acórdão adicional noturno-1531

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» Consultas » Jurisprudência » Acórdãos Inteiro Teor Vol tar Imprimi r Númer o do proces so: 1.0024.08.941612-7/00 4(1) Númer ação Únic a: 9416127-02.2008.8.13.0024 Processos associados: clique para pesquisar Relator: Des.(a) SILAS VI EIRA Relator do Acórdão: Des.(a) SILAS VI EIRA Data do Julgamento: 22/06/2011 Data da Publicação: 08/07/2011 Inteiro Teor:  EMENTA: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - SERVIDOR P ÚBLICO ESTA DUAL - POLÍCIA CIVIL - REGIME DE PLANTÃO - DIREITO AO ADICIONAL NOTURNO - LEI ESTADUAL N. 10.745, DE 1992. - Os Policiais Civis do Estado de Minas Gerais têm assegurado o direito ao adicional noturno, 'ex vi' do artigo 39, §3º, c/c artigo 7º, IX, ambos da Constituição da República de 1988, e, também, da Lei estadual n. 10.745, de 1992. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA N° 1.0024.08.9 4161 2-7/004 NA APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.08.941612-7/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - REQUERENTE(S): PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TJMG - REQUERIDO(A)(S): CORTE SUPERIOR DO TJMG - RELAT OR: EXMO. SR. DES. SILAS VIEIRA ACÓRDÃO Vistos etc., acorda a CORTE SUPERIOR do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador CLÁUDIO COSTA , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos  julgamentos e das notas taquigráficas, EM ACOLHER O INCI DENTE, POR MAIORIA. Belo Horizonte, 22 de junho de 2011. DES. SILAS VIEIRA - Relator >>> 08/06/2011 CORTE SUPERIOR ADIADO NOTAS TAQUIGRÁFICAS INC UNIF JURISPRUDÊNCIA Nº 1.0024.08.941612-7/004 - COMARCA DE BELO HORIZONT E - REQUERENTE(S): PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TJMG - REQUERIDO(A)(S): CORTE SUPERIOR DO TJMG - RELATOR: EXMO. SR. DES. SILAS VIEIRA Proferiu sustentação oral, pelo Estado de Minas Gerais, o Dr. José Horácio da Motta e Camanducaia Júnior. O SR. DES. SILAS VIEIRA: VOTO Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pela 1ª CÂMARA CÍVEL deste Eg. Tribunal de Justiça em sede de Embargos Infringentes que consiste em analisar o direito do Policial Civil do Estado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno com base no artigo 12 da Lei estadual n. 10.752 /92 em detrimento da vedaçã o contida nos artigos 125, 127 e 128 da Lei estadual n. 5.406/69 . A douta Procuradoria-Geral de Justiça opinou pelo acolhimento do incidente, manifestando-se a favor do pagamento do adicional noturno aos policiais civis em comprovada escala de plantão das 22 horas às 5 horas do dia seguinte. (f. 328/335) É o relatório. Conheço do incidente, nos termos da previsão contida no art. 476 do CPC e art.446 no Regimento Interno  Página Inicial Institucional Consultas Ser viços Tr ansparência Intr anet Con sulta à Jurispru dência - TJMG http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?tipoTribunal=1&c... 1 de 23 8/7/2011 10:03

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Número do processo: 1.0024.08.941612-7/004(1) Númeração Única: 9416127-02.2008.8.13.0024Processos associados: clique para pesquisar

Relator: Des.(a) SILAS VIEIRARelator do Acórdão: Des.(a) SILAS VIEIRAData do Julgamento: 22/06/2011Data da Publicação: 08/07/2011Inteiro Teor:  

EMENTA: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - POLÍCIA

CIVIL - REGIME DE PLANTÃO - DIREITO AO ADICIONAL NOTURNO - LEI ESTADUAL N. 10.745, DE 1992. -Os Policiais Civis do Estado de Minas Gerais têm assegurado o direito ao adicional noturno, 'ex vi' do artigo39, §3º, c/c artigo 7º, IX, ambos da Constituição da República de 1988, e, também, da Lei estadual n.10.745, de 1992.

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA N° 1.0024.08.941612-7/004 NA APELAÇÃO CÍVEL Nº1.0024.08.941612-7/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - REQUERENTE(S): PRIMEIRA CÂMARA CÍVELDO TJMG - REQUERIDO(A)(S): CORTE SUPERIOR DO TJMG - RELATOR: EXMO. SR. DES. SILAS VIEIRA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda a CORTE SUPERIOR do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidênciado Desembargador CLÁUDIO COSTA , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, EM ACOLHER O INCIDENTE, POR MAIORIA.

Belo Horizonte, 22 de junho de 2011.

DES. SILAS VIEIRA - Relator

>>>

08/06/2011

CORTE SUPERIOR

ADIADO

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

INC UNIF JURISPRUDÊNCIA Nº 1.0024.08.941612-7/004 - COMARCA DE BELO HORIZONTE -

REQUERENTE(S): PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TJMG - REQUERIDO(A)(S): CORTE SUPERIOR DO TJMG -RELATOR: EXMO. SR. DES. SILAS VIEIRA

Proferiu sustentação oral, pelo Estado de Minas Gerais, o Dr. José Horácio da Motta e Camanducaia Júnior.

O SR. DES. SILAS VIEIRA:

VOTO

Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pela 1ª CÂMARA CÍVEL deste Eg.Tribunal de Justiça em sede de Embargos Infringentes que consiste em analisar o direito do Policial Civil doEstado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno com base no artigo 12 da Lei estadual n.10.752/92 em detrimento da vedação contida nos artigos 125, 127 e 128 da Lei estadual n. 5.406/69.

A douta Procuradoria-Geral de Justiça opinou pelo acolhimento do incidente, manifestando-se a favor dopagamento do adicional noturno aos policiais civis em comprovada escala de plantão das 22 horas às 5horas do dia seguinte. (f. 328/335)

É o relatório.

Conheço do incidente, nos termos da previsão contida no art. 476 do CPC e art.446 no Regimento Interno

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do TJMG.

Na hipótese, a Primeira Câmara Cível deste Eg. Tribunal de Justiça submete à apreciação da Corte Superioro presente incidente pautado na existência de divergência sobre a matéria, sendo suscitado em sede deEmbargos Infringentes que aguardam a prévia manifestação da Corte Superior para serem julgados.

Feitas essas colocações, passo a expor o posicionamento que venho adotando na Terceira Câmara Cívelacerca do direito, ou não, do Policial Civil ao adicional noturno.

Como já me manifestei em casos similares, o direito dos servidores públicos estaduais ao adicional noturno

está assegurado no artigo 39, §3º, c/c artigo 7º, IX, ambos da Constituição da República de 1988, edisciplinado, no Estado de Minas Gerais, pelo artigo 12 da Lei estadual n. 10.745, de 1992, verbis:

Artigo 12 - O serviço noturno prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de umdia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescidode 20% (vinte por cento), nos termos do regulamento.

Dispensa-se a posterior regulamentação referenciada no dispositivo legal estadual, porquanto as normasdefinidoras dos direitos e garantias humanos fundamentais - como as que amparam o direito ao adicionalnoturno - têm aplicabilidade imediata, ex vi do artigo 5º, §1º, da Constituição da República de 1988.

Ademais, a inexistência de dotação orçamentária prévia, o disposto nos artigos 2º e 169, ambos daConstituição da República, ou no artigo 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e a possível compensação dohorário, nos moldes do artigo 7º, XIII, da Lei Maior, por si, não obstam o direito ao adicional em tela. A

questão atinente ao orçamento não pode obstaculizar o servidor de exercer um direito que encontrarespaldo constitucional e na legislação estadual.

A carga semanal de trabalho dos servidores seja qual for, bem como a possível compensação e fruição defolgas, não esvazia o direito ao adicional, já que a prestação de serviço em horário noturno independe domódulo semanal.

A respeito, a Súmula n. 213 do colendo Supremo Tribunal Federal:

É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito ao regime de revezamento.

Feitas as colocações acerca do tema, concluo que o efetivo recebimento do adicional noturno depende,apenas, da comprovação de que o servidor público estadual prestou, ou ainda presta serviços, em horárionoturno, sem a devida contraprestação do ESTADO DE MINAS GERAIS. Logo, é de se reconhecer o direitodo Policial Civil ao recebimento do adicional noturno, por todas as horas de trabalho entre as 22 (vinte e

duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.

Havendo divergência sobre o tema neste Eg. Tribunal de Justiça, acolho o incidente e proponho sejauniformizado o entendimento no sentido de reconhecer o direito dos Policiais Civis do Estado de MinasGerais à percepção do adicional noturno como previsto no artigo 12 da Lei estadual n. 10.745, de 1992.

É como voto.

O SR. DES. PAULO CÉZAR DIAS:

VOTO

Indiscutível terem os servidores públicos estaduais direito ao recebimento do adicional pleiteado, devidoem razão de trabalho desempenhado em turno noturno.

Extrai-se do artigo 7º, IX, da Constituição Federal:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial:

XVII - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno."

O direito ao recebimento de adicional noturno, na forma do mencionado artigo 7º, IX, foi estendido aosservidores públicos estatutários, por força do artigo 39, §3º, da Carta Constitucional.

Registre-se que os dispositivos em questão tem aplicabilidade imediata, prescindindo de regulamentação.

Isto posto, acompanho o posicionamento do ilustre Relator, no sentido de reconhecer o direito dos PoliciaisCivis do Estado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno previsto no artigo 12 da Lei estadual nº.

10.745, de 1992.O SR. DES. ARMANDO FREIRE:

Sr. Presidente.

Registro, inicialmente, que acompanhei, com atenção, o ilustre Orador da tribuna.

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VOTO

Também conheço do incidente.

Exponho meu voto no presente incidente de uniformização de jurisprudência, cuja suscitação, de ofício,pelo ilustre Desembargador ALBERTO VILAS BOAS foi acolhida pelos integrantes da douta 1ª Câmara Cível,nos Embargos Infringentes n° 1.0024.08.941612-7/003 em Apelação Cível nº 1.0024.08.941612-7/001,diante da divergência de interpretação nos diversos órgãos fracionários deste Tribunal de Justiça quanto aodireito do servidor policial civil ao adicional noturno.

Reitero entendimento que venho adotando em julgamentos da 1ª Câmara Cível acerca da matéria oraversada no sentido de reconhecer o direito do Policial Civil, na condição de servidor público estadual, aoadicional noturno, conforme o artigo 12 da Lei Estadual n. 10.745/1992, desde que comprovado o exercícioda função no horário compreendido entre 22:00 horas e 05:00 horas do dia seguinte.

O artigo 7º, IX, da Constituição Federal dispõe que são direitos dos trabalhadores urbanos remuneração dotrabalho noturno superior ao diurno. O direito ao recebimento de adicional noturno, na forma domencionado artigo, foi estendido aos servidores públicos estatutários, por força do artigo 39, § 3º, da CartaConstitucional.

A Constituição do Estado de Minas Gerais, igualmente, assegura a percepção de tal direito, em seu artigo31.

Portanto, sob o enfoque constitucional, normas jurídicas preservam o direito dos servidores públicos ao

recebimento do adicional noturno, sendo que os dispositivos constitucionais em questão têm aplicabilidadeimediata, o que afasta o argumento de que seria necessária legislação que regulamentasse o direito aoadicional.

Ainda que a Constituição da República tenha atribuído competência a cada ente federativo para fixação denormas e critérios próprios para seus servidores, não é permitido ao Estado federado, data venia, nainstituição de Regime Jurídico de seus servidores, desrespeitar os dispositivos constitucionais que regem osistema remuneratório dos servidores públicos em geral.

