aÇÃo loas idoso renda maria gessi

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEO JUDICIRIA DE SOROCABA/SP.

AUTORA IDOSA/PRIORIDADE DE TRAMITAO: 67 ANOS

MARIA GESSI DE OLIVEIRA ANDRADE, brasileira, casada, desempregada, portadora da cdula de identidade RG n 18.958.418 e inscrita no CPF/MF sob o n 085.861.738-27, residente e domiciliada na Rua Vanderlei Felcio n 272, Conjunto Habitacional Hebert de Souza, Sorocaba/SP, por meio de seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelncia, propor

AO DE CONCESSO DE BENEFCIO DE AMPARO ASSISTENCIAL (LOAS),

com fundamento na lei n 8.473/93, decreto n 1.744/95 e no artigo 203, inciso V, da Constituio Federal de 1988, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, na pessoa de seu representante legal, com sede na Av. Itavuvu, n 223, Vila Olmpia, Sorocaba/SP, pelas razes de fato e de direito a seguir aduzidas:DOS FATOS

Em 24/06/2013 a autora com 67 anos de idade, desempregada, pessoa humilde e sem condies de retorno ao mercado de trabalho devido idade avanada e ao seu estado de sade debilitado, requereu junto ao INSS o benefcio assistencial de amparo ao idoso registrado sob o n 88/700.394.948-3, o qual foi indeferido pelo Ru sob a alegao de que a renda per capita superior a do salrio mnimo vigente.

Cumpre salientar que a Autora reside com seu esposo sendo que a nica renda mensal com a qual sobrevive a proveniente da aposentadoria percebida pelo marido, no valor bruto de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais).

No entanto, ainda que a renda da famlia seja superior a 1/4 do salrio mnimo estabelecido pela legislao, ainda assim, no suficiente para descaracterizar a condio de miserabilidade da Autora, tendo em vista os gastos com medicamentos, alimentao, energia, gua, Iptu e vesturio.

Sendo assim, no restando alternativa, vem a Autora socorrer-se do Judicirio Federal a fim de ter sua pretenso atendida.

DO DIREITO

A pretenso da Autora em receber o benefcio assistencial encontra-se devidamente amparada pela Lei Maior, especificamente no artigo 203 da Constituio Federal:

A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio Seguridade Social, e tem por objetivos:

I (...);II (...);III (...);IV (...);V a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover a prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a Lei.

Conforme se depreende do artigo 20, da lei 8.742/93, o benefcio de prestao continuada devido ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais e ao portador de deficincia, que comprove no possuir meios de prover prpria manuteno e nem de t-la provida por famlia.

Ademais, segundo o artigo 20, 1,da lei n 8.742/93, para fins de diviso da renda familiar entende-se como pessoas que vivem sob o mesmo teto, o requerente, o cnjuge ou companheiro, os pais e, na ausncia de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

In casu, o instituto Ru ao indeferir o pedido de benefcio assistencial da Autora foi absolutamente criterioso ao basear-se nica e exclusivamente na renda per capita de 1/4 do salrio mnimo.

certo que a renda familiar da Autora ultrapassa do salrio mnimo, porm, esse critrio no deve ser absoluto ao auferir o grau de miserabilidade da Autora, sobretudo, por ela denotar uma vida financeira sofrvel devido ao alto custo com alimentao, energia, gua, medicamentos e demais despesas que uma famlia comum necessita. Ato contnuo, toda pessoa tem o direito de viver em condies dignas de sobrevivncia; todavia, o que podemos perceber que, no presente caso, est havendo um sacrifcio notadamente exacerbado por parte da Autora, pois tm lhe faltado meios de prover a sua prpria subsistncia.

Urge salientar, que o Enunciado n 5 das Turmas Recursais do JEF/SP trata do assunto, seno veja-se:

A renda mensal per capita de (um quarto) do salrio mnimo no constitui critrio absoluto de aferio da miserabilidade para fins de benefcio assistencial.

Outrossim, vale ressaltar que pacfico o entendimento jurisprudencial de nossos Tribunais, no sentido de que o critrio da renda per capita no o nico vlido para comprovao da condio de miserabilidade.

