aanalise fasorial

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  • 7/21/2019 aanalise fasorial

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    SNIA RIBEIRO CAMPOS ANDRADE

    SISTEMAS DE MEDIO FASORIAL

    SINCRONIZADA:

    APLICAES PARA MELHORIA DA OPERAO DESISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica da Escola de

    Engenharia da Universidade Federal de MinasGerais, como requisito parcial para a obteno dograu de Mestre em Engenharia Eltrica.

    rea de concentrao: Engenharia de Potncia

    Linha de Pesquisa: Sistemas de Energia Eltrica

    Orientadora: Profa. Maria Helena Murta Vale DEE

    Co-Orientador: Peterson de Resende - DELT

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA -PPGEEUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS -UFMG

    BELO HORIZONTE

    JUNHO DE 2008

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    i

    A Deus, pela grande oportunidade da vida!

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    ii

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria, em primeiro lugar, de manifestar minha profunda admirao e agradecimento a

    minha orientadora, Maria Helena Murta Valle, Professora da UFMG, cujas colaboraes e

    ensinamentos, sem dvida alguma, transcenderam o escopo deste trabalho.

    Agradeo tambm gerncia da Cemig - Companhia Energtica de Minas Gerais -

    principalmente em nome de Marcelo Henrique Canabrava Viana pelo incentivo e apoio do

    mestrado na UFMG.

    Agradeo aos meus colegas de trabalho Fernando Ferreira Caf e Rodnei Dias dos

    Anjos, o apoio durante o perodo de realizao deste trabalho.

    Por fim, gostaria de no apenas agradecer o apoio de minha famlia, mas dividir os

    mritos desta conquista com meus filhos, Haroldo e Bernardo, expressando assim o meu

    reconhecimento pela pacincia e compreenso dedicadas a mim.

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    iii

    RESUMO

    A presente dissertao de mestrado investiga as aplicaes dos Sistemas de Medio

    Fasorial Sincronizadana monitorao e no controle dos Sistemas Eltricos de Potncia.

    Esta tecnologia de medio pode trazer ganhos extremamente significativos para a

    operao dos sistemas eltricos. Entretanto, por ser ainda recente, constitui campo

    aberto a investigaes, principalmente no que diz respeito ao uso dos fasores

    sincronizados. Visando contribuir nesta direo, este trabalho apresenta um texto

    estruturado de forma a se tornar uma referncia para aqueles que se iniciam no tema.So discutidas as aplicaes j registradas na literatura, identificando os fundamentos

    tericos nos quais estas se sustentam, e so apresentadas propostas para viabilizar a

    implementao de sistemas fasoriais nas empresas. Exemplos de aplicao das

    propostas so includos no trabalho.

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    iv

    ABSTRACT

    This master thesis investigates the application of the Synchronized Phasor Measurement

    Systems in Power System monitoring and control processes. The use of this technology

    may result in a significant improvement of electrical system operation activities. However,

    the consideration of synchronous phasors data in operation analyses requires new

    investigations and research. The present work intends to contribute to this area, by

    preparing a basic text designed to facilitate the initial studies concerning this field. The

    already existing applications of phasor measurement systems are discussed and alsotheir theoretical fundamentals. The work also presents specific proposals related to the

    practical implementation of these systems. Examples of the application of the proposals

    are included.

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    SUMRIO

    v

    SUMRIO

    1 INTRODUO................................................................................................1

    2 MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA - CONCEITOS E DEFINIESBSICOS........................................................................................................5

    2.1 Consideraes Iniciais ....................................................................................5

    2.2 Anlise Fasorial - Breve Recordao..............................................................6

    2.2.1 Definies Bsicas sobre Fasores ......................................................6

    2.2.2 Fasores Sincronizados......................................................................102.3 Sistema de Medio Fasorial Sincronizada - SMFS.....................................13

    2.3.1 Componentes e Funcionamento de uma PMU .................................13

    2.3.2 Sobre o Concentrador de Dados.......................................................19

    2.3.3 Aspectos da Transmisso de Dados.................................................20

    2.3.4 Possibilidades de Aplicao de Sincrofasores ProvenientesDiretamente de Rels........................................................................22

    2.4 Consideraes Finais....................................................................................24

    3 DESCRIO DOS PROCESSOS DA OPERAO DOS SISTEMASELTRICOS DE POTNCIA........................................................................253.1 Consideraes Iniciais ..................................................................................25

    3.2 Estados Operativos do Sistema Eltrico.......................................................26

    3.3 Planejamento Eltrico da Operao .............................................................29

    3.3.1 Planejamento da Operao Eltrica a Curto Prazo - Mensal eQuadrimestral....................................................................................30

    3.3.2 Planejamento da Operao Eltrica a Mdio Prazo - Anual .............31

    3.3.3 Planejamento da Operao Eltrica a Longo Prazo .........................32

    3.3.4 Solicitaes de Desligamento ...........................................................33

    3.3.5 Estudos Especiais .............................................................................34

    3.3.6 Estudos de Recomposio do Sistema.............................................35

    3.3.7 Validao de Modelos de Componentes e Dados para EstudosEltricos 36

    3.4 Operao do Sistema Eltrico em Tempo Real............................................36

    3.5 Etapa de Ps-Operao................................................................................39

    3.6 Consideraes Finais....................................................................................39

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    SUMRIO

    vi

    4 ANLISE DE APLICAES COM O USO DE MEDIES FASORIAIS- VISO GERAL ..........................................................................................42

