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1 FAYE PEDROSA, Cleide Emília. ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DO DISCURSO (ASCD): uma corrente para fazer Análise Crítica do Discurso. PARTE 1: Herança teórica da Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social. Natal: UFRN, 2012. Texto fundador. Disponível em www.ascd.com.br. ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DO DISCURSO (ASCD): uma corrente para fazer Análise Crítica do Discurso PARTE 1: Herança teórica da Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social 1 Cleide Emília Faye Pedrosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 1. INTRODUÇÃO O projeto da Análise Crítica do Discurso (ACD) 2 marcou o cenário nacional com os trabalhos de Izabel Magalhães, professora da UnB. Assim, desde a década de 80, época em que a professora introduziu esse projeto, pesquisadores nacionais se engajaram nessa linha de análise. Vejo, contudo, a contribuição da ACD, no Brasil, mais em termos de pesquisas. Falta, a meu ver, um aporte teórico nacional como soma aos já consagrados subsídios dados pelos fundadores e mesmo seguidores desse campo em outros países. Desse modo, o grande objetivo deste artigo é documentar a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso (ASCD), criada por nós em 2011. Para atingir esse objetivo central, procederemos às seguintes ações: fundamentar a abordagem inovadora, indicar algumas áreas de base para a sustentação dessa abordagem, referendar a Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social e oferecer sugestões de caminhos de análise. Sinalizamos ao leitor que a Abordagem já apresenta resultados em projetos e trabalhos científicos apresentados em congressos 3 . 1 Este texto sofreu algumas alterações e foi publicado em FAYE PEDROSA, Cleide Emília. Abordagem sociológica e comunicacional do discurso, uma proposta para fazer análise crítica do discurso. IN: SÁ JÚNIOR, Lucrécio Araújo de; BARBOSA, Tatyana Mabel N. Práticas discursivas e ensino de língua(gens). Natal: Edurfrn, 2014, p 15-58. 2 Magalhães e outros pesquisadores da UnB usam o termo Análise de Discurso Crítica (ADC). Análise Crítica do Discurso (ACD), como preferência de tradução para a língua portuguesa do Brasil, é utilizado por Célia Magalhães (2001), Hoffnagel e Falcone, na tradução da obra de van Dijk (2008), e Possenti, em tradução de Maingueneau (2010). Em tradução de português europeu, encontramos o termo Análise Crítica do Discurso empregado por autores que participam da obra compilada por Pedro (1997). Ainda nesta linha, pode-se acrescentar (devido a proximidade dos idiomas) a tradução para a língua espanhola do termo por Análisis Crítico del Discurso’ em Wodak e Meyer (2003). 3 Veja neste site alguns artigos apresentados no XVI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA, 27 a 31 de agosto de 2012, http://www.filologia.org.br/como: PEDROSA, Cleide Emilia Faye. Abordagem sociológica e comunicacional do discurso (ascd): contribuição aos estudos das identidades e dos sujeitos\\ PEDROSA, Cleide Emilia Faye; SANTOS, Paulo Sérgio da Silva; GAMBETTA, Letícia Beatriz. Análise crítica e a abordagem sociológica e comunicacional do discurso (minicurso)\\ MEIRA, Guianezza M. de Góis Saraiva; COSTA JÚNIOR, João Batista da; PEDROSA, Cleide Emília Faye. Análise crítica do discurso

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FAYE PEDROSA, Cleide Emília. ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL

DO DISCURSO (ASCD): uma corrente para fazer Análise Crítica do Discurso. PARTE 1:

Herança teórica da Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social. Natal: UFRN, 2012. Texto

fundador. Disponível em www.ascd.com.br.

ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DO DISCURSO (ASCD):

uma corrente para fazer Análise Crítica do Discurso

PARTE 1: Herança teórica da Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social1

Cleide Emília Faye Pedrosa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

1. INTRODUÇÃO

O projeto da Análise Crítica do Discurso (ACD)2 marcou o cenário nacional com os

trabalhos de Izabel Magalhães, professora da UnB. Assim, desde a década de 80, época em

que a professora introduziu esse projeto, pesquisadores nacionais se engajaram nessa linha de

análise. Vejo, contudo, a contribuição da ACD, no Brasil, mais em termos de pesquisas. Falta,

a meu ver, um aporte teórico nacional como soma aos já consagrados subsídios dados pelos

fundadores e mesmo seguidores desse campo em outros países.

Desse modo, o grande objetivo deste artigo é documentar a Abordagem Sociológica e

Comunicacional do Discurso (ASCD), criada por nós em 2011. Para atingir esse objetivo

central, procederemos às seguintes ações: fundamentar a abordagem inovadora, indicar

algumas áreas de base para a sustentação dessa abordagem, referendar a Sociologia

(Aplicada) para a Mudança Social e oferecer sugestões de caminhos de análise. Sinalizamos

ao leitor que a Abordagem já apresenta resultados em projetos e trabalhos científicos

apresentados em congressos3.

1 Este texto sofreu algumas alterações e foi publicado em FAYE PEDROSA, Cleide Emília. Abordagem

sociológica e comunicacional do discurso, uma proposta para fazer análise crítica do discurso. IN: SÁ JÚNIOR,

Lucrécio Araújo de; BARBOSA, Tatyana Mabel N. Práticas discursivas e ensino de língua(gens). Natal:

Edurfrn, 2014, p 15-58. 2 Magalhães e outros pesquisadores da UnB usam o termo Análise de Discurso Crítica (ADC). Análise Crítica do

Discurso (ACD), como preferência de tradução para a língua portuguesa do Brasil, é utilizado por Célia

Magalhães (2001), Hoffnagel e Falcone, na tradução da obra de van Dijk (2008), e Possenti, em tradução de

Maingueneau (2010). Em tradução de português europeu, encontramos o termo Análise Crítica do Discurso

empregado por autores que participam da obra compilada por Pedro (1997). Ainda nesta linha, pode-se

acrescentar (devido a proximidade dos idiomas) a tradução para a língua espanhola do termo por Análisis

Crítico del Discurso’ em Wodak e Meyer (2003).

3 Veja neste site alguns artigos apresentados no XVI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E

FILOLOGIA, 27 a 31 de agosto de 2012, http://www.filologia.org.br/como: PEDROSA, Cleide Emilia Faye.

Abordagem sociológica e comunicacional do discurso (ascd): contribuição aos estudos das identidades e dos

sujeitos\\ PEDROSA, Cleide Emilia Faye; SANTOS, Paulo Sérgio da Silva; GAMBETTA, Letícia Beatriz.

