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Ação Civil Pública n. 276 fls. 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MARINGÁ. O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seus representantes, com fundamento no artigo 129, inc. III, da CF, c.c. artigo 1º, da Lei nº 7.347/1985 c.c. as disposições da Lei n. 8.429/92 e levando em conta o que se apurou nos autos de Inquérito Civil Público nº MPPR-0088.13.001265-6, instaurado no âmbito da 1ª Promotoria de Justiça desta Comarca de Maringá vêm à presença de Vossa Excelência, promover AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C RESPONSABILIDADE POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face do ADILSON CARLOS LOPES, brasileira, casado, funcionário público, residente e domiciliado na Rua Rio Senna, nº 199, Jardim Oasis, na cidade de Maringá-PR, celular 44-98764779 e devidamente inscrito no CPF n° ............;

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Ação Civil Pública n. 276 fls. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MARINGÁ.

O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seus

representantes, com fundamento no artigo 129, inc. III, da

CF, c.c. artigo 1º, da Lei nº 7.347/1985 c.c. as disposições da

Lei n. 8.429/92 e levando em conta o que se apurou nos

autos de Inquérito Civil Público nº MPPR-0088.13.001265-6,

instaurado no âmbito da 1ª Promotoria de Justiça desta

Comarca de Maringá vêm à presença de Vossa Excelência,

promover

AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C RESPONSABILIDADE

POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em face do

ADILSON CARLOS LOPES,

brasileira, casado, funcionário público, residente e domiciliado

na Rua Rio Senna, nº 199, Jardim Oasis, na cidade de

Maringá-PR, celular 44-98764779 e devidamente inscrito no

CPF n° ............;

Ação Civil Pública n. 276 fls. 2

RENATO PIMENTA LOPES,

brasileiro, casado, funcionário público, residente à Rua

Pioneiro Genir Galli, nº 294, Bloco 2, ap.403, Jardim Sumaré,

na cidade de Maringá, fone 44-99720679 e 44-30262495 e

devidamente inscrito no CPF/MF .........;

VITOR GIMENEZ DEZOPA,

brasileiro, solteiro, funcionário público, residente à Rua Rubi,

nº667, Jardim Real, na cidade de Maringá, fone 44-30286003

e devidamente inscrito no CPF/MF ....,

FERNANDO DOS SANTOS

FERNANDES, brasileiro, solteiro, funcionário público,

residente e domiciliado à Rua Pioneiro Antonio de Paula

Freitas, nº 90-A, Jardim Império do Sol, na cidade de Maringá,

devidamente inscrito no CPF/MF sob nº.......;

JOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA,

brasileiro, casado, funcionário público, residente e domiciliado

à Rua Pioneiro Florindo Biagi, nº 109-B, Jardim São Clemente,

na cidade de Maringá, fone 44-32554833 e 44-98259922,

devidamente inscrito no CPF/MF sob nº.......;

JOÃO BATISTA RIBEIRO ROZA,

brasileiro, casado, funcionário público, residente e domiciliado

à Rua Maria Dolores Garcia, nº 465, Jardim Cristina, na

Ação Civil Pública n. 276 fls. 3

cidade de Mandaguari, fone 44-99313646, devidamente

inscrito no CPF/MF sob nº......., pelos fatos e fundamentos a

seguir aduzidos:

______________________1. Dos fatos e antecedentes.

O autor em data de 24.06.2013

instaurou Inquérito Civil Público – autos sob nº MPPR-

0088.13.001265-6 - visando apurar eventual conduta de

improbidade administrativa cometida pelos agentes

penitenciários.

Com efeito, apurou-se que em data

de 14 de fevereiro de 2013 a pessoa de Marcos de Souza Melo

havia sido presa no Município de Ourizona-Pr, em face de ter

estuprado e levado a óbito a sua genitora adotiva nominada de

Maria Raimunda de Paula, com 78 anos de idade, inclusive

havia confessada que vinha abusando sexualmente da idosa

nos últimos meses.

Por conta dos fatos acima, Marcos de

Souza Melo, foi recolhido à cadeia pública da cidade de

Mandaguaçu, em perfeita condições física, conforme se vê do

material fotográfico (fls. 93/97 do ICP) e do teor do oficio

firmado pela autoridade policial da referida cidade (fls. 92 do

Ação Civil Pública n. 276 fls. 4

ICP).

Em seguida, ou seja, no dia

15.02.2013, atendendo determinação da autoridade policial de

Mandaguaçu, a pessoa de Marcos de Souza Melo foi entregue à

Casa de Custódia de Maringá, conduzido pelos policiais civis

da referida cidade, mediante recibo de escolta nº 734, estando

normal, lúcido e respondendo o que lhe era perguntado e sem

qualquer queixa de dores, mas constando tão somente

algumas observações quanto a sua integridade física, a saber:

lábio cortado, cotovelo direito, vermelhidão nas costas, roxo no

braço direito e ombro direito (ver recibo de escolta - fls. 43 e 98

do ICP).

