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CEF – ArtesGráficas – Acabamentos Gráficos 2008/2009 – Coordenação Pedagógica: Maria Margarida Fernandes Malaquias 1 1 Acabamento Por Acabamento entende-se um conjunto de operações que seguem à impressão e que dão ao impresso a sua apresentação definitiva. Pode ser simples se limitar a cortar as folhas nos seus quatro lados. Certos impressos são abertos em folhas: prospectos, desdobráveis, catálogos, modelos administrativos, etc. Outros constituem um conjunto de alguns cadernos ou de algumas folhas, que serão reunidas no conjunto por colagem, costura a arame ou a linha. Enfim, para que os que comportam um grande número de páginas como os livros, tem um processo de conjunto mais elaborado: costura, brochura e cartonagem ou encadernação; também existem outras apresentações para responder a todas as exigências técnicas ou publicitárias. Mas a grande maioria dos impressos situa-se dentro das quatro primeiras categorias: coser, brochar, cartonar, encadernar. Os impressos soltos ou simplesmente em folha são normalmente impressos utilitários para o comércio ou para as administrações públicas ou privadas. Os impressos que saem da impressão são aparados sobre os quatro lados com o auxílio de uma guilhotina que comporta uma lâmina muito robusta podendo cortar de uma vez uma espessura de papel de muitos centímetros. Para diminuir o esforço de corte, a faca

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CEF – ArtesGráficas – Acabamentos Gráficos 2008/2009 – Coordenação Pedagógica: Maria Margarida Fernandes Malaquias

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Acabamento

Por Acabamento entende-se um conjunto de

operações que seguem à impressão e que dão ao

impresso a sua apresentação definitiva. Pode ser

simples se limitar a cortar as folhas nos seus quatro lados.

Certos impressos são abertos em folhas: prospectos, desdobráveis, catálogos, modelos

administrativos, etc. Outros constituem um conjunto de alguns cadernos ou de

algumas folhas, que serão reunidas no conjunto por colagem, costura a arame ou a

linha.

Enfim, para que os que comportam um grande número de páginas como os livros, tem

um processo de conjunto mais elaborado: costura, brochura e cartonagem ou

encadernação; também existem outras apresentações para responder a todas as

exigências técnicas ou publicitárias. Mas a grande maioria dos impressos situa-se

dentro das quatro primeiras categorias: coser, brochar, cartonar, encadernar.

Os impressos soltos ou simplesmente em folha são normalmente impressos utilitários

para o comércio ou para as administrações públicas ou privadas. Os impressos que

saem da impressão são aparados sobre os quatro lados com o auxílio de uma

guilhotina que comporta uma lâmina muito robusta podendo cortar de uma vez uma

espessura de papel de muitos centímetros. Para diminuir o esforço de corte, a faca

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desce em sentido oblíquo, como uma cisalha. A guilhotina intervém dentro de todas as

técnicas, sendo este o instrumento principal de toda a encadernação e acabamentos.

As guilhotinas têm dispositivos de memória magnética capazes de registar muitos

planos de trabalho, automatizando completamente a guilhotina para a repetição de

trabalhos de corte. Esta máquina é composta por uma faca horizontal que desliza

entre dois bastidores de ferro accionada por um motor.

O papel recebe-se do armazém em resmas de grandes tamanhos. Os principais são:

61X86, 63X88, 64X92 e o 70X100. Para tirar de uma folha de tamanho normalizado, as

folhas de um tamanho menor, escolhe-se o papel que ofereça mais rendimento, por

saírem menos tiras ou desperdícios.

DOBRA

Dobrar consiste em transformar uma «folha de máquina» num caderno, fazendo

um certo número de dobras de maneira adequada.

O inventor da máquina de dobrar foi o inglês Black, que em 1851 expôs em

Londres o seu invento.

O formato de um livro designa-se pelas mesmas expressões que a dobra donde é

constituído. Chama-se fólio ao formato feito ao alto e solfado ao feito ao baixo

(exemplo: os álbuns).

O formato base, sem dobras, chama-se in-plano.

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Dobrado em dois, segundo a sua dimensão, é dito in-fólio (1 dobra = 2 folhas = 4

páginas);

Esta última dobrada segunda vez dá o in-quarto (2 dobras cruzadas = 4 folhas = 8

páginas);

Esta última dobrada outra vez dá o in-oitavo (3 dobras cruzadas = 8 folhas = 16

páginas);

Com mais uma dobra dá o in-dezasseis (4 dobras cruzadas = 16 folhas = 32

páginas).

Cada formato deriva do precedente, dobrando em dois sobre o seu lado maior.

Há porém outros formatos menos utilizados, como o in-doze, que tem uma

apresentação quase quadrada.