A Lei Estadual 10.745/92, que dispõe sobre o reajustamento dos símbolos, dos níveis de vencimento e dosproventos do pessoal civil e militar do poder executivo, oferece previsão com plenas condições deaplicabilidade. Estabelece que os servidores civis do Estado de Minas Gerais que laborarem no períodocompreendido entre às 22 (vinte e duas) horas de um dia e às 5 (cinco) horas do dia seguinte fazem jus apercepção do adicional noturno, na alíquota de 20% (vinte por cento).

Não há, portanto, como se negar existência do referido direito, desde que atendidos os requisitos, visto setratar de direito amparado pela legislação ordinária estadual, na Constituição Estadual e na ConstituiçãoFederal, sendo norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata.

Cumpre lembrar, ainda, que o Enunciado da Súmula n. 213 do Excelso Supremo Tribunal Federal orientaque "é devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento".

Permissa venia, não há que se falar que o recebimento do adicional noturno ensejaria bis in idem ou quehaveria incidência de vantagem sobre vantagem ou violação ao artigo 124 da Lei Estadual n. 5.406/69 (LeiOrgânica da Polícia Civil), porque haveria um "Regime Especial de Trabalho Policial" que tornaria a horatrabalhada pela madrugada de igual valor da hora trabalhada antes do almoço.

Entendo que podem coexistir tanto o adicional pelo regime de trabalho policial civil (desde 1969, para osocupantes de cargos de natureza estritamente policial), quanto o adicional noturno (a partir de 1992, para

todos os servidores das Polícias Civil e Militar) e a gratificação por tempo integral (de 1995, para osservidores efetivos da Polícia Civil).

Novamente rogando vênia, não compartilho da tese de que o adicional noturno seria indevido porque jáhaveria a tal "gratificação por tempo integral", prevista pela Lei Complementar Estadual nº 42/96, depois,referida pela Lei Delegada 42/00 que foi alterada pela Lei Delegada 45/00, e que tal "gratificação de tempointegral" já compensaria, presumidamente, a realização dos trabalhos desenvolvidos em horários noturnos.

De fato, ainda que tal vantagem ("gratificação por tempo integral") tenha sido incorporada aosvencimentos dos policiais civis, não há qualquer menção à incorporação do adicional noturno criado pelaLei n. 10.745/92 - e que, por sua vez, não é exclusivo para os ocupantes de cargos de naturezaestritamente policial.

A aludida incorporação ao vencimento básico destinou-se a todos os policiais civis, ativos e inativos,

independentemente do horário em que trabalhou. A gratificação de tempo integral não possui relação como adicional noturno, mormente porque este último se dirige somente aos servidores que efetivamentetrabalharam no horário compreendido entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte.

Outrossim, a percepção do adicional pelo regime de trabalho policial civil, concedido indistintamente paratodos os ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, não impede a percepção do adicional

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noturno. São distintas a natureza e a finalidade de tais acréscimos remuneratórios.

À luz do exposto, reconheço a referida divergência de interpretação nos diversos órgãos fracionários desteTribunal de Justiça e acolho o presente Incidente de Uniformização de Jurisprudência, concluindo emsintonia com o douto Relator e reconhecendo o direito do servidor policial civil ao adicional noturno, casopreencha os requisitos legais.

É como voto.

O SR. DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES:

VOTO

Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pela Primeira Câmara Cível deste eg.Tribunal de Justiça, admitido nos autos dos Embargos Infringentes nº 1.0024.08.941612-7/003, que visa àanálise do direito do Policial Civil do Estado de Minas Gerais à percepção do adicional de insalubridade deque fala o artigo 12 da Lei Estadual nº 10.752/92.

Em seu voto, o eminente Relator, Desembargador Silas Vieira, está acolhendo o presente Incidente, parareconhecer o direito do Policial Civil ao benefício, concluindo que, "para o efetivo recebimento do adicionalnoturno depende, apenas, da comprovação de que o servidor público estadual prestou, ou ainda prestaserviços, em horário noturno, sem a devida contraprestação do ESTADO DE MINAS GERAIS (...)"

Acompanho o judicioso voto, entretanto, peço vênia a Sua Excelência, para tecer alguns comentáriosacerca da matéria.

Como cediço, a Constituição da República de 1988 prevê garantias em prol do trabalhador, de forma apermitir que o trabalho o dignifique, admitindo que o mesmo sobreviva e conquiste sua independência,liberdade e qualidade de vida, por meio de seu labor.

Nesse sentido, o trabalho torna o trabalhador digno, na medida em que não o escraviza. Por essa razão,algumas garantias, como o adicional noturno, lhe assegura a justa retribuição pelo trabalho, impedindo,lado outro, que o trabalhador seja exaurido em suas forças, de forma leviana, em prol do interesse,exclusivo, de seu empregador, seja ele particular ou público.

Em seu artigo 7º, a Carta Magna estabelece alguns direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, visando àmelhoria de sua condição social, dentre eles a remuneração do trabalho noturno superior a do diurno,confira-se:

Art.7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de suacondição social:

(...)

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

(...)

Por sua vez, o art. 39, §3º, também, da Constituição da República de 1988 determina que:

Art. 39 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política deadministração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

(...)

§3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissãoquando a natureza do cargo exigir.

De igual forma, a Constituição do Estado de Minas Gerais, em seu artigo 231, preconiza que "O Estadoassegurará ao servidor público civil da Administração Pública direta, autárquica e fundacional os direitosprevistos no art. 7º, incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, daConstituição da República e os que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e daprodutividade e da eficiência no serviço público, em especial o prêmio por produtividade e o adicional dedesempenho (...)"

No âmbito da legislação infraconstitucional, a Lei Estadual nº 10.745/92, que dispõe sobre o reajustamentodos símbolos, dos níveis de vencimento e dos proventos do pessoal civil e militar do poder executivo,

prevê, em seu artigo 12, a concessão do adicional noturno a todo e qualquer servidor:

Art. 12- O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia eas 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de20% (vinte por cento), nos termos de regulamento.

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Conclui-se, portanto, da conjugação dos dispositivos legais transcritos, que, uma vez prestado o serviço emhorário noturno, o pagamento do adicional correspondente é medida que se impõe, pois, não cabe aoaplicador do Direito restringir o alcance da norma para abolir direitos.

Assim, restando comprovado nos autos que o servidor, no caso, o Policial Civil, exerce atividade após as22h, é devido o adicional noturno sobre cada hora trabalhada, bem como todos os reflexos deledecorrentes.

Registre-se, ainda, que o recebimento da "gratificação de tempo integral", instituída pela Lei Delegada nº42/00, alterada pela de nº 45/00, não obsta o pagamento do adicional noturno, por possuírem finalidades

distintas.

A primeira trata-se de uma vantagem conferida aos servidores integrantes do quadro da Polícia Civil porestarem à disponibilidade da Administração Pública em tempo integral; o segundo, por seu turno,consubstancia a justa retribuição pelo trabalho efetivamente executado em horário noturno.

Saliente-se que inexiste, nesta hipótese, violação aos princípios da separação dos poderes e da autonomiapolítico administrativa dos Estados Membros, eis que o Poder Judiciário está, tão-somente, fazendo valer odisposto nas Constituições, Federal e Estadual, e na legislação ordinária.

Isso posto, ACOLHO O INCIDENTE, para uniformizar a jurisprudência, reconhecendo o direito do PolicialCivil ao adicional noturno, de que fala o artigo 12 da Lei Estadual nº 10.745/92, sempre que exercer suasfunções após as 22:00hs.

O SR. DES. ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS:VOTO

Como bem relatado pelo culto Desembargador Relator, trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência suscitado pela 1ª Câmara Cível deste Tribunal de Justiça buscando pacificar o tema acercado direito ou não à percepção de adicional noturno pelos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais.

Após detida análise do feito, tenho que razão assiste ao nobre e culto Des. Relator, tendo os policiaismilitares direito à percepção do referido adicional.

Devo, inicialmente, destacar que o pagamento do adicional é feito para remunerar o trabalhador porprestar este seu serviço em situação mais gravosa, como é o caso do trabalho no período noturno em que odesgaste físico do trabalho é muito maior do que aquele que labora durante o dia.

Maurício Godinho Delgado definindo a parcela do adicional leciona que "os adicionais consistem emparcelas contraprestativas suplementares devidas ao empregado em virtude do exercício do trabalho emcircunstâncias tipificadas mais gravosas". (DELGADO, Maurício Godinho, Curso de Direito do Trabalho, 10ªed, São Paulo: LTr, 2011, p. 711).

O direito ao pagamento do adicional noturno encontra-se previsto no art. 7º, IX, da Constituição daRepública.

Como venho defendendo neste Tribunal, os direitos arrolados no art. 7º da Carta Magna são devidos atodos os trabalhadores e não só aos empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.Conforme já destaquei anteriormente, o direito ao trabalho é um direito fundamental, sendo devido a todosos que laboram. Nesse sentido, o art. 6º da Constituição da República destaca o trabalho como um direitosocial.

A il. Professora Gabriela Neves Delgado ressalta que os trabalhadores têm não só direito ao trabalho, mastambém o direito ao trabalho digno que é aquele em que se concretizam todos os preceitos previstos noartigo 7º da Carta Magna, devendo os mencionados direitos serem imediatamente aplicáveis a todas asrelações de trabalho. Em seu livro "Direito Fundamental ao Trabalho Digno", ela destaca:

"Além de veículo de proteção ao trabalhador, o direito fundamental ao trabalho digno também gera impulsopara o fomento, criação e desenvolvimento do Estado. De fato, é o trabalho 'centro convergente dosdireitos sociais'.

O direito ao trabalho digno, como elemento de concretização das liberdades básicas dos homens, devegozar de aplicabilidade imediata, já que alçado à condição de direito fundamental.

Exatamente por identificar-se como um direito fundamental do homem que a sua proteção deve serincisiva, haja vista que o espaço de atuação do legislador infraconstitucional torna-se restrito, seja peloslimites apresentados na promulgação de emendas constitucionais, seja pela obrigação de otimizar osdireitos sociais." (DELGADO, Gabriela Neves. Direito Fundamental ao Trabalho Digno, São Paulo: LTr, 2006,p. 71).

Entretanto, deve-se destacar que, no âmbito administrativo, os direitos sociais constitucionais aplicáveissão os previstos no art. 39, §3º, da CR/88, como é o caso do adicional noturno que se encontra alidestacado.

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Assim, entende-se possível a concessão do adicional noturno aos policiais civis, ainda que eles trabalhemem escala de revezamento.

É bom ressaltar que o STF já sumulou este entendimento destacando em sua Súmula 213 que dispõe ser"devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito ao regime de revezamento".

Logo, fazem jus os policiais civis ao pagamento do adicional noturno.

Fiel a essas considerações, acompanhando o posicionamento do nobre Des. Relator, também voto "nosentido de reconhecer o direito dos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais ao adicional noturno como

previsto no art. 12 da Lei Estadual n.º 10.745, de 1992 ".É como voto.

O SR. DES. FRANCISCO KUPIDLOWSKI:

VOTO

Conforme se viu do voto condutor, trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência suscitado pelaPrimeira Câmara Cível deste Tribunal, tendo como objetivo dirimir divergência quanto ao direito depercepção do adicional noturno pelos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais, à luz do art. 12 da LeiEstadual nº 10.752, de 1952.

A Constituição da República de 1988, em seus arts. 7º, inciso IX e 39, §3º, dispõem que:

"Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de suacondição social:

(...)

