assoreamento de Reservatórios (AANEL, 2000),

aponta que a construção de uma barragem e a formação do seu reservatório

normalmente modificam as condições naturais do curso d’água. Em relação ao

aspecto sedimentológico, as barragens geram uma redução das velocidades da

corrente, provoca a deposição gradual dos sedimentos carreados pelo curso d’água,

ocasiona o assoreamento, diminuindo gradativamente a capacidade de

armazenamento do reservatório e pode vir a inviabilizar a operação do

aproveitamento, além de gerar problemas ambientais de diversas naturezas.

Na represa da Pampulha, segundo informações da COPASA(2013), a

partir de 1950, começou a ocorrer a ocupação desordenada da bacia de

contribuição, com a criação de diversos bairros novos, surgimento de loteamentos

clandestinos e de conjuntos habitacionais. Esse processo foi bastante ampliado e de

forma acelerada, com o início da rodovia BR-040 e da implantação da CEASA

(CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS S.A).

O assoreamento da represa se intensificou devido à redução da cobertura

vegetal, depósitos de bota-fora das mais diversas naturezas e a limpeza e

escavação de áreas para abertura de ruas e construções imobiliárias, ocupações às

margens dos rios, que proporcionaram condições favoráveis à erosão, o que

possibilitou o carreamento de materiais sólidos pelos córregos tributários.

O aporte do assoreamento na represa está estimado hoje em mais de 380

mil toneladas por ano, isso significa mais de 1 mil tonelada por dia, ou seja, 86

viagens diárias de caminhões de 12 toneladas durante os 365 dias do ano, o que faz

com que a quantidade acumulada possa constituir-se em uma grande ameaça para

o lago (SUDECAP, 2012).

Segundo Bezerra-Neto e Pinto-Coelho (2010), a represa perdeu pelo

menos 20% do seu volume nos últimos trinta anos. Através da carta batimétrica2 da

Lagoa da Pampulha mostrada (FIG.1), verifica-se a existência de duas regiões

distintas com diferentes profundidades e se pode perceber que o assoreamento

compromete de forma direta a parte mais rasa da lagoa.

2 Carta batimétrica - apresenta a medição das profundidades de mares, rios e lagos.

Figura 4 − Carta batimétrica do Reservatório da Pampulha

Fonte: (Bezerra-Neto e Pinto-Coelho, 2010).

Nota: Medição realizada a partir de profundidades em agosto de 2010.

6.4.2 Eutrofização

A eutrofização é um processo normalmente de origem antrópica

(provocado pelo homem) ou raramente de ordem natural. Quando se fala em

eutrofização, Braga (2005, p.38) explica que: “a eutrofização é o crescimento

excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, a níveis tais

que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis

do corpo d’água”.

A eutrofização ocorre, na maioria das vezes, em corpos d`água lênticos

como represas e lagos. Em águas lóticas, como em rios, o processo é mais difícil de

ocorrer, pois, devido ao processo de autodepuração, as chances de crescimento de

algas e acúmulo de poluentes são menos favoráveis. (SPERLING, 2005).

Durante esse processo, a quantidade excessiva de minerais (fosfato e

nitrato) provoca a multiplicação de micro-organismos (as algas) que habitam a

superfície da água, formam uma camada densa, impedem a penetração da

luminosidade. Esse fato implica na redução da taxa fotossintética nas camadas

inferiores, ocasionam o déficit de oxigênio suficiente para atender a demanda

respiratória dos organismos aeróbios (os peixes e mamíferos aquáticos), que, em

virtude das condições de baixo suprimento, não conseguem sobreviver e aumentam

ainda mais o teor de matéria orgânica no meio. Em consequência, o número de

agentes decompositores também se eleva a concentração das bactérias anaeróbias

facultativas, bactérias que usam o oxigênio para obter a energia, mas podem crescer

sem o oxigênio, e atuam, portanto, na degradação de matéria morta, liberam toxinas

que agravam ainda mais a situação dos ambientes atingidos, assim comprometem

toda a cadeia alimentar, além de alterar a qualidade da água, que fica imprópria ao

consumo humano (SPERLING, 2005).

No Atlas da Qualidade de Água da Pampulha do Laboratório de Gestão

ambiental de Reservatórios (LGAR,2012) está exposto que o elemento químico

fósforo é importante nutriente para a manutenção de vida nos ecossistemas, porém

é um dos principais elementos responsáveis pela eutrofização. O aumento da

concentração de fósforo em um reservatório se dá devido a vários tipos de efluentes,

como esgotos tratados parcialmente, esgotos sem tratamento e efluentes industriais.

As ações do homem influenciam diretamente no aumento da

concentração de fósforo no ambiente devido ao uso excessivo de fetilizantes e

detergentes domésticos. O gráfico 1 mostra as concentrações desse nutriente

presente no Reservatório da Pampulha medidas em 2011.

GRÁFICO 1 − Concentrações sub-superficiais(0,5m) de fósforo total(µg.L-1)

Fonte: (LGAR, 2012).

Nota: Medição no Reservatório da Pampulha em maio de 2011.

O reservatório da Pampulha age como armazenador do fósforo, pois

grande quantidade de fósforo que a represa recebe fica retido pela biota (conjunto

de seres vivos de um ecossistema, o que inclui a flora, a fauna, os fungos e outros

organismos) ou nos sedimentos. Um estudo conduzido por integrantes do LGAR

(2012) determinou qual a contribuição relativa de cada um dos principais tributários

da represa em termos de aporte de fósforo. O gráfico 2 demonstra que os ribeirões

Ressaca e Sarandi são o principais responsáveis pelo aporte de fósforo que chegam

à lagoa.

GRÁFICO 2 − Balanço de massa de fósforo na Lagoa da

Pampulha

Fonte: (LGAR, 2012).

Nota: A contribuição relativa de cada tributário é fornecida em termos reais (toneladas por ano) e

relativos (% sobre o aporte total).