Os referidos policiais civis em

declarações confirmaram que:

“... que é policial e trabalha como responsável

pela carceragem (...) que temendo matarem a vitima, o

delegado solicitou que o removessem; que enquanto

aguardava a remoção, o detento permaneceu durante o

dia todo algemado em uma grade, junto aos corredores da

Delegacia que dava acesso a carceragem (...) por medida

de segurança entraram em contato com o Juiz da cidade

e da VEP e conseguiram na mesma data, por volta das

18h00, transferir o preso que estava separado e sem

ferimentos. Que foi trazido a Casa de Custódia, algemado,

mãos e pés no camburão da viatura; que no momento da

entrega, os agentes, que eram cerca de cinco homens, os

Ação Civil Pública n. 276 fls. 5

quais deixaram o preso nu, para conferencia de eventuais

lesões, tendo feito as anotações constantes do recibo

juntado a folha 40 e assinado pelo Policial Civil Chagas;

que o declarante e policial Chagas, ficaram na porta do

recinto, enquanto os agentes faziam a revista no preso e o

viram também sem as roupas; que confirma assim, que o

preso somente apresentava os sinais apresentados no

recibo, as quais considera insignificantes (...) Que no

momento da entrega do detento na CCM o mesmo

continuava normal, lúcido e respondendo o que lhe era

perguntado e sem qualquer queixa de dores ou lesões.

Que em nenhum momento o declarante percebeu

qualquer alteração no comportamento do detento em

questão, esclarecendo que o mesmo estava calmo, não

deu nenhum tipo de trabalho, enquanto esteve na

delegacia ou por ocasião de sua remoção a CCM.”

(Antonio Aparecido Leite – fls. 100/101 do ICP).

“... que decorrer do dia o delegado

providenciou a remoção do detento para a CCM de

Maringá, e somente no final da tarde, por volta das 18h00

conseguiram a remoção de Marcos. Que o declarante,

juntamente com o investigador Leite, conduziu o detento

Marcos com os pés e mãos algemados, no camburão da

viatura até a CCM. As 18h40 entregou o preso na CCM,

onde cerca de cinco agentes o receberam, sendo que o

conduziram a uma sala, onde acompanharam a vistoria,

tendo visto o preso sem roupas e somente foram feitas as

anotações do recibo de fls. 40, o qual o declarante

confirma a sua assinatura. Que todo o tempo o detento

estava calmo e lúcido (...) que durante todo o contato que

teve com o detento Marcos, não percebeu que o mesmo

sofresse de problemas psiquiátricos...” (Luis Fabiano

Ação Civil Pública n. 276 fls. 6

Chagas – fls. 103 do ICP).

Ocorre que no dia 16.02.2013

(sábado), no período vespertino, os réus Adilson Carlos Lopes,

Renato Pimenta Lopes, Vitor Gimenes Dezoppa, Fernando dos

Santos Fernandes Junior, Joel Rodrigues de Oliveira e João

Batista Ribeiro Roza, integrantes da “equipe Bravo”,

incumbidos da responsabilidade prisional da Casa de Custódia

de Maringá, dirigiram-se ao cubículo 1411 da mencionada

Casa de Custódia, onde estava encarcerado à pessoa de

Marcos de Souza Melo, com vontades livres e conscientes,

cada um aderindo o propósito do outro, isto é, com dolo

intenso, submeteram Marcos de Souza a intenso sofrimento

físico e moral, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal,

mediante agressões múltiplas e generalizadas, causando

ferimentos, hematomas, contusões e escoriações (ver laudo de

exame de local e morte – fls. 151/155 do ICP), agressões essas

que foram à causa eficiente de sua morte.

A declaração de óbito aponta que

Marcos de Souza Melo faleceu no dia 17.02.2013, por volta das

18:30 horas, por insuficiência respiratória toraxica aguda,

trauma toraxo – abdominal, decorrente de agressão física (fls.

77 do ICP) e material fotográfico (fls. 386/391).

O Agente de cadeia Mario Francisco

Ação Civil Pública n. 276 fls. 7

Mansano, em declarações prestadas na Delegacia de Polícia e

em sede de Inquérito Policial, confirmou os fatos acima

narrados, dizendo:

“[...] QUE, deseja esclarecer que estava

presente por ocasião dos fatos relativos a agressão

do preso MARCOS, sendo que estavam no local

fazendo revista dos cubículos em frente, pois havia

noticia que poderia haver ferros no local; QUE, em

relação ao detento do cubículo 1411, não sabe dizer

o motivo que levaram os agentes a abrirem a porta,

mas o depoente viu o detento pela portinhola antes

de abrirem a porta, pois este pôs a cara portinhola, e

falava alguma coisa de sua mãe; QUE, abriram a

porta da cela e o preso veio para fora sendo que o

CARLÃO e mais um dos agentes começaram a dar

socos e chutes no preso, até que um deles deu uma

rasteira no preso, derrubando o mesmo ao chão;