Análise crítica e a abordagem sociológica e comunicacional do discurso (minicurso)\\ MEIRA, Guianezza M.

de Góis Saraiva; COSTA JÚNIOR, João Batista da; PEDROSA, Cleide Emília Faye. Análise crítica do discurso

2

2. ACD: da origem às correntes de análises

No início da década de 1990, em Amsterdam, um pequeno grupo de analistas

denominados de críticos – Norman Fairclough (Lancaster), Teun van Dijk (Amsterdam),

Gunther Kress (Londres), Teun van Leeuwen (Londres) e Ruth Wodak (Viena) - consolidou

um novo campo de investigação, a Análise Crítica do Discurso. Como sinalizou Wodak

(2003, p. 22), a consolidação foi mais fruto de um agendamento “e programa de investigação

que pela existência de teorias e metodologias comum”.

Obviamente “escolas” não surgem em um dia, ou mesmo em um ano. Na realidade, o

que temos são décadas apontando para o surgimento de grandes pensamentos. No caso da

ACD, as décadas de 1960 e 1970, que marcam períodos de grandes compromissos com a

‘leitura’ do social, são vitais para seu surgimento. As análises sobre as mudanças sociais

passam a ser foco de estudos em que se tomava o discurso (e o texto) como objeto para

identificar o papel da linguagem na estruturação das relações de poder na sociedade

(FAIRCLOUGH, 2008).

Assim, a ACD ocupa-se, essencialmente, de análises que abrangem as relações de

dominação, de discriminação e de (abuso de) poder e controle, na forma como elas se

manifestam por meio da linguagem (WODAK, 2003). Para esta perspectiva, a linguagem é

um meio de dominação e de força social, servindo para legitimar as relações de poder

estabelecidas institucionalmente. Desse modo, a ACD assume que são necessárias as

descrições e as teorizações dos processos e das estruturas sociais responsáveis pela produção

de um texto “como uma descrição das estruturas sociais e os processos nos quais os grupos ou

indivíduos, como sujeitos históricos, criam sentidos em sua interação com textos” (WODAK,

2003, p. 19, tradução nossa).

Como apontamos inicialmente, um ‘pequeno grupo’ consolidou a ACD e, mesmo

pequeno, esse grupo heterogêneo e internacional deu origem a várias correntes que

resumidamente apresentaremos a seguir4.

e mudança social (oficina)\\ SLAMA, Rodrigo; PEDROSA, Cleide Emília Faye. Abordagem sociológica e

comunicacional do discurso (ascd): leitura crítica da construção discursiva do pobre segundo o governo

federal, a veja e a cufa\\ DAMACENO, Taysa Mércia dos S. Souza. Abordagem sociológica e comunicacional

do discurso(ascd): políticas globalizadas e condutas pedagógicas hegemônicas.

4 Um detalhamento maior destas correntes encontra-se em PEDROSA, C.E.F. Proposta teórica da Análise

Crítica do Discurso: contribuição dos estudiosos na área. Trabalho apresentado no I SEMINÁRIO DE ANÁLISE

DE DISCURSO CRÍTICA, Anais do congresso em CD–Rom, UFC, maio de 2010.

3

Tomando como referências autores como Pedrosa (2008, 2010) e Resende, (2009),

podemos afirmar que Fairclough propõe uma articulação entre a Linguística Sistêmico-

Funcional (LSF) e a Sociologia (FAIRCLOUGH, 2003; WODAK; MEYER, 2009), criando a

abordagem dialético-relacional ao assumir uma visão dialética do discurso. Van Dijk (1989)

estabelece um diálogo entre Linguística Textual e Psicologia Social. A teoria a que se filia

também é conhecida por teoria do conhecimento social. Van Dijk e Kintsch “têm

desenvolvido um modelo cognitivo da compreensão do discurso pelos indivíduos, e o têm

feito evoluir gradualmente até convertê-lo em vários modelos cognitivos que explicam a

construção do significado no plano societal” (WODAK, 2003, p. 25, grifo nosso). Seu foco

está na tríade discurso, cognição e sociedade, enquanto Wodak direciona suas pesquisas para

a Sociolinguística e a História. Recentemente (WODAK; MEYER, 2009), essa autora se

posicionou em uma abordagem histórica, por entender que uma teoria do discurso crítica só

seria possível em um contexto histórico, procurando, assim, aplicar ferramentas conceituais

aos problemas sociais específicos. Já van Leeuwen, que se filia a uma corrente social da

linguagem, distingue dois tipos de relações entre o discurso e as práticas sociais: o discurso

como instrumento de poder e de controle e o discurso como instrumento da construção social

da realidade. Por último, podemos afirmar que as pesquisas de Kress ligam-se à corrente

social da linguagem. Seu interesse pela crítica em linguagem passa, primeiramente, por seus

trabalhos em Linguística Crítica.

Após este resumo das correntes internacionais, passamos a expor nossa abordagem.

3. Abordagem sociológica e comunicacional do discurso (ASCD): um posicionamento para a

Análise Crítica do Discurso

Para início de conversa, como não definimos ainda todas as categorias necessárias à

realização de uma análise crítica do discurso com base na ASCD, assumimos alguns

posicionamentos adotados pelos analistas críticos que seguem com as propostas de

Fairclough e mesmo outras correntes da ACD:

aceitamos a metodologia descritiva/interpretativa assumida pela ACD (C.

MAGALHÃES, 2001);

aceitamos que a ACD faz referência à metodologia e a Teoria Crítica do Discurso

(TCD), à teoria (I. MAGALHÃES, 2004);

fazemos uma Análise de Discurso Textualmente Orientada (ADTO);

aceitamos o discurso como um momento da prática social (FAIRCLOUGH, 2006).

4

Julgamos que essa abordagem venha a ser mais uma contribuição nacional para a

ACD5. A abordagem tem como foco a mudança social e cultural, mas não se confunde com as

contribuições da corrente social de Fairclough, adotada por nós em muitos de nossos trabalhos

desde que cursamos o doutorado (2005). O cruzamento que faremos com conceitos também

advindos dessa corrente de Fairclough, ou mesmo de outras tantas, faz parte do contexto geral

da ACD, e não exclusividade da(s) corrente(s), e quando isso ocorrer, apontaremos tal

apropriação, pois o diálogo sempre deve ser possível, como o fizemos na abertura deste

tópico. Consideramos, portanto, que acompanhar as mudanças sociais e culturais não é

exclusividade da ACD, ou da Sociologia, ou da Comunicação, ou de qualquer outra área de

conhecimento; faz parte do posicionamento de diversas áreas e dos diálogos entre elas na

atualidade.