O nitrogênio também contribui para o processo de eutrofização. Suas

principais fontes inorgânicas são os íons amônio, nitrito e nitrato. No caso do

reservatório da Pampulha, os índices maiores de concentração desses íons estão

próximos à entrada do Córrego Mergulhão, que sofreu canalização celular (tubos de

concreto de seção quadrada ou retangular abertos ou fechados) com cobertura que

impede a entrada de luz. Essa escuridão aparentemente tem favorecido o processo

de concentração dessas formas de nitrogênio na água, como mostra o gráfico 3.

GRÁFICO 3 − Concentrações sub-superficiais (0,5m) de nitrogênio total (µg.L-1)

Fonte: (LGAR, 2012)

Nota: Medição no Reservatório da Pampulha, em 23 de maio de 2011.

6.4.3. Esgotos clandestinos, deposição inadequada do lixo e ocupação

desordenada:

A COPASA apresenta dados que indicam que em grande parte da bacia

ocorre a ocupação desordenada, com invasões, às margens dos córregos, de casas

que não possuem ligação de esgoto sanitário. A falta de espaço entre as casas e os

córregos dificulta a implantação dos interceptores pela Companhia.

O Adensamento populacional desordenado, que resulta no crescimento

dos municípios em áreas não previstas, além de ocupações indevidas (invasões),

também contribuem para o aumento da produção de lixo, pois, em muitas destas

regiões, a coleta de lixo não chega ou atende de forma insuficiente.

Atualmente, reside na Bacia da Pampulha uma população de

aproximadamente 500.000 pessoas, segundo dados da Secretaria Municipal de

Meio Ambiente de Belo Horizonte, cujos esgotos ainda não se encontram totalmente

coletados e interceptados.

Por ano, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap)

tira 1.360 caminhões de lixo da Lagoa da Pampulha, num total de 5,4 mil toneladas.

A COPASA estima que dejetos produzidos por 90 mil pessoas sejam lançados

diretamente no espelho d'água.

De acordo com a Sudecap, em 1998, foram realizadas cinco operações

de limpeza na Lagoa da Pampulha, pois se aproveitou o rebaixamento do nível das

águas para obras de recuperação no sistema de vazão e no corpo da barragem.

Entre as mais de 200 toneladas de lixo retiradas do local, foram encontrados objetos

como pneus velhos, garrafas, animais mortos, sofás, colchões, armários e até

carcaça de veículos. Em 2004, cerca de 2000 toneladas de lixo foram retiradas. Há

ainda a coleta de lixo diária feita na água, com o recurso de dois botes e uma balsa

(FOT.3).

Figura 5 − Retirada de lixo da Lagoa da Pampulha através de balsa

Fonte: (MUNDOGEO, 2010).

A seguir, as fotos 4 e 5 mostra a ocupação às margens de córregos e

nascentes.

Figura 6 – Ocupação às margens de nascentes da Lagoa da Pampulha

Fonte: (MUNDOGEO, 2010).

.

Figura 7 – Ocupação às margens do Córrego Ólhos D’água

Fonte: (MUNDOGEO, 2010).

6.4.4 Dados relativos à situação da água no reservatório.

No Estado de Minas Gerais, o monitoramento das águas é realizado pelo

Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), por meio do Projeto Águas de Minas,

em execução desde 1997. Os quinze anos de operação da rede de monitoramento

vêm demonstrando a sua importância no fornecimento de informações básicas

necessárias para a definição de estratégias e da própria avaliação da efetividade do

Sistema de Controle Ambiental, sob responsabilidade da Secretaria de Estado de

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável(SEMAD). Esse órgão é responsável

pelo planejamento e gestão integrada dos recursos hídricos, subsidiando a formação

e atuação dos Comitês e Agências de Bacias a cargo do IGAM.

Os principais objetivos desse programa de monitoramento são:

• Conhecer e avaliar as condições da qualidade das águas

superficiais em Minas Gerais;

• Divulgar a situação de qualidade das águas para os usuários e

apoiar o estabelecimento de metas de qualidade;

• Fornecer subsídios para o planejamento da gestão dos recursos

hídricos;

• Verificar a efetividade de ações de controle ambiental

implementadas e propor prioridades de atuação.

A rede básica de monitoramento (macrorrede) conta com 448 estações de

amostragem distribuídas nas bacias hidrográficas de Minas Gerais.

As amostragens e análises laboratoriais são realizadas pelo Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)/Fundação Centro Tecnológico de

Minas Gerais (CETEC). Na bacia da Lagoa da Pampulha, as campanhas de

amostragem são trimestrais, com um total anual de quatro campanhas por estação

de monitoramento.

No quadro 1, são apresentados os parâmetros de qualidade de água

analisados na Bacia hidrográfica da Pampulha no terceiro trimestre de 2012.

QUADRO 1 - Variáveis analisadas nas águas da bacia da Lagoa da Pampulha

Fonte: (CETEC, 2012)

Para avaliar a situação da qualidade dos recursos hídricos no estado de

Minas Gerais, o Projeto Águas de Minas utiliza, além dos parâmetros monitorados,

utilizam os indicadores:), Contaminação por Tóxicos(CT), Índice de Estado

Trófico(IET) e Densidade de Cianobactérias, sendo que esse último é realizado

apenas em alguns pontos específicos, que são assim definidos:

O IQA reflete a contaminação das águas em decorrência da matéria

orgânica e fecal, sólidos e nutrientes e sumariza os resultados de nove parâmetros

(oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de

oxigênio, nitrato, fosfato total, variação da temperatura da água, turbidez e sólidos

totais).

A CT avalia a presença de treze substâncias tóxicas nos corpos de água:

arsênio total, bário total, cádmio total, chumbo total, cianeto livre, cobre dissolvido,

cromo total, fenóis totais, mercúrio total, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal total e

zinco total.

Ao considerar a frequência de ocorrência do IQA no 4º trimestre de 2012

(GRAF. 4), verificou-se a predominância da condição de qualidade Ruim (45%) nos

corpos de água monitorados na Bacia Hidrográfica da Pampulha, apresentou

diminuição em relação ao mesmo período do ano anterior (63%). No entanto, as

ocorrências de IQA Muito Ruim aumentaram de 25% em 2011 para 32% em 2012 e

as ocorrências de IQA Médio aumentaram de 13% em 2011 para 24% no mesmo

período de 2012. Não foi observada a ocorrência de IQA Excelente ou Bom em

nenhum dos corpos de água monitorados na Bacia Hidrográfica da Pampulha no

quarto trimestre de 2012, resultado que vem sendo observado ao longo dos anos.

