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1 Roberto Luís de Figueiredo dos Santos Júnior ACIDENTES DE TRABALHO EM SERVIÇOS DE LIMPEZA HOSPITALAR: ANÁLISE DAS CAUSAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção. Orientadora Professora Vera Lúcia do Valle Pereira, Dra. Florianópolis 2004

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Roberto Luís de Figueiredo dos Santos Júnior

ACIDENTES DE TRABALHO EM SERVIÇOS DE LIMPEZA HOSPITALAR: ANÁLISE DAS CAUSAS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de

Produção da Universidade Federal de

Santa Catarina como requisito parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia de Produção.

Orientadora Professora Vera Lúcia do Valle Pereira, Dra.

Florianópolis

2004

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Roberto Luís de Figueiredo dos Santos Júnior

ACIDENTES DE TRABALHO EM SERVIÇOS DE LIMPEZA HOSPITALAR: ANÁLISE DAS CAUSAS

Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 29 de março de 2004.

_________________________________ Professor Edson Pacheco Paladini, Dr.

Coordenador do Programa

BANCA EXAMINADORA ___________________________________ ____________________________________ Prof. Hyppólito do Valle Pereira, Ph.D Professora Vera Lúcia do Valle Pereira, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina Membro Orientadora ___________________________________ ____________________________________ Prof. Waldemar Pacheco, M.Sc Prof. Sandré Granzotto Macedo, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina Univali Membro Membro ________________________________ Professora Silvia Nasser, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina Membro

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação:

A todos os profissionais da limpeza que dia-a-dia, no

exercício de suas atribuições, garantem nosso conforto e

o asseio dos ambientes em que vivemos.

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AGRADECIMENTOS

Ao término de um trabalho que exigiu muita reflexão e dedicação,

vivencia-se, mais uma vez, a oportunidade de aprendizado gerado pela percepção

da dicotomia dos sentimentos: realização e liberdade; contracenado com o desejo

de continuidade e comprometimento.

Ao analisar o antagonismo dessas emoções, encontra-se a justificativa na

lembrança daqueles, que de uma forma significativa, fizeram-se presentes ao longo

dessa caminhada. Assim, agradeço de modo especial:

À força maior geradora da vida, por me inspirar na escolha do tema;

manifestando-se, sutilmente em mim, o cuidado com meus colegas de trabalho e a

perseverança.

A minha querida Priscila sempre tão presente, pelo apoio, carinho,

dedicação e amor nos momentos de insegurança, desânimo, cansaço e carência;

possibilitando reflexão, partilha e troca no sentido da construção do conhecimento.

A Professora Dra. Vera Lúcia do Valle Pereira, pela orientação dedicada a

este estudo, pela firmeza e seriedade me fizeram enxergar as limitações e as

oportunidades de crescimento e aprendizado.

Ao professor Waldemar Pacheco, pelos ensinamentos, apoio e calma que

possibilitou à disseminação, o incentivo e a credibilidade no tema abordado.

A BACK, em especial, minhas colegas Letícia e Rosimeri que sempre

estiveram a disposição para enriquecer esse trabalho em todas as suas formas e, os

Diretores Enio Back e Ecio Back co-autores dessa caminhada, por permitirem a

realização deste trabalho através de sua experiência e seus relatos manifestados na

expressão significativa dessa maravilhosa diversidade humana.

A minha família, especialmente, Tânia e Betânia, pelo incentivo e apoio

durante o desenvolvimento deste trabalho e pelo amor que me dedicam em todos os

momentos de minha vida.

Em especial, ao meu amigo “Dé” pela sua forma de ensinar e incentivar

as pessoas a crescerem.

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Finalmente, as minhas amigas Ana e Lílian, novamente, pela paciência,

atenção e o esforço em ajudar.

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RESUMO

SANTOS JÚNIOR, Roberto Luís de Figueiredo dos. Acidentes de trabalho em serviços de limpeza hospitalar: análise das causas. Florianópolis, 2004. 94p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Após algumas décadas de relações trabalhistas acordadas apenas entre empregado e empregador, o Estado passa a intervir para realizar o bem estar social e melhorar as condições de trabalho. Surge a proteção jurídica e econômica e o aparecimento de leis mais incisivas normatizando aquelas relações. Neste contexto trabalhista, nasce a terceirização de mão de obra e com ela, a terceirização da limpeza hospitalar aumentando a necessidade de melhora da qualidade da mão-de-obra no que tange a prevenção de acidentes. Neste sentido, uma metodologia de análise desses acidentes através das informações da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), desenhada para representar e interpretar os dados relativos aos indivíduos analisados por diversos itens simultaneamente gera uma ferramenta para avaliação de modo conjunto para todos os itens para caracterizar o indivíduo de maneira adequada e discrimina-lo de maneira integral nas suas ações que geram acidentes de trabalho, desenvolvendo um diferencial neste setor. Palavras-chave: Acidente de trabalho, Terceirização, Serviço de Limpeza Hospitalar

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ABSTRACT

SANTOS JÚNIOR, Roberto Luís de Figueiredo dos. Acidentes de trabalho em serviços de limpeza hospitalar: análise das causas. Florianópolis, 2004. 94p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. After a couple of decades of labour dealings carried out between employee and employer, the State starts interfering in order to grant the social welfare and improve the work evironment. An economic and law protection came up and altogether laws much more incisive regulating those relationships. In this labour context, outsourcing is born, and with it, the outsourcing of hospital cleaning services increasing the need for top quality work regarding the prevention of work accidents. In this sense, an accident analysis methodology through the information on Work Accident Report (WAR), designed for representing and interpreting the data related to individuals analysed under several items simultaneously generates an evaluation tool for all the items in order to distinguish the individual in a proper way and discriminate him/her as a whole in his/her actions that generate work accidents making, this way, the difference in this area. Key-words: work accidents, hospital cleaning services, outsourcing

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SUMÁRIO

Lista de figuras 9 Lista de gráficos 9 Lista de fotos 10 Lista de quadros 10 Lista de siglas 11 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 12 1.1 Contextualização do Tema 12 1.2 Definição do Problema de Pesquisa 17 1.3 Objetivos 17 1.3.1 Objetivo geral 17 1.3.2 Objetivos específicos 17 1.4 Justificativa e Relevância da Pesquisa 17 1.5 Limitações do Estudo 23 1.6 Estrutura da Pesquisa 24 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL 25 2.1 A Trajetória do Trabalho 25 2.2 O Processo de Terceirização dos Serviços na Área da Saúde 34 2.3 O Acidente de trabalho no Serviço de Limpeza em Ambiente Hospitalar 41 2.4 O Gerenciamento de Riscos no Ambiente Hospitalar 47 CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 52 3.1 Descrição do Estudo 52 3.2 Caracterização da Empresa 54 CAPÍTULO 4 – PESQUISA, RESULTADOS E DISCUSSÃO 62 4.1 Grupo Back: Acidentes de Trabalho no Ambiente Hospitalar 62 4.2 Análise das Causas dos Acidentes Conforme as Variáveis 63 4.2.1 Variável Organizacional 63 4.2.2 Variável de Processo 66 4.3.3 Variável Ambiental 69 4.3 Discussão dos Resultados 70 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES 80 5.1 Conclusões 80 5.2 Recomendações para Pesquisas Futuras 82 5.3 Considerações Finais 84 REFERÊNCIAS 87

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Lista de figuras

Figura 1: Representação das variáveis ativas e os três grupos formados 73 Figura 2: representação dos indivíduos de variáveis ilustrativas 74 Figura 3: Grupo A 75 Figura 4: Grupo B 76 Figura 5: Grupo C 77 Figura 6: Representação das variáveis TC e LE

Lista de gráficos

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Gráfico 1: Acidentes de trabalho referentes à limpeza no primeiro trimestre de 2003 18

Gráfico 2: Acidentes de trabalho fatais referentes à categoria de conservação, manutenção e limpeza no trimestre de 2003 19

Gráfico 3: Acidentes de trabalho fatais referentes à atividade de limpeza no ano de 2003 20

Gráfico 4: Total de clientes por área de serviços 56 Gráfico 5: Total de colaboradores por filial 58 Gráfico 6: Faixa etária dos colaboradores da Back Serviços Especializados 59 Gráfico 7: Total de colaboradores por grau de instrução 60 Gráfico 8: Faixa salarial (salário mínimo) 61

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Lista de quadros

Quadro 1: Descrição da metodologia de pesquisa 52 Quadro 2: Total de clientes por área de serviços 56 Quadro 3: Total de colaboradores da Back Serviços Especializados por filial 57 Quadro 4: Total de colaboradores por grau de instrução ma área de serviços 59 Quadro 5: Itens avaliados da CAT e Recursos Humanos 71

Lista de fotos

Foto 1: Maquinários/equipamentos delicados e área envidraçada não previstos no edital 64 Foto 2: Quantidade de mobiliário não previsto no edital 65 Foto 3: Conforme instrução de trabalho, o colaborador recolhe os lixos utilizando EPI 67 Foto 4: : Limpeza da entrada do centro cirúrgico 69 Foto 5: : posto de enfermagem 69

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Lista de siglas

CAT Comunicação de Acidentes de Trabalho CAU Objeto causador CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis Trabalhistas CCT Convenção Coletiva de Trabalho DP Dias perdidos DRT Delegacia Regional do Trabalho EPI Equipamento de Proteção Individual GI Grau de Instrução HA Hora do Acidente HAA Acidente após horas trabalhadas ID Idade JT Jornada de Trabalho LER Lesão por Esforço Repetitivo LE Parte do corpo afetada MADM Análise de Desempenho Multivariado MTb Ministério do Trabalho e Emprego PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho SX Sexo TC Tempo de Casa

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do Tema de Pesquisa

A evolução do trabalho é o ponto de partida para nosso conhecimento e

esclarecimento no que diz respeito às transformações que aconteceram na relação

do homem com seu ambiente de trabalho.

Inicialmente, vigorou no Brasil o regime produtivo escravocrata, em que o

escravo era considerado apenas “uma coisa”, não tendo qualquer direito trabalhista.

As melhorias de ordem trabalhista no Brasil só tiveram relevância a partir do

momento em que houve a Abolição da Escravatura, em 1888, a Proclamação da

República, em 1890, e o advento do Conselho Permanente de Comissão e

Arbitragem, em 1907. Este último caracterizou-se por algumas iniciativas que,

embora sem maiores realces, contribuíram para o ulterior desenvolvimento da nossa

legislação (NASCIMENTO, 1998).

Segundo Nascimento (1998), a partir do término da Primeira Guerra

Mundial, surge o constitucionalismo social, que foi a inclusão nas constituições de

preceitos relativos à defesa social da pessoa, de normas de interesses sociais e de

garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o Direito do Trabalho.

A primeira constituição que tratou do tema foi a do México, em 1917, que

estabelecia uma jornada diária de oito horas; proibição de trabalho de menores de

doze anos; limitação da jornada diária de seis horas aos menores de dezesseis

anos; jornada diária noturna de máximo sete horas; e, proteção contra acidentes do

trabalho (MARTINS, 2000).

As normas trabalhistas no período contemporâneo, embora mantendo os

seus objetivos iniciais de tutela do trabalhador, passaram a desempenhar, também,

uma função coordenadora dos interesses entre o capital e o trabalho. As leis

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trabalhistas de defesa dos interesses dos assalariados passaram a conviver com

outras normas destinadas a solucionar questões próprias de épocas de crise. É o

caso da estabilidade no emprego, cujo rigor foi abrandado. Na França, a lei de

dispensa coletiva de empregados, antes condicionada à autorização da inspeção

trabalhista, foi alterada para a inexigência dessa autorização (MARTINS, 2000).

Assim, diante da constante conturbação entre empregados e

empregadores, o Estado alterou sua posição de indiferença, passando a intervir,

acabando por ditar normas para a solução dos conflitos de natureza trabalhista.

Passa, portanto, a haver um intervencionismo do Estado, principalmente para

realizar o bem estar social e melhorar as condições de trabalho. O trabalhador a

partir de então é protegido juridicamente e economicamente. Daí em diante verificou-

se o aparecimento de leis mais incisivas normatizando a relação entre o empregado

e o empregador.

De acordo com Nascimento (1998), as leis trabalhistas no Brasil

cresceram esparsas, de forma desordenada, de modo que a Justiça do Trabalho

somente adquiriu a característica de organismo judiciário autônomo através do

Decreto-Lei nº 1.237/39, regulamentado pelo Decreto nº 6.596/40, com vigência a

partir de 1º de maio de 1941. Surgia, assim, a Justiça do Trabalho, independente do

Poder Executivo e desvinculado da justiça comum. Já, a sua integração ao Poder

Judiciário ocorreu somente com o advento da Constituição de 1946.

O Governo de Getúlio Vargas, a partir de inúmeras leis editadas, reuniu

os textos legais esparsos que tratavam sobre os mais diversos assuntos trabalhistas,

num só diploma, que veio a chamar-se Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Foram incluídas, também, as leis sobre o direito individual do trabalho e o

direito coletivo, objetivando reunir as leis esparsas do trabalho existentes na época,

culminando na forma do art. 157 da referida norma, ou seja, cumprir e fazer cumprir

as normas de segurança e medicina do trabalho; instruir os empregados, por meio

de ordens de serviços, quanto às precauções a tomar no sentido de se evitar

acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais; adotar as medidas que lhes sejam

determinadas pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT); e, facilitar o exercício da

fiscalização pela autoridade competente (MARTINS, 2000).

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Neste contexto trabalhista, após alguns anos, surge o processo de

terceirização de mão-de-obra, envolvendo o relacionamento da empresa que

contrata os serviços e outra que fornece os serviços. As atividades terceirizadas

devem ser processos não ligados a atividade-fim da empresa, como por exemplo, a

publicidade e a limpeza. Dessa forma, com base no entendimento hodierno, consiste

em repassar gradativamente para terceiros as atividades-meio, a fim de concentrar

as energias do contratante na sua atividade-fim. Observe-se que este processo não

é um fim em si mesmo, mas um meio para o crescimento contínuo do contratante

(PRUNES, 1995).

Assim, tem-se a possibilidade de contratar empresas que prestem um

serviço, no mínimo igual, ou melhor, do que é executado internamente. A

terceirização vem sendo muito utilizada no mercado brasileiro de trabalho, na sua

fase secundária, em que se terceiriza a área-meio das empresas, ou seja, aqueles

serviços que não fazem parte dos objetivos sociais da empresa. São exigidas,

também, rapidez e qualidade, sendo que a empresa de serviços contratada deverá

realizá-lo exatamente como foi determinado pela sua contratante, dentro das

condições oferecidas. Estas características tornam essencialmente necessárias para

a concretização total do processo, tornando-se assim, contratante e contratados

totalmente parceiros (OLIVEIRA, 1996).

De acordo com Oliveira (1996), cabe ao contratante estabelecer alguns

pré-requisitos, que lhe permitem optar pela melhor empresa terceirizadora de acordo

com suas necessidades. Como exemplo pode-se citar: tipos de trabalho

desenvolvidos, número de funcionários e técnicos habilitados para a prestação de

serviços, treinamento e desenvolvimento, metodologia de trabalho, processos e

programas de qualidade e produtividade empregados em atividades assemelhadas a

serem controladas e, equipamento e materiais envolvidos.

No que se refere à limpeza de hospital merece um estudo mais detalhado,

uma vez que causa um impacto final no seu produto que é a limpeza, a desinfecção

ou outros serviços que visam manter o ambiente hospitalar em condições

adequadas para receber os seus usuários (pacientes, médicos, enfermeiras,

técnicos etc.).

Neste sentido, a terceirização dos serviços adotada pelos hospitais,

ressalta a necessidade de se ter um planejamento estratégico que defina caminhos

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de atuação. Poderão ser propostas mudanças organizacionais nas normas e

procedimentos, buscando mudanças de postura e quebra de paradigmas. Estas

mudanças levarão a empresa a uma maior eficiência e eficácia dos serviços em

benefício da população em todo ambiente hospitalar, como por exemplo,

especialização dos serviços; competitividade; busca de qualidade e controles

adequados; esforço de treinamento e desenvolvimento profissional; diminuição do

desperdício; e valorização dos talentos humanos; dentre outros.

Ressalte-se que o trabalho de limpeza em ambiente hospitalar é,

inquestionavelmente, uma das áreas mais sensíveis às implicações sociais e

laborais, refletindo prontamente na segurança e saúde das pessoas inseridas nesse

ambiente. Hodiernamente, em Santa Catarina, existem cerca de cinqüenta empresas

de prestação de serviço de grande porte, perfazendo uma frente de trabalho de, no

mínimo, quinze mil empregados (SEAC/SC, 2003).