IX - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno."

Art. 39 (...)

§3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissãoquando a natureza do cargo o exigir."

É cediço que o dispositivo transcrito, por se tratar de direitos e garantias fundamentais, detém

aplicabilidade imediata, consoante estabelece o §1º, do art. 5º da Constituição Federal.No âmbito Estadual, a Lei nº 10.745, de 1992, em seu art. 12, prevê que "o serviço noturno, prestado emhorário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte, seráremunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de 20% (vinte por cento), nos termos deregulamento."

Além disto, a Súmula nº 213 do Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que "é devido oadicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento."

Logo, resta incontroverso o direito dos policiais civis a receber o referido adicional, em razão de trabalhodesempenhado em turno noturno.

De se ressaltar, que a "instituição da gratificação de tempo integral", regida pela Lei ComplementarEstadual n.º 42/96, não é óbice à percepção de adicional noturno, porquanto, a finalidade de ambos é

distinta. O adicional tem como escopo melhor remunerar o servidor por trabalho exercido em períodonoturno, ao passo que a "gratificação por tempo integral" tem como propósito impedir o exercício outraatividade laboral, pelos servidores integrantes do quadro da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais.

Dessa forma, estando a administração adstrita ao princípio da legalidade (art.37, CF) e na esteira doentendimento do eminente Relator - Desembargador Silas Veira - entendo que os Policiais Civis fazem jusao adicional noturno de 20%, sobre o valor da hora normal de trabalho.

Isto posto, renovada vênia aos Desembargadores que possuem entendimento contrário, hei por bemACOLHER O PRESENTE INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, reconhecendo o direito dospoliciais civis estaduais ao adicional noturno, consoante estabelece o art. 12, da Lei nº 10.745, de 1992.

O SR. DES. MAURÍCIO BARROS:

Sr. Presidente.Essa matéria está quase pacificada na 6ª Câmara Cível, a qual pertenço, e, à exceção do eminente Des.Edivaldo George dos Santos, todos os demais integrantes da Câmara votam sistematicamente no sentidodo voto do eminente Relator , de que é devido o adicional noturno ao Policial Civil. Na Sessão de ontem danossa Câmara, julgamos embargos infringentes envolvendo essa matéria, e foi exatamente o que

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aconteceu. Ficou decidido, por maioria, que os Policiais Civis têm direito, sim, ao adicional noturno, ficandovencido apenas o Des. Edivaldo George dos Santos.

Nesse sentido, então, acompanho, integralmente, o voto do eminente Relator, Des. Silas Vieira.

O SR. DES. MAURO SOARES DE FREITAS:

VOTO

Acuso, inicialmente, o recebimento de "memorial" subscrito pela combativa Procuradora do Estado, Dra.

Priscila Vieira de Alvarenga Penna, o qual foi lido com a merecida atenção.Cuida-se de INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA suscitado de ofício pelo órgãofracionário da 1.ª Câmara Cível deste egrégio Tribunal de Justiça, tirado dos autos dos embargosinfringentes interpostos pelo ESTADO DE MINAS GERAIS contra acórdão que, por maioria dos votos, deraprovimento ao recurso de apelação manejado por VINÍCIUS MAGNO FAEDDA, policial civil, a quem forareconhecido o direito ao adicional noturno.

Pretende-se, por meio do presente incidente, solucionar dissenso jurisprudencial acerca da aplicação doart. 12 da Lei Estadual n.º 10.745/1992 - que prevê o pagamento da citada vantagem aos servidores civis emilitares do Poder Executivo - em face da Lei Estadual n.º 5.406/69, que disciplina o regime jurídico dopolicial civil e cujos artigos 125, 127 e 128 não admitiriam a outorga do benefício.

Na conformidade do voto inaugural, da lavra do eminente Desembargador Silas Vieira, acolheu-se opresente incidente para reconhecer que o direito ao adicional noturno dependeria, apenas, da comprovaçãode que o servidor estadual prestou, ou ainda presta, serviço em horário noturno, sem que lhe haja arespectiva contraprestação prevista no art. 12 da Lei Estadual n.º 10.745/1992.

Com efeito, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 39, § 3.º, estendeu aos servidores ocupantes decargos públicos, na forma prevista pelo art. 7.º, inciso IX, o direito à remuneração do trabalho noturnosuperior à do diurno.

A Lei Estadual n.º 10.745, de 25 de maio de 1992, que dispõe sobre o reajustamento dos símbolos, dosníveis de vencimento e dos proventos do pessoal civil e militar do Poder Executivo, enuncia que, "verbis":

"Art. 12 - O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de20% (vinte por cento), nos termos de regulamento".

Destarte, forçoso concluir que, comprovada a prestação de serviço, em regime de plantão noturno, égarantido aos servidores públicos estaduais o direito a remuneração correspondente, sob pena deenriquecimento sem causa da Administração Pública, sendo incabíveis, todavia, os reflexos em quinquêniose adicional trintenário, sob pena de ofensa ao disposto no art. 37, inciso XIV, da Constituição Federal de1988.

É que a incidência dos reflexos do adicional noturno sobre as demais parcelas indenizatórias recebidaspelos apelantes, tais como férias, 13.º salário e outras, dependeria de previsão legal expressa, que não severifica na Lei Estadual n.º 10.745/92, que prevê a remuneração das horas de trabalho noturno com oadicional de 20% em relação ao "valor-hora normal de trabalho", ou seja, o vencimento-base.

Assim, sob estas ressalvas, acompanho o eminente relator e ACOLHO o incidente para reconhecer que oadicional noturno se faz devido à classe dos policiais civis do Estado de Minas Gerais.

O SR. DES. DÍDIMO INOCÊNCIO DE PAULA:VOTO

Acompanho o douto Des. Relator pelos argumentos esposados a seguir.

Em que pese o fato do art. 127 da Lei Estadual 5.406/1969 não disciplinar a percepção de adicional noturnopelos policiais civis, o certo é que a Constituição da República garante, indistintamente, a todos ostrabalhadores urbanos e rurais, bem como aos servidores públicos, a percepção da vantagem pleiteadapela suplicante.

A Constituição Estadual, seguindo a orientação da Magna Carta, também previu a percepção do adicionalnoturno (art. 31), certamente por ter reconhecido, igualmente, o esforço despendido pelo trabalhador nohorário noturno e, em tese, destinado para o descanso.

E nem se argumente pelo indeferimento do pedido com arrimo em falta de especificação sobre o assunto.Embora não prevista na Lei Orgânica da Polícia Civil de Minas Gerais, a matéria encontra-se disciplinada naLei 10.745/1992, que foi expressa em seu art. 12, "verbis":

"O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5(cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de 20%

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(vinte por cento), nos termos de regulamento."

Registre-se que o adicional aqui vindicado encontra-se inserido no rol do capítulo dos "direitos sociais",cuja aplicabilidade, portanto, é imediata e independe de lei regulamentadora, conforme dispõe o art. 5º, §1º, da Carta Magna. Em outras palavras, é dizer que se mostra desnecessária a expedição de regulamentosobre os aludidos adicionais.

Lado outro, gize-se tais servidores deverão perceber o referido adicional independentemente do fato decumprirem regime de revezamento, consoante a redação do enunciado da Súmula 213 do STF, "verbis":

"É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito ao regime de revezamento".Nesse sentido foi meu posicionamento quando do julgamento da Apelação Cível nº1.0024.08.077686-7/001, ocasião em que atuei como relator.

Diante da fundamentação acima expendida, acompanho o ilustre Des. Relator para acolher o presenteincidente de Uniformização de Jurisprudência, no sentido de reconhecer o direito dos Policiais Civis doEstado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno como previsto no art. 12 da Lei Estadualnº10.745/1992.

É como voto.

A SR.ª DES.ª HELOÍSA COMBAT:

Sr. Presidente.

Também estive atenta à sustentação oral e o meu voto é o seguinte:

VOTO

Conheço do incidente, presentes os pressupostos exigidos pelos artigos 476 do CPC e artigo 446 doRITJMG.

O douto Relator está a acolher o incidente, entendimento com o qual coaduno, pelas razões que passo aexpor.

A questão posta nos autos (direito ao recebimento de adicional noturno por servidor da Polícia Civil doEstado de Minas Gerais) é polêmica, e vem suscitando diversos debates doutrinários e jurisprudenciais notocante à sua interpretação.

Extrai-se do artigo 7º, IX, da Constituição Federal:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial:

XVII - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno.

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;"

O direito ao recebimento de adicional noturno, na forma do mencionado artigo 7º, IX, foi estendido aosservidores públicos estatutários, por força do artigo 39, §3º, da Carta Constitucional:

"Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no artigo 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão

quando a natureza do cargo o exigir."

A Constituição Federal estende aos servidores públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios osdireitos sociais previstos no art. 7º, consoante dicção do art. 39, § 3º, dentre eles, remuneração dotrabalho noturno superior à do diurno.

Registre-se que os dispositivos em questão têm aplicabilidade imediata, prescindindo de regulamentação, oque afasta o argumento do Estado de Minas Gerais no sentido de ser necessária a existência de legislaçãoestadual regulamentando o pagamento do adicional.

É certo que o Estado de Minas Gerais, como ente federado, tem competência para legislar sobre matériapertinente ao seu quadro de servidores, capacidade essa que decorre de sua autonomia administrativa eorganizacional prevista no artigo 18, da Constituição Federal.

No entanto, embora os entes federados tenham certa liberdade e discricionariedade para legislar sobreseus servidores, devem observar as regras e princípios contidos no texto constitucional.

Ressalte-se, por oportuno, que, ao atribuir referida competência aos entes federados, não está aConstituição Federal permitindo que essas entidades fixem normas e critérios próprios para seusservidores, mas apenas que viabilizem a aplicação das regras gerais previstas no texto constitucional aosservidores locais, observando-se as peculiaridades do Estado ou Município.

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Trata-se apenas de suplementar as normas gerais editadas, sem exorbitar os seus limites, não sepermitindo, no exercício dessa competência, que o Estado viole ou ultrapasse as referidas normas decaráter geral.

Ao instituir o Regime Jurídico de seus servidores, não pode o Estado de Minas Gerais desrespeitar osdispositivos constitucionais que regem os servidores públicos em geral.

Entretanto, a despeito dessas alegações, foi editada no âmbito do Estado de Minas Gerais, a Lei Estadual10.745/92, que dispõe sobre o reajustamento dos símbolos, dos níveis de vencimento e dos proventos dopessoal, civil e militar do Poder Executivo e dá outras providências.

Referido diploma legislativo preceitua no artigo 12:

"O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5(cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de 20%(vinte por cento), nos termos de regulamento".

Portanto, ainda que se considere que o artigo 7º, IX, e 39, §3º, da Constituição Federal dependem deregulamentação, tal regulamentação ocorreu com as mencionadas normas infraconstitucionais, que ésuficiente para conferir aplicabilidade plena à garantia constitucional.

O adicional noturno tem o cunho de remunerar o servidor pelo trabalho desempenhado em condiçõesanormais, que dificultam sua realização, exigindo maior esforço.

Sob esse aspecto, o pagamento do adicional noturno decorre do princípio da isonomia, pois se o servidor ésubmetido a trabalhos em condições mais desgastantes que os demais ocupantes do mesmo cargo devereceber compensação remuneratória.

Assim sendo, entendo que a percepção do adicional pelo regime de trabalho policial civil, concedidoindistintamente para todos os ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, não impede apercepção do adicional noturno, sendo distinta a natureza e a finalidade desses acréscimosremuneratórios.