QUE, ainda agrediram o preso no chão até que

algemaram ele; QUE, um dos guardas pisou na

cabeça do preso, pois este continuava se debatendo;

QUE CARLÃO ficou em cima do preso, e o outro

guarda pisando na cabeça do mesmo; QUE, depois

levaram ele para dentro do cubículo algemado; QUE,

não sabe dizer se tiraram a algema dentro do

cubículo; QUE, diz isto levou cerca de cinco minutos

(...) QUE, depois que levaram o preso para dentro,

acha que continuaram a bater no mesmo;

esclarecendo que ficaram uns três a quatro minutos

lá dentro; QUE, não viu utilizaram tonfa para bater

Ação Civil Pública n. 276 fls. 8

no preso MARCOS, somente darem chutes e socos...”

(fls. 143/144 do ICP).

O Ministério Público, por sua

Promotoria de Justiça com atribuições de Gaeco/Maringá,

ofereceu denúncia crime contra os réus acima nominados, por

entender que estavam incurso nas sanções descritas no art.

1º, inciso II, § 3º e 4º, inciso I, da Lei nº 9455/97 (tortura

qualificada pelo resultado morte) c.c. art. 29 do Código Penal

(ver denúncia de fls. 05/09 do ICP).

Os referidos réus, assim agindo,

também, sem sombra dúvida, cometeram ato de improbidade

administrativa, na medida em que por ação dolosa atentaram

contra os princípios da Administração Pública, dentre os quais

o princípio da legalidade, ou seja, às disposições do art. 1º,

inciso II, § 3º e 4º, da Lei nº 9.455/07 (Lei de Tortura), bem

como as disposições dos artigos 1º e 2º e anexos Decreto

Estadual nº 1769/07, em especial, os princípios norteadores

da função de agente penitenciário previsto no Regulamento de

Procedimentos Administrativos Disciplinares do Agente

Penitenciário do Estado do Paraná (art. 2º, inciso I) e princípio

da lealdade a Instituição Estado do Paraná, em face da sua

função ser longa manus do Estado no tocante ao exercício da

política penitenciária do ente público estadual e notadamente

pela prática de ato visando o fim proibido em lei e no

regulamento anteriormente mencionado e diverso daquele da

Ação Civil Pública n. 276 fls. 9

regra de sua competência (art. 11, inciso I da Lei 8.429/92 c.c.

art. 37, § 4° da CF).

Melhor detalhando, os referidos réus,

no dia dos fatos acima narrados, aproveitando-se da condição

de agentes penitenciários do Estado do Paraná e de plantões

na Casa de Custódia de Maringá, desrespeitando as normas

expressas e previstas no Regulamento de Procedimentos

Administrativos do Agente Penitenciário do Estado do Paraná

(Decreto Estadual 1769/2007) agrediram física e moralmente

o encarcerado Marcos de Souza Melo, causando as lesões

descritas no incluso laudo de exame de local e morte (fls.

151/155 do ICP) que foram à causa e eficiência de sua morte.

Daí porque o autor, vivenciando mais de

perto as implicações e efeitos que uma tardia aplicação da lei

penal pode ocasionar à formação moral dos agentes

penitenciários desta cidade e do Estado, resolveu fazer uso

desta AÇÃO CIVIL PÚBLICA, com o fim de obter a reparação

do dano mais imediato, ou seja, o devido respeito aos

princípios norteadores da administração pública (legalidade,

eficiência), bem como dos deveres de lealdade a instituição,

Estado do Paraná, notas marcantes e esperadas de todos

quantos pertençam aos quadros do funcionalismo público

Estadual.

Ação Civil Pública n. 276 fls. 10

________________________2. DO DIREITO À ESPÉCIE:

Inicialmente, o autor fundamenta o

seu direito nas disposições do art. 129, inciso III, da

Constituição Federal, a qual prevê como função institucional

a promoção de ação civil pública para a proteção do

patrimônio público. Confira:

“Art. 129. São funções institucionais do

Ministério Público:

(...)

III – promover o inquérito civil e a ação civil

pública, para a proteção do patrimônio público e social,

do meio ambiente e de outros interesses difusos e

coletivos

A Lei Federal n° 8.625/93, em seu

art. 25, guardando conformidade com as disposições acima

mencionadas, prescreve que:

“Art. 25. Além das funções previstas nas

Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis,

incumbe, ainda, ao Ministério Público:

(...)

IV – promover o inquérito civil e a ação civil

pública, na forma da lei:

Ação Civil Pública n. 276 fls. 11

a) para a proteção, prevenção e reparação dos

danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos

bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,

turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos,

coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos;

b) para a anulação ou declaração de nulidade

de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade

administrativa do Estado ou de Município, de suas

administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades

de que participem”.