Gráfico 4: Frequência de ocorrência do Índice de Qualidade das Águas da Bacia

Hidrográfica da Pampulha

Fonte: Relatório trimestral IGAM.2012)

Nota: Medição durante os 4º trimestres dos anos de 2006 a 2012.

6.5. As ações atuais de recuperação da bacia

6.5.1 Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da

Pampulha (PROPAM)

Em 1997, o governo brasileiro promulgou a lei n° 9.433, que institui a

Política Nacional de recursos Hídricos. Essa lei estabelece as normas para a gestão

dos recursos hídricos baseada nos fundamentos de que a água é um bem de

domínio público, natural, porém, finito, dotado de valor econômico, de uso múltiplo,

mas prioritário para o consumo humano e para dessedentação de animais. Define

também que a sua gestão deve ser descentralizada e participativa, envolvendo a

participação do poder público, dos usuários e da sociedade civil, e que a unidade

territorial de palnejamento seja a bacia hidrográfica (BRASIL, 1977; COUTINHO,

2007).

Com o objetivo de atingir a recuperação do Reservatório da Pampulha,

dentro desse príncipio dessa lei, foi criado, em Belo Horizonte, o Programa de

Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da Pampulha (PROPAM). A

Prefeitura de Belo Horizonte deu início à implantação do PROPAM logo após a

obtenção de Licença concedida pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente

(COMAM), em outubro de 1997. A partir dessa data, as ações dos subprogramas

tiveram seus projetos elaborados e, no ano 2000, iniciaram-se as obras de

engenharia e as atividades de planejamento, monitoramento, controle e educação

ambiental.

O programa tem a parceria das prefeituras municipais de Belo Horizonte e

Contagem, bem como a COPASA e entidades civis e foi dividido em três

subprogramas:

I)Subprograma de Recuperação da Lagoa: prevê atuação

direta nos problemas de forma a recuperar as condições ambientais da

lagoa e de seu entorno. Contempla a dragagem da parte assoreada da

lagoa, buscando a manutenção do seu espelho d’água e da sua função de

amortecimento de cheias; a revitalização da orla; a implantação do parque

ecológico da ilha e da enseada do Zoológico e o tratamento das águas dos

córregos Ressaca e Sarandi.

II) Subprograma Saneamento Ambiental: atua basicamente

na melhoria da infra-estrutura urbana, com prioridade para as obras de

contenção das erosões e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Dentre suas ações estão as intervenções nos sistemas viários e de

drenagem, com urbanização de vilas e favelas e na revitalização e

preservação das áreas verdes. Além disso, prevê a solução para o

esgotamento sanitário através da implantação de interceptores de rede de

coleta de esgotos nas áreas ainda não atendidas. Atua também, na área de

resíduos sólidos com a ampliação da coleta e disposição final adequada

para os resíduos.

III)Subprograma de Planejamento e Gestão Ambiental:

completa os demais sub programas atuando basicamente nas questões

preventivas de manutenção e de controle dos problemas decorrentes da

poluição e da ocupação inadequada do solo. Com objetivo de implementar a

educação ambiental, o monitoramento das ações e o controle dos

problemas investindo também no fortalecimento institucional da secretaria

Municipal de Meio Ambiente, órgão responsável pela política e controle da

qualidade ambiental em Belo Horizonte. Este subprograma é implementado

com o apoio do Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha, o que

possibilita o planejamento integrado das ações nos dois municípios da

bacia, ou seja: Belo Horizonte e Contagem. (PBH, 2000).

6.5.2 O Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha

Conforme publicado no portal da Prefeitura de Belo Horizonte:

O Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha constitui-

se sob forma de pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e de

interesse social, com supervisão pública, regendo-se pelas normas da

constituição Federal, do Código Civil Brasileiro e legislação correlata, pelo

Estatuto próprio e pela regulamentação a ser adotada pelos seus

instituidores.

O Consórcio, formado pelos municípios de Belo Horizonte e

Contagem, por empresas públicas e privadas, por associações civis e

pessoas físicas, tem como meta o gerenciamento ambiental da Bacia

Hidrográfica da Pampulha e é a oportunidade de integração, de parceria e

de união entre as autoridades municipais, a sociedade civil, as empresas

privadas, de economia mista e públicas com o objetivo único de buscar

soluções conjuntas, que visem a [sic] recuperação e proteção ambiental

desta Bacia, de importância estratégica ao desenvolvimento de toda a

região. (PBH, 2013)

6.5.2.1 Principais atividades do consórcio

• - Viabilizar recursos financeiros para solucionar os problemas

ambientais da Bacia;

• - Monitorar a qualidade e a quantidade das águas, acompanhando o

resultado das ações implementadas;

• - Promover programas educacionais e de comunicação para o

envolvimento das comunidades na recuperação das áreas degradadas e a

melhoria das águas;

• - Apoiar as Prefeituras Municipais e suas concessionárias nas ações de

melhoria do saneamento básico e na melhoria de qualidade de vida da região

(PBH, 2013).

6.5.3 A Estação de Tratamento de Águas pluviais

Uma das medidas implementadas pelo PROPAM foi a implantação da

Estação de Tratamento de Águas Fluviais (ETAF). Essa unidade iniciou suas

operações em 12 de dezembro de 2002. A ETAF é fruto de um convênio entre a

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a COPASA, com objetivo de realizar o

tratamento das águas dos ribeirões Ressaca e Sarandi, que são os maiores

afluentes da lagoa da Pampulha. Foi um investimento de aproximadamente sete

milhões de reais.

A unidade utiliza o sistema de tratamento por flotação a ar dissolvido, que

consiste na redução da poluição dos sólidos em suspensão na água a partir da

dosagem de produtos químicos e da injeção de ar comprimido para promover a

flotação, separando a matéria sólida da água bruta. Esse processo é

comercialmente conhecido como flotflux e consiste de floculação seguida de

flotação. (COUTINHO, 2012)

A flotação é uma técnica de separação de misturas onde ocorre a

introdução de bolhas de ar a uma suspensão de partículas em suspensão. Com

isso, verifica-se que as partículas aderem às bolhas, formando uma espuma que

pode ser removida da solução e separando seus componentes de maneira efetiva.