A fim de situar o leitor, informamos que a ASCD está fundamentada, principalmente,

em áreas da Linguística (como, por exemplo, a Linguística Sistêmico-Funcional e a

Linguística Textual), como compete a todas as pesquisas em ACD, para atender à demanda da

materialidade linguística; recorre à Gramática Visual, para cobrir a multimodalidade do texto.

Além disso, nasce conexa à Sociologia para a Mudança Social (BAJOIT, [2003] 2008; 2006;

2009; 20126) e à Sociologia Aplicada à Mudança Social (SACO, 2006). Traz também para o

seu quadro teórico a Comunicação para a Mudança Social (GUMUCIO, 2001, 2004;

NAVARRO, 2010) e os Estudos Culturais (MARTTELART, 2005; HALL, 2005). Todos

esses teóricos dão suportes à análise das mudanças sociais e culturais promovidas e

vivenciadas pelo sujeito. Acrescentamos que novos campos poderão ser inseridos em nossa

proposta, como se justifica em toda e qualquer abordagem transdisciplinar como esta se

propõe a ser.

Contudo, como já sinalizado no título, aqui, faremos referência à contribuição da

Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social.

5 Várias postagens no Facebook (grupo fechado) acompanharam cronologicamente os primeiros passos da

abordagem (vide referências). 6 Agradeço imensamente a Guy Bajoit, doutor em Sociologia do Instituto de Ciências Políticas e Sociais da

Universidade Católica de Lovain, Bélgica, atualmente professor emérito da Unidade de Antropologia e

Sociologia da Faculdade aberta de política econômica e social e do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da

Universidade Católica de Lovain, por, confiantemente, disponibilizar partes de seu inédito livro Vers une théorie

socio-analytique de la relation sociale, para que eu tentasse sanar minhas dúvidas quanto à sua teoria e pela

bondade, que só os grandes possuem, de buscar estabelecer um diálogo conosco.

5

3.1 Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social

3.1.1 Mudança social e cultural

Os fundamentos para a discussão que se inicia são, principalmente, as publicações de

Bajoit (2006, 2008, 2009, 2012) e Saco (2006). Destaca-se, na proposta de Bajoit, o modelo

cultural identitário ou subjetivo.

Introduzindo o tópico mudança social, trazemos Saco (2006, p. 158) ao afirmar que

“as instituições só se reformam quando entram em crise” e, principalmente, ao lembrar que a

palavra “crise” significa mudança em grego.

Sztompka (2005, p. 27) defende que não é fácil precisar ou identificar uma mudança

em andamento; é necessário acompanhar “os vários estados sucessivos de um mesmo

sistema”. E, para ajudar nessa compreensão, ele aponta três ideias básicas que caracterizam o

conceito de mudança social: “(1) diferença; (2) em instantes diversos; (03) entre estados de

um mesmo sistema” (SZTOMPKA, 2005, p. 7).

Esse pensamento coaduna-se com o de Bajoit (2008). Para o sociólogo, quando uma

comunidade está passando por mudanças na forma de estabelecer relações sociais, ela

vivencia, em um mesmo período, a velha e a nova maneiras: a primeira, tentando sobreviver,

e a segunda, se impondo. “Portanto, analisar a mudança significa, em primeiro lugar, descobrir

a maneira antiga, em seguida, explicar porque e como ele está transformando e, finalmente,

identificar as práticas que poderiam ser uma nova forma, se a evolução é

confirmada (que nunca se tem certeza)” (BAJOIT, 2008, p. 48). Assim, conforme Bajoit

(2008, p. 173), essas mudanças (socioculturais) demarcam a coexistência de dois modelos – o

antigo e o novo – esse fato, por sua vez, exige reflexividade dos atores sociais. Para se ter uma

concepção desses dois modelos, necessita-se de períodos de transição, de períodos

intermediários. Saco (2006, p. 68) vai mais longe ao defender que “um coletivo humano pode

assumir explicitamente um novo código de valores, e, no entanto, seguir comportando-se de

acordo com o velho”. Eu ainda diria que os atores sociais, individualmente, escolhem o novo

código para algumas áreas de sua identidade e o velho, para outras, ou assumem o novo

código em alguns de seus discursos e o velho, em algumas de suas ações.

Na tentativa de contribuir para a compreensão dessas mudanças socioculturais, é

importante destacar que, na atualidade, a Sociologia desreifica o caráter absoluto e único

como sendo responsável por mudanças. Pode-se falar em causas variadas: tecnológicas,

6

culturais, econômicas; porém, não restam dúvidas de que quem gera, efetivamente, as

mudanças são os agentes humanos, como sustenta Sztompka (2005, p. 52).

Bajoit reafirma esse papel do sujeito ao dizer que “o ser humano está orientado em

suas condutas, ao menos em parte, pela intervenção de sua consciência” - por “consciência”,

o autor explica como sendo a capacidade reflexiva do sujeito que lhe oferece condições de

analisar e interpretar o mundo, ou seja, de se conduzir como sujeito – “significa introduzir ao

mesmo tempo a questão do sentido”. O lugar do sentido da vida social dos seres humanos

permite-lhes “compreender porque recorrem constantemente a referências culturais para

justificar sua conduta ante a si mesmo e ante os demais” (BAJOIT, 2008, p. 87).

Ainda com base em Bajoit (2008, p. 252), listamos o que ele considera como sendo a

modificação de um estado das relações sociais:

1. “mudança das coações pelas quais se resolvem os problemas vitais da vida

comum;

2. mudança dos princípios de sentido invocados para legitimar estas coações;

3. mudança das identidades coletivas que resultam da prática das relações sociais;

4. mudança das lógicas de gestão de si, pelas quais os indivíduos resolvem as

tensões que atravessam essas identidades coletivas e constroem suas identidades

pessoais;

5. mudança das lógicas de ação nas quais se comprometem, individualmente ou

coletivamente.”