Nesse sentido, urge transcrever o entendimento doutrinrio dos preclaros Carlos Alberto Pereira de Castro e Joo Batista Lazzari, na obra Manual de Direito Previdencirio, 5 edio, editora LTr, pgina 584, in verbis:

O benefcio assistencial, na forma de prestao continuada, est previsto no art. 203, V, da Constituio e corresponde garantia de um salrio mnimo mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meio de prover prpria manuteno ou t-la provida por sua famlia. (grifo nosso).

A corroborar com essa assertiva, insta trazer colao as ementas das judiciosas decises proferidas pelas colendas Turmas dos Egrgios Tribunais, cujas transcries seguem, ipsis litteris:AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIRIO. BENEFCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL VITALCIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIO. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. RENDIMENTO MENSAL PER CAPITA. ART. 20 DA LEI 8.742/93. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SMULA 7 DO STJ. PROVIMENTO NEGADO. 1. omissis. 2. O julgado regional reprochado foi proferido com base no conjunto probatrio construdo de forma idnea nos autos, o qual indicou expressamente a condio de miserabilidade do autor, requisito elementar concesso do benefcio assistencial. Portanto, a reviso deste quadro ftico encontra bice no Enunciado 7 da Smula deste Sodalcio. 3. A comprovao da situao econmica do beneficirio e sua real necessidade no se restringe a hiptese do artigo 20, 3, da Lei 8.742/93, que exige renda mensal familiar per capita no superior a 1/4 (um quarto) do salrio mnimo, pois tal condio pode ser verificada por outros meios de prova. 4. Deciso monocrtica confirmada, agravo regimental a que se nega provimento. (grifos nossos)(AgRg no REsp 478.379/RS, Rel. Ministro HLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA TURMA, julgado em 16.03.2006, DJ 03.04.2006 p. 427)

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIRIO. ASSISTNCIA SOCIAL. BENEFCIO DA PRESTAO CONTINUADA. REQUISITOS LEGAIS. ART. 20, 3, DA LEI N 8.742/93. CONDIO DE MISERABILIDADE. As disposies contidas na lei no furtam ao julgador o poder de auferir, mediante o conjunto probatrio contido nos autos, sobre outros critrios para se obter a condio de miserabilidade. O preceito contido no art. 20, 3, da Lei n 8.742/93 no o nico critrio vlido para comprovar a condio de miserabilidade preceituada no artigo 203, V, da Constituio Federal. A renda familiar per capita inferior a 1/4 do salrio-mnimo deve ser considerada como um limite mnimo, um quantum objetivamente considerado insuficiente subsistncia do portador de deficincia e do idoso, o que no impede que o julgador faa uso de outros fatores que tenham o condo de comprovar a condio de miserabilidade do autor. Recurso desprovido. (grifos nossos)(REsp 612.097/RS, Rel. Ministro JOS ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 07.04.2005, DJ 09.05.2005 p. 460)

Verifica-se, portanto, que a Autora est perfeitamente amparada pela Lei, ou seja, preenche todos os requisitos legais, quais sejam a idade superior a 65 anos e a impossibilidade de prover sua subsistncia, ou contar com a renda de seus familiares.