Como se verifica, a legitimação do

autor decorre de lei, não havendo óbice para pretensão que

ora deduz junto ao este Juízo.

Conforme acima narrado, a conduta

dos réus para exercer as atividades de agentes penitenciários

na Casa de Custódia de Maringá, em especial para os atos

desenvolvidos junto ao encarcerado Marcos de Souza Melo,

não tem respaldo legal e viola flagrantemente as regras e

princípios previstos no Decreto Estadual nº 1769/2007, que

assim destaca:

“Art. 2º. São princípios norteadores da função

de agente penitenciário:

Ação Civil Pública n. 276 fls. 12

I – respeito à dignidade e direitos dos presos

ou internos, garantindo a sua integridade física e moral,

na forma estabelecida na Constituição Federal, na

Constituição Estadual e na Lei de Execução Penal;

II – isenção de ânimos pessoais no exercício de

suas funções;

III – compromisso com os fins da execução

penal à luz das leis disciplinadoras da matéria;

IV – colaborar com a implantação da melhoria

do sistema prisional, com vistas à ressocialização dos

apenados;

(...)

V – disciplina;

VI – exercício das funções penitenciárias com

probidade, moderação e respeito.”

Os réus também deixaram de

cumprir seus deveres de agentes penitenciários previstos no

aludido Regulamento, assim dispostos:

“Art. 3º. São deveres do agente penitenciário

que atua no Sistema Penitenciário do Estado do Paraná:

(...)

III. tratar as pessoas com urbanidade;

(...)

V – ser leal e ter respeito às instituições

constitucionais e administrativas a que servir;

VI. desempenhar as atribuições legais e

regulamentares inerentes ao cargo ou função com zelo,

dedicação, eficiência e probidade;

(...)

Ação Civil Pública n. 276 fls. 13

XVI. respeitar a integridade física e moral dos

presos ou internos;

(...)

XX. cumprir suas obrigações de maneira que

inspirem respeito e exerçam influencias benéficas nos

presos ou internos;

XXI. obedecer e executar as ordens legais.”

Os réus também tinham

conhecimento de que o Regulamento acima mencionado

proibia a conduta de submeter o preso ou interno sob sua

guarda ou custódia a constrangimento ou vexame. Confira:

“Art. 4º Ao agente penitenciário é proibido, na

forma do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado

do Paraná e da Constituição Federal:

(...)

XVII. ofender a moral ou os bons costumes, do

preso ou interno, colega de trabalho, com palavras atos

ou gestos;

(...)

XXI. submeter preso ou interno sob sua guarda

ou custódia a constrangimento e vexame

(...)

XXIV. praticar ato definido como infração

penal.”

É certo também que os réus,

mancomunados entre si e utilizando-se da forma odiosa

acima narrada, praticaram atos de improbidade

Ação Civil Pública n. 276 fls. 14

administrativa, que importam em violação aos princípios da

Administração Pública, notadamente, os princípios da

legalidade, moralidade e eficiência, bem como praticaram ato

visando fim proibido em lei e na regra de sua competência.

É o que se vê das disposições do art.

11 e inciso I, da Lei 8.429/92:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade

administrativa que atenta contra os princípios da

administração pública qualquer ação ou omissão

que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei

ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra

de competência;

Os réus, por serem servidores do

Estado do Paraná, à época dos fatos, também infringiram as

disposições do art. 4º da Lei 8429/92:

"Art. 4º. Os agentes públicos de qualquer

nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita

observância dos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade e publicidade no trato

dos assuntos que lhe são afetos".

Ação Civil Pública n. 276 fls. 15

As condutas ímprobas praticadas

pelos referidos réus resultam de previsão constitucional,

sujeitando-os às medidas abaixo elencadas. Confira:

"Art. 37. A administração pública direta e

indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência

e, também, ao seguinte:"

(...)

§ 4º. Os atos de improbidade administrativa

importarão à suspensão dos direitos políticos, à

perda da função pública, à indisponibilidade dos

bens e o ressarcimento ao erário, na forma e

gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal

cabível.”

No dizer de Paulo Bonavides, "as

regras vigem, os princípios valem; o valor que neles se insere

se exprime em graus distintos. Os princípios, enquanto valores

fundamentais, governam a Constituição, o regímen, a ordem

jurídica. Não são apenas a lei, mas o Direito em toda a sua

extensão, substancialidade, plenitude e abrangência" (In Curso

de Direito Constitucional, Malheiros, 5a. ed., 1994, p.260).

Para Celso Antônio Bandeira de

Mello, in Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed.

