acervos_complementares

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  • 1ACERVOS COMP

    LEMENTARES

    Alfabetizao e le

    tramento nas

    diferentes reas d

    o conhecimento

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  • Presidncia da RepblicaMinistrio da EducaoSecretaria ExecutivaSecretaria da Educao Bsica

    Ministrio da EducaoSecretaria da Educao Bsica

    ACERVOS COMPLEMENTARESAlfabetizao e letramento nas diferentes reas do conhecimento

    Braslia/2012

  • Desde 2010, com a implantao do Ensino Fundamental de Nove anos, prevista na Lei n 11.274, e o ingres-so da criana de seis anos nos anos iniciais do ensino fundamental, o Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD) vem adequando as colees de obras didticas distribudas aos alunos ao disposto na Resoluo n 7, de 14 de dezembro de 2010, do Conselho Nacional de Educao, que Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Essa Resoluo, nos 1 e 2 do Art. 30, estabelece que:

    1 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de sua autonomia, fizerem opo pelo

    regime seriado, ser necessrio considerar os trs anos iniciais do ensino fundamental como um bloco

    pedaggico ou um ciclo sequencial no passvel de interrupo, voltado para ampliar a todos os

    alunos as oportunidades de sistematizao e aprofundamento das aprendizagens bsicas, imprescin-

    dveis para o prosseguimento dos estudos.

    2 Considerando as caractersticas de desenvolvimento dos alunos, cabe aos professores adotar

    formas de trabalho que proporcionem maior mobilidade das crianas nas salas de aula e as levem

    a explorar mais intensamente as diversas linguagens artsticas, a comear pela literatura, a utilizar

    materiais que ofeream oportunidades de raciocinar, manuseando-os e explorando as suas caracte-

    rsticas e propriedades.

    Para atender s especificidades dos trs primeiros anos do ensino fundamental, este Ministrio da Educao (MEC) avaliou, selecionou e distribuiu s salas de aula das turmas do ciclo de alfabetizao, no mbito do PNLD 2010, acervos formados por obras pedaggicas complementares aos livros didticos.

    Dando continuidade a essa ao, o MEC encaminha novamente a essas turmas, por meio do PNLD 2013, acervos diversificados, formados por obras didticas complementares, como apoio ao processo de alfa-betizao inicial, com temas referentes s trs grandes reas do conhecimento: Cincias da Natureza e Matemtica, Cincias Humanas e Linguagens e Cdigos

    Cada acervo, concebido para uso coletivo em sala de aula, est acompanhado por esta publicao Alfabe-tizao e letramento nas diferentes reas do conhecimento, elaborada pelo Centro de Estudos da Lingua-gem CEEL, da Universidade Federal de Pernambuco, responsvel pela avaliao, seleo e composio dos acervos complementares.

    Esta publicao tem como objetivo apoiar os professores, trazendo sugestes gerais para a utilizao dos acervos em sala de aula. O acesso aos acervos complementares, alm de subsidiar o trabalho docente, contri-buir para a familiarizao das crianas em processo de alfabetizao com a cultura da escrita.

    As obras selecionadas, alm de diversificadas do ponto de vista temtico, dos gneros e formato, tambm diferem do ponto de vista do grau de complexidade. Portando, os acervos so compostos por obras que estimulam a leitura autnoma por parte do alfabetizando ou propiciam a professores e alunos alternativas interessantes de leitura compartilhada.

    Nesse sentido, este Ministrio espera que os acervos das obras complementares configurem-se como ins-trumento eficaz de apoio ao processo de alfabetizao e de formao do leitor, possibilitando ao aluno o acesso ao mundo da escrita, cultura letrada e aprendizagem dos contedos curriculares nas diferentes reas de conhecimento.

    Ministrio da Educao

    ministrio da educaosecretaria de educao bsica diretoria de formulao de contedos educacionaiscoordenao geral de materiais didticos

    equipe tcnico-pedaggicaAndra Kluge Pereira

    Ceclia Correia Lima

    Elizangela Carvalho dos Santos

    Jane Cristina da Silva

    Jos Ricardo Alberns Lima

    Lucineide Bezerra Dantas

    Lunalva da Conceio Gomes

    Maria Marismene Gonzaga

    equipe de apoio administrativoGabriela Brito de Arajo

    Gislenilson Silva de Matos

    Neiliane Caixeta Guimares

    Paulo Roberto Gonalves da Cunha

    Tiragem 578.665 exemplares

    ministrio da educao secretaria de educao bsica Esplanada dos Ministrios Bloco L, 5 andar, sala 500

    Braslia/DF CEP: 70.047-900

    Tel: (61)20228320 / 20228419

    http://www.mec.gov.br

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Centro de Informao e Biblioteca em Educao (CIBEC)

    __________________________________________________________________

    Brasil. Secretaria de Educao Bsica.

    Acervos complementares : alfabetizao e letramento nas diferentes reas do

    conhecimento / Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica. -- Braslia : A

    Secretaria, 2012.

    140 p. : il.

    ISBN : 978-85-7783-092-3

    1. Alfabetizao. 2. Letramento. 3. Ensino fundamental. 4. Histria. 5. Geografia. 6.

    Temas Transversais. 6. Cincias. 7. Matemtica. 8. Lngua Portuguesa. 9. Arte. 10.

    Literatura Infantil. I. Ttulo.

    CDU 372.41/.45

    __________________________________________________________________

  • Sumrio

    PARTE 1O novo Ensino Fundamental e a reorganizao dos anos iniciais 12

    PARTE 2Recursos didticos na alfabetizao: materiais para organizar a prtica 16 Acervos complementares: letramento, alfabetizao e primeiros contatos com as reas do conhecimento escolar 21

    PARTE 3Os acervos das obras complementares 26 Os livros da rea de Cincias Humanas e Temas Transversais 33 Sobre os livros que abordam os Temas Transversais 33 Sobre os livros que abordam a Histria 35 Sobre os livros que abordam a Geografia 37 Os livros da rea de Cincias da Natureza e Matemtica 41 Sobre os livros que abordam as Cincias da Natureza 41 Sobre os livros que abordam a Matemtica 43 Os livros da rea de Linguagens e Cdigos 45 Sobre os livros que abordam a Arte 45 Sobre os livros que abordam a Lngua Portuguesa e Literatura 47

    PARTE 4Obras complementares: para conhecer um pouco cada livro 50 Os acervos do primeiro ano do Ensino Fundamental 52 Acervo 1.1 52 Acervo 1.2 67 Os acervos do segundo ano do Ensino Fundamental 82 Acervo 2.1 82 Acervo 2.2 97 Os acervos do terceiro ano do Ensino Fundamental 112 Acervo 3.1 112 Acervo 3.2 127

    coordenao geralTelma Ferraz LealAna Claudia Rodrigues Gonalves Pessoa

    assessorEgon de Oliveira Rangel

    coordenaes de rearea 1: Cincias da Natureza e MatemticaFrancimar Martins Teixeira MacedoKnio Erithon Cavalcante LimaVernica Gitirana Gomes Ferreira

    rea 2: Cincias HumanasMargarida Maria Dias de Oliveira Marsia Margarida Santiago Buitoni Rui Gomes de Mattos de Mesquita

    rea 3: Linguagens e Cdigos Ana Lima Artur Gomes de Morais Ceris Salete Ribas da SilvaEliana Borges Correia de Albuquerque Ester Calland de Sousa Rosa Everson Melquiades Arajo Silva Mnica Correia Baptista

    pareceristasrea 1: Cincias da Natureza e MatemticaAbrao Juvencio de Araujo Adriel Roberto Ferreira de Lima Cristiane Azevedo dos Santos Pessoa Cristiane Souza de Menezes Danilo de Carvalho Leandro Francimar Martins Teixeira MacedoFranck Gilbert Ren BellemainGilda Lisba Guimares Knio Erithon Cavalcante Lima Micheline Barbosa da Motta Paula Moreira Baltar Bellemain Rosinalda Aurora de Melo Teles Rute Elizabete de Souza Rosa Borba Ruth do Nascimento Firme Simo Dias de Vasconcelos FilhoVernica Tavares Santos Batinga

    rea 2: Cincias Humanas Aryana Lima Costa Eliane Kuvasney Genylton Odilon Rgo da Rocha Glucio Jos MarafonGustavo Gilson Sousa de OliveiraJoana D Arc de Sousa Lima Joo Maurcio Gomes Neto Jos Afonso ChavesJuliana Teixeira Souza Ktia Canil Maurcio Antunes Tavares Rui Gomes de Mattos de Mesquita Wesley Garcia Ribeiro Silva

    rea 3: Linguagens e Cdigos dna Elba de Oliveira Silva Alessandra Latalisa de SAlexsandro da SilvaAna Catarina dos Santos Pereira CabralAna Claudia Rodrigues Gonalves Pessoa Ana Gabriela de Souza Seal Ana Lima Ana Nery Barbosa de Arajo Andra Tereza Brito Ferreira Angela Valria Alves de Lima Carlos Antonio Fontenele Mouro Clia Abicalil Belmiro Clenice Griffo Daniela Freitas Brito Montuani Dayse Cabral de MouraElaine Maria da Cunha Morais Elaine Cristina Nascimento da Silva Eliana Borges Correia de AlbuquerqueEster Calland de Sousa RosaFtima Soares da Silva Fernando Antnio Gonalves de AzevedoFrancisco Eduardo Vieira da Silva Giane Maria da Silva Glucia Renata P. do Nascimento Gustavo Henrique da Silva LimaIvanda Maria Martins Silva Ivane Maria Pedrosa de Souza Jasa Farias de Souza FreireJuliana de Melo Lima Jlio Cesar Fernandes Vila Nova Leila Britto de Amorim Lima Leila Nascimento da SilvaLourival Pereira PintoMagna do Carmo Silva Cruz Maria das Vitrias Negreiros do AmaralMaria do Carmo Gallo Cruz Maria Emlia Lins e Silva Maria Helena Santos Dubeux Maria Lcia Ferreira de F. Barbosa Martha Loureno Vieira Neiva Costa Toneli Normanda da Silva Beserra Rafaella Asfora Siqueira Campos LimaRose Mary do Nascimento FragaSeverina rika Morais Silva Guerra Sirlene Barbosa de SouzaTcia Cassiany Ferro Cavalcante Valria Barbosa de ResendeWilma Pastor de Andrade SousaYwanoska Maria Santos da Gama

    apoio pedaggico e administrativoAdeline Ferreira da CostaAmanda Kelly Ferreira da SilvaCassiana Maria de FariasErika Souza VieiraGislia das Neves Batista ChavesMagda Polyana Nbrega Tavares Rochelane Vieira de Santana Yarla Suellen Nascimento Alvares

    autoresParte 1: Os anos iniciais do novo ensino fundamental e suas duas etapasEgon de Oliveira Rangel

    Parte 2: Recursos didticos na alfabetizao: materiais para organizar a prticaTelma Ferraz LealAna Claudia Rodrigues Gonalves Pessoa Egon de Oliveira Rangel

    Parte 3: Os acervos das obras complementares Ana Claudia Rodrigues Gonalves Pessoa Artur Gomes de Morais Eliana Borges Correia de Albuquerque Ester Calland de Sousa Rosa Everson Melquiades Arajo Silva Francimar Martins Teixeira MacedoKnio Erithon Cavalcante Lima Margarida Maria Dias de Oliveira Marsia Margarida Santiago Buitoni Rui Gomes de Mattos de Mesquita Telma Ferraz LealVernica Gitirana Gomes Ferreira

    Parte 4: Obras complementares: para conhecer um pouco cada livroAna Claudia Rodrigues Gonalves Pessoa Ana Lima Artur Gomes de Morais Eliana Borges Correia de Albuquerque Ester Calland de Sousa Rosa Everson Melquiades Arajo Silva Francimar Martins Teixeira MacedoKnio Erithon Cavalcante Lima Margarida Maria Dias de Oliveira Marsia Margarida Santiago Buitoni Rui Gomes de Mattos de Mesquita Telma Ferraz LealVernica Gitirana Gomes Ferreira

    revisores Neide Rodrigues de Souza MendonaPatrcia Vila Nova

    projeto grficoHana Luzia

    ilustradorMarcos de Lima

  • 11

    Professor,

    Apresentamos, nesta publicao, os livros que, para o perodo de 2013 a 2015, o MEC est dis-tribuindo s escolas pblicas, com o objetivo de complementar os recursos didticos disponveis em sala de aula para os trs primeiros anos do Ensino Fundamental. A publicao expe algumas reflexes que podem auxiliar cada docente a planejar seu cotidiano com a ajuda desses recursos didticos disponveis em sala de aula para os trs primeiros anos do Ensino Fundamental.