Entretanto, tendo em vista o crescente processo de terceirização desses

serviços e as pessoas envolvidas nesse processo, faz-se necessário um estudo com

mais profundidade dos acidentes de trabalho em serviços terceirizados de limpeza

em ambiente hospitalar. Para Prunes (1995), o contratado deve ser responsável pela

adoção e uso das medidas coletivas, de caráter administrativo, de organização do

trabalho ou se necessário, individuais de proteção e segurança da saúde do

trabalhador. Estas medidas devem apresentar formas de mensuração, uma vez que

uma avaliação qualitativa não traz o resultado desejado, pois a abrangência e a

extensão do acidente de trabalho não são verificadas.

Portanto, a complexidade dos temas que envolvem a segurança

hospitalar exige um tratamento multiprofissional, tanto para a tomada de decisões

técnicas como para as administrativas, econômicas e operacionais. Os diversos

profissionais, em especial os administrativos, visando avaliar suas posturas frente

aos temas de segurança no ambiente de trabalho, devem analisar os seguintes

aspectos, conforme coloca Marcolino (1999):

- cumprimento das obrigações legais referentes à segurança do trabalho em níveis de segurança aceitáveis; - programas de treinamento e reciclagem adequados para uso da tecnologia hospitalar; - observância dos custos gerados com acidentes envolvendo empregados e clientes no ambiente hospitalar, buscando compatibilizá-los com os

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investimentos feitos nas áreas de aquisição, treinamento e uso de tecnologias; - observância do uso de equipamentos de segurança pelos empregados e dispô-los em número suficiente; - identificação dos riscos ambientais e, nos casos identificados, ações de correção; - disposição de ferramentas de trabalho em número suficiente e observância sobre o uso adequado destas pelos empregados, para garantir o funcionamento seguro dos equipamentos e sistemas; - existência de profissionais com dedicação exclusiva na área de segurança - cumprimento das disposições legais no tocante à existência de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT); - existência de uma lista de empresas prestadoras de serviços, que estejam aptas a prestar serviços aos equipamentos e instalações de acordo com as normas de segurança aplicáveis; - existência de ficha cadastral dos equipamentos existentes que indique a periodicidade dos testes de segurança e de desempenho dos mesmos; e, - planificação de reuniões periódicas, pelo menos mensalmente, com a comunidade de saúde, para discutir problemas de segurança existentes em sua unidade de saúde.

Sendo assim, o ambiente do trabalho adequado e seguro é um dos mais

importantes e fundamentais direitos do cidadão trabalhador, o qual, se

desrespeitado, provoca agressão a toda sociedade, que no final é quem custeia a

previdência social. Segundo Paulo Botelho (2003), mais de 5000 mortes ocorreram e

25.025 incapacitados surgiram do resultado de 428.072 acidentes de trabalho desde

1996 no Brasil, gerando custos da ordem de R$ 4 bilhões, conforme dados

estatísticos publicados pelo Ministério de Trabalho e Previdência Social (MTb).

Os números de acidentes do trabalho e doenças profissionais e do

trabalho são assustadores, destacando-se entre estas últimas, a surdez profissional,

as lesões por esforço repetitivo (LER), as doenças da coluna, a silicose, a

intoxicação por chumbo (saturnismo) e o manuseio de agrotóxicos nas lavouras. Em

conseqüência disso, o Brasil continua a figurar nos anais mundiais como recordista

em acidentes do trabalho, perdendo para países vizinhos da América Latina, como

por exemplo, a Argentina (Melo, 1997).

Diante do exposto e a partir da observação e análise das Comunicações

de Acidentes de Trabalho (CAT) e da legislação pertinente, ocorreu a demarcação

da ocorrência objetiva para edificação desta pesquisa: as causas dos acidentes de

trabalho no ambiente hospitalar.

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1.2 Definição do Problema de Pesquisa

A partir da demarcação das variáveis foi delimitado o problema de

pesquisa: Quais as causas dos acidentes de trabalho nos empregados dos serviços

de limpeza hospitalar terceirizado a partir da análise da CAT?

1.3 Objetivos da Pesquisa

1.3.1 Objetivo geral

Verificar se as variáveis constantes na Comunicação de Acidentes de

Trabalho têm relação com os Acidentes de Trabalho no serviço de limpeza

terceirizado em ambiente hospitalar.

1.3.2 Objetivos específicos

• Buscar na literatura, a teoria sobre o afastamento do empregado

por acidente de trabalho em ambiente hospitalar e na legislação

pertinente;

• Diagnosticar as atividades de empregado de prestadoras de

serviços de limpeza em ambiente hospitalar;

• Relacionar os acidentes de trabalho com as atividades dos

empregados;

• Demonstrar os acidentes de trabalho e suas características; e,

• Realizar a análise de correspondência com os dados obtidos.

1.4 Justificativa e Relevância da Pesquisa

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Este estudo se justificativa e se torna relevante, haja vista o elevado

índice de acidentes de trabalho nos serviços de limpeza terceirizados em ambiente

hospitalar. Este permite um diagnóstico com o intuito de demonstrar a relação

atividade / ambiente laboral.

Conforme os dados registrados no MTb, no primeiro trimestre de 2003 os

Acidentes de Trabalho relacionados à limpeza aparecem como um dos mais

freqüentes, como é demonstrado no Gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1: Acidentes de trabalho referentes à limpeza no primeiro trimestre de 2003. Fonte: Disponível em: <www.mtb.gov.br>. Acesso em: 10/5/2003.

Analisando os acidentes de trabalho fatais, no primeiro trimestre de 2003,

pode-se constatar que as categorias de conservação, manutenção e limpeza

constam entre as causas mais freqüentes, como pode ser observado no Gráfico 2 a

seguir.

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Gráfico 2: Acidentes de trabalho fatais referentes à categoria de conservação, manutenção e limpeza, no trimestre de 2003. Fonte: Disponível em: <www.mtb.gov.br>. Acesso em: 10/5/2003.

Ao se comparar os dados do MTb do ano de 2002, pode-se constatar,

também, que a área de limpeza ocupa com destaque uma das atividades que,

freqüentemente, gera acidentes de trabalho, fatais ou não, como pode ser

observado no Gráfico 3 a seguir.

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Gráfico 3: Acidentes de trabalho fatais referentes à atividade de limpeza no ano de 2002. Fonte: Disponível em: <www.mtb.gov.br>. Acesso em: 10/5/2003.

Neste contexto, percebe-se que nos dias de hoje a utilização de mão-de-

obra terceirizada cresceu consideravelmente e, dessa forma, faz-se premente em

capacitá-la para que assim possa desenvolver as tarefas requisitadas pelo cliente.

Este cenário reflete tão somente a idéia de que a terceirização é uma forma

alternativa viável de gerenciamento empresarial, visando o aprimoramento da

atividade-fim do contratante. Sendo assim, conhecer a sistemática de trabalho em

hospitais - no que diz respeito ao serviço terceirizado - pode resultar na redução do

índice de acidentes de trabalho.

Como proposta inicial, um diagnóstico geral dos serviços nessa área

permitirá a otimização gerencial e operacional. A crescente terceirização nosocomial

aumenta a necessidade de melhorar a qualidade de mão-de-obra, detectando e

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elidindo os diversos pontos desfavoráveis, vez que está se falando de segurança

hospitalar. Em decorrência, surge a necessidade de formação de uma postura

preventiva dos responsáveis pela segurança e saúde dos empregados, uma vez que

a postura corretiva não encontra benefícios (PRUNES, 1995).

A questão do “gerenciamento de segurança” tem motivado os

profissionais e estudiosos na busca das respostas aos seus questionamentos. Por

ser de caráter preventivo e tangendo a avaliação, mensuração e gerenciamento de

empregados em relação aos acidentes de trabalho, a adoção da Série SHT 9000 –

Normas para o Gerenciamento e Garantia da Segurança e Higiene do Trabalho se

faz premente (PERBONI, 2000), para a eliminação e prevenção dos acidentes de

trabalho (medidas preventivas, tratamento, indicadores do processo, reais

qualidades e deficiências do serviço executado).

Contudo, a produtividade desses serviços, em geral, carece de

mensuração, pois no caso da limpeza em ambiente hospitalar é realizada por

pessoas que tem limitações em todos os sentidos. Porém, cabe despertá-las para o

fato de que não são simples empregados, mas participantes de uma grande e

essencial empreitada. Assim, é papel dos gestores da área de segurança ocuparem-

se em zelar, continuamente, pela admissão de novos empregados, por sua

qualificação e por sua avaliação, embasada em uma avaliação correta para que este

fator seja atendido. Então, a avaliação deve ser entendida como um instrumento

necessário para mensurar os esforços da organização na direção de sua qualidade,

utilidade e relevância.

A resistência do empresariado em fazer ou não o gerenciamento de

segurança passou a ser, recentemente, assunto amplamente discutido, haja vista o

advento das Normas Série ISO 9000 e outras relacionadas à Saúde e Segurança do

Trabalhador. No que diz respeito à aplicação de uma metodologia para mensuração

dos processos em pauta, não há como questionar se uma avaliação quali-

quantitativa ressalta a capacidade decisória em relação à continuidade da execução

dos serviços em seu status quo.

Esta avaliação deve basear-se, tanto na objetividade das estatísticas,

quanto em um discernimento fundamentado na experiência e principalmente, pelo

fato da execução da tarefa atingir ao mesmo tempo o indivíduo e a sociedade. Na

tomada de decisão, tais aspectos devem ser considerados. Neste sentido, qualquer

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metodologia de avaliação de desempenho e prevenção de acidentes de trabalho,

desenhada para substituir as avaliações atuais, deverá atender concomitantemente

a objetividade e o discernimento.

Ressalta-se que nesta pesquisa não se pretendeu colocar a subjetividade

que é inerente às avaliações, como foco do estudo, mas sim, a análise das

informações obtidas através dos procedimentos avaliativos necessários à empresa

para tratamento preventivo dos acidentes de trabalho. A análise em questão se

justifica, pois as variáveis organizacionais, ambientais e do processo demonstram a

representação e a interpretação dos dados relativos aos indivíduos analisados por

diversos itens simultaneamente. A avaliação se dá de modo conjunto para todos os

itens, pois nenhum deles – individualmente - consegue caracterizá-los ou discriminá-

los de forma adequada ou integral nas suas ações, que geram acidentes de

trabalho.

Neste contexto, há uma necessidade flagrante de desenvolver um

diferencial neste setor, através da observação e análise de algumas relações, que

são notadamente prejudiciais ao funcionamento da empresa. A identificação dos

acidentes de trabalho e suas causas, o treinamento e capacitação dos empregados,

a busca da eficiência e eficácia nos serviços oferecidos, a produtividade e qualidade

no trabalho são fatores que devem permear qualquer relação de trabalho,

contribuindo, assim, para a redução dos acidentes de trabalho em ambiente

hospitalar.

A eficiência e eficácia no trabalho de qualquer empregado ou a venda de

qualquer produto (serviços terceirizados) são muito mais que pressupostos de uma

empresa. Segundo Cereijido (apud Caleffi 2002):

A eficiência, muito mais que um pressuposto da assim denominada administração gerencial, constitui dever, indeclinável e extensível a todo agente público. Cuida-se da busca contínua do aperfeiçoamento no desempenho das funções públicas que lhe sejam conferidas, tendo como ‘norte’ a consciência da extrema importância e relevância de cuidar daquilo que é de todos sem ser de ninguém, do bem, do patrimônio, que constitui precisamente a soma dos esforços coletivos que através de gerações vieram a construir um país.

Contudo, Ramos (2001, p.137) ressalta que “a ciência da administração

ensina que eficiência não se confunde com eficácia”. Enquanto a eficiência está

relacionada com “a excelência dos meios utilizados para a consecução dos objetos”,

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a eficácia refere-se “ao resultado, aos fins efetivamente perseguidos”. A autora

coloca que da conjugação destes fatores surge o conceito de efetividade, que “é

obtida com a adequação de meios e fins”. Sendo assim, a eficiência corresponde “à

otimização dos meios”, a eficácia “à consecução do fim esperado” (fazer a coisa

certa), e a efetividade “à conjugação destes dois fatores” (fazendo a coisa certa, de

maneira certa).

1.5 Limitações do Estudo

Toda pesquisa científica impõe limitações que não podem ser

desconsideradas e omitidas pelo pesquisador, e este estudo deparou-se com:

- Escassez de literatura específica sobre acidentes de trabalho nos

serviços de limpeza terceirizados em ambiente hospitalar;

- Hospitais, em estudo, sem registros (não comunicados) no que se

refere aos acidentes de trabalho nos serviços de limpeza terceirizados;

- Os sindicatos (laboral e patronal) não possuem qualquer registro sobre

perfil do empregado como: formação, idade, número de empregados

em limpeza em ambiente hospitalar, capacidade técnica das empresas

e, estatísticas de serviços terceirizados em nível nacional, estadual e

municipal; e,

- A análise se ateve as variáveis contidas na CAT (hora do acidente,

parte do corpo afetada etc.), porém, não há garantias de que o

preenchimento da mesma esteja isento de erros.

- A atualização do cadastro do empregados na empresa encontrava-se

em andamento.

- Devido a possibilidade de erros no preenchimento da CAT e a

atualização parcial do cadastro dos empregados foram consideradas

mais importantes as variáveis HAA (horas de jornada até o acidente),

LE (lesão), JT (jornada de trabalho), CAU (causa do acidente) e DP

(dias perdidos).

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1.6 Estrutura da Pesquisa

Este estudo está estruturado em cinco momentos. No primeiro, se aborda

a Contextualização do Tema, a Definição do Problema, os Objetivos, a Justificativa e

Relevância e a Estrutura da Pesquisa.

No segundo, uma Fundamentação Conceitual discorrendo,

historicamente, a produção do trabalho e suas transformações, cingindo,

primeiramente, a história na sua forma geral e logo após, passando a uma análise

mais específica, no Brasil. Após, aborda-se o histórico, conceitos e elementos

caracterizadores da terceirização, focando-a em um ambiente hospitalar, bem como,

os acidentes de trabalho, suas causas, as generalidades do acidente em hospitais,

com relação à segurança do empregado e a diminuição da reposição de mão-de-

obra.

Num terceiro momento, apresenta-se os Procedimentos Metodológicos

adotados, bem como a caracterização da Empresa em estudo.

Em seguida, um Estudo de Caso, com os Resultados e Análise dos

Dados Coletados.

Por último, as Considerações Finais, com as Conclusões e

Recomendações para Pesquisas Futuras.

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CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL

2.1 A Trajetória do Trabalho

Na Antigüidade, onde imperava o desprezo pelo trabalho manual, a base

material do florescimento das civilizações egípcias, hindu, chinesas, persas, greco-

romanas etc., foi fornecida pelo trabalho escravo. Paralelamente, havia grupos de

artífices livres e operários, quase sempre coligados em fraternidades, mas sem a

força motriz escravagista, seria impossível para a economia urbana do passado

manter-se.

Embora não pairem dúvidas sobre o fato de que o escravo é a mais

expressiva representação do trabalhador da Antigüidade, certos momentos, as leis

da época - como, por exemplo, a dos romanos - ofereciam uma organização de

trabalho diferenciada, que apresentava três aspectos distintos: o trabalhador

escravo, em que o homem se transforma em res, sujeito à vontade do seu

proprietário; o trabalho organizado em corporações, onde era um prenúncio ainda

vago, do sistema de produção medieval; e, o trabalho livre, que em geral era

gratuito, sem prejuízos ou recompensas, privilégios ou valores. Assim, o escravo era

considerado como uma “coisa”, portanto, não era considerado “sujeito de direito”,

pois era propriedade do dominus (MARTINS, 2000) (grifo nosso).

Além das cidades da Grécia e de Roma, existiram outras civilizações que

trouxeram um sistema de abrandamento do sistema rígido da codificação do

trabalhador. Russomano (1972, p.81) explica que:

Na Babilônia, graças ao Código de Hamurabi, o trabalhador mereceu tratamento mais suave resultante de reconhecimento, a seu favor, de certos direitos civis. Na legislação bíblica, postbíblica e talmúdica, em Israel, os artesões, na verdade, eram trabalhadores livres e os escravos obreiros recebiam pagamento, gozavam de repousos obrigatórios, sua escravidão era condicionada a prazo certo. No Talmud, inclusive encontravam-se

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normas de proteção do trabalhador, em caso de acidente do trabalho. Tais normas têm, no entanto, caráter excepcional. A escravatura é o traço que sublinha, em vermelho vivo, como característica principal, toda a organização econômica do trabalho na Idade Antiga.

A estrutura econômica escravocrata nada se assemelhava à livre iniciativa

ou à bilateralidade de interesses recíprocos. Com a predominância do trabalho

agrário, o regime da escravidão vai se transformando em um sistema de servidão,

no qual o trabalhador, pouco a pouco, personaliza-se.