Complementando estas explicações de Bajoit, trazemos Giddens (1991), que, ao se

referir às “descontinuidades” que marcam a história humana chama a atenção para a forma

não homogênea de desenvolvimento. Ele pergunta “Como deveríamos identificar as

descontinuidades que separam as instituições sociais modernas das ordens sociais

tradicionais?” (GIDDENS, 1991, p. 15). Sua resposta envolve três características (GIDDENS,

1991, p. 15 e 16):

1. O ritmo da mudança posta em movimento pela era da modernidade;

2. O escopo da mudança assegura que ondas de transformação social penetrem através

de (virtualmente) toda a superfície da Terra quando diferentes áreas do globo são postas

em interconexão;

7

3. a natureza intrínseca das instituições modernas, tais como o sistema politico do

estado-nação, a dependência por atacado da produção de fonte de energia inanimada, a

completa transformação em mercadoria de produtos e trabalho assalariado, entre outros.

Sobre a dinâmica da mudança social, Saco (2006) indica que há três grandes etapas:

iniciação à mudança, ação orientada à mudança, transferência e estabilização da

mudança. A primeira refere-se à identificação e/ou estimulação da mudança no sistema. A

segunda constitui-se de uma série de objetivos e estratégias para enfrentar os problemas

estruturais diagnosticados. A terceira, por último, relaciona-se com o reforço e a manutenção

das mudanças geradas no sistema, a fim de que não haja enfraquecimento nem dependência

do líder (profissional) que influenciou a mudança.

Essas três etapas descritas apresentam, por sua vez, fases em seu processo. A iniciação

à mudança caracteriza-se pelo desenvolvimento da necessidade de mudança e de

estabelecimento de uma relação de mudança. Em uma coletividade, a necessidade de

mudança pode apresentar três tipos de atores sociais distintos: um profissional ou agente de

mudança que, ao perceber mau funcionamento, solicita mudanças; o próprio coletivo (através

de seus líderes) que identifica seu mau funcionamento e pede mudança; um terceiro, de fora

do coletivo, que percebe a necessidade e pede ajuda para a coletividade. O estabelecimento de

uma relação de mudança refere-se ao oferecimento de tarefas com o objetivo de promover a

participação da coletividade em questão, fazendo com que esta se comprometa com as

mudanças de que precisa.

A ação orientada à mudança envolve etapa referente à conversão da necessidade de

mudança em ações baseadas no diagnóstico. A importância do diagnóstico está em definir a

direção da mudança e aonde se quer chegar, ou seja, concretamente o que se quer mudar.

Distinguem-se, nesta etapa, um horizonte estratégico de grandes metas globais e outro de

metas táticas, de curto alcance.

Já transferência e estabilização da mudança, de acordo com Lippit (apud SACO,

2006, p. 176) apresenta três fases para esta etapa: a iniciação dos esforços de mudança (fase

de racionalização, de criação de ambientes favoráveis à mudança); a generalização e a

estabilização da mudança (fase de visibilização e de divulgação da mudança) e o resultado ou

recompensa de uma relação terminal (institucionalização da mudança).

Trazendo novamente a contribuição de Bajoit (2008), o autor assevera que os

intercâmbios sociais contribuem tanto para reproduzir quanto para mudar as estruturas das

8

relações sociais. Os intercâmbios podem ser: cooperativos, conflitivos, competitivos e

contraditórios (BAJOIT, 2008, p. 253, 254).

Nos intercâmbios cooperativos, as identidades coletivas conhecem poucas tensões.

Eles são a base para a reprodução e a continuidade das sociedades, sendo por isso,

necessários. São as ações cooperativas que amparam o interesse mútuo e o diálogo.

Os intercâmbios conflitivos desempenham o papel de amenizar a reprodução das

relações sociais para que estas se renovem. Não se pode esquecer que há muita tensão entre os

grupos sociais, pois o exercício de liderança e de domínio, principalmente, causa bastante

conflito, considerando que se alimenta de relações de (abuso de) poder. A liderança

conseguida por grupos hegemônicos impõe o modo de fazer e de pensar; é a entrada do grupo

dos oprimidos na arena que gera mudanças socioculturais em busca de maior

compartilhamento de interesses.

Nos intercâmbios competitivos, entra em jogo a competência dos atores sociais como

fator de seleção dos “melhores”, ou dos mais “fortes” (esta é uma hipótese das ciências

naturais que se valida nas ciências sociais), ou seja, é a busca por vencer e deslegitimar ações

do “inimigo”. Essa hipótese de competência influenciou a cultura da modernidade, suas

ideologias, sua economia e suas políticas; logo, norteou as condutas dos atores individuais e

coletivos.

Os intercâmbios contraditórios seguem a mesma lógica dos competitivos, porém,

enquanto estes se orientam por regras, aqueles seguem sem regras e árbitro. Por essa razão,

Bajoit (2008) alerta para o perigo de morte física ou social dos atores sociais marginais, que

estão desprovidos de “ferramentas” de luta, de entrar no jogo da criatividade. Não podemos

esquecer que a principal causa da criatividade técnica, social e cultural foi a luta por

sobrevivência; assim, os que não dispõem dessas ferramentas podem ser esmagados ou

deixados à margem pelas mudanças geradas no seio da sociedade.

Percebe-se, com clareza, a importância do equilíbrio desses tipos de intercâmbio na

vida de uma sociedade. As mudanças sociais e culturais são resultado de processos tensos,

porém necessários. Os atores tanto geram quanto sofrem essas tensões em suas relações com o

outro e com o ‘inimigo’. Bajoit (2008, p 254-257) indica uma classificação para as vias da

mudança social, apresentada no Quadro 1.

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Quadro 1 - Representação das tipologias das vias da mudança social (BAJOIT, 2008)

O sociólogo separa as mudanças socioculturais em dois grandes campos: a mutação e

a ruptura. No enquadre da mutação, incluem-se a evolução e a reforma; no da ruptura,

identificam-se a revolta e a revolução. A evolução é um tipo de mudança gerada a partir dos

intercâmbios cooperativos e competitivos entre membros de categorias sociais não

organizadas. As tomadas de decisões são individuais ou de interesse particular de um

determinado grupo social e se tornam ponto de partida para novas mudanças sociais. Por outro

lado a reforma é um tipo de mudança que está pautada no intercâmbio cooperativo, é fruto

de uma decisão coletiva, cuja base é a negociação entre atores sociais organizados que

buscam um bem comum.

No campo da ruptura, a revolta é um tipo de mudança resultante de uma mobilização

espontânea dos membros de uma categoria social em intercâmbios conflitivos e

contraditórios. Sua característica mais marcante é ausência de organização da solidariedade

entre os participantes. Trata-se de uma forma embrionária de identidade coletiva,

considerando que vários indivíduos tomam as mesmas decisões simultaneamente; logo,

influenciam-se conjuntamente. A revolução é uma espécie de mudança pautada nos

intercâmbios conflitivos e contraditórios. O grande diferencial em relação à revolta é que a

revolução é um processo de mudança sociocultural respaldado por ação solidária e

organizada, visando uma inovação social.

