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revista técnico-profissional ENTREVISTA o electricista 54 ABB, S.A. {“GOSTO DE TRABALHAR PRÓXIMO DAS PESSOAS”} Antonio González é o novo administrador da ABB em Portugal, tendo iniciado estas funções no nosso país no Verão de 2010, após ter desempenhado outras, bastante diferentes, dentro do Grupo ABB. Antonio González pretende dar continuidade a um novo modelo de gestão, iniciado pelos seus antecessores mais recentes: fazer com que os colaboradores da ABB sintam que pertencem à empresa e que o seu trabalho é devidamente valo- rizado. Para tanto, propõe-se motivar a criatividade, a respon- sabilidade e o espírito inovador. A crise não o assusta porque, apesar dos riscos inerentes à conjuntura económica, vê nela boas oportunidades de negócio. Revista “o electricista” (oe): Como de- correu todo o seu percurso na ABB até chegar a administrador-geral da ABB Portugal? Antonio González (AG): Estou na ABB há cerca de 20 anos. Comecei a trabalhar em 1989 como estagiário e um ano depois já tinha o meu primeiro contrato. Até chegar a administrador-geral da ABB em Portugal passei por muitas outras posições, rece- bendo formação específica para cada área e para as suas diferentes responsabilidades. Na década de 1980 foram introduzidos nas empresas os primeiros computadores, e ha- via pessoas com muita experiência no ne- gócio e com um grande conhecimento dos produtos, mas que não estavam à vontade com as novas tecnologias informáticas. Por essa razão foram buscar às universidades jovens formados com capacidade para tra- balhar com computadores, e assim come- çou a minha vida na ABB. A minha actividade teve início no depar- tamento técnico, depois fui colocado no departamento de Informática, e posterior- mente no departamento de gestão e con- tabilidade. Mais tarde fui para o departa- mento de produção e daí para a direcção de uma fábrica no Brasil, a que se seguiu a direcção de uma outra fábrica em Espanha, onde fui responsável pela área dos trans- formadores – uma área muito grande, que engloba três fábricas naquele país e a ex- portação de uma grande quantidade de so- luções para toda a Europa, África e América. Esta responsabilidade terminou no Verão de 2010, quando me foi oferecida pelo Grupo a possibilidade de assumir funções muito di- ferentes, como administrador-delegado da ABB em Portugal. oe: Como é que este percurso transver- sal e igualmente vertical, porque já ocu- pou vários postos na ABB, pode ser uma mais-valia pessoal e profissional para o desempenho das suas novas funções? AG: Acredito que todos nós somos a nossa experiência, que todo o nosso conhecimen- to resulta da mistura das nossas vivências e das experiências que adquirimos, e que com elas construimos o nosso presente e Helena Paulino o nosso futuro. Gosto de trabalhar perto das pessoas, e conseguir que elas dêem o melhor de si. Se colocarmos directamente a responsabilidade nas pessoas, elas con- cluem que têm de trabalhar da melhor for- ma, e tomam livremente um determinado caminho para atingirem os seus objectivos dentro das opções que têm à sua disposi- ção. Não vou perseguir as pessoas que ge- rem equipas e dizer-lhes o que devem fazer. Dou bastante liberdade, mas obviamente espero que cumpram os objectivos que lhes foram delineados. Para mim a missão do chefe é definir claramente quais os pontos que orientam o trajecto da empresa, fican- do à responsabilidade de cada um a escolha do caminho concreto a seguir. Defendo que cada pessoa deve ter um determinado nível de autonomia e de capacidade de decisão, aceitando eu, naturalmente, que as pessoas podem errar. No entanto, este é um risco que vale a pena correr. oe: É um risco que gosta de correr por- que pensa que as pessoas motivadas e responsabilizadas desta forma têm pos- © Luís Brandão, ABB

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Page 1: ABB, S.A. · 2017. 7. 13. · ABB, S.A. {“GoSto de trABAlhAr próximo dAS peSSoAS”} Antonio González é o novo administrador da ABB em Portugal, tendo iniciado estas funções

