acesso e visualizaÇÃo de informaÇÕes na delegacia … · na sociedade contemporânea o acesso a...

57
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA VIRTUAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO Shirnaide Chiarell Gonçalves de Holanda Recife, 2014

Upload: others

Post on 27-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA VIRTUAL DO

ESTADO DE PERNAMBUCO

Shirnaide Chiarell Gonçalves de Holanda

Recife,

2014

Page 2: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

2

Shirnaide Chiarell Gonçalves de Holanda

ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA VIRTUAL DO

ESTADO DE PERNAMBUCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciência da Informação da

Universidade Federal de Pernambuco, como requisito

à obtenção do título de Bacharel em Gestão da

Informação.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Albuquerque Siebra

RECIFE

2014

Page 3: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

3

Serviço Público Federal

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Artes e Comunicação

Departamento de Ciência da Informação

FOLHA DE APROVAÇÃO

Acesso e visualização de informações na delegacia virtual do Estado de

Pernambuco

(Título do TCC)

Shirnaide Chiarell Gonçalves de Holanda

(Autor)

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Banca Examinadora, apresentado no Curso de

Gestão da Informação, do Departamento de Ciência da Informação, da Universidade Federal de

Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Gestão da

Informação.

TCC aprovado em 19 de agosto de 2014.

Banca Examinadora:

Page 4: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

4

Catalogação na fonte

Bibliotecário Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204

H722a Holanda, Shirnaide Chiarell Gonçalves de

Acesso e visualização de informações na delegacia virtual do Estado de

Pernambuco / Shirnaide Chiarell Gonçalves de Holanda. – Recife: O Autor,

2014.

120 p.: il., fig.

Orientador: Sandra Albuquerque Siebra.

Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Universidade Federal

de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação. Ciência da Informação,

2014.

Inclui referências e apêndice.

1. Usabilidade. 2. Serviços de informação - administração. 3. Gestão da informação. 4. Serviço público. I. Siebra, Sandra Albuquerque (Orientador). II. Título.

Page 5: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

5

RESUMO

Diversos órgãos públicos aproveitam os avanços tecnológicos da internet/Web para ofertar

serviços ao cidadão, como forma de aliviar seus setores de atendimento ao público, que, em geral,

são alvos de diversas reclamações. Neste cenário, pensando nos usuários que precisam registrar

uma ocorrência policial foi lançada, no ano de 2003, a Delegacia Interativa, também chamada de

Delegacia pela Internet ou Delegacia Virtual, cujo foco consiste em trazer maior comodidade ao

cidadão, evitando o seu deslocamento até uma unidade policial. Porém, percebe-se que, no

desenvolvimento de serviços públicos online, há um verdadeiro descuido relacionado a

usabilidade. Isso ocorre, muitas vezes, devido ao demasiado entusiasmo no uso de tecnologias,

que são priorizadas em detrimento da percepção das reais necessidades dos usuários e das

barreiras que podem impedir esses usuários de utilizarem adequadamente os serviços

disponibilizados. Neste contexto, esse trabalho objetivou analisar e discutir questões relacionadas

a forma como a informação é visualizada, a interação e a usabilidade na delegacia virtual do

Estado de Pernambuco. O presente estudo é exploratório e está inserido no campo da pesquisa

quantitativa e qualitativa, além de ter utilizado como estratégia o estudo de caso, com utilização

de questionários e entrevistas para a coleta de dados. A avaliação de usabilidade, realizada com a

aplicação das heurísticas de Nielsen e testes com usuários, mostrou-se bastante relevante tendo

em vista o clamor social por serviços cada vez mais qualificados. Como resultados foram

encontrados problemas como os de uso de vocabulário inadequado, falta de clareza para

preenchimento dos campos, caminhos de navegação confusos e a falta de recursos para

prevenção de erros. A relevância deste trabalho está no fato que sites mais usáveis facilitam o

acesso a informação, que é um direito do cidadão. Assim, todos os cidadãos, como integrantes da

Sociedade da Informação, têm o dever de exigir que esse direito seja cumprido, para que todos,

independente de suas limitações, tenham acesso às informações e serviços governamentais.

Palavras-chave: Delegacia Virtual. Usabilidade. Serviço de Utilidade Pública. Interação com

Usuários.

Page 6: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

6

ABSTRACT

Several government agencies take advantage of technological advances of the Internet / Web to

offer services to citizens as a way to relieve their areas of Customer Service, which, in general,

are targets of several claims. In this scenario, thinking about the users who need to file a police

report was launched in 2003, the Interactive Precinct, also called Internet or Virtual Precinct,

whose focus is to bring greater convenience to citizens, preventing its displacement to a police

unit. However, it is noticed that in the development of online public services there is a real

neglect related to the usability. This is often due to too much enthusiasm in the use of

technologies that are prioritized rather than the awareness of the real needs of users and the

barriers that can prevent these users to properly use the available services. In this context, this

work aims to analyze and discuss issues of interaction and usability in virtual precinct of

Pernambuco. This study is exploratory and is inserted in the field of quantitative and qualitative

research, in addition to the case study strategy, using questionnaires and interviews to collect

data. The usability evaluation, performed with the application of Nielsen's heuristics and user

testing, proved to be very relevant in view of the public outcry over increasingly skilled services.

As result, were found problems like inadequate vocabulary, lack of clarity to fill fields,

navigation paths confused and lack of resources for preventing errors. The relevance of this work

lies in the fact that sites with more usability can provide easy access to information, which is a

citizen's right. Thus, all citizens, as members of the information society, have the duty to demand

that this right is fulfilled, so that everyone, regardless of their limitations, have access to

government information and services.

Keywords: Virtual Police Station. Usability. Public Utility Service. Accessibility.

Page 7: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

7

A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas

só pode ser vivida, olhando-se para frente.

Soren Kierkergaar

Page 8: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

8

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, em seguida aos meus pais, Tânia e Ozéas (in memorian), por terem me

proporcionando educação que me levou a alcançar esse tão sonhado objetivo.

Meu esposo Ângelo e meu filho Caio Vinícius que me apoiaram e me incentivaram em todos os

momentos.

Também a minha orientadora Sandra Siebra por toda dedicação e paciência durante a elaboração

deste trabalho.

Assim como aos meus amigos de curso, especialmente Daysi Oliveira que esteve sempre presente

ao meu lado durante toda vida acadêmica.

Page 9: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - ESTRUTURA DA USABILIDADE SEGUNDO A ISO 9241-11 .......................................................................................... 26 FIGURA 2 - EVOLUÇÃO DO REGISTRO DE BOLETINS DE OCORRÊNCIA NA DELEGACIA VIRTUAL ............................................................. 37 FIGURA 3 - BOLETINS DE OCORRÊNCIA VIRTUAIS REGISTRADOS NO 1O. QUADRIMESTRE DE 2014. .................................................... 37 FIGURA 4 - INFORMAÇÕES SOBRE COMO REGISTRAR O BO DISPONÍVEIS NO BOTÃO "COMO REGISTRAR" DA DELEGACIA VIRTUAL ........... 39 FIGURA 5 - PÁGINA INICIAL DA DELEGACIA VIRTUAL ................................................................................................................. 40 FIGURA 6 - PREENCHIMENTO DO BO PELO USUÁRIO 7 ............................................................................................................. 41 FIGURA 7 - EXEMPLO DE PROBLEMA NA LOCALIZAÇÃO DO ENDEREÇO VIA MAPA ............................................................................ 42 FIGURA 8 - PROBLEMAS NO PREENCHIMENTO DO BO .............................................................................................................. 43 FIGURA 9 – FORMATO INADEQUADO DE ENTRADA DE DADOS NO CAMPO DATA DE NASCIMENTO ...................................................... 44 FIGURA 10 – EXEMPLO DE INADEQUAÇÃO ENTRE O VOCABULÁRIO DO SISTEMA E O MUNDO REAL. .................................................... 45 FIGURA 11 - IMAGENS SIMILARES A ÍCONES CONFUNDINDO OS USUÁRIOS .................................................................................... 46 FIGURA 12 - METÁFORA DO POLICIAL VIRTUAL AUXILIANDO O PREENCHIMENTO ............................................................................ 46 FIGURA 13 - USO DE METÁFORAS PELA DELEGACIA INTERATIVA DO ESTADO DE ALAGOAS ............................................................... 47 FIGURA 14 - BARRA INDICATIVA DAS ETAPAS DE PREENCHIMENTO DO BO .................................................................................... 47 FIGURA 15 - RESUMO DO REGISTRO PREENCHIDO PARA CONFIRMAÇÃO NA DELEGACIA INTERATIVA DO ESTADO DE ALAGOAS ................. 48

Page 10: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

10

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - FORMAS DE REVOLUÇÃO PROPORCIONADA PELO E-GOV .......................................................................................... 18 QUADRO 2 – RESUMO DAS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE USABILIDADE ........................................... 27 QUADRO 3 – ESCALA DO GRAU DE SEVERIDADE DE PROBLEMAS DE USABILIDADE ........................................................................... 31 QUADRO 4 - PERFIL DOS USUÁRIOS NO TESTE DE USABILIDADE .................................................................................................. 38

Page 11: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................12

2 GOVERNO ELETRÔNICO (E-GOV) .............................................................................................................16 2.1 SERVIÇOS PÚBLICOS PRESTADOS AOS CIDADÃOS ...................................................................................................19 2.2 O USO DA INFORMAÇÃO NO SETOR DA SEGURANÇA PÚBLICA ...............................................................................22

3 USABILIDADE ..................................................................................................................................................25 3.1 AVALIAÇÃO DE USABILIDADE ....................................................................................................................................27 3.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ANALÍTICOS ....................................................................................................................29 3.3 TESTES DE USABILIDADE COM USUÁRIOS REAIS ...................................................................................................32

4 METODOLOGIA ...............................................................................................................................................33

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .....................................................................................................................36 5.1 PANORAMA DA DELEGACIA VIRTUAL ......................................................................................................................36 5.2 AVALIAÇÃO E TESTES DE USABILIDADE ..................................................................................................................37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................49

REFERÊNCIAS .........................................................................................................................................................51

APÊNDICE A ............................................................................................................................................................56

Page 12: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

12

1. INTRODUÇÃO

Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem

facilitando a interação entre os indivíduos, assim como proporcionando a utilização de

ferramentas, produtos e serviços de utilidade pública ou de utilização paga. Neste contexto,

como forma de facilitar a oferta de serviços públicos ou de atendimento aos cidadãos, o setor

público passou a oferecer uma grande variedade de serviços especializados online, através da

internet. Na verdade, diversos órgãos públicos têm aproveitado o avanço das tecnologias e a

internet/Web para ofertar serviços ao cidadão, até mesmo como forma de desafogar seus setores

de atendimento ao público, que, em geral, são alvo de diversas reclamações.