    Nesta publicao, voc encontrar:

    Comentrios sobre a (re)organizao do Ensino Fundamental e o papel estratgico dos trs primeiros anos, no por acaso denominados como anos da alfabetizao pelo Conselho Na-cional de Educao1;

    Reflexes sobre a importncia da utilizao de diferentes recursos didticos no ciclo de alfabe-tizao, com destaque importncia dos tipos de livros distribudos neste Programa;

    Informaes sobre os acervos e as contribuies que trazem tanto para o processo de letramen-to e alfabetizao do aluno, quanto para um primeiro acesso s principais reas do conheci-mento escolar;

    Informaes sobre os critrios adotados para a escolha das obras, com reflexes sobre os tipos de livros que compem os acervos, as temticas contempladas e os princpios adotados para a escolha dos acervos;

    As sinopses que descrevem e comentam brevemente cada livro, conversando tanto com voc quanto com o seu aluno.

    Esperamos que esse conjunto de materiais enriquea as situaes de ensino, auxiliando todos os professores no planejamento das situaes didticas, e mobilize os estudantes a novas leituras.

    1. Resoluo n 3 do Conselho Nacional de Educao de 3 de agosto de 2010.

    Recado ao profe

    ssor

  • 13

    Duas etapas, um s processo

    Desde 2010, o Ensino Fundamental (EF) de nove anos encontra-se implantado em todo o Pas. Em consequncia, muitas medidas vm sendo tomadas, no mbito das polticas educacionais, no sentido de (re)organizar, em novas bases, as propostas de ensino-aprendizagem destinadas a essa ampla faixa de escolarizao.

    Com o objetivo de orientar esse trabalho, a Resoluo n 3 do Conselho Nacional de Educao, de 3 de agosto de 2005, j contrapunha os cinco anos iniciais do novo EF aos quatro anos finais, redefinindo, desse modo, o primeiro e o segundo segmentos desse nvel de ensino. Assim, entre outros compromissos pedaggicos inescapveis, as escolas brasileiras devero criar, ao longo de todo esse nvel de ensino, as condies bsicas necessrias no s permanncia da criana na escola, mas sua progresso nos estudos.

    Nessa perspectiva, cabe ao primeiro segmento do EF:

    Permitir que a criana compreenda o funcionamento particular da escola, num processo que no deve desconhecer nem a singularidade da infncia, nem a lgica que organiza o seu con-vvio social imediato;

    Garantir o seu acesso qualificado ao mundo da escrita e cultura letrada em que vivemos sem, no entanto, desconsiderar sua cultura de origem;

    Desenvolver, no jovem aprendiz, a autonomia progressiva nos estudos.

    Em decorrncia, o letramento e a alfabetizao revelam-se como demandas nucleares dos anos iniciais, o que lhes confere o papel de eixos orientadores, tanto das reorganizaes curriculares, quanto da formao docente continuada2, ou mesmo de avaliaes oficiais de rendimento, como a Provinha Brasil.

    Coerentemente, o ensino-aprendizagem de cada um dos componentes curriculares vem sendo abordado, nas orientaes oficiais, do ponto de vista da contribuio que possam dar para atingir-se o objetivo primordial de inserir a criana, da forma mais qualificada possvel, na cultura da escrita e na organizao escolar, garantindo sua plena alfabetizao, inclusive em matemtica, nos trs primeiros anos.

    2. Ver, a respeito, artigo publicado em: BRASIL. MINISTRIO DA EDUCAO. Ensino fundamental de nove anos; orien-

    taes para a incluso da criana de seis anos de idade. Braslia: FNDE, Estao Grfica, 2006. (pp. 85-96)

    PARTE 1

    O novo Ensino Fu

    ndamental e a

    reorganizao d

    os anos iniciais

  • 14 15

    Como possvel perceber, essa organizao do tempo escolar pressupe uma forte articulao entre as duas etapas, com a permanncia dos mesmos objetivos gerais, dos mesmos componentes curriculares e dos mesmos processos de ensino aprendizagem em todo o primeiro segmento. Mas com objetivos e focos especficos para cada uma das etapas.

    considerando as especificidades dessas etapas, assim como a articulao entre elas, que os ma-teriais didticos a serem utilizados no cotidiano da escola devem ser escolhidos.

    Em consequncia, duas etapas bsicas vm-se desenhando, na reorganizao do primeiro segmento do EF:

    Primeira etapa: Letramento e Alfabetizao Iniciais

    Na primeira dessas etapas, o que est em jogo o contato sistemtico, a convivncia e a fa-miliarizao da criana com objetos, prticas e processos tpicos da cultura letrada, ou seja, o seu (re)conhecimento das funes sociais, tanto da escrita quanto da linguagem matemtica; das letras, da srie alfabtica e do sistema da escrita; dos algarismos e da notao matemtica; de noes elementares das reas bsicas do conhecimento; etc.

    Considerando o papel estratgico dessa etapa, a faixa etria em jogo e a natureza das competn-cias e habilidades a serem desenvolvidas, o Conselho Nacional de Educao, em sua Resoluo n 7, de 14 de dezembro de 2010, estipulou o tempo escolar correspondente em trs anos; e os deno-minou anos da alfabetizao, alertando, ainda, para o fato de que ser necessrio considerar os trs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedaggico ou um ciclo sequencial no passvel de interrupo, voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistema-tizao e aprofundamento das aprendizagens bsicas, imprescindveis para o prosseguimento dos estudos (Art. 30, 1).

    Ao final dessa etapa, espera-se que a criana, no que diz respeito apropriao do sistema da escrita, esteja alfabetizada; e que, em relao ao letramento e ao acesso ao mundo da escrita, j saiba ler e escrever textos curtos e simples, podendo servir-se da escrita como instrumento tanto de sua insero social cotidiana quanto de escolarizao. Espera-se, ainda, que o aluno tenha desen-volvido noes bsicas das grandes reas do conhecimento, e que domine conceitos elementares das disciplinas correspondentes.

    Segunda etapa: reas do conhecimento e disciplinas

    J no quarto e no quinto anos, trata-se de levar o aluno consolidao do duplo processo iniciado na etapa anterior, desenvolvendo tanto sua proficincia em leitura e escrita quanto sua capacidade de refletir sobre a lngua e a linguagem. Tambm nesses dois anos que as diferen-tes disciplinas, ainda que presentes na sala de aula desde a primeira etapa, devem configurar-se como tais, organizando a aprendizagem do aluno num quadro compreensivo geral e preparando-o para o segundo segmento do EF.

    Na medida em que esta segunda etapa de consolidao, as prticas e os procedimentos voltados para o letramento e a alfabetizao iniciais podem ser mobilizados, sempre que necessrio. Mas o foco da ateno pedaggica recai, agora, sobre o desenvolvimento de novos nveis de proficincia em leitura e escrita e sobre a construo de conhecimentos disciplinares.

  • 17

    Para falarmos sobre recursos didticos, sem dvida, precisamos comear tentando definir quais co-nhecimentos queremos ensinar. Como foi discutido no tpico anterior, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, temos como tarefa principal ajudar as crianas a entender a cultura escolar, apren-dendo a interagir nesse espao, promover a aprendizagem da leitura e da escrita, a ampliao das capacidades de produo e compreenso de textos orais em situaes no familiares e a ampliao do universo de referncias culturais dos alunos nas diferentes reas do conhecimento.

    Para favorecer tais aprendizagens no ciclo de alfabetizao, preciso planejar as aes didticas, que insiram as crianas em processos de interao em que elas precisam produzir e compreender textos orais e escritos. Tais processos podem ocorrer em situaes em que sujeitos mais experien-tes atuam como ledores ou escribas, mediando as relaes entre as crianas e a escrita, ou em situaes em que elas autonomamente leem, escutam, escrevem, falam. Para que elas tenham condies de atuar, com autonomia, nas situaes de leitura e escrita, preciso propiciar a apren-dizagem do sistema alfabtico de escrita.

    Considerando todas essas dimenses do ciclo de alfabetizao, preciso planejar, com cuidado, as aes a serem desenvolvidas. O planejamento contempla no apenas o tempo a ser usado e as atividades a serem desenvolvidas, como tambm os modos como os estudantes sero agrupados, o tipo de mediao a ser adotado e os recursos didticos adequados ao que se quer ensinar.

    Consideramos que alguns tipos de recursos didticos so essenciais no ciclo de alfabetizao:

    1. Livros do universo literrio; 2. Livros diversificados, exemplares dos que so encontrados na sociedade (de divulgao do

    saber cientfico; biografias, dicionrios, livros de receitas, dentre outros);3. Livros de palavras;4. Revistas e jornais;5. Livros didticos; 6. Jogos de alfabetizao;7. Materiais que estimulem a reflexo sobre palavras (abecedrios, pares de fichas de palavras/

    figuras, envelopes com figuras e letras, dentre outros);8. Materiais que circulam nas ruas (panfletos, cartazes educativos, embalagens, dentre outros);9. Televiso, rdio;10. Computador.

    Muitos desses materiais so produzidos ou selecionados pelos professores ou disponibilizados pe-las secretarias de educao, mas outros so distribudos pelo Ministrio da Educao.

    PARTE 2

    Recursos didtic

    os na

    alfabetizao: m

    ateriais

    para organizar a

    prtica

  • 18 19

    Como fcil perceber, a primeira etapa conta com maior diversidade de recursos: s no dispe de colees disciplinares de Lngua Portuguesa e de Matemtica; ainda assim, apenas porque uma e outra reas oferecem, para esses trs primeiros anos, colees especficas.