Em síntese, de acordo com Bajoit (2008), as mudanças sociais e culturais devem ser

explicadas ponderando-se o papel dos atores individuais e coletivos na gestão das tensões

10

sociais. Esses atores são os responsáveis, ao construírem suas subjetividades, pelos

significados que se instauram em sua relação com o outro.

Saco (2006) diferencia (grandes) mudanças sociais de transformações pontuais7.

Segundo o autor, alguns acontecimentos naturais ou sociais podem gerar transformações

temporárias ou mesmo mudanças sociais permanentes. Assim, o sociólogo distingue

mudanças em dois tipos. As do tipo 1, são mudanças microssociológicas que não afetam ao

grande sistema, acontecem como acomodações em organizações menores, por exemplo:

mudanças no seio familiar para se ajustar às necessidades diárias. As do tipo 2, são mudanças

macrossociológicas que afetam a estrutura social, por exemplo: mudanças em forma de

governo de uma nação.

Feita essa primeira grande classificação, o autor apresenta as mudanças de acordo com

as direções que as causaram: a) mudanças a partir de movimentos “de dentro para\ de fora

para” e b) mudanças a partir de movimentos “de cima para\ de baixo para”.

Com relação às mudanças do tipo (a), estas podem ser endógenas ou exógenas. As

endógenas são mudanças ocorridas de dentro para fora, isto é, ocorrem dentro do próprio

sistema como resultado de movimentos de transformação social. Neste tipo de mudanças, na

maioria das vezes, a sociedade conta com mecanismo para estabilizar as alterações surgidas.

As exógenas são as mudanças ocorridas de fora para dentro, ou seja, são mudanças geradas

por fatores naturais ou por força de outros sistemas, por isso, mais difíceis de serem

controlados. Esses fatores podem ser de ordens econômicas, politicas, ideológicas, culturais, e

mesmo ecológicas. O impacto dessas forças externas vai depender do que encontrar

internamente, se o sistema está aberto a inovações ou se há resistências às mesmas.

Com relação às mudanças do tipo (b), estas podem se descendentes ou ascendentes. As

descendentes, que podem ser endógena ou exógena, são as mudanças ocorridas de cima para

baixo, também chamadas de mudanças elitistas, por isso não atendem, de modo geral, às

necessidades da população. As ascendentes são as mudanças ocorridas de baixo para cima

que surgem, mais ou menos, de forma espontânea a partir de mobilizações populares,

geralmente endógenas.

Esses grupos de mudanças podem ser reagrupados ou cruzados entre si, originando

mudanças que combinam movimentos diferentes. As mudanças exógenas descendentes,

denominadas exodirigidas, surgem como resultados de pressão externa ao sistema,

7 Embora concordemos com o autor quanto a essa diferenciação no campo da Sociologia, consideraremos, na

esfera discursiva – nosso objeto de análise – mudanças socioculturais de uma forma generalizada. Assim toda e

qualquer mudança discursiva do sujeito, posicionamentos, mudança de atitude, será considerada uma mudança

social ou mudança sociocultural.

11

promovidas, geralmente, por grupos militares, políticos e, até mesmo, culturais. As mudanças

exógenas ascendentes, denominadas de exoemergentes, são provocadas por pressões

advindas de grupos emergentes que se organizam de forma horizontal e, muitas vezes, não

apresentam limites territoriais. Os típicos casos de reivindicações sustentadas nas redes

sociais são exemplos deste tipo de mudança. As mudanças endógenas descendentes,

denominadas endodescendentes ou endodirigidas, são mudanças promovidas pelas elites

locais, tendo, geralmente caráter pacífico pois buscam efetuar as mudanças de forma natural.

Originam-se do atendimento das elites locais às pressões internas ou das forças externas. As

mudanças endógenas ascendentes, denominadas autogestionárias, são promovidas pela

participação e pelo diálogo. Diferentemente das endodescendentes, estas são resultantes de

movimentos populares que buscam respostas às suas reivindicações.

O quadro 2 abaixo sumariza essa classificação.

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O sociólogo chama atenção para o fato de as mudanças “de cima para baixo”

apresentarem uma difusão mais rápida, pois se sustentam por sistemas formais de controle; as

“de baixo para cima” se difundem, obviamente, com mais dificuldade, já que, frequentemente,

estão fundamentadas em sistemas informais de controle e liderança.

3.1.2 Tipos de poder

Embora o conceito de (abuso de) poder seja central em ACD, confirma-se, nas

palavras de Wodak (2003, p. 31), que “A ACD se interessa pelos modos em que se utilizam

as formas linguísticas em diversas expressões e manipulações do poder”. A nosso ver, no

13

entanto, essa temática não tem sido investigada com muito aprofundamento; por isso, a

ASCD pretende ampliá-la.

Como já assumido pela ACD, a linguagem evoca poder, e essas relações de poder são

discursivas. A própria Wodak explicita o fato de o poder não existir na linguagem por si; esta

só o adquire via sujeito. Sobre esse aspecto ainda se acrescentaria que o poder não seria

identificável apenas no interior dos textos\discursos em suas formas gramaticais, mas,

sobretudo, em como as pessoas, fazendo uso do texto, exercem controle sobre as outras. Van

Dijk (2008) evidencia o abuso do poder social de grupos e instituições sobre o indivíduo e

sobre o discurso. Os grupos possuem maior ou menor controle sobre os outros membros de

seu grupo ou de outros grupos. Essa discussão acerca da relação da ACD com poder e

linguagem pode ser vista ainda em Fairclough (2008), Wodak (1997) e Pedrosa (2008).

A linguagem é, nesta perspectiva, um meio de dominação e de força social, além de

servir para legitimar as relações de poder estabelecidas institucionalmente. Desse modo, a

ACD desenvolve um tipo de análise que busca uma teoria da linguagem que alie a dimensão

do poder à condição capital da vida social.

Por essa razão justifica-se tratarmos essa temática de forma mais aprofundada,

mapeando as origens do poder e a relação estabelecida entre os interactantes. O nosso quadro

teórico assumirá os diversos tipos de poder aos quais faz referência Bajoit (2008, p. 23-45).