Entretanto, é observado que, apesar do principal objetivo da oferta de serviços na internet

ser facilitar a vida do cidadão, a falta de infraestrutura adequada para utilização por pessoas que

não possuem computador (ex: telecentro ou centros comunitários com laboratório de

informática); a criação de serviços sem pensar no perfil do usuário final (suas características,

possíveis necessidades e dificuldades); a falta de infraestrutura de rede (conexão adequada com a

internet) e a não intuitividade dos serviços oferecidos, ainda são motivo de exclusão digital dos

cidadãos brasileiros ou de insatisfação por parte deles (ROVER, 2008). Becher e Rodrigues

(2009) relatam que para conquistar o usuário é preciso primeiramente que ele consiga ter acesso

ao site de forma segura e eficiente, depois disso espera-se uma interface agradável, onde o

usuário consiga interagir de forma simples, intuitiva e alcançar, de forma satisfatória, o seu

objetivo.

Neste cenário, pensando no cidadão que registrar uma ocorrência policial, foi

desenvolvida no ano de 2003, através do Decreto 26.102/2003 (PERNAMBUCO, 2003), pela

Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, a Delegacia Interativa, também chamada de

Delegacia pela Internet ou Delegacia Virtual1. O objetivo principal da secretaria ao criar esse tipo

de serviço foi agilizar o atendimento ao usuário com relação a ocorrências de furto, roubo, dano,

extravio de objetos no valor de até 40 salários mínios ou acidentes de trânsito sem vítimas. O

foco está em trazer uma maior comodidade ao cidadão, evitando o seu deslocamento até uma

unidade policial. 1 Disponível através do site: http://servicos.sds.pe.gov.br/delegacia/

Page 13: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

13

O boletim de ocorrência pode ser conceituado como sendo o registro ordenado e

minucioso das ocorrências que exigem a intervenção policial2. Ocorrência policial, por sua vez, é

todo fato que, de qualquer forma, afete ou possa afetar a ordem pública e que exija a intervenção

policial por meio de ações ou operações. Quando um boletim de ocorrência é feito, muitas vezes

o cidadão não se dá conta do quão importante é a informação registrada nas delegacias. Pois,

além do propósito investigativo, ela serve de embasamento para elaboração de políticas públicas.

A partir da informação registrada, decisões importantes são tomadas pelo governo, decisões estas

que acabam por refletir no cotidiano do cidadão, tais como a criação de programas, a melhoria da

patrulha em determinadas regiões e o direcionamento de investimentos em setores cruciais de

combate a violência urbana.

Especialmente os cidadãos que perdem documentos ou objetos também ignoraram a

importância de se fazer a queixa de extravio, por não considerarem o fato passível de um boletim

de ocorrência. Porém, informações pessoais nas “mãos erradas” comprometem a segurança do

cidadão e podem acarretar crimes graves. Por exemplo, RGs e CPFs perdidos, podem ser usados

por estelionatários para compras indevidas ou fraudes. A lista telefônica nos aparelhos celulares

perdidos podem ser usadas por criminosos para simular sequestros de familiares, levando a

vítima a passar por danos, além de traumas. Muitas vezes, o motivo relatado por pessoas que não

prestam queixa é o receio de adentrar nas dependências de uma delegacia e de lá esperarem por

atendimento e acabarem por se deparar com situações desagradáveis, como brigas e prisões.

Desta forma, muitas pessoas acabam considerando mais simples apenas solicitar a segunda via do

documento.

Assim, pensando em contribuir com a reflexão sobre como tornar os serviços

disponibilizados aos cidadãos mais fáceis de serem utilizados e mais próximos da realidade do

cidadão comum, o objetivo geral deste trabalho é discutir a questão da visualização de

informações na delegacia virtual do Estado de Pernambuco.

A partir desse objetivo geral serão trabalhados os seguintes objetivos específicos: realizar

um estudo de caso com a delegacia interativa do estado de Pernambuco com relação à

2 Ver no site (http://www.universopolicial.com)

Page 14: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

14

usabilidade3, assim como também realizar um teste de usabilidade na delegacia virtual do Estado

de Pernambuco com usuários reais, além de propor recomendações com vistas a melhorar a

visualização de informações na delegacia virtual da Secretaria de Defesa Social do Estado de

Pernambuco.

A motivação deste trabalho é poder contribuir socialmente, elaborando um estudo com

vistas a disseminar o conhecimento relativo à importância de estudos de usabilidade na Web.

Com relação à delegacia interativa, espera-se contribuir para que possam ser feitas melhorias de

forma que os serviços possam ser utilizados com efetividade e garantia de satisfação do usuário,

uma vez que a informação gerada no boletim de ocorrência policial serve de embasamento para a

elaboração de políticas públicas com vistas ao enfrentamento e redução da criminalidade. Em

outras palavras, o uso efetivo deste tipo de sistema serve para subsidiar as autoridades públicas,

tornando possível o cruzamento e a análise das informações criminais e civis para que elas

possam se antecipar às ações criminosas. As informações fornecidas pelos cidadãos tornam

possível a projeção de cenários e a formação de ações estratégicas para combater a criminalidade,

servindo de base para gestão do conhecimento no setor de segurança pública, uma vez que as

informações são tratadas, organizadas e após as análises necessárias, são entregues para a tomada

de decisão.

(...) o uso da gestão do conhecimento pode ser um diferencial para a prevenção e

o combate da criminalidade nestes novos tempos da sociedade de informação.

Mas para que isto se concretize é preciso investimento de forma maciça em

tecnologia, fazendo com que haja planejamento nas ações e gerem eficiência no

combate da criminalidade. (SILVA et al., 2008, p. 6)

Porém, infelizmente percebe-se que no desenvolvimento dos projetos de serviços públicos

online é demasiado o entusiasmo no uso de tecnologias consideradas “de ponta”, em detrimento

da percepção das reais necessidades dos usuários e das barreiras que podem impedir esses

usuários de utilizar adequadamente os serviços disponibilizados.

Logo, é preciso incluir nos processos de desenvolvimento de sistemas interativos,

procedimentos de avaliação de sistemas com relação a sua usabilidade, uma vez que do ponto de

3 Usabilidade é definida segundo a norma ISO 9241-11 como sendo a “Capacidade de um produto ser usado por usuários

específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto especifico de uso”.

Page 15: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

15

vista do usuário, a qualidade da interface e da interação determina a qualidade do sistema e

reflete na real possibilidade de utilização do sistema por parte do usuário (PRATES; BARBOSA,

2003). Iniciativas como esta, de incluir procedimentos de avaliação de sistemas com relação à

qualidade de uso, podem ajudam a promover o aumento da qualidade do produto ou do serviço

ofertado e consequentemente o aumento do grau de satisfação do usuário, colaborando com o

bem da coletividade que é a finalidade principal buscada pela administração pública.

Page 16: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

16

1 Governo Eletrônico (E-gov)

No Brasil, como no resto do mundo, o governo eletrônico se ampliou a partir da segunda

metade da década de 1990. A partir dessa data, passou-se a fazer um maior uso de grandes bancos

de dados, tanto para acumular registros como para gerenciar informações relevantes. Os avanços

tecnológicos passaram a ajudar no aprimoramento da tomada de decisões, especialmente nos

setores que mantêm contato direto com a população, em que a resposta a curto prazo é uma

questão essencial (BALBE, 2010). Em comparação com o setor privado, pode-se dizer que,

enquanto no capitalismo a inovação é motivada pelo desejo de se antecipar aos concorrentes,

pressupõe-se que no sistema público a inovação é motivada pela pressão social. Ou seja, pela

necessidade de apresentar respostas à sociedade no que tange a uma administração pública com

resultados efetivos aos cidadãos (GUTIEERREZ, 2012).

Sendo assim, os avanços tecnológicos foram influenciados e influenciaram

simultaneamente as mudanças e reformas procedidas na administração publica. Neste sentido o

governo sentiu a necessidade de melhores práticas, para isso tomou técnicas emprestadas do setor

privado, pois as mudanças trazidas pelas TICs exigiam melhoria nos processos, transparência das

ações e efetividade de políticas públicas.

A administração pública vem seguindo o exemplo do setor privado e se

beneficia do enorme potencial das novas tecnologias para melhorar sua eficácia.

Não só melhorando o funcionamento interno das instituições públicas, como

também o relacionamento entre as diferentes administrações e a interação com

os cidadãos e empresas (GARCIA, 2006, p. 79).

Reagindo a estímulos ou acompanhando tendências, o Brasil constituiu o e-governo ou

governo eletrônico, também conhecido por e-gov, com o uso efetivo de tecnologia não só para

automação dos departamentos, mas também para permitir uma maior comunicação e interação

com o ambiente externo a partir da prestação de serviços de informações diversos à sociedade.

O e-governo pode ser entendido como sendo a capacidade de disponibilizar serviços

(sobretudo de informação) aos cidadãos, juntamente com a dinamização dos processos

governamentais (jurídico-legistativos, de políticas públicas, etc) de forma integrada

(interoperável), ou seja, envolvendo todas as instâncias governamentais, privadas ou não-

Page 17: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

17

governamentais, através das modernas tecnologias de informação e comunicação, objetivando a

integração, transparência, governabilidade e a democracia (GARCIA, 2006)

A atual tecnologia permite também que a própria gestão do governo, como a coordenação,

planejamento, execução e controle de ações, assim como a transação deste com o setor privado,

seja amplamente aperfeiçoada. Tais oportunidades como a possibilidade de acesso a serviços, e

maior participação nas decisões e acompanhamento dos atos governamentais por parte dos

cidadãos, necessariamente impõe a adoção de meios digitais por parte de todas as instâncias

governamentais, através do emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação “[...] em

benefício da eficácia, responsividade, transparência e governança” (TAKAHASHI, 2000, p.8).

Segundo Castor e José (2001) e Araújo et al. (2013) o e-gov tem a capacidade de

revolucionar vários processos simultaneamente e consequentemente viabilizar estruturalmente a

participação cidadã, conforme se pode constatar no Quadro 1, que traz à tona a funcionalidade

proporcionada pelo governo eletrônico, sendo a primeira delas (a prestação de serviços públicos)

o foco desse trabalho.

Assim, a partir do Quadro 1 e conforme Araújo et al. (2013), pode-se afirmar que o e-gov

Por um lado fomenta nos usuários da Web uma proximidade com os serviços

públicos on-line, agilizando essa interação e facilitando a vida dos cidadãos, ao

mesmo tempo traz o mecanismo de legitimação subjacente, uma vez que dá livre

conhecimento às próprias ações do Estado. Paralelamente, o próprio Estado

passa a ter um suporte em sua gestão diminuindo os processos administrativos e

ao mesmo tempo reduzindo as dificuldades de controle, possibilitando uma

maior eficácia governamental. (ARAÚJO et al., 2013, p. 81).

É interessante destacar, também, a visão de Bresser-Pereira e Spink (1998), que definem

o governo eletrônico como um reflexo da sociedade, ou seja, algo solicitado e instigado pela

população.