De mais a mais, imperioso mencionar que o caput do art. 34 da Lei n. 10.741 de 1 de outubro de 2003 (institui o Estatuto do Idoso) dispe que aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que no possuam meios para prover sua subsistncia, nem de t-la provida por sua famlia, assegurado o benefcio mensal de 1 (um) salrio-mnimo, nos termos da Lei Orgnica da Assistncia Social - Loas. O pargrafo nico do mesmo artigo, por sua vez, estabelece que O benefcio j concedido a qualquer membro da famlia nos termos do caput no ser computado para os fins do clculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas. Pois bem.Partindo-se de uma interpretao restrita, concluir-se-ia que, apenas no caso em que o marido da autora recebesse o benefcio previsto no caput do dispositivo supracitado (benefcio assistencial/LOAS), tal quantia no seria computada para clculo da renda familiar mensal, motivo pelo qual a autora faria jus ao benefcio em apreo. No obstante a redao do dispositivo em questo no se refira expressamente ao benefcio previdencirio (aposentadoria), h de se concluir que, por aplicao analgica ao dispositivo supra, a renda obtida pelo marido da autora, no valor de um salrio mnimo, ainda que de natureza previdenciria, no pode servir de base para estabelecer a renda do grupo familiar da requerente. Por conseguinte, tal renda (aposentadoria), no deve ser computada para efeito de aferio da renda familiar. bem verdade, que tal inteligncia pode ser perfeitamente aplicvel para concesso do benefcio em questo, mormente por ser o mesmo valor da quantia paga pela Previdncia Social seja a ttulo de benefcio assistencial ou previdencirio (como o caso do marido da autora).

Assim sendo, a aplicao analgica hiptese em comento de rigor, tendo em vista que, o valor percebido pelo cnjuge da autora de 1 (um) salrio mnimo igual ao benefcio assistencial (R$ 678,00) diferenciando-se apenas quanto sua natureza previdenciria.

Ora, se o cerne da questo trazida pelo nico do artigo 34 da Lei 10.741/03 a excluso do valor de R$ 678,00 recebido a ttulo de benefcio assistencial do cmputo da renda familiar, inexiste razo para a no excluso da renda de R$ 678,00 recebida a ttulo de benefcio previdencirio.

Perceba N. Julgador que so casos semelhantes, divergindo apenas quanto natureza dos benefcios.

Significa dizer, que estando diante de duas famlias como no caso supramencionado, ambas devem ser amparadas pelo benefcio assistencial, sob pena de fazer tabula rasa ao princpio da isonomia to resguardado pela Constituio Federal.Portanto, a similitude entre as situaes est plenamente demonstrada, a uma pelo valor de ambos os benefcios (R$ 678,00) e, a duas pelo bem maior da Lei 10.741/03 que seria a proteo aos idosos.

A propsito:

PREVIDENCIRIO. BENEFCIO ASSISTENCIAL. AGRAVO RETIDO. INVLIDO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. TERMO INICIAL. HONORRIA. REEXAME NECESSRIO.I - De acordo com o art. 139 da Lei n. 8.213/91 c.c. pargrafo nico do art. 29 da Lei n. 8.742/93 e pargrafo nico do art. 32 do Decreto 1.744/95, o INSS o responsvel pela operacionalizao e concesso do benefcio de amparo social.II - Tutela antecipada mantida uma vez que preenchidos os requisitos do artigo 20 da Lei n. 8.742/1993.III - de ser deferido benefcio assistencial a idoso, hoje tem 69 anos, portador de demncia em decorrncia de acidente vascular cerebral, que vive em estado de pobreza, no tendo como suprir suas necessidades e mantido pela esposa com sua aposentadoria mnima e pela c aridade da comunidade.IV - Aplica-se, por analogia, o pargrafo nico do artigo 34, da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que estabelece que o benefcio j concedido a qualquer membro da famlia, nos termos do "caput," no ser computado para fins de clculo da renda familiar "per capita" a que se refere a LOAS.V - H no conjunto probatrio, elementos que induzem convico de que a autora est entre o rol dos beneficirios descritos na legislao.VI - O termo inicial do benefcio deve ser mantido na data do requerimento administrativo, momento em que o INSS tomou conhecimento da situao da autora.VII - Honorrios advocatcios fixados em 10% do valor da condenao, at sentena (Smula 111, do STJ).VIII - Recurso do INSS e da autora improvido.IX - No o caso de se conhecer do reexame necessrio, considerando que a sentena foi proferida aps a vigncia da Lei n. 10.352/01 e o valor da condenao no excede a 60 salrios mnimos. (TRIBUNAL - TERCEIRA REGIO; Classe: AC - APELAO CIVEL - 857634; Processo: 200303990054810 UF: SP rgo Julgador: NONA TURMA; Data da deciso: 19/04/2004 Documento: TRF300082255; DJU DATA: 27/05 /2004 PGINA: 375; JUIZA MARIANINA GALANTE).