    4.1 Consideraes Iniciais ..................................................................................42

    4.2 Impactos dos SMFS na Estimao do Estado em Tempo Real ...................43

    4.3 Anlise do Fluxo de Potncia no SEP ..........................................................45

    4.3.1 Equaes de Fluxos ..........................................................................45

    4.3.2 Uso dos SMFS na Monitorao dos Parmetros das Linhas............46

    4.4 Anlise da Estabilidade do SEP....................................................................47

    4.4.1 Comentrios Iniciais ..........................................................................47

    4.4.2 Estabilidade Angular..........................................................................48

    4.4.2.1 Conceitos Bsicos ...............................................................48

    4.4.2.2 Uso dos SMFS na Avaliao da Estabilidade Angular........54

    4.4.3 Estabilidade de Tenso.....................................................................56

    4.5 Estabilidade de Mdia e Longa Durao ......................................................59

    4.6 Impactos dos SMFS nas Estratgias de Controle ........................................61

    4.6.1 No Controle do Estado Normal..........................................................61

    4.6.2 No Controle do Estado de Emergncia .............................................62

    4.6.3 No Controle do Estado Restaurativo.................................................63

    4.7 Integrao dos Dados Fasoriais nos Processos de Proteo e Controle.....634.8 Consideraes Finais....................................................................................65

    5 SISTEMAS DE MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA - Estado daarte ...........................................................................................................66

    5.1 Consideraes Iniciais ..................................................................................66

    5.2 Medio e Controle Sistmicos - Definies.................................................67

    5.2.1 WAMS - Wide Area Measurements Systems ....................................67

    5.2.2 WAMPS - Wide Area Measurement and Protection System .............70

    5.2.3 WAMCS - Wide Area Control Systems .............................................70

    5.2.4 WAMPACS - Wide Area Measurement, Protection, Automationand Control Systems .........................................................................71

    5.3 Estgio Atual das Aplicaes dos SMFS nos Diversos Pases ....................72

    5.3.1 EUA - Projeto WAMS ........................................................................72

    5.3.1.1 O Projeto WECC..................................................................73

    5.3.1.2 O Projeto EIPP ....................................................................75

    Sobre o Sistema de Monitorao Dinmica em Tempo

    Real .....................................................................................76

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    SUMRIO

    vii

    5.3.2 Mxico .............................................................................................79

    5.3.3 Pases Nrdicos ................................................................................80

    5.3.4 Unio Europia..................................................................................81

    5.3.5 Itlia .............................................................................................825.3.6 Sua .............................................................................................83

    5.3.7 Japo .............................................................................................84

    5.3.8 sia .............................................................................................85

    5.3.9 Brasil - MedFasee .............................................................................85

    5.4 Consideraes Finais....................................................................................88

    6 SISTEMAS DE MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA Projetonacional.......................................................................................................89

    6.1 Consideraes Iniciais ..................................................................................89

    6.2 Estrutura Hierrquica e Arquitetura do SMFS Nacional................................90

    6.3 Sobre as Responsabilidades do Projeto ......................................................95

    6.4 Sobre os Desafios do Projeto .......................................................................97

    6.5 Aplicaes Previstas para o SMFS do SIN - Tempo Real ............................98

    6.5.1 Monitorao do ngulo de Fase de Tenso (VPAM) ........................99

    6.5.2 Monitorao de Oscilaes do Sistema (SOM)...............................100

    6.5.3 Monitorao do Limite de Carregamento de Linha (LLLM) .............1006.5.4 Monitorao de Harmnicos para Grandes reas (WAHM) ...........101

    6.5.5 Avaliao Avanada de Estabilidade de Tenso (EVSA) ...............102

    6.5.6 Anlise de Contingncia On-Line (OLCA).......................................102

    6.5.7 Protees de Sistema para Grandes reas (WASP)......................103

    6.5.8 Controle de Sistema para Grandes reas (WASC) ........................104

    6.6 Avaliao Econmica dos Impactos da Nova Tecnologia no SIN ..............104

    6.7 Consideraes Finais..................................................................................106

    7 PROPOSTA DE APLICAES DE PMU...................................................1087.1 Consideraes Iniciais ................................................................................108

    7.2 Estratgia para Implementao de um SMFS ............................................109

    7.3 Proposta de Integrao das Aplicaes de PMU........................................110

    7.4 Aplicaes de PMU no Planejamento Eltrico da Operao......................113

    7.4.1 Recomposio da Malha Norte .......................................................119

    7.4.2 Recomposio Iniciada pela Usina de Queimado...........................123

    7.4.3 Ilhamento da UHE Queimado..........................................................1267.5 Consideraes Finais..................................................................................128

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    SUMRIO

    viii

    8 CONCLUSES...........................................................................................130 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.............................................................................133