A gratificação especial concedida aos policiais em razão da dedicação em tempo integral tem naturezadistinta do adicional noturno, não tendo o condão de afastar o direito ao seu recebimento, nem mesmopara os ocupantes de cargos estritamente policiais.

Nessas circunstâncias, considero que o servidor da Polícia Civil submetido a regime de plantão devereceber o adicional noturno e nesse sentido tenho votado.

Confira-se os seguintes v. arestos deste egrégio Tribunal de Justiça, sobre a matéria:

"APELAÇÃO CÍVEL - ADICIONAL NOTURNO - REGIME DE PLANTÃO - COMPENSAÇÃO - REFLEXOS.

É devido o adicional noturno, bem como os reflexos deste sobre as demais parcelas que compõem osproventos dos servidores públicos que laboram em regime de plantão noturno ainda que haja compensaçãoda jornada com folgas entre os plantões. Apelação provida, sentença reformada." (Apelação Cível n°1.0024.06.990802-8/001 - 5ª Câmara Cível - Rel. Des. Cláudio Costa - j. 29.03.2007)

"EMENTA: AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA - SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - POLICIAL CIVIL - TRABALHONOTURNO - REGIME DE PLANTÃO - ADICIONAL - GARANTIA CONSTITUCIONAL - REGULAMENTAÇÃO -DESNECESSIDADE ARTIGO 5°, § 1°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - HONORÁRIOS - COMPENSAÇÃO -POSSIBILIDADE - ARTIGO 21 - CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - SÚMULA 306 - SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA - SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.O direito ao adicional noturno é garantia constitucional,expressamente assegurada aos servidores públicos estaduais, cuja regulamentação se afiguradesnecessária, nos termos do artigo 5°, § 1°, da Lei Maior.À luz do comando inserto no artigo 21, doCódigo de Processo Civil, e do teor da Súmula nº 306, do Superior Tribunal de Justiça, admite-se acompensação de honorários em caso de sucumbência recíproca. Reexame necessário não conhecido, deofício. Recurso a que se dá parcial provimento. A percepção do adicional noturno é direito fundamentalassegurado aos trabalhadores em geral e estendidos aos servidores públicos, não podendo ser suprimido,nem restringido, independendo seu exercício de regulamentação." (APELAÇÃO CÍVEL / REEXAMENECESSÁRIO N° 1.0024.08.983038-4/001. Terceira Câmara Cível do TJMG. Relator Desembargador KildareCarvalho. j. 05.03.2010)

"EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGENTE DE POLÍCIA. ADICIONAL NOTURNO. Osservidores públicos da Polícia Civil de Minas Gerais têm direito ao recebimento do adicional noturno de 20%(vinte por cento), referente ao serviço prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas

de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte. Primeiro recurso provido em parte e segundo recursoprejudicado." (APELAÇÃO CÍVEL / REEXAME NECESSÁRIO N° 1.0024.07.745782-8/001. Quarta CâmaraCível do TJMG. Relator Desembargador Almeida Melo. j. 02.05.2011)

Não se trata de criação de vantagem ou de majoração de despesas da Administração pelo Judiciário, masde regular desempenho da função jurisdicional de dizer o direito no caso concreto, conferindo ao seu titular

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os instrumentos necessários à efetivação do direito.

O controle da legalidade dos atos administrativos pelo Poder Judiciário é corolário do Estado Democráticode Direito e não ofende o princípio da separação dos poderes, nem a autonomia dos entes federados.

Basta, portanto, que o servidor comprove que exerceu suas atividades regularmente durante o horárionoturno, de 22 a 5 horas e que essas condições especiais de trabalho foram exigidas ou autorizadas pelaAdministração Pública para que perceba o adicional respectivo.

Pelos fundamentos expostos, e reiterando entendimento já esposado em casos como o versado, ACOLHO O

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, e proponho seja uniformizado o entendimento destaCorte, no sentido de reconhecer o direito dos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais ao recebimento doadicional noturno, nos termos do art. 12, da Lei Estadual n.º 10.745/92.

A SR.ª DES.ª SELMA MARQUES:

VOTO

Cuida-se de incidente de uniformização de jurisprudência suscitado pela 1ª Câmara Cível desse Tribunal deJustiça, no intuito de que sejam harmonizados os desencontros de entendimentos externados pelas Turmase Câmaras do TJMG, no que se refere ao direito do policial civil de perceber, com base no artigo 12 da Lei10.752/92, inobstante as vedações contidas nos artigos 125, 127 e 128 da Lei estadual 5.406/69, oadicional noturno.

Diante de manifestações dissidentes o incidente de uniformização de jurisprudência tem por objetivoestabelecer o entendimento do Tribunal sobre determinada matéria que, embora corriqueiramente levada àsua apreciação, resulta decisões cujos sentidos muitas vezes são opostos.

Na espécie embora a legislação que regulamente a carreira dos policiais civis no Estado de Minas Geraisestabeleça a previsão de trabalho noturno e/ou irregular inexiste a previsão de qualquer adicional paraestes fins específicos.

Estabelece o art. 39 da Constituição Federal que "A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípiosinstituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidoresdesignados pelos respectivos Poderes. Parágrafo 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo públicoo disposto no art. 7º, IV, VII, VII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a leiestabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir."

Por seu turno a Constituição do Estado de Minas Gerais ao consignar em seu artigo 31 que "O Estado

assegurará ao servidor público civil da Administração Pública direta, autárquica e fundacional os direitosprevistos no art. 7º, inciso IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXIII e XXX, daConstituição da República e os que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e daprodutividade e da eficiência no serviço público, em especial o prêmio por produtividade e o adicional dedesempenho."

Assim, da leitura do texto constitucional, considerando-se que o inciso IX, do artigo 7º, da ConstituiçãoFederal justamente prevê a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno, evidente a extensão dareferida vantagem à generalidade dos servidores públicos federais e mesmo estaduais.

Deste modo em observância aos textos tanto da Constituição Federal quanto da Constituição do Estado deMinas Gerais, inexistem dúvidas, sob pena de se subtrair a eficácia que deve ser inerente a referidasnormas, acerca do direito dos servidores públicos civis a perceberem o adicional noturno sempre quelaborarem no referido período. Trata-se de regra passível de extração direta da dicção dos textos

constitucionais supra referidos.

Buscando a regulamentação do direito constitucionalmente assegurado, editou o Estado de Minas Gerais aLei n 10.745/92, cujo artigo 12 firma que "O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte será remunerado com o valor-horanormal de trabalho acrescido de 20% (vinte por cento), nos termos de regulamento."

Assim, inexistem dúvidas acerca do fato de que os servidores civis do Estado de Minas Gerais quelaborarem no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do diaseguinte fazem jus a percepção do adicional noturno, à alíquota de 20% (vinte por cento).

Note-se que a regulamentação a nível infraconstitucional que viabilizaria a aplicabilidade da referida normacomo garantidora de direitos subjetivos públicos dos servidores que prestarem serviços naquele horáriopermite a extensão do benefício aos policiais civis, inexistindo razões para frustrar a eficácia do comando

constitucional por ausência de previsão expressa no estatuto próprio da categoria no Estado de MinasGerais, Lei nº 5.406/69, que contém a Lei Orgânica da Polícia Civil.

Observe-se que devem os dispositivos infraconstitucionais ser tomados à luz da Constituição - Estadual ouFederal - e não o contrário. É dizer, não deve ser negado o direito dos policiais civis ao adicional noturnoapenas porque o estatuto da categoria não traz previsão expressa neste sentido, se se trata de vantagem

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constitucionalmente prevista e passível de ser gozada com base na Lei que estabelece o "reajustamentodos símbolos, dos níveis de vencimento e dos proventos do pessoal civil e militar do poder executivo e dáoutras providências".

Interessante para concluir que o princípio da legalidade configurado como baliza de atuação daadministração pública frente aos administrados, atuação pautada pela legalidade estrita, não pode serutilizado para restringir comandos constitucionais. "Afirmar que o exercício da função administrativa ésublegal não implica, todavia, reconhecer que a Administração deve pautar-se exclusivamente pelasnormas decorrentes de lei em sentido formal, mas também pelas normas constitucionais e regulamentares,essas últimas obrigatoriamente em consonância com a lei que deve precedê-las. O princípio da legalidade

há de ser compreendido de forma mais dilatada, a acobertar todo o ordenamento jurídico". (AngélicaPetian. Regime Jurídico dos Processos Administrativos... 2011. p. 126).

Isto posto, tal qual o i. Relator, acolho o pedido deduzido no incidente de uniformização de jurisprudênciapara reconhecer do direito dos policiais civis ao adicional noturno.

É como voto.

O SR. DES. RONEY OLIVEIRA:

VOTO

O direito ao adicional noturno dos servidores públicos estaduais está assegurado no art. 39, §3º, c/c art.7º, inciso IX, ambos da Constituição de 1988.

"Art. 7º. (...). IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.

Art. 39. (...). § 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII,IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados deadmissão quando a natureza do cargo o exigir".

A Lei Estadual nº 10.745/92, especialmente seu art. 12, é autoaplicável, já que exprime todo o seuconteúdo, de maneira a proporcionar sua incidência direta, definindo as situações em que será aplicada,dispondo a respeito da forma de sua execução.

"Art. 12. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de20% (vinte por cento), nos termos do regulamento."

Em várias oportunidades, manifestei-me no sentido de que a concessão do adicional noturno aos PoliciaisCivis do Estado de Minas Gerais inexige regulamentação, porquanto amparada em legislação ordináriaestadual e em dispositivo constante da Carta Magna, por ser norma de eficácia plena, dotada de imediataaplicabilidade e efeito, que desnecessita de integração normativa.

Precedentes deste Eg. Tribunal de Justiça (TJMG):

"ADMINISTRATIVO - SERVIDORES PÚBLICOS - POLICIAIS CIVIS - TRABALHO EM REGIME DE PLANTÃO -ADICIONAL NOTURNO - ART. 12 DA LEI 10.745/92 E SÚMULA 213 DO STF. - É direito dos servidorespúblicos, policiais civis do Estado de Minas Gerais, que trabalham sob regime de plantão, receber oadicional noturno devido pelo trabalho prestado entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte, sobre todas ashoras trabalhadas neste regime e de seus reflexos sobre o 13º salário." (TJMG - ACv. n.1.0024.07.442110-8/001 - Rel. Des. Geraldo Augusto - 1ªCCTJMG - Julg. 22/07/2008 - Publ. 08/08/2008).

"DIREITO ADMINISTRATIVO - APELAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA - ADICIONAL SOBRE HORASTRABALHADAS APÓS AS 22:00 HORAS - REGIME DE PLANTÃO - ARTIGO 39, PARÁGRAFO 3º, COMBINADOCOM ARTIGO 7º, INCISO IX, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ARTIGO 12, DA LEI ESTADUAL10.745/1992 - CABIMENTO - REFLEXOS SOBRE FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO - HABITUALIDADE DOSERVIÇO NOTURNO PRESTADO - POSSIBILIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - AUMENTO - RECURSOPROVIDO. Comprovado o exercício da função após as 22:00 horas, é devido ao policial civil o adicionalnoturno, de acordo com o artigo 12, da lei estadual 10.745/1992, sendo esse direito garantido pelo artigo39, parágrafo 3º, combinado com o artigo 7º, inciso IX, ambos da Constituição Federal." (TJMG - ACv. n.1.0024.07.442746-9/001 - Rel. Des. Moreira Diniz - 4ªCCTJMG - Julg. 14/08/2008 - Publ. 26/08/2008).