De acordo com dados obtidos em visita técnica à ETAF no dia 30 de abril

de 2013, no período de seca, toda a água dos córregos Sarandi e Ressaca passa

pela estação de tratamento, pois possui capacidade de uma vazão média de

aproximadamente 750 litros por segundo. A ETAF utiliza tratamento secundário e

tem uma eficiência de 85% na remoção de carga orgânica e sólidos em suspensão.

As fotos a seguir mostram as principais etapas do tratamento das águas

da Lagoa da Pampulha:

Figura 8 − Chegada dos Córregos Ressaca e Sarandi à bacia de sedimentação grosseiros

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 9 − Grade manual- Remoção de sólidos grosseiros

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 10 − Grades finas de limpeza mecanizada

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 11 − Caixas de areia de limpeza manual

Fonte: Autoria própria, 2013.

Figuras 12 e 13 − Calha Parshal - medidor de vazão e região com tubulações de ar para mistura

rápida, respectivamente.

Fonte: (Autoria própria, 2013).

.

Figuras 12 e 13 − Adição de polímero coagulante e sistema de injeção de ar dissolvido,

respectivamente.

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 14 − Bacia de flotação

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figuras 15 e 16 − Vista do lodo flotado e sistema de remoção do lodo, respectivamente.

Fonte: (Autoria própria, 2013).

A curva de permanência das descargas líquidas (GRAF. 5) mostra que

em 50% do tempo as vazões recebidas na ETAF são inferiores a 741L/s, uma vazão

média de 840L/s e no tempo de seca 100% da vazão que chega destes córregos e

entra na ETAF é tratado.

Gráfico 5 − Descargas líquidas médias mensais dos córregos Ressaca e

Sarandi (1998/1999).

Fonte: (SUDECAP, 2002; Coutinho, 2007)

As fotos 17, 18 e 19 registram um experimento que mostra o princípio da técnica de

pressurização de mistura ar/água em câmera hiperbárica, a água é proveniente da

recirculação do próprio efluente tratado e o ar de um sistema de compressores.

Figura 17 − Injeção de microbolhas na água poluída

Fonte: Autoria própria, 2013.

Figura 18 − Mistura da emulsão

Fonte: Autoria própria, 2013.

Figura 19 − Coagulação e floculação das partículas sólidas(poluentes)

Fonte: Autoria própria, 2013.

A seguir estão apresentados na Tabela 3 os dados referentes aos

parâmetros medidos nos meses de janeiro e fevereiro na ETAF.

TABELA 2 − Resultados de Parâmetros físicos e químicos da água na ETAF em 2013.

MESES

VAZAO MÉDIA

VAZÃO DE PRO�ETO

VAZÃO TRATA�A

CARGA ORGANICA AFLUENTE

CARGA ORGÂNICA EFLUENTE

CARGA ORGÂNICA REMOVIDA

CARGA ORGÃNICA DE

PROJETO

CUSTO m3 ESGOTO TRATADO

UNIDADE

L/s

L/s

m3/mês

kgDBO/dia

kgDBO/dia

kgDBO/dia

kgDBO/dia

R$/m3

janeiro fevereiro MÉDIA

583,00 689,10 638,1

750,0 750,0 750,0

957.048 1.109.769 1.080.436

5.792,69 3.774,72 2.905,31

241,78 919,87 576,23

5.550,91 2.854,86 2.329,08

2592 2592 2592

0,307 0,218 0,204

DBO-AFL

DBO-EFL

EF-DBO

DQO-AFL

DQO-EFL

EF-DQO

SST-AFL

SST-EFL

EF-SST

SSV-AFL

SSV-EFL

SSF-AFL

SSF-EFL

mg/L

mg/L

%

mg/L

mg/L

%

mg/L

mg/L

mg/L

mg/L

mg/L

mg/L

mg/L

115,0 63,4 52,7

4,8 15,5 8,9

95,8 75,6 83,1

214,3 160,0 128,2

27,2 39,1 35,6

87,3 75,6 72,3

311,0 127,8 152,0

74,0 20,6 58,2

76,2 83,9 61,8

32,0 100,2 72,5

60,0 52,6 60,6

279,0 27,6 79,7

14,0 38,2 15,1

Fonte: (COPASA 2013).

6.5.4 Outras ações da COPASA

Segundo informações da COPASA, a mesma firmou convênio com a

Prefeitura Municipal de Contagem e está realizando inúmeras obras, que incluem a

implantação de infraestrutura urbana em áreas de ocupação desordenada às

margens dos córregos, pois objetiva criar as condições necessárias à implantação

do sistema de esgotamento sanitário. Essas intervenções contemplam implantação

de sistemas de drenagem pluvial, contenções de margens e sistema viário na sub-

bacia do Córrego Sarandi, tais como na Avenida Alterosas, Avenida João Gomes,

Córrego Sandra Rocha- Parque São João, Avenida Tancredo Neves (segunda

etapa), dentre outras. Essas obras tem objetivo de coletar e tratar, até dezembro

deste ano, 95% do esgoto que chega à Lagoa.

Em relação à sub-bacia do Córrego Água Funda, outro afluente da lagoa,

a COPASA concluiu as obras de esgotamento sanitário para os bairros Boa Vista e

Tijuca e está iniciando a operação dos Interceptores e Estação Elevatória Pampulha

em 2013. Encontram-se com obras em andamento as redes coletoras e

interceptores ao longo do córrego Braúnas, duas estações elevatórias e linhas de

recalque para o bombeamento dos esgotos até os interceptores existentes, que, por

sua vez, conduzem os efluentes à ETE Onça.

As obras têm como objetivo otimizar o funcionamento do sistema de

esgotamento sanitário já implantado pela COPASA e sanear novas regiões,

eliminando lançamentos de esgotos nos afluentes e córregos que deságuam na

Lagoa da Pampulha.

Além disso, por meio do Programa Caça-esgoto, a COPASA vem

incrementando as ações para a eliminação de lançamentos indevidos, nos corpos

d’água afluentes à lagoa, e assim promover a melhoria da qualidade de suas águas.