A fim de sobreviverem no tempo e no espaço, as coletividades precisam encontrar

soluções para seus problemas vitais, que o autor elenca como administrar: a produção de

riquezas, a ordem interna, a socialização de seus membros, o consenso e a solidariedade e

suas relações com outras coletividades. A partir desses tipos de relações, surgem tipos

diferentes de coerção: domínio, poder, autoridade, influência e hegemonia. Em uma

recontextualização para nossa abordagem, ao considerarmos o discurso, e não uma situação

empírica como o faz Bajoit, utilizaremos os termos poder-domínio, poder-Estado, poder-

autoridade, poder-influência, e poder-hegemonia, explicitados a seguir.

O poder-domínio refere-se ao modo de produção, o qual envolve a administração da

produção e a utilização social das riquezas de uma coletividade. Como nem sempre as

riquezas são suficientes, geram-se conflitos entre a classe de gestores que desejam controlar a

produção em benéfico próprio e a de produtores. Os atores sociais são gestores e produtores.

O poder-Estado refere-se ao tipo de regime político. A administração de uma ordem

interna envolve: legislar (poder legislativo – decidir sobre o permitido e o proibido); julgar

(poder judicial – avaliar as condutas conforme as leis); reprimir (poder repressivo – aplicar a

14

decisão do poder judicial) e governar (poder executivo – intervir na ordem instituída). Os

atores políticos envolvidos são as elites estatais e os cidadãos.

O poder-autoridade refere-se ao modelo de integração social. Esse modelo dá conta da

socialização dos membros da coletividade de acordo com as regras adotadas para o corpo

social, tais como: prescrever e incutir as regras, garantir a autoridade da hierarquia, avaliar as

condutas dos dirigidos e castigar o desvio social. Os atores sociais são as hierarquias e os

dirigidos.

O poder-influência refere-se ao tipo de contrato social, relação social em que se

estabelecem, se negociam e se garantem os compromissos, bem como a existência entre os

diferentes grupos. Os atores sociais envolvidos são os grupos instalados e os grupos

minoritários.

O poder-hegemonia refere-se ao modelo de ordem social, o qual diz respeito ao modo

de administrar as relações entre as coletividades nos âmbitos regional e mundial. Os atores

envolvidos são as coletividades hegemônicas e as coletividades dependentes. É uma relação

de coerção em que a coletividade mais forte impõe (por diplomacia ou guerra) seus interesses

políticos e econômicos a outras coletividades mais fracas.

Assim, a depender da esfera discursiva (no caso da ASCD) em que esteja inserida a

fala do sujeito, nomearemos o “poder” de forma diferente, seguindo a classificação de Bajoit.

3.1.3 Indivíduo, sujeito, ator (ISA)

A Sociologia para a Mudança Social (BAJOIT, 2008, 2009, 2012) contempla o estudo

do ISA – indivíduo, sujeito e ator. Ressaltaremos, neste tópico, o sujeito, embora

reconhecendo a necessidade de evocarmos o ator social e a sua identidade. Para o estudo

(resumido) das identidades, remetemos os leitores para o tópico seguinte e o estudo dos

atores sociais (VAN LEEUWEN, 1997; PEDROSA, 2008).

Sabe-se que a história dos estudos da linguagem com o sujeito não tem sido fácil nem

pacífica. Ora retira-se o sujeito, ora inclui-se o sujeito. Ora defende-se um sujeito assujeitado,

determinado por uma formação ideológica e discursiva; ora aponta-se para um sujeito

descentrado. Indica-se um sujeito transformador (que nem sempre existe). É ainda nessa

efervescência em relação ao sujeito e nessa inexistência de consenso das correntes que a nossa

abordagem assume os vários tipos de sujeito apontados por Bajoit (2008), migrando-os para o

campo discursivo. Isso por entendermos que o ser humano é um ser de “palavra”, “ele se

constrói discursivamente quando assume a linguagem nesta constante relação linguagem-

15

sociedade, mediada por todo um trabalho cognitivo sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o

mundo” (PEDROSA, 2012d, no prelo). Nesse sentido, “toda enunciação produz

simultaneamente um enunciado e um sujeito”. Não podemos pensar “um sujeito anterior à

enunciação” pois “a enunciação é constitutiva do sujeito, o sujeito advém na enunciação”

(COMPAGNON, 2007, p.135).

“A questão do sujeito é uma questão aberta”, afirma Possenti (2009). Pretendemos

que nossa contribuição a esse campo inclua-se nessa abertura que aponta não para a limitação

do campo, mas, ao contrário, para um espaço em que podem ser incluídas várias vozes que

desejam somar a este estudo.

A ASCD (PEDROSA, 2011; 2012a -d), com base na Sociologia para a Mudança

Social (BAJOIT, 2008, 2006), assume que o sujeito se move (ou se constitui) diferentemente,

em múltiplas classificações, a depender de situações e circunstâncias que lhes causam tensões

existenciais. Assim, teríamos alguns tipos de sujeito ligados as suas identidades fragmentadas.

Bajoit entende o sujeito, no campo da Sociologia, como a capacidade do indivíduo de

atuar sobre si mesmo a fim de construir sua identidade pessoal; é “a capacidade do indivíduo

de questionar suas tensões existenciais” (BAJOIT, 2008, p. 162). Essas tensões interpelam o

sujeito com a finalidade de desenvolver um trabalho de gestão de si que o orienta para a

construção do “eu”, em um processo de eleição do que lhe convém na atual situação a fim de

(re)modelar sua imagem, confirmando ou modificando sua identidade.

Para Bajoit, a identidade pessoal é, num processo provisório e evolutivo, resultante de

um trabalho gestacional de si, também chamado de “trabalho do sujeito”, “trabalho de

construção identitária" ou ainda “autogestão relacional”. Esse processo corresponde a um

trabalho incessante do ser humano sobre si mesmo para (re)construir sua identidade.

Quando o indivíduo trabalha para (re)construir sua identidade, ele busca,

principalmente, alcançar três fins, ou “bens” (BAJOIT, 2006, p. 174, 175): a realização

pessoal, o reconhecimento social e a consonância existencial. Para atingir a realização

pessoal, o indivíduo procura atender a sua autorrealização, os compromissos que assume (ou

assumiu) consigo mesmo e que sempre desejou. Quando o indivíduo prioriza esse bem,

dizemos que ele está construindo identidades dentro de uma esfera identitária desejada

(EID). A fim de atender o reconhecimento social, o indivíduo busca realizar o que ele pensa

que a sociedade (os outros) espera dele. É a leitura que ele faz das expectativas dos outros: “o

que esperam que eu faça ou que eu seja”. Se o indivíduo prioriza atingir esse objetivo,

afirmamos que ele está construindo identidades dentro de uma esfera identitária atribuída

(EIA). Para alcançar a consonância existencial, o indivíduo busca conciliar o que deseja com

16

o que julga que os outros esperam dele. Alcançar essa consonância existencial é o resultado

da conciliação, pelo indivíduo, de realização pessoal e reconhecimento social. Quando o

indivíduo investe em alcançar esta conciliação, falamos que ele está construindo suas

identidades dentro de uma esfera identitária comprometida (EIC).