Após a impressão, a folha é dobrada à dimensão das páginas; isto apelida-se então

de caderno. O livro é constituído pelo conjunto de um certo número de cadernos

cosidos ou colados para formar o corpo da obra.

As margens são superfícies constituídas pelos espaços brancos ao lado da

impressão de cada página. A margem ao alto chama-se cabeça e, a de baixo pé. As

margens direitas são apelidadas de frente ou corte e a margem esquerda, de

lombada. O lado da abertura, que costuma ser ligeiramente arredondado em

cavado dentro dos livros encadernados, é a goteira ou abertura, onde o livro é

cosido ou colado é o dorso ou o lombo.

A dobragem pode ser:

Mecânica - quando é executada em máquina automática ou semi-automática;

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Manual - quando é executada manualmente, designando-se por à letra ou ao

número, à ponta, ou à folha. Para a dobragem manual usa-se uma ferramenta

especial que se designa por «dobradeira».

Dobragem mecânica: faz-se em máquinas apropriadas que, além de serem

automáticas ou semi-automáticas, podem ser de sistema de facas ou de rolos.

Dobragem à letra: consiste em acertar o texto (mancha ou chapa), de umas

páginas com as outras, ou acertar pelos números da paginação.

Dobrar à ponta ou à folha: quer dizer acertar o papel pelas pontas. Só se deve

dobrar o papel à ponta quando as margens da «folha de máquina» forem iguais

entre si.

Alçar é sobrepor, ou juntar um caderno de cada vez para formar um livro

completo. Começa-se a alçar pelo último caderno do livro. Para verificar que o

alçado está certo, usa-se pôr no lombo de cada caderno um traço formando

escada que se denomina assinatura à escala; à medida que se vai alçando verifica-

se que não existem cadernos repetidos, evitando pegar em dois do mesmo

número.

Estender o alçado: significa colocar as assinaturas por ordem numérica sobre uma

mesa.

Alçado cortado: quando o livro tem muitos cadernos «corta-se» o alçado em duas

partes, juntando depois os alçados.

Passar à letra: «passar à letra» ou «registar», significa verificar a ordem dos

números, mas também não deixar que passem folhas mal impressas, sujas,

rasgadas ou mal dobradas.

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Escala de numeração: nos livros que não têm assinatura, o operador guia-se pelo

número de página que começa em cada caderno.

O quadro seguinte mostra a escala de numeração para os diversos formatos:

Formato in-quarto

Cadernos de 8 páginas

Formato in-oitavo

Cadernos de 16 páginas

Formato in-dezasseis

Cadernos de 32

páginas

Caderno n.º Começa na

pág. Caderno n.º

Começa na

pág.

Caderno

n.º

Começa

na pág.

1 1 1 1 1 1

2 9 2 17 2 33

3 17 3 33 3 65

4 25 4 49 4 97

5 33 5 65 5 129

6 41 6 81 6 161

7 49 7 97 7 193

8 57 8 113 8 225

9 65 9 129 9 257

10 73 10 145 10 289

11 81 11 161 11 321

12 89 12 177 12 353

13 97 13 193 13 385

14 105 14 209 14 417

15 113 15 225 15 449

16 121 16 241 16 481

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Tipo de Dobras

Tipicamente, existem dois tipos de dobras: paralelas e perpendiculares ou cruzadas. Os

produtos que têm dobras paralelas consistem em dobras que se encontram paralelas

entre si. Dobras cruzadas são dobras que se encontram perpendiculares em relação à

dobra anterior.

Dobras paralelas mais comuns:

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Dobras cruzadas mais comuns:

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Tipos de Máquinas de Dobra

Os papéis e outros materiais podem ser dobrados durante a impressão do trabalho ou

offline.

A execução da dobra em linha é usada em trabalhos de grande tiragem. A dobra em

linha poderá resultar na redução do andamento da impressão, no entanto, as reduções

de andamento são aceites pela economia ganha em ter eliminado o custo adicional de

dobrar o trabalho off-line. A dobra em linha está limitada a poucos produtos e poucos

tipos de dobra.

A dobra off-line possibilita o maior número de dobras diferentes em máquinas de

facas, de bolsas ou de dobras combinadas.

As máquinas de dobra com facas são utilizadas para obra de livro devido à sua

capacidade de executar dobras cruzadas, com bom registo. A folha é colocada no local

desejado entre dois rolos para ser criada a dobra no material. A dobra por facas

proporciona uma dobra mais lenta, mas mais precisa.

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A máquina de bolsas, é o tipo de máquina mais comum. O papel entra na bolsa e

através de um mecanismo de paragem do papel a folha é obrigada a passar através

dos rolos em rotação, criando a dobra, como mostra a figura abaixo.

A dobra pode ser ajustada, alterando o mecanismo de paragem do papel, permitindo

fazer diferentes tipos de dobra.