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ABB, S.A.{“GoSto de trABAlhAr próximo dAS peSSoAS”}

Antonio González é o novo administrador da ABB em Portugal, tendo iniciado estas funções no nosso país no Verão de 2010, após ter desempenhado outras, bastante diferentes, dentro do Grupo ABB. Antonio González pretende dar continuidade a um novo modelo de gestão, iniciado pelos seus antecessores mais recentes: fazer com que os colaboradores da ABB sintam que pertencem à empresa e que o seu trabalho é devidamente valo-rizado. Para tanto, propõe-se motivar a criatividade, a respon-sabilidade e o espírito inovador. A crise não o assusta porque, apesar dos riscos inerentes à conjuntura económica, vê nela boas oportunidades de negócio.

Revista “o electricista” (oe): Como de-correu todo o seu percurso na ABB até chegar a administrador-geral da ABB Portugal?Antonio González (AG): Estou na ABB há cerca de 20 anos. Comecei a trabalhar em 1989 como estagiário e um ano depois já tinha o meu primeiro contrato. Até chegar a administrador-geral da ABB em Portugal passei por muitas outras posições, rece-bendo formação específica para cada área e para as suas diferentes responsabilidades. Na década de 1980 foram introduzidos nas empresas os primeiros computadores, e ha-via pessoas com muita experiência no ne-gócio e com um grande conhecimento dos produtos, mas que não estavam à vontade com as novas tecnologias informáticas. Por essa razão foram buscar às universidades jovens formados com capacidade para tra-balhar com computadores, e assim come-çou a minha vida na ABB.

A minha actividade teve início no depar-tamento técnico, depois fui colocado no departamento de Informática, e posterior-

mente no departamento de gestão e con-tabilidade. Mais tarde fui para o departa-mento de produção e daí para a direcção de uma fábrica no Brasil, a que se seguiu a direcção de uma outra fábrica em Espanha, onde fui responsável pela área dos trans-formadores – uma área muito grande, que engloba três fábricas naquele país e a ex-portação de uma grande quantidade de so-luções para toda a Europa, África e América. Esta responsabilidade terminou no Verão de 2010, quando me foi oferecida pelo Grupo a possibilidade de assumir funções muito di-ferentes, como administrador-delegado da ABB em Portugal.

oe: Como é que este percurso transver-sal e igualmente vertical, porque já ocu-pou vários postos na ABB, pode ser uma mais-valia pessoal e profissional para o desempenho das suas novas funções?AG: Acredito que todos nós somos a nossa experiência, que todo o nosso conhecimen-to resulta da mistura das nossas vivências e das experiências que adquirimos, e que com elas construimos o nosso presente e

Helena Paulino

o nosso futuro. Gosto de trabalhar perto das pessoas, e conseguir que elas dêem o melhor de si. Se colocarmos directamente a responsabilidade nas pessoas, elas con-cluem que têm de trabalhar da melhor for-ma, e tomam livremente um determinado caminho para atingirem os seus objectivos dentro das opções que têm à sua disposi-ção. Não vou perseguir as pessoas que ge-rem equipas e dizer-lhes o que devem fazer. Dou bastante liberdade, mas obviamente espero que cumpram os objectivos que lhes foram delineados. Para mim a missão do chefe é definir claramente quais os pontos que orientam o trajecto da empresa, fican-do à responsabilidade de cada um a escolha do caminho concreto a seguir. Defendo que cada pessoa deve ter um determinado nível de autonomia e de capacidade de decisão, aceitando eu, naturalmente, que as pessoas podem errar. No entanto, este é um risco que vale a pena correr.