Page 18: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

18

Quadro 1 - Formas de revolução proporcionada pelo e-gov

Fonte: (ARAÚJO et al., 2013)

De acordo com Fernandes (2001) o desenvolvimento do governo eletrônico passa por

quatro estágios que vão desde a criação de sites para difusão da informação sobre os mais

diversos órgãos e departamentos de todos os níveis do governo que, eventualmente, são reunidos

em um portal, como uma espécie de catálogo de endereço dos vários órgãos do governo; até um

estágio mais avançado, onde nele é desenvolvido um tipo de portal que deixa de servir apenas

como um simples índice de sites do governo com centenas de endereços, mas um lugar de

convergência de todos os serviços prestados pelo governo. Neste estágio, o serviço é

disponibilizado por funções ou temas, e não segundo a divisão real do governo em ministérios,

departamentos, etc. Sendo que, para se atingir este patamar de desenvolvimento de governo

eletrônico, é necessária uma intensa integração entre os diversos órgãos e repartições do governo,

por intermédio de uma estrutura de Intranet governamental segura (GARCIA, 2006).

Page 19: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

19

No contexto do e-gov, programas governamentais estão avançando no sentido de

aplicação da TICs para uma administração pública mais eficiente e que com a colaboração entre

os entes governamentais, empresas e centros de pesquisas poderão chegar ao um nível de

desenvolvimento mais desejável. Porém, tal desenvolvimento esbarra em um gargalo que vem

sendo alvo de discussões frequentes e que exige um longo prazo para ser sanado: o problema da

alfabetização digital que se não for fortemente combatida poderá servir para reforçar ainda mais

as desigualdades sociais. Em outras palavras, a simples conectividade, ou acesso, as TIC não

garante ao cidadão o uso da informação, podendo vir a se tornar apenas mais um fator de

exclusão social (SANTOS; CARVALHO, 2009). Logo, problemas de infraestrutura tecnológica

de fácil acesso a toda a população e de operacionalização entre os diversos órgãos e instâncias

públicas são, de certo modo, solucionáveis a médio e longo prazo, dependendo muito mais de

investimentos em pesquisas e ‘vontade política’. No entanto a alfabetização informacional/digital

é um processo contínuo que se encontra tanto no decurso do sistema educativo formal, como

imbuída nas diversas formas de aprendizagem informal, ao longo da vida (FERNANDES, 2001,

p.26). Desta forma, com a intenção de promover uma maior interação entre o conteúdo

informacional e os serviços disponibilizados pelos governos eletrônicos, as atuais políticas de

informação deveriam visar, não somente superar as dificuldades infraestruturais relativas ao

desenvolvimento de redes de telecomunicações e ao acesso democrático a elas, mas,

principalmente, à educação informacional e digital da população. Isto é a capacitação da

população para usar a informação para a obtenção de conhecimento, manejando eficientemente

os atuais meios de comunicação (GONTIJO, 2002). Além disso, é preciso trabalhar na melhoria

da qualidade dos sistemas e serviços disponibilizados, especialmente em termos de facilidade de

uso e na possibilidade de acesso por todo cidadão.

1.1 Serviços públicos prestados aos cidadãos

A partir do ano de 1995, paralelamente com o boom da internet no país, aumentou –

consideravelmente - a quantidade de sites do Governo Federal na rede. Hoje, esse cenário já é

uma realidade na maioria dos estados e grandes municípios (capitais) onde as exigências dos

cidadãos para atendimento de suas necessidades e as do próprio Estado em melhor gerir sua

burocracia demandam tal profissionalização (TAKAHASHI, 2000).

Page 20: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

20

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) por meio do Centro Regional de Estudos

para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), do Núcleo de Informação e

Coordenação do Ponto BR (NIC.br), apresentou recentemente os resultados da TIC Governo

Eletrônico 20134.

Com relação aos serviços públicos on-line, os resultados da pesquisa indicaram que 94%

dos órgãos públicos federais e estaduais declararam possuir website ou página oficial na Internet.

Em relação aos serviços on-line, 90% dos órgãos públicos federais e estaduais prestaram pelo

menos um serviço público, através do seu website ou página oficial da Internet. A pesquisa

revelou ainda que 84% das prefeituras estão presentes na Internet por meio de um website ou

página oficial e 66% declararam que o site da entidade permitia a prestação de algum serviço

público.

Com relação aos mecanismos de participação do cidadão, nos 12 meses anteriores à

realização da pesquisa, 53% dos órgãos públicos federais e estaduais declararam realizar consulta

pública on-line, 28% adotaram enquetes e 18% possibilitaram a interação por meio de fóruns ou

comunidades de discussão. Entre as ferramentas de participação através da Internet mantidas

pelas prefeituras brasileiras estão as consultas públicas on-line (40%), as enquetes (25%) e os

fóruns ou comunidades de discussão (10%).

Balutis (1999, tradução nossa) exemplifica alguns dos serviços públicos que podem ser

oferecidos aos cidadãos através do uso das TICs:

Prestação eletrônica de informações e serviços.

Regulamentação das redes de informação, envolvendo principalmente governança,

certificações e tributação.

Prestação de contas públicas, transparência e monitoramento da execução

orçamentária.

Ensino à distância (e-larning), alfabetização digital e manutenção de bibliotecas

virtuais.

Difusão cultural com ênfase nas identidades locais, fomento e preservação de culturas

locais.

4 Ver http://cetic.br/tics/governo/2013/orgaos/

Page 21: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

21

E-procurement, isto é, aquisição de bens e serviços por meio da Internet, como

licitações públicas eletrônicas, pregões eletrônicos, bolsas de compras públicas

virtuais e outros tipos de mercados digitais para os bens adquiridos pelo governo.

Estímulo aos negócios eletrônicos (e-business), através da criação de ambientes de

transações seguras, especialmente para pequenas e médias empresas.

No Brasil alguns exemplos desses serviços são:

O Portal da Transparência, criado novembro de 2004 e administrado pela

Controladoria Geral da União, tem como objetivo a ampliação da transparência dos

gastos públicos.

O Receitanet da Secretaria da Receita Federal, que permite a declaração de imposto de

renda pela internet.

Emissão de contracheque e consulta a informações do servidor pelo sistema nacional

SIAPENET;

Consulta a processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ);

Emissão de boleto para pagamento de Tributos e contribuições federais pessoa física;

Emissão de certidões através de acesso a sites específicos como a Certidão Negativa

de Dívidas com o INSS, Certificado de Regularização de Situação com o FGTS,

Certidão Negativa de Tributos e Contribuições Federais, Certidão Negativa Quanto a

Dívida Ativa da União, dentre outras. Caso o cidadão ou empresa não possua qualquer

tipo de pendência, estas certidões podem ser emitidas on-line.

Delegacias virtuais;

Matrícula em escolas públicas;

Agendamento de serviços presenciais, como o recadastramento biométrico dos

Tribunal Regionais Eleitorais (TREs) e de atendimentos do INSS e DETRAN, entre

outros.

Page 22: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

22

1.2 O uso da informação no setor da segurança pública

Por ser um termo que se insere em diferentes contextos e aplicações, torna-se difícil a

definição de um conceito único e preciso para informação. Araújo (1995) afirma que já são

utilizadas mais de 400 definições, conceitos ou abordagens para caracterizar o fenômeno

informação, isso porque, segundo a autora,

informação não é, na verdade, um conceito único, singular, mas, sim, uma série de conceitos conectados por relações complexas. Para definir informação, é necessário primeiramente analisar o amplo espectro de definições em que a informação pode se inserir (ARAÚJO, 1995, p. 4).

Assim, diante dos limites desse trabalho, adotou-se o conceito advindo da análise feita por

Araújo (1995, p. 5) das conclusões dos trabalhos de Belkin e Robertson (1976), cuja proposta é

que a "informação é o que é capaz de transformar estruturas", e tais mudanças de estruturas,

conforme a própria autora ressalta, ocorre apenas no interior de organismos. De modo que

qualquer mensagem, independente de seu suporte ou linguagem, ao ser transmitida por um

processo comunicacional, pode gerar uma informação (ou não), a depender da mudança cognitiva

que proporcionar ao receptor dessa mensagem.

O uso da informação deve ser visto como algo capaz de alterar de modo significativo à

vida de um cidadão, já que a partir dela podem-se gerar novas informações. [...] Para que haja

uma transmissão de informação é necessário um emissor, um receptor e um canal. Mas se o

emissor, nesse caso o cidadão conectado, não tiver consciência de que seu papel pode ser

transformador, se não souber usar as informações que possuem para mudar seu entorno, o uso da

informação será vazio. (SANTOS; CARVALHO, 2009). Pois informação e conhecimento são

essencialmente criações humanas e nunca seremos capazes de administrá-los se não levarmos em

consideração que as pessoas desempenham, nesse cenário, um papel fundamental.

(DAVENPORT, 1998).

O cenário atual no âmbito da segurança pública tem se verificado uma perspectiva mais

ampla, sendo apresentadas ações mais preventivas a sociedade. Pois as análises advindas do uso

de sistemas de informação têm contribuído significantemente na elaboração de políticas públicas

mais eficazes, avaliação e maior controle dos procedimentos adotados pelas instituições.

Page 23: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

23

Dentre as iniciativas nesse sentido, se tem a implantação em alguns estados, incluindo

Pernambuco, as delegacias virtuais (para realização do boletim de ocorrência online) e os dados

advindos do sistema de monitoramento via câmeras já espalhados por várias cidades.

O processo de construção dos sistemas de informação criminais no Brasil foi marcado por

décadas de atrasos, Beato (2000) apontou uma série de fatores que contribuíram

significativamente com tal atraso, entre eles aparece a falta de departamento estatístico e coleta

de dados, escassez da tecnologia adequada e de profissionais devidamente capacitados em

algumas secretarias de segurança brasileiras.

Como consequências, tivemos que conviver com o aumento acentuado das taxas de

criminalidade, incremento da percepção de risco das populações nos centros urbanos e

naturalização dos fenômenos da violência e criminalidade como elementos inevitáveis do

convívio social. Por outro lado, também não se tornou possível a avaliação de impactos e custos

de ações e projetos dos setores públicos neste setor, implicando na percepção de que qualquer

iniciativa que visasse o decréscimo dos níveis de criminalidade fosse percebida de maneira

positiva, independentemente dos resultados que possam ser apresentados. Tornado-se crucial aos

analistas e formuladores de políticas o desenvolvimento e a aplicação de formas adequadas de

mensurar fenômenos de criminalidade e violência. Como aspectos de imprescindível importância,

tem-se (MJ/ SENASP, 2006):

O perfil de agressores e vítimas.

A distribuição espacial de delitos.

O relacionamento agressor e vítima.

As chances de punibilidade criminal.

O impacto efetivo de políticas e programas sociais nas taxas de violência e criminalidade.

Mas além dos analistas, formuladores de políticas e profissionais em capacitação, há que

se pensar também uso da informação do ponto de vista do cidadão. Segundo Santos e Carvalho

(2009), na sociedade da informação o uso da informação é a peça chave para que um cidadão

possa se tornar um agente ativo dentro da rede. Ao absorver e produzir novos conteúdos ele gera

Page 24: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

24

coletivos inteligentes que podem alimentar o ciclo informacional – conhecimento –

desenvolvimento e informação (BARRETO, 1998, p.123).