A Idade Média (do século V até o século XV) foi marcada pelo regime

feudal, no qual os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, em

troca da prestação de serviços na terra dos mesmos (PEDRO, 1982)

As cidades, em torno do século XI, pouco a pouco foram se criando fora

dos limites da propriedade do senhor feudal, possuíam leis e costumes próprios,

sendo sua base econômica e estrutura social fornecidas pelo comércio, visto que os

burgos eram feiras que se fixaram e perpetuaram num determinado local. Nas

cidades, eram criados minúsculos, mas fundamentais centros de produção, as

chamadas corporações de ofício ou guildas e as compagnonages - as unidades de

trabalho na baixa Idade Média. Nestas corporações podia-se notar uma rígida

hierarquia, na qual o mestre ocupava a posição superior, seguido pelos

companheiros e estes pelos aprendizes (PEDRO, 1982).

Neste período, as jornadas de trabalho eram muito longas – cerca de até

dezoito horas diárias no verão, mas na maioria das vezes, terminava com o pôr do

sol, por questões de qualidade do trabalho e não para proteção dos aprendizes e

companheiros.

Russomano (1972, p.101) coloca, ainda, que “dentro do horizonte

medieval, já em um contexto pré-capitalista, existiu um terceiro modo de produção -

mercantilismo, na ocasião em que floresce o regime manufatureiro”. Neste sentido,

Russomano diz, ainda, que:

As manufaturas eram empresas semi-artesanais, isto é, pouco mecanizadas, cujo estabelecimento e funcionamento dependiam da autorização do real. Ao contrário do que ocorria nas corporações, o regulamento administrativo pelo qual se regiam emanava não do seu próprio seio, mas da autoridade do rei, acentuando-se não mais os interesses profissionais dos trabalhadores, mas sim os interesses da produção. Desaparece a hierarquia, fulcro do sistema corporativo: reunidos no mesmo local, trabalham todos sob as ordens do empresário, mediante certa

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remuneração. Como se pode observar, esboça-se regime salarial: o trabalhador recebe um pagamento pelo serviço prestado. Entretanto, o trabalho realiza-se em condições que independem de sua vontade, algo que o capitalismo, pelo menos no plano ideológico, condena.

Para Gomes (apud, Russomano, 1972, p.93) no regime manufatureiro

“a relação de trabalho oferece caracteres que ora se assemelham à relação travada

na organização corporativa, ora à aproximação da relação contraída na organização

capitalista”.

Portanto, todas as atividades econômicas e demais aspectos da vida

material, política, artística e religiosa sofreram influências deste crescimento

comercial europeu. No século XV, o comércio teve um crescimento extraordinário,

como conseqüência das modificações ocorridas na sociedade feudal européia, o

qual proporcionou um crescimento da população, um aumento das cidades, o

desenvolvimento das atividades manufatureiras, o aumento da importância cada vez

maior do grupo de mercadores e a modificação das relações de trabalho, que

culminaram com o fim da idade média.

Com o advento da Idade Moderna, esta é considerada como um momento

de revolução social, cuja base desta alteração foram as mudanças na mentalidade

dos homens, que foram influenciados pelo Renascimento. Este período da história

européia compreendeu-se entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna

(séculos XIV e XV), que transformou profundamente a vida econômica, política,

social, religiosa, científica e cultural da época. Sendo assim, esta ruptura

transformou a base da produção do trabalho, que passou do modo de produção

feudal para o modo capitalista (PEDRO, 1982).

Segundo Martins (2000), nesta época ocorreram dois grandes

movimentos - Revolução Industrial e Revolução Francesa – e estes dois

acontecimentos têm justificada rememoração, em face da colaboração prestada na

compreensão da solução dos conflitos resultantes da relação

empregado/empregador. O processo de industrialização acelerou as mudanças na

sociedade do século XVIII, ressaltando que a sua principal contribuição foi uma

inovação tecnológica, que culminou com as condições para o desenvolvimento da

economia capitalista e a Revolução Francesa que influenciou o mundo da política e

consistiu na luta da burguesia em busca do aniquilamento total da sociedade feudal

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e da afirmação da sociedade liberal burguesa - basicamente capitalista (MARTINS,

2000).

Conforme Nascimento (1998, p.40), estes movimentos não tiveram a

mínima preocupação com a classe trabalhadora, “seus objetivos eram todos

convergentes no sentido de assegurar a prevalência da burguesia, eliminando

qualquer tipo de organização intermediária entre o Estado e o indivíduo”.

O autor coloca, ainda, que as Compagnonages, que ainda existiam com

seus ideais reivindicatórios e claramente contrários ao corporativismo, aliados às

tendências liberais que surgiram com a Revolução Francesa, despertaram nos fins

do século XVIII uma campanha para a extinção das corporações. Este movimento

fez com que fossem editadas inúmeras medidas legislativas proibindo as

Corporações de Ofício, mas na prática seu fim definitivo se deu com a edição, em

1791, de uma lei francesa que defendia a liberdade de comércio e de indústria.

Pode-se observar que a Idade Moderna caracterizou-se como sendo um

período histórico em que o regime econômico era capitalista. A sociedade era

dividida entre nobreza e burguesia, a mentalidade foi modificada pelo Renascimento

e o Estado era absolutista monárquico.

Martins (2000) coloca que, com a influência da Revolução Industrial e da

Revolução Francesa, surge uma nova estruturação produtiva, a qual pode é formada

de proprietários (burguesia) e proletários (vendedores de força de trabalho). A partir

de então, a sociedade começou a ser regida pelos ideais do individualismo e do

liberalismo econômico.

O Estado, que surgiu fiel à filosofia liberal, não interferia nas relações

entre empregados e empregadores. Assim, com a permanente omissão do Estado

nos conflitos entre empregado e empregador, começaram a surgir os movimentos de

associações entre os trabalhadores, como forma de defesa contra a exploração de

seus patronos. Como conseqüência destes movimentos contemporâneos surgiu a

contestação do liberalismo, constituindo um período de crítica e desafio à livre

atuação da burguesia e fazendo com que esta percebesse que para a manutenção

do poder haveria de, forçosamente, limitar a atuação dos patrões em relação a seus

empregados.

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A partir desta fase, segundo Nascimento (1998), assiste-se a uma

crescente intervenção do Estado nas relações trabalhistas, restringindo,

paulatinamente, a autonomia da vontade e reconhecendo alguns direitos aos

trabalhadores, dos quais dar-se-á como exemplo, a caderneta agrícola, que conferiu

privilégios para o pagamento de dívida proveniente de salário dos trabalhadores

rurais.

Na seqüência da história, segundo Nascimento (1998), em 1927, foi

instituída na Itália a Carta del Lavoro, que foi base dos sistemas políticos

corporativistas não só da Itália, mas da Espanha, de Portugal e do Brasil, tendo

como princípio, a intervenção do Estado na ordem econômica, o controle do direito

coletivo do trabalho e, em contrapartida, a concessão, por lei, de direitos aos

trabalhadores.

Desta forma, o Direito do Trabalho consolidou-se como uma necessidade

do ordenamento jurídico, em função das suas finalidades sociais, que o caracterizam

como uma regulamentação jurídica das relações de trabalho e se desenvolvem nos

meios econômicos de produção de bens e prestação de serviços.

Conforme Gomes (2000), as normas trabalhistas, no período

contemporâneo, embora mantendo os seus objetivos iniciais de tutela do

trabalhador, passaram a desempenhar, também, uma função coordenadora dos

interesses entre o capital e o trabalho. As leis trabalhistas de defesa dos interesses

dos assalariados passaram a conviver com outras normas destinadas a solucionar

questões próprias de épocas de crise. É o caso da estabilidade no emprego, cujo

rigor foi abrandado. Na França, a lei de dispensa coletiva de empregados, antes

condicionada à autorização da inspeção trabalhista, foi alterada para a inexigência

dessa autorização.

Inicialmente vigorou no Brasil o regime produtivo escravocrata, em que o

escravo era considerado apenas uma “coisa”, não tendo qualquer direito, muito

menos trabalhista, “tratando-se de uma população sem meios, nem recurso algum,

ensinada a considerar o trabalho como ocupação servil, sem ter onde vender seus

produtos” (GOMES, 2000).

Como se pode constatar, as melhorias de ordem trabalhista no Brasil só

tiveram relevância a partir do momento em que houve a Abolição da Escravatura,

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em 1888, a Proclamação da República, em 1890, e o advento do Conselho

Permanente de Comissão e Arbitragem, em 1907. Este último caracterizou-se por

iniciativas que, embora sem maiores realces, contribuíram para o ulterior

desenvolvimento da legislação do País.

Entretanto, segundo Gomes (2000), as transformações que vinham

ocorrendo na Europa, em decorrência da Primeira Guerra Mundial, incentivaram a

vinda de imigrantes para o Brasil, dando origem aos movimentos operários que

reivindicavam melhores condições de trabalho e salários. Contudo, cabe esclarecer

estes imigrantes, primeiramente, trabalharam na agricultura e depois começaram a

migrar para o centros urbanos, concentrando-se, principalmente, nos centros

industriais. Os operários existentes nas indústrias brasileiras eram, na sua maioria,

italianos, portugueses e espanhóis.

Gomes (2000) coloca que os ideais anarquistas, socialistas e comunistas

trazidos da Europa pelos imigrantes levaram à formação de movimentos políticos.

Estes tinham cunho reivindicatório, em razão dos abusos dos empregadores e pela

falta de leis que protegessem o trabalhador. Nos primeiros anos da República, as

greves eram esporádicas, mas após o ano de 1900, o protesto era presenciado, em

grande escala, em toda extensão brasileira. A ação anarquista foi intensa, com

reflexos no âmbito trabalhista, especialmente, sobre o movimento sindical.

Entre os anos de 1903 e 1907 surgiram as primeiras Normas Jurídicas

Reguladoras sobre os sindicatos, que pretendiam criar um espírito de harmonia

entre empregador e empregados, incentivando, assim, a solução pacífica dos

conflitos trabalhistas.

Segundo Martins (2000), para que estes conflitos fossem resolvidos

pacificamente, foi prevista a criação de sindicatos ligados por Conselhos

Permanentes de Conciliação e Arbitragem, destinados a dirimir divergências e

contestações entre capital e trabalho. O que se visava principalmente era a criação

de um mecanismo permanente para a solução de disputas trabalhistas, através da

conciliação e da arbitragem.

Fleischmann (2000) relata que nos primórdios da justiça do trabalho no

Brasil, a solução dos conflitos trabalhistas estava vinculada ao ordenamento jurídico

civil e comercial, com competência da magistratura ordinária federal. Durante a fase

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compreendida entre 1830 e 1850, a legislação estabelecia o rito sumaríssimo para

causas vinculadas à locação de serviços, sendo competente para o julgamento dos

conflitos os juízes comuns.

Mas, em 1922, foi instituída a primeira experiência de um órgão

especializado para dirimir litígios trabalhistas, em São Paulo, com a Constituição de

Tribunais Rurais, que eram compostos por Juiz de Direito da Comarca,

representante dos trabalhadores e dos fazendeiros.

Contudo, com o crescimento dos conflitos entre empregador e

empregados, houve o registro da criação da Junta de Conciliação e Julgamento,

através do Decreto nº 22.132/32, que foi modificado pelo Decreto nº 24.742/34. Esta

Junta passou a julgar os dissídios individuais do trabalho, sem poderes, entretanto,

para executar suas decisões. Cabe ressaltar, ainda, que a execução da sentença

dos conflitos trabalhistas realizava-se na justiça comum, perante o Juiz de direito da

Comarca em que se situava a Junta ou Comissão (FLEISCHMANN, 2000).

Com a promulgação da Constituição de 1934, em seu art. 122, ficaram

estabelecidos pontos para a solução dos conflitos entre empregados e

empregadores, que:

Art. 122 - Para dirimir questões entre empregadores e empregados, regidas pela legislação social, fica instituída a Justiça do Trabalho. Parágrafo Único - A constituição dos Tribunais e das Comissões de Conciliação obedecerá sempre ao princípio da eleição de seus membros, metade pelas associações representativas dos empregados e metade dos empregadores, sendo o Presidente da livre nomeação do Governo, escolhido dentre pessoas de experiência e notória capacidade moral e intelectual.

Além destas questões trabalhistas citadas na Constituição de 1934, esta

instituiu, ainda, o sistema da pluralidade sindical. Contudo, houve críticas quanto ao

seu artificialismo e a criação de sindicatos de carimbo, existentes apenas no papel.

Dessa forma, as leis trabalhistas cresceram esparsas e desordenadas, de

modo que a Justiça do Trabalho somente adquiriu a característica de organismo

judiciário autônomo através do Decreto-Lei nº 1.237/39, regulamentado pelo Decreto

nº 6.596/40, com vigência a partir de 1º de maio de 1941. Surgia, assim, a Justiça do

Trabalho, independente do Poder Executivo e sem vínculo com a justiça comum,

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entretanto, sua integração ao Poder Judiciário ocorreu somente com o advento da

Constituição de 1946 (NASCIMENTO, 1998).

Contudo, com o advento da Constituição Federal de 1967 e a Emenda

Constitucional de 1969, o legislador atribuiu à Justiça do Trabalho maior autonomia.

Dessa forma, estabeleceu-se a solução definitiva de todos os processos no seu

próprio âmbito, com a possibilidade de interposição de recurso para o Supremo

Tribunal Federal, somente nas hipóteses em que a decisão do Tribunal Superior do

Trabalho fosse contrária à Norma Constitucional.

Porém, a mutabilidade e a dinâmica da ordem trabalhista exigiam

constantes modificações legais. Diante disso, a Constituição Federal de 1988, nos

seus arts. 7 a 11 tratam especificamente de direitos trabalhistas. A nova constituição

mantém fundamentos do sistema corporativo sindical (unicidade sindical,

contribuição compulsória e competência normativa da Justiça do Trabalho),

existentes desde 1930. Avançou determinando significativas mudanças no tocante à

organização sindical brasileira, porém, o panorama brasileiro, por ser dinâmico,

tende a modificar-se, a fim de promover novas reformas e acompanhar os ditames

da sociedade. Não é, pois, sem razão, que a questão relacionada ao meio ambiente

do trabalho foi realçada como direito social dos trabalhadores, conforme reza o art.7,

da Constituição Federal de 1988, em seu Inciso XXII, que contempla a redução dos

riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança

(Constituição Federal, 1988).

Percebe-se, então, que a população mundial e a atividade econômica,

nesses últimos cinqüenta anos, praticamente triplicaram, surgindo uma

diversificação sem proporção dos postos de trabalho, vindo demonstrar que a

humanidade está na busca irremediável do progresso econômico. Com isso,

paradoxalmente, o ambiente do trabalho tem sido colocado em plano secundário,

prejudicando a qualidade de vida de milhares de trabalhadores que lutam não mais

por empregos, mas por oportunidades de trabalho (FLEISCHMANN, 2000).

Em 1967, surgiram as Normas Regulamentadoras (NR), que tinham o

objetivo de prevenção no ambiente do trabalho. Esta prevenção é compelida, por

força da NR-9, do MT, a elaborar e implementar o Programa de Prevenção dos

Riscos Ambientais (PPRA), documento obrigatório para quem desejar contratar

trabalhadores sob o regime da CLT, objetiva proteger a integridade física e a saúde

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do trabalhador. Seu subitem 9.1.5 especifica os agentes que dão origem aos riscos

ambientais, cuja prevenção é seu objetivo.

A legislação infraconstitucional protetiva do ambiente de trabalho, além

daquela disposta na Lei nº 6.938/81, pode ser encontrada na CLT, em especial em

seu Título II, Capítulo V, que trata da Segurança e Saúde do Trabalhador e no Título

III, que trata das Normas Especiais de Tutela do Trabalho, nas Portarias do

Ministério do Trabalho, mais particularmente na Portaria nº 3.214 de 08 de junho de

1978, que aprova as Normas Regulamentadoras relativas à Segurança e Medicina

do Trabalho, nas Leis nsº 8.212/91 e 8.213/91, entre outras.

A Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, introduziu importantes

alterações no Capítulo V do Título II da CLT, ao disciplinar a “Segurança e a

Medicina do Trabalho”. O art. 200 da CLT deferiu ao MTb, especial tarefa de

estabelecer e complementar as normas, haja vista as peculiaridades de cada

atividade ou setor. Esta competência regulamentar deu origem à Portaria nº 3.214,

do MTb, de 08 de junho de 1978, que aprovou as 28 NR’s, que tratam dos mais

variados assuntos.