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sibilidade de ir mais longe?AG: Sim, claro. Prefiro trabalhar desta forma a perseguir cada um dos detalhes do trabalho dos meus colaboradores. Esse processo de gerir pessoas, que considero ultrapassado, até pode ter aspectos positi-vos – podemos, pelo menos teoricamente, conseguir resultados se encontrarmos pes-soas que gostam de ser dirigidas dessa for-ma. Mas, para mim, este modelo fracassa no momento em que o líder, por qualquer razão, fica mais fraco, e porque de certa forma desresponsabiliza os colaboradores: o líder tem vontade e capacidade de tomar decisões porque está habituado a fazê-lo, e a equipa limita-se a segui-lo. Não! Prefiro o outro estilo, que motiva e ao mesmo tempo responsabiliza todas as pessoas, exacta-mente em linha com a estratégia da ABB, que é muito clara nas suas directivas a este respeito.

Ao longo da minha carreira, tive a sorte de experienciar diferentes políticas dentro da empresa, todas mais ou menos seguindo o mesmo rumo, mas desde há cerca de nove anos temos investido na criação de um novo tipo de liderança, um novo espírito de trabalho de equipa. Actualmente, a ABB promove acções de formação focadas no desenvolvimento das pessoas e da sua lide-rança pessoal, porque estamos convencidos de que só mediante o desenvolvimento des-tas capacidades teremos os melhores pro-fissionais do mercado. E as pessoas terão da parte da empresa a dedicação que merecem. Em Portugal, levámos a cabo recentemente duas sessões de uma formação denominada “Leadership Challenge Program”, que será progressivamente alargada a todo o nosso universo de colaboradores. A resposta das pessoas que já passaram por esta experiên-cia de formação é extremamente positiva. E a verdade é que esta é também a minha forma de trabalhar, e tenho de reconhecer que só tenho conseguido vantagens!

oe: E considera que esse novo modelo é uma mais-valia?AG: Acredito que sim, porque o espírito de equipa e a consciência das nossas ca-pacidades de liderança são de grande im-

portância para o próprio desenvolvimento do trabalho individual e um factor-chave para a realização pessoal e profissional, que beneficiará o colaborador tanto quanto a empresa. Acredito que, entre as empresas multinacionais, a ABB é pioneira na promo-ção e implementação deste novo modelo de liderança pessoal, e, e se falar com as pessoas em geral, o ambiente de trabalho, a dedicação e motivação e o sentimento de pertença são maiores porque as pessoas se sentem reconhecidas no seu trabalho e acreditam que podem fazer a diferença. Na ABB o importante não é trabalhar as oito horas que a lei impõe e ir para casa no fim do dia. O mais relevante é que fique algo do trabalho de cada um, e que cada um sinta a empresa como uma entidade à qual, com orgulho, pertence.

“temoS o mAior portfólio nA áreA dA enerGiA e dA AutomAção”

oe: A ABB é uma empresa enorme, com muita responsabilidade no mercado. Como pretendem ganhar confiança nos seus colaboradores, e conseguir mais clientes em Portugal?AG: A estratégia geral da ABB está deline-ada, e a da ABB em Portugal está perfei-tamente alinhada com a da casa-mãe. Há cerca de oito anos foi definida uma nova

estrutura operacional e a actividade da empresa foi dividida em cinco áreas distin-tas, duas delas focadas essencialmente na energia e automação. O processo de con-solidação foi longo, estendeu-se por cerca de cinco anos, e representou uma mudança muito profunda. No entanto, foi levada a cabo com o envolvimento e conhecimen-to dos colaboradores da empresa. O pre-sidente do conselho de administração do Grupo ABB começou, em 2001, a escrever todas as semanas uma carta aos colabo-radores, explicando o que pensava, o que se estava a fazer no momento e o que se pretendia fazer no futuro. Este canal de co-municação aberto e inovador foi o início de um novo espírito de consciencialização, de envolvimento de todos os colaboradores da empresa nas questões essenciais do Grupo ABB, promovendo, naturalmente, a sua mo-tivação e sentimento de pertença.