    GLOSSRIO DE TERMOS...........................................................................................141

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    NDICE DE FIGURAS,TABELAS E GRFICOS

    ix

    NDICE DE FIGURAS, TABELAS E GRFICOS

    FIGURA 2.1- CONFIGURAO DE UM SISTEMA DE MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA VIA

    GPS .................................................................................................................... 6

    FIGURA 2.2- REPRESENTAO DOS FASORES NO PLANO REAL IMAGINRIO .............................. 7

    FIGURA 2.3- REPRESENTAO DA FORMA DE ONDA SENOIDAL NO TEMPO................................. 8

    FIGURA 2.4- CIRCUITO NO DOMNIO DO TEMPO E DA FREQNCIA ............................................ 9

    FIGURA 2.5- SEP-UMA REFERNCIA TEMPORAL NICA PARA SE OBTER A SINCRONIZAO

    DOS FASORES ................................................................................................... 11

    FIGURA 2.6- CONVENO PARA MEDIO FASORIAL EM RELAO AO TEMPO SEGUNDO A

    NORMA IEEE1344-1995 .................................................................................. 12

    FIGURA 2.7- REPRESENTAO SIMPLIFICADA DE COMO O NGULO MEDIDO.......................... 14

    FIGURA 2.8- DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE UMA PMU ............................................................. 15

    FIGURA 2.9- VISUALIZAO GRFICA DOS FASORES DO PROJETO MEDFASEE......................... 16

    TABELA 2.1- CARACTERSTICAS DE PMU .............................................................................. 17

    FIGURA 2.10-ERRO DE MEDIO VETORIAL DO FASOR ............................................................ 18

    TABELA 2.2- CARACTERSTICAS DOS SINAIS MONITORADOS PELAS PMU ................................ 19

    FIGURA

    2.11-F

    UNCIONALIDADES DASPMU

    E DOPDC

    DESENVOLVIDO PELO PROJETO

    MEDFASEE ....................................................................................................... 20

    TABELA 2.3- CARACTERSTICAS DE RELS DIGITAIS COM FUNO DE MEDIO FASORIAL........ 23

    FIGURA 3.1- SUPERVISO E CONTROLE DE SEP.................................................................... 37

    FIGURA 4.1- SISTEMA MQUINA X BARRA INFINITA............................................................... 50

    FIGURA 4.2- LIMITE DA ESTABILIDADE ESTTICA ................................................................... 51

    FIGURA 4.3- SISTEMA MQUINA X BARRA INFINITACIRCUITO DUPLO.................................... 53

    FIGURA 4.4- CRITRIO DAS REAS IGUAIS ............................................................................. 54

    FIGURA 4.5- POTNCIA DE TRANSFERNCIA .......................................................................... 55FIGURA 4.6- CIRCUITO EQUIVALENTE PARA UM VIPBASEADO EM PMU.................................. 57

    FIGURA 4.7- SISTEMA ELTRICO SIMPLIFICADO COM UNIDADES DE PMU ................................ 58

    FIGURA 4.8- EXEMPLO DE INTERFACE GRFICA MOSTRANDO CURVA PV................................. 59

    FIGURA 4.9- TEMPOS DE RESPOSTAS PARA EVENTOS EM SISTEMAS DE POTNCIA ................. 64

    FIGURA 4.10- SISTEMA DE MONITORAMENTO,PROTEO E CONTROLE ................................... 65

    FIGURA 5.1- ARQUITETURA GENRICA DE UM WAMS............................................................ 68

    FIGURA 5.2- ARQUITETURA GENRICA DE UM WAMSCOM O PDCCONECTADO A UM

    SERVIDOR DEINTERNET.................................................................................... 68

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    NDICE DE FIGURAS,TABELAS E GRFICOS

    x

    FIGURA 5.3- EXEMPLO DE SISTEMA WACS........................................................................... 72

    FIGURA 5.4- INTERCONEXO DAS TRS REGIES DO SISTEMA ELTRICOAMERICANO ............ 73

    FIGURA 5.5- SISTEMA DE MEDIO DE FASOR DA BPA......................................................... 74

    FIGURA 5.6- LOCALIZAES DE PMUNA COSTA OESTE DOS EUA......................................... 75FIGURA 5.7- TELA DO SISTEMA RTDMS................................................................................ 78