É sabido que o principal beneficiado nesse sistema a partir das elaborações de políticas

públicas é o cidadão comum, no entanto percebe-se que a maioria dos sistemas criminais não

dispõem informações para que ele próprio, cidadão, possa atuar de forma mais efetiva e menos

passiva, pois ninguém melhor que ele para estabelecer suas necessidades e prioridades; além de

garantir uma maior transparência das ações de segurança pública que estão sendo implantadas ao

seu favor e de sua comunidade.

Page 25: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

25

2 USABILIDADE

A internet atende a uma diversidade de pessoas com características e necessidades

específicas. A fim de atender bem e tornar possível o acesso à maioria dessas pessoas foram

criados princípios para tornar as páginas da Web mais usáveis e acessíveis. Os princípios de

usabilidade e acessibilidade vêm sendo muito comentados atualmente, no entanto a teoria parece

ainda não ter chegado à prática, pois muitos sites da Web ainda não os seguem, seja por

inabilidade técnica ou por simples desinteresse comercial. Porém alguns desenvolvedores,

empresas e organizações vêm atentando para os inúmeros benefícios trazidos através da

implementação desses princípios. (BECHER; RODRIGUES, 2009). No entanto nesta seção

trataremos apenas acerca de usabilidade por ser o foco do nosso estudo.

A norma ISO 9241-11, o padrão internacional mais comum na avaliação da usabilidade

em sistemas interativos, trouxe a definição de usabilidade como sendo a “Capacidade de um

produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia,

eficiência e satisfação em um contexto especifico de uso”. Sendo:

Usabilidade: Medida na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar

objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação, em um contexto específico de uso.

Eficácia: Acurácia e completude com as quais usuários alcançam objetivos específicos.

Eficiência: Recursos gastos em relação à acurácia e abrangência com as quais usuários atingem

objetivos.

Satisfação: Ausência do desconforto e presença de atitudes positivas durante o uso do produto.

A Figura 1 resume o conceito apresentado pela ISO 9241-11 para usabilidade.

Page 26: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

26

Figura 1 - Estrutura da usabilidade segundo a ISO 9241-11

Fonte: ISO/IEC 9241, 2002

Segundo Becher e Rodrigues (2009), usabilidade consiste na facilidade de uso, pois sendo

um produto ou sistema fácil de usar, a produtividade, a aprendizagem e as operações ganham um

maior desempenho e facilidade, possibilitando assim um menor número de erros. Os autores

afirmam que em busca de uma melhor qualidade no uso de sistemas, enfoca-se a Usabilidade na

Web, que visa à facilidade e eficiência de aprendizado e de uso, bem como a satisfação do

usuário (padronização, lógica, facilidade de navegação,...), assim, quanto mais fácil de aprender,

memorizar, maior rapidez na realização de tarefas, menor taxa de erros, melhor satisfação do

usuário, mas usável é a interface.

Para Nielsen (1993), o conceito de usabilidade está relacionado à facilidade e eficiência

de aprendizado e de uso, bem como satisfação do usuário e deve estar associada aos seguintes

princípios:

Facilidade de aprendizado: se é fácil à realização de tarefas num primeiro contato;

Facilidade de lembrar como realizar uma tarefa após algum tempo;

Rapidez no desenvolvimento de tarefas;

Baixa taxa de erros: reflete a quantidade de erros cometidos, quão graves são esses

erros e como os usuários reagem e se recuperam diante deles;

Satisfação subjetiva do usuário: se a interface agrada os usuários.

Prates e Barbosa (2003) aduzem que quando os usuários têm vias alternativas para

realizarem suas tarefas, com ou sem apoio computacional, o fato de escolherem espontaneamente

utilizar um determinado sistema, e com certa frequência, dependerá em grande parte da qualidade

Page 27: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

27

de uso daquele sistema. Para eles usabilidade é o conceito de qualidade de uso mais popularizado

e qualidade de uso, por sua vez, possui conceito estreitamente relacionado com a capacidade e a

facilidade de os usuários atingirem suas metas com eficiência e satisfação. Em seu trabalho são

apresentados mais dois conceitos recentes de qualidade de uso; o de comunicabilidade, que busca

avaliar o processo implícito de comunicação designer–usuário, que se dá através da interface,

assim como, o conceito de aplicabilidade que está relacionado à flexibilidade de um sistema, em

particular com relação à sua utilidade em uma variedade de situações.

Em suma, usabilidade é o fator preponderante ou mesmo determinante para assegurar

facilidade de uso. Normas e pesquisadores desenvolveram diversos conceitos para o termo

usabilidade, mas comparando-os, conclui-se que tais conceitos estão sempre em harmonia e

essencialmente não se diferenciam muito uns dos outros.

2.1 Avaliação de Usabilidade

Problemas de usabilidade podem ser detectados através de diversos métodos de avaliação

e a escolha do método mais apropriado para ser aplicado no sistema a ser avaliado, depende do

propósito, tempo e orçamento, podendo-se ainda combinar métodos diferentes.

As principais diferenças entre os métodos são a etapa do ciclo de design do software em

que devem ou podem ser aplicados (durante o ciclo de desenvolvimento ou após ter o produto

pronto), a técnica utilizada para coletar os dados (desde entrevistas até experimentos em

laboratórios), os tipos de dados coletados (quantitativos ou qualitativos), e ainda o tipo de análise

feito (o avaliador pode prever potenciais problemas ou interpretar os dados obtidos). (PREECE et

al., 1994). Tais diferenças foram descritas por Prates e Barbosa (2003) e estão resumidas no

Quadro 2.

Quadro 2 – Resumo das principais diferenças entre os métodos de avaliação de usabilidade

Etapa do ciclo do design Somativa São aquelas que são feitas durante o processo de design, antes de o sistema estar terminado. Problemas de interação são identificados e consertados antes de a aplicação ser terminada e liberada para uso.

Formativa As avaliações de interface feitas em produtos já terminados. Buscam verificar a existência de determinados aspectos no sistema desenvolvido, como por exemplo a sua conformidade com um padrão estabelecido.

Page 28: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

28

Técnica de coleta Coleta de opinião do usuário Tem por objetivo se obter uma apreciação dos usuários em relação ao sistema interativo. Normalmente, se deseja identificar o nível de satisfação dos usuários com o sistema, o que inclui aspectos como: se eles gostam do sistema, se a aparência estética do sistema é satisfatória, se o sistema faz aquilo que eles desejam, se tiveram algum problema ao usá-lo, e/ou se eles gostariam de (ou pretendem) usá-lo novamente

Observação de usuários A observação do uso do sistema pelo usuário permite ao avaliador ter uma visão dos problemas sendo vivenciados pelos usuários e muitas vezes dos aspectos positivos experimentados durante o uso. A observação pode ser registrada usando-se anotações do observador, gravação de vídeo, áudio ou da interação, ou uma combinação destas.

Registro de uso Registros feitos durante o uso pode ser feito através de logs, que armazenam em um arquivo as ações executadas em um sistema, através da gravação da interação do usuário com o sistema, ou da gravação em vídeo da experiência do usuário.

Coleta de opinião de especialista São aqueles nos quais avaliadores inspecionam ou examinam aspectos de uma interface de usuário relacionados à usabilidade. Normalmente, os avaliadores são especialistas em usabilidade.

Tipo de coleta de dados Quantitativo São aqueles que podem ser representados numericamente. Normalmente dados quantitativos são utilizados para se avaliar a eficiência e produtividade de um sistema, para se comparar alternativas de design ou ainda se determinar se o sistema atingiu algum objetivo de qualidade de uso pré-definido.

Qualitativo São resultados não numéricos, tais como uma lista de problemas que os usuários tiveram ao utilizar a aplicação, ou suas sugestões sobre como melhorar o projeto de interação. Normalmente estes dados permitem identificar quais são as características de interação ou interface relacionadas com os problemas medidos e observados.

Tipo de análise Preditiva É realizada quando os avaliadores, ao analisarem os dados coletados de especialistas, tentam prever que tipo de problemas os usuários enfrentarão.

Interpretativa É realizada quando, ao analisarem os dados coletados a partir da interação do usuário com o sistema, os avaliadores procuram explicar os fenômenos que ocorreram durante esta interação. Normalmente se considera a análise como sendo interpretativa quando ela é feita sobre dados

Page 29: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

29

coletados em ambientes naturais sem interferência dos observadores nas atividades dos usuários.

Experimental Os dados coletados em ambientes controlados, como laboratórios, precisam ser analisados em função das variáveis sendo observadas. Embora esta análise também dependa da interpretação do avaliador, diferencia-se da anterior, pelo fato de as variáveis sendo manipuladas serem conhecidas.

Fonte: (PRATES; BARBOSA, 2003, adaptado).

2.2 Métodos de avaliação analíticos

Métodos de avaliação analíticos são aqueles nos quais avaliadores checam aspectos de

uma interface de usuário relacionados à usabilidade. Tais avaliadores geralmente são

especialistas em usabilidade, mas nada impede que também venham a serem consultores de

desenvolvimento de software especializados em um determinado estilo de interface, ou ainda

usuários finais que conheçam o domínio e a tarefa, Prates e Barbosa (2003).

Conforme Prates e Barbosa (2003) e Abreu e Moraes (2005) existem vários tipos de

avaliação analítica: avaliação heurística, percurso cognitivo, percurso pluralista, conformidade

com diretrizes e padrões, e inspeções de consistência, de características ou formais. Além disso,

grande parte do conhecimento sobre usabilidade é organizado na forma de normas e

recomendações ergonômicas tais como as definidas pela ISO 9241 (ISO/IEC 9241, 2002), as Oito

regras de ouro do design de diálogo (SHNEIDERMAN; PLAISANT, 2004), Heurísticas de

Usabilidade (NIELSEN, 1993), Requisitos não-funcionais de usabilidade (PRESSMAN, 2004) e

Critérios ergonômicos para avaliação de interfaces humano-computador (BASTIEN; SCAPIN,

1993). Tais recomendações descrevem padrões conhecidos de problemas e, em alguns casos,

propõem soluções ou alternativas para evitá-los. A aplicação de tais recomendações durante o

desenvolvimento de interface de sistemas e websites pode realmente evitar ou reduzir vários

problemas de usabilidade. Assim, pode-se verificar a usabilidade inspecionando uma interface em

relação a tais recomendações. Se a interface as segue pode-se estimar que os problemas de

usabilidade foram evitados. (WINCLER; PIMENTA, 2002).

Entre esses métodos e recomendações, apenas o método de avaliação heurística será aqui

descrito, por ser o que será utilizado no contexto deste trabalho.

Page 30: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

30

O método de avaliação heurística é um método analítico que visa identificar problemas de

usabilidade conforme um conjunto de heurísticas ou diretrizes (guidelines) (Nielsen, 1993). São

elas:

1. Visibilidade do status do sistema – o sistema deve sempre manter os usuários informados

sobre o que está acontecendo, através de feedback apropriado em tempo razoável.