Atualmente estão em andamento as obras de interligação de redes

coletoras e interceptores:

• Implantação de Sistema de Esgotamento Sanitário da Vila

São José (segunda etapa) e Califórnia;

• Interligação do Interceptor da Vila Califórnia II;

Interligação do Interceptor do Ribeirão Pampulha à montante da EEE Vila

São Bernardo.

A COPASA, através da Meta 2014 e do Programa Caça-Esgoto

gerenciado pela DVME (Divisão de Macro operação da Metropolitana), juntamente

com os distritos operacionais e em parceria com as Prefeituras de Belo Horizonte e

Contagem, está implementando diversas intervenções, com grandes investimentos,

num montante de R$102 milhões, para execução das obras, com o objetivo de

sanear as sub-bacias afluentes à Lagoa da Pampulha que hoje ainda poluem os

cursos d’água. É realizada a implantação de mais de cem quilômetros de redes

coletoras e interceptoras, e serão construídas ao todo, nove estações elevatórias na

região com um incremento de mais de 11mil novas ligações de esgoto. Além disso,

a COPASA tem dado apoio na remoção de famílias para apartamentos alugados

pela Prefeitura Municipal de Contagem, com vistas à implantação de interceptores

na região.

A COPASA criou ainda o Programa de recebimento e controle de

efluentes para usuários não domésticos (Precend) objetivando apresentar aos

empresários uma melhor alternativa ambiental, para o lançamento final dos efluentes

líquidos.

O Programa de Monitoramento de Corpos Receptores vem mostrando

que a qualidade das águas dos córregos que alimentam a Lagoa da Pampulha ainda

está abaixo dos limites estabelecidos, contudo os valores dos parâmetros

monitorados, como por exemplo, carga orgânica, que representa os esgotos

lançados nos córregos, vem sendo reduzidos significativamente à medida que as

obras de saneamento são concluídas na bacia, principalmente no município de

Contagem.

A Estação de Tratamento de Esgoto do Ribeirão do Onça, construída pela

COPASA, é responsável por tratar o esgoto das sub-bacias afluentes da Lagoa da

Pampulha, tem hoje capacidade de tratar 1.800 litros por segundo ou 910.000

habitantes. Essa capacidade de operação poderá ser ampliada para 3.600 litros por

segundo, com o atendimento a 1.600.000 habitantes. A unidade de tratamento é

constituída pelos tratamentos preliminar e primário, onde são retirados cerca de 70%

da carga orgânica e de sólidos grosseiros, e tratamento secundário constituído por

filtros biológicos percoladores e decantadores secundários, que aumentam a

remoção de carga orgânica para até 90%.

A COPASA, também implantou mais de 12 quilômetros de redes coletoras

e interceptoras nas sub-bacias da margem esquerda da Lagoa.

6.5.5 A Estação Elevatória de Esgoto Pampulha (EEE)

Em abril de 2013, entrou em operação a Estação Elevatória de Esgoto da

Pampula (EEE), de acordo com informações da COPASA, possui capacidade de 24

milhões de litros de esgoto por dia e bombeará todo esgoto recebido da margem

esquerda da Lagoa para a margem direita, de onde será encaminhado para

tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto Onça (ETE). Dentro da estação

está o primeiro Centro de Operação de Sistema (COS) do Estado, que permite

monitorar, em tempo real, o funcionamento de 26 das 46 Estações Elevatórias de

Esgoto que se encontram em operação na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A sua localização é favorável a logística e orápido atendimento das demandas.

A Estação Elevatória vai permitir o atendimento da coleta e interceptação dos

esgotos, dos bairros Tijuca, Amendoeiras, Bom Jesus e parte do Xangrilá, de

Contagem. E com a entrada em operação dessa unidade, foi possível, desativar

quatro antigas elevatórias — que não tinham capacidade para receber os esgotos

gerados nesses bairros, reduzindo, dessa forma, o custo de operação. As fotos 20 a

22 mostram a elevatória.

Figuras 20 e 21 − Caixas de areia-recebimento do esgoto e registros para passagem do esgoto,

respectivamente.

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 22 − Centro de operações

Fonte: (Autoria própria, 2013).

6.5.6 O Parque Ecológico da Pampulha

Segundo a bióloga Marcela Lanza Bernardes, funcionária do local, o

parque Promotor Francisco Lins do Rego, já conhecido como Parque Ecológico da

Pampulha, é uma importante área ambiental de Belo Horizonte.

Com uma área de 30 hectares, o espaço tem como prioridade oferecer à população

programas voltados para a educação ambiental, atividades culturais, como shows,

teatro, dança e exposições, promover entretenimento aos adultos e às crianças e

despertar a consciência das pessoas pela preservação da natureza.

A implantação do Parque faz parte do trabalho de recuperação da

região, desenvolvido pela Prefeitura através do programa “Pampulha para Todos”. O

local ocupa a antiga Ilha da Ressaca, formada por um acúmulo de sedimentos, que

ao longo dos anos foram retirados do fundo da Lagoa da Pampulha devido aos

desassoreamento realizados pela prefeitura de Belo Horizonte.

De acordo com a bióloga do parque, o terreno levou 10 anos para se

estabilizar e a transformação do espaço começou em 1997 com o plantio de três mil

mudas de árvores, representantes dos ecossistemas: Amazônia, Mata Atlântica e

Cerrado, formando o bosque atual.

No Parque Ecológico da Pampulha são desenvolvidas atividades

permanentes na esfera da ciência, como pesquisa científica e visitas monitoradas. A

infra-estrutura do Parque oferece pistas para caminhada e ciclismo, equipamentos

de ginástica, playground, bebedouros, lanchonete, sanitários, um coreto e dois

caramanchões.

Para o visitante é visível a harmonia do projeto arquitetônico assinado

pelos arquitetos Gustavo Pena e Álvaro Hardy, concebido de acordo com a

paisagem e a urbanização da orla, conforme projeto original de Oscar Niemeyer. A

área interna foi dividida em cinco partes, com o intuito de oferecer à população

ambientes propícios ao descanso, ao lazer e à contemplação da natureza.