    FIGURA 5.8- LOCALIZAO DAS PMUNO SMFSMEXICANO .................................................. 80

    FIGURA 5.9- EXEMPLO DE UMA INTERFACE GRFICA DE UM SISTEMA WAMSDAABBNA

    SUCIA ............................................................................................................. 81

    FIGURA 5.10- PROJETO WAMSITALIANO ............................................................................... 82

    FIGURA 5.11- LOCALIZAES DAS PMUINSTALADAS NO SISTEMA DE TRANSMISSO SUO ..... 83

    FIGURA 5.12- LOCALIZAES DAS PMUDO SISTEMA DE MEDIO FASORIAL JAPONS ............. 84

    FIGURA 5.13- LOCALIZAES DAS PMUNA CHINA .................................................................. 85

    FIGURA 5.14- LOCALIZAES DAS PMUDO PROJETO MEDFASEENO SUL DO BRASIL ............ 86

    FIGURA 5.15- DISPLAY PROJETO MEDFASEE MOSTRANDO AS MEDIES FASORIAIS EM 3

    ESTADOS DA REGIO SUL DO BRASIL. ................................................................ 87

    FIGURA 5.16- EXEMPLO DE INTERFACE GRFICA DO PROJETO MEDFASEE................................ 87

    FIGURA 5.17-ARQUITETURA GERAL DO PROJETO MEDFASEE NO BRASIL ................................. 88

    FIGURA 6.1- LOCALIZAO DOS CONCENTRADORES DE DADOS DO SMFSBRASILEIRO.......... 91

    FIGURA 6.2- ARQUITETURA GERAL PROPOSTA PARA O SMFSDO BRASILEIRO........................ 92

    FIGURA 6.3-

    LOCALIZAO DAS PMUPLANEJADAS PARA SEREM INSTALADAS NO PROJETO

    DO SMFSBRASILEIRO ...................................................................................... 93

    FIGURA 6.4- ARQUITETURA GERAL DO CDCCENTRAL DO ONS............................................... 94

    FIGURA 7.1- LOCALIZAO DAS PMUE RELS COM FUNO DE PMUNA REDE BSICA DA

    CEMIG ............................................................................................................ 111

    FIGURA 7.2- RELAO DE INTERDEPENDNCIA ENTRE OS PROCESSOS DEANLISE DA

    OPERAO DO SEP........................................................................................ 113

    GRFICO 7.1- VARIAO DA POTNCIA ACELERANTE NA USINA DE QUEIMADO......................... 121

    GRFICO 7.2- VARIAOANGULAR ENTRE OS BARRAMENTOS DA LT138KV JOO PINHEIRO -

    TRS MARIAS ................................................................................................. 122

    FIGURA 7.3- DIAGRAMA UNIFILAR SIMPLIFICADO DA REGIO NOROESTE DE MINAS GERAIS ... 120

    TABELA 7.1- VARIAO DOS LIMITES DE FREQNCIA E TENSO .......................................... 123

    GRFICO 7.3- VARIAO DA POTNCIA ACELERANTE NA USINA DE QUEIMADO......................... 124

    GRFICO 7.4- VARIAO DAS TENSES NOS BARRAMENTOS DE 138KVDE JOO PINHEIRO E

    DAS USINAS DE TRS MARIAS E DE QUEIMADO ................................................. 125

    GRFICO 7.5- VARIAO ANGULAR NAS USINAS DE TRS MARIAS E DE QUEIMADO .................. 125

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    CAPTULO 1-INTRODUO

    1

    1INTRODUO

    O principal objetivo dos Sistemas Eltricos de Potncia (SEP) gerar, transmitir e

    entregar energia eltrica aos consumidores de forma a atender a demanda requisitada,

    segundo critrios de qualidade, confiabilidade e economia, dentre outros.

    O atendimento a tal objetivo requer a execuo de diversas atividades que,

    tradicionalmente, so caracterizadas como sendo de Expanso e de Operao. A

    Expanso est relacionada com a aquisio de novos recursos para o sistema eltrico e

    a Operao se dedica ao gerenciamento daqueles j disponveis. A presente dissertao

    est relacionada Operao Eltrica dos SEP.

    Os sistemas de energia eltrica vm experimentando nos ltimos anos situaes de

    operao crticas at ento no presenciadas, devido a diversos fatores, tais como o uso

    cada vez mais intenso dos recursos existentes e a reestruturao do setor eltrico.

    Somam-se ainda a escassez de recursos financeiros para grandes investimentos e asrestries de ordem tcnica e ambiental.

    A condio delineada acima pode ser constatada ao se investigar os grandes

    desligamentos ocorridos nos sistemas eltricos no cenrio mundial. Um dos maiores

    blecautes ocorreu em 14 de agosto de 2003, nos Estados Unidos e Canad, onde

    aproximadamente 50 milhes de pessoas de grande parte do estado de Nova York e

    partes da Pensilvnia, Ohio Michigan e Ontrio ficaram sem energia. Logo em seguida,

    em 23 de setembro de 2003, houve um blecautena Sucia e Dinamarca, afetando quase4 milhes de pessoas. No mesmo ms, em 28 de setembro, grande parte da Itlia ficou

    no escuro [IEEE, 04]. No ano seguinte, a Grcia ficou sem energia e, em 1ode janeiro de

    2005, ocorreu um grande blecauteno sistema brasileiro nos estados do Rio de Janeiro e

    do Esprito Santo. Estes blecautesforam os maiores registrados nas ltimas dcadas.

    Como medidas para avaliar e solucionar as causas de desligamentos deste porte, a partir

    de 2004 nos Estados Unidos e na Europa, formaram-se fruns de discusso

  • 7/21/2019 aanalise fasorial

    13/154

    CAPTULO 1-INTRODUO

    2

    coordenados pelo IEEE Power Engeneering Society, que apresentaram recomendaes

    de medidas a serem implantadas para reduzir a ocorrncia de grandes blecautes.