Neste amplo contexto não se pode negar que em face do reconhecimento

constitucional das convenções e acordos coletivos de trabalho, conforme se pode

observar no inciso XXVI, do art. 7º, da CF de 1988, as categorias profissionais têm

conquistado, cada vez mais, melhores condições de trabalho. Embora estes acordos

não sejam ainda ideais, em muito têm contribuído para a melhoria da qualidade de

vida dos trabalhadores nos ambientes de trabalho insalubres, perigosos ou penosos.

Conforme reza o art. 114, da CF de 1988, o descumprimento das normas

que protegem o empregado legitima o mesmo, por si ou por quem os substitua

legalmente, a buscar um comando judicial perante a Justiça do Trabalho, devido a

relação contratual de trabalho subordinado.

Em seu art. 58, §3º, a Lei nº 8.213/91 preconiza:

A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 da mesma Lei.

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Isto é, deve haver avaliação técnica do meio ambiente laboral, através de

laudos atualizados, para que se possa informar com a necessária precisão aos

trabalhadores sobre quais riscos existem no meio ambiente laboral da empresa.

Ou seja, além de informar aos empregados sobre os riscos existentes,

esta informação prestada pela empresa deve ser atualizada e de qualidade

comprovada. Somando a isso, o §1º, do art. 19, da Lei 8.213/91, assim dispõe: “a

empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de

proteção e segurança da saúde do trabalhador”.

A recusa injustificada do trabalhador em observar estas obrigações,

inclusive aquela que diz respeito ao uso dos equipamentos de proteção individual,

que fornecidos pelo empregador, constitui um ato faltoso punível com justa causa,

na forma do art. 158, Parágrafo Único, da CLT.

Concluindo este item, é claro que as condições salubres, seguras e

higiênicas de trabalho são os direitos trabalhistas indisponíveis do trabalhador,

alcançadas após uma longa trajetória em conjunto com a evolução das sociedades.

2.2 O Processo de Terceirização dos Serviços na Área da Saúde

Historicamente identificou-se um comportamento empresarial no sentido

de alcançar toda a cadeia produtiva de determinado setor, como obtenção de um

melhor resultado. As empresas, além de seu mister, acoplavam todas as atividades

paralelas que dissessem respeito ao seu negócio. Significa dizer,

exemplificativamente, que além do produto final desejado, os empreendedores

buscavam produzir a matéria-prima do produto final, as partes que o compunham, a

embalagem, as vendas, a distribuição, a entrega etc. Com isso englobavam todas as

atividades paralelas e relacionadas ao negócio original, visando uma melhora no

resultado lucrativo da empresa.

A crise dos tempos modernos levou o setor produtivo a buscar novas

alternativas para não sucumbir ante a nova realidade, a atual conjuntura econômica

de crise levou ao surgimento do que se convencionou chamar de terceirização, que

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surge como forma alternativa de gerenciamento empresarial, visando o

aprimoramento da atividade fim da empresa.

Novos nichos de mercado para o pequeno capital estão surgindo na

economia. As empresas que antes se encarregavam de produzir todos os elos de

sua cadeia produtiva, agora estão sendo forçadas a transferir, para terceiros, suas

atividades meio – é o chamado processo de terceirização. A partir daí, passou-se a

transferir para terceiros a incumbência pela execução das atividades secundárias.

Surge o outsourcing (terceirização), que foi adotada de forma plena pelas empresas.

Segundo Prunes (1995, p.19), terceirização é vocábulo não contido nos

dicionários e que seria um neologismo.

Terciarin seria originário do ordinal tertiarin, [...] que seria o estranho a uma relação entre duas pessoas. Terceiro é o intermediário, o interveniente [...]. Não fica restrita a serviços, podendo ser feita, também, em relação a bens ou produtos.

O empresário que não souber seu significado é, desde já, candidato ao

fracasso, neste final de milênio. O termo foi criado, em meados da década de 80,

pelo então Superintendente da Riocell, Aldo Sani, numa alusão aos conhecidos

contratos de terceiros. Mas o termo que se popularizou, e pelo qual o instituto é

conhecido nacionalmente, é o de terceirização, embora lá fora, o fenômeno seja

denominado de outsourcing.

Segundo Ramos (2001, p.122), o conceito de terceirização no âmbito do

Direito Administrativo e que ora se cogita é:

Aquela em que o gestor operacional repassa a um particular, por meio de contrato, a prestação de determinada atividade, como mero executor material, destituído de qualquer prerrogativa de poder público. Não se cuida de transferência de gerenciamento do serviço público, mas de mera prestação de serviços.

A posição de doutrinadores como Pedro Vidal Neto e Octávio Bueno

Magano, sobre terceirização, os quais descrevem que somente uma atividade-meio

pode ser terceirizada. A atividade secundária foi colhida na obra de Ramos (2001,

p.50-51) como:

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A transferência a terceiros de atividades anteriormente a cargo da própria empresa reconhece duas vertentes para o conceito que englobam a transferência de toda e qualquer atividade ou apenas da atividade-meio. Acresce que o direito brasileiro entende válida apenas a terceirização da atividade-meio. A transferência para outras organizações de certos serviços ou atividades, que se põe como atividade-meio, para que uma empresa possa desenvolver suas atividades fins.

A intensidade da utilização da subcontratação atualmente é que

realmente é algo novo. Como já foi dito, as novas condições de exigência de

mercado levam a uma necessidade inafastável de melhora no desenvolvimento

empresarial, seja ela de bens ou de serviços. Para tanto, o foco da atividade

empresarial deve centrar-se no seu objeto social. Toda a sua atividade, criatividade

e dedicação devem estar na chamada atividade-fim; e, dessa forma, poderá buscar

maior produtividade, qualidade, e adequação no desenvolvimento do seu objeto

principal.

Dizendo de outra forma, tudo aquilo que não for a sua atividade-fim

poderá ser entregue e contratado a um terceiro, o qual poderá dessa atividade, bem

ou serviço fazer um melhor resultado, porque para a empresa ou pessoa física

contratada, essa é a sua atividade-fim. A contratação deve ser especializada, tanto

da empresa como da mão-de-obra da pessoa física. Significa então entregar a um

terceiro especializado - alheio aos quadros da empresa - parte acessória da

atividade empresarial ou do serviço que lhe seja necessário, buscando redução de

custos, aprimoramento de sua atividade-fim e, conseqüentemente, aumento do seu

lucro.

As grandes mudanças no setor de serviços no Brasil ocorreram em dois

momentos: na década de 30, com a industrialização e, agora, com o processo de

terceirização. Muito embora esta tenha surgido logo a pós a eclosão da Segunda

Guerra Mundial, ou seja, a pouco mais de cinqüenta anos, pode-se observar em

todos os meios de produção esse processo de gerenciamento, pelo qual se repassa

alguma atividade para terceiros, representando uma técnica moderna de

administração com critério de aplicação (início, meio e fim); uma visão temporal

(curto, médio e longo prazo); e, uma ótica estratégica, dimensionados para alcançar

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objetivos determinados e reconhecidos pela organização. Nesta nova administração

as atenções são dirigidas para o cliente.

As pequenas e médias empresas foram as primeiras a entrar neste

processo de terceirização, por serem as mais ágeis e por terem percebido a

necessidade de mudança, conquistando espaço neste mercado, porém, as grandes

organizações começaram a fazer uma reflexão para continuar no mercado de forma

competitiva.

O crescimento da terceirização parece que foi impulsionado nos últimos

anos por um certo modismo, que teve seu início por volta de 1993. Foi quando

algumas empresas, animadas com os conceitos da re-engenharia, a adotaram como

uma possível resolução para o aumento da produtividade interna. Porém, a grande

maioria dessas empresas não obteve os resultados desejados, e com isso, voltar à

estrutura antiga foi inevitável e dessa experiência restou o aprendizado. Mas, a

maioria não abandonou a idéia, porém está utilizando esses serviços de forma mais

comedida, pois descobriram que não se deve terceirizar áreas estratégicas de

produção, que possam comprometer o seu produto, e que o custo operacional nem

sempre é reduzido quando se terceiriza os serviços.

Entretanto, inúmeras outras empresas utilizam a prestação de serviços de

terceiros e estão obtendo bons resultados. Nesse caso, a terceirização faz parte da

filosofia da empresa, que tem metas bem definidas e regras claras, sustentadas num

rigoroso controle do processo e só trabalham com fornecedores organizados, com

alto padrão de qualidade.

Para a sobrevivência da empresa (fornecedora) nessa área, faz-se

necessário que esteja preparada para enfrentar a concorrência global, ou seja,

precisa saber exatamente qual é o seu papel. Alguns aspectos devem ser levados

em consideração: oferecer à empresa contratante um serviço especializado, que lhe

seja prestado de forma, no mínimo, igual, ou melhor, do que ela executa

internamente, possibilitando que a mesma se especialize em suas atividades-fim e,

conseqüentemente, estimule o aumento da produtividade; e, para a empresa

contratada cabe a rapidez, qualidade, execução em tempo recorde, onde a mesma

deverá realizar suas incumbências exatamente como foi determinado pela sua

contratante. Dessa forma, com a terceirização, algumas empresas perceberam que -

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num primeiro momento - conquistaram uma “certa” tranqüilidade, com especialistas

realizando os serviços periféricos, trazendo mais eficiência.

Conforme Oliveira (2000, p.25), a terceirização poderia ser dividida e,

estágios:

- Inicial: em que a empresa repassa a terceiros as atividades que não são preponderantes ou necessárias, como restaurantes, limpeza e conservação, vigilância, transporte, assistência contábil e jurídica, etc.; - Intermediário: quando as atividades terceirizadas são mais ligadas indiretamente à atividade principal da empresa, como manutenção de máquinas, usinagem de peças; e, - Avançado: quando são terceirizadas as atividades ligadas diretamente à atividade da empresa, como de gerenciamento de fornecedores, de fornecimento de produtos, etc. Este seria a terceirização na atividade-fim da empresa (grifo nosso).

O governo brasileiro seja em nível municipal, estadual ou federal, tem

considerado o processo de terceirização como uma forma adequada de proceder

mudanças estratégicas/operacionais nos órgãos públicos. No que tange ao ambiente

econômico, fez com que a estrutura de custos internos fosse adaptada à nova

sistemática, avaliando, com freqüência, os custos terceirizados em relação aos

custos despendidos pela atividade interna.

Assim, a modernização do setor público é um caminho irreversível.

Devido a grave crise econômica mundial faz-se premente uma definição do modelo

do papel do Estado, com seus mecanismos lentos, burocráticos e ineficientes. Será

preciso travar desafios políticos e corporativistas, objetivando modificar o status quo

do Estado, em prol de uma nova administração pública direcionada para atividades

que beneficiem diretamente a sociedade. Com o objetivo de otimizar a

gerenciamento vem em auxílio da qualidade, produtividade e redução de custos da

máquina pública.

O Estado, como o maior comprador de serviços, estaria propiciando o

surgimento de pequena e média empresa que atuariam em serviços terceirizados,

desencadeando uma cadeia de ofertas de mão-de-obra e de novas empresas para

atender esta demanda, culminando com o aumento da arrecadação para o Estado.

Entretanto, são empresas sem tecnologia, com mão-de-obra sem

qualificação e treinamento, com graves problemas operacionais, o que torna

complexo e complicado o controle da prestação destes serviços. Porém, estes

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problemas causam uma inversão do princípio básico de terceirização, diminuindo a

qualidade dos serviços prestados, bem como, o desenvolvimento constante da mão-

de-obra, tecnologia e métodos de gerenciamento.

O fator eficiência e eficácia da empresa são os principais objetivos, mas

nenhum modismo pode competir com “qualidade” e “produtividade”. Segundo

Meirelles (2001, p.90), o princípio da eficiência exige que:

A atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos [...] e satisfatório no atendimento das necessidades.

Neste sentido, Moraes (apud Caleffi 2002) ratifica o pensamento de

Meirelles e complementa dizendo que o princípio da eficiência se respalda em

fatores como qualidade, rentabilidade, produtividade e economicidade, devendo ser

aplicado em todas as ações por parte da empresa contratada. Diante disso, segundo

Ramos (2000), os objetivos da terceirização são: competitividade; simplificação da

estrutura; qualidade; produtividade; e, desverticalização.

Assim, as empresas entram com a terceirização num processo de

“desinchaço” (downsizing), tornando suas estruturas mais ágeis, simples e flexíveis,

pois somente através da redução dos níveis hierárquicos é que se conseguirá

enxugar o organograma e agilizar a tomada de decisões.

Estudos como o de Davis, Ramos e Fraga (apud Caleffi, 2002)

demonstram que muitas vezes, o aumento dos custos de pessoal com a

terceirização, em média 10%, é plenamente compensado pelo aumento dos níveis

de produtividade e qualidade, pois o empregado terceirizado rende mais que o

antigo funcionário da empresa. Esta é, sem dúvida, a principal vantagem da

terceirização, pois ela irá reduzir os custos fixos, decorrentes da manutenção de

empregados na área-meio (contador, programador, advogado etc).

Isto porquê, a empresa deixará de adquirir equipamentos e materiais para

as atividades secundárias. Poderá vender ou alugar os equipamentos existentes,

transformando-os em capital de giro que poderá se relocado nas áreas-chave da

empresa e, assim, maximizar a sua produção.

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Muitos têm sido os óbices argüidos contra a terceirização, assim como

muitas têm sido as vantagens resultantes. Dentre elas pode-se destacar uma

estrutura empresarial mais enxuta, a ponto de evitar desperdícios; redução dos

custos trabalhistas; e, concentração dos investimentos e especialização na

atividade-fim (OLIVEIRA, 1996).

Entretanto, a multiplicidade de locais onde se desenvolvem as atividades

dos trabalhadores - a revelar um complexo de condicionantes nem sempre

uniformes - dificulta o estabelecimento de um conceito preciso do meio ambiente

laboral, o gerenciamento de riscos no que se refere aos Acidentes de Trabalho,

entre outros fatores fundamentais na manutenção da qualidade dos serviços

oferecidos.

O aumento dos riscos em acidentes de trabalho pode ser uma das

desvantagens da terceirização, pois não se deve implementar um processo de forma

improvisada e imediatista, visando exclusivamente a redução de custos. É

fundamental que seja encarado como uma forma mais eficaz de administrar os

recursos, a fim de que se dê uma maior flexibilidade e competitividade à empresa.

Assim, não se pode impor este processo de cima para baixo, é preciso envolver as

chefias intermediárias e colocar o assunto na ordem do dia, seja através de artigos

no jornal interno, e-mail, debates etc., a fim de desmistificar a idéia de que a

terceirização é sinônimo de demissão, pois a maioria dos empregados poderá ser re-

aproveitada pelas empresas terceiras. Outrossim, a ausência de especialização do

empregado foi, por algum tempo, encarada como um aspecto negativo, mas hoje, as

empresas estão investindo no empregado polivalente, que conhece mais de uma

tarefa (OLIVEIRA, 1996).

A empresa que decide delegar suas atividades secundárias sob o

gerenciamento de organizações especializadas, tem como foco central o aumento

da produtividade. Para tanto, são estipuladas metas a serem alcançadas com esse

procedimento, tais como desenvolvimento econômico, especialização dos serviços,

competitividade, qualidade, controles adequados, aprimoramento do sistema de

custeio, treinamento e desenvolvimento profissional, diminuição do desperdício,

valorização dos talentos humanos, agilidade das decisões, menor custo, maior

lucratividade e crescimento.

Segundo Oliveira (1996), não se pode negar que a terceirização:

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Vem a ser uma forma de modernização das relações trabalhistas, implicando, inclusive a própria sobrevivência da empresa, em função da necessidade da diminuição de custos operacionais (parceria e cooperação para a produção de bens e serviços para o mercado) [...].

Diante disso, concorda-se com Prunes (1995, p.150-153), quando diz que

a terceirização é, hoje, “um dos instrumentos principais para a diminuição do nível de

desemprego dos países em desenvolvimento”, vez que flexibiliza as relações

trabalhistas e possibilita o aparecimento de pequena e média empresa prestadora

de serviços especializados, promovendo o aumento no nível de qualidade,

produtividade e competitividade das empresas terceirizadas. Além disso, há uma

real diminuição dos seus custos fixos, que se transformam em variáveis, liberando o

capital anteriormente concentrado no imobilizado da empresa, bem como reduzindo

os gastos da folha de pagamento.

2.3 Os Acidentes de Trabalho no Serviço de Limpeza do Ambiente Hospitalar

Por trás da simplicidade aparente das atividades de limpeza no ambiente

hospitalar, não é mostrado um universo de riscos e acidentes. A área da saúde é

uma das mais sensíveis às implicações sociais e laborais, refletindo prontamente na

segurança e saúde das pessoas inseridas neste ambiente.