Actualmente, temos um dos maiores port-fólios de soluções na área da energia e au-tomação, porque decidimos concentrarmo-nos em concreto nestas duas importantes áreas, e porque todos acreditamos que temos valor e que vamos conseguir ser os melhores. Qual é a estratégia para o futu-ro? Continuar a crescer nestas áreas, claro, de forma a garantirmos mais clientes para além daqueles com que contamos nos sec-tores em que já estamos implementados. E queremos conquistar mais clientes porque

“Acredito que todos somos

a nossa experiência, que

todo o nosso conhecimento

resulta da mistura

das nossas vivências e

das experiências que

adquirimos, e que com

elas construimos o nosso

presente e o nosso futuro.”

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acreditamos que a oferta de que dispomos é a resposta às suas necessidades. Enfren-tamos um mundo muito competitivo, pelo que a aposta da ABB não pode passar só pelo preço, que é um factor decisivo para os clientes, mas também reconhecemos que somos actualmente a empresa que possui a melhor oferta de mercado. Por isso, não é só pelo preço que queremos conquistar novos clientes, mas também pela nossa ca-pacidade de oferecer as melhores soluções.

oe: E na área da baixa tensão? Como estão a trabalhar esta área de negócios onde ainda não são líderes em Portugal? AG: A ABB é mais conhecida pelas suas soluções e equipamentos de baixa tensão em Espanha, na Alemanha e na Itália. No entanto, apesar de não termos a melhor quota de mercado neste segmento em Portugal, estamos a focar cada vez mais a nossa atenção nos seus agentes com maior influência, como é o caso dos arquitectos e projectistas na área da domótica. E, aqui, sentimos que temos grandes oportunidades porque dispomos de um grande portfólio de produtos necessários à domótica e à auto-mação de edifícios, residenciais ou do sec-

tor terciário. E isto pode proporcionar-nos condições que até agora não tínhamos. Não é hábito da ABB competir apenas pelo pre-ço, mas sim porque acreditamos que temos uma solução melhor do que a dos nossos concorrentes.

oe: E nas áreas de movimentação, de au-tomação e de robótica? Quais os objec-tivos destas áreas em Portugal?AG: A área de negócios que denominamos Discrete Automation and Motion inclui dri-ves e electrónica de potência, segmentos onde acreditamos que nos podemos esfor-çar mais e onde vemos que o mercado ne-cessita de mais inovação e de mais soluções energeticamente eficientes. Não se trata apenas de trocar o motor por outro, ou de trocar a máquina rotativa antiga por uma mais eficiente – queremos também forne-cer os sistemas electrónicos de controlo. Te-mos tido bastante sucesso na identificação e desenvolvimento de soluções à medida das necessidades de cada cliente, como fo-ram os casos, por exemplo, de substituições que fizemos de algumas partes de linhas de automação. A qualidade da energia também é muito importante, e dispomos de um con-

junto de produtos que permitem que um cliente possa ter máquinas e equipamentos operando com energia da melhor qualidade, quando ligados à rede. Em Portugal não é fácil encontrar clientes dispostos a efectu-ar este tipo de mudanças, mas acreditamos que é uma questão de tempo. A ABB é fabri-cante de robots com tecnologia de ponta, e houve momentos em que o mercado apre-sentava condições favoráveis, o que acon-teceu, por exemplo, em 2006 e 2007, estan-do agora a situação mais difícil por motivos conjunturais. Na área da indústria automó-vel temos vindo a notar uma melhoria de há uns meses para cá, mas é um mercado que está ainda a viver um processo de recupe-ração da crise económica, o que leva a que se fabriquem novos modelos de automóveis utilizando as mesmas linhas de produção. Esta situação obriga-nos a, dentro da robó-tica, tentarmos encontrar novos segmentos não só em Portugal mas também noutros países, mais direccionados para a indústria alimentar em geral, e, especificamente, no segmento de bebidas e no sector conservei-ro, que precisam de soluções mais produti-vas e com uma maior eficiência energética. Nos anos de 2008 e 2009 a situação não foi

“O mais relevante é que

fique algo do trabalho de

cada um, e que cada um

sinta a empresa como

uma entidade à qual, com

orgulho, pertence.”© Luís Brandão, ABB

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muito fácil, mas há já vários meses que esta área de negócios está estável e estou certo de que iremos recuperar.