No mesmo sentido: TJMG - ACv. n. 1.0024.07.442395-5/001 - Rel. Des. Dárcio Lopardi Mendes -4ªCCTJMG - Julg. 07/08/2008 - Publ. 20/08/2008; TJMG - ACv. n. 1.0024.03.152981-1/001 - Rel. Des.Dorival Guimarães Pereira - 5ªCCTJMG - Julg. 04/08/2005 - Publ. 26/08/2005; TJMG - ACv. n.1.0024.06.266947-8/001 - Relª. Desª. Maria Elza - 5ªCCTJMG - Julg. 31/07/2008 - Publ. 19/08/2008; TJMG

- ACv. n. 1.0024.07.385737-7/001 - Rel. Des. Edilson Fernandes - 6ªCCTJMG - Julg. 20/05/2008 - Publ.08/07/2008; TJMG - ACv. n. 1.0024.07.384666-9/001 - Rel. Des. Antônio Sérvulo - 6ªCCTJMG - Julg.20/05/2008 - Publ. 05/06/2008.

Destaque para a Súmula n. 213 do excelso Supremo Tribunal Federal (STF), que consolidou o entendimentode que "é devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de

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revezamento".

Assim, não há falar que o recebimento do adicional ensejaria a incidência de vantagem sobre vantagem,revelando-se insubsistentes os argumentos de malferimento da Lei n. 5.406/69 (art. 124, incisos I e II),art. 127 do Estatuto dos Policiais Civis e art. 37, inciso XIV, da Constituição de 1988 (CR/88).

Se os policiais civis estaduais trabalharem em horário noturno, sobre as horas trabalhadas entre as 22:00horas de um dia às 05:00 horas do dia seguinte incidirá o adicional noturno de 20%, inclusive com relaçãoaos valores vencidos nos últimos cinco anos da propositura da ação.

Pelo exposto, acompanho o ilustre Relator, para, também, acolher o incidente e uniformizar o entendimentode fazerem jus os policiais civis do Estado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno, previsto noart. 12, da Lei Estadual n. 10.745/1992.

É como voto.

O SR. DES. HERCULANO RODRIGUES:

VOTO

Senhor Presidente,

Analisei o incidente e a divergência acerca do tema e também conclui no sentido de que o adicional noturnoé devido aos Policiais Civis do Estado, tal como entendeu o eminente Relator.

O benefício encontra previsão constitucional e amparo na Lei Estadual 10745/92, em seu artigo 12.

Conforme destacou o douto Relator, o direito ao adicional noturno depende apenas da efetiva comprovaçãodo trabalho no horário compreendido entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte.

Nesse sentido decidiu a 1ª Câmara Cível deste Tribunal de Justiça, no julgamento da Apelação nº1.0024.07.744753-0/001, da Comarca de Belo Horizonte, alicerçado nos lúcidos fundamentos expendidosno voto condutor do Acórdão, da lavra da douta Relatora, Desembargadora Heloísa Combat (vencido oDesembargador Edivaldo George), vazado nos seguintes termos:

"EMENTA: AÇÃO DE COBRANÇA - POLICIAL CIVIL - PAGAMENTO DE ADICIONAL NOTURNO - DIREITOPREVISTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - PAGAMENTO DEVIDO - REFLEXOS SOBRE AS FÉRIAS E DÉCIMOTERCEIRO.- O artigo 7º, IX da Constituição Federal, aplicável aos servidores públicos estatutários por forçado artigo 39, §3º, também da Carta Constitucional, assegura a remuneração do trabalho noturno superior

ao diurno.- A omissão do Estado em regulamentar a Lei 10.745/92 não o isenta de concretizar preceitosconstitucionais.- Inexistindo prova do pagamento do adicional noturno, impõe-se a condenação do réu apagá-lo, com os respectivos reflexos sobre férias, acrescida de um terço e décimo terceiro.- Preliminarrejeitada.- Sentença confirmada, no reexame necessário.- Recurso voluntário prejudicado.

APELAÇÃO CÍVEL / REEXAME NECESSÁRIO N° 1.0024.07.744753-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE -REMETENTE: JD 5 V FAZ COMARCA BELO HORIZONTE - APELANTE(S): ESTADO MINAS GERAIS -APELADO(A)(S): DEMER JACKSON GABRIEL E OUTRO(A)(S) - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. HELOISACOMBAT

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas,

EM CONFIRMAR A SENTENÇA, NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO,VENCIDO O VOGAL.

Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2009.

DESª. HELOISA COMBAT - Relatora

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

A SRª. DESª. HELOISA COMBAT:

VOTO

Conheço do reexame necessário e do recurso voluntário, estando presentes os pressupostos subjetivos eobjetivos de sua admissibilidade.

Trata-se de reexame necessário e apelação cível interposta pelo ESTADO DE MINAS GERAIS nos autos daAção Ordinária ajuizada por DEMER JACKSON GABRIEL, ANTÔNIO HENRIQUE DA SILVA, RONALDO DEMORAIS MACHADO e ALDELUSE DE OLIVEIRA RANAURO NUVEM, pretendendo a reforma da r. sentençaproferida pelo MM. Juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a pagar aos autores, com juros de 0,5% ao

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mês, a partir da citação e correção monetária, desde as épocas em que seriam devidos os pagamentos, oadicional noturno de 20% sobre o valor da hora normal de trabalho, no período em que laborou entre as 22horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte, obseravda a prescrição qüinqüenal, a ser apurado emliquidação de sentença.

Condenou-se o réu ao pagamento de honorários advocatícios de R$1.000,00 e os postulantes aopagamento de 20% das custas processuais e de honorários advocatícios, no valor de R$400,00.

A r. sentença fundamentou-se na prova de que os autores exercem suas funções em período noturno,fazendo jus ao adicional noturno previsto no artigo 7º, IX, da Constituição Federal, extensível aos

servidores públicos por força do artigo 39.

Embasou-se no artigo 12, da Lei 10.745/92, segundo o qual o serviço noturno, prestado em horáriocompreendido entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-horanormal de trabalho acrescido de 20%.

Nas razões apresentadas às f. 106/110, sustenta o apelante que, nos termos do art. 124, da Lei 5.406/69,os ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, sujeitam-se ao expediente normal dasrepartições públicas estaduais e ao regime e trabalho policial civil, estando sujeito a plantões noturnos e achamados a qualquer hora e dia.

Argumenta que, estando os policiais civis sujeitos a um regime diferenciado de trabalho, não fazem jus aopagamento de verbas tipicamente trabalhistas, não previstas na Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado deMinas Gerais.

Assevera que o artigo 125, da Lei Orgânica da Polícia Civil dispõe que a remuneração do policial civilcompõe-se de vencimento e das vantagens nela previstas, dentre as quais não consta o adicional noturno,sendo que a Administração Pública está sujeita ao princípio da legalidade, não podendo concedervantagens não previstas em lei.

Salienta que o artigo 12, da Lei Estadual 10.745/92 carece de regulamentação para sua aplicação e oartigo 127, do Estatuto dos Policiais civis prevê os adicionais que são devidos a esses servidores, nãoelencando o adicional noturno pleiteado.

Invoca o disposto no artigo 169 da Constituição Federal, que veda a criação de despesas públicas e aconcessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração sem a devida dotação orçamentária.

Pelo principio da eventualidade, requer que os juros incidam no percentual de 0,5% a partir da citação eque os honorários advocatícios sejam reduzidos, com base no artigo 20, §4º, do CPC.

Discute-se a respeito de terem os autores direito ao recebimento do adicional noturno, pelo períodotrabalhado entre 22 e 5 horas, com reflexos nas férias acrescidas de 1/3, décimo terceiro, anuênios,qüinqüênios.

Extrai-se do artigo 7º, IX, da Constituição Federal:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial:

XVII - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno."

O direito ao recebimento de adicional noturno, na forma do mencionado artigo 7º, IX, foi estendido aosservidores públicos estatutários, por força do artigo 39, §3º, da Carta Constitucional:

"Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no artigo 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissãoquando a natureza do cargo o exigir."

Assim, é incontroverso o direito dos servidores públicos estaduais a receber o adicional pleiteado, devidoem razão de trabalho desempenhado em turno noturno.

Registre-se que os dispositivos em questão tem aplicabilidade imediata, prescindindo de regulamentação, oque afasta o argumento do Estado de Minas Gerais no sentido de ser necessária a existência de legislaçãoestadual regulamentando o pagamento do adicional.

É certo que o Estado de Minas Gerais, como ente federado, tem competência para legislar sobre matériapertinente ao seu quadro de servidores, capacidade essa que decorre de sua autonomia administrativa eorganizacional prevista no artigo 18, da Constituição Federal.

No entanto, embora os entes federados tenham certa liberdade e discricionariedade para legislar sobreseus servidores, devem observar as regras e princípios contidos no texto constitucional.

Ressalte-se, por oportuno, que, ao atribuir referida competência aos entes federados, não está aConstituição Federal permitindo que essas entidades fixem normas e critérios próprios para seus

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servidores, mas apenas que viabilizem a aplicação das regras gerais previstas no texto constitucional aosservidores locais, observando-se as peculiaridades do Estado ou Município.

Trata-se apenas de suplementar as normas gerais editadas, sem exorbitar dos limites dessa, não sepermitindo, no exercício dessa competência, que o Estado viole ou ultrapasse as referidas normas decaráter geral.

Ao instituir o Regime Jurídico de seus servidores, não pode o Estado de Minas Gerais desrespeitar osdispositivos constitucionais que regem os servidores públicos em geral.

Entretanto, a despeito dessas alegações, foi editada no âmbito do Estado de Minas Gerais, a Lei Estadual10.745/92, que dispõe sobre o reajustamento dos símbolos, dos níveis de vencimento e dos proventos dopessoal, civil e militar do Poder Executivo e dá outras providências.

Referido diploma legislativo preceitua no artigo 12:

"O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5(cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de 20%(vinte por cento), nos termos de regulamento".

Portanto, ainda que se considere que o artigo 7º, IX e 39, §3º, da Constituição Federal dependem deregulamentação, tal regulamentação ocorreu com a Lei 10.745/92.

Na espécie, os elementos de prova dos autos comprovam que os autores laboraram no período noturno,conforme se vê das declarações de f. 21, 26, 34, 37, fornecida pelo Chefe do Copom:

"Declaro, para os devidos fins que .... foi incluído nas fileiras da polícia militar em ..., servindo desde.. noCentro Integrado de Comunicações Operacionais, situado a rua da Bahia, 2115, bairro Funcionários,trabalhando em escala de três por dois, sendo o primeiro turno de serviço de 06:30 às 14:45h, o segundode 14:30 às 22:45h e o terceiro de 22:30 às 06:45h, respectivamente."

Nessas circunstâncias, é inquestionável que os autores exerciam jornada noturna, fazendo jus aorecebimento do adicional noturno previsto no artigo 7º, IX, da CF/88, a partir dos cinco últimos anos queantecederem o ajuizamento da ação, parcelas não atingidas pela prescrição.

O fato de os plantões noturnos serem inerentes à natureza da atividade policial, não afasta o direito àpercepção do adicional, direito constitucionalmente assegurado. É lícito que se estabeleça jornada noturnaem razão da natureza da atividade policial, contudo, indispensável a remuneração do servidor que a elaseja submetido com o adicional pleiteado.

Não afasta o direito à percepção de adicional noturno, a concessão de folga de 72 horas, como forma decompensação, tratando-se de benefícios distintos, que diferem, ainda, qunto à sua finalidade. O adicionalnoturno consiste em verba que integra a remuneração de quem exerce trabalho noturno, ao passo que afolga de 72 horas visa a compensação do cansaço físico de quem exerce a jornada noturna.