    Os fatos relacionados evidenciam que a operao dos Sistemas Eltricos de Potncia

    (SEP) vem se tornando cada vez mais complexa, com uma crescente preocupao porparte dos engenheiros de sistema em manter a confiabilidade do fornecimento de

    energia. As atividades de superviso, controle e anlise das perturbaes crescem em

    importncia, no intuito de se evitarem situaes de emergncia, garantindo uma melhor

    qualidade da energia.

    Paralelamente a esta condio desfavorvel, caracterizada pela complexidade da

    operao dos SEP, surgem novas tecnologias que atuam na busca pela soluo dos

    problemas que se apresentam. Neste contexto se inserem os chamados Sistemas de

    Medio Fasorial Sincronizada (SMFS), tema desta dissertao.

    Os SMFS se constituem em uma das mais recentes tecnologias para o aprimoramento da

    operao dos sistemas eltricos. Basicamente, so constitudos pelas unidades de

    medio fasorial, localizadas em pontos estratgicos do SEP, e pelos concentradores dos

    dados aquisitados. As unidades de medio so responsveis pela aquisio dos fasores

    de tenso e de corrente, sincronizados no tempo, e os concentradores centralizam,

    tratam e disponibilizam tais grandezas para as diversas e diferentes aplicaes de

    interesse.

    O avano tecnolgico dos SMFS, aplicado na monitorao, pode trazer ganho

    significativo para o conhecimento do comportamento do sistema eltrico. A medio dos

    chamados sincrofasores, na realidade, permite que o estado do SEP seja medido de

    forma mais exata, rpida e confivel. Uma conseqncia direta desta facilidade a

    possibilidade de se trilhara dinmica do sistema eltrico.

    Esta nova perspectiva trazida operao pelos SMFS oferece solues inovadoras para

    diversas questes relacionadas superviso, ao controle e proteo dos sistemas de

    potncia. Sendo assim, abre-se o campo das investigaes sobre as possveis

    aplicaes das informaes obtidas.

    O impacto da disponibilidade dos dados dos sincrofasores nos centros de operao se

    reflete nas anlises elaboradas em todas as etapas de operao do SEP, ou seja, nas

    atividades de Planejamento da Operao, na Operao em Tempo Real e na Ps-

  • 7/21/2019 aanalise fasorial

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    CAPTULO 1-INTRODUO

    3

    operao. Isto no poderia ser diferente, pois tais atividades compem, de forma

    integrada, o processo de deciso da operao do sistema.

    A condio acima delineada (grande expectativa quanto aos benefcios dos SMFS e anecessidade de desenvolvimento de aplicaes eficazes) serviu de motivao para a

    realizao deste trabalho, que investiga as aplicaes dos SMFS na operao dos

    sistemas de potncia.

    Durante o desenvolvimento do trabalho, foram pesquisadas as aplicaes j

    implementadas e aquelas ainda em desenvolvimento em diversos pases. No caso

    brasileiro, foram levantadas as caractersticas do SMFS que se encontra em fase de

    projeto, considerando sua estrutura e aplicaes previstas.

    Alm de registrar toda a investigao realizada sobre as aplicaes j abordadas na

    literatura, este trabalho apresenta algumas propostas no sentido de viabilizar a

    implementao de SMFS pelas empresas - Procedimento para Implementao do SMFS

    e Principais Iniciativasa serem adotadas.

    Grande parte dos trabalhos presentes na literatura trata das aplicaes no contexto da

    operao em tempo real. Visando ampliar tal escopo, esta dissertao discute aplicaes

    em processos realizados na etapa de planejamento da operao.

    Do exposto acima, pode-se caracterizar o objetivo deste trabalho: Investigar o uso das

    aplicaes da tecnologia de medio fasorial sincronizada sistmica, para monitoramento

    e controle dos Sistemas Eltricos de Potncia.

    Espera-se que esta dissertao sirva de referncia bsica para aqueles que se iniciam no

    tema, contribuindo para o desenvolvimento de novas aplicaes dos SMFS. Isto se

    mostra relevante, diante dos impactos extremamente positivos para a operao do SEP

    que, conforme detalhado neste texto, incluem, dentre outros: avaliao do desempenho

    de esquemas de controle e de protees sistmicas, validao de modelos de

    componentes, anlise de perturbaes causadas por oscilaes eletromecnicas,

    variaes de freqncia e predio de colapsos de tenso.

    Para atingir seu objetivo, este trabalho est estruturado em oito captulos.

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    15/154

    CAPTULO 1-INTRODUO

    4

    No segundo captulo realizada uma reviso dos principais conceitos utilizados pela

    tecnologia de medio fasorial sincronizada, incluindo a descrio do funcionamento dos

    principais componentes dos SMFS.

    No terceiro captulo feita uma descrio dos processos de operao do sistema eltrico

    brasileiro. De forma geral, todas as concessionrias executam as atividades da mesma

    forma, pois devem atender aos requisitos e s normas definidas pelos rgos regulador e

    operador do SEP.