2. Compatibilidade entre o sistema e o mundo real – o sistema deve falar a linguagem dos

usuários, com palavras, frases e conceitos familiares ao usuário, ao invés de termos

orientados ao sistema ou termos técnicos. Seguir as convenções do mundo real, colabora para

que as informações possam aparecer em uma ordem natural e lógica.

3. Controle do usuário e liberdade - os usuários muitas vezes escolhem funções do sistema

por engano e precisam de uma menção clara de "saída de emergência" para sair do estado

indesejado sem ter que passar por um diálogo alargado. Adicionalmente, é importante que o

sistema dê suporte para que ações possam ser desfeitas e refeitas.

4. Consistência e padrões - os usuários não devem ter que se perguntar se diferentes palavras,

situações ou ações significam a mesma coisa. Siga as convenções da plataforma.

5. Prevenção de erros - ainda melhor do que boas mensagens de erro é um projeto cuidadoso

para evitar que erros ocorram. Também é importante apresentar aos usuários uma opção de

confirmação antes dele se comprometer com uma ação.

6. Ajuda aos usuários para reconhecerem, diagnosticarem e se recuperarem de erros:

mensagens de erro em linguagem simples, sem códigos, indicando precisamente o problema e

sugerindo de forma construtiva um caminho remediador.

7. Reconhecimento ao invés de recordação – é preciso minimizar a carga de memória do

usuário, tornando os objetos, ações e opções visíveis e intuitivos. O usuário não deve ter que

lembrar informações de uma parte do diálogo para outra.

8. Flexibilidade e eficiência de uso - Aceleradores - invisíveis pelo usuário novato - pode

muitas vezes acelerar a interação para o usuário experiente de tal forma que o sistema pode

atender a ambos os usuários inexperientes e experientes. Permitir que usuários possa adequar

ações frequentes.

Page 31: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

31

9. Design estético e minimalista: evite porções de informação irrelevantes. Cada unidade extra

de informação em um diálogo compete com as unidades de informação relevantes e reduz sua

visibilidade relativa.

10. Ajuda e documentação: devem ser fáceis de buscar, focadas no domínio e na tarefa do

usuário, e devem listar passos concretos a serem efetuados para atingir seus objetivos.

Para cada heurística violada, deve-se definir ainda em que local o problema ocorre e sua

gravidade. A gravidade do problema é definida por um valor dentro de uma escala, conforme

pode ser visualizado no Quadro 3.

Quadro 3 – Escala do grau de severidade de problemas de usabilidade

0 – Não concordo que isto seja um problema (este valor pode resultar da avaliação de um

especialista sobre um problema apontado por outro especialista)

1 – Problema cosmético: não precisa ser consertado a menos que haja tempo extra no projeto

2 – Problema pequeno: o conserto deste problema é desejável, mas deve receber baixa prioridade

3 – Problema grande: importante de ser consertado; deve receber alta prioridade.

4 – Catastrófico: é imperativo consertar este problema antes do lançamento do produto.

Fonte: NIELSEN, 1993, tradução nossa.

A avaliação heurística não envolve usuários, e deve ser realizada, de preferência, por

avaliadores especialistas. Tal método é bastante rápido e possui custo inferior em relação à

maioria dos outros métodos de avaliação, Prates e Barbosa (2003).

Mas antes de declarar um produto como pronto é imprescindível que o submeta a algum

tipo de a avaliação de usabilidade, pois sistemas/sites complicados de usar podem trazer

dificuldades para o usuário, gerando confusão e insatisfação por parte dele, podendo atém mesmo

levar ao abandono. Nesse sentido, Becher e Rodrigues (2009) comentam: “Os benefícios trazidos

pela avaliação da qualidade do uso a partir da interação do usuário podem surtir efeito duradouro.

Mas infelizmente alguns projetistas adiam ou não realizam esse processo pensando apenas nos

custos que acarretam”.

Page 32: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

32

2.3 Testes de Usabilidade com Usuários Reais

O teste (validação) de usabilidade “deve verificar o desempenho (eficácia e eficiência) da

interação homem-computador e obter indícios do nível de satisfação do usuário, identificando

problemas de usabilidade durante a realização de tarefas específicas em seu contexto de uso”. A

validação pode variar de acordo com a rigidez, o custo e o nível de especialização (DIAS, 2003,

p.7).

Testes de usabilidade é um método de avaliação empírico que envolve usuários para

coleta de dados. Nesses testes, um observador identifica problemas de uso durante a

navegação/interação do usuário com o produto/serviço/sistema/site. Essa interação pode ser livre,

sendo apenas acompanhada por um observador que registra as ações do usuário e suas

observações sobre elas ou pode ser baseada em tarefas pré-estabelecidas com, posterior aplicação

de questionários e/ou entrevistas. (PRATES; BARBOSA, 2003)

Os testes podem ser feitos em ambiente informal ou em ambientes controlados, como

laboratórios especializados, onde o avaliador tem um maior controle sobre as variáveis

envolvidas no processo de avaliação e ainda consegue afastar agentes externos que possam

porventura interromper o usuário durante a interação. A desvantagem consiste no artificialismo,

em não se avaliar o usuário dentro do seu contexto de uso e também da possível inibição do seu

comportamento.

Existem vários métodos que permitem se fazer avaliação de um sistema com usuário no

laboratório. Enquanto eles têm várias características em comum, como parte da preparação e

execução dos testes, eles variam no tipo de dado a ser coletado ou na análise a ser feita deste. Os

testes de usabilidade buscam avaliar a qualidade de usabilidade presente em um software,

avaliando principalmente o desempenho do usuário com o software (PRATES; BARBOSA,

2003).

Mas não existe um único método capaz de identificar todos os problemas de usabilidade

possíveis em uma interface, embora o método de análise de interação do usuário seja um dos

mais completos e algumas vezes, considerados um método de referência. É recomendável ainda

que mais de um método seja utilizado para que se possa cobrir um espectro maior de problemas

de usabilidade e, além disso, devem ser aplicados regularmente para que possam acompanhar as

alterações de conteúdo, mudanças na população de usuários e inclusões de problemas de

usabilidade às interfaces durante a manutenção do site (WINCLER; PIMENTA, 2002)

Page 33: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

33

3 METODOLOGIA

Uma pesquisa se baseia em características de elaboração, construção, desenvolvimento

para a sua finalização. Nesse processo o conjunto de procedimentos metodológicos proporciona

especificar a linha lógica do raciocínio científico utilizado para evidenciar o caminho percorrido

para a construção da pesquisa. Neste sentido, esta pesquisa é de caráter exploratório possuindo

como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a

formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. (GIL,

2009). A investigação exploratória utilizada foi retratada por Bastos (2009) como uma grande

colaboradora na delimitação, no aprimoramento do assunto de pesquisa, tanto para definir os

objetos, quanto para formular e reformular as questões de estudo.

O presente estudo está inserido no campo da pesquisa quantitativa e qualitativa e utilizou

como estratégia de pesquisa o estudo de caso, cujo objeto de estudo é usabilidade da informação

no site da delegacia virtual. Para a coleta de dados foi utilizada a técnica de observação direta

durante a realização de testes de usabilidade, além de questionário e entrevista. Quanto à

observação direta, Lakatos e Marconi (1990) defendem que é uma técnica de coleta de dados que

utiliza os sentidos para compreender determinados aspectos da realidade.

As etapas para realização do trabalho foram:

1. Levantamento bibliográfico;

2. Entrevista com o pessoal responsável pela delegacia virtual do Estado de Pernambuco;

3. Avaliação de usabilidade da delegacia virtual com base nas heurísticas de Nielsen;

4. Validação de acessibilidade através do uso do validador automático DaSilva e

observação de elementos de acessibilidade no site da delegacia virtual.

5. Realização de testes de usabilidade com usuários aleatórios, com posterior aplicação

de um questionário de satisfação, baseado no SUS (System Usability Scale)5.

5 Ver no site (http://www.measuringusability.com/sus.php)

Page 34: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

34

Os testes com usuários foram realizados em uma delegacia de polícia por 7 dos 10

cidadãos e os demais realizaram o teste em sua própria residência e/ou local de trabalho. Cada

usuário passou por uma breve entrevista, cujo roteiro encontra-se no Apêndice A, com objetivo

de levantar o seu perfil e de saber se já tinham ouvido falar da delegacia virtual. E durante o teste

foram feitas observações do comportamento dos usuários.

Os usuários foram selecionados para realizar o teste de forma aleatória, entre os que iriam

prestar queixa de extravio de objetos ou documentos. Eles foram convidados pessoalmente a

participar deste estudo e aos que concordaram foi solicitado consentimento para serem filmados.

Durante o teste procurou-se manter o ambiente o mais natural possível e deixá-los mais a

vontade. Todos foram orientados que poderiam interromper o teste a qualquer momento e que

seria mantido o anonimato das informações prestadas. Além disso, os usuários foram

previamente alertados que somente o sistema estaria sendo avaliado e que todas as informações

coletadas seriam usadas apenas no contexto deste trabalho e os resultados avaliados de forma

agrupada.

Após a interação com o site da delegacia virtual, entregue a cada usuário um questionário

de satisfação, baseado no SUS (System Usability Scale) (BROOKE, 1986). O questionário faz

uso de escala “Likert” para medir as opiniões, atitudes e crenças dos usuários a cerca do sistema e

é composto de 10 questões, cada uma com escala de avaliação variando entre 1 (discordo

plenamente), 2 (discordo), 3(neutro), 4 (concordo) e 5(concordo plenamente). E as questões

eram:

1. Eu acho que eu gostaria de usar este sistema com frequência.

2. Achei o sistema desnecessariamente complexo.

3. Eu pensei que o sistema era fácil de usar.

4. Eu acho que eu precisaria do apoio de uma pessoa técnica para ser capaz de usar este sistema.

5. Eu achei que as várias funções deste sistema foram bem integradas.

6. Eu acho que havia muita inconsistência no sistema.

7. Eu imagino que a maioria das pessoas iria aprender a usar este sistema muito rapidamente.

8. Achei o sistema muito complicado de usar.

9. Eu me senti muito confiante usando o sistema.

10. Eu preciso aprender um monte de coisas antes de usar este sistema.

Page 35: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

35

Para calcular a pontuação do questionário, conforme as regras do SUS, somou-se a

contribuição de cada questão. O valor de cada contribuição mudava de acordo com a

característica da questão: para as questões 1,3,5,7 e 9, a pontuação é a posição da escala menos 1.

Para as questões de número 2,4,6,8 e 10, a pontuação é de 5 menos a posição na escala. Após

determinado o valor de cada questão, é necessário somar todos os valores e multiplicar por 2,5

para obter o resultado global do SUS. Este resultado global está inserido numa escala de 0 a 100.