Sobre a questão, o STF editou a Súmula 213:

"É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento".

São devidos ainda, os reflexos do adicional noturno sobre férias e décimo terceiro, haja vista ahabitualidade em que o serviço noturno é prestado.

Nesses termos, é devido o pagamento do adicional noturno aos autores, com reflexos sobre férias,

acrescido de um terço e décimo terceiro, desde 14.11.02, cinco anos antes do ajuizamento da ação,corrigidos monetariamente desde a data em que se tornaram devidos e acrescidos de juros de mora de0,5% ao mês desde a data da citação.

Nesse sentido, já decidiu este TJMG:

"DIREITO ADMINISTRATIVO - APELAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA - ADICIONAL SOBRE HORASTRABALHADAS APÓS AS 22:00 HORAS - REGIME DE PLANTÃO - ARTIGO 39, PARÁGRAFO 3º, COMBINADOCOM ARTIGO 7º, INCISO IX, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ARTIGO 12, DA LEI ESTADUAL10.745/1992 - CABIMENTO - REFLEXOS SOBRE FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO - HABITUALIDADE DOSERVIÇO NOTURNO PRESTADO - POSSIBILIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - AUMENTO - RECURSOPROVIDO.

Comprovado o exercício da função após as 22:00 horas, é devido ao policial civil o adicional noturno, deacordo com o artigo 12, da lei estadual 10.745/1992, sendo esse direito garantido pelo artigo 39, parágrafo3º, combinado com o artigo 7º, inciso IX, ambos da Constituição Federal." ( Reexame Necessário n.1.0024.07.442746-9/001, Quarta Câmara Cível, Rel. Moreira Diniz, DJ 26/08/2008)

"DIREITO ADMINISTRATIVO - REEXAME NECESSÁRIO - RECURSOS VOLUNTÁRIOS - AÇÃO ORDINÁRIA -PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO - INOCORRÊNCIA - SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS - POLÍCIACIVIL - REGIME DE PLANTÃO - ATO DO SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA - RESOLUÇÃO N.

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6.473, DE 2000 - COMPROVAÇÃO - DIREITO AO ADICIONAL NOTURNO - LEI ESTADUAL N. 10.745, DE 1992- REGULAMENTAÇÃO - DESNECESSIDADE - REFLEXO SOBRE FÉRIAS ACRESCIDAS DO TERÇOCONSTITUCIONAL, DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIOS, ANUÊNIOS, QÜINQÜÊNIOS. Os servidores públicos doEstado de Minas Gerais têm assegurado o direito ao adicional noturno, ex vi do artigo 39, §3º, c/c artigo7º, IX, ambos da Constituição da República de 1988, e, também, da Lei estadual n. 10.745, de 1992. Anatureza remuneratória do adicional noturno possibilita sua repercussão sobre férias acrescidas do terçoconstitucional, décimo terceiro salários, anuênios, qüinqüênios." (Reexame Necessário n.1.0024.07.527537-0/001, Oitava Câmara Civel, Rel. Des. Silas Vieira, DJ. 22.05.08)

"APELAÇÃO CÍVEL - ADICIONAL NOTURNO - REGIME DE PLANTÃO - COMPENSAÇÃO - REFLEXOS. É devido

o adicional noturno, bem como os reflexos deste sobre as demais parcelas que compõem os proventos dosservidores públicos que laboram em regime de plantão noturno ainda que haja compensação da jornadacom folgas entre os plantões. Apelação provida, sentença reformada." (Apelação Cível n.1.0024.06.990802-8/001, Quinta Câmara Cível, Rel. Cláudio Costa, DJ 20/04/2007)"

No que concerne aos honorários advocatícios, foram arbitrados, por apreciação eqüitativa do juiz emR$400,00, conforme prescreve o artigo 20, §4º, do CPC.

Data venia, não considero o mencionado valor excessivo, sendo adequado para remunerar o trabalhodesempenhado pelo procurador da parte autora, sendo descabida a redução pleiteada.

Isso posto, no REEXAME NECESSÁRIO, CONFIRMO A R. SENTENÇA, JULGANDO PREJUDICADO O APELOVOLUNTÁRIO.

SÚMULA: CONFIRMARAM A SENTENÇA, NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSOVOLUNTÁRIO, VENCIDO O VOGAL.

Assim, acompanho o eminente Relator, tendo por legítimo o direito dos Policiais Civis do Estado àpercepção do adicional noturno.

O SR. DES. CARREIRA MACHADO:

Sr. Presidente.

Adoto integralmente o que disse o Relator e também o voto que foi lido da tribuna da minha autoria quando julgamos caso idêntico aqui na Corte.

O SR. DES. ALMEIDA MELO:

VOTO

A Primeira Câmara Cível deste eg. Tribunal de Justiça, nos autos dos Embargos Infringentes nº1.0024.08.941612-7/003 em Apelação Cível nº 1.0024.08.941612-7/001, suscitou o Incidente deUniformização de Jurisprudência, f. 215/220-TJ, com a citação de posicionamentos divergentes, nesteTribunal, acerca da matéria que envolve a concessão do adicional noturno aos policiais civis do Estado deMinas Gerais.

Os acórdãos divergentes encontram-se às f. 228/318-TJ.

Em precedentes de minha relatoria, tenho entendido que o inciso IX do art. 7º e o § 3º do art. 39 daConstituição Federal de 1988 são normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, razão pela qualensejam aplicação imediata, conforme previsto no § 1º do art. 5º da Constituição da República.

O adicional noturno está disciplinado na Lei Estadual nº 10.745/92 (art. 12), que prevê o seu pagamentono percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da hora normal (vencimento básico), no períodocompreendido entre as 22:00 horas de um dia e as 05:00 horas do dia seguinte.

O mencionado dispositivo é claro e completo e não depende de qualquer regulamentação para suaaplicação imediata.

A Súmula nº 213 do Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que "é devido o adicional deserviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento."

Ressalte-se, por outro lado, que não subsiste a alegação de que o policial civil obtém vantagem a título degratificação de tempo integral, estabelecida na Lei Estadual nº 5.406/69 (Lei Orgânica da Polícia Civil deMinas Gerais), que excluiria a percepção do adicional noturno, tendo em vista que este foi garantido aopessoal civil e militar do Poder Executivo Estadual, pela Lei Estadual nº 10.745/1992, que não contémqualquer restrição expressa quanto aos seus beneficiários.

Foi muito bem observado em voto proferido pelo em. Desembargador Dárcio Lopardi Mendes que a LeiComplementar Estadual nº 84/2005, que modificou a estrutura das carreiras policiais civis, criou a carreirade Agente de Polícia e cargos no Quadro de Pessoal da Polícia Civil, dispõe que a carga horária semanal detrabalho dos ocupantes dos cargos das carreiras é de quarenta horas, vedado o cumprimento de jornadaem regime de plantão superior a 12 (doze) horas (art. 8º).

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Essa norma reforça a legitimidade da contraprestação adicional pela realização de plantões noturnos e detrabalho extraordinário pelos ocupantes dos cargos de carreira da Polícia Civil.

A natureza dos adicionais discutidos é diversa da gratificação de tempo integral, a qual é conferida aosservidores por força do dever de estarem permanentemente à disposição da Administração para asatividades policiais incompatíveis com qualquer outra (Lei Complementar Estadual nº 84/2005, art. 5º, §5º), e não pela execução de serviços em sobrejornada ou plantões noturnos.

Por se tratar de verba que constitui uma das parcelas componentes da remuneração do servidor, e emrazão da habitualidade da prestação do serviço noturno, reflete sobre as férias e a gratificação natalina -

décimo terceiro (TJMG - Apelação Cível n° 1.0024.04.313.868-4/001, relator o DesembargadorNepomuceno Silva).

Nesse sentido:

"É devido o reflexo do adicional noturno nas férias e no 13º salário, já que os proventos de aposentadoriasão calculados segundo a remuneração utilizada como base de cálculo para a contribuição e, ainda, peloque prevê o §11, do art. 201, da Constituição Federal, acrescentando pela EC nº 20 de 15/12/98, quedetermina a incorporação ao salário para efeito de contribuição e repercussão em benefícios, dos ganhoshabituais do empregado, a qualquer título, nos casos e na forma da lei." (Apelação Cível nº1.0024.07.442.693-3, Relator o Desembargador Eduardo Andrade, DJ de 16.06.2009)

"AÇÃO ORDINÁRIA. POLICIAL CIVIL. TRABALHO NOTURNO. DIREITO À PERCEPÇÃO DO ADICIONALRESPECTIVO. - Revela-se direito do policial civil a percepção de remuneração relativa ao adicional por

trabalho noturno, bem como o seu reflexo no 13º salário e terço de férias, bastando para tanto a prova dotrabalho depois das vinte e duas (22) horas. - A constituição da República do Brasil inspirada na valorizaçãodo trabalho como dignidade do trabalho estabeleceu remuneração diferenciada entre trabalho diurno e onoturno." (Apelação Cível nº 1.0024.07.784.899-2/001, Relator o Desembargador Belizário de Lacerda, DJde 09.12.2008)

Por essas razões, julgo procedente o incidente de uniformização de jurisprudência para reconhecer o direitodos policiais civis do Estado de Minas Gerais à percepção do adicional noturno, nos termos do art. 12 da LeiEstadual nº 10.745/1992.

O SR. DES. JOSÉ ANTONINO BAÍA BORGES:

Com o Relator.

O SR. DES. KILDARE CARVALHO:

VOTO

Trato de incidente de uniformização de jurisprudência suscitado pela Primeira Câmara Cível deste Tribunalde Justiça, a fim de solidificar o entendimento acerca da admissibilidade ou não do pagamento de adicionalnoturno aos policiais civis.

Inicialmente, cumpre consignar que acompanho o eminente Desembargador Relator quanto aoconhecimento do presente incidente, pois a matéria ora debatida encontra posicionamentos divergentesnas Câmaras deste Tribunal de Justiça.

No que se refere ao mérito, de igual forma, tenho posicionamento coincidente com o exposto pelo dignoRelator.

Conforme entendimento por mim manifestado em julgamentos perante a 3ª Câmara Cível, tenho que aConstituição Federal de 1988, em seu art.7º, IX, garantiu aos trabalhadores urbanos e rurais o direito àpercepção da remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, o qual foi estendido aos servidorespúblicos pelo §3º, do art.39:

Como se vê, trata-se de normas definidoras de direitos e garantias fundamentais, que possuem aplicaçãoimediata, conforme previsto no §1º, do artigo 5º, da Constituição Federal.

Nesta ordem de idéias, tenho que o direito ao recebimento do adicional noturno é garantido a todos ostrabalhadores e servidores de forma ampla, pela Carta Magna, sendo desnecessária a sua complementaçãopor lei ordinária.

Na hipótese em comento, verifica-se que o art.12, da Lei nº10.745/92, torna efetivo o direito ao adicional,eis que estabelece as formas para a sua percepção, senão vejamos:

"Art.12. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de20% (vinte por cento), nos termos de regulamento".

Neste momento, cumpre afastar eventual alegação acerca da existência de regime próprio e conseqüenteinaplicabilidade da Lei nº10.745/92 aos policiais civis.

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Com efeito, é bem verdade que a carreira de policial civil tem suas peculiaridades, dispondo, inclusive, delei orgânica que a disciplina.

Todavia, a meu ver, a existência de normas que distingam a carreira policial dos demais servidores públicosnão implica dizer que são eles, policiais, regidos por regras e princípios absolutamente apartados.