O ambiente de trabalho é o local onde se desenvolve a prestação dos

serviços e, também, o ambiente reservado pelo empregador para o descanso do

empregado. É fundamental ser dotado de condições higiênicas básicas, regras de

segurança capazes de preservar a integridade física e a saúde dos empregados,

com a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o domínio dos riscos concretos

ou potenciais existentes (MAIA 2000).

Conforme, manual do Ministério da Saúde - Processamento de Artigos e

Superfícies em Estabelecimentos de Saúde - 2a Edição, o setor de higiene e limpeza

hospitalar é o responsável por toda a remoção de sujeiras, detritos indesejáveis e

microorganismos presentes no ambiente hospitalar, mediante a utilização de

processo mecânico e químico. O principal requisito do processo de limpeza

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hospitalar é a segurança dos pacientes e empregados contra infecções e acidentes.

As equipes de limpeza hospitalar devem receber forte treinamento para procurar

atender aos requisitos da organização, além de aplicar melhoria constante de

métodos, produtos de limpeza e do tratamento do lixo hospitalar, de forma a evitar

focos de contaminação e infecção acidental.

A valorização dos procedimentos de limpeza, formação do pessoal e sua

valorização, implica diretamente em um melhor ambiente de trabalho, menor taxa de

infecção hospitalar e conseqüentemente um grande caminho em busca da qualidade

na área da saúde (DEFFUNE, 1997).

A Universidade de São Paulo, recomenda que as áreas hospitalares

devem ser desenhadas de modo a permitir fácil limpeza e que a superfície das

bancadas e paredes sejam impermeáveis à água e sem reentrâncias. Esse

somatório de cuidados deve, necessariamente, iniciar nos projetos de construção

para que o setor de higiene e limpeza não tenha que reinventar formas de limpeza e

eliminar os riscos.

Excetuando-se os riscos e os problemas arquitetônicos apontados, os

manuais sobre limpeza hospitalar têm prelecionado que “um programa de limpeza e

manutenção deve ser estabelecido para cada área, equipamento e

superfície”(Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública).

Mauro (apud Guedes 2003) aponta como fatores de riscos mais

freqüentes no trabalho em ambientes hospitalares: pisos escorregadios; limpeza

incorreta; iluminação e ventilação inadequadas; equipamentos elétricos sem

proteção; ausência de válvula de segurança para gases; uso de cigarro em áreas

inflamáveis; quebra, contaminação e utilização inadequada de produtos;

levantamento de peso excessivo; não adaptação do empregado à sua função; e,

eliminação incorreta dos resíduos hospitalares (grifo nosso).

Entre outros serviços executados nos hospitais (por exemplo: lavanderia),

a limpeza hospitalar é um serviço de apoio ao atendimento ao paciente. Na sua

operacionalização, é freqüente que os trabalhadores desse serviço enfrentem

problemas no que diz respeito às condições ambientais e organizacionais. Essas

condições oferecem riscos que comprometem a saúde e segurança do trabalhador e

conseqüentemente favorecem a ocorrência de acidentes do trabalho (Prochet apud

Mezzomo 200).

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Conforme Deffune (1997), a limpeza hospitalar é um ponto fundamental

na visão preventiva do acidente de trabalho. Há a necessidade de se planejar a

limpeza e organização do local, sempre trabalhando nos momentos em que não haja

atividades nas salas, laboratórios etc., pois proceder a limpeza durante a atividade

normal das áreas significa risco para o funcionário da limpeza, além de transtornos e

riscos mais elevados para os profissionais locais.

De modo geral, todo acidente está relacionado com um tipo de agente,

seja físico, químico, biológico etc. Está divisão está perfeitamente elencada na NR-9-

PPRA e da Portaria nº 3214/78, onde se considera:

- Agentes Físicos: ruídos, vibrações, temperaturas anormais, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, iluminação, umidade, entre outros; - Agentes Químicos: névoas, neblinas, poeiras, fumaça, gases, vapores, dentre outros; - Agentes Biológicos: bactérias, fungos, protozoários, vírus, dentre outros; - Riscos Ambientais: para efeito das Normas Regulamentadoras da Portaria nº 3.214; - Agentes Mecânicos, ergonômicos e outras Condições de Insegurança: existentes nos locais de trabalho, que são capazes de provocar lesões à integridade física do trabalhador (grifo nosso).

Portanto, o ambiente de trabalho deve manter condições higiênicas

básicas, regras de segurança para a preservação da integridade física e a saúde

dos empregados. Assim, a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o domínio

dos riscos existentes irão propiciar segurança, conforto e higiene aos empregados.

Os riscos, já definidos anteriormente, devem ser analisados, visando sua

eliminação ou controle. O tratamento dos mesmos deve ocorrer através de um

conjunto de ações que possa ser viabilizado, a compreensão de sua natureza pode

ser levada a efeito, pois toda a tomada de decisão deve ser fundamentada

tecnicamente em conceitos básicos que visam:

- reconhecer os riscos para caracterizá-los e saber dos agentes que

estão presentes no ambiente de trabalho;

- avaliar os riscos para saber quantificá-los e verificar a sua magnitude;

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- controlar os riscos, adotando medidas técnicas, administrativas,

preventivas ou corretivas de diversas naturezas, com intuito de

eliminar ou minimizar os riscos existentes.

Entretanto, há que se ressaltar que o acidente de trabalho não está

somente relacionado com os empregados expostos aos riscos (exercício da função),

pois existem outras variáveis, devidamente identificadas, que podem provocar o

acidente, quais sejam: desvio de função; turno e horário de trabalho; qualificação

para exercer as funções; tempo de experiência na função; falta de medidas ou

equipamentos de segurança que não foram utilizados e que poderiam evitar o

acidente; treinamento; procedimentos administrativos e gerenciais; entre outras.

É necessário fazer um tipo de panorama da tomada em consideração dos

fatores humanos na prevenção dos riscos profissionais. O objetivo deste panorama é

se ter uma concepção multicausal do acidente e melhor compreender a dimensão

sistêmica de explicação e a noção de riscos e de gerenciamento dos mesmos.

Todavia, a concepção tecnicista do acidente - uma visão unicamente centrada sobre

o homem na causalidade dos acidentes - é, não somente, reducionista da realidade,

mas, sobretudo, só conseguiu, freqüentemente, acusar as vítimas, ao invés de

renovar o gerenciamento de riscos.

Neste sentido, Heinrich (apud Neboit 1999) coloca que se pode descrever

uma seqüência lógica que, partindo da hereditariedade e do meio, passando pela

inadequação pessoal e chegando, por um ato perigoso, ao acidente e à lesão. Estes

elementos determinantes podem ser resumidos dentro de uma concepção global de

acidentes, que sublinha a multicausalidade, a multiplicidade de fatores; as relações

dinâmicas entre fatores e, não mais somente, um determinismo causal mecânico; e,

sobretudo, a necessidade de analisar o trabalho habitual para compreender o

acidente (pontual).

Diante disso, as repercussões do trabalho na saúde do homem há muito

vêm sendo objeto de avaliação e estudo. No Brasil, a questão do laboro conta com

mudanças fundamentais na Constituição Federal de 1988, acarretando alterações

na área da saúde, esclarecendo a importância do sistema atual de notificação do

acidente de trabalho e seus determinantes legais.

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A conceituação de acidente de trabalho se modificou ao longo da história

e, atualmente, é definido pela Lei nº 8.213/MTb, de 24/07/1991, como:

[...] o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11, desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Em seu conceito há o entendimento de que devem estar presentes a

causa e o resultado imediato, ao contrário das doenças que possuem

progressividade do resultado.

De acordo com Ferreira (1999, p.33), o termo acidente de trabalho define

“acontecimento casual ou não, fortuito, imprevisto, infeliz, que resulta ferimento,

dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína, desastre, etc.”.

Em 1972, Hale e Hale (apud Neboit 1999) destacaram a existência de

diferenças no conceito de acidente de trabalho em diversos estudos. Segundo os

autores, esse fato decorre, entre outros fatores, de influência da fonte de

informações e da classificação de gravidade de lesões usadas nos estudos.

Para Brow (apud Guedes 2003), acidente de trabalho é o “resultado não

planejado de um comportamento impróprio”.

Nas Normas Técnicas Brasileiras (ABNT), a conceituação de acidente de

trabalho é bastante semelhante à da legislação, embora se refira, também, a

eventos sem vítimas. “É a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não,

relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que

decorre risco (probabilidade) próximo ou remoto dessa lesão”.

Segundo Guimarães e Rodriguez (2000), a doutrina classifica o acidente

de trabalho em três espécies:

- Doenças do Trabalho (Mesopatias): são aquelas que não têm no

trabalho sua causa única ou exclusiva. A doença resulta de condições

especiais em que o trabalho é executado. As condições excepcionais

ou especiais do trabalho determinam a quebra da resistência orgânica

fazendo eclodir ou agravar a doença;

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- Doenças Profissionais (Tecnopatias): têm no trabalho a sua causa

única, eficiente ou sua própria natureza, ou seja, a insalubridade. São

doenças típicas de algumas atividades; e,

- Acidentes de Trabalho Tipo: em seu conceito devem estar presentes a

subtaneidade da causa e o resultado imediato, ao contrário das

doenças que possuem progressividade e mediatidade do resultado.

Nos últimos trinta anos, a literatura sobre acidente de trabalho, em nível

nacional e internacional, consagra a concepção multicasual, ampliando os

horizontes a serem explorados numa investigação de acidentes e diminuindo a

importância atribuída anteriormente às causas imediatas desses eventos. O

surgimento desta concepção enseja o aparecimento de novos métodos de

investigação (MONTEAU, 1979).

Segundo Baumecker (2003, p.14), apesar de a ideologia dominante

estabelecer a causalidade, negando o acaso, o que se viu na prática da Engenharia

de Segurança é uma ação superficial ligada à anormalidade do evento acidente,

retornando à noção de fatalidade “contra a qual os homens nada podem fazer

apesar dos sinais manifestos aos quais não é dada a devida importância”.

Entretanto, faz-se necessário entender não somente a conceituação e de

que forma se investiga o acidente de trabalho, mas sim, como funciona o Sistema de

Informação em Saúde do Trabalhador, isto é, como funciona a metodologia da

Notificação dos Acidentes de Trabalho.

A preconização do atendimento e da Notificação dos Acidentes de

Trabalho, como se conhece hoje no País, ocorreu em 1976, com a edição da Lei nº

6.367/76, do Ministério de Trabalho. Este documento foi reformulado através da Lei

nº 8.212 e 8.213, de 24/07/91, e regulamentado através da Ordem de Serviço

INSS/DSS 329, de 26/10/93.

Em 1999 ocorreu uma nova alteração, através da Portaria nº 5.051, de

20/02/99, a qual permanece vigente até os dias atuais (INSS/DSS, 1991; 1993;

1999).

Em 1994, após a Resolução SS-587, de 18/11/1994, ficou definida que

cabe ao empregador a emissão da CAT. Assim, ocorrido um acidente em que a

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vítima é vinculada ao Seguro de Acidente de Trabalho, a empresa emite a

Comunicação e encaminha à Previdência Social, com cópia para outros organismos

públicos. Além disso, a empresa começa uma investigação do acidente.

Os estudos de Binder e Almeida (1997) mostram que as estatísticas

oficiais de acidente de trabalho são elaboradas com base na Comunicação de

Acidente de Trabalho e, apesar da precariedade das informações disponíveis e de

suas limitações no que tange ao dimensionamento do real impacto do trabalho sobre

a saúde, mostram que sua ocorrência assume dimensão alarmante.

2.4 O Gerenciamento de Riscos no Ambiente Hospitalar

Para François Daniellou (1993), uma primeira abordagem possível dos

riscos é de considerar o homem como uma vítima de um fluxo de perigo e de

procurar descrever e explicar os fatores de risco. Tenta-se, então, categorizá-los

como físicos, químicos, elétricos etc., com o intuito de diminuir a freqüência ou

interpor barreiras.

Diante do exposto, Spink (apud Bonatti 2002, p.45) coloca que risco é:

Uma noção essencialmente moderna implica uma reorientação sobre as relações das pessoas com os eventos futuros, tornando-os passíveis de gerenciamento e não mais os deixando à mercê do destino. Não que não houvesse experiência de perigo antes da época moderna, ou que não tivesse sido valorizada a ousadia em contextos históricos diversos. A novidade é a ressignificação destes perigos numa perspectiva de ‘domesticação do futuro’.

Ainda segundo a autora, a compreensão do processo histórico dessa

ressignificação, pode levar o pesquisador a verificar que a concepção de risco -

como algo passível de gerenciamento – foi fruto de transformações no campo da

ciência e da tecnologia, entretanto, o conceito não deve ser levado a sua plena

aplicação tendo em vista que a relação risco X perigo merece melhor atenção.

Assim como os riscos que dizem respeito à sociedade como um todo,

também os riscos no trabalho têm sido objeto de debate. Nessa discussão, os

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acidentes, mais do que as doenças ocupam posição de destaque. Segundo Harrison

(apud Bonatti 2002):

Isso parece ser compreensível se por definição os acidentes acontecem de forma repentina e grande parte de seus efeitos pode ser sentida de imediato, enquanto que os fatores que levam, ao adoecimento – mesmo podendo chegar a resultados piores que os acidentes de trabalho – agem mais lenta e sorrateiramente.

Neste caso, o gerenciamento de riscos no laboro vai consistir em fazer

uma perícia para detectá-los e desenvolver uma ação técnica ou prescritiva para

evitá-los. Todos os níveis de gerenciamento devem, constantemente, reforçar as

regras e regulamentos de segurança, estar alerta e identificar as práticas e

condições inseguras, tomando imediatamente, as atitudes apropriadas para corrigir

as irregularidades. Desta forma, o empregador ao observar as disposições legais

sobre segurança e saúde do trabalho, bem como, o gerenciamento das rotinas

trabalhistas e operacionais pode prevenir os acidentes de trabalho, no processo de

elaboração dos procedimentos de controle sistêmicos.

Já no que se refere às atividades executadas em hospitais, faz-se

necessário uma maior atenção no gerenciamento dos riscos existentes, pois é o

fator preponderante para a adequada execução da tarefa sem causar afastamentos

por acidentes. O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área

da saúde com qualidade, eficiência e eficácia, conforme define Cereijido (apud

Caleffi 2002):

- Qualidade: aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem como da tecnologia, no cuidado da saúde. Denota um grande espectro de características desejáveis de cuidados, incluindo eficácia, eficiência, efetividade, equidade, aceitabilidade, acessibilidade, adequação e qualidade técnico-científica. - Eficácia: a habilidade do cuidado, no seu máximo, para incrementar saúde. - Eficiência: a habilidade de obter o máximo de saúde com um mínimo custo. - Efetividade: o grau no qual a atenção à saúde é realizada.

Para que estes fatores ocorram, o colaborador da limpeza hospitalar -

como responsável pelo bom funcionamento das instalações - circulará por todas as

áreas do hospital, tendo como responsabilidade adicional, o controle de infecção,

recebendo treinamento em forma de educação continuada, visando compreender os

assuntos referentes ao controle de infecção hospitalar.

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A limpeza constitui o núcleo de todas as ações referentes aos cuidados

de higiene com os artigos e áreas hospitalares. É o primeiro passo nos

procedimentos técnicos de desinfecção. Os métodos de limpeza devem ser

determinados pelo tipo de superfície, quantidade e o tipo de matéria orgânica

presente, e o propósito da área ou material. A operação de limpeza propriamente

dita, compreendem escovação com água e sabão, fricção, esfregação e passar

pano. A varredura e espanação seca devem ser evitadas, pois estas práticas

espalham para o ar e para as superfícies limpas, poeira, matéria estranha e

microorganismos.

Quanto aos materiais/produtos, ressalta-se, têm a composição mínima

exigida/adequada. Os produtos para limpeza têm um controle sobre a compra e

composição. No que tange a composição dos produtos de limpeza, cumpre

esclarecer que a Portaria da Vigilância Sanitária nº 113, de 22 Novembro de 1993

determina grupos de material desinfetante e suas concentrações: álcool a 70%,

hipoclorito de sódio 1% (1000 ppm, 5000 ppm e 10.000 ppm), sabão neutro, álcool

iodado – álcool a 70% com 1% de iodo.