    O quarto captulo se dedica a uma anlise das aplicaes dos SMFS sob duas

    perspectivas: seu impacto no comportamento do SEPe nas estratgias de controle.

    No quinto captulo apresentada uma reviso bibliogrfica sobre os sistemas de medio

    fasorial sincronizada, mostrando como esto sendo implantados em diversos pases do

    mundo.

    No sexto captulo feita uma descrio detalhada do Sistema de Medio Fasorial

    Sincronizado Brasileiroque est sendo implantado no pas. Mesmo em fase de projeto j

    considerado referncia mundial, pois ser o maior sistema deste tipo em rea de

    extenso e pontos monitorados, sendo planejado de forma integrada, j com padres e

    normas definidas mundialmente.

    O stimo captulo apresenta as propostas de aplicao de SMFS desenvolvidas na

    dissertao. Inclui procedimentos gerais e especficos aplicados a uma empresa de

    energia eltrica, a Cemig (Companhia Energtica de Minas Gerais).

    As concluses e propostas de continuidade so apresentadas no captulo oitavo. O texto

    inclui, tambm, referncias bibliogrfias e um glossrio de termos.

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    CAPTULO 2MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA -CONCEITOS E DEFINIES BSICOS

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    2MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA -

    CONCEITOS E DEFINIES BSICOS

    2.1 Consideraes Iniciais

    Este captulo apresenta os fundamentos bsicos relacionados aos Sistemas de Medio

    Fasorial Sincronizada, os SMFS.

    O SMFS, basicamente, um sistema de medio simultnea de fasores de grandezas

    eltricas, normalmente coletadas em instalaes distantes geograficamente entre si,

    usando as Unidades de Medio Fasorial, denominadas PMU (Phasor Measurements

    Units), conectadas a um Concentrador de Dados Fasoriais conhecido como PDC(Phasor

    Data Concentrator). O PDC uma unidade lgica que coleta os dados fasoriais e os

    dados de eventos discretos das PMU.

    As PMU so sincronizadas via satlite por GPS (Global Positioning System) e, com isto,

    do outra dimenso utilizao e aplicao de dados de grandes reas (wide area

    data) no monitoramento e controle dinmico dos sistemas de potncia.

    A figura 2.1 retirada de [Borba, 06]ilustra a configurao bsica do SMFS. Os dados so

    coletados no SEP pelas PMU, de forma sincronizada (via GPS), e enviados ao PDC,

    ficando, assim, disponibilizados para serem usados nas aplicaes desejadas pelo

    usurio.

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    Figura 2.1 - CONFIGURAO DE UM SISTEMA DE MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA VIA

    GPS

    Para que o SMFS seja tratado de forma adequada quanto s suas aplicaes, torna-se

    importante recordar alguns conceitos bsicos relacionados aos fasores, em especial aos

    chamados sincrofasores. Sendo assim, este captulo est estruturado em duas partes

    principais: uma dedicada a esta conceituao bsica e outra que aborda os SMFS no que

    concerne aos seus componentes (PMU, PDC e transmisso de dados).

    2.2 Anlise Fasorial - Breve Recordao

    2.2.1 Definies Bsicas sobre Fasores

    Fasor uma ferramenta bsica de anlise de circuitos de corrente alternada, usualmente

    utilizada para representar a forma de onda de um sinal senoidal de uma tenso ou

    corrente, na freqncia fundamental do sistema de potncia.

    Os fasores possuem uma amplitude, geralmente representada em valores rms (root

    mean square) e um ngulo, geralmente representado em graus. A equao de Euler faz

    uma relao entre as formas de representao trigonomtrica e complexa. A figura 2.2

    mostra a funo exponencial ej

    , representada no plano imaginrio, como o nmero

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    complexo que possui parte real igual a cose imaginria igual a sen. A equao 2.1

    expressa tal funo.

    sen

    cos

    Figura 2.2 - REPRESENTAO DOS FASORES NO PLANO REAL IMAGINRIO

    Pode-se dizer que a funo cosseno a parte real de uma funo complexa, ou seja,

    cos a parte real de ej

    ou cos= Re { ej

    }. De maneira similar, pode-se caracterizar

    a funo sen como a parte imaginria da funo complexa.

    Os fasores foram introduzidos nos estudos de sistemas de potncia com o propsito de

    transformar as equaes diferenciais de circuitos eltricos em equaes algbricas

    comuns.

    A funo senoidal de tenso pode ser representada pela equao 2.2 e sua forma deonda no tempo pela figura 2.3.

    [2.1]

    Onde:

    V(t): tenso senoidal

    A: amplitude do sinal

    f: freqncia

    t: tempo

    += j sencosej

    )t.f..(2cos.A)(V +=t

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    Figura 2.3 - REPRESENTAO DA FORMA DE ONDA SENOIDAL NO TEMPO

    Reescrevendo a funo tenso considerando = 2 . .f, tem-se:

    [2.2]

    O sinal de freqncia em hertz o inverso do perodo. O tempo t = 0, chamado de

    tempo de referncia.

    Os circuitos da figura 2.4 mostram um exemplo simples, onde esto indicadas as

    grandezas para estudo no domnio do tempo (figura 2.4a) e no domnio da freqncia

    (figura 2.4b).