1994, p. 451:

Ação Civil Pública n. 276 fls. 16

"Violar um princípio é muito mais grave

que transgredir uma norma qualquer. A desatenção

ao princípio implica ofensa não apenas a um

específico mandamento obrigatório, mas a todo o

sistema de comandos. É a mais grave forma de

ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o

escalão do princípio atingido, porque representa

insurgência contra todo o sistema, subversão de

seus valores fundamentais, contumélia irremissível

a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura

mestra. Isso porque, com ofendê-lo, abatem-se as

vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas

esforçada"

Referidos princípios são reproduzidos

na Constituição Estadual (art. 27), não havendo razão para

que os réus pudessem à época dos fatos alegarem ignorância

ou qualquer outra circunstância para descumpri-lo.

No tocante ao princípio da

legalidade, desrespeitados pelos réus, Celso Antônio Bandeira

de Mello, em magistral lição diz:

"... o princípio da legalidade é o da completa

submissão da Administração às leis. Esta deve tão

somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática.

Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde

o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da

República, até o mais modesto dos servidores, só

Ação Civil Pública n. 276 fls. 17

pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos

cumpridores das disposições gerais fixadas pelo

Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes

compete no direito brasileiro" (ob. cit., p. 48).

Quer significar que, o ato de todo o

servidor público; de todo o agente público; deve ser realizado

nos termos da Lei. Enquanto para o particular o que não é

proibido é permitido; ao administrador e à própria

Administração somente é permitido fazer o que a lei

expressamente autoriza, ou seja, o que não é permitido pela

lei é proibido.

O sempre lembrado Diógenes

Gasparini, em seu "Direito Administrativo", aponta que:

"O princípio da legalidade, resumido na

proposição suporta a lei que fizeste, significa estar a

Administração Pública, em toda a sua atividade,

presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo

afastar, sob pena de invalidade do ato e

responsabilidade de seu autor. Qualquer ação

estatal, sem o correspondente calço legal ou que

exceda o âmbito demarcado pela lei, é injurídica e

expõe-se à anulação. Seu campo de ação, como se

vê, é bem menor do que o do particular. De fato, este

pode fazer tudo o que a lei permite, tudo o que a lei

não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autoriza

e, ainda assim, quando e como autoriza [Na

seqüência arremata dizendo] A este princípio

Ação Civil Pública n. 276 fls. 18

também se submete o agente público. Com efeito, o

agente da Administração Pública está preso à lei e

qualquer desvio de suas imposições pode nulificar o

ato e tornar seu autor responsável, conforme o caso,

disciplinar, civil e criminalmente" (Direito

Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 6 -

riscamos).

Vislumbra, outrossim, terem os réus

contrariado o princípio da moralidade administrativa,

princípio pelo qual, "o ato e a atividade da Administração

Pública devem obedecer não só à lei mas a própria moral,

porque nem tudo que é legal é honesto, conforme afirmavam os

romanos", na lição de Diógenes Gasparini (ob. cit. p. 7).

"Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em

Manoel Oliveira Franco Sobrinho, a moralidade

administrativa está intimamente ligada ao conceito

de bom administrador.

Este é aquele que, usando de sua

competência, determina-se não só pelos preceitos

legais vigentes mas também pela moral comum,

propugnando pelo que for melhor e mais útil para o

interesse público. A importância desse princípio já

foi ressaltada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo

(RDA 89/134), ao afirmar que a moralidade

administrativa e o interesse coletivo integram a

legalidade do ato administrativo" (Diógenes

Gasparini, ob. cit. p. 7)

Ação Civil Pública n. 276 fls. 19

Discorrendo sobre o tema, Celso

Antônio Bandeira de Mello assevera que:

"...compreendem-se em seu âmbito, como

é evidente, os chamados princípios da lealdade e da

boa-fé, tão oportunamente encarecidos pelo mestre

espanhol Jesus Gonzales Peres em monografia

preciosa. Segundo os cânones da lealdade e boa-fé, a

Administração haverá de proceder em relação aos

administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe

interdito qualquer comportamento astucioso, eivado

de malícia, produzido de maneira a confundir,

dificultar ou minimizar o exercício de direitos por

parte dos cidadãos" (in, Curso de Direito

Administrativo, 5ª ed., 1994, Malheiros Editores, pp.

59/60).

Maria Sylvia Zanella Di Pietro,

citando Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais

radical enfatiza que:

"Mesmo os comportamentos ofensivos da

moral comum implicam ofensa ao princípio da

moralidade administrativa" (Direito Administrativo,

8ª ed., 1997, Atlas, p. 71)

E mais adiante sentencia:

"Em resumo, sempre que em matéria

administrativa se verificar que o comportamento da

Ação Civil Pública n. 276 fls. 20

Administração ou do administrado que com ela se

relaciona juridicamente, embora em consonância

com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as

regras de boa administração, os princípios de justiça

e de eqüidade, a idéia comum de honestidade, estará

havendo uma ofensa ao princípio da moralidade

administrativa" (ob. cit. p. 71).