Justificamos a nomeação de “esfera identitária” (desejada, atribuída e comprometida)

e não identidade desejada, identidade atribuída e identidade comprometida, assim como o faz

Bajoit (2008, 2006, 2009, 2012), com o fato de aceitarmos que essas “identidades”, na

verdade, representam grandes áreas identitárias que conteriam várias identidades que o autor

entende como “zonas de identidade” (BAJOIT, 2009, p. 13). O trabalho ou a capacidade de

(re)construção identitária são constantes, sempre em numa eterna busca em conformar esses

três objetivos (ou bens). A essa capacidade de o indivíduo atuar sobre si mesmo com o

objetivo de (re)construir sua identidade pessoal, denominamos sujeito (BAJOIT, 2008).

De acordo com a esfera identitária pessoal (atribuída, comprometida, desejada)8,

construída nessa gestão do sujeito, este pode ter diversas classificações, conforme

representados no Quadro 2.

ESFERA IDENTITÁRIA

ATRIBUÍDA (EIA)

ESFERA IDENTITÁRIA

COMPROMETIDA (EIC)

ESFERA IDENTITÁRIA

DESEJADA (EID)

Sujeito conformista Sujeito consequente Sujeito altruísta

Sujeito adaptador Sujeito pragmático Sujeito estrategista

Sujeito rebelde Sujeito inovador Sujeito autêntico

Quadro 2 - O sujeito e o trabalho gestacional de si (com base em BAJOIT, 2008, p. 190)

O Quadro 2 mostra que o sujeito não é único. Sua fragmentação depende da gestão

relacional de si que o sujeito faz, depende da maneira como o indivíduo atualiza e gerencia

suas tensões existenciais. Assim, a essas três esferas identitárias, ligam-se diferentes

posições do sujeito.

Dois processos (recursos psíquicos) definem esse posicionamento do sujeito: a

acomodação e o distanciamento. No processo de acomodação, acomodar-se, adaptar-se ao

8 O autor também enfoca as identidades coletivas, assunto que abordaremos em outro artigo; contudo o leitor

pode ver um resumo dessa temática em ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DO

DISCURSO (ASCD): contribuição aos estudos das identidades e dos sujeitos, neste site e em

http://www.filologia.org.br.

17

social e a si mesmo é também ser sujeito. Já no de distanciamento, inversamente, há um

trabalho reflexivo do sujeito, ou seja, um trabalho de questionar-se e de objetivar-se, de tomar

distância de si mesmo, de desenvolver sua capacidade de autocrítica e, sobretudo, de “analisar

e interrogar as instituições sobre seus fundamentos, sobre sua legitimidade da dominação

social e cultural que pretendem exercer sobre ele (BAJOIT, 2008, p. 180). Como diz Bajoit, a

acomodação e o distanciamento são necessários para que o indivíduo (re)construa e reforce

sua identidade pessoal.

A EIA diz respeito à leitura ou à interpretação do indivíduo acerca do ponto de vista

que o outro tem ou que espera dele. É como ele apreende o que os outros esperam dele. É uma

leitura que ele faz do social, “o que o mundo espera que eu faça”.

Nesse contexto, quando o sujeito, na gestão relacional de si, gerindo essa esfera,

escolhe que é melhor submeter-se, pois não suporta a denegação de um

reconhecimento social, ou da aprovação de seus pais, dos outros, das instituições, e

prefere ‘acomodar-se’ aos valores tradicionais e seguros (valores religiosos, étnicos,

nacionais, familiares, etc), temos um sujeito conformista (ou sobreconformista);

convence-se de que o que é esperado dele não é legítimo, ele distancia-se e prefere

uma desaprovação social, opondo-se às expectativas dos outros, temos um sujeito

rebelde;

convence-se de que é melhor se situar no meio termo atender às expectativas das

instituições, dos pais, etc e também ao que ele deseja para si mesmo, temos um

sujeito adaptador.

A EID liga-se, como já afirmado, à busca de realização pessoal. Atende ao projeto

identitário do indivíduo, o que ele sempre desejou ser ou fazer de sua vida (seja com ou sem

aprovação do outro). Esse tipo articula-se também com o que o sujeito já conseguiu realizar

de seus projetos. Assim, quando o sujeito, gerindo essa esfera

ambiciona viver em conformidade com seus ideais, desejos e projetos; define atingir

o “que é” e aonde quer chegar como sendo prioridade em suas decisões e quer ser

verdadeiro, temos um sujeito autêntico;

resolve negar a si mesmo em prol do outro, então temos um sujeito altruísta;

tenta conciliar as duas situações acima descritas, ou seja, concilia a autenticidade e o

altruísmo, temos um sujeito estrategista.

A EIC representa o trabalho real do indivíduo em (re)construir sua identidade pessoal.

Conseguir a consonância existencial não é “trabalho” fácil, pois o indivíduo precisa gerenciar

as tensões existenciais que se situam entre a realização pessoal, atendendo a sua EID, e o

18

reconhecimento social, atendendo a sua EIA. Então, no caso, a EIC é, na verdade, “o conjunto

de compromissos identitários que assumiu para consigo próprio e que se encontra

concretamente a realizar nas suas condutas, através das suas relações com os outros, das suas

lógicas de acção; é o que ele faz da sua vida” (BAJOIT, 2006, p. 181). Desse modo, quando o

sujeito, gerindo sua identidade comprometida (IC),

compromete-se com suas escolhas e assume as consequências (mesmo extremas) até o

fim do que elegeu, temos um sujeito consequente;

assume uma atitude mais flexível. Quando ele é mais adaptável, mais pronto para

autocrítica e disposto a renovar seus projetos, mesmo que para isto precise voltar ao

ponto zero, então estamos diante de um sujeito inovador;

combina estes dois extremos, isto é, ele adapta-se, mas também permanece fiel as suas

decisões anteriores, orientando-se pelas circunstâncias, pelas oportunidades ou mesmo

nos obstáculos, ele pouco a pouco modifica seus fins e seus meios, tenta viver a vida

que tem e a que deseja (vivem, nas horas vagas, uma “segunda a vida”, em que

cultivam sua vocação), temos um sujeito pragmático.