Sendo que sistemas/sites com menos de 50 pontos são preocupantes e considerados inaceitáveis,

pois representam sistemas com experiências relativamente pobres e insatisfação do usuário. Entre

50 e 70 são razoáveis, mas merecem ser aprimorados. Produtos acima de 70 pontos são aceitáveis

e não apresentam problemas graves de usabilidade (ruídos)6. Produtos acima de 90 pontos

possuem boa usabilidade, ou seja, representam experiências muito boas com alto índice de

satisfação dos usuários.

O desempenho do usuário durante a utilização do site foi medido por meio da observação

direta que permitiu a verificação de métricas como: conclusão da tarefa, tempo de duração e

ocorrência de erros. De maneira que foram obtidos com os testes dados quantitativos e

qualitativos ao mesmo tempo.

6 Impacto sobre a produtividade da tarefa, que não constituindo barreira (impede a realização da tarefa) ou obstáculo (o usuário se esbarra algumas vezes, mas aprende suplantá-lo) causa uma diminuição do seu desempenho (incomoda).

Page 36: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

36

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção serão apresentados e discutidos os resultados obtidos com a realização deste

trabalho. Primeiro será apresentado um panorama da delegacia virtual, o objeto de estudo deste

trabalho.

4.1 Panorama da Delegacia Virtual

Em 05 de maio de 2014 foi feita uma entrevista com o pessoal do departamento

responsável pelo serviço do boletim de ocorrência (BO) virtual, principal serviço da delegacia

virtual, de onde foram extraídas as informações a seguir.

Até a data da entrevista, já haviam sido realizados 680.470 BOs, atingindo uma média de

400 ocorrências registradas por dia, das quais cerca de 52% dos casos se referiam a extravio de

documentos. Os documentos mais extraviados são os RG e as carteiras de trabalho e previdência

social (CTPS). Porém, chama a atenção que, só no mês de abril cerca de 800 ocorrências foram

descartadas, onde na sua maioria, decorreram de erro de preenchimento. O que pode dar indícios

da dificuldade dos usuários no uso do sistema.

Cabe destacar que o boletim é descartado em duas hipóteses: quando o atendente verifica

que os dados informados não conferem com os órgãos competentes ou a natureza da ocorrência

não é atendida pela Delegacia pela Internet. Em ambos os casos, essa informação fica disponível

e é mostrada após o usuário realizar a consulta na opção Validação de Boletim de Ocorrência.

(http://servicos.sds.pe.gov.br/delegacia/). Opção esta na qual permeia a principal queixa dos

usuários, que se refere a situações nas quais eles pensam, erroneamente, que o BO ainda não

tenha sido validado, por não existir feedback algum a cerca do resultado desta operação.

Em qualquer forma de comunicação, o feedback é importante. Para uma boa interação de

uma pessoa com o computador, um bom feedback deve ser fornecido; porém, nesse caso, ele

deve ser planejado e programado (FOLEY, 1990). Consta-se com isso, que este tipo de queixa

afeta à heurística “verificação do status do sistema”, que diz que o sistema deve manter os

usuários informados sobre o que está acontecendo, através de feedback apropriado em tempo

razoável. Assim, o site deve relatar ao usuário o recebimento de todas as entradas por ele

efetuadas.

Page 37: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

37

A delegacia virtual vem sendo mais divulgada e seu uso vem crescendo no decorrer dos

anos (Figura 2), desde sua criação e disponibilização em 2003. Apesar de haver oscilações de

registro entre os meses (Figura 3), o que é natural.

Figura 2 - Evolução do registro de boletins de ocorrência na delegacia virtual

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Figura 3 - Boletins de ocorrência virtuais registrados no 1o. quadrimestre de 2014.

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

4.2 Avaliação e Testes de Usabilidade

O teste de usabilidade foi realizado com 10 usuários, com faixa etária variando de 22 a 40

anos e abrangendo o sexo masculino e feminino e diversos níveis de escolaridade e variadas

profissões (Quadro 3).

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

653 4.972 14.093 21.084

44.512 52.288 65.582

78.219 97.705

120.903 129.161

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL

12.278

11.350

13.009

11.661

Page 38: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

38

Durante a realização do teste foi medido o tempo que o usuário levava para realizar o

registro do boletim de ocorrência na delegacia virtual, sobre extravio de documentos. Ocorreram

dois casos em que os usuários não conseguiram finalizar o registro (Quadro 3) . Após a interação

com o sistema, foi aplicado o questionário de satisfação cuja pontuação também pode ser

visualizada no Quadro 3.

Quadro 4 - Perfil dos Usuários no teste de usabilidade

No. Escolaridade Sexo Idade Profissão Tempo execução do teste

Pontuação do SUS

1 Ensino médio incompleto F 27 Agricultora 15 min 70

2 Superior completo F 39 Escrivã de polícia 15 min 82.5

3 Ensino médico completo F 21 Estudante Não finalizou a tarefa

82.5

4 Pós-graduação F 30 Analista Comercial 13 min 75

5 Ensino médico completo F 20 Desempregada Não finalizou a tarefa

62.5

6 Ensino médio completo F 40 Secretária legislativa 23 min 57.5

7 Ensino médio completo M 21 Estudante 13 min 62.5

8 Ensino superior completo F 32 Arquitetra/urbanista 13 min 72.5

9 Ensino médio completo M 24 Músico 11 min 82.5

10 Ensino superior incompleto

M 22 Operador sênior 11 min 75

Fonte: Dados da Pesquisa, 2014.

A avaliação de satisfação dos usuários do teste através da aplicação do questionário

baseado no SUS apontou que o valor do sistema atingiu uma média de 72.2, o que significa que o

mesmo alcançou a satisfação dos usuários, uma vez que pontuações entre 70 e 90 pontos

caracterizam produtos aceitáveis e que não apresentam problemas graves de usabilidade (ruídos)7

Porém, chama a atenção que o usuário 3, apesar de não ter conseguido finalizar a tarefa, fez uma

ótima avaliação do sistema (Quadro 3). O que pode ter comprometido o resultado final da

avaliação.

Adicionalmente, vale destacar que a eficácia do sistema fica comprometida uma vez que

20% dos usuários não concluíram a tarefa. Durante a interação, alguns usuários não se lembraram

das respectivas numerações de RG e CPF, obrigatórios para uso do sistema (Figura 4), sendo que

conseguiram suplantar tal dificuldade através de telefonemas para seus familiares ou com auxílio

7 Impacto sobre a produtividade da tarefa, que não constituindo barreira (impede a realização da tarefa) ou obstáculo (o usuário

se esbarra algumas vezes, mas aprende suplantá-lo) causa uma diminuição do seu desempenho (incomoda).

Page 39: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

39

da autora que tem livre acesso a sistemas da informação de cadastros civis. Situação em que

evidenciou a violação da heurística reconhecer em vez de lembrar. Apesar da solicitação dos

números ser necessária por medida de segurança, se esses são exatamente os documentos que

foram roubados ou extraviados e a pessoa não sabe de memória o número deles, a utilização da

delegacia virtual fica inviabilizada.

Figura 4 - Informações sobre Como registrar o BO disponíveis no botão "Como Registrar" da delegacia virtual

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Outra informação nesse sentido é que o site não informa explicitamente a necessidade dos

documentos se o usuário entra diretamente pra a página de preenchimento do BO (Figura 5), o

que pode ocasionar perda de tempo ou até desistência do preenchimento do BO por parte de

algum usuário, devido a falta do número do documento ser descoberto tardiamente. Por exemplo,

o usuário 5 não concluiu a tarefa por não dispor do número do seu RG. Este usuário, assim como

os demais usuários, não navegou pelo site a procura de instruções de preenchimento (por

exemplo, o botão “Como Registrar” na página inicial da delegacia (Figura 3)), indo direto para o

preenchimento do BO. Assim, só após 12 minutos, ele percebeu que teria que desistir da tarefa.

Tal problema compromete métricas de eficácia do site.

Page 40: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

40

Figura 5 - Página inicial da delegacia virtual

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

É importante levar em conta também que a polícia civil possui sistema integrado com os

órgãos responsáveis tanto pelo RG como do CPF, razão pela qual poderia facilitar para o usuário

reconhecer os devidos documentos de forma segura.

Chamou atenção neste estudo foi o fato do termo extravio para a maioria dos usuários

parecer desconhecido, tipo de problema que visivelmente viola a regra de compatibilidade entre o

sistema e o mundo real descrita por Nielsen (1993).

O site fornece alguns bons recursos de feedbacks, como as mensagens de erros enviadas

quando algum erro é cometido, como no caso do usuário 3 que não conseguiu concluir a tarefa

em razão de erro. Mas segundo Wincler e Pimenta (2002) “se o erro é causado por uma operação

do usuário, por exemplo, deve-se investigar se a interface não induz ao erro, através de comandos

complexos ou ausência de mensagens adequadas”. Assim, analisando o que aconteceu, o usuário

pretendia comunicar extravio dos documentos - RG, CRLV de sua motocicleta e CRLV de seu

automóvel - mas se deparou com o seguinte problema: nos campos de descrição dos documentos

CRLVs, o sistema determinava como de preenchimento obrigatório o valor do objeto. Algo

incoerente, visto que o que se perdeu foi o documento e não o veículo. Ainda assim, o usuário

insistiu, deduzindo então que os valores solicitados eram os correspondentes aos veículos,

ocasião em que o sistema retornou uma mensagem referente à impossibilidade daquela

Page 41: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

41

ocorrência ser feita virtualmente, em razão dos valores dos objetos somados ultrapassarem a

quantia permitida para o sistema que é de 40 salários mínimos (Figura 6). Apesar do feedback ter

sido fornecido, o sistema induziu o usuário ao erro, a ponto dele abandonar o site, o que

compromete a eficácia. Assim, esse é um ajuste (habilitação do campo de valores) importante de

ser feito, devendo receber alta prioridade e ser classificado quanto à severidade como sendo do

tipo “problema grande”.

Figura 6 - Preenchimento do BO pelo usuário 7

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Para se criar uma interface que de fato possa ser usada por diferentes pessoas, deve-se

poder apresentar o seu conteúdo de diversas formas, de modo a acomodar as diferentes

percepções (PRESSMAN, 1992). Assim, no preenchimento do BO, apesar da flexibilidade, em

razão do endereço pode ser digitado ou localizado no mapa, ocorreram situações de

inconformidade do endereço do mapa com o endereço digitado. Por exemplo, o usuário 1 queria

registrar como local da ocorrência a Avenida Conde da Boa Vista localizada no Centro do Recife.

Page 42: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

42

No entanto, ao buscar o referido endereço no mapa, o sistema recuperava uma praça localizada

no bairro do Ipsep, Recife (Figura 7). Problema esse que se repetiu com outros usuários.