    Como dito anteriormente, tais materiais so disponibilizados pelo MEC no mbito de Programas vol-tados para a distribuio de recursos didticos s escolas pblicas brasileiras. Alm dos materiais dis-tribudos por meio dos programas j consolidados, outros tambm so enviados s escolas, como os jogos de alfabetizao. Mas o que caracteriza cada um desses programas ou materiais distribudos?

    Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD)

    Os livros didticos so recursos didticos j consolidados nos sistemas escolares brasileiros. Os livros destinados aos anos iniciais do Ensino Fundamental destinam-se, sobretudo, ao ensino do sistema alfabtico de escrita e ao desenvolvimento da leitura e escrita, introduzindo conceitos fundamentais nas diferentes reas de conhecimento.

    Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)

    O PNBE um Programa que promove o acesso cultura e o incentivo leitura nos alunos e pro-fessores por meio da distribuio de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referncia. Para as crianas dos anos iniciais, h obras com textos em prosa, sobretudo os contos, em verso (poemas, cantigas, parlendas, adivinhas), livros de imagens e livros de histria em quadrinhos. Esses livros so destinados s bibliotecas das escolas.

    Programa Nacional do Livro Didtico / Dicionrios

    O dicionrio um tipo de obra de consulta que, se no for introduzido no mundo da criana de forma ldica, dinmica, tende a ser rejeitado. Por isso, no PNLD Dicionrios, os livros so selecio-nados tomando-se em conta a representatividade e adequao do vocabulrio selecionado. Para o incio do Ensino Fundamental, a seleo lexical e a explicao dos sentidos dos vocbulos devem ser adequados a alunos em fase inicial de alfabetizao. Com essa mesma preocupao, os dicio-nrios para as crianas tm organizao grfica mais atraente s crianas.

    Os anos iniciais e os materiais didticos disponveis na escola pblica

    Considerando a diversidade de situaes e desafios envolvidos nessa reorganizao didtico-peda-ggica, o MEC, por meio de programas como o PNLD e o PNBE, oferece s escolas pblicas recursos didticos diversificados:

    1. Para uso individual do aluno, em sala de aula e em casa: Colees de Letramento e Alfabetizao; Colees de Alfabetizao Matemtica; Colees voltadas para as disciplinas de Lngua Portuguesa, Matemtica, Histria, Geogra-

    fia e Cincias.

    2. Para uso coletivo dos alunos na sala de aula: Acervos diversificados de obras complementares ao processo de alfabetizao inicial, abor-

    dando temas relativos a todas as disciplinas escolares, nas reas de Linguagens e Cdigos; Cincias da Natureza e Matemtica; Cincias Humanas;

    Dicionrios para iniciantes: Tipo 1 e Tipo 2, atualizados pela nova ortografia; O Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa (VOLP), organizado pela Academia Brasi-

    leira de Letras, com base na nova ortografia; Obras literrias do PNBE; Materiais didticos diversos, como jogos, alfabetos mveis, material dourado etc.

    Alguns desses materiais destinam-se explicitamente primeira ou segunda etapas dos anos ini-ciais, como as colees de livros didticos. Outros, como os dicionrios e as obras literrias, ainda que pensados primordialmente para uma das etapas, podem ser utilizados de forma pertinente na outra. Seja como for, o quadro geral de alguns materiais disponveis o seguinte:

    materiais didticos disponveis para os anos iniciais do ensino fundamental

    Ano de

    escolaridade

    Materiais

    complementares

    para as trs

    grandes reas

    Colees de

    Alfabetizao e

    Letramento e de

    Alfabetizao

    Matemtica

    Colees

    didticas de

    Portugus e de

    Matemtica

    Colees

    didticas

    de Histria,

    Geografia

    e Cincias

    Dicionrios

    de Tipo 1

    e de Tipo 2

    Livros

    do PNBE

    e VOLP

    Materiais

    didticos

    especiais

    Primeiro X X X X X

    Segundo X X X X X X

    Terceiro X X X X X X

    Quarto X X X X

    Quinto X X X X

  • 20 21

    Acervos complementares: letramento, alfabetizao e primeiros contatos com as reas do conhecimento escolar

    As obras complementares so recursos que podem favorecer a ampliao do letramento da criana e da reflexo sobre o sistema de escrita alfabtica, alm disso, pela caracterstica dos livros que compem os acervos, possvel ainda favorecer o contato das crianas com variadas reas do co-nhecimento escolar, possibilitando descobertas por meio de situaes prazerosas de leitura.

    Fora do ambiente escolar, mesmo antes de aprender a ler, a criana est inserida em contextos sociais mediados pela leitura e escrita, que despertam sua curiosidade e promovem descobertas so-bre vrias reas do conhecimento. A busca por respostas amplia seu relacionamento com o mundo e sua interao com os outros, o que acontece mesmo antes da escolarizao.

    A escola precisa ser um ambiente que permita a ampliao das possibilidades de conhecimento das crianas em situaes cuidadosamente planejadas, que favoream o uso da lngua em diferen-tes situaes ou contextos sociais, valorizando sua funo diversificada e sua variedade de modos de falar. Para isso, a realizao de um trabalho criativo e prazeroso que possibilite o desenvolvimen-to de habilidades comunicativas nos primeiros anos do Ensino Fundamental, por meio de diversas situaes orais e escritas, deve ser uma preocupao constante do professor.

    Como j foi dito, durante o ciclo de alfabetizao (1 ao 3 ano), o objetivo do professor deve ser o de promover o ensino do Sistema de Escrita Alfabtica (SEA), mas no basta levar o aluno a dominar a tecnologia da escrita. primordial tambm fazer uso da escrita nas interaes sociais. Assim, o contato com a diversidade de gneros e as situaes de leitura e produo de textos pode ampliar a possibilidade de o aluno recorrer tecnologia da escrita segundo suas necessidades comunicativas. As Obras Complementares, aliadas a outros recursos que esto ao alcance do pro-fessor, podem ser um material que possibilite atingir esse objetivo.

    Ainda nesse perodo de escolarizao, a criana deve ter o primeiro contato com conhecimentos de diversas reas, porm, estes no devem ser tratados de forma fragmentada. A nfase deve ser dada ao desenvolvimento de habilidades e competncias, para que os contedos possam emergir de forma integrada. Portanto necessrio envolver as crianas em um universo rico de possibilidades de aprendizagens mediante um trabalho interdisciplinar.

    O contato com diversos materiais escritos que circulam na sociedade pode favorecer aprendizagens mais significativas. Dentre os vrios suportes textuais que podem atrair as crianas, podemos citar os livros. O contato com variados tipos de livros que compem os acervos pode estimular a fruio;

    Jogos de Alfabetizao

    Em 2011, O Ministrio da Educao distribuiu para as escolas brasileiras um conjunto de jogos desti-nados alfabetizao. So 10 jogos que contemplam diferentes tipos de conhecimentos relativos ao funcionamento do sistema alfabtico de escrita. Os jogos so classificados em trs grandes blocos:

    1. Jogos que contemplam atividades de anlise fonolgica, sem fazer correspondncia com a escrita: Bingo dos sons iniciais; Caa-rimas; Dado sonoro; Trinca mgica; Batalha de palavras.

    2. Jogos que levam a refletir sobre os princpios do sistema alfabtico: Mais uma; Troca-letra; Bingo da letra inicial; Palavra dentro de palavra.

    3. Jogos que ajudam a sistematizar as correspondncias grafofnicas: Quem escreve sou eu.

  • 22 23

    Mas para qu tantos livros?

    Como vimos, os acervos no so chamados de complementares por acaso: sua funo a de oferecer a professores e alunos oportunidades de trabalho e vias de acesso a contedos curriculares que as colees didticas ou contemplam ou no, ou s o fazem espordica e secundariamente.

    Nesse sentido, podem ser mobilizados em muitas e diversas situaes, articulando-se aos livros e/ou aos demais materiais didticos disponveis. Seu foco o letramento e a alfabetizao iniciais; no entanto, considerando-se a diversidade de situaes possveis, tambm podem prestar bons servios na etapa de consolidao. O adequado planejamento das equipes docentes que poder estabelecer os parmetros necessrios, seja para o uso oportuno desses materiais em sala de aula, seja para sua articulao com os demais recursos.

    O compromisso maior desses Acervos com a curiosidade natural da criana, assim como com o seu desejo de ler por conta prpria. Boa parte dos livros que os compem, pressupem um leitor alfabetizado; e assim, s pode ser lido, inicialmente, em prticas de leitura compartilhada, seja com o professor, seja com colegas mais experientes.

    Ao contrrio das colees didticas, as Obras Complementares no foram escritas para o professor. Por isso mesmo, no objetivam concretizar um plano de curso, nem estabelecer roteiros de aula. Nenhum deles pretende, ainda, nem cobrir todo um programa de ensino, nem propor a alunos e professores um apoio permanente para o cotidiano da sala de aula, como os dicionrios, atlas e enci-clopdias. Na verdade, foram escritos para estimular e ajudar a formar os jovens leitores; e a essas crianas de at oito anos que eles pretendem seduzir, informar, divertir, convencer etc.

    Pensados para um convvio ntimo e cotidiano com os alunos em sua prpria sala de aula, os acervos devem funcionar como janelas, de onde o aluno da escola pblica poder ter uma viso representativa do que a cultura da escrita lhe reserva de interessante. O contato com esses livros e, ainda mais, o uso frequente dos acervos em prticas de sala de aula, propiciar s crianas uma experincia cultural nica a de explorar, com a preciosa mediao do professor, mas tambm por sua prpria conta e risco, o mundo dos livros:

    Em sua diversidade temtica, de gnero, de linguagem, de apresentao grfica etc.; Com seus autores de diferentes pocas, pases e regies; Com a interveno fundamental dos tradutores que aproximam pocas e culturas distantes; Com os ilustradores que nos ajudam a imaginar, a entender e at mesmo a descobrir o mundo

    que a letra nos desenha; Com os editores, que tornam os livros produtos culturais bem acabados e atraentes, capazes

    de despertar o nosso desejo e o nosso reconhecimento.

    a aprendizagem da leitura; a manifestao de sentimentos que envolvem a vida infantil, como o medo, a perda, a morte, dentre outros, alm de promover descobertas/aprendizagem sobre vrias temticas como o corpo humano, a fauna, os nmeros, etc... As obras complementares aqui apre-sentadas podem auxiliar o aluno a ter contato com vrios contedos, satisfazendo sua curiosidade sem que ele se d conta de que est tendo acesso a determinado componente curricular.

    Nesse sentido, o tratamento de vrios componentes curriculares pode ser ampliado por situaes diversificadas, que promovam e despertem o interesse dos alunos durante o ciclo de alfabetizao.

    Em resumo, o grande desafio dos professores desenvolver prticas pedaggicas que favoream a formao de crianas, que reconheam os usos da escrita em prticas sociais e que possibilitem a for-mao de leitores e escritores. Desse modo, as Obras Complementares surgem como mais um recurso que pode vir a auxiliar os docentes do ciclo de alfabetizao nessas prticas pedaggicas. A quali-dade dos livros, sendo eles ficcionais ou no, presente nos acervos, pode atrair a ateno da criana levando-a a entrar em um mundo de imaginao e descobertas, alm de possibilitarem o contato com materiais escritos, a apropriao do SEA, a fluncia da leitura e a produo textual.