Logo na entrada do parque, encontra-se a Esplanada, local destinado a

apresentações culturais, shows e eventos, cercada por colinas verdes. No Bosque,

pode-se fazer caminhadas e piqueniques. O Centro de Apoio é o espaço

administrativo, onde também foi construído um espelho d’água, com capacidade de

sete mil metros cúbicos de água. Além de abastecer o espelho, a mesma água é

usada para a irrigação do parque. Existe no parque uma estação de tratamento de

água para tratar a água para irrigação e para o espelho d’àgua. As áreas silvestres e

de Proteção Ambiental são locais destinados à preservação da fauna e da flora

naturais da região. Animais como gambá, capivara, iguana, jacaré-do-papo-amarelo,

além de peixes e garças habitam o Parque. Quanto à flora, é composta por espécies

pioneiras e colonizadoras como a jetirana, a leucênia e a mamona. As fotos 23 a 27

mostram a beleza do local.

Figura 23 − Entrada do parque

Fonte: (Autoria própria, 2013). Figura 24 − Placa com mapa do parque

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 25 – Árvores, espécies da Mata

Atlântica, Amazônia e Cerrado

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 26 − Espelho d’água

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 27 − Capivara presente no parque

Fonte: (Autoria própria, 2013).

6.5.7 A educação ambiental promovida pelo PROPAM

O Propam também desenvolve ações educacionais voltadas para atender

escolas e comunidade em geral, segundo o educador ambiental Arthur Celso Filho,

por mês o centro de educação ambiental do Propam recebe uma média de 12

escolas. Na programação, os alunos assistem a palestras sobre a Lagoa e a

importância de sua preservação e após este momento, é feita visitação à uma

nascente e aos principais pontos da Lagoa da Pampulha. As figuras 28 a 31

mostram fotos da visita orientada.

Figura 28 – Centro de Educação Ambiental

(Propam)

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 29 − Maquete da bacia hidrográfica

apresentada aos visitantes

Fonte: (Autoria própria, 2013).

Figura 30 − Nascente visitada Figura 31 − Alunos em visita orientada

Fonte: (Autoria própria, 2013). Fonte: (Autoria própria, 2013).

Além destas atividades o PROPAM realiza circuitos de percepção

ambiental; prêmio “Águas da Pampulha”, que valoriza, identifica e dissemina a

produção artística e literária relacionadas à preservação ambiental, produzidas por

estudantes das escolas da bacia; projeto “Guardiões das Nascentes da Pampulha”,

uma iniciativa de reconhecimento público aos proprietários de áreas com nascentes

preservadas ou recuperadas na bacia; formação de multiplicadores em educação

ambiental através de oficinas para educadores e formadores de opinião; Mobilização

para coleta seletiva (Projeto “PET - Pampulha, Educação e Trabalho”); exposição

itinerante em escolas e instituições da bacia; mobilizações diversas e participação

em eventos.

6.5.8 Movimento Somos Pampulha

O Movimento Somos Pampulha é uma instituição sem fins lucrativos

que visa proteger as nascentes da Lagoa da Pampulha, e foi lançado em Belo

Horizonte, no dia 19 de outubro de 2012. Os idealizadores do movimento são

Carlos Augusto e Marcelo Haddad, ambos, moradores da Pampulha e que

esperam ver em breve uma outra realidade da Lagoa. Os dois formaram uma

Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), com o objetivo de

lutar pelas melhorias, por obras de desassoreamento, limpeza de nascentes,

educação ambiental, e outros. O Somos Pampulha vislumbra seis pilares de

proteção da Lagoa e seu entorno, que merecem a atenção não só dos mineiros,

mas, do país todo, pois, refere-se a um patrimônio cultural em nível federal. São

eles: desassorear, reduzir e retardar novo assoreamento, retirar o esgoto dos

córregos, tratar a água da lagoa, preservar nascentes e a educação ambiental.

6.5.9 Obras de urbanização da prefeitura Municipal de Belo Horizonte

A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte tem desenvolvido diversas

obras de urbanização de vilas e favelas na área da bacia hidrográfica da Lagoa

da Pampulha, intervenções essas fundamentais para o completo saneamento

ambiental da região. O quadro 2 mostra as principais intervenções na

urbanização.

QUADRO 2 − Urbanização de vilas e favelas

Vila/Conjunto Origem do recurso Tipo intervenção

São Tomás Aeroporto

Novo Ouro

Preto

OP

Habitação Popular - Morar

Melhor (PEHP)

PGE, projetos, obras de urbanização,

reassentamento; erradicação de risco

geológico/geotécnico; remoção de

famílias

Jardim

Alvorada

Antena

PROPAM, OP, Programa

Estrutural em Área de Risco

(PEAR)

PGE (juntamente com a Vila Jardim

Montanhês), projetos e obras de

urbanização de vias; obras de

tratamento de encostas.

Califórnia

OP, PAT-PROSANEAR;

Programa PPI/CEF -

Repasse do Governo

Federal

PGE; projetos, obras de urbanização,

remoção e reassentamento, trabalho

social;

regulamentação fundiária UMEI; BH

Cidadania

Coqueiral/Da

Paz

PROPAM, OP, PEHP

PGE; projetos, obras de urbanização,

remoção e reassentamento;

erradicação de

risco geológico

Paquetá

OP; Repasse de recursos de

medida compensatória do

Ministério Público

PGE, obras de urbanização, remoção

e

reassentamento

Jardim

Filadélfia

PROPAM, PBH Projeto executivo de urbanização,

regularização fundiária

Trevo

OP

PGE, projeto e obras de urbanização

Santo Antônio

(Barroquinha

OP, PROPAM

Projeto e obras de urbanização,

remoções e reassentamento de

famílias

São José

Programa PPI/CEF

Intervenção estruturante, abertura

viária,

remoção e reassentamento de

famílias.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

6.5.10 Obras futuras da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Neste ano, serão executadas as obras de desassoreamento e

recuperação da qualidade da água da Lagoa. Segundo o gerente de

Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente,

Weber Coutinho, o processo de desassoreamento da Lagoa da Pampulha,

importante espelho d’água de Belo Horizonte deve começar a ser realizado em

junho de 2013.