Figura 7 - Exemplo de problema na localização do endereço via mapa

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Procurar o endereço no mapa foi de fato a situação que mais frustrou os usuários, que

acabaram abandonando-o e voltando para o local de digitação do endereço. Já no campo endereço

residencial, os usuários encontram mais problemas em decorrência de outra solicitação que

consideraram inadequada de entradas de dados. No caso, a obrigatoriedade de informar o CEP,

sem nenhum link para o site dos correios, por exemplo, onde o CEP poderia ser localizado

(Figura 8). Segundo as heurísticas de Nielsen (NIELSEN, 1993), é importante que as interfaces

sejam econômicas sob o ponto de vista cognitivo e motor, ou seja, o sistema precisa ser capaz de

economizar a leitura e evitar memorização desnecessária para ser mais fácil de usar e oferecer ao

usuário todas as informações necessárias para utilização correta da interface.

Page 43: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

43

Segundo a heurística “Prevenção de erros”, é importante prestar informações aos usuários

na entrada de dados, de forma que evite que erros sejam cometidos. De fato, uma interface bem

projetada deve prover mecanismos de prevenção de erro, de modo que o usuário não escolha uma

opção inválida para só receber, depois, uma mensagem de erro (FOLEY, 1990). Nesse sentido, a

interface estudada apesar de apresentar boas mensagens de erro (por não utilizar termos técnicos

e informar qual o tipo de erro que ocorreu), não os previne adequadamente. Durante os testes,

houve situação em que um usuário, depois de preencher todos os seus dados pessoais no campo

de envolvidos na ocorrência, precisou recuar na navegação para corrigir algo, porém ao recuar, o

usuário inadvertidamente perdeu todos os dados, ocasionando retrabalho. E nenhuma mensagem

informativa foi dada nesse sentido.

Outro desafio foi encontrado no campo de contato, que deixa dúvida sobre qual telefone é

obrigatório (Figura 8) - fixo, celular ou ambos.

Figura 8 - Problemas no preenchimento do BO

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Page 44: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

44

Também, não fica explícito o formato adequado de entrada dos dados dos telefones, o que

levou muita gente a se atrapalhar em razão do esquecimento de informar o DDD antes do número

do telefone, causando erro na entrada de dados (Figura 8). Esse tipo de recurso permite que o

usuário se sinta mais confiante em explorar o sistema e facilita o aprendizado. Logo, esse

problema poderia ser resolvido facilmente, adicionando ao lado do campo o formato da entrada

de dados, no caso (DDD) 9999-9999.

Outro problema encontrado, foi que o campo data de nascimento contava com um

calendário (Figura 9), no entanto, curiosamente, nem todos os usuários souberam utilizá-lo para

mudança de mês e ano, optando pela digitação direta da data. Porém, no campo para digitação da

data, tal como no telefone, não vinha especificando o formato da entrada dos dados. O ideal seria

que esse formato fosse fornecido, também como uma forma de prevenção de erros, o que, poderia

ser feito de forma simples, adicionando o lado do campo o formato dd/mm/aaaa.

Figura 9 – Formato inadequado de entrada de dados no campo data de nascimento

Page 45: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

45

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

O sistema deve utilizar a linguagem do usuário com palavras, frases e conceitos

familiares. A maioria dos usuários, por exemplo, com queixas de extravio de dinheiro perderam

muito tempo no espaço para classificação do tipo dos objetos extraviados, pois esperavam

encontrar pela palavra dinheiro ao invés da palavra moeda (Figura 10), o que causou um pouco

de irritabilidade nos usuários.

Adicionalmente, ressalta-se que os emblemas abaixo do nome da delegacia, no site da

mesma não são intuitivos para a maioria dos usuários. Devido a localização deles, imagina-se que

podem ser ícones. Porém, além de não serem clicáveis, os mesmos nem ao menos oferecem aos

usuários uma legenda sobre seu significado (Figura 11).

Figura 10 – Exemplo de inadequação entre o vocabulário do sistema e o mundo real.

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Page 46: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

46

Figura 11 - Imagens similares a ícones confundindo os usuários

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Deve-se ainda aproveitar o conhecimento que o usuário possui a respeito do mundo que o

cerca, logo o uso de metáforas que envolvam ideias já familiares torna a interação mais intuitiva e

menos hostil (APPLE, 1992). O site estudado utiliza a metáfora do policial virtual (Figura 12)

para guiar no preenchimento do BO. Porém, nem sempre as mensagens que esse “policial”

oferece são realmente úteis para o contexto em que o usuário se encontra no preenchimento.

Destaca-se aqui, também, o fato que, ao entrar no preenchimento dos dados do BO, se

perde a noção de referencia do que está sendo feito, pois solicita-se a seleção do tipo de pessoa

(física ou jurídica), mas não há indicativos de para que (por exemplo, manter um título indicando

que se está fazendo o preenchimento do BO).

Figura 12 - Metáfora do policial virtual auxiliando o preenchimento

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Porém, o sistema peca na seleção do tipo do objeto referente a ocorrência, onde poderia

ter sido utilizado algum tipo de metáfora. Por exemplo, como casos de perda de documentos ou

celulares que costumam ser os objetos perdidos mais frequentes, na delegacia virtual do estado de

Alagoas, o sistema faz uso de metáforas para facilitar o preenchimento do BO, tornando a seleção

da ação mais intuitiva e ágil (Figura 13). Esta foi, inclusive, a dificuldade encontrada pelo usuário

Page 47: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

47

8, que relatou fracassar em registrar um boletim na sua residência, em época anterior ao teste, de

perda de vários objetos, devido a dificuldade em localizar o tipo de cada um deles no sistema.

Razão pela qual ele abandonou o site virtual e se dirigiu a delegacia presencial. Ocasião em que

foi convidado a tentar novamente, participando assim desse teste.

Figura 13 - Uso de metáforas pela delegacia interativa do Estado de Alagoas

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Por fim, uma boa interface minimiza o número de ações necessárias para a entrada de

dados, reduzindo a tarefa do usuário de digitar e deve ter bem organizada a entrada de dados.

Nesse ponto, na delegacia virtual, a entrada de dados é guiada por uma barra de passo a passo,

para que o usuário localize em que etapa se encontra no preenchimento do BO (Figura 14).

Figura 14 - Barra indicativa das etapas de preenchimento do BO

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Porém, um problema grave é que, se a pessoa estiver, por exemplo, em OBJETOS e

quiser voltar até LOCAL, ela não pode ir diretamente. Ela tem que voltar de seção por seção,

sendo que tudo que ela fez até aquele momento é perdido, não é salvo, causando perda de tempo

Page 48: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

48

e retrabalho. O mais grave que não fica claro para a pessoa que ela irá perder tudo. Na delegacia

virtual do Estado de Alagoas isso não ocorre, você pode navegar pelo recurso de “migalhas de

pão” (caminho de navegação feito pelo usuário) sem perda de dados, deixando a pessoa mais

segura.

Como forma de prevenção de erros, antes da submissão final do BO é preciso que seja

feita a confirmação dos dados digitados. Para esse fim, tanto na delegacia virtual de Pernambuco,

quanto na de Alagoas há o campo de resumo da ocorrência. No entanto, na delegacia de

Pernambuco esse campo precisa ser digitado pelo usuário e na de Alagoas, se a pessoa não quiser

digitar, o resumo aparece automaticamente (Figura 15), agilizando a ação do usuário.

Figura 15 - Resumo do registro preenchido para confirmação na delegacia interativa do Estado de Alagoas

Fonte: DELEGACIA VIRTUAL, 2014

Page 49: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a discutir a visualização de informações na delegacia virtual do

Estado de Pernambuco. Para isso, foi feita uma avaliação de usabilidade usando as heurísticas de

Nielsen, em conjunto com testes de usabilidade com usuários reais, selecionados aleatoriamente

para integrar o teste.

A avaliação de usabilidade aplicada mostrou-se bastante relevante tendo em vista o

clamor social por serviços cada vez mais qualificados e nesse processo, alguns problemas como

os de vocabulário, de falta de clareza para preenchimento dos campos e de falta de recursos para

prevenção de erros foram detectados.

Esse trabalho pode contribuir tanto como referencial teórico, quanto para que se faça uma

reflexão sobre a melhoria dos serviços online prestados pelo governo, uma vez que o foco deles é

o cidadão comum. Os órgãos públicos, como a Secretarias de Defesa Social, deveriam atentar

sempre para o assunto usabilidade no desenvolvimento dos seus sites para fornecimento de

serviços. Inclusive há recomendações nesse sentido no site do governo eletrônico

(http://www.governoeletronico.gov.br).

Outro ponto, que nem sempre é considerado é a questão de tornar o serviço acessível ao

cidadão independente de limitações físicas ou cognitivas, ou seja, não são consideradas questões

de acessibilidade. Posto que problemas de acessibilidade em sites de serviços públicos, podem

excluir boa parte da população, visto que, segundo o CENSO do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE) de 20108, quase ¼ da população brasileira relatou possuir algum tipo de

deficiência entre: visual, auditiva, motora ou mental.

Vale ressaltar que sites mais usáveis e acessíveis são um direito do cidadão e, como

integrantes da Sociedade da Informação, todo cidadão tem o dever de exigir que esse direito seja

cumprido, para que todos, independente de suas limitações, tenham acesso às informações e

serviços governamentais. Até porque é importante caminhar rumo à diminuição de todo e

qualquer tipo empecilho que dificulte tanto o acesso, quanto a visualização do conteúdo da

informação. Caso contrário, a tecnologia servirá apenas para acentuar ainda mais as

desigualdades sociais já tão conhecidas pela população brasileira.

8 Site: http://censo2010.ibge.gov.br/

Page 50: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

50

Como trabalhos futuros propõe-se um estudo mais detalhado do serviço de delegacia

virtual, comparando as propostas existentes nos estados brasileiros e, adicionalmente, avaliando

além da usabilidade, a acessibilidade, requisito também essencial na busca por serviços

tecnológicos mais democráticos.

Page 51: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

51

REFERÊNCIAS

ABREU, L. M.; MORAES, A. Usabilidade de telefones celulares com base em critérios

ergonômicos. Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado - Departamento de Artes & Design,

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2005.

ARAUJO, R. M.; ARAUJO, M. A. D.; ALLOUFA, J. M. L.;LOPES, A. O. B. Governo

Eletrônico: um estudo sobre as possibilidades de participação do cidadão. In: Inf. & Soc.:Est.,

João Pessoa, v.23, n.1, p. 73-90, jan./abr, 2013.

ARAÚJO, Vânia Maria Rodrigues Hermes de. Sistemas de informação: nova abordagem teórico-

conceitual. Ciência da Informação, Brasília, v. 24, n. 1, 1995. Disponível em <

http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000000807&dd1=02d16>. Acesso em 25 ago.

2014.

APPLE COMPUTER, Macintosh human interface guidelines. New York: Adison-Wesley,

1992.

BALBE, Ronald da Silva. Uso de tecnologias de informação e comunicação na gestão pública:

exemplos no governo federal. Revista do Serviço Público Brasília, Brasília, v. 61, n. 2, p.189-

209, abr. 2010.

BALUTIS, A. P. Digital Government – When All is Said and Done, Electronic Government

Journal, Vol. 2, No. 6, November, 1999.