Cabe elencar alguns EPI utilizados pelos empregados:

[...] Luvas: evitam problemas de pele, queimaduras, cortes, raspões, etc., e por isso deve ser calçado com cuidado para não rasgar/furar. Há diversos tipos: a) Domésticas: são de borracha e servem de proteção para as mãos ao lavar objetos, exigem lavagem com água e desinfetante, devem ser viradas pelo avesso e postas a escorrer e é aconselhável usar talco ao vesti-las. b) Antialérgica: usada somente quando o empregado apresenta qualquer tipo de irritação ao usar os outros tipos de luvas. A recomendação é que esta luva seja fornecida pela médica do trabalho. c) Látex: para uso diário no manuseio com produtos químicos e demais atividades inerentes à limpeza. d) Descartáveis: usadas nos procedimentos em ambientes hospitalares, nas atividades que envolvam desinfecção, proteção, áreas de isolamento, etc. Calçados: devem ser fechados, impermeáveis e antiderrapante. São usados em todas as áreas de trabalho exceto nos locais onde o uso da bota é obrigatório. Protegem de cortes, perfurações, escorregões, queda de objetos pesados, calor, penetração de pregos e vidros, e, proporciona isolamento elétrico. Máscara: previne problemas pulmonares e das vias respiratórias de modo geral. É confeccionada de tecido forte, com tiras, que é colocada sobre a boca e o nariz e amarrada atrás da cabeça, acima e abaixo das orelhas. É usada para fazer limpeza terminal em quartos ou ambientes contaminados, ao vasculhar paredes e forros, ao varrer áreas muito empoeiradas, ao pulverizar ambientes, ao proceder à limpeza de ralos e esgotos, etc. Ao serem retiradas devem ser lavadas com desinfetante.

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Óculos: evita cegueira, irritação e conjuntivite. São utilizados ao pulverizar ambientes com substâncias que possam causar irritações nos olhos e ao limpar ambientes com substâncias irritantes em suspensão. Cinto de Segurança: deve ser usado para limpeza de locais com mais de 2(dois) metros de altura, nos quais há risco de queda do trabalhador. Gorro: é um barrete que cobre a cabeça (parte superior, lateral e posterior) e é amarrado com cadarços. É usado quando se vasculham forros e paredes, quando se varrem ambientes muito empoeirados, na limpeza terminal, sobretudo em áreas contaminadas. Após o uso de ser lavado e desinfetado. Calça: a calça longa até o tornozelo, camisa com mangas curtas e de tecido resistente, deve ser usado na limpeza terminal dos quartos e em todos os ambientes contaminados (usar avental descartável) [...].

Entretanto, isto não pode ser alcançado sem a administração efetivas de

um Programa de Prevenção de Acidentes que proporcione condições ambientais

seguras para os empregados. O hospital e a empresa prestadora de serviços devem

desenvolver continuamente esta política, assegurando que a administração e os

empregados estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e

acidentes; promover e reforçar práticas seguras de trabalho; e proporcionar

ambientes livres de riscos, de acordo com as obrigatoriedades das legislações

pertinentes.

Para manter este quadro, impõe-se a adoção de uma política

preponderantemente prevencionista. Há necessidade de verificar os acidentes,

observando as condições de segurança de seus empregados, através da correta

implementação de medidas que visem o controle e a gerência dos riscos e demais

variáveis existentes.

Esta prática só terá validade se acompanhada por um Programa de

Educação continuada, visando treinar, principalmente, os novos empregados da

instituição hospitalar no modo correto de portar no ambiente de trabalho. Dessa

concepção, Rasmussen (apud Neboit 1999) deduz que “o gerenciamento do risco

deve ser considerado como uma função de controle focalizada sobre a manutenção

de um processo perigoso, dado no interior de limites assegurando a segurança”. Isto

implica em:

Uma identificação precisa desses limites, num esforço para tornar visíveis estes limites perceptíveis, identificáveis pelos diferentes atores e, em particular, a possibilidade para os diferentes atores do sistema de serem

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treinados no seu gerenciamento; e num sistema de comunicação, que considere essas exigências.

Enfim, para dar um embrião de resposta à questão de saber se é possível

gerir cientificamente os riscos. A tendência de pensar que se a compreensão e a

modelização da dinâmica de construção da segurança dos sistemas pode ser um

objeto de pesquisa, “o gerenciamento de riscos parece depender mais de decisões

políticas de aceitação ou de recusa, limites de carga de trabalho, de agravos à

saúde e de produtividade” (RASMUSSEN apud Neboit 1999).

Raftery (apud Bonatti 2002) enfatiza alguns dos benefícios na prática de

gerenciamento de risco:

[...] há uma redução geral da exposição ao risco; o re-planejamento conduz à utilização de providências rápidas e pré-avaliadas, no caso dos riscos se materializarem; decisões mais explícitas sobre o projeto; mais clara a definição dos riscos específicos associados a determinados projetos; uso mais completo da qualificação e experiência do pessoal envolvido; boa documentação assegura que haja acumulação individual de conhecimento dos riscos de projetos, e não apenas em determinados indivíduos; em situações onde há poucos dados, ou não são confiáveis, a análise torna-se ainda mais importante [...].

Desta forma, pode-se concluir que, se qualquer empresa, realmente, tiver

interesse em controlar as situações de risco, deverá criar espaços verdadeiramente

participativos, transmitir informações técnicas para todos os empregados, realizar

treinamentos, ouvir os empregados, entre outras ações.

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52

CAPÍTULO 3

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Descrição do Estudo

Segundo Gil (SILVA e MENEZES, 2001, p.19), a pesquisa tem um caráter

pragmático, “é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método

científico, onde o objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos”.

Para alcançar os objetivos delimitados neste estudo, o Quadro 1 a seguir,

apresenta uma descrição dos passos metodológicos adotados, conforme adaptação

de Chizzotti ( LERIPIO, 2001, p.57), que possibilita uma visão abrangente e conjunta

de cada etapa.

Quadro 1: Descrição da metodologia de pesquisa.

CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ETAPAS DO TRABALHO PRODUTOS

Procedimentos Técnicos: - Pesquisa Bibliográfica (base filosófica positivista) - Estudo de Caso

- Revisão da literatura - Estratégia da pesquisa

- Fundamentação teórica sobre o tema proposto - Identificação do problema de pesquisa e do objetivo geral e específicos

Forma de Abordagem: quantitativa Objetivo: exploratória e descritiva

- Seleção, organização e processamento dos dados

- Interpretação e análise dos dados e resultados qualitativos e quantitativos

Estudo de Caso

- Caracterização da Empresa em estudo - Identificação da evolução dos acidentes de trabalho nos serviços de limpeza terceirizados em ambiente hospitalar

- Identificação das causas dos acidentes de trabalho nos serviços de limpeza terceirizados em ambiente hospitalar

Proposta - Definir as variáveis constantes nas Comunicações de Acidentes de Trabalho no serviço de limpeza terceirizado em ambiente hospitalar

- Conclusões e Recomendações para Pesquisas Futuras

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Após, definida os procedimentos técnicos (pesquisa bibliográfica), a forma

de abordagem (quantitativa) e o objetivo (exploratória e descritiva), buscou-se uma

fundamentação teórica relacionada ao tema delimitado. O objetivo é gerar

conhecimento para uma aplicação prática dirigida à solução de problemas

específicos”, procurando medir os problemas mais relevantes, “onde o uso de

recursos e de técnicas estatísticas“ são necessários, visando “proporcionar maior

familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses,

envolvendo um levantamento bibliográfico [...]” (SILVA e MENEZES, 2001, p.21).

Dessa forma, foi realizada uma análise de documentos específicos sobre

o assunto, de cunho técnico e legal, que tratam, inclusive, da prevenção dos riscos

ambientais e de acidentes de trabalho, de uma forma – inicialmente - genérica.

Seqüencialmente, fez-se uma interpretação e análise crítica da legislação vigente,

no que cinge à licitação e o conhecimento do processo de interação

empresa/hospital/ ambiente de trabalho; a organização do trabalho; da política de

segurança; e, do hospital.

O desenvolvimento do estudo se deu através do levantamento e análise

de um conjunto dos dados apurados por documentos como fichas de registro,

cartões-ponto, rescisão de trabalho, pesquisas internas, estatísticas, e informações

insertas na CAT. Estes dados determinaram as rotinas e práticas adotadas,

resultando num diagnóstico dos serviços nessa área.

Na observação e análise a ser realizada na Empresa e no ambiente onde

se realiza o serviço de limpeza terceirizado – objetos de estudo - foram constatados

os problemas relativos que causam os acidentes de trabalho. Diante disso, buscou-

se verificar na literatura correspondente, quais as informações que deveriam ser

gerenciadas eficazmente, com o intuito de responder quais as causas dos acidentes

do trabalho, bem como extrair conhecimentos para relacionar teoria e prática.

A fundamentação conceitual foi distribuída ao longo de todo o trabalho,

envolvendo o estudo em fontes primárias (serventes de limpeza hospitalar e

profissionais da área hospitalar) e em fontes secundárias (revistas, livros, artigos e

Internet).

A pesquisa compõe-se, inicialmente, do levantamento da população, nas

categorias idade, jornada de trabalho, grau de instrução, sexo, conhecimento

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profissional das tarefas executadas, normas internas de trabalho e treinamento,

atingindo variáveis organizacionais e profissionais.

Os dados foram coletados na CAT dos empregados de hospitais da rede

pública, os quais a Empresa BACK - Serviços Especializados Ltda. presta serviços

na área de limpeza, com uma população de estudo de 73 empregados.

A população de pesquisa consiste de cerca de cem casos de acidentes

de trabalho, em 2001 e 2002, destacando-se os tipos de jornada de trabalho.

Finalizando, optou-se por um estudo de caso, que “envolve o estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que se permita o seu

amplo e detalhado conhecimento” (SILVA e MENEZES, 2001, p.21) e demonstração

das causas dos acidentes de trabalho em serviços de limpeza terceirizados em

ambiente hospitalar.

Em face desses elementos supracitados, caracteriza a pesquisa como

base filosófica estruturalista e o método de pesquisa é referido ao descritivo.

3.2 Caracterização da Empresa

O Grupo Back é uma empresa de terceirização de mão-de-obra

especializada. É um conjunto de empresas criadas pela sociedade de constituição

familiar, que atua na área de limpeza desde 1969.

A Back foi fundada pela Sra. Eulália Biz Back, em 3 de novembro de

1969, na cidade de Rio do Sul, no Estado de Santa Catarina, com razão social

denominada de “Eulália Back”, como firma individual. A finalidade econômica era a

prestação de serviços de limpeza, vigilância noturna junto às autarquias, bancos e

entidades particulares.

Mais tarde, em 30 de setembro de 1973, a fundadora da Back resolveu

constituir uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, trazendo como

sócio o Sr. Gessi João Ricobom. Esta sociedade alterou a razão social passando

para “A Conservadora”, de Back & Ricobom. No decorrer dos anos foram realizadas

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inúmeras mudanças contratuais, entrada e saída de sócios e alteração de capital,

até se chegar à atual razão social “Back Serviços Especializados Ltda.”.

A empresa possui trinta e quatro anos de existência (1969-2003) e conta

com o apoio de doze unidades estrategicamente localizadas no Estado de Santa

Catarina. Opera com facilidade em todos estados da região Sul do País, estando as

unidades principais localizadas na cidade de Rio do Sul, Blumenau, Brusque,

Jaraguá do Sul, Florianópolis, Lages, Chapecó, Joinville, Criciúma, Itajaí e Tubarão.

A Back Serviços Especializados Ltda., oferece aos seus clientes uma

prestação de serviços em áreas hospitalares. Dentre os serviços oferecidos estão

limpeza e conservação do ambiente laboral; mão-de-obra especializada em áreas

hospitalares; copeiro; prestação de serviços de dedetização e desratização;

cozinheiro; lavadeiro; entre outros serviços.

Outro aspecto a ser abordado, diz respeito ao Grupo BACK ter um

Sistema de Gerenciamento da Qualidade certificado na NBR ISO 9001 (2000).

Desse modo, o controle dos processos ocorre de maneira a ser verificado o

andamento dos serviços, satisfação de clientes, instruções de trabalho e

cumprimento das normas internas e legislação atual.

A importância de um Sistema da Qualidade implantado vem ao encontro

de um controle mais efetivo através de inspeções no decorrer do processo produtivo.

Com o gerenciamento da qualidade, a prevenção passou a ser enfatizada e as

técnicas empregadas foram além das estatísticas, incluindo conceitos, habilidades e

técnicas gerenciais. O valor da qualidade no sucesso competitivo da empresa

integrou-se no gerenciamento estratégico do negócio.

Atualmente, o Grupo Back presta serviços a um número de clientes bem

expressivo, com uma diversidade em suas características. Atende empresa pública,

federal, municipal e estadual, indústrias nacionais e multinacionais, privadas de

pequeno, médio e grande porte etc. O Quadro 2 a seguir foram divididos os números

de clientes por área de serviços.

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Quadro 2: Total de clientes por área de serviços.

ÁREA QUANTIDADE DE CLIENTES

Serviços Especializados 379 Serviços de Vigilância e Segurança 169 Serviços de Vigilância e Segurança Eletrônica 4.392

TOTAL 4.940

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2003.

379 169

43924940

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

ServiçosEspecializados

Serviços deVigilância eSegurança

Serviços deVigilância eSegurançaEletrônica

TOTAL

ÁREA

CLI

EN

TES

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2003. Gráfico 4: Total de clientes por área de serviços.

No Gráfico 4, pode-se observar que há uma demanda maior para os

serviços de vigilância eletrônica (89%), em seguida da área especializada (8%), e

pouca procura para os clientes da área da vigilância orgânica (3%).

O Grupo Back possui, atualmente, 3.569 colaboradores em todas os

serviços, distribuídos em nas suas unidades e região de atendimento. Junto a

Departamento Comercial Geral, em Florianópolis, foram levantados os dados

referentes ao: total de colaboradores por filial; faixa etária; grau de instrução; faixa

de salarial etc.

O quadro 3, mostra apenas os colaboradores da Back Serviços

Especializados distribuídos por filial, somando um total de 2.756 empregados que

atuam na área da limpeza/conservação, zeladoria, recepção etc. Desse total, temos

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uma participação de 50% na área da limpeza, 30% em serviços administrativos

(secretaria, recepcionista, telefonista, Office-boy etc), 12% em serviços gerais

(cozinheira, lavadeiro, zelador etc) e 8% composto por outros serviços (leiturista,

coveiro etc).

Quadro 3: Total de colaboradores da Back Serviços Especializados, por filial.

FILIAL COLABORADORES

Rio do Sul 105 Florianópolis 1.454 Blumenau 211 Joinville 361 Jaraguá do Sul 92 Lages 185 Chapecó 85 Tubarão 51 Brusque 32 Criciúma 18 Itajaí 43 Administração Geral 119

TOTAL 2.756

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002.

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58

105

1.454

211361

92 185 85 51 32 18 43 119

2.756

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Rio do Sul

Blumenau

Joinvil

leLag

es

Brusq

ue

TOTAL

FILIAIS

CO

LAB

OR

AD

OR

ES

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002. Gráfico 5: Total de colaboradores por filial.

No Gráfico 5, do total de colaboradores do Grupo Back, pode-se observar

que a filial de Florianópolis possui um maior número de colaboradores (48%).

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1061

612612

764697

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

17 |- 27 27|- 37 37 |- 47 37 |- 47 57 |- 67 67 |- maisFAIXA ETÁRIA

TOTA

L

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002. Gráfico 6: Faixa Etária dos colaboradores da Back serviços Especializados.

No Gráfico 6 pode-se observar que a maioria dos colaboradores (60%)

dos serviços especializados está com a idade entre 17-37 anos e com 38 anos para

mais (40%).

Quadro 4: Total de colaboradores por grau de instrução nas áreas de serviços.

GRAU DE INSTRUÇÃO SERVIÇOS ESPECIALIZADOS

Analfabeto 00 Primário Incompleto 00 Primário Completo 297 Ginásio Incompleto 9 Ginásio Completo 312

Segundo Grau Incompleto 5 Segundo Grau Completo 174

Superior Incompleto 08 Superior Completo 08

Pós-Graduação 00 Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002.

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60

0 0

297

9

312

5

174

8 8 00

50

100

150

200

250

300

350

Analfab

eto

Segundo G

rau In

complet

o

Segundo G

rau C

ompleto

Superior In

complet

o

Superior C

ompleto

GRAU DE INSTRUÇÃO

TOTA

L S

ER

VIÇ

OS

ES

PE

CIA

LIZA

DO

S

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002. Gráfico 7: Total de colaboradores por grau de instrução.

Não se observa índice de analfabetismo no Quadro 4, fato este devido ao

pré-requisito “alfabetização” para a seleção e recrutamento de pessoal para os

serviços especializados. Ressalta-se que a falta de preenchimento de alguns

campos das fichas de admissão impossibilitou a coleta total de dados, restando

apenas uma amostra de 813 colaboradores com as informações necessárias sobre

grau de instrução. Dessa forma, o Gráfico 7 acima aponta 77% dos colaboradores

com ensino fundamental completo, 22% com ensino médio completo e 1% com

curso superior completo.