“A ABB eStá Bem poSicionAdA no SeGmento dAS enerGiAS reno-váveiS e eficiênciA enerGéticA”

oe: Neste momento as energias renová-veis são um mercado que está a crescer mas não é o único. Quais são especifica-mente as áreas onde a ABB irá apostar mais no futuro, e como encara o cres-cimento exponencial das energias reno-váveis não só em Portugal mas também na Europa? AG: A ABB tem vários sectores em cres-cimento. Um deles é o das energias reno-váveis, que compreende duas áreas mui-to concretas: a solar e eólica. Por todo o mundo temos várias equipas que estão a trabalhar especificamente nestas áreas, e o mesmo se passa noutros sectores. Também acreditamos que o sector do ferroviário está a crescer por todo o mundo. Apesar da crise que o país está a viver, há muitas cidades que estão a apostar neste meio de

transporte porque o comboio de alta ve-locidade está, cada vez mais, a tornar-se uma alternativa preferível ao transporte aéreo – pelo que este é também um sector de aposta da ABB. Podemos fornecer todo o equipamento necessário para o sector ferroviário, na área da electrificação e au-tomação das linhas, e estamos a fazê-lo em muitos países. Já o fizemos e continuamos a fazer, por exemplo em Espanha. Para os metropolitanos fornecemos todos os equi-pamentos necessários de electrónica e co-municação. Na área das renováveis está a decorrer um enorme crescimento na China e na Índia – os Estados Unidos eram uma grande promessa, mas afinal, até aqui, não passaram disso. Em Portugal foram abertos concursos para mini-hídricas e para a pro-dução de energia solar, e estas são áreas onde podemos fornecer toda a parte me-cânica, o gerador e a turbina, para além da parte eléctrica. Foi recentemente inaugu-rado um grande parque solar em Espanha, que a ABB construiu num prazo recorde, porque desenvolvemos um sistema de módulos pré-assemblados e testados em fábrica, que permitem a interligação mais fácil de todos os equipamentos.

oe: A eficiência energética é actual-mente uma grande luta e é um grande mercado na área eléctrica. Até onde po-demos chegar?AG: A sociedade está a mudar, sem dúvida! Pode ser também como consequência da crise mas é certo que há uma maior cons-ciência das pessoas no que diz respeito ao impacte ambiental. As próprias crianças já nos chamam a atenção para a necessidade de desligarmos as luzes ou de reciclarmos o lixo, e isso está a contribuir para mu-dar a nossa cultura. Há actualmente uma maior consciencialização das questões am-bientais, e nos próximos anos, quando as crianças de hoje atingirem a idade adulta, os efeitos dessa consciencialização vão fazer-se sentir cada vez mais. Quando va-mos comprar algum aparelho ou electro-doméstico pensamos imediatamente na sua eficiência a nível energético e qual será o impacto que terá no meio ambiente. A isto eu chamo regras correctas de compor-tamento! E assim surge um novo e grande mercado de eficiência energética na indús-tria, e no transporte da energia. Já temos alguns clientes neste mercado e as grandes mudanças culturais que certamente ocor-

“A nível global a ABB está

muito bem posicionada

e continua a garantir

grandes obras com soluções

inovadoras.”