Ressaltamos que o trabalho sobre si (do sujeito) implica necessariamente um trabalho

sobre o outro em um constante vai e vem de relações sociais. O resultado dessa gestão sobre

o outro conduz o sujeito a reformular o trabalho sobre si (BAJOIT, 2008), daí ser coerente

essa classificação dos vários tipos de sujeito. O autor ainda acrescenta que “os indivíduos são

capazes de mudar as lógicas e saltar de uma a outra, segundo as circunstâncias e os campos

relacionais nos quais atuam” (BAJOIT, 2008, p. 200-201).

Diante do que conseguimos expor como recorte do que Bajoit desenvolve em sua

teoria, que nós assumimos para ASCD, podemos ratificar que o sujeito assumido pela ASCD

é resultado de sua prática de relações sociais, e não uma essência do homem e, acima de tudo,

em nosso estudo, ele se constrói discursivamente. Nas palavras de Bajoit (2012, p. 15):

“vendo-se pela ótica da teoria da identidade individual, ser sujeito de si mesmo é (re)construir

para si um núcleo identitário tão grande como possível for (fazer, portanto, coincidir as três

esferas identitárias)”.

4. POSICIONAMENTOS DA ASCD COM BASE NA RECONTEXTUALIZAÇÃO DOS

POSTULADOS DA SOCIOLOGIA

Em relação à ASCD, assumimos alguns conceitos do campo estudado, apresentando,

aos leitores que se identificarem com nossa abordagem, algumas propostas de análises que

19

desenvolvemos (e desenvolveremos) em nossas pesquisas de iniciação científica, mestrado e

doutorado.

Informamos que elevamos alguns conceitos a categorias, termo com um amplo campo

de significados e aplicações. De um modo geral, classificam-se as categorias em:

metodológicas, de conteúdo e analítica. As categorias metodológicas dão suporte à relação

entre pesquisador-objeto e se liga ao “critério de seleção e organização da teoria e dos fatos a

serem investigados, a partir, da finalidade da pesquisa, fornecendo-lhe o princípio de

sistematização que vai lhe conferir sentido, cientificidade, rigor, importância”

(CASAGRANDE, et al, 2005). As categorias de conteúdo, que são responsáveis pela

mediação entre o universal e o concreto e se ligam ao objeto e á finalidade da pesquisa

(KUENZER apud CASAGRANDE; ALBUQUERQUE; TAFFAREL, 2005). As categorias

analíticas, que na perspectiva da ACD, são “formas e significados textuais associados a

maneiras particulares de representar, de (inter)agir e de identificar(-se) em práticas sociais

situadas”, e ainda, “por meio delas, podemos analisar textos buscando mapear conexões entre

o discursivo e o não discursivo, tendo em vista seus efeitos sociais” (RAMALHO;

RESENDE, 2011, p. 11-12).

A ASCD assume alguns conceitos e algumas categorias como essenciais para uma

pesquisa crítica do discurso em sua transdisciplinaridade; portanto, em suas análises,

embasada na Sociologia (Aplicada) para a Mudança Social, nos moldes expostos

resumidamente neste artigo, apresenta algumas sugestões descritas no Quadro 3.

SUGESTÕES ANALÍTICAS DA ASCD COM BASE NA SOCIAOLOGIA (APLICADA)

PARA A MUDANÇA SOCIAL

1. Identificar os tipos de mudanças sociais e culturais que o objeto de investigação sofreu

historicamente e adotar os quadros expostos com base em Bajoit e Saco:

A) modalidades de mudança social e cultural:

(a) mutação: evolução e reforma

(b) ruptura: revolta e a revolução

B) graus de mudanças

(a) microssociológicas

(b) macrossociológicas

C) mudanças a partir de movimentos “de dentro para\ de fora para”

(a)endógenas

(b)exógenas

D - mudanças a partir de movimentos ‘de cima para\ de baixo para’

20

(a) descendentes: autogestionário, exo-emergente

(b)ascendentes: endodirigido, exodirigido

2.Estabelecer diferenças entre as forças de coerção:

A) poder-domínio: poder exercido por classes de gestores

B) poder-Estado: poder exercido pela classe representada dentro de um regime político

C) poder-autoridade: poder exercido por quem controla a socialização dos membros de uma

coletividade

D) poder-influência: poder exercido por quem estabelecem, negociam e garantem os compromissos

em uma sociedade

E) poder-hegemonia: poder exercido nas relações com coletividade externa

3.Investir em estudos identitários, articulando as identidades sociais e individuais:

A) classificação das identidades coletivas do modelo cultural identitário (BAJOIT, 2006, 2008)

B)classificação das identidades pessoais nas esferas: atribuída, desejada e comprometida

4.Classificar os sujeitos nas esferas identitárias pessoais:

A) atribuída: sujeito conformista, sujeito adaptador, sujeito rebelde

B) desejada: sujeito autêntico, sujeito estrategista, sujeito altruísta

C) comprometida: sujeito consequente, sujeito pragmático, sujeito inovador

Quadro 3 – sugestões da ASCD para analisar as mudanças socioculturais

5. (IN)CONCLUSÃO

Articular os códigos sociais e discursivos não é tarefa fácil para os analistas do

discurso, considerando que o exercício da linguagem é, sobretudo, dialógico. Em nossa

proposta, esse grande diálogo contemplará as mais diversas disciplinas, dependendo do objeto

a ser analisado e dos caminhos de análise que se pretende construir.

Convocamos também os leitores a fazerem parte deste diálogo que se ambiciona

desenvolver e concretizar via pesquisas acadêmicas com o suporte teórico que estamos

propondo, pois a ciência, além de continuidade, precisa, sobretudo, de criação.

Da nossa parte, pesquisas realizadas em diversos níveis da graduação ao doutorado,

estão testando os conceitos e as categorias defendidos aqui e, com certeza, acrescentarão

outros conceitos e outras categorias. Também propomos essa abordagem em congressos (a

exemplo do XVI Congresso Brasileiro de Linguística e Filologia, agosto de 2012, UERJ,

http://www.filologia.org.br/), mesas-redondas, minicursos, oficinas e comunicações

individuais com publicações no site do evento.

21

8. REFERÊNCIAS

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