Finalmente, os réus infringiram o

princípio da eficiência, entendido como àquela conduta

que não produziu o efeito desejado, ou seja, não

atingindo o bem comum, pela forma imparcial, neutra,

transparente, eficaz, primando pela adoção dos critérios

legais e morais necessários.

Alexandre de MORAES, comentando

o citado princípio, compreende a boa administração como:

"O administrador público precisa ser

eficiente, ou seja, deve ser aquele que produz o efeito

desejado, que dá bom resultado, exercendo suas

atividades sob o manto da igualdade de todos

perante a lei, velando pela objetividade e

imparcialidade.

Assim, o princípio da eficiência é aquele

que impõe à Administração Pública direta e indireta

e a seus agentes a persecução do bem comum, por

meio do exercício de suas competências de forma

imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz,

Ação Civil Pública n. 276 fls. 21

sem burocracia e sempre em busca da qualidade,

primando pela adoção dos critérios legais e morais

necessários para a melhor utilização possível dos

recursos públicos, de maneira a evitar-se

desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade

social. Note-se que não se trata da consagração da

tecnologia, muito pelo contrário, o princípio da

eficiência dirige-se para a razão e fim maior do

Estado, a prestação dos serviços essenciais à

população, visando a adoção de todos os meios

legais e morais possíveis para satisfação do bem

comum". (destacou-se)

Por fim, insta destacar a existência

do dever de probidade, sempre inerente à atuação do bom

administrador público.

Discorrendo sobre isso, Diógenes

GASPARINI pondera que:

"Esse dever impõe ao agente público o

desempenho de suas atribuições sob pautas que

indicam atitudes retas, leais, justas, honestas, notas

marcantes da integridade do caráter do homem. É

nesse sentido, do reto, do leal, do justo e do honesto

que deve orientar o desempenho do cargo, função ou

emprego junto ao Estado ou entidade por ele criada,

sob pena de ilegitimidade de suas ações”. (destacou-

se)

Ação Civil Pública n. 276 fls. 22

Na lição do insigne administrativista:

"os atos de improbidade praticados por

qualquer agente público, servidor ou não, contra a

Administração direta, indireta ou fundacional de

qualquer dos poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal, dos Municípios, de empresa

incorporada ao patrimônio público ou de entidade

para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido

ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou

receita anual, serão punidos com base na Lei federal

n° 8.429/92".

Portanto, nos dizeres de Alexandre de

MORAES, “atos de improbidade administrativa são aqueles

que, possuindo natureza civil e devidamente tipificados em lei

federal, ferem diretamente ou indiretamente os princípios

constitucionais e legais da administração pública,

independentemente de importarem enriquecimento ilícito ou

de causarem prejuízo material ao erário público”, razão pela

qual fica evidente a prática de ato de improbidade

administrativa, devendo os réus ser condenados às sanções

previstas pela Lei n.º 8.429/92 pela prática dos atos de

improbidade administrativa.

______________________3. DOS REQUERIMENTOS PRELIMINARES:

Ação Civil Pública n. 276 fls. 23

O Órgão do MINISTÉRIO PÚBLICO,

em face dos fatos acima articulados, requer,

PRELIMINARMENTE:

3.1 - seja oficiado ao titular da

Secretaria de Estado da Justiça, para que remeta cópia dos

comprovantes de vencimentos percebidos pelos réus, no

período de 01.01.2013 a 30.06.2013 para o fim de em sendo

procedente esta demanda, possibilitar o Juízo aplicar a

cominação prevista no art. 12, III, da Lei 8.429/92;

3.2. seja notificado o Estado do

Paraná, na pessoa de seu Procurador-Geral do Estado para,

nos termos do art. 17, § 3º, da Lei 8.429/92, na condição de

pessoa jurídica interessada, integrar a lide, querendo;

3.3. Para que possa assegurar a

eficácia da tutela jurisdicional pretendida, o Ministério

Público requer a concessão inaudita altera parte de

afastamento do cargo dos agentes penitenciários ora réu na

presente demanda, quais sejam: Adilson Carlos Lopes, Renato

Pimenta Lopes, Vitor Gimenez Dezoppa, Fernando dos Santos

Fernandes, Joel Rodrigues de Oliveira, João Batista Ribeiro

Roza.

Em conformidade com o artigo 20 da

Lei de Improbidade Administrativa entende este órgão do

Ação Civil Pública n. 276 fls. 24

Ministério Público que há necessidade inadiável de

afastamento destes requeridos dos cargos que ocupam junto

à Casa de Custódia de Maringá. Para tanto, invoca-se o

dispositivo legal abaixo:

“Art. 20. A perda da função pública e a

suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o

trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou

administrativa competente poderá determinar o

afastamento do agente público do exercício do cargo,

emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,

quando a medida se fizer necessária à instrução

processual”

É importante que se tenha em

mente que os requeridos acima mencionados não somente

praticaram o ato de improbidade que importou em violação

dos princípios da Administração Pública, mas também, a

partir do momento que o Ministério Público passou a tomar

as medidas judiciais, com grande chance de ter o seu pedido

procedente, podem os mesmos atentar contra todo aquele que

possa, em sede de instrução processual deste feito, para que

a prova não seja bem demonstrado ao julgador.