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rerão vão ajudar-nos a chegar ao grande público. A ABB está muito bem posicionada porque temos uma enorme oferta de solu-ções, e estamos a investir para encontrar os canais adequados para as distribuirmos da melhor forma.

oe: Como encara a mobilidade eléctrica dos carros? A ABB está a apostar tam-bém nesse mercado?AG: Sim, a ABB tem equipas na Alemanha e na Itália que estão a desenvolver solu-ções nessa área. É provável que tenhamos soluções de estações eléctricas, que nos permitam estacionar o carro e carregá-lo, ligando-o de uma forma simples à corrente. Estou a falar de postes no meio da cidade ou noutro local que necessitam de ter de-terminadas características para esse servi-ço. Também teremos soluções para as casas que não estão preparadas para receber este equipamento, e mesmo para prédios com garagens que terão de ser preparadas com os equipamentos e ligações necessárias para a implementação destas soluções. Mas ainda há muito trabalho pela frente! Para o fornecimento de energia temos quase todas as soluções necessárias, ou seja, não temos

de inventar coisas novas, apenas de as apli-car. Fora de Portugal, a ABB está a colaborar com um parceiro para o desenvolvimento de baterias específicas para a mobilidade dos carros. A única coisa que a ABB não faz são os carros, mas pode fornecer muitos dos equipamentos necessários para o seu fabri-co – teremos é de recorrer a parcerias ou mesmo aos nossos concorrentes (risos).

“Numa época de crise temos de aproveitar as oportuNidades que essa crise Nos dá”

oe: O trabalho de investigação e desen-volvimento de novos produtos exige al-gum investimento. Neste tempo de crise como é que a ABB está a desenvolver o trabalho de I&D de novos produtos?AG: Defendo que numa época de crise te-mos de aproveitar as oportunidades que essa mesma crise nos dá. Neste momento, diminuir o investimento na área do I&D de produtos seria um suicídio, porque quanto mais se investe nesta área maior é o desen-volvimento de novos produtos e soluções. A ABB continua a investir muito e a colocar

pessoas a trabalhar em I&D, em áreas mui-to concretas. A ABB é líder em produtos de alta tensão e tem centros especializados a trabalhar nestes equipamentos e sistemas, com o fim de produzir produtos mais sim-ples, com um menor impacto negativo para as pessoas e com um maior respeito pelo meio ambiente e pelo desenvolvimento da eficiência energética. Temos vindo a traba-lhar muito na parte das soluções electró-nicas para o controlo dos equipamentos que estão na indústria, a fim de permitir um controlo electrónico mais optimizado. As “smart grids” também são um ponto de enfoque no qual estamos a investir muito e a colaborar com os clientes para desenvol-vermos as melhores soluções.

oe: Quais são os produtos inovadores que a ABB irá lançar no mercado num futuro próximo? AG: As subestações são uma das áreas em que estamos a desenvolver melhores produtos e a encontrar soluções que nos permitem poupar muita energia. Também o transporte de energia pode fazer-se com muito menos perdas. Outra das áreas onde irão surgir inovações é a dos transformado-

“Não devemos encarar a

crise como um fracasso

mas sim como novas

oportunidades onde

podemos trabalhar.”© Luís Brandão, ABB

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res de grande potência, que hoje usam óleo mineral com um impacto ambiental muito grande. O risco para as pessoas que estão próximas dos transformadores é muito ele-vado, no caso de ocorrer uma falha ou um incêndio. Por essa razão a ABB, juntamente com outros parceiros, desenvolveu líquidos biodegradáveis que permitem trabalhar a temperaturas elevadas, baixando, conse-quentemente, o nível de perigosidade para as pessoas e o impacto no meio ambiente. São óleos de origem vegetal que obtemos de forma natural e que, para além de se-rem mais amigos do ambiente, também evitam mais facilmente eventuais falhas porque suportam melhor o arco eléctrico sem entrar no ponto de ignição. Mas ainda há muitas outras soluções inovadoras que estão a ser preparadas para serem lançadas no mercado.

oe: A ABB em 2009 conseguiu apresen-tar bons resultados, mas como projecta os próximos anos? AG: A nível global a ABB está muito bem posicionada e continua a garantir grandes obras com soluções inovadoras. O cres-cimento não tem parado dentro do gru-

po ABB e é para continuar. Não queremos cruzar os braços! Em Portugal, a estratégia centra-se na consolidação dos nossos ne-gócios em todos os segmentos da ABB e te-remos de estabilizar as diferentes secções. Não devemos encarar a crise como um fra-casso mas sim como novas oportunidades onde podemos trabalhar.