    )t.(cos.A(t)V +=

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    Figura 2.4 - CIRCUITO NO DOMNIO DO TEMPO E DA FREQNCIA

    A soluo da equao diferencial 2.4 fornece a soluo para a corrente do circuito.

    [2.3]

    Segundo o circuito linear, a soluo para a corrente tem a forma da equaco 2.5.

    [2.4]

    Pode-se representar os fasores de tenso e corrente como nmeros complexos na forma

    exponencial, conforme indicado nas expresses 2.6, 2.7 e 2.8.

    [2.5]

    dt

    di(t)Li(t).R)t.(cos.V +=+

    )t.(cos.It +=)I(

    == jj e.IIee.VV

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    Pode-se dizer que :

    [2.6]

    A soluo para a corrente indicada na equao 2.8.

    [2.7]

    Este exemplo permite ver que o fasor pode ser representado por um nmero complexo

    associado a uma onda senoidal. A magnitude do fasor o valor rms da onda senoidal. O

    ngulo de fase do fasor a fase da onda para t = 0. Os fasores so normalmente

    associados a uma freqncia.

    2.2.2 Fasores Sincronizados

    Conforme abordado no captulo 3, as tenses (em mdulo e fase) dos barramentos tm

    sido consideradas as grandezas que caracterizam a condio operativa do sistema

    eltrico em regime permanente. Assim, o fasor de tenso representa o estado deoperao do SEP. O seu conhecimento permite que se avalie o comportamento do

    mesmo. Sincrofasor um fasor medido com relao a uma referncia de tempo absoluta.

    Com esta medida, pode-se determinar a relao de fase absoluta entre outras

    quantidades de fase em diferentes localidades no sistema de potncia.

    Os sincrofasores possibilitam, assim, que sejam tiradas fotografias do estado do

    sistema eltrico, ou seja do ponto de operao, de forma rpida e confivel, trazendo

    todos os benefcios que tal conhecimento pode trazer.

    A figura 2.5 mostra, de forma ilustrativa, esta sincronia entre os fasores medidos nos

    barramentos de instalaes geograficamente distantes de um SEP, utilizando-se a

    mesma referncia de tempo.

    += jj e.IL).j(Re.V

    L.jR

    e.Ve.I

    jj

    +=

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    Figura 2.5 - SEP-UMA REFERNCIA TEMPORAL NICA PARA SE OBTER A

    SINCRONIZAO DOS FASORES

    Portanto, para formas de onda em tempo real, necessrio definir uma referncia de

    tempo para medir ngulos de fase de forma sincronizada. A conveno para mediofasorial sincronizada, conforme a norma IEEE 1344-1995 [IEEE,95], est ilustrada na

    figura 2.6. O ngulo definido como 0o quando o valor mximo do sinal coincide no

    mesmo instante da passagem pelo UTC1(sinal 1 PPS2) e -90oquando a passagem do

    zero positivo do sinal coincide com a do sinal de UTC.

    1UTC - Coordinated Universal Time (ou tempo universal coordenado) representa a hora do dia no meridiano

    primal da Terra (0ode longitude).

    2PPS - Pulso por Segundo: sinal consistindo de um trem de pulsos retangulares ocorrendo a uma freqncia de

    1Hz , com borda crescente sincronizada em segundos UTC. Este sinal tipicamente gerado por receptores GPS (preciso

    maior que 1 microsegundo, que corresponde ao um erro de 0,021

    o

    em 60 Hertz)

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    Figura 2.6 - CONVENO PARA MEDIO FASORIAL EM RELAO AO TEMPO SEGUNDO A

    NORMA IEEE1344-1995

    A medio de ngulo de fase instantnea permanece constante para a freqncia

    nominal se estiver usando a referncia para a fase. Se o sinal estiver fora da freqncia

    nominal, a fase instantnea varia com o tempo, e gera um comportamento oscilatrio

    para o mdulo do fasor por fase. Isto produz tambm uma variao do ngulo de fase. Ocomportamento oscilatrio para mdulo do fasor e frequncia instantnea eliminado

    para sequncias positivas. Diversas medidas podem ser implementadas para correo

    deste erro nos resultados, dependendo das caractersticas de fabricao do

    equipamento.

    Observa-se que a definio de fasor sincronizado em tempo real, fornecida pela norma

    IEEE 1344-1995 [IEEE,95], corresponde definio convencional descrita anteriormente,

    para a freqncia nominal do sistema (50 ou 60 hz). A norma no possui requisitos

    relativos preciso da medio da magnitude dos fasores para valores diferentes dos da

    freqncia nominal. Tal norma, portanto, define a forma de onda para o estado de

    regime, no incluindo requisitos relativos performance da medio dos fasores para

    uma forma de onda no estado fora do regime permanente. Nesta situao, a norma abre

    caminho para os fabricantes de equipamentos criarem suas prprias definies.