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391

2.179

118 27 15 12 4 2 80

500

1000

1500

2000

2500

até |- 1W

1 W|- 2W

2 W |- 3W

3 W |- 4W

4 W |- 5W

5 W |- 6W

6 W |- 7W

7 W |- 8W

8 W |-mais

SALÁRIOS MÍNIMOS

SE

RV

IÇO

S E

SP

EC

IALI

ZAD

OS

Fonte: Grupo BACK, Departamento Comercial Geral, 2002. Gráfico 8: Faixa salarial (salário mínimo).

A renda dos colaboradores é estipulada pelos sindicatos de cada

categoria. Para se ter uma visualização global foram transformadas em Salários

Mínimos - vigente na época do levantamento. O Gráfico 8 destaca que 79% dos

colaboradores dos serviços especializados possui uma renda mínima entre um e

dois salários mínimos (prevalece a função de servente).

O Grupo Back tem demonstrado, através de seu planejamento estratégico

que pretende até 2005 mudar o panorama atual no que se refere ao grau de

instrução, capacitação e remuneração de seus colaboradores.

Certamente, esses levantamentos terão outros resultados nas próximas

pesquisas, pois as ações implementadas visam uma melhoria significativa na

qualidade do ambiente de trabalho.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Grupo BACK: Acidentes de Trabalho no Ambiente Hospitalar

A investigação no Grupo BACK se faz relevante pela contribuição

metodológica que pode oferecer ao tratamento e diminuição dos acidentes de

trabalho no ambiente hospitalar, bem como vem em auxílio à discussão

administrativa do Grupo para o controle das variáveis que atuam no acidente de

trabalho e pelo encaminhamento de decisões que poderá desenvolver para as

questões como:

- avaliar o recrutamento e seleção, os tipos de acidentes, a redução da

substituição de empregados, contemplando, simultaneamente, todos

os itens, de modo a subsidiar as tomadas de decisões na direção da

melhoria da qualidade dos serviços executados;

- reconhecer os padrões de acidentes pela análise conjunta de todos os

itens;

- construir uma relação representativa do conjunto de variáveis,

identificando os acidentes e comportamentos que apresentam

desempenho semelhante; e,

- verificar a utilidade da metodologia no discernimento que esta

apresenta, conforme a dimensão considerada, subsidiando o

gerenciamento da segurança e da qualidade dos serviços.

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4.2 Análise das Causas dos Acidentes de Trabalho Conforme as Variáveis

A construção de suporte metodológico e procedimental para a avaliação

dos acidentes de trabalho, alavancado em análise multidimensional, ocupa lugar

central nesta investigação, ao promover a análise conjunta de variáveis.

A relação conjunta das variáveis propicia a visualização de todo trabalho

de uma forma simultânea, clara e segura. No presente caso, separou-se em três

variáveis: Organizacional, Processo e Ambiental, as quais são escritas a seguir.

4.2.1 Variável organizacional

As variáveis organizacionais estão relacionadas com os processos

administrativos internos. Estes vão desde a participação em licitações, recrutamento,

seleção, análise crítica do local até os treinamentos na admissão do empregado.

Inicialmente, abordar-se-á os aspectos que envolvem as licitações. Em

síntese, a licitação é o processo administrativo viabilizador dos negócios que melhor

atendam aos interesses da Administração Pública, com base na Lei nº 8.666/93 (Lei

de Contratos Administrativos e Licitações). A licitação tem como objeto obra, serviço,

compra, alienação, concessão, permissão e locação.

No caso de prestação de serviços com mão-de-obra especializada,

número de pessoas e valor do contrato, a modalidade pertinente para participação é

a concorrência. Há ainda, a tomada de preço (médio valor econômico), convite

(contratos de menor valor econômico), concurso (destinada à escolha de trabalho

técnico, científico ou artístico) e Leilão (venda de bens móveis inservíveis para a

Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados).

Existem muitas deficiências no processo licitatório para limpeza

hospitalar, ou seja, o edital ao ser publicado, não apresenta uma exigência técnica

para a contratação, apenas a relação homem/área.

O Sistema da Qualidade prevê uma análise crítica do ambiente onde vai

ser realizado o serviço. A caracterização do local, envolvendo, descrição física, uso

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de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e demais condições para execução do

serviço de nada servem mediante o edital de licitação que não abrange esses

critérios.

As áreas consignadas no edital são levantamentos totais das plantas (foto

1 e 2), no entanto, faz-se necessário um levantamento pormenorizado por setor,

áreas externas e internas e demais áreas críticas. Esse levantamento tem amparo

legal através de uma Instrução Normativa nº 18, de 22/12/97, que está em vigor.

Esta Norma indica uma os seguintes índices mínimos de produtividade:

- Áreas internas: 550m2;

- Áreas externas: 1100m2;

- Esquadrias externas, na face interna ou externa: 200m2;

- Fachadas envidraçadas: 100m2; e,

- Áreas hospitalares e assemelhados: 300m2.

Foto 1: Maquinários/equipamentos delicados e área envidraçada não previstos no edital

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Após as visitas de levantamento aos hospitais, e feito o dimensionamento

do número necessário de empregados para a execução do serviço, haverá o

recrutamento e seleção. A empresa mantém em seu quadro pessoal, um setor com

duas psicólogas para atendimento de seus empregados e efetivar o Recrutamento e

a Seleção da mão-de-obra.

Foto 2: Quantidade de mobiliário não previsto no edital

Para ser admitido na empresa, o servente de limpeza em ambiente

hospitalar deve ser apenas alfabetizado, não existindo qualquer outro requisito

específico para o exercício da função. Cumpre salientar que existe um abismo que

separa a contratação de um empregado para área hospitalar e as exigências

mínimas para o exercício da função. Ocorre apenas uma entrevista para que sejam

identificados traços de personalidade profissional e pessoal e, também, a

capacidade da pessoa em exercer as funções que o cargo exige. Posteriormente é

feito um exame psicotécnico com os candidatos selecionados, para investigar mais

profundamente a personalidade do futuro empregado.

Aqui reside uma contradição, uma vez que os empregados da área

hospitalar envolvem casos de interesse público, com repercussão infinitamente

maior do que qualquer outra função terceirizada. Envolve a saúde de diversas

pessoas, não apenas do empregado mais das pessoas que o mesmo atende

diariamente (clientes, visitas e demais profissionais da saúde).

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Após admissão, o empregado passa por um treinamento admissional.

Este treinamento contém explicações sobre a política da qualidade do Grupo BACK,

procedimentos/instrução de trabalho do hospital, postura no trabalho, segurança e

medicina do trabalho e detalhes do conteúdo do contrato para serviço. Cumpre

esclarecer que, não há qualquer prática ligada aos ambientes hospitalares, restando

ao próprio nosocômio, o ônus do treinamento, uma vez que nem o edital exige

conhecimentos específicos.

No que tange a segurança do trabalho, existem as ordens de serviço

(anexas) as quais orientam todos os empregados nas situações que envolvem

acidentes e demais fatos associados ao gerenciamento da segurança.

4.2.2 Variável de Processo

Tendo em vista o Grupo BACK ter um Sistema de Gerenciamento da

Qualidade certificado na NBR ISO 9001 2000, o controle dos processos ocorre de

maneira a ser verificado o andamento dos serviços, instruções de trabalho (foto 3) e

cumprimento das normas internas e legislação atual.

As variáveis de processo para uma análise devem, necessariamente,

iniciar pelo trabalho no posto (Convenção Coletiva de Trabalho - CCT, descrição das

atividades, instruções de trabalho).

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Foto 3: Conforme instrução de trabalho, o colaborador recolhe os lixos utilizando EPI.

Inicialmente, a CCT faz menções sobre divisão de pessoal nos postos de

trabalho, ou seja, locais onde hajam mais de trinta empregados, deve haver um

encarregado responsável pelos mesmos.

Um aspecto relevante cinge a jornada de trabalho, que é uma das

variáveis de maior contribuição para formação de grupos e causas nos acidentes de

trabalho. Uma das jornadas exercidas pela servente é conhecida por 12 X 36, ou

seja, doze horas de trabalho X com trinta e seis horas de descanso, porém o edital

prevê oito horas diárias de trabalho, conforme recomendado na IN18.

Para acompanhar o desempenho dos serviços de limpeza nessas

jornadas e suas peculiaridades, há uma metodologia de inspeções, pois é um dos

elementos mais antigos dos programas de segurança e controle da qualidade.

As inspeções são de uma grande ajuda para resolver os problemas

existentes nas áreas de trabalho. Sua detecção antecipada, não só ajudará a

controlar as fontes potenciais de perdas, mas, também, ajudarão a ter uma

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produtividade maior dentro de um bom padrão de segurança (quanto ao uso e EPI) e

qualidade (forma certa da execução das tarefas).

O valor das inspeções planejadas está nos benefícios que elas têm ao

identificar as causas de lesões, tais como traumas e doença profissionais, perdas

desnecessárias de materiais e produtos, contaminação as águas e do ar, mau uso

do tempo, ferramentas e equipamentos defeituosos, riscos de incêndio e explosão,

espaço mal utilizado e desperdiçado, o não uso do equipamento de proteção

adequado.

As mesmas devem ser efetuadas por responsável técnico (técnico de

segurança do trabalho) ou supervisor capacitado, em face de peculiaridade dos

serviços executados (desinfecção, esterilização, cuidados com perfuro cortantes,

contaminação, limpeza terminal etc.) e cuidados na segurança do trabalho.

O fato em questão tem amparo nos procedimentos técnicos exigidos para

o tipo de limpeza que é executada nos hospitais, bem como, na Portaria da

Vigilância Sanitária nº 113, de 22 de novembro de 1993 (que pode ser utilizada para

exigência da NR6) que determina planos de limpeza e desinfecção.

Com relação ao equipamento de proteção individual que é utilizado pelos

empregados e fornecido pelo Grupo BACK, pode-se observar que o mesmo tem

mantido o objetivo de preservar a integridade física do empregado, protegendo-o de

agentes físicos, químicos e biológicos.

Como se pode constatar, o saber identificar ambientes mais

contaminados para o início da limpeza, realizar varredura úmida com técnicas,

identificar áreas do hospital, comprovar o cumprimento da NR4 (SESMT) e NR5

(CIPA) e NR6 (EPI) e demais procedimentos inerentes aos nosocômios, fazem das

variáveis relacionadas aos processos as mais complexas, como também,

responsáveis pela exposição dos empregados aos riscos.

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4.2.3 Variável Ambiental

Foto 4: Limpeza da entrada do centro cirúrgico

As atividades desenvolvidas pelos empregados do Grupo BACK, na

execução dos serviços de limpeza em ambiente hospitalar passam,

necessariamente, por todas áreas do hospital. Os empregados limpam o posto de

enfermagem (foto 4 e 5), tiram lixo, retiram caixa de perfuro cortantes e material

contaminado, fazem limpeza dos quartos, banheiros, centro cirúrgico e demais

setores do hospital.

Foto 5: posto de enfermagem

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Além das funções pré-determinadas pelo Grupo BACK para que seus

empregados desenvolvam as atividades, existem funções pré-determinadas pelo

hospital, que merecem uma maior atenção tendo em vista as exigências técnicas

para desenvolvimento das mesmas.

Um levantamento feito em um dos hospitais da Capital relata o número de

acidentes de trabalho e as categorias profissionais envolvidas. Os acidentes com

agulhas envolvendo o pessoal da higienização e limpeza são bastante significativos,

chegando a 24% dos casos relacionados em oito anos, sendo que em alguns anos

alcançou 35%.

Assim, as variáveis ambientais relacionam os aspectos ligados aos

procedimentos hospitalares, bem como, as rotinas hospitalares e seus ambientes.

4.3 Discussão dos Resultados

O material de pesquisa envolve, praticamente, todos os hospitais de

Florianópolis e Grande Florianópolis, atendidos pelo Grupo BACK, onde foi

observado um grupo de setenta e três pessoas acidentadas e, com base na CAT,

foram retiradas as informações necessárias. Portanto, ter-se-á um parâmetro de

todo o serviço de limpeza e dos Acidentes de Trabalho ocorridos nos hospitais da

região, entre o ano de 2000 e 2002.

A missão fundamental da empresa Back ao promover as suas ações, com

a melhoria constante da qualidade dos serviços prestados, promove uma relação

entre comunidade interna e externa, tendo em vista a melhoria qualitativa dos

serviços prestados, com o intuito de reduzir ou eliminar os acidentes de trabalho.

Para tanto, foram levantados alguns itens que vem em auxílio deste objetivo,

conforme consta do quadro 5 a seguir.

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Quadro 5: Itens avaliados da CAT e Recursos Humanos.

ITEM NOME DO ITEM

GI1 Fundamental completo

GI2 Fundamental incompleto

1

Grau de instrução (GI)

GI3 Médio completo

SX1 Masculino 2 Sexo (SX)

SX2 Feminino

ID1 18 ⎯⏐23 anos

ID2 23 ⎯⏐29 anos

ID3 29 ⎯⏐35 anos

ID4 35 ⎯⏐-41 anos

3

Idade (ID)

ID5 41⏐⎯ mais

HA1 Até 8 horas

HA2 8 ⎯⏐10 horas

HA3 10⎯⏐12 horas

HA4 12 ⎯⏐14 horas

HA5 14 ⎯⏐16 horas

4

Hora do Acidente (HA)

HA6 16⎯⏐19 horas

HAA1 0 ⎯⏐1 horas

HAA2 2 ⎯⏐ 4 horas

HAA3 4 ⎯⏐6 horas

HAA4 6 ⎯⏐8 horas

5

Horas Trabalhadas Após o Acidente (HAA)

HAA5 8⏐⎯- mais

LE1 mãos e braços

LE2 pés e pernas

LE3 cabeça, pescoço e olhos.

LE4 membros inferiores

6

Parte do Corpo Afetada (LE)

LE5 membros superiores

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CAU1 Piso

CAU2 Escada

CAU3 Agulha

CAU4 Material de trabalho

7

Objeto Causador (CAU)

CAU5 Equipamentos hospital

DP1 sem afastamento

DP2 2⎯⏐6

DP3 6⎯⏐13

8

Dias Perdidos (DP)

DP4 13⏐⎯ mais

TC1 até 1 ano

TC2 1 ⎯⏐2

TC3 2 ⎯⏐3

TC4 3 ⎯⏐4

TC5 4 ⎯⏐5

TC6 5⎯⏐6

10

Tempo de Casa (TC)

TC7 6⏐ ⎯ mais

JT1 8 horas 11 Jornada de Trabalho (JT)

JT2 12 horas

Cada um desses itens foi retirado da CAT, garantindo a obtenção de

dados confiáveis. As análises multidimensionais foram realizadas por meio de

software estatístico, e desenvolveu-se a Análise Fatorial de Correspondência

Múltipla para discutir o padrão de acidentes de trabalho.

Na figura 1 a seguir tem-se a distribuição das variáveis no plano e a

conseqüente formação de grupos devido à correspondência das características. A

distribuição das variáveis ativas (HAA, LE, JT, CAU, DP) demonstra que foram

preponderantes na determinação dos grupos e na caracterização do perfil dos

acidentes de trabalho.

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Figura 1: Representação das variáveis ativas e os três grupos formados.

As variáveis ilustrativas representam uma pequena tendência dos grupos,

porém, não impõe uma contribuição significativa para determinar o perfil e as causas

do acidente, desse modo, são chamadas de ilustrativas.

A figura 2 a seguir demonstra a formação de dois grupos bem evidentes

com as seguintes características:

- Grupo 1 (SX1-GI2-ID35-TC6): sexo feminino, grau de instrução entre

fundamental incompleto e completo, com idade superior a 30 anos e

com tempo de casa superior a três anos.

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- Grupo 2 (SX2-G3-ID2-TC34): sexo masculino, grau de instrução

representado pelo ensino médio completo, com idade entre 24-29 anos

e com tempo de casa inferior a três anos.

Aqui está apontada uma diferença entre homens e mulheres, levando em

conta o grau de instrução. No caso desses acidentes, o fato de haver essa

diferenciação, não trás muita informação em termos de se implementar uma ação

para a minimização dos acidentes de trabalho no ambiente hospitalar. Como será

visto mais adiante, as ações estarão mais relacionadas às questões voltadas para

carga horária da jornada de trabalho, e as causas e lesões provocadas nesses

acidentes.

Figura 2: Representação dos indivíduos de variáveis ilustrativas.

Com relação às duas variáveis TC1 e TC7, que ficaram distantes das

outras características, cumpre esclarecer que a melhor interpretação encampa as

questões voltadas para treinamento, ou seja, para TC1, deverá haver uma

integração mais cuidadosa e um treinamento admissional mais completo e eficaz.