Ora, são servidores que trabalham

armados, em uma casa de custódia de pessoas, podendo até

instruir e/ou influenciar em pessoas que possam bem

Ação Civil Pública n. 276 fls. 25

testemunhar os fatos perante as este Juízo.

Além disso, há indícios veementes

de autoria e materialidade da conduta irregular, reprovável e

até odiosa, considerada atos de improbidade administrativa,

que devem ser levados em consideração para fins de

raciocínio em torno da medida.

Ora, nesta ação se está atribuindo

aos requeridos ato de tortura de um encarcerado, que não

mais oferecia qualquer resistência e que o levou a morte (um

bem jurídico de maior grandeza protegido pelo Estado).

Além de tudo isso, o afastamento

dos requeridos neste caso é medida que se impõe em prole da

política penitenciária do Estado e da moralidade

administrativa. Fere o bom senso a permanência no cargo dos

requeridos quando contra si pesam indícios tão veementes de

cometimento de atos de improbidade que resultou na morte

de uma pessoa que deveria ter segurança do Estado.

A jurisprudência paranaense é no

sentido de confirmar que:

EMENTA 1) DIREITO ADMINISTRATIVO.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS

Ação Civil Pública n. 276 fls. 26

PARA A INDISPONIBILIDADE DE BENS E PARA O

AFASTAMENTO DO SERVIDOR DA

FUNÇÃO.LIMITAÇÃO, TÃO SOMENTE, DA

IMPENHORABILIDADE DE VERBA ALIMENTAR E

DA DURAÇÃO DO AFASTAMENTO.a) A

indisponibilidade dos bens é medida de cautela que

visa assegurar a indenização aos cofres públicos,

sendo necessária, para respaldá-la, a existência de

fortes indícios de responsabilidade na prática de ato

de improbidade que cause dano ao Erário que, no

caso, estão presentes. b) Com relação ao "periculum

in mora", observo que a jurisprudência do STJ vem

se firmando no sentindo de que não é necessária a

prova de que os Réus estejam dilapidando seus

bens, nem que tenham a intenção concreta de fazê-

lo, pois o "periculum in mora" é ínsito no comando

do parágrafo único do artigo 7º da Lei de

Improbidade Administrativa.c) Por outro lado, é de

se considerar que o perigo na demora não provém

somente da dilapidação dolosa do patrimônio por

parte do Agravante, ou de eventuais práticas de atos

simulados de transferências de propriedade, visando

se furtarem ao cumprimento de condenação

eventualmente imposta, pois estes atos, por si só, já

seriam de difícil demonstração.d) Ademais, deve-se

também ter em mente que, mesmo sem dolo, o

patrimônio do Agravante pode vir a ser empobrecido,

tornando inócuo qualquer provimento final que

determine o ressarcimento ao erário.e) Assim,

considerando que estão presentes os requisitos

impostos pela Súmula nº 15 desta Corte Estadual

Ação Civil Pública n. 276 fls. 27

para a decretação da indisponibilidade dos bens do

Agravante, a manutenção da decisão agravada

quanto a essa questão é medida que se impõe. f) No

entanto, não se pode admitir que tal bloqueio recaia

sobre créditos de natureza alimentar, pois se tratam

de bens absolutamente impenhoráveis, consoante

dispõe o artigo 649, inciso IV, do Código de Processo

Civil.g) Noutro aspecto, a Lei nº 8.429/1992

(Improbidade Administrativa) preceitua que: "Art. 20.

A perda da função pública e a suspensão dos

direitos políticos só se efetivam com o trânsito em

julgado da sentença condenatória. Parágrafo único.

A autoridade judicial ou administrativa competente

poderá determinar o afastamento do agente público

do exercício do cargo, emprego ou função, sem

prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer

necessária à instrução processual".h) Nesse aspecto,

não vislumbro, neste recurso, qualquer fundamento

que autorize a suspensão dos efeitos da decisão que

impôs o afastamento do Agravante de suas

funções.i) Isso porque a continuidade no exercício

das funções perante o Tribunal de Justiça, seja na

Secretaria do Juizado Especial, seja na função

originária de motorista, mostra-se incompatível com

a gravidade dos fatos que lhe são imputados.j) Desse

modo, no caso dos autos, a limitação do

afastamento seria incompatível com a finalidade da

Lei de Improbidade, que tem por objetivo garantir a

devida instrução processual.l) Nessas condições, é

razoável que a duração do afastamento será

necessária até o encerramento da instrução

Ação Civil Pública n. 276 fls. 28

probatória do processo principal. 2) AGRAVO DE

INSTRUMENTO A QUE SE DÁ PARCIAL

PROVIMENTO. (TJPR - 5ª C.Cível - AI 937565-1 -

Ivaiporã - Rel.: Leonel Cunha - Unânime - J.