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A máquina de dobra combinada, como o nome indica, vem equipada com os dois

sistemas de dobra, permitindo executar bons registos e velocidade na dobra. A

máquina de dobra combinada é usada para quantidades de trabalho volumosas e

para operações de dobra mais complexas.

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Sentido de fibra do papel

A direcção da fibra do papel está directamente ligada à qualidade da dobra. O papel

que é dobrado paralelamente ao sentido de fibra ficará mais limpo e bem dobrado.

Uma dobra limpa é executada porque as fibras estão a correr na mesma direcção que a

dobra. Apenas algumas fibras oferecem resistência à acção de dobra, o que resultará

numa dobra de muito boa qualidade.

Quando a dobra é executada no sentido perpendicular ao sentido de fibra do papel,

poderá resultar numa dobra com um aspecto serrilhado. Isto acontece porque todas as

fibras foram dobradas de uma só vez, criando resistências à acção de dobra. O aspecto

serrilhado é mais notório em papéis de maior gramagem.

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Tipos de acabamento

CARTONADOS OU CAPA DURA

Neste processo industrial, as capas são produzidas separadamente das páginas do

miolo, estas são constituídas por peças de cartão rígido ou flexível, que serão

revestidas com diversos materiais, tais como, papel, telas ou tecidos. As capas

possuem sempre uma medida superior à do miolo aparado, a esta diferença se chama

seixa.

Ao miolo, depois de previamente alçado e cosido, ser-lhe-ão coladas duas guardas que,

terão como função "agarrar" o miolo à capa cartonada. O acabamento de capa dura é

sempre mais dispendioso que o acabamento de capa mole, mas a sua longevidade e o

seu elevado valor perceptível torna-o num produto gráfico exclusivo.

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CAPA MOLE OU BROCHADOS

Os diversos cadernos depois de dobrados são coleccionados/al ceados para, numa

operação posterior, lhe ser serrada/desfiada a lombada por meio de uma

equipamento do tipo rebarbadora. Após esta operação de desbaste a lombada fica

preparada para lhe ser aplicada a cola quente que lhe fixará a capa, a fase seguinte

será para aparo dos três lados com a utilização de uma guilhotina trilateral. Este

acabamento é pouco dispendioso e é muito usado para produtos com pouca utilização

ou menos longevidade.

Aplicações: revistas, catálogos, etc.

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LIVROS COSIDOS DE CAPA MOLE

Possui um processo de acabamento em tudo igual ao da capa mole, a única diferença

reside no facto de, após o alceamento dos cadernos, estes serem unidos por um

processo de costura especial, tal como os livros de capa dura. Um livro acabado nestas

condições nunca perderá as folhas e poderá ser aberto "em 180 graus". As capas

poderão também ser simples ou possuir badanas. Este acabamento é mais barato que

o cartonado e é largamente utilizado pelo mercado editorial, dadas as suas inegáveis

vantagens no que diz respeito à sua boa relação preço/durabilidade. Aplicações: livros

profissionais, livros, livros escolares e manuais.

DUPLA COSTURA METÁLICA ou AGRAFADOS

Trata-se de um método de acabamento que consiste no

encasamento/coleccionamento dos cadernos através da sua inserção uns nos outros

(encavalitados), com aplicação de posterior do(s) agrafo(s) na lombada assim formada

e posterior aparamento das três faces. Menos dispendioso que qualquer dos

acabamentos mecânicos ou que utilizem cola, tem também um valor perceptível baixo.

Aplicações: Jornais, brochuras e folhetos com uma espessura inferior a 5mm

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ACABAMENTO MECÂNICO

(Ring Wire)

É um método de acabamento no qual o livro é sujeito a uma furação especial

efectuada ao longo da margem da lombada e na qual é aplicada uma espiral de arame

(Ring Wire) ou uma placa de vinil (Plastic Comb) Aplicações: Manuais, materiais de

formação e obras especiais tais como livros de receitas que deverão ficarem

espalmados.

(Plastic Comb)

Fonte: Tipografia Peres

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LIVROS CARTONADOS OU de CAPA DURA

Descrição das fases do acabamento do livro cartonado;

Neste processo industrial, as capas são produzidas separadamente das páginas do

miolo, estas são constituídas por peças de cartão rígido ou flexível, que serão

revestidas com diversos materiais, tais como, papel, telas ou tecidos. As capas

possuem sempre uma medida superior à do miolo aparado, a esta diferença se chama

seixa. Ao miolo, depois de previamente alçado e cosido, ser-lhe-ão coladas duas

guardas que, terão como função "agarrar" o miolo à capa cartonada. O acabamento de

capa dura é sempre mais dispendioso que o acabamento de capa mole, mas a sua

longevidade e o seu elevado valor perceptível, torna-o num produto gráfico exclusivo.