Trata-se apenas de uma forma de regular diferenças, as quais - não há dúvida - são patentes e, de certaforma, mais ou menos visível, acontecem de carreira para carreira.

Lado outro, porém, não há como negar que todos os servidores públicos, sejam eles em sentido estrito ou

policiais, encontram-se sob o manto das normas constitucionais, sobretudo das garantias previstas noCapítulo I, do Título II, do Texto Constitucional, onde está inserida a previsão do direito ao adicionalnoturno.

Assim, entendo perfeitamente possível a aplicação dos comandos do art.7º, IX, da Constituição daRepública, ao policial civil, como acima mencionado.

Registre-se ainda que, a despeito de existir entendimento no sentido de que os plantões noturnostrabalhados pelos policiais civis são compensados com folgas de 72 horas, imperioso ressaltar que oSupremo Tribunal Federal já se pronunciou a respeito da matéria, editando, para tanto, a Súmula nº 213,nos seguintes termos:

'Súmula nº213. É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime derevezamento.'

Desta forma, rogando vênia aos demais pares que possuem entendimento em sentido diverso, julgo apresente uniformização no sentido de reconhecer a possibilidade de pagamento do adicional noturno aospoliciais civis.

A SR.ª DES.ª MÁRCIA MILANEZ:

VOTO

Trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência no qual se busca dirimir divergência acerca dodireito, ou não, do Policial Civil ao adicional noturno. O direito dos servidores estaduais ao adicionalnoturno está previsto na Constituição da República de 1988 e, disciplinado, no Estado de Minas Gerais noart. 12 da Lei estadual nº 10.745/92. As normas constitucionais que estabelecem direitos e garantiasfundamentais, como o adicional noturno, possuem aplicação imediata, dispensando-se, deste modo,inclusive a regulamentação estadual. Assim sendo, questões ligadas unicamente ao orçamento não podem

criar obstáculos para que o servidor exerça seus direitos constitucionalmente assegurados. No mesmosentido, a carga semanal de trabalho, a possibilidade de compensação e fruição de folgas também nãoafastam o direito ao adicional.

O SR. DES. ALVIM SOARES:

Sr. Presidente.

Acuso o recebimento de memorial firmado em prol do Estado de Minas Gerais, e o meu voto é o seguinte:

VOTO

Após análise cuidadosa de todo o expediente, realmente chegamos ao mesmo entendimento externadopelo eminente Desembargador Relator.

Com efeito, como desde há muito tenho ressaltado em casos desta espécie, a concessão do adicionalnoturno aos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais tem amparo constitucional, porque o § 3º do artigo 39estende aos servidores públicos o direito enumerado no inciso IX, do artigo 7º, que assim determina:

"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial:

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

No âmbito estadual, o artigo 12 da Lei nº 10.745/92, que trata dos vencimentos e dos proventos do pessoalcivil e militar do Poder Executivo Estadual, contempla o direito ao referido adicional, verbis:

"O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5(cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de 20%

(vinte por cento), nos termos de regulamento"

Dessa forma, não tenho dúvida da legitimidade do adicional noturno, mesmo aos ocupantes da carreiramilitar do Estado de Minas Gerais.

Ante o exposto, acolho o incidente, para reconhecer o direito dos Policiais Civis do Estado de Minas Gerais

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à percepção do adicional noturno.

O SR. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS:

VOTO

Peço vênia ao ilustre Desembargador-Relator para divergir de seu voto.

É que, em que pese já haver votado em sentido contrário, revendo detidamente a questão ora posta;entendi, por bem, modificar meu posicionamento, entendendo que os integrantes das carreiras da Polícia

Civil do Estado de Minas Gerais não fazem jus ao benefício do adicional noturno.Isto porque anoto, em primeiro lugar, que cumpre ter sempre em mente o comando constitucional inseridono art. 7º, inciso IX, da Carta Magna:

"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de suacondição social:

( . . . )

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;"

Por sua vez, o art. 39, § 3º, do texto constitucional, estende tal direito aos servidores públicos:

"Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de

administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.( . . . )

§ 3º - aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissãoquando a natureza do cargo o exigir."

No mesmo sentido, a Constituição Mineira previu a concessão desse direito aos servidores públicosestaduais, como se colhe de seu art. 31:

"Art. 31 - O Estado assegurará ao servidor público civil os direitos previstos no art. 7º, incisos IV, VII, VIII,IX, XII, XIII, XV a XX, XXII e XXX, da Constituição da República e os que, nos termos da lei, visem àmelhoria de sua condição social e da produtividade no serviço público, especialmente:"

A seu tempo, a Lei Estadual nº 10.745/92, regulamenta a concessão desse direito aos servidores públicosestaduais, sendo não ser possível assegurar que este dispositivo se aplica extensivamente aos policiaiscivis, uma vez que a regra em comento vincula a percepção do direito buscado à edição de regulamentopróprio, como vê-se do teor do seu art. 12:

"Art. 12. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho, acrescido de 20%(vinte por cento), nos termos de regulamento."

Todavia, não obstante a previsão constitucional do adicional noturno aos servidores públicos, não se podeperder de vista que a situação dos autos guarda uma peculiaridade, na medida em que a parte autora épolicial civil ocupante do cargo de agente de polícia, laborando, portanto, em condições especiais, havendoque se lhe aplicar a legislação específica, qual seja, a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de MinasGerais.

Nesse sentido, a Lei nº 5.406/69, que contém a Lei Orgânica da Polícia Civil e regulamenta a suaorganização e trata do regime jurídico do seu pessoal (artigo 1º), estipula que os cargos de naturezaestritamente policial, entre eles o de agente, técnico, detetive e escrivão de polícia, possuem as seguintescaracterísticas, in verbis:

"Art. 124 - Os ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, mencionados no artigo 59 e os decargos de chefia ou direção assim considerados nos termos do artigo 60, sujeitam-se ao expediente normaldas repartições públicas estaduais e ao regime do trabalho policial civil, que se caracteriza:

I - pela prestação de serviço em condições adversas de segurança, com risco de vida, cumprimento dehorários normais e irregulares, sujeito a plantões noturnos e a chamados a qualquer hora e dia, inclusivenos dias de dispensa do trabalho;

II - pela realização de diligências policiais em qualquer região do Estado ou fora dele".Em seguida, estabelece a Lei Orgânica a respeito da remuneração do servidor:

"Art. 125 - A contraprestação pecuniária pelo exercício de cargo de natureza estritamente policial civil é aremuneração, que se compõe do vencimento e das vantagens previstas nesta lei";

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"Art. 126 - Vencimento é a retribuição pecuniária correspondente ao valor fixado em lei para o nível ousímbolo do cargo exercido";

"Art. 127 - O ocupante de cargo de natureza estritamente policial somente poderá auferir as seguintesvantagens:

I - adicional pelo regime de trabalho policial civil;

(Vide art. 1º da Lei Delegada nº 45, de 26/7/2000.)

II - adicionais por tempo de serviço;III - gratificação a título de: (...)

 j) gratificação de tempo integral.

Parágrafo único - Com exceção dos adicionais por tempo de serviço das gratificações a título de ajuda decusto e a título de exercício de cargo de chefia, esta quando fixada em lei, as demais vantagenspecuniárias serão concedidas nos termos do regulamento".

Deste modo, exigindo o regulamento a dedicação integral do policial civil, mostrando-se o serviço noturnoínsito ao exercício da função estritamente policial, configura-se indevido o adicional por trabalho noturno,mormente pelo fato de ter sido instituída ao ocupante do cargo gratificação por tempo integral,compensando o trabalho prestado em condições especiais, nos termos da Lei nº 6.499/74 e das LeisDelegadas nº 42/00 e nº 45/00.

Por fim, não se pode olvidar que a Lei Complementar n. 84/05 trouxe nova reestruturação do quadro depessoal da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, mantendo, no entanto, a composição do vencimentobásico dos cargos de natureza estritamente policial.

Conclui-se, assim, que a pretensão inicial (pagamento de adicional noturno em favor de policiais civis) édescabida, já que a gratificação de dedicação integral - agora integrada ao vencimento dos policiais civisestaduais - visa justamente a compensar a realização, dentre outras tarefas extraordinárias, de trabalhosdesenvolvidos no horário noturno, os quais são conseqüências do regime de dedicação exclusiva impostapela natureza da atividade policial.

Sendo assim, revendo posicionamento anteriormente adotado, comungo do entendimento no sentido deque os integrantes das carreiras da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais não fazem jus ao benefício doadicional noturno, ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, porquanto ainda que o artigo 39,

§3º da CR/88 não faça restrições a servidores públicos, aplicável à espécie o estatuto próprio dos policiaiscivis, que não previu o pagamento do adicional mencionado.

Conseqüentemente, há que se ter em mente o escopo da norma constitucional ao estabelecer remuneraçãodo trabalho noturno superior à do diurno, escopo esse que não restou violado com o reconhecimento daimprocedência do pedido inicial, compensando a Administração as condições de trabalho especiaisexercidas pelos policiais civis em regime de plantão.

Corroborando o entendimento ora esposado, tem-se o posicionamento do STF acerca da questão tratada:

Gratificação especial de trabalho policial. Adicional noturno. art. 7º, IX, da Constituição Federal. 1. Nãomalfere o disposto no artigo 7º, IX, da Constituição Federal a interpretação oferecida pelas instânciasordinárias que consideraram que a gratificação chamada Regime Especial de Trabalho Policial - RETP, comoexpressamente previsto na legislação de regência, alcança o trabalho em horário irregular, incluído o

regime de plantões noturno. Interpretação em outra direção conflita com o disposto no artigo 39, XIV, daConstituição Federal. 2. Recurso extraordinário desprovido. (RE 185312 / SP - Relator(a): Min. MENEZESDIREITO - Julgamento: 15/04/2008 - Primeira Turma - Publicação: DJe-097 DIVULG 29-05-2008 PUBLIC30-05-2008 EMENT VOL-02321-02 PP-00262)

A propósito, também já decidiu este TJMG que:

"AÇÃO ORDINÁRIA - SERVIDOR PÚBLICO ESTATUAL - POLÍCIA CIVIL - LEI ORGÂNICA - ADICIONALNOTURNO INDEVIDO. Os integrantes das carreiras da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, ocupantes decargos de natureza estritamente policial, que laboram em regime de plantão, não fazem jus ao adicionalnoturno, porquanto ainda que o artigo 39, §3º da CR/88 não faça restrições a servidores públicos, aplicávelà espécie o estatuto próprio dos policiais civis, que não previu o pagamento do adicional mencionado."(APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.07.442896-2/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S):HERMINIO RAMOS - APELADO(A)(S): ESTADO MINAS GERAIS - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. TERESA

CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO)Ação de cobrança. Ação de cobrança. Policiais Civis. Plantão. Regime de revezamento. Gratificação detempo integral. Adicional Noturno. Derradeira parcela indevida. Recurso não provido. 1. O AdministradorPúblico deve conduzir-se dentro da legalidade. A aplicação deste princípio quer dizer submissão tanto àsnormas infraconstitucionais como, principalmente, às de ordem constitucional. 2. A Constituição da

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República determina o pagamento de trabalho no horário noturno em valor superior ao diurno. Determina,ainda, a extensão do referido direito ao servidor público. 3. Todavia, os policiais civis já são remuneradoscom gratificação de tempo integral, parcela que não é devida a outras categorias, abrangendo, portanto, otrabalho em período noturno. 4. Logo, é indevido o adicional noturno questionado. 5. Apelação Civilconhecida e não provida, mantida a sentença que rejeitou a pretensão inicial. APELAÇÃO CÍVEL N°1.0024.07.744864-5/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): ANDERSON FLORENCIO DEOLIVEIRA - APELADO(A)(S): ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. CAETANO LEVI LOPES.