O coordenador executivo do Programa Drenurbs, da Superintendência

de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Ricardo Aroeira, afirmou que o

sistema usado será uma dragagem de longa distância. Neste sistema, uma draga

ficará sobre a água com uma bomba para retirar a lama do leito. Por uma

tubulação flexível, o material será desidratado para retirada da água e, depois,

enviado para o local de descarte. "Será um processo de menor impacto

ambiental, sem ruído. O trabalho ocorrerá nas profundidades da lagoa entre 1,5

metros e dois metros, acabando com as ilhas de terra e devolvendo o espelho

d'água em alguns pontos", disse o coordenador.

O PROPAM –ganhou novo impulso com o acionamento, em abril de 2013,

da nova Estação Elevatória de Esgoto (EEE) Pampulha, em substituição a quatro

antigas elevatórias que já estavam obsoletas e foram desativadas.

O secretário regional Pampulha, Humberto Abreu, informa que irá fazer,

em parceria com a COPASA, o levantamento dos casos de ligação clandestina de

esgoto nos córregos da bacia ou diretamente na lagoa. O objetivo é desencadear

uma ação de conscientização e convencimento para a adesão ao novo sistema.

“Colocaremos em campo nossas equipes de vigilância sanitária e de políticas sociais

para explicar a importância dessa adesão para a nossa cidade. Aqueles que

insistirem no lançamento clandestino de esgoto serão notificados, pois esse tipo de

infração caracteriza crime ambiental”, esclareceu o secretário. O secretário adjunto

de Obras de Contagem, Luiz Arnaldo Prata, informou que o município vizinho

também irá desenvolver ações para estimular a população a fazer as ligações do

esgoto predial à rede da COPASA.

Para garantir a recuperação efetiva da Lagoa da Pampulha e de todo o

seu entorno, que compõem o principal conjunto turístico e arquitetônico da capital, a

Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vem recuperando áreas degradadas, executando

obras de urbanização de vilas e favelas citadas na quadro 2 do item anterior,

ampliando a coleta de lixo na região e promove atividades de proteção de

nascentes.

Weber Coutinho disse que são duas as ações imprescindíveis para esta

fase decisiva do PROPAM, denominada Pampulha Viva – Meta 2014. Serão

iniciadas pela PBH nos meses de junho e agosto: o desassoreamento da lagoa,

estando prevista a retirada de 800 mil metros cúbicos de sedimentos do seu leito e o

tratamento da água, por meio de tecnologias de ponta, como a bio-remediação

(tratamento biológico com a introdução de microrganismos decompositores no corpo

d’água), bem como a oxigenação/ozonização (à injeção de oxigênio na água na

forma de ozônio (O3), juntamente com o íon hidroxila (OH-) e a radiação ultraviloleta)

da água, técnicas que poderão ser empregadas em conjunto ou separadamente, de

acordo com a melhor indicação técnica em cada momento. O investimento da PBH

é de R$ 120 milhões e o prazo de conclusão dessas duas ações é de dez meses.

“Com esse trabalho, nossa expectativa é que tenhamos, ainda no primeiro semestre

de 2014, a qualidade da água da Lagoa da Pampulha enquadrada na classe 3, que

permite a prática de esportes náuticos e pesca, em um ambiente sem maus odores”,

afirmou Coutinho.

Weber informou, ainda, que o Conselho Municipal do Meio Ambiente

(COMAM) já aprovou a licença para o desassoreamento e as obras poderão ser

iniciadas ainda neste mês de junho. As obras serão executadas por um consórcio

liderado pela Construtora Andrade Gutierrez. A proposta é que os sedimentos

decorrentes dessas obras sejam levados para o aterro sanitário licenciado

Paraopeba, em Contagem.

7 RESULTADOS

Na atualidade, residem na bacia da Pampulha cerca de 500.000 pessoas,

cujos esgotos ainda não se encontram totalmente coletados e interceptados,

segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

A COPASA está desenvolvendo diversas ações e realizando vários

programas, como o “Caça–esgotos” e também construíndo um grande número de

obras de ampliação de suas redes de coleta, intercepção e destinação adequada

dos esgotos de toda a região da bacia hidrográfica da Pampulha.

A construção de mais de 100 quilômetros de redes coletoras, a

inauguração da estação elevatória de esgoto Pampulha em 2013, a construção de

nove elevatórias, entre outros, vão incrementar o atendimento de vários bairros da

região da bacia hidrográfica da Pampulha de acordo com informações do técnico da

COPASA Fernando Silva, funcionário da Divisão de Macro operação de esgotos

dessa Empresa.

Avanços têm sido alcançados na redução dos impactos da fonte de

poluição pontual, por meio do aumento dos índices de coleta e interceptação, tanto

dos esgotos domésticos, quanto dos efluentes industriais.

Ao analisar os dados dos parâmetros físico químicos da água que é

tratada na Etaf nos meses de janeiro e fevereiro fornecidos pela Copasa e

apresentados neste trabalho, observa-se que a ETAF consegue retirar com eficácia

a matéria orgânica que chega na Lagoa com uma eficiência de 85% na remoção da

carga orgânica e de sólidos em suspensão e no período de seca trata todo o aporte

que chega dos ribeirões Ressaca e Sarandi.

A construção da Etaf, trouxe benefícios para a lagoa, porém seu

desempenho é adequado apenas para a remoção da turbidez, matéria orgânica e

sólidos suspensos. A remoção de nutrientes (fósforo e nitrogênio), de coliformes

termotolerantes e de óleos e graxas, na estação não obtêm resultados suficientes

para atender ao padrão de classe 2 (Coutinho, 2007).

Segundo informações da COPASA, esta realiza atualmente o

monitoramento da qualidade das águas da região em 9 pontos de amostragens em

tributários diretos, próximos ao deságüe na Lagoa e em 3 pontos no ambiente

represado, com freqüência mensal, além de caracterização de parâmetros físicos,

químicos e bacteriológicos. Os resultados obtidos nesse monitoramento indicam que

as águas apresentam-se, em geral, qualidades compatíveis com as classes 4 e 5,

indicando qualidade inferior aos limites legais da Classe 2 (IGAM 2006).