PREVIDENCIRIO. BENEFCIO ASSISTENCIAL. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. SMULA 61 DESTA CORTE. CANCELAMENTO. EXCLUSO DA UNIO FEDERAL DO PLO PASSIVO DA LIDE. TUTELA ANTECIPADA.1. O INSS o nico ente legitimado para figurar no plo passivo de ao que trata do benefcio de prestao continuada previsto no art. 203, inciso V, da Constituio Federal, regulado pela Lei n. 8.742/93.2. O legislador, ao estabelecer no pargrafo nico do art. 34 da Lei n. 10.741/2003, que o benefcio de prestao continuada j concedido a qualquer membro da famlia nos termos do caput no ser computado para os fins do clculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS, teve como objetivo preservar a renda mnima auferida pelo idoso, ou seja, assegurar que o minguado benefcio (de um salrio mnimo), no seja considerado para efeito do clculo da renda familiar per capita. Desse modo, possvel estender, por analogia, tal raciocnio aos demais benefcios de renda mnima (aposentadoria por idade rural, por exemplo), ainda que no seja aquele previsto na LOAS, na medida em que ambos se destinam manuteno e sobrevivncia da pessoa idosa, porquanto seria ilgico fazer distino apenas porque concedidos com base em suportes fticos distintos.(...).(TRIBUNAL - QUARTA REGIO; Classe: AC - APELAO CIVEL - 569714; Processo: 200171050030197 UF: RS rgo Julgador: QUINTA TURMA; Data da deciso: 29/06/2004 Documento: TRF400098153; DJU DATA: 19/08/2004 PGINA: 550; JUIZ CELSO KIPPER).

Destarte, aplicando a interpretao analgica j mencionada no caso em apreo, o valor do benefcio percebido pelo marido da autora no valor de um salrio mnimo dever ser desconsiderado, resultando em uma renda familiar igual a zero.

Assim, luz do expendido e em resguardo ao Princpio da dignidade da pessoa humana (art. 1, inciso III da CF), manifesta-se cristalina a leso ao direito invocado, merecendo a Autora a procedncia do pedido ora formulado na presente ao, no que tange concesso do benefcio assistencial ao idoso, com efeitos retroativos desde a data de ingresso perante a via administrativa, ou seja, 24 de junho de 2013, nos termos supramencionados.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, a Autora requer a Vossa Excelncia digne-se:a) determinar que as publicaes inerentes presente sejam remetidas em nome deste procurador, sob pena de nulidade dos atos processuais;

b) designar percia social na residncia da Autora com o desiderato de verificar as condies socioeconmicas da Postulante;

c) proceder a citao do Ru, nos termos da presente, com os benefcios do artigo 172, 2, do Cdigo de Processo Civil, para, querendo, contestar, no prazo legal, sob pena de reputarem-se verdadeiros os fatos aqui articulados;

d) julgar totalmente procedente o pedido, por meio da concesso do benefcio previdencirio de amparo assistencial ao idoso em favor da Autora e, conseqentemente, condenar o Ru no pagamento das prestaes mensais anteriores, desde a data do requerimento administrativo, ou seja, 24 de junho de 2013, acrescidos de juros e correo monetria;

e) promover a condenao ao pagamento das custas judiciais e honorrios advocatcios base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenao;

f) em caso de no cumprimento de determinao judicial, seja a autarquia R condenada a pagar multa diria no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais), conforme artigo 461, 4, do Cdigo de Processo Civil;

g)e por fim, seja concedido o pedido de prioridade de tramitao dos autos conforme artigo 71 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso)Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente, pelo depoimento pessoal do requerido, prova pericial e oitiva de testemunhas.

D-se causa o valor de R$ 8.136,00 (oito mil cento e trinta e seis reais).

Nesses termos,pede deferimento.

Sorocaba, 30 de julho de 2013.

KELLER DE ABREUOAB/SP 252.224

ALESSANDRA ANDRADEOAB/SP 195.042-E