Ex positis, REJEITO os embargos.

Custas ex lege.

O SR. DES. MANUEL SARAMAGO:

VOTO

Acompanho o eminente Relator.

Registre-se, desde já, que as limitações advindas do regime jurídico estatutário ao qual está submetido opolicial civil devem respeitar garantias asseguradas pela Carta Magna.

O inciso IX do artigo 7º c/c o §3º do artigo 39, ambos da Constituição da República, em clara dicção,asseguram ao servidor público remuneração superior ao trabalho noturno exercido:

"Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de suacondição social:

(...)

IX - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno;"

"Art. 39 -

(...)

§3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissãoquando a natureza do cargo o exigir".

Em nível estadual, a Lei nº 10.245/95, dispondo sobre a jornada de trabalho noturno, do Pessoal civil eMilitar do Poder Executivo, estabeleceu:

"Art. 12- O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho acrescido de20% (vinte por cento), nos termos de regulamento."

Por sua vez, os arts. 124 e 127 da Lei Orgânica da Polícia Civil - Lei nº 5.406 - previram:

"Art. 124 - Os ocupantes de cargos de natureza estritamente policial, mencionados no artigo 59 e os decargos de chefia ou direção assim considerados nos termos do artigo 60, sujeitam-se ao expediente normaldas repartições públicas estaduais e ao regime do trabalho policial civil, que se caracteriza:

I - pela prestação de serviço em condições adversas de segurança, com risco de vida, cumprimento dehorários normais e irregulares, sujeito a plantões noturnos e a chamados a qualquer hora e dia, inclusive

nos dias de dispensa do trabalho;

Art. 127 - O ocupante de cargo de natureza estritamente policial somente poderá auferir as seguintesvantagens:

I - adicional pelo regime de trabalho policial civil;"

Regulamentando o serviço noturno dos policiais civis, em regime de plantão, a Resolução nº 6.473/2000 daextinta Secretaria de Estado de Segurança Pública preceitua:

"Art. 4º. O horário de funcionamento dos plantões das Unidades Policiais da Pasta será cumprido de 18:00às 08:30 horas e de 08:00 às 08:00 horas, respectivamente, nos dias úteis e nos finais de semana eferiados".

Cumpre salientar, ainda, que o eg. Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula nº 213, assentou ser"devido o adicional de serviço noturno ainda que sujeito ao regime de revezamento."

Mais, por não se confundirem, o adicional noturno e a gratificação de tempo integral, nem se dissesseconfigurar bis in idem na espécie - sem falar, embora desimportante, da diferença dos respectivospercentuais.

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Ainda, bastante dizer que o adicional noturno constitui vantagem decorrente do exercício desgastante dasfunções no respectivo período.

Pelo que, ACOLHO O INCIDENTE.

O SR. DES. BELIZÁRIO DE LACERDA:

Sr. Presidente.

Vinculado que estou ao Regimento e, consequentemente, com a obrigação de votar e, sobretudo, porque

estou reciclando o ponto de vista por mim sustentado na egrégia Sétima Câmara Cível, onde, por maioria,havíamos entendido que a compensação posterior do trabalho do policial expurga o seu direito depercepção do adicional noturno, e agora revendo o meu ponto de vista, tenho voto escrito, no sentido deacolher o incidente, registrando, ainda, que estive atento à sustentação oral.

VOTO

Dispõe o § 1º do artigo 5º da Constituição da República: "As normas definidoras dos direitos e garantiasfundamentais tem aplicação imediata".

Não poderia o Estado de Minas Gerais se escusar do pagamento do valor do adicional noturno sobre a horatrabalhada posterior às 22 h, assegurado ao servidor público não só pelos arts. 7º inc. IX e 39 § 3º, ambosda CR, mas também por derradeiro encontra-se na legislação ordinária estadual a norma do artigo 12 daLei 10.745/92 do seguinte teor:

"Art. 12 - O Serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) horas de um diae as 5 (cinco) horas do dia seguinte, será remunerado com o valor hora normal de trabalho acrescido de20%(vinte por cento), nos termos de regulamento."

A Constituição da República de 1988 assegura aos trabalhadores urbanos e rurais o direito ao recebimentode adicional por trabalho noturno determinando seu artigo 7º, IX, in verbis:

"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de suacondição social:

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno".

Por sua vez, a norma prevista no artigo 39, § 3º da CR assegura a aplicação de referido dispositivo aosservidores ocupantes de cargo público, como é o caso do requerente, servidor estadual.

O fato de que com o advento da Lei Estadual 5.406/69 os policiais civis perceberam "gratificação de tempointegral", vantagem esta que foi incorporada ao vencimento básico por meio das Leis Delegadas 42 e45/2000, em nada impede que os servidores daquela instituição venham a receber o adicional noturno,posto que a referida gratificação, ao ser incorporada ao vencimento básico, teve como destinatário todosos policiais civis, ativos e inativos, independente do horário em que trabalhou. Desta feita, com base nesteentendimento, a gratificação de tempo integral não guarda relação alguma com o instituto do adicionalnoturno, haja vista que este deve se dirigir apenas aos servidores que efetivamente trabalharam no horáriocompreendido entre 22h de um dia e 5h do dia seguinte, como apregoa a Constituição Federal ao disporem seu art.7º, IX, que a remuneração do trabalho noturno será sempre superior ao diurno.

Ademais, a Constituição da República e a Lei Estadual 10.745/92, sendo aquela hierarquicamente superiore ambas posteriores à edição da Lei 5.406/69, não fazem qualquer ressalva quanto à percepção doadicional noturno pelos integrantes da polícia civil, muito pelo contrário, a Lei 10.745/92 garante o direito a

todo o pessoal civil e militar do Poder Executivo Estadual.Concernente ao argumento de que o adicional noturno não é devido pelo fato de ser o trabalho noturnocompensado com 72 horas de folga, é crível que este não procede, haja vista que a escala de compensaçãoé estabelecida no intuito de que o servidor não extrapole a jornada de trabalho de 40h semanais. Já oadicional noturno se revela como uma indenização ao presumido dano causado ao organismo dotrabalhador em razão do anormal esforço no exercício da função.

Sobre o tema, cite-se a Súmula nº 213 do colendo Supremo Tribunal Federal: "É devido o adicional deserviço noturno ainda que sujeito ao regime de revezamento".

Revela-se direito do policial civil a percepção de remuneração relativa ao adicional por trabalho noturno,bem como o seu reflexo no 13º salário e terço de férias, bastando para tanto a prova do trabalho depoisdas vinte e duas (22) horas.

A Constituição da República do Brasil inspirada na valorização do trabalho como dignidade do trabalhoestabeleceu remuneração diferenciada entre trabalho diurno e o noturno.

Com tais considerações. ACOLHO O INCIDENTE.

O SR. DES. ALBERTO ALUÍZIO PACHECO DE ANDRADE:

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VOTO

Sr. Presidente, peço vênia ao E. Des. Relator, para adotar como minhas suas judiciosas colocações, umavez que comprovada a prestação de serviços pelo servidor público estadual, ou que ainda presta, emhorário noturno, nada obsta que seja reconhecido o direito do Policial Civil, ao recebimento do adicionalnoturno, nos termos do art. 12 da Lei Estadual nº 10.745 de 1992.

Pela uniformização.

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:

Sr. Presidente.

Peço vista dos autos.

SÚMULA: PEDIU VISTA O DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES. ACOLHIAM O INCIDENTE ORELATOR E OS DES. PAULO CÉZAR DIAS, ARMANDO FREIRE, DÁRCIO LOPARDI MENDES, ANTÔNIOARMANDO DOS ANJOS, FRANCISCO KUPIDLOWSKI, MAURÍCIO BARROS, MAURO SOARES DE FREITAS,DÍDIMO INOCÊNCIO DE PAULA, HELOÍSA COMBAT, SELMA MARQUES, RONEY OLIVEIRA, HERCULANORODRIGUES, CARREIRA MACHADO, ALMEIDA MELO, JOSÉ ANTONINO BAÍA BORGES, KILDARE CARVALHO,MÁRCIA MILANEZ, ALVIM SOARES, MANUEL SARAMAGO, BELIZÁRIO DE LACERDA E ALBERTO ALUÍZIOPACHECO DE ANDRADE. DESACOLHIA O INCIDENTE O DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS.

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NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. PRESIDENTE (DES. CLÁUDIO COSTA):

O julgamento deste feito foi adiado na Sessão do dia 08/06/2011, a pedido do Des. José Affonso da CostaCôrtes, após votarem acolhendo o incidente o Relator e os Desembargadores Paulo Cézar Dias, ArmandoFreire, Dárcio Lopardi Mendes, Antônio Armando dos Anjos, Francisco Kupidlowski, Maurício Barros, MauroSoares de Freitas, Dídimo Inocêncio de Paula, Heloísa Combat, Selma Marques, Roney Oliveira, HerculanoRodrigues, Carreira Machado, Almeida Melo, José Antonino Baía Borges, Kildare Carvalho, Márcia Milanez,Alvim Soares, Manuel Saramago, Belizário de Lacerda e Alberto Aluízio Pacheco de Andrade. Desacolhia oincidente o Des. Edivaldo George dos Santos.

Com a palavra o Des. José Affonso da Costa Côrtes.

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:VOTO

Trata-se de Incidente de Uniformização de Jurisprudência visando o pronunciamento desta Corte Superioracerca da divergência apontada, a saber, sobre a possibilidade de pagamento de adicional noturno em proldo servidor policial civil, consoante previsão do art. 12, da Lei estadual nº 10.745/92, diante da vedaçãoinscrita na Lei estadual nº 5.406/69 (por seus artigos 125, 127 e 128).

Verificada e examinada a controvérsia, filio-me a corrente que autoriza a incidência do adicional noturnoaos policiais civis em comprovada escala de plantão das 22 horas às 5 horas do dia seguinte, eis queencontra amparo em legislação ordinária estadual (Lei 10.745/92, especialmente o art. 12) e emdispositivo da Constituição Federal (art. 39, § 3º, c/c art. 7º, inciso IX).

Registre-se que os dispositivos, acima citados, têm aplicabilidade imediata, prescindindo deregulamentação.

Destaco, ainda, a Súmula nº 213 do Excelso Supremo Tribunal que consolidou o entendimento de que "édevido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento".

Anoto, por fim, que a instituição da gratificação de tempo integral, regida pela Lei Complementar Estadualnº 42/96, não é empecilho à percepção do adicional noturno, eis que distinta a natureza e a finalidadedesses acréscimos remuneratórios. Enquanto a gratificação especial é concedida em razão da dedicaçãoem tempo integral, de modo a impedir o exercício de outra atividade laboral, o adicional noturno tem porobjetivo remunerar o servidor por trabalho exercido em período noturno.

Deve ser levado em consideração que o adicional noturno é feito para remunerar o trabalhador que prestaserviço em situação gravosa e enquanto perdurar essa condição de trabalho.

Com tais considerações, acompanho o ilustre Relator para acolher o presente Incidente e Uniformizar oentendimento de possuir os Policiais Civis do Estado de Minas Gerais direito à percepção do adicionalnoturno como previsto no art. 12, da Lei Estadual nº 10.745/1992.

SÚMULA : ACOLHERAM O INCIDENTE, POR MAIORIA.

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