BASTIEN, C.; SCAPIN, D. Ergonomic criteria for the evaluation of human-computer

interfaces. Roquencourt: INRIA, 1993. 83p.

BASTOS, R. L. Ciências humanas e complexidades: projetos, métodos e técnicas de

pesquisa: o caos, a nova ciência. 2.ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2009.

BEATO, Cláudio C. Fontes de dados policiais em estudos criminológicos: limites e potenciais.

Revista do IPEA, nº. 1, janeiro. 2000.

BECHER, Andersown; RODRIGUES, Mayara Barbosa. Acessibilidade e Usabilidade na Web.

UNIRONON – Centro Universitário Cândido Rondon.CEFET-MT – Centro Federal de Educação

Page 52: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

52

Tecnológica de Mato Grosso:2009.

BELKIN, N.J., ROBERTSON, S.E. Information science and the phenomenon of information.

Jasis, v.27, n.4, p.197-204, 1976.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em <

http://www.senado.gov.br/legislacao/const/> Acesso em 19 Mai. 2014.

BRESSER-PEREIRA, L. C. ; SPINK, P. A reforma do estado e a administração pública

gerencial. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 1998.

BROOKE, J. SUS - A quick and dirty usability scale. online. 1986. Disponível em:

http://www.usability.gov . Acesso em: jul. 2014.

CASTOR, B. V. J.; JOSÉ, H. A. Atualizando o modelo administrativo brasileiro – as promessas e

perspectivas do governo eletrônico. In: Encontro Anual da Associação Nacional de Pós -

Graduação em Administração - ENANPAD, Campinas, 2001. Anais... São Paulo: ANPAD,

2001.

DAVENPORT, T.H. Ecologia da informação. São Paulo: Futura, 1998.

DIAS, Cláudia. Usabilidade na web: Criando Portais mais Acessíveis. Rio de Janeiro: Alta

Books, c2003. 296 p.

FERNANDES, Andréa. E-governo no Brasil: estudo da secretaria para assuntos fiscais do banco

nacional de desenvolvimento econômico e social (SF/BNDES). In: SEMINÁRIO REGIONAL

DE POLÍTICA FISCAL, 13. Seção 3, E-governo e governabilidade: perspectivas e experiências

nacionais de tipo G2G, G2P e G2C., 2001, Santiago do Chile. Anais... CEPAL, BIRD, BID e

FMI, 2001. Disponível em: <http:// federativo.bndes.gov.br/bf_bancos/estudos/ e0001364.pdf>.

Acesso em: 30 jun. 2014.

FERNÁNDEZ MOLINA, Juan Carlos. Acceso a la. información pública. 2005. slide

2. FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS – EBAPE. Disponível em: <http://www.ebape.fgv.br/.

e_government/asp/dsp_oquee.asp>. Acesso em julho 2014.

Page 53: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

53

FOLEY, J. D. et al. Computer graphics, principles and practice. New York: Addison-Wesley,

1990.

GARCIA, Rodrigo M. Governo eletrônico informação e competência em informação. Inf. &

Soc.: Est., João Pessoa, v.16, n.2, p.79-87, jul./dez. 2006. Disponível em:

http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/624/1478>. Acesso em: 15 abr. 2014.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.

_________. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2009.

GONTIJO, Mirian. Análise da proposta brasileira de e-governo como expressão de uma política

de informação a partir do conceito de regime de informação. Perspectivas em Ciência da

Informação, Belo Horizonte, v.7, n.2, p. 179-188, jul./dez. 2002

GUTIERREZ, Livia Soares de Carvalho. Ciência, tecnologia e inovação em serviços públicos: o

caso Poupatempo. Temas de Administração Pública, v. 4, n. 7, 2012.

ISO 9241-11. Ergonomic Requirements for Office Work with Visual Display Teminals,

parte 11: Guidance on usability. 1998.

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Fundamentos da Metodologia Científica. 2a. edição.

São Paulo: Atlas, 1990.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - MJ. SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA -

SENASP. Curso Uso das Informações na Gestão das Ações de Segurança Pública. Brasília: MJ/

SENASP, 2006. Disponível em:

<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/conteudo/00962/AULA2/aula2.pdf >. Acesso em:

25 jul. 2014.

NIELSEN, J. Usability Engineering. San Francisco: Morgan Kaufmann, 1993. 362p.

NIELSEN, J. Heuristic Evaluation. In Mack, R. & Nielsen, J. (eds.) Usability Inspection

Methods. New York, NY: John Wiley & Sons, 1994, p. 25-62.

NIELSEN, J. Cost of User Testing a Website. Alertbox. 1999. Disponível em

http://www.useit.com/alertbox/980503.html Acesso em: mai. 2014.

PERNAMBUCO. Decreto no 26.102, de 06 de novembro de 2003. Cria a Delegacia Interativa,

por meio eletrônico, na estrutura da Secretaria de Defesa Social, e dá outras providências. Diário

Page 54: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

54

Oficial do Estado de Pernambuco, Poder Executivo, Recife, 7 nov. 2003. p. 3. Disponível em:

<http://www.policiacivil.pe.gov.br/images/docs/decretos/2003/DECRETO ESTADUAL Nº

26.102, DE 06.11.2003-Cria a Delegacia Interativa por meio eletrônico.pdf>. Acesso em: 22 set.

2014.

PRATES, R. O.; BARBOSA, S. D. J. Avaliação de interfaces de usuário - conceitos e métodos.

Anais da Jornada de Atualização em Informática - XIX Congresso da Sociedade Brasileira

de Computação, 2003.

PREECE, J.; ROGERS, Y.; SHARP, E.; BENYON, D.; HOLLAND, S.; CAREY, T. (1994)

Human-computer Interaction. England: Addison-Wesley, 1994.

PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

ROVER, A. J. O Governo Eletrônico e a Inclusão Digital: Duas faces da mesma moeda chamada

democracia. In: Inclusão digital e governo eletrônico, Zaragoza: Prensas Universitarias, 2008,

322 p. (Lefis Series).

SANTOS, Plácida L.V.A.C.; CARVALHO, Angela M.G. Sociedade da informação: avanços e

retrocessos no acesso e uso da informação. Revista Inf. & Soc.: Est., João Pessoa, v.19, n. 1, p

45-55,jan/abr.2009.

SANTOS, Robson L. G. dos. Usabilidade e métodos de avaliação de Usabilidade de interfaces

web. Anais de I Encontro Pan-americano de Ergonomia, X Congresso Brasileiro de

Ergonomia. Rio de Janeiro: Abergo, 2000. Disponível em:

<http://xa.yimg.com/kq/groups/20750039/2055696000/name/usab_metodos.pdf>. Acesso em 05

abr. 2014.

SHNEIDERMAN,B.; PLAISANT, C. Designing the User Interface: Strategies for Effective

Human‐Computer Interaction. Boston: Addison Wesley, 2004.

SILVA, E. R. G. ; OLIVEIRA, T. P. S. ; ARAUJO, T. S. ; ROVER, A. J. . Sistema Integrado de

Gestão da Informação para Segurança Pública. In: Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias

Page 55: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

55

de Informação, 2008, Vigo. 3ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação.

Espanha, 2008.

TAKAHASHI, T. (org.). Livro verde da Sociedade da Informação no Brasil. Brasília:

Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.

TENORIO, J.M.; SDEPANIAN, V.L.; PISA, I.T.; COHRS, F.M.; MARIN, H.F.

Desenvolvimento e avaliação de um protocolo eletrônico para atendimento e monitoramento do

paciente com doença celíaca. Revista Informática Teórica Aplicada. 17(2), p. 210-20, 2011.

WINCKLER, Marco; PIMENTA, Marcelo S. Avaliação de Usabilidade de Sites Web. LIHS –

IRIT (Institut de Recherche en Informatique de Toulouse) 118, route de Narbonne 31062 -

Toulouse Cedex 4 – França: 2002.

WORLD WIDE CONSORTIUM (W3C). Web Content Accessibility Guidelines 1.0. 1999.

Disponível em: <http://www.w3.org/TR/WAI-WEBCONTENT/>. Acessado em: 5 abr. 2014.

Page 56: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

56

APÊNDICE A

Centro de Artes e Comunicação

Departamento de Ciência da Informação

Curso de Gestão da Informação - Orientação: Sandra Albuquerque

Siebra

Tema de Pesquisa: Acesso e visualização de informações na delegacia virtual

do estado de Pernambuco

Roteiro da Entrevista

1. Qual é a sua idade?_____________

2. Qual o seu sexo? (F) (M)

3. Qual é a sua escolaridade?

( ) ensino fundamental incompleto (antigo 1º grau)

( ) ensino fundamental completo (antigo 1º grau)

( ) ensino médio incompleto (antigo 2º grau)

( ) ensino médio completo (antigo 2º grau)

( ) ensino superior incompleto

( ) ensino superior completo

( ) pós graduação

( ) outro. ___________________

4. Qual sua profissão?___________________________________________

5. Você usa computador?

( ) SIM ( ) NÃO, caso não tenha, pule para a questão 6.

a. Você tem acesso à internet?

( ) Sim( ) Não

b. Em que lugar você faz uso do computador? (pode marcar mais de uma opção)

( ) Em casa

( ) Na casa de amigos ou parentes

( ) Lan house

( ) Trabalho

( ) Outros.___________________

c. Com que freqüência?

( ) Sempre

Page 57: ACESSO E VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA DELEGACIA … · Na sociedade contemporânea o acesso a redes de comunicação, como a internet, vem facilitando a interação entre os

57

( ) De vez em quando

( ) Raramente

( ) Nunca

( ) Outro __________________

d. Para que usa o computador? (pode marcar mais de uma opção)

( ) Entrar no Facebook ou outras redes sociais

( ) Trabalhar

( ) Estudar

() Ler notícias, jornais

( ) Jogos

() Serviços diversos, como transações bancárias, pagamentos, boletos, faturas, contas de

água e energia.

() Outros. Quais ________________

6. Você alguma vez “prestou queixa” numa delegacia (fez um boletim de ocorrência

fisicamente): ( ) Sim( ) Não

7. Alguma vez “prestou queixa” na Delegacia pela internet? ( ) Sim ( ) Não

a. Caso afirmativo, qual foi o motivo do registro?

( )Roubo

( )Furto

( )Dano

( )Extravio

( )Acidente de transito sem vítima

b. Caso negativo, já ouviu falar da Delegacia pela internet ? ( ) Sim ( ) Não

8. Se te ocorresse um fato no qual o registro pudesse ser feito de forma Presencial(P) ou

Virtual (V). Qual você escolheria?

(P) Porque não tenho habilidades com tecnologias.

(P) Porque não confio em tecnologias (imagino que meus dados possam ser usados por alguém

mal intencionado.

(P) Porque não acredito que o BO feito por mim na delegacia pela internet tenha o mesmo valor

do BO feito na delegacia por um policial.

(V) Porque me sinto constrangido no ambiente da delegacia.

(V) Pela praticidade (não gosto de esperar por atendimento e/ou costumo realizar diversas

atividades no meu dia a dia pela internet.