O controle das fontes de poluição difusas como modificações nos leitos

dos córregos, dragagens, movimentações de terra, desmatamentos das encostas,

das matas ciliares e das áreas de nascentes, apresenta maior grau de complexidade

devido às dificuldades de diagnóstico, controle e atuação do governo e COPASA.

As intervenções da Prefeitura de Belo Horizonte ao longo dos anos

demonstram sua preocupação e empenho no sentido de recuperar e preservar a

lagoa e ações de sucesso merecem destaque, como a criação do Parque Ecológico

da Pampulha, que além de ser uma excelente área de lazer, foi uma solução de

engenharia interessante para o destino dos sedimentos, porém esta técnica não

deverá ser usada novamente, devido a maiores reduções que causaria no espelho

d’água.

Com relação ao aporte de sedimentos, que provocam o assoreamento da

lagoa, segundo dados da secretaria municipal de Belo Horizonte, a redução foi

significativa com as intervenções na recuperação das áreas degradadas e mediante

a urbanização de vilas e favelas, passando de um volume estimado na década de 90

de 380.000 m3/ano para cerca de 100.000 m3 /ano, atualmente.

As parcerias das prefeituras de Belo Horizonte, Contagem, COPASA e

entidades civis e a criação do PROPAM também apresentam pontos positivos no

sentido de planejar e executar as ações. A educação ambiental desenvolvida pelo

PROPAM é de extrema relevância para a lagoa, pois atinge a população e as novas

gerações .

Os dados sobre a qualidade das águas coletados regularmente e

analisados pela COPASA, IGAM e LGAR são importantes, porquanto tem sido

utilizados para possibilitar o planejamento das intervenções atuais e nortear ações

futuras para o reservatório.

Apesar de todos estes resultados significativos alcançados, ainda não foi

possível solucionar totalmente o problema de recuperação ambiental da Lagoa da

Pampulha, expectativa que o seja nos próximos anos, conforme previsão e mediante

a conclusão das ações, programas e empreendimentos referidos nesta pesquisa.

CONCLUSÕES

Diante de todo o exposto apresentado neste trabalho, compreende-se a

necessidade de concluir os projetos em andamento bem como consolidar as

propostas de sustentabilidade para cumprimento de metas e resultados a curto,

médio e longo prazo para recuperação ambiental da Lagoa da Pampulha.

Considera-se uma das metas prioritárias para recuperação da Lagoa da

Pampulha a obtenção de classe 3 para água do reservatório da Pampulha, na qual

já seria possível pescar, praticar esportes náuticos.

Como condição básica em se tratando de saúde pública, considera-se

essencial a redução, a níveis aceitáveis e em conformidade com as Normas

ambientais vigentes, a redução dos níveis de odores, incluindo nas áreas localizadas

nas proximidades do aeroporto da Pampulha, onde essas condições são atualmente

muito precárias e insuportáveis.

Faz-se necessário a adoção de tecnologias que sejam mais eficazes a

interceptação e o lançamento adequado dos esgotos domésticos e industriais,

incluindo-se o rigoroso controle dos níveis de fósforo e nitrogênio existentes, visto

serem estes dois elementos atualmente um dos maiores responsáveis pela

eutrofização da Lagoa da Pampulha.

Como a represa da Pampulha está em uma área de alto poder econômico

da capital mineira, esse fato favorece a especulação imobiliária. Assim, considera-se

esta situação se impõe como uma ameaça ao necessário estabelecimento das leis

de uso e ocupação do solo. Percebe-se esse fato como um risco atual às condições

ambientais da região, de tal forma que se não houver um rigoroso controle nessa

situação, toda essa região, caracterizada como um dos mais belos cartões postais

de Belo Horizonte, acaba se transformando em área de grande adensamento e

verticalização, fato esse, infelizmente notório em outras partes da região

metropolitana de Belo Horizonte. Essa realidade implica na necessidade de uma

maior atenção e fiscalização por parte das autoridades públicas, órgãos ligados ao

meio ambiente, setores responsáveis pela análise de projetos, órgãos credenciados

pelo controle de obras, enfim a cooperação de toda a sociedade, de forma integrada,

para evitar qualquer ação que venha ameaçar tanto os cursos d’ água existentes,

quanto terrenos de alto valor histórico e caracterizados como acervos de interesse

coletivo. Sob esse aspecto, será essencial o devido controle e fiscalização para que

esse ambiente não seja prejudicado por ações de irresponsabilidade,

descompromisso, descaso ou cobiça do homem.

Apesar dos diversos desafios observados, principalmente devido ao

grande número dos fatores e variáveis apresentadas, essa pesquisa demonstra que

a conquista da recuperação e preservação da Lagoa da Pampulha, embora difícil, é

viável.

A obtenção desse sonho, requerer políticas e diretrizes continuadas,

investimentos contínuos, estratégias governamentais preservadas, planejamentos

definidos com base em dados técnicos e frutos de pesquisa cientifica, além

obviamente do cumprimento de metas e prazos estabelecidos.

Sem a colaboração das próprias populações estabelecidas

geograficamente na área do entorno, inclusive aquelas estabelecidas às margens

dos corpos d’água contribuintes da Lagoa da Pampulha, todas as ações propostas

serão insuficientes.

A conscientização ambiental de forma geral, onde cada cidadão coopere

efetivamente com atitudes e boas práticas, por exemplo na redução o quanto

possível de resíduos sólidos e suspensão responsável da emissão descontrolada

desses em solo, são fatores indispensáveis para obtenção do propósito-estudo de

caso dessa pesquisa.

Conclui-se que os estudos sobre o tema deixam claro que é preciso, além

de obras de infraestrutura e saneamento, a implementação de um Programa de

ações integrado, único, continuado e disseminado por toda a RMBH. Esse Programa

deve incorporar o monitoramento, manutenção, fiscalização, educação ambiental e

conscientização da população sobre a importância das águas, bem como do meio

ambiente geral em que vive, a fim de que se possa realizar sua melhoria, de forma

eficaz e permanente. Essas são as premissas para a recuperação e proteção

ambiental desse importante acervo ambiental do Estado de Minas Gerais - a Lagoa

da Pampulha.

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