ação declaratória-ii (com antecipação de tutela)

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  • 7/29/2019 Ao Declaratria-II (com antecipao de tutela)

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    ESFERA PROCESSUAL TRIBUTRIAAO DECLARATRIA (COM ANTECIPAO DA TUTELA)

    EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DA FAZENDA PBLICA DO ESTADO DE SOPAULO

    JOO DA SILVA (qualif icao), por seu advogado e bastante procurador (doc.01), vem, respeitosamente, presena de V. Exa., com fundamento no artigo 4 , I,combinado com o artigo 282, ambos do Cdigo de Processo Civil, ajuizar

    AO DECLARATRIA DE INEXISTNCIA

    DE VNCULO JURDICO

    contra a Prefeitura do Municpio de So Paulo, pelos motivos de fato e de direito aseguir expostos:

    I - DOS FATOS

    1. Em 1998 foi editada, no Municpio de So Paulo, a Lei n. 2.777, instituindoTaxa de Conservao e L impeza de Logradouros Pbl icos, tendo como fato

    imponvel o servio pblico de limpeza e conservao de caladas, ruas e avenidaspblicas dentro do permetro urbano do Municpio de So Paulo.

    Os sujeitos passivos da aludida taxa so os proprietrios dos imveis urbanosno Municpio de So Paulo. A base de clculo eleita foi o valor venal dos imveis, ea alquota foi fixada em 1%.

    O Autor, sendo proprietrio de imvel dentro do permetro urbano do Municpiode So Paulo (doc. 02), foi eleito como sujeito passivo da Taxa de Conservao eLimpeza de Logradouros Pbl icos. Porm, conforme restar demonstrado, arefer ida taxa encontra-se eivada de inconst itucionalidade, por total afronta aodisposto no artigo 145, inciso II e 2 , do Texto Constitucional.

    Estes os fatos.

    II - DO DIREITO2. O artigo 145, inciso II, do Texto Constitucional expresso em determinar:

    "Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios poderoinstituir os seguintes tributos:

    I - impostos;

    I I - taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela uti lizao,efetiva ou potencial, de servios pbl icos especf icos e divisveis,prestados ao contribuinte ou postos a sua disposio;

    III - contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas".

    O legislador const i tucional outorgou competncia aos entes polt icos parainst i tuir as taxas em razo do exerccio do poder de polcia e decorrentes de

    servios pblicos especficos e divisveis.Portanto, da simples anlise da Lei n. 2.777/98 se constata que o fato gerador

    a prestao de servios de limpeza e conservao de caladas, ruas e avenidaspblicas, servios esses que no podem ser considerados como servios pblicosespecf icos e divisveis, uma vez que no relacionados diretamente a determinadocontribuinte ou grupo de contribuintes.

    Os servios de limpeza e conservao de caladas, ruas e avenidas pblicasso servios relat ivos a toda a colet iv idade, o que torna impossve l sua

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    remunerao por intermdio das taxas.

    Nesse sentido, as lies de ROQUE ANTONIO CARRAZZA:

    "Portanto, os servios pblicos dividem-se em gerais e especficos. Osservios pblicos gerais, ditos universais, so os prestados uti universi,isto , indistintamente a todos os cidados. Eles alcanam a comunidade,como um todo considerada, beneficiando nmero indeterminado (ou, pelomenos, indeterminvel) de pessoas. o caso dos servios de iluminaopblica, de segurana pblica, de diplomacia, de defesa externa do Pasetc. Todos eles no podem ser custeados, no Brasil, por meio de taxas,mas, sim, de receitas gerais do Estado, representadas, basicamente,pelos impostos, conforme vimos no t pico anterior.

    J, os servios pblicos especficos, tambm chamados singulares, soos prestados uti singuli. Referem-se a uma pessoa ou a um nmerodeterminado (ou, pelo menos, determinvel) de pessoas. So de utilizaoindividual e mensurvel. Gozam, portanto, de divisibi lidade, dizer, dapossibilidade de avaliar-se a util izao efetiva ou potencial, individualmenteconsiderada. o caso dos servios de telefone, de t ransporte colet ivo, de

    fornecimento domiciliar de gua potvel, de gs, de energia eltrica etc. Estes,sim, podem ser custeados por meio de taxas de servio" (Curso de DireitoConstitucional Tributrio,Malheiros Editores, 14 edio, p. 357) .

    3. E mais, a Taxa de Limpeza e Conservao instituda pela Lei n. 2.777/98tem como base de clculo o valor venal do imvel, o que importa em violao aodisposto no 2 do artigo 145 do Texto Constitucional, qu e assim determina:

    "A rt. 145. ...............................................................................

    2 As taxas no podero ter base de clculo prpria dos impostos".

    Ora, Excelncia, o valor venal do imvel base de clculo prpria do Impostosobre propr iedade predial e terr i tor ial urbana, no se prestando para amparar aTaxa instituda pelo Mun icpio de So Paulo.

    Resta clara, assim, a total inconstitucionalidade da Taxa instituda pela Lei n.2.777/98.

    III - DA ANTECIPAO DOS EFEITOS DA TUTELA

    4. O artigo 273 do Cdigo de Processo Civil dispe que:

    "Art. 273. O juiz poder, a requerimento da parte, antecipar, total ouparcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,existindo prova inequvoca, se convena da verossimilhana da alegaoe:

    I - haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao; ou

    I I - f ique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifestopropsito protelatrio do ru".

    A prova inequvoca da verossimilhana da alegao decorre da f lagranteviolao ao disposto no inciso I I e 2 do art igo 145, conforme amplamentedemonstrado pelo Autor.

    O fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao consiste no fatode que, sem a antecipao dos efeitos da tutela, o Ru certamente determinar olanamento da aludida Taxa com aplicao da multa pelo no-recolhimento, o queimpedir a obteno de Cert ides Negativas de Dbi to e, posteriormente,determinar a inscrio do referido Dbito na Dvida Ativa, ajuizando a competente

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    Execuo Fiscal com a penhora de bens do Autor, o que por si s j trar enormesprejuzos ao Autor.

    Por outro lado, caso efetue o pagamento do dbi to e, posteriormente, apresente ao venha a ser julgada procedente, o Autor ter de se sujeitar aocaminho tortuoso da repetio do indbito.

    Resta c lara, assim, a presena dos requis itos previs tos no ar tigo 273 doCdigo de Processo Civil.

    IV - DO PEDIDO

    5. Provado, saciedade, o direito do Autor de no se sujeitar ao recolhimentoda Taxa de Conservao e L impeza de Logradouros Pbl icos inst itu da porintermdio da Lei n. 2.777/98, por total afronta ao art igo 145, II e 2 , do TextoConstitucional, requer desde j a antecipao dos efeitos da tutela a fim de afastara incidncia da referida taxa.

    Requer, ainda, o Autor seja citada a R, para, querendo, contestar a presenteao, a qual dever ser ju lgada totalmente procedente, a f i m d e q u e s e j adeclarada a inexistncia de vnculo jur dico entre o Autor e a R no tocante incidncia da Taxa de Conservao e Limpeza de Logradouros Pblicos institudapela Lei n. 2.777/98.

    Requer , out rossim, seja a R condenada ao pagamento dos honorr iosadvocatcios, custas e demais despesas processuais.

    O Autor provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

    Termos em que, dando caus a o valor de R$ (valor da taxa)...,

    p. deferimento.

    Data

    Assinatura do Advogado