“Algo que nos diferenciA: A formAção”

oe: A formação é sempre muito abor-dada pelas empresas: formar os clientes para poderem tomar as atitudes mais correctas de forma a preservar tudo o resto. Como é que a ABB aplica a forma-ção aos seus quadros mas também aos seus clientes? AG: Estamos de facto a falar de algo que nos diferencia: a formação. Temos de fazer seminários para formar os clientes e utili-zadores das nossas tecnologias, bem como apresentações sobre os novos produtos, que incluem muita formação. A área dos serviços em Portugal é uma fonte de conhecimento, e é constituída por pessoas com grande ex-periência no que diz respeito à forma como os nossos clientes utilizam os produtos e as soluções da ABB. Nós orgulhamo-nos muito deste conhecimento e aproveitamo-lo para dar formação aos clientes. Uma das vanta-gens é que o formador destes seminários ou formações é alguém que o cliente conhece e habitualmente vê nas suas instalações. Por isso, são pessoas da sua confiança, que co-nhecem o cliente, os seus equipamentos, a forma como funcionam e as suas necessida-des. Os clientes reconhecem o valor destas formações e agradecem a possibilidade de contar com o apoio de profissionais muito qualificados.

Há uns tempos, um especialista da ABB foi ao metro de Lisboa explicar como funciona a parte eléctrica, e posteriormente os res-ponsáveis da empresa mandaram-me uma mensagem agradecendo o esforço e o pro-fissionalismo da pessoa que lá foi.oe: Como pretendem abordar os vários tipos de clientes para os fidelizar à ABB?

AG: A ABB tem várias áreas de negócio que se subdividem em diversos segmentos totalmente diferentes. Temos uma preocu-pação mais sensível com os canais através dos quais os nossos produtos chegam ao mercado, e aqui falamos por exemplo, de clientes da área da energia, como a REN e a EDP.

Noutras áreas, as vendas e o marketing são feitos por canais indirectos, e por isso a ABB não tem contactos directos com os clientes finais em algumas das áreas mas tem com os distribuidores e outros canais. O cuidado com a sensibilidade nos canais de distribui-ção faz parte da estratégia da ABB desde sempre, mas temos consciência de que nem todos os sectores conseguem contactar di-rectamente com os clientes finais que irão usar os produtos. Dentro de cada uma das nossas cinco divisões existe um especialista em marketing que conhece bem as condi-ções específicas da sua divisão. A ABB tem equipas enormes que apenas trabalham para os canais de distribuição, e que sabem como configurar e preparar a melhor forma dos seus produtos chegarem ao mercado, satisfazendo assim as necessidades dos seus clientes.

Para mais informações

ABB, S.A.

Tel.: +351 214 256 000 . Fax: +351 214 256 390

[email protected]

www.abb.pt

A ABB apresenta a nova geração de equipamentos para comutações automáticas de redes ATS (Automatic Transfer Switch) como resultado da sua experiência mundial em aplicações de baixa tensão.A nova gama da família, ATS021 e ATS022, impõe-se como uma solução integral com melhor desempenho, mais segura e inteligente para todas as aplicações de continuidade de serviço graças às funções avançadas que oferece.O ATS é a solução de controlo ABB para comutações automáticas de redes. Pode usar-se em qualquer tipo de instalação que necessite de uma comutação, rede de alimentação principal do circuito de potência para outra fonte alternativa de emergência, assegurando as mais exigentes condições de exploração www.abb.pt

ATS021 e ATS022Comutação automática de redes

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nº31.pdf 1 02-03-2010 14:08:19 “A nível global a

ABB está muito bem

posicionada e continua

a garantir grandes

obras com soluções

inovadoras.”