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Quanto ao TC7, trabalho de capacitação constante e educação continuada diminui o

número de acidentes.

A figura 3 a seguir mostra o primeiro grupo formado pela relação entre as

variáveis, Grupo A (HAA23-DP13-LE15-CAU35)JT8 – em uma jornada de oito horas.

Mostra os acidentes de trabalho ocorridos após duas a seis horas de trabalho, com

afastamentos de sete a treze dias, com lesões nas mãos e membros superiores,

tendo como causas agulhas e equipamentos do hospital.

Figura 3: Grupo A.

Para a jornada de doze horas, ficaram evidentes dois grandes grupos,

mostrando que a jornada é uma das variáveis mais significativas para ocorrência de

acidentes.

A figura 4 a seguir, caracteriza o Grupo B (HAA5-DP2-LE3-CAU2) JT12 –

em uma jornada de doze horas. Mostra os acidentes de trabalho ocorridos após oito

horas de trabalho, com afastamentos de dois a seis dias, com lesões no pescoço,

cabeça e olhos, tendo como causa escadas e degraus.

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Figura 4: Grupo B.

Por fim, a figura 5 a seguir apresenta o Grupo C (HAA4-DP4-LE2-

CAU1)JT12 – em uma jornada de doze horas. Mostra os acidentes de trabalho

ocorrido após seis a oito horas de trabalho, com afastamentos acima de treze dias,

com lesões nos pés, tendo como causa piso.

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Figura 5: Grupo C.

Deste modo, através das figuras 3, 4 e 5 pode-se observar que a jornadas

de trabalho extensas continuam sendo um agravante para a ocorrência de

acidentes. É necessário de melhorar a saúde do empregado durante a jornada de

trabalho, através de relaxamento, ginástica laboral, paradas técnicas etc.

Outro aspecto a ser observado, também com relação à jornada de

trabalho, aponta para os Grupos B e C, que demonstram ser os de maior custo para

a empresa, fazendo-se necessário e premente diminuir os custos.

Com relação ao Grupo A, este demonstra que os acidentes ocorrem mais

cedo, com início nas primeiras duas horas de trabalho. Sendo assim, faz-se

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necessário tirar o fator ansiedade do trabalho, fazendo técnicas de relaxamento,

algum tipo de aquecimento ou ginástica laboral.

De acordo com as lesões e sua relação com a jornada de trabalho,

observou-se que os acidentes de trabalho mais leves (quedas, luxações etc) estão

relacionados com jornadas de oito horas, pois o empregado não apresenta níveis de

fadiga acentuados. Entretanto, a jornada de trabalho de doze horas diárias, já

apresenta lesões mais graves (torções, cortes etc).

Uma última análise feita tem-se a relação entre tempo de casa (TC) e as

lesões (LE), observou-se a formação de três grupos bem característicos, porém, um

resultado pouco expressivo para concluir, conforme figura 6.

TC4 TC3 TC2 TC7

Figura 6 Representação das variáveis TC e LE TC5 TC6 TC1

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A conseqüência para o trabalhador/empresa está num maior dias de

afastamento nessa última jornada, acarretando um custo maior para o sistema como

um todo. Com relação aos riscos, é possível que o trabalhador ao sofrer uma fadiga

mais acentuada não mantenha os cuidados necessários para sua proteção.

As figuras que demonstram as atividades de cada empregado representa,

em nível de gerenciamento, a necessidade de se gerar mecanismos para que os

empregados que estão na região de maior incidência de acidentes de trabalho

possam minimizar ou eliminar as ocorrências.

A implantação de políticas com ações a serem implementadas para

melhoria do desempenho envolvendo formação e treinamento/capacitação.

A classificação de todos os indivíduos, localizados na mesma posição no

plano fatorial, facilita para os gestores a necessidade da tomada de decisão

diferenciada em relação às dimensões: Lesão no Corpo (LE), Horas (HAA) e

Jornada de trabalho (JT). Deste modo, ao analisar cada dimensão separadamente,

pode-se definir metas a serem perseguidas para cada grupo de indivíduos.

As empresas são instituições pluridisciplinares e, desse modo, por fim, a

avaliação é extremamente valiosa como subsídio para deliberações, o que obriga ao

gestor ponderar as implicações de seu uso. Uma das principais é o gerenciamento e

o tratamento da informação fornecida, o qual deverá possibilitar a utilização, de

forma a otimizar os resultados.

Portanto, o gestor de segurança e qualidade é obrigado a buscar dados

relevantes entre toda a informação disponível para estabelecer prioridades e tomar

decisões, seguindo sucessivos ciclos de ações, onde a análise da relação entre as

variáveis proposta virá em auxílio do gestor nesta tarefa, indo ao encontro do

posicionamento de alguns autores citados – Monteau e Baumecker, que entendem

que o acidente de trabalho deve seguir uma concepção multicausal.

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CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Um País como o Brasil, componente do mundo globalizado deve sempre

buscar aperfeiçoar o que lhe for possível. Assim, o processo de terceirização permite

que as empresas sigam uma linha de produção que vise uma atividade principal.

Estas terceirizam para outras a produção de atividades acessórias, necessárias à

conclusão da principal. Com isso, observa-se o desenvolvimento econômico,

especialização dos serviços, maior competitividade, busca de qualidade, controles

adequados, aprimoramento do sistema de custeio, esforço de treinamento,

desenvolvimento profissional, menor desperdício, valorização dos talentos humanos,

agilidades das decisões, menor custo, maior lucratividade e crescimento - um

alcance de aperfeiçoamento.

A terceirização é uma das alternativas de se flexibilizar o mercado de

trabalho, haja vista a incapacidade de nossa legislação efetivamente manter as

garantias dos sujeitos aos quais ela se destina. Outro ponto que merece destaque,

no caso em estudo, é a questão dos riscos, isto exige a criação de mecanismos de

controle do processo eficazes, a fim de manter-se a qualidade e produtividade dos

serviços quando se trata de ambientes hospitalares.

Historicamente, o gestor da segurança e qualidade vem observando os

acidentes de trabalho através de dados (médias, desvio padrão, análise

unidimensionais) os quais subsidiam julgamentos parciais por níveis, setores e/ou

pessoas. Esta parcialidade e fragmentação na comunicação dos dados não têm

favorecido análises globais e observação de tendências. A metodologia proposta

atendeu estes aspectos.

A respeito da análise global, as informações disponibilizadas viabilizam

tomadas de decisões em nível de ações mais abrangentes que contemplam a

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implantação de programas organizacionais, isto é, atividades sistemáticas que

envolvem planejamento, processo e resultados.

O acidente de trabalho, evidenciado pelas ilustrações, tem relacionado

itens que traduzem, em determinadas situações e contextos, significados e

representações muito semelhantes, quase redundantes, formando, basicamente,

três grupos a serem trabalhados conforme as variáveis estudadas.

A metodologia proposta permite a verificação das carências internas dos

instrumentos de registro e contratação, bem como os registros de Acidentes de

Trabalho e exigências técnicas mínimas nos editais de licitação.

Ao término deste estudo chegou-se à conclusão que a implantação do

sistema da qualidade do Grupo Back como tomada de decisão estratégica foi

importante, e ainda é, para conseguir alcançar seus objetivos operacionais juntos

aos seus contratantes, principalmente, aos serviços de limpeza hospitalar. Mas, no

que se refere como diferencial atualmente, já não existe mais, agora a qualidade se

tornou obrigatória no meio competitivo, tornando-se uma barreira à entrada aos

novos empresários que queiram investir no setor. Isto, porque já há no mercado sete

empresas certificadas e duas em processo de certificação.

Certamente o objetivo geral foi alcançado, pois o cruzamento das

variáveis confirmou sua relação com o acidente de trabalho, principalmente, com a

jornada de trabalho (JT) mais longa que foi causadora de lesões mais graves. No

que se refere aos objetivos específicos, os mesmos corroboraram para a conclusão

acima.

As variáveis abordadas (processo, ambientais e organizacionais), por não

alcançarem todas as possibilidades de avaliação devido às limitações da pesquisa,

tornaram esse trabalho meramente indicativo, com ressalvas na possibilidade de

torná-lo comprobatório e conclusivo.

Para a Engenharia de Produção, no âmbito da Segurança do Trabalho, a

pesquisa é uma linha mestra para novos trabalhos na área de prestação de serviços

em hospitais, mesmo porque, não era a intenção esgotar todo o assunto, devido,

ainda, a gama enorme de variáveis a serem avaliadas.

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5.2 Recomendações para Pesquisas Futuras

Do exposto, devido algumas relações apresentarem resultados

questionáveis, como, por exemplo, o grau de instrução (GI), recomenda-se uma

pesquisa mais ampla, bem como, há necessidade de se observar os seguintes

aspectos:

1) Variáveis Organizacionais

- Fazer o reconhecimento dos agentes ambientais através de um estudo

de um roteiro adequado, caracterizando a área física dos locais de

trabalho, processos, atividades neles desenvolvidas e riscos a elas

associados, garantindo que todos os processos sejam visitados

através do estabelecimento do fluxo do processo produtivo global e

também permite a avaliação das interfaces e interferências entre os

diversos locais e processos de trabalho.

- O PPRA, como ponto de partida, é uma ferramenta valiosa do ponto de

vista gerencial, para se avaliar as reais condições do local de trabalho,

porém, como uma metodologia mais adequada a terceiros.

- O poder regulamentar do empregador pode introduzir situações ou

condições mais favoráveis aos empregados, que devem também estar

presentes para a manutenção de um outro princípio importante dentro

da segurança - o da melhoria contínua. O meio ambiente do trabalho

adequado e seguro é um dos mais importantes e fundamentais direitos

do cidadão trabalhador, o qual, se desrespeitado, além de macular a

vida, provoca agressão a toda sociedade. Aqui reside o fator que

envolve auto-estima dos empregados (normas e conscientização).

- A confecção de um modelo de treinamento deve ser feita

cuidadosamente, de modo que sua eficácia não seja diminuída por

desconsiderar alguns fatores. Visando facilitar a confecção de um bom

programa de treinamento, são relacionadas algumas considerações

para serem analisadas, tais como: determinação dos conhecimentos e

de experiência básicas necessárias para os treinandos; determinação

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das necessidades de treinamento para novos treinandos; e deverá ser

determinado se houve mudança comportamental nos mesmos.

- O planejamento, a análise crítica e comparações visando a melhoria

contínua dos programas de segurança, são os elementos básicos para

a criação de indicadores de desempenho, aplicáveis às características

mensuráveis do sistema. Esses indicadores visam alinhar todas as

atividades do sistema em direção a metas ora definidas e para avaliar

o programa em relação a essas metas. É importante lembrar que os

indicadores podem ser alterados. O desenvolvimento contínuo de

qualidade significa fazer constantes investimentos nos processos e na

avaliação dos mesmos visando alcançar melhores e mais consistentes

resultados, através de inspeções de segurança mais eficazes.

- Cabe à alta direção a criação de sistemas claros de reconhecimento e

premiação dos servidores de modo a reforçar a importância de sua

participação, bem como, enfatizar que a melhoria contínua da

qualidade é a segurança do trabalho e medicina do trabalho, como

elementos geradores do bem estar social e moral dentro da instituição

hospitalar.

2) Variáveis de Processo

- A valorização excessiva do uso de EPI, como medida de proteção à

saúde é um equívoco, na medida que a utilização dos mesmos não

corrige as deficiências presentes nas variáveis organizacionais, de

processo e ambientais existentes, nem tão pouco neutraliza por

completo a ação dos agentes insalubres no organismo do trabalhador.

3) Variáveis Ambientais (as informações relevantes que devem ser

aplicadas, basicamente, dizem respeito às instalações do hospital,

instrumentos e algumas ações para minimizar os riscos existentes)

- As maiores fontes de acidentes são quedas, perfuração cutânea

tornando necessário um estudo mais amplo nesse particular.

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- O maior cuidado na aquisição equipamentos e instrumentos,

determinando e esclarecendo quais os novos riscos que tais

equipamentos introduzirão no ambiente hospitalar. Isto permitirá o

desenvolvimento de políticas de controle de riscos mais adequadas.

- O treinamento no desenvolvimento das limpezas deve ser considerado

de modo semelhante à manutenção preventiva. Pode-se deixar de

fazê-lo e economizar dinheiro por um período de tempo, porém os

custos decorrentes da falta de treinamento ficarão muito caros num

futuro próximo.

- Estabelecimento de um guia administrativo compatível com a política

do hospital e a empresa fornecedora de mão de obra.

- A melhoria contínua dos padrões de segurança requer um enfoque

bem definido e bem executado em todas as unidades e atividades da

instituição hospitalar. Entre outros tipos de melhoria, destaca-se: o

aumento do valor (atenção) para com o empregado, a redução de

erros de operação e defeitos dos equipamentos, a melhoria da rapidez

das respostas aos problemas que envolvem segurança, a redução do

tempo médio entre falhas relativas à segurança, o aumento dos

períodos de manutenção nos equipamentos e sistemas e melhoria da

eficácia e da eficiência de todos os recursos de segurança disponíveis.

5.3 Considerações Finais

Considerando que a adoção de prática e ações voltadas a segurança e a

qualidade por parte da instituição hospitalar e da empresa fornecedora de mão-de-

obra aumenta o seu valor, a satisfação e a preferência do usuário, faz-se necessária

uma implantação de medidas que procurem diferenciar os hospitais, daqueles que

não têm este princípio, reduzindo erros ou condições inseguras e a eliminação e

causas de insatisfação, contribuem significativamente para a visão de qualidade e

bem estar dos usuários e empregados.

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A solução de problemas de segurança de modo rápido é um relevante

atributo da qualidade, minimizando expectativas negativas por parte de todos os

empregados envolvidos no ambiente hospitalar.

O conceito de resposta rápida deve ser aplicado na redução dos

intervalos de tempo entre a concepção de um problema de segurança e o início de

sua solução.

As ações que visem a melhoria da qualidade nos serviços destinados à

promoção da segurança em todas as atividades desenvolvidas no ambiente

hospitalar devem ser baseadas em dados confiáveis.

Extrair dos fatos, o mais amplo significado para apoiar as avaliações e

tomadas de decisão em todos os níveis da empresa implica em profunda análise das

informações relevadas pelas diversas ocorrências relativas a segurança que se

manifestam em todos os níveis da empresa.

Esta análise deverá, como objetivo principal, revelar as tendências,

projeções e principalmente as relações causa/efeito embutidas nos fatos. Salienta-se

que essas informações poderão ou não estar evidentes na análise dos fatos.

Considerando que a instituição hospitalar, ou qualquer elemento dela,

possa cometer erros e que estas atuações podem trazer efeitos danosos aos

usuários, empregados, visitantes e à própria empresa, apresentamos quatro

possíveis situações que podem estar ocorrendo dentro do hospital.

É importante concluir, finalmente, sobre alguns itens apresentados como

resultados no Capítulo 4.

No que diz respeito ao perfil dos acidentes de trabalho e os empregados

envolvidos, no período de 2000 e 2002, não restaram dúvidas que deve existir um

padrão de treinamento, o recrutamento/seleção, bem como, as ações

implementadas focando os cuidados conforme a função a ser exercida.

No que tange a jornada de trabalho (12 x 36), detectou se que é a mais

prejudicial, causando acidentes em maior números, mais graves, com maior

afastamento, desse modo, há um equívoco da empresa ao adotar a jornada em

questão, entendendo estar fazendo uma redução de custos, no entanto, ocorre fuga

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de recursos que são necessários para manter o quadro treinado, orientado e

completo.

Com relação ao grau de instrução, hoje a empresa mantém uma

exigência mínima para que o empregado seja apenas alfabetizado, indo ao encontro

da presente pesquisa que apontou essa variável como ilustrativa, pois não foi um

“divisor de águas” para caracterização dos grupos e suas tendências. Porém,

ressalta-se que, o resultado apresentado merece cautela, pois não há como crer em

melhorias nos serviços executados sem crescimento intelectual e conhecimento, por

isso a recomendação de um estudo mais amplo nesse particular.

Atualmente, o Grupo Back ainda busca o diferencial nos serviços

hospitalares para que possa se manter no mercado. A empresa está inserindo nos

projetos de pesquisa acadêmica de seus empregados as suas atividades

administrativas, buscando, com isso, as novas tecnologias com informações

acessíveis em qualquer lugar e momento, forçando a busca de diferenciais

competitivos no mercado e na academia, com o objetivo de se manter inserida e

pronta para transformações do próprio mercado.

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REFERÊNCIAS

1. _______________. Curso de direito do trabalho: história e teoria do direito do

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