07.05.2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO

CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

- AFASTAMENTO DO CARGO DE VEREADOR -

INDÍCIOS SUFICIENTES - FINALIDADE DE

ASSEGURAR A CORRETA E IDÔNEA INSTRUÇÃO

PROBATÓRIA - RECURSO DESPROVIDO.O

afastamento do cargo constitui-se medida cautelar,

que visa à proteção da instrução probatória, sendo

que para sua concessão é exigida a configuração dos

pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in

mora, como efetivamente ocorreu no caso em

análise. (TJPR - 4ª C. Cível - AI 880176-9 -

Guarapuava - Rel.: Wellington Emanuel C de Moura

- Unânime - J. 02.04.2013).

O STJ também acentua que:

“MANDADO DE SEGURANÇA.

ADMINISTRATIVO. MINISTRO DO TRABALHO E

EMPREGO. INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO

ADMINISTRATIVO. AFASTAMENTO DOS

SERVIDORES. PRAZO. LEI 8112/90.

O afastamento cautelar do cargo, até a

conclusão dos trabalhos iniciados com o

procedimento administrativo instaurado, encontra-

Ação Civil Pública n. 276 fls. 29

se plenamente estribado no parágrafo único do art.

20 da Lei 8429/92, considerando a peculiaridade da

questão. Ordem denegada.” (MS 9907-DF – Rel.

Ministro José Arnaldo da Fonseca – J. 10.11.2004 -

DJ 06/12/2004, p. 191)

Requer-se, ainda, que a medida

liminar determine o afastamento dos atuais cargos exercidos

na Casa de Custódia de Maringá uma vez que a única forma

de se dar efetividade à determinação judicial é neste sentido,

caso contrário as provas testemunhais que estão sob a

vigilância dos requerido poderiam ser comprometidas pelas

suas interferências.

____________________________4. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

Diante do exposto o MINISTÉRIO

PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, com base nas

disposições legais mencionadas, requer:

4.1. Seja a presente ação, autuada

e em seguida, ordenando as notificações dos réus

inicialmente qualificados e endereçados, para, no prazo legal,

querendo, oferecer a sua manifestação escrita a respeito dos

fatos articulados na presente ação (art. 17, § 7°, da Lei

8429/92) e, posteriormente, seja recebida a presente ação,

atendendo-se os pleitos abaixo especificados:

Ação Civil Pública n. 276 fls. 30

______________________ 4.1.1 - seja julgada procedente a

presente ação civil pública, para em reconhecendo a

irregularidade e ilegalidade acima e anteriormente narrada,

sejam, os réus, Adilson Carlos Lopes, Renato Pimenta Lopes,

Vitor Gimenez Dezoppa, Fernando dos Santos Fernandes,

Joel Rodrigues de Oliveira, João Batista Ribeiro Roza

condenados pelas condutas que malferiram os princípios da

Administração Pública (art. 37, "caput" da CF) bem como pela

violação dos deveres legalidade, moralidade e lealdade à

Instituição Estado do Paraná, notadamente, pela prática de

ato visando fim proibido em lei, condenando-os as sanções do

art. 12, inciso III, da mesma Lei 8429/92.

4.2. Requer, outrossim:

4.2.1 - a citação dos réus, nos

endereços inicialmente declinados, para, querendo,

contestarem os termos da presente demanda, sob pena de

revelia;

4.2.2 - a produção de todos os tipos

de provas em direito admitidas, testemunhal, documental e

pericial, esta última, se necessária, bem como a juntada de

documentos superveniente, na medida do contraditório;

Ação Civil Pública n. 276 fls. 31

4.3.3 - a concessão de Justiça

Gratuita;

4.3.4 - Requer mais, seja a titular

da 1ª Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público junto a

esta Comarca, intimado pessoalmente para todos os atos e

audiências a serem realizados no trâmite da presente ação.

Dá-se à causa, para fins de alçada, o

valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).

Termos em que, com os inclusos

documentos,

Pede e Espera Deferimento.

Maringá-Pr, 28 de junho de 2.013.

JOSÉ APARECIDO DA CRUZ

Promotor de Justiça

LEONARDO DA SILVA VILHENA

Promotor de Justiça

MAURICIO KALACHE

Promotor de Justiça

Ação Civil Pública n. 276 fls. 32

DOCUMENTOS ANEXOS:

• Peças extraídas e digitalizadas dos autos de inquérito

civil público n° MPPR-0078.13.001265-6