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    2.3 Sistema de Medio Fasorial Sincronizada - SMFS

    2.3.1 Componentes e Funcionamento de uma PMU

    Conforme j comentado, a PMU um equipamento capaz de medir os fasores de

    corrente e de tenso, de forma sincronizada, nos sistemas de potncia. Esta

    sincronicidade obtida por meio da amostragem das formas de onda de corrente e de

    tenso ao mesmo tempo, utilizando sinal de sincronismo de um GPS.

    Dizendo de uma forma bem geral, a principal funo destes equipamentos registrar

    alteraes que ocorrem no sistema eltrico. Possuem a capacidade de coletar e registrar

    medies em centros de controles remotos. A habilidade de calcular os fasores

    sincronizados torna a PMU um dos equipamentos de medio mais importantes na

    superviso e controle de SEP.

    Os benefcios do uso da medio de fasores sincronizados para a monitorao, operao

    e controle do sistema de potncia tm sido bastante reconhecidos pelo setor eltrico no

    mundo. Tais benefcios e outros aspectos relacionados aplicao das PMU so

    discutidos em detalhes nesta dissertao, em captulos posteriores.

    A figura 2.7 mostra de uma forma esquemtica a instalao de duas PMU sincronizadas

    em rede eltrica de apenas duas barras. Observa-se, tambm, que a medio dos

    fasores, realizada simultaneamente, ou seja, no mesmo instante de tempo, apesar de

    serem medidas em difrentes barras do sistema eltrico. Alm disto, mostrado nesta

    figura, que existe uma diferena angular medida entre as barras, tanto nos grficos da

    forma de onda, quanto no diagrama fasorial.

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    Figura 2.7 - REPRESENTAO SIMPLIFICADA DE COMO O NGULO MEDIDO

    Inicialmente, as PMU foram desenvolvidas com base em tecnologias j existentes para

    rels digitais e Registradores Digitais de Perturbao (RDP), que foram revolucionrias

    no campo dos sistemas de proteo. A tecnologia de microprocessadores tornou possvel

    o clculo direto de componentes de fase de seqncias positivas nas quais se baseiam

    os clculos utilizados nos algoritmos de deteco de faltas [Phadke, 88]. A maioria dos

    fabricantes de PMU faz o clculo dos fasores utilizando a Transformada Discreta de

    Fourier DFT aplicada a uma janela de dados amostrados que se move e cuja largura

    pode variar de fraes de ciclos a um ciclo [Phadke, 93].

    A sincronizao dos sinais amostrados pode ser obtida utilizando um sinal de tempo

    comum disponvel localmente nas subestaes. A preciso do sinal de tempo da ordem

    de milissegundos suficiente para utilizao nos rels de proteo e RDP. Porm, os

    clculos de fasores demandam uma preciso maior do que 1 milissegundo. Somente

    aps a comercializao dos GPS, foi possvel desenvolver as primeiras unidades de

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    medio fasorial. O GPS capaz de fornecer o sinal de tempo da ordem de 1

    microssegundo em qualquer lugar do mundo. Ele envia, para as estaes receptoras, o

    sinal PPS (Pulse per Second), possibilitando que o processo de aquisico seja executado

    de modo sincronizado em diferentes subestaes.

    A figura 2.8 mostra a estrutura bsica de uma PMU. Ela composta por um receptor de

    sinal GPS, um sistema de aquisio (filtro e mdulo de converso A/D- Analgica Digital)

    e um microprocessador. O filtro anti-aliasing usado para filtrar rudos no sinal de

    entrada da PMU. O sinal PPS do GPS convertido numa seqncia de pulsos de

    temporizao de alta velocidade a serem usados na forma de onda do sinal de

    amostragem. O microprocessador executa o clculo dos fasores usando a Transformada

    Discreta de Fourier, aps a converso A/D, das grandezas de corrente e de tenso.

    [Phadke,94]

    Figura 2.8 - DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE UMA PMU

    Finalmente, o fasor estampado em intervalos de tempo e enviado a outro equipamento,o PDC, responsvel pela armazenagem e concentrao destes dados com os de outras

    PMU.

    A sincronizao de tempo por GPS deve ser feita atravs de relgios GPS internos ou

    externos s PMU possibilitando uma sincronizao efetiva de tempo menor que 1

    segundo.

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    As PMU calculam fasores de seqncia positiva a cada grupo de trs entradas

    analgicas trifsicas. Todos os canais analgicos devem ser sincronizados em UTC

    (Universal Time Coordinated) com a exatido desejada. As taxas de sadas das

    informaes das PMU devem atender norma IEEE IEC C37. 118. [IEEE,05]

    Como exemplo, na figura 2.9 podem ser observadas a monitoraco e a visualizao

    grfica do fasor, incluindo o mdulo e a forma de onda do sinal de tenso monitorado em

    trs barramentos do prottipo do projeto MedFasee desenvolvido pela UFSC

    (Universidade Federal de Santa Catarina) em conjunto com o fabricante REASON.

    [Decker, 07].

    Figura 2.9 - VISUALIZAO GRFICA DOS FASORES DO PROJETO MEDFASEE

    A tabela 2.1 mostra as caractersticas das PMU de alguns fabricantes, segundo pesquisa

    realizada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em maio