    Em suma, os Acervos Complementares distribudos pelo MEC tm caractersticas prprias. Assim como os livros didticos, as obras que os compem esto em sintonia com os currculos, na medida em que no s abordam temas de interesse escolar, como foram concebidos e realizados de forma a favorecer a aprendizagem. Por outro lado, so livros de leitura como tantos outros, caracteri-zando-se por ampla circulao social. Portanto preenchem funes diversificadas, no processo de formao do aprendiz, ao mesmo tempo em que seduzem e entretm o leitor.

    Em outras palavras, os Acervos Complementares so de natureza simultaneamente cultural e esco-lar, o que lhes confere um papel estratgico, nos processos de ensino-aprendizagem, destinados a articular o letramento e a alfabetizao iniciais com o acesso s grandes reas dos conhecimentos escolares e mesmo s disciplinas.

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    Diante desse mundo a desbravar e habitar, o aluno logo se perceber um convidado especial: um leitor disputado, e at paparicado, como um hspede muito bem vindo. Assim, quase impossvel que ele no encontre um autor, um texto, uma ilustrao, um projeto grfico que desperte a sua ateno e o conquiste para o jogo da leitura. No tardar, portanto, que ele encontre, entre os livros, o seu lugar ao sol ou luz de um abajur, num cantinho qualquer. Afinal, ningum se forma como leitor se no interagir, pelo convvio e pela leitura, com os agentes do livro.

    Entre outras coisas, isso quer dizer que o uso dos acervos constitui-se numa ferramenta poderosa no processo de letramento infantil. No por acaso, muitas pesquisas tm demonstrado que, ao contr-rio das crianas de camadas populares, as de classe mdia e alta chegam escola j familiarizadas com o mundo da escrita, exatamente porque, em seus ambientes domsticos, os livros e a cultura letrada esto cotidianamente presentes. E esse letramento inicial tem se mostrado determinante para o sucesso escolar.

    Alm disso, em qualquer um dos seis diferentes acervos disponveis h sempre, entre os livros da rea de Linguagens e cdigos, alguns que podem prestar excelentes servios para a reflexo que o aluno deve fazer sobre a escrita, no processo de apropriao do sistema alfabtico. Nas resenhas que figuram neste Manual, ser possvel identificar facilmente essas obras. So livros de palavras, por assim dizer, que trazem, em ordem alfabtica, listas de vocbulos seguidas de suas respectivas ilustraes e, algumas vezes, tambm de outros termos da mesma famlia, permitin-do comparaes sistemticas entre os aspectos sonoros, grficos e semnticos responsveis pelas semelhanas e diferenas que se estabelecem entre elas.

    Mas os acervos ainda proporcionam a alunos e professores outros recursos. Como j dissemos, todos esses livros tm interesse didtico-pedaggico, na medida em que abordam contedos curri-culares. Mas o tratamento que do a esses contedos combina o rigor conceitual com a curiosidade infantil, o jogo e, muitas vezes, a fico, permitindo ao aluno um acesso ldico e interdisciplinar ao objeto de ensino-aprendizagem em questo.

    Qualquer dos temas abordados pode ser explorado em diferentes momentos do ensino-aprendiza-gem e do ponto de vista de mais de uma disciplina. E uma vez trilhados esses variados caminhos, at mesmo os contedos disciplinarmente organizados dos livros didticos podem se beneficiar das perspectivas que se abrem, permitindo ao aluno estabelecer relaes pessoais com o conhecimento que deem sentidos a sua aprendizagem.

  • 27

    Como j indicamos anteriormente, as Obras Complementares so livros adquiridos pelo Ministrio de Educao com o propsito de auxiliar na tarefa de garantir a alfabetizao das crianas, na perspectiva do letramento e da ampliao cultural, contemplando temticas relativas a diferentes reas do conhecimento:

    Cincias da Natureza e Matemtica; Cincias Humanas; Linguagens e Cdigos.

    O principal objetivo, portanto, favorecer boas condies de ensino, propiciando a acesso das crianas a materiais escritos de qualidade, que as aproximem das esferas da literatura, da cincia e da arte. Desse modo, algumas caractersticas so requisitos bsicos das obras: Abordagem dos contedos de forma ldica, despertando o interesse e envolvimento dos alu-

    nos com os assuntos neles abordados; Projetos editoriais capazes de motivar o interesse e despertar a curiosidade de crianas dessa

    etapa de escolarizao; Linguagem verbal e recursos grficos adequados a alunos do 1, 2 e 3 anos do Ensino Fun-

    damental; Tratamento de temticas relevantes e apropriadas faixa etria e nvel de escolaridade.

    Atendendo a tais requisitos, os livros constituem-se como instrumento eficaz de apoio:

    Ao processo de alfabetizao e de formao do leitor; Ao acesso do aluno ao mundo da escrita e cultura letrada; Ao ensino-aprendizagem de contedos curriculares.

    Para avaliar se as obras inscritas no PNLD Obras Complementares foi composta uma equipe for-mada por professores de diferentes universidades brasileiras e professores de educao bsica, subdivididas em grupos de trabalho.

    Inicialmente, um grupo formado pela coordenao geral (duas pessoas) e alguns coordenadores de rea (cinco pessoas) fizeram uma primeira avaliao dos livros, para checagem das reas de co-nhecimento e avaliao do atendimento aos critrios gerais do Edital. Nesta fase, foram excludas as obras que:

    Eram consumveis (tinham espaos no prprio livro para escrita pelas crianas); Eram inadequadas faixa etria (nessa fase, foram excludas apenas as que claramente eram

    destinadas a adultos); Eram obras pedaggicas (obras dirigidas aos professores e no s crianas).

    PARTE 3

    Os acervos das o

    bras

    complementares

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    Essas obras inscritas so bastante diversificadas quanto ao gnero. Foram classificadas em dez tipos:

    tipo de obra quantidade

    01 Livros literrios narrativos 334

    02 Histrias em quadrinhos 22

    03 Biografias 25

    04 Livros de histrias, com foco em contedos curriculares 461

    05 Livros de divulgao do saber cientfico; obras didticas (verbetes, textos didticos) 184

    06 Livros instrucionais 13

    07 Livros de imagens (sem legenda) 43

    08 Livros de palavras; livros de imagens com legenda; livros com textos rimados de apresentao

    das letras do alfabeto

    47

    09 Livros de cantigas, parlendas, trava-lnguas, jogo de palavras, poemas 110

    10 Outros (obras mistas, com vrios gneros; materiais de atividades didticas encadernadas;

    obras pedaggicas)

    105

    total 1344

    Como pode ser visto, as editoras submeteram ao processo avaliativo uma grande diversidade de tipos de livros. Sem dvidas, tal diversidade favorece a ampliao do letramento das crianas, pro-piciando o contato com gneros que atendem a diferentes propsitos de escrita.

    O quadro acima evidencia que h predominncia de obras de gneros narrativos, como os contos e as histrias com foco em contedos curriculares. Estes ltimos caracterizam-se por conter textos de tipo narrativo, mas com inteno explcita de ensinar contedos curriculares das diferentes reas de conhecimento. As biografias e as histrias em quadrinhos so tambm de tipo narrativo.

    Os livros destinados exposio de assuntos da esfera cientfica, com adoo de estrutura mais didtica, expositiva tambm foram inscritos com frequncia.

    Os mais direcionados ao ensino do sistema alfabtico de escrita, tal como os que veiculavam textos de tradio oral e textos com brincadeiras com as palavras, tambm se destacam dentre os inscritos.

    Com pouca frequncia, foram inscritos os livros instrucionais (13), que contm textos de orientao para realizao de atividades diversas, como as brincadeiras, montagem de brinquedos, dentre outros.

    Enfim, muitos tipos de livros foram submetidos. Dentre essas obras submetidas, foram escolhidas 180 (seis acervos de 30).

    Na segunda fase, foram formados seis grupos de trabalho, compostos por um(a) coordenador(a) e pareceristas (entre cinco e oito profissionais). Ento, os livros foram avaliados quanto :

    Qualidade do texto e adequao da linguagem faixa etria das crianas; Adequao do projeto grfico-editorial; Observncia aos preceitos ticos necessrios ao convvio humano e ao exerccio da cidadania; Contribuies pedaggicas alfabetizao e ao letramento.

    Na terceira fase, foram formados seis grupos de trabalho compostos por um(a) coordenador(a) e pareceristas (entre trs e oito profissionais) para a avaliao das obras quanto s contribuies ao trabalho pedaggico na rea de conhecimento relativa aos temas tratados na obra: Cincias, Matemtica, Histria, Geografia, Arte. Foi formada ainda uma equipe que se dedicou a analisar as obras que tratavam de Temas Transversais. As obras de Lngua Portuguesa foram avaliadas pela equipe da fase 2.

    Nessa fase, as anlises se concentraram na avaliao da pertinncia do tema ao currculo na rea de conhecimento; da clareza, exatido e atualizao dos conceitos, das noes, das representaes e das informaes; da contextualizao dos contedos para a apropriao; da contribuio para a aprendizagem do componente curricular com nvel de complexidade adequado; da adequao metodolgica no trato do tema.

    Tanto na fase 2 quanto na fase 3, cada obra era inicialmente analisada por um parecerista, que elaborava o parecer, o qual era submetido apreciao do coordenador de rea que, aps a anlise do livro, consolidava o parecer. A coordenao geral realizava uma terceira avaliao para finalizar o processo de cada fase.

    Em suma, todo os livros foram lidos e relidos, por diferentes especialistas, que cuidadosamente avaliavam as obras quanto aos critrios anteriormente descritos.

    Para melhor detalhamento da avaliao, os dados referentes s obras submetidas sero des-critos a seguir.

    Os livros submetidos ao PNLD Obras Complementares

    Foram submetidas, em resposta ao Edital PNLD Obras Complementares 2013, 1344 obras, distri-budas do seguinte modo:

    359 obras da rea de Cincias Humanas e Temas Transversais; 514 obras da rea de Cincias da Natureza e Matemtica; 471 obras da rea de Linguagens e Cdigos.

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    ano 2

    Acervo 1 Acervo 2

    Histria de Dentinho Tanta gua

    A quarta-feira de Jonas O caminho do rio

    Tudo por causa do pum? No afunde no lixo!

    A poluio tem soluo Rosa dos ventos

    Albert Matar sapo d azar

    Quem o centro do mundo? Viagens de um pozinho

    A economia de Maria Assim ou assado?

    Apostando com o monstro Quem ganhou o jogo? Explorando a adio e a subtrao

    Usando as mos: contando de cinco em cinco Era uma vez... 1, 2, 3

    Quem a Glria? O silencioso mundo de flor

    A caixa preta Ser criana ... Estatuto da criana e do adolescente para crianas

    No brincadeira Frederico Godofredo

    Juntos na aldeia Pigmeus: os defensores da floresta

    Mas que bandeira! Bruna e a Galinha dAngola

    Escrita: uma grande inveno Rupi! O menino das cavernas

    Tarsila, menina pintora Txopai e Ith

    Primeiros mapas, como entender e construir Estrelas e planetas

    Mo e contra-mo Mapa de sonhos

    Plantando as rvores do Qunia: a histria de Wangari Maathai Festa da Taquara

    O cu azul de Giotto Arco-ris

    Desvendando a orquestra formando plateias do futuro O tabuleiro da baiana

    A escola do cachorro sambista Desvendando a bateria da escola de samba

    Para comer com os olhos Tarsila e o papagaio Juvenal

    Bumba-boi Seurat e o arco-ris

    Abecedrio hilrio Ciranda do abc

    Bichos so todos...bichos Ciranda das vogais

    Para que serve um livro? Delcias e gostosuras

    Todas as cores do mar O lugar das coisas

    Iguais, mas diferentes um livro

    Gato, castelo, elefante? Grande pequeno

    Essa seleo foi feita de modo a garantir a diversificao quanto s reas de conhecimento, s temticas /aos contedos abordados, extenso do texto, aos gneros discursivos adotados, ao nvel de complexidade e favorecimento da leitura autnoma.

    Por fim, as obras selecionadas foram as seguintes:

    ano 1

    Acervo 1 Acervo 2

    Era uma vez uma gota de chuva Essa no minha cauda

    ABC dos animais Pingo-dgua

    O que Ana sabe sobre... os alimentos saudveis Balas, bombons, caramelos

    O mundinho azul Que delcia de bolo!

    A abelha A baleia corcunda

    Pinga pingo pingado Animais e opostos

    Quem vai ficar com o pssego? Livro dos nmeros, bichos e flores

    Belelu e os nmeros Tem alguma coisa embaixo do cobertor!

    Nunca conte com ratinhos guas

    Sofia, a andorinha De mos dadas

    Lils, uma menina diferente Os feitios do vizinho

    O menino e a gaiola Gente de muitos anos

    A velhinha na janela O menino Nito: ento, homem chora ou no?

    Minha famlia colorida Carta do tesouro para ser lida para as crianas

    A joaninha que perdeu as pintinhas O grande e maravilhoso livro das famlias

    O Pequeno Paraquedista O Tempo

    A bola dourada Famlia Alegria

    Como vou Dandara, o drago e a lua

    Ruas, quantas ruas Ar Pra que serve o ar?

    Maracatu God dana

    Clic-clic, a mquina biruta do seu Olavo Chapeuzinho vermelho e as cores

    Uma tarde do barulho o bicho!

    Sombra Mame um lobo!

    Msica no zoo Canteiro: msicas para brincar

    De avestruz a zebra Bichionrio

    Turma da Mnica: folclore brasileiro O livro das adivinhas

    Soltando os bichos Beijo de bicho

    Cad o docinho que estava aqui? A histria da tartaruga

    Era uma vez uma bota Pato! Coelho!

    O casamento do rato com a filha do besouro Abracadabra

  • 32 33

    Os livros da rea de Cincias Humanas e Temas Transversais

    Sobre os livros que tratam de Temas Transversais

    Os livros que tratam de Temas Transversais tm importncia fulcral por no estarem confinados nas fronteiras do conhecimento disciplinar. Suas obras, por no trazerem as marcas de abstrao logicista, que caracterizam historicamente os processos de construo das nossas disciplinas, representam pro-cessos de conquista social que precisam ser incorporados solidamente s nossas escolas.

    Os referidos acervos so compostos por livros com um amplo leque de opes pedaggicas, sendo sua principal caracterstica possibilitar ao docente trabalhar a dimenso formativa da educao. Encontrar-se-o, assim, nos referidos acervos, temas to importantes como o das atitudes de solida-riedade e cooperao, que estimulam o desenvolvimento do compromisso cidado com o coletivo; a questo das diferenas de diversos matizes, seja retratando pessoas com deficincia auditiva, vi-sual, cadeirantes, o convvio entre pessoas de geraes diferentes, os diferentes arranjos e modelos familiares, as diferenas tnico-raciais, questes de gnero, etc.; o tema dos direitos e dos deveres, seja no tom formal de documentos como a Declarao dos Direitos da Criana ou o Estatuto da Criana e do Adolescente, seja com um tratamento que vai alm da fria formalidade da lei; a questo das desigualdades econmicas; a explorao do trabalho infantil, etc. Enfim, todos esses temas so importantes e relevantes ao currculo dos anos iniciais do Ensino Fundamental porque ensejam aes educativas que podem nos conduzir a um trabalho pedaggico que extrapole os muros da escola, vinculando-a efetivamente comunidade.

    Os livros foram escolhidos, nesse sentido, com o forte propsito de estimular a reviso de valores e fomentar mudanas concretas na postura das pessoas que estamos formando. O carter literrio, potico, das obras com ilustraes abundantes e esteticamente ricas, que dialogam de maneira ativa com os textos verbais foi outro aspecto observado, por acreditarmos que ajuda o objetivo exposto, dado que possibilita uma abordagem que no doutrinria e/ou panfletria. A obra literria, portanto, mais que um instrumento ou estratgia pedaggica para se transmitir contedos, caracteriza-se como um campo formativo, capaz de desnaturalizar ideologias sedimentadas, desconstruir valores e sentimentos tomados como positivos e, assim, configurar-se como constitutivo de nossas identidades.

    Apostando nesse raciocnio, priorizamos aqueles livros capazes de ajudar o trabalho docente de es-tmulo ao desenvolvimento da imaginao e da criatividade. Caso queiramos transformar o co-tidiano escolar num ambiente que, realmente, favorea o reconhecimento e respeito s diferenas, devemos fazer com que algo mais que os contedos referentes a tais diferenas cheguem a nossos estudantes. Percepes estticas de definio do belo, dos odores, dos sabores, dos sons, dos sentidos

    ano 3

    Acervo 1 Acervo 2

    Rimas saborosas Em busca da meleca perdida

    Por que somos de cores diferentes? Uma viagem ao espao

    Rubens, o semeador Por que os gmeos so to iguais?

    Dudu e a tagarela Bac O nibus mgico no interior

    Se o lixo falasse... Dudu e o professor Aspergilo

    Um por todos, todos por um: a vida em grupo dos mamferos Meu primeiro livro dos cinco sentidos

    Almanaque Maluquinho pra que dinheiro? Irmos gmeos

    Os filhotes do vov coruja Poemas problemas

    Ps na areia: contando de dez em dez O pirulito do pato

    Viagem ao mundo indgena O livro do pode-no-pode

    Pretinho, meu boneco querido Passarinhos e gavies

    O livro das combinaes: quando um pas joga junto A pipa e a flor

    O senhor das histrias Alberto: do sonho ao voo

    Ciranda Histrias encantadas africanas

    A rvore da Famlia Os Guardados da Vov

    Histrias de av e av Histrias da nossa gente

    Tempo, tempo, tempo: quem pode com ele? Seringueira

    As panquecas da Mama Panya Como fazamos sem...

    Cano dos povos africanos Sabores da Amrica

    Ritmo tudo Pintura aventura

    Batuque de cores O heri de Damio em a descoberta da capoeira

    Gravura aventura Rdio 2031

    A rainha da bateria Cores em cordel

    Seu Flautim na Praa da Harmonia Maluquices musicais e outros poemas

    ABC doido BIS

    Um sapo dentro de um saco A menina, o cofrinho e a vov

    As paredes tm ouvidos O que dizem as palavras

    Jabuti sabido e macaco metido Sem p nem cabea

    Festival da primavera: aventuras do Araqu Histrias brasileira: A donzela guerreira e outras

    Joo das letras Viviana, a rainha do pijama

    Tal como ser descrito a seguir, as obras selecionadas para compor os acervos foram bastante variadas quanto aos temas tratados.

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    o conhecimento. Tal relao de abertura ao outro , acreditamos, condio inexorvel para que nossos estudantes desenvolvam seus prprios pontos de vista.

    Sobre os livros que abordam a Histria

    As fbulas, a notcia no telejornal, o filme de aventura, o gibi so alguns exemplos de histrias, ou seja, h personagens, h tempos e espaos contados por meio de uma narrativa. E muito comum encontrar quem goste de um ou de todos esses exemplos de formas de contar uma histria.

    Por que, ento, aprender Histria comumente associado a adjetivos como enfadonho ou cansati-vo? Ou ainda, por que o ato de memorizar e a referncia restrita a datas sejam as lembranas mais associadas s aulas de histria?

    verdade que essa associao deve-se histria do ensino de Histria, marcada, durante mui-to tempo, pela memorizao de perguntas e respostas no modelo de catecismo, mas tambm verdade que, embora o aprendizado de Histria no possa ser reduzido a esse ato, necessrio o aprendizado dessas informaes bsicas: onde, quando e como aconteceu.

    Esta afirmao, contudo, no significa que o aprendizado de histria se restrinja memorizao ou que o contedo dessa disciplina seja somente a enumerao dessas informaes.

    O ensino fundamental de nove anos preconiza que os trs primeiros anos se configuram como um ciclo de alfabetizao, incio da formao de leitores. O ensino-aprendizagem de histria, alm de poder contribuir muito com esse objetivo, necessita dele para que se alcance com sucesso o pensar historicamente, que a finalidade de aprender histria.

    Por isso, o acervo das obras complementares disponibilizados para os trs primeiros anos do Ensino Fundamental busca contribuir para a alfabetizao e tambm para a apropriao de temticas, conceitos, informaes consagradas como pertinentes aos contedos da Histria.

    A principal categoria dessa rea de conhecimento o tempo. Proporcionar a ampliao da experi-ncia dos alunos por meio da aprendizagem sobre a vivncia de indivduos e sociedades em outros perodos de tempo e espaos ou mesmo da nossa prpria sociedade no passado; essa a principal contribuio da Histria.

    Por meio dessa aprendizagem possvel fazer com que o aluno se compreenda como sujeito continuador de uma cultura, que se identifique ou no com ela e possa atuar de acordo com seus projetos.

    Portanto, independente do contedo mais especfico dos livros, so esses dois objetivos que se busca: domnio desse contedo e formar leitores que pensem historicamente.

    plsticos, dos sentimentos, etc., so elementos to importantes quanto a cognio para esse trabalho. Devemos faz-los presentes no ambiente escolar como forma de, transformando-o, contrapormo-nos ao perigo de domesticao das diferenas e esvaziamento do discurso da incluso. Para tanto, necessrio oportunizar aos estudantes a possibilidade de experimentar o mundo a sua volta, pois, s assim, abrindo a escola ao que se pensa, sente e constri fora dela, que podemos transform-la em terreno frtil para formao de cidados realmente crticos, libertrios e solidrios.

    Receber e fazer visitas a famlias que fogem ao escopo do modelo hegemnico um exemplo de atividade que pode ser levada a cabo simultaneamente leitura de algumas das obras que compem os acervos que apresentamos. Possibilitar-se-ia aos estudantes perceber suas diversas caractersticas, os sentimentos que conformam as relaes e posies de gnero, assim como a diversidade de papis e identidades individuais no interior dessas famlias. Estimular o contato das crianas com histrias reais de solidariedade, amor, projetos coletivos e parcerias entre semelhan-tes e diferentes, planejando sequncias didticas que tenham uma funo prtica na relao entre os estudantes e as pessoas contatadas pode ser outro caminho. igualmente importante educar nossos estudantes visualmente, fazendo-os perceber como as diferenas na cor da pele, no vestu-rio, no cabelo presentes em sociedades multitnicas como a nossa guardam diferentes simbolo-gias e despertam sentimentos e atitudes diversas. Trata-se, enfim, de despertar sensibilidades que indagam a mera aquisio de conhecimento, implicando a aprendizagem no (re)direcionamento de nossas vidas, seja no plano individual ou coletivo.

    Os livros so assim disponibilizados como um convite para nos inventarmos, no presente, como brasi-leiros. Agirmos e refletirmos criticamente sobre nossa diversidade cultural, tnica, lingustica, sexual, de gnero, de arranjo familiar e de classe social. O trabalho pedaggico com essas obras implica numa disposio para desesteriotipar os sujeitos que compem nossa sociedade, respeitando suas formas alternativas de estar no mundo. Elementos da histria e cultura indgena e afro-brasileira, por exemplo, no devem ser folclorizados na escola. Os estudantes tm que ter contato com os valores, conhecimentos e paradigmas civilizacionais que conformam suas economias e manifestaes cultu-rais. O campo e, por extenso, as periferias das grandes cidades no podem ser considerados como parte menos evoluda e desvalorizada de nosso pas. Viajar pelas lindas paisagens que os livros nos oferecem implica em se abrir para o verdadeiro sentimento de amizade, se abrir para outras sociabi-lidades que no raro nos despertam repulsa e medo, significa perceber que temos boas margens de escolha a explorar, que podemos, por exemplo, assumir uma postura anticonsumista, que questiona as necessidades que o mercado industrial nos impe.

    Desenvolver a capacidade de enxergar a vida segundo os pontos de vista de quem nos (radicalmente) diferente , sem dvida, um exerccio de imaginao necessrio e que pode ser alavancado a partir dos acervos de Temas Transversais. Levar isso a srio demanda do docente que promova encontros abrindo as portas da escola para a entrada da comunidade e, mo de via dupla, para a sada dos estudantes comunidade. S assim, oportunizando nossos estudantes com experincias de vida relacionadas sensibilizao promovida pelas narrativas trabalhadas em sala de aula, que podemos fazer com que nossas escolas tenham uma relao menos formal com

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    A inventividade dos sujeitos escolares e as diversas possibilidades construdas no dia a dia da es-cola sero, com certeza, o terreno frtil de bons materiais didticos como estes.

    Bom trabalho!

    Sobre os livros que abordam a Geografia

    O mundo vem passando por grandes transformaes cientficas e tecnolgicas, observveis dire-tamente na rapidez dos meios de transporte, na acelerao da comunicao visual/digital e na circulao do dinheiro que ultrapassa limites e fronteiras nacionais. Em diferentes regies do pla-neta, sociedades contemporneas, que vivem em desiguais patamares de desenvolvimento tcnico, cientfico e informacional, cotidianamente produzem suas interpretaes do mundo e as expressam por meio da educao e da cultura.

    A Geografia brasileira, em consonncia com as mudanas que marcaram a virada do milnio, regis-trou importantes e contnuas transformaes tericas e metodolgicas nas ltimas cinco dcadas. Ficou no passado a lembrana de uma geografia que estimulava a memorizao de definies simplistas, como a de ilha, por muitos anos, definida como um pedao de terra cercado de gua por todos os lados.

    A tendncia em substituir a descrio enfadonha dos acidentes geogrficos por atividades signi-ficativas sobre os lugares do mundo tem sido destacada em documentos nacionais da rea e apoia-da pelas polticas de avaliao e distribuio de materiais didticos nas escolas pblicas do pas. Do mesmo modo, orientaes curriculares incentivam o desenvolvimento de conceitos, atitudes e procedimentos de pesquisas no ensino bsico.

    Consolidam-se na Geografia Escolar as recomendaes para que o estudo do prximo ao distante no se realize de forma fragmentada e fechada em crculos concntricos, que no se comunicam. Celula-res e internet alteraram as comunicaes tradicionais e as relaes entre perto e distante no mais se explicam apenas pela proximidade fsica. Hoje, os registros no espao ocorrem de modo simultneo e instantneo e com grande velocidade. O global se manifesta no local e vice-versa, confirmando a expresso: o lugar no mundo e o mundo no lugar. Nesse contexto, o lugar entendido como espao vivido ou espao do cotidiano, que se articula s escalas locais, nacionais e regionais do mundo con-temporneo, e este, por sua vez, tambm compreendido como um espao em rede.

    Partindo de noes como lugar, paisagem, regio e territrio, o componente curricular Geografia tem a incumbncia de analisar o espao produzido e (re)produzido pela sociedade ao longo do tempo, sobre bases materiais que se diferenciam quanto existncia de recursos. So espaos que tambm se diferenciam pelas relaes sociais e culturais dos homens entre si e pelas interaes processadas entre a sociedade e a natureza. Como o espao a categoria fundamental da Geo-grafia, torna-se essencial focaliz-lo em suas distintas dimenses e escalas, mas tambm em seu

    Uma primeira observao a fazer sobre as obras que compem o acervo de obras complementares do PNLD 2013 a excelncia do projeto grfico de todos eles. Os livros so lindos de se ver, e todos ns, professores, sabemos que o prazer esttico fundamental para que se conquiste inicialmente o leitor.

    No que diz respeito ao componente curricular Histria, sabido por todos que fotografias, objetos, vesturio, arquitetura, msica, literatura, paisagens, tudo que foi produzido por homens e mulheres so testemunhos das formas de agir, pensar e sentir das sociedades. Por isso, muito importante que, alm da beleza das ilustraes, os professores possam explorar nas orientaes de leitura, nas rodas de conversa ou nas apresentaes das leituras pelos alunos, essas informaes que tambm compem vrias dessas obras.

    O acervo composto por obras que tm por temticas principais: Diversidade cultural, legado cultural e histria da frica e afrodescendentes; Imigrao; Tolerncia poltica, cultural, social e religiosa combate ao preconceito; Cultura popular patrimnio cultural; Patrimnio ambiental e preservao; Noes de tempo e mudanas; Smbolos e personalidades nacionais; Desenvolvimen-to da escrita e importncia da escola.

    Estas oito temticas so as predominantes nos livros, embora cada um deles possa se relacionar com outras. Depender do professor, das questes que esto presentes na escola e dos leitores a interseo com outras temticas.

    Mas, elas podem ser pensadas tambm em trs grandes blocos.

    Um primeiro que abrange as obras que tratam dos temas emergentes na escola, nos ltimos dez anos, como a Histria da frica, cultura afro-brasileira, indgena e a educao para o respeito diversidade, dialogando, de forma enftica, com as situaes histricas do nosso pas no que diz respeito escravido, migrao e imigrao.

    Um segundo que abrange as obras que tratam do patrimnio na sua amplitude, incluindo, o meio ambiente como fator de atuao humana tambm, sua preservao e as variadas formas de ex-presses culturais.

    E, por fim, um terceiro que abrange as obras que tratam de temticas tradicionais do componente curricu-lar Histria, tanto as noes de tempo e suas variadas periodicidades j referenciada como a principal categoria da rea quanto informaes sobre atos naturalizados pela nossa sociedade como a escrita e, ainda, que objetivam responder sobre datas comemorativas e histrias de indivduos, que tm lugar de destaque na nossa tradio escolar, mas foram to estigmatizados pela crtica recente, embora no cotidia-no escolar, gestores e professores precisem atuar de alguma forma em relao a essa questo.

    O que fica claro, portanto, que essas obras podem se configurar em importantes instrumentos nas mos de professores e alunos, na formao de leitores e na introduo de temticas, questes e informaes importantes para o estudo da Histria durante toda a educao bsica.

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    traes, sendo essas importantes para iniciar os conhecimentos da rea, seja em sala de aula ou em estudos do meio. Os livros que abordam o mundo, em diferentes escalas, ensejam a possibili-dade de observao do cotidiano e de interpretao das marcas impressas na paisagem; essas so carregadas de significados e tambm reveladoras das sociedades que j viveram ou ainda vivem naqueles lugares. A descoberta de que havia um rio onde hoje funciona uma rua comercial, por exemplo, sempre instiga as crianas.

    Os acervos tambm propiciam a oportunidade de trabalhar com a construo do espao nos trs primeiros anos, a partir de relaes topolgicas e projetivas, j que, nas referncias da criana, est o seu espao de ao, construdo por meio dos sentidos e de seus movimentos no espao.

    Concluindo, os livros selecionados oferecem alternativas para se trabalhar, de forma ldica e in-vestigativa na escola, as noes bsicas da educao geogrfica desdobradas de suas principais categorias e conceitos: espao, paisagem, regio e lugar. Esses conhecimentos so plenamente justificados como objetos de ensino e de aprendizagem no ciclo da infncia, devendo merecer a ateno dos professores, porque contribuem para o processo de alfabetizao e letramento.

    movimento, pois espao no palco ou cenrio; ele tem uma dinmica e est sempre em transfor-mao, visto que um produto da sociedade.

    De modo geral, os conceitos de lugar e paisagem so predominantes nos materiais didticos destinados aos anos iniciais do Ensino Fundamental. A paisagem est presente nas diversas escalas de observao, embora a criana, de incio, apenas perceba a aparncia momentnea do espao que captou com um golpe de vista. Vir, gradativamente, a apreenso da essncia da paisagem, com suas formas, estrutu-ras, funes e como o resultado da interao do natural e social, do real e do simblico. Essas concep-es so desenvolvidas nos estudos sobre o municpio e o estado onde a escola se insere.

    Noes sobre o espao rural e urbano, trabalho e atividades econmicas, noes de orientao, localizao e percepo do espao tambm constituem objetos de conhecimento e aprendizagem dos anos iniciais.

    Essas e outras tendncias do ensino da Geografia esto expressas em diversas publicaes, que tm sido enviadas s escolas pblicas para a realizao de atividades pedaggicas: livros didticos, atlas, mapas, revistas especializadas por rea e jornais. No site do MEC, tambm esto disponibili-zados artigos e colees, como Explorando o Ensino, sendo o volume n 22 destinado Geografia trabalhada nos anos iniciais (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12314&Itemid=1138).

    Desde 2010, data limite para a expanso nacional do ensino de nove anos, foram introduzidos os Acervos de Obras Complementares. Eles tm favorecido a ampliao do universo de referncias culturais dos alunos e das prticas de letramento na escola, e, com isso, subsidiado o trabalho dos professores. Os acervos do PNLD 2013 somam-se aos de 2010 e reforam essas qualidades, uma vez que os livros, ora apresentados, propiciam tanto a iniciao leitura do mundo como o desen-volvimento de noes e termos usados na rea. A apresentao grfica das obras excelente e convida leitura das imagens e dos pequenos textos. Sob a tica geogrfica, os atuais Acervos de Obras Complementares podem ser reunidos nos seguintes grupos temticos:

    1. Paisagem e Cultura2. Natureza e questes socioambientais3. Espao Rural 4. Espao Urbano 5. Interao sociedade / natureza 6. O mundo em diferentes escalas: lugares, regies, territorialidades 7. Representaes grficas e cartogrficas

    Cada obra pode atender a mais de um grupo temtico e muitas correlaes podero ser feitas pelos professores, levando-se em conta o planejamento docente, no conjunto do Projeto Poltico Pedaggico da escola. Assim, livros que abordam paisagens e culturas dos povos indgenas e africanos podem se encaixar em mais de um grupo, dependendo do foco dado ao texto e s ilus-

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    Os livros da rea de Cincias da Natureza e Matemtica

    Sobre os livros que abordam as Cincias da Natureza

    O conhecimento cientfico se faz presente nos diversos espaos sociais do mundo moderno. Nesse contexto, a cincia est imbricada em nossas vidas. Por conseguinte, o acesso a tal conhecimento imprescindvel por diversas razes, desde tornar os sujeitos aptos a refletirem sobre o mundo para alm do que os sentidos dizem, at ampliar a disponibilidade de produo de novos conhecimentos e novas tecnologias. Para tanto, se faz necessrio que o ensino de Cincias seja vivenciado desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, explorando as diferentes explicaes sobre o mundo, os fen-menos da natureza e as transformaes produzidas pelo homem (BRASIL, 1997, p. 22).

    Os Parmetros Curriculares Nacionais PCNs (BRASIL, 1997) apontam fragilidades na leitura, escrita e compreenso do conhecimento cientfico por parte dos alunos. Urge investir nesses campos de aprendizagem, dispondo aos leitores mirins os mais variados recursos didticos, particularmente com estilos textuais distintos dos comumente encontrados no livro didtico. No intuito de proporcionar tal diversificao, o Ministrio de Educao traz at os professores Obras Complementares, que abordam temas relacionados s cincias naturais de modo ldico. Alguns so poticos, h narrativas, biogra-fias, enfim, h diferentes obras paradidticas, pois:

    (...) incentivar a leitura de livros infanto-juvenis sobre assuntos relacionados s Cincias Na-

    turais, mesmo que no sejam sobre os temas tratados diretamente em sala de aula, uma

    prtica que amplia os repertrios de conhecimento da criana, tendo reflexos em sua apren-

    dizagem (BRASIL, 1997, p. 81).

    Almeja-se que as Obras Complementares agreguem prazer ao ensino e aprendizado de diferentes temticas das cincias naturais, estimulando a imaginao ao tempo em que gerem oportunidade para o estabelecimento de relaes entre o processo de alfabetizao cientfica e o processo de alfa-betizao na lngua, alm de outras reas de conhecimento.

    O acervo das Obras Complementares de Cincias diversificado tanto em termos temticos, quanto de estilos textuais. H obras que envolvem conhecimentos sobre a natureza, tratam da vida em sua grande diversidade, das relaes do ser humano com outras formas viventes e seus modos de explo-rao do meio ambiente. Esses livros dispem de teorias que discutem a origem e a composio do Universo e da Terra, associando-as aos diversos ciclos dos elementos indispensveis composio do que entendemos sobre o nosso planeta, a exemplo da gua, do ar e da terra, os quais possibilitam e garantem a sobrevivncia das muitas espcies, independentemente das aes exploratrias da humanidade. Da mesma forma, alguns dos exemplares das Obras Complementares nos apresentam

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    H tambm Obras que exploram transformaes qumicas que ocorrem em atividades realizadas em nosso dia a dia; h as que refletem sobre as fontes de energia renovveis e no renovveis e suas implicaes para o uso racional da energia em nosso planeta.

    Nessa perspectiva, considerando que, no Ensino Fundamental, deve-se construir uma base de noes, ideias, habilidades, conceitos e princpios cientficos, que garantam ao aluno a familiarizao com o mundo natural, o reconhecimento de sua diversidade e unidade e a identificao de processos tec-nolgicos implementados pela humanidade (BRASIL, 2009), as Obras Complementares podem ofe-recer inmeras possibilidades para a atuao pedaggica, visando o desenvolvimento de posturas e valores humanos, na relao entre o homem, o conhecimento e o ambiente. (BRASIL, 1997, p.33)

    BibliografiaBrasil. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: introduo aos parme-tros curriculares nacionais. Secretaria de Educao Fundamental. Braslia: MEC/SEF, 1997. 136p.

    Sobre os livros que abordam a Matemtica

    A construo de um conhecimento matemtico processa-se no decorrer de um longo perodo, de es-tgios mais intuitivos aos mais formais. No tratamento dos contedos, muito importante o respeito ao processo de cada criana. Um primeiro contato com tais noes deve motiv-la sem desestimular a aprendizagem. Isso no significa que conceitos e procedimentos no devam ser tratados com corre-o matemtica pelo material ou pelo professor. necessrio, porm, no exigir preciso e formalis-mo por parte da criana. Os conceitos relevantes para a formao matemtica devem ter abordagem intuitiva desde o incio da formao escolar.

    Trazer o conhecimento de uma rea, em particular da Matemtica, para uma abordagem intuitiva para os anos iniciais do Ensino Fundamental, mantendo a correo conceitual apropriada, com incentivo criatividade e prezando pela ampliao do conhecimento matemtico j oferecido por outros materiais presentes na escola, uma tarefa que tem se mostrado rdua. E, nesse contexto, o acervo de obras includas para o componente da Matemtica foi diminudo e concentrou-se nos campos de grandezas e medidas e de nmeros e operaes. Isto indica uma necessidade de investimento de educadores mate-mticos na produo e submisso ao programa de Obras Complementares do PNLD de boas produes, principalmente, para os campos do Tratamento da Informao e da Geometria.

    As obras recomendadas e includas no acervo para o componente da Matemtica so, em sua grande maioria, histrias infantis. No entanto encontram-se tambm: livros de imagens; coletneas de hist-rias em quadrinhos e de problemas matemticos.

    Com as histrias infantis, o professor tem em mos uma obra que permite leitura autnoma do aluno, ou para ser lida pelo professor, em que conceitos matemticos e procedimentos matemticos so trazidos em um contexto do mundo infantil, em geral, de forma intuitiva. Dentre as histrias infantis,

    discusses que oportunizam reflexes de nossas aes para com o ambiente, ao nos mostrar causas e consequncias do uso inadequado dos recursos dispostos na natureza. Obras com tais caractersti-cas tambm tratam dos diferentes processos que o ambiente realiza para a regenerao dos muitos recursos renovveis, a exemplo do ciclo da gua e das transformaes das rochas. Alguns enredos convidam-nos a cruzar as fronteiras da superfcie do planeta, por meio de viagens espaciais ou numa jornada pela composio geolgica do nosso planeta.

    Em termos gerais, as Obras com temtica relacionada natureza oportunizam ao professor trabalhar a relao intrnseca entre fatores biticos e abiticos e a manuteno da diversidade ambiental, no s em sua regio ou pas, mas em todo o planeta, como tambm, possibilitam discutir sobre a co-responsabilidade nos cuidados e uso responsvel do meio ambiente. Nesse contexto, importante mostrar que o ser humano componente dessa biodiversidade, no mais visto como o centro irradia-dor da vida e sim dependente de tantos outros elementos da natureza sobre os quais seguramente tem influncia, ao tempo em que sofre profundas interferncias deles.

    Dessa forma, todo elemento (vivo ou no vivo), por mais insignificante que parea ser, certamente de-sempenha importante papel na gerao, manuteno e evoluo das espcies, como, por exemplo, os microorganismos, tidos como prejudiciais, que decompem a matria orgnica morta num processo natural de reciclagem, o que colabora para manter o ambiente limpo.

    Outros temas tambm aparecem: o vento e os insetos, que polinizam as flores, como tambm, outros animais que, ao se alimentarem de frutas, dispersam as sementes contribuindo para a preservao de espcies vegetais, renovando incessantemente a vida.

    Esta direo traz, para o ensino das Cincias, a responsabilidade de discutir a importncia da biodiversi-dade como uma riqueza que necessita ser bem utilizada na perspectiva da sustentabilidade.

    Dentre outras temticas encontradas no acervo selecionado, esto tambm as que tratam sobre a estrutura e funcionamento do corpo, associando-o aos cuidados necessrios para a manuteno do equilbrio dinmico do mesmo. Na perspectiva dos cuidados para a manuteno do corpo saudvel, interessante que a atuao pedaggica explore a compreenso de que tal manuten-o envolve a interao do corpo com o meio, que h dependncia do ser humano e dos outros seres vivos dos recursos disponveis na natureza e que reflexes sobre o corpo contemplam ainda aspectos de ordem cultural, social e afetiva. Torna-se essencial discutir os aspectos pertinentes ao corpo numa perspectiva mais ampla, na qual os cuidados com o corpo, com a alimentao sejam entendidos como atos socialmente construdos dentro de contextos histricos e culturais diversos. Assim, o simples ato de comer no mais se restringe a prescries do que comer ou quanto comer, mas avana para o entendimento de que as escolhas alimentares so multideterminadas e trazem impactos para a sustentabilidade planetria. importante, desse modo, compreendermos que a biotecnologia, representada nos estudos e avanos materializados nos conceitos e tcnicas da gentica, apresenta-nos possibilidades futuras de maior conhecimento de quem somos e do que podemos conseguir de melhorias para as geraes futuras.

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    Os livros da rea de Linguagens e Cdigos

    Sobre os livros que abordam a Arte

    Os livros da rea de Arte que compem o acervo do PNLD 2013 Obras Complementares foram selecionados a partir dos trs marcos legais, que orientam essa rea de conhecimento na edu-cao escolar, em mbito nacional, em consonncia com as tendncias internacionais. Esses marcos sero sistematizados a seguir, a partir de trs pontos de vistas: (1) dos princpios so-ciofilosficos que norteiam o do ensino da arte na contemporaneidade; (2) dos pressupostos didtico-metodolgico do ensino da arte; (3) da legislao que reconfigura as prticas formati-vas do ensino de arte brasileiro.

    Do ponto de vista dos princpios sociofilosficos, arte conhecimento, portanto uma construo so-cial, histrica e cultural. Dessa forma, compreender a arte como um conhecimento trazer a arte para o domnio da cognio. Nesse sentido, arte se ensina e se aprende!

    Essa perspectiva nos impe uma maneira diferente de pensar o ensino de arte na educao escolar, provocando o deslocamento das nossas preocupaes relacionadas questo de como se ensina arte para como se aprende arte. Essa questo vem gerando, ao longo de mais de trs dcadas, teo-rias e estudos que buscam explicar o processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos artsticos.

    Partindo dessa compreenso, arte um componente curricular com todas as suas especificidades: objetivos de ensino, contedos de estudos, metodologia e sistema de avaliao. No entanto, esse pro-cesso de conhecimento deve estar ancorado dentro de uma perspectiva intercultural e interdisciplinar.

    Com base em uma perspectiva intercultural, os livros de arte que compem esse acervo buscaram respeitar, valorizar e dialogar com os diferentes cdigos culturais, estticos e artsticos presentes nas regies brasileiras. Nessa direo, essa coletnea de livros possibilitar aos jovens leitores o contato com artistas de expresso nacional e internacional, das mais diferentes partes do mundo; artistas de diferentes pocas, estilos, gneros, raas, etnias e linguagens; arte feminista, arte do cotidiano, arte do inconsciente, arte da criana, arte indgena, arte rupestre; arte clssica, erudita, popular, modernis-ta, contempornea, a partir de um ensino de arte que privilegie narrativas mltiplas.

    J a partir de uma perspectiva interdisciplinar, as obras que compem o acervo possibilitaro ao professor estabelecer, na sua prtica de ensino, uma rede complexa de dilogos: dilogo interdis-ciplinar da arte, com diferentes reas de conhecimento; dialogo interterritorial das diferentes lin-guagens artsticas, tal como dana, teatro, artes visuais, literatura. Nessa compreenso, a interdis-ciplinaridade como abordagem pedaggica central para o ensino de arte. Seria o que poderamos

    algumas propem problemas a serem resolvidos pelo aluno ou que vo sendo resolvidos pelos perso-nagens. Em algumas, problemas articulados com o tema da histria so propostos ao final. Seu uso auxilia a criao de situaes em que a criana seja chamada a intervir, dando opinies e utilizando sua criatividade para recriar a histria. Isso pode propiciar ao professor o entendimento de como o aluno compreende os conhecimentos envolvidos.

    Os livros de imagens, nesses acervos, esto concentrados no campo das grandezas, aguam a criativi-dade da criana para comparar grandezas, como massa, volume, comprimento, importantes de serem feitas antes de uma explorao da medida das grandezas.

    As coletneas, diferentemente dos livros de histrias e do de imagens, so livros para voc professor, ou mesmo para seus alunos, selecionarem um ou mais problemas ou uma histria em quadrinhos para serem trabalhados ou lidos em sala.

    A leitura das histrias traz para o professor e o aluno contextos em que os nmeros aparecem em suas diferentes representaes e significados. Usam-se os nmeros para contar objetos, para medir rea, tempo, massa (peso), ordenar. Introduzem os naturais por adio de 1 ao antecessor como contexto natural de histria infantil. A ordenao crescente e decrescente tambm aparece com diferentes significados nas obras. Os diferentes significados das operaes e das fraes tambm so contem-plados nas histrias infantis. As situaes problemas, presentes nos diversos tipos de obras, envolvem diversos contedos e assuntos matemticos, problemas com excesso de dados, com vrias respostas possveis, problemas que envolvem diferentes operaes de forma articulada. Vale salientar a valori-zao da leitura no estudo dos problemas matemticos.

    Para o campo das grandezas e medidas, as obras representam boas oportunidades de: comparar de diferentes grandezas sem medir; ordenar objetos a partir de um critrio que envolva uma grandeza e uma ordem escolhida, sem aluso ao aspecto numrico e sem simbologias matemticas; observam que a independncia do volume em relao ao formato do recipiente. Ideias relativas matemtica financeira so tambm exploradas, por meio de temas relativos a dinheiro.

    As obras trazem tambm boas e importantes discusses para a formao do cidado, com situaes para a discusso da incluso, para o respeito s individualidades e diferenas.

    As ilustraes das obras, alm de trazerem diferentes tcnicas, como carimbo das mos, as aquarelas, corte e colagem, apresentam boa articulao com a proposta matemtica das obras. Num problema de arranjo, por exemplo, a ilustrao permite o aluno lembrar as estratgias de mapeamento sem permitir que o aluno responda por contagem.

    Por fim, os livros complementares representam mais um recurso didtico em que conceitos e procedi-mentos matemticos podem ser explorados em contextos ldicos e prprios do mundo infantil.

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    Do ponto de vista didtico-metodolgico, os pressupostos epistemolgicos da Abordagem Triangular do Ensino da Arte foi de fundamental importncia na seleo dos livros de arte que compem o acer-vo do PNLD 2013 Obras Complementares. De maneira geral, as obras indicadas defendem a aprendi-zagem dos conhecimentos artsticos a partir da interrelao entre o fazer, o ler e o contextualizar arte.

    Desta forma, os livros selecionados, em consonncia com essa orientao didtico-metodolgica do ensino de arte contemplaram essas trs aprendizagens, a partir de uma perspectiva construti-vista, interacionista, dialogal, intercultural.

    Assim, o acervo do PNLD 2013 Obras Complementares articula arte como expresso e como cul-tura na sala de aula.

    Por fim, do ponto de vista da Legislao Nacional, que orienta a configurao do ensino de arte es-colar, de forma geral, os livros presentes no acervo PNLD 2013 Obras Complementares contemplam as diferentes reinvidicaes da sociedade civil expressas na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, de n 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da arte em toda a Educao Bsica. Contemplam tambm a Lei de n 10.639, de 09 de janeiro de 2003, a Lei 11.645, de 10 de maro de 2008, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino da histria e da cultura africana, afro-brasileira e indgena no Ensino Fundamental e Mdio; a Lei de n 11.769 de agosto de 2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da linguagem da msi-ca em toda a Educao Bsica; e as diferentes leis, decretos e tratados nacionais e internacionais, que defendem e garantem o formato de acessibilidade para pessoas com deficincia nas diferentes mdias, sejam elas impressas ou digitais.

    Sobre os livros que abordam a Lngua Portuguesa e a Literatura

    As obras de Lngua Portuguesa selecionadas para constituir os atuais acervos de alfabetizao so bastante diversificadas quanto s dimenses ou modos de tratar a linguagem que privilegiam. Pre-ferimos nos referir a dimenses ou modos predominantes de tratar a lngua, j que, muitas vezes, uma mesma obra tem qualidades de mais de uma das cinco facetas ou tipos de reflexo que caracterizam as obras selecionadas para o acervo de Obras Complementares:

    Livros que priorizam uma aproximao s letras, s letras no interior das palavras, ordem alfabtica;

    Livros em que a tnica brincar com a sonoridade das palavras; Livros que exploram o vocabulrio, a formao de palavras e o significado das mesmas; Livros em que predomina a explorao de alguns recursos lingusticos utilizados para

    a construo da textualidade; Textos literrios como narrativas de fico em prosa ou poesia.

    chamar de uma educao sem territrios e fronteiras. Nessa direo, a interdisciplinaridade deve ser um dos caminhos por meio da qual so elaborados os currculos e a prxis pedaggica em arte.

    Assim, os livros de arte que compem o acervo do PNLD 2013 Obras Complementares buscou con-templar as linguagens da Msica, das Artes Visuais e das Artes Cnicas, nas suas mais diferentes modalidades e expresses.

    Por que optamos pelas Artes Cnicas, se existe uma tendncia atual que defende a formao de professores e o ensino de arte especfico da linguagem da Dana e do Teatro? Nos anos iniciais da escolarizao, acreditamos que o raio de atuao das Artes Cnicas possibilitar o acesso dos jovens leitores a um nmero maior de linguagens artsticas da rea do espetculo, que no so contempla-das necessariamente pela dana e pelo teatro, tais como a pera, o circo, a performance e as manifes-taes da cultura popular. Esse movimento que acabamos de descrever ocorreu de forma semelhante no campo do ensino das Artes Plsticas. Quando o ensino dessa linguagem passou a ser designado dentro do currculo escolar como Artes Visuais, alm do desenho, da pintura e da escultura, outras expresses do campo da visualidade passou a ser objeto de ensino, a exemplo da fotografia, da ins-talao, do cinema, do vdeo arte, do vdeo clipe.

    Desse modo, como j foi dito, as diferentes linguagens so hoje concebidas como objetos de ensino e, desse modo, foram selecionadas obras que tratam dessas linguagens para compor os acervos do PNLD Obras Complementares, pois no existe ensino de arte fora do ensino das linguagens artsticas.

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    Como os alunos, muitas vezes, conhecem aqueles textos de cor, ou conseguem memoriz-los facilmen-te, a experincia de refletir, conjuntamente, sobre as formas orais e escritas das palavras, embarcando naquelas brincadeiras sonoras, ajuda-os a experimentar descobertas fundamentais, como a de que pa-lavras que possuem pedaos sonoros parecidos tendem a compartilhar sequncias de letras idnticas, ou a de que, mudando uma s letra, podemos ter palavras diferentes, com alguma semelhana sonora. As crianas podem, tambm, com apoio da memria e das ilustraes, ser estimulados a ler os livros ou partes deles, sozinhos.

    Um terceiro grupo o dos livros que exploram o vocabulrio, a formao de palavras e o significado das mesmas. Mais uma vez, usando a reflexo como uma forma de brincar com a lngua, essas obras permi-tem aos alunos perceber a multiplicidade de significados que certas palavras tm ou a singularidade de certas expresses que falamos e escrevemos no dia a dia, sem nos darmos conta do quanto so curiosas. Tambm estimulam outro tipo de reflexo, ao sensibilizarem o leitor para a possibilidade de criarmos novas palavras, jogando com as dimenses de forma e sentido dos vocbulos j existentes no portugus.

    O grupo seguinte aquele constitudo por livros em que predomina a explorao de alguns recursos lingusticos utilizados para a construo da textualidade. Ao se toparem com onomatopeias, jogos com a pontuao ou paralelismos sintticos, repeties de frases ou repeties de trechos, ao longo de um mesmo texto, as crianas aprendem sobre como podemos mobilizar recursos da lngua, para causar efeitos estticos, para surpreender o leitor ou para reproduzir os sons que escutamos ao nosso redor.

    Finalmente, os novos acervos contm textos literrios, como narrativas de fico em prosa ou poesia, em que se contam histrias, se curtem poesias, sem que o autor tenha priorizado uma das quatro facetas ou dimenses anteriores. Alm de contriburem, especialmente, para a formao do leitor literrio, essas obras, quando lidas individualmente ou em duplas, permitem aos aprendizes praticar, de modo bem pra-zeroso, a leitura autnoma de fruio. Na mesma perspectiva de formao do leitor literrio, ao explorar essas obras, no grande grupo, a professora cria excelentes situaes para associar o deleite vivncia de estratgias de compreenso leitora.

    O acervo que est disponvel s salas do ciclo de alfabetizao (1 ao 3 ano) , portanto, um material que pode integrar diferentes estratgias didticas e momentos de aprendizagem para as crianas, con-tribuindo para que estas participem de prticas de leitura com finalidades diversas e para que comecem a experimentar a sua prpria produo escrita.

    Um dado fundamental que muitos livros conseguem aliar essa riqueza de facetas a um jeito bem-humorado de brincar com a lngua e com os leitores.

    Num primeiro grupo, encontramos livros que priorizam uma aproximao s letras, s letras no interior das palavras, ordem alfabtica, podendo ser lidos pelos alunos ou pelo professor. Durante todo o ano, esses livros favorecem o aprendizado das letras do alfabeto e das correspondncias som-grafia. Eles se prestam para que as crianas no s leiam com prazer listas de palavras ou versinhos em que palavras iniciadas por determinada letra aparecem, mas, tambm, para que consultem as pginas de determinada letra, na qual sabem que vo encontrar a palavra que buscam escrever. Ao explorar estas obras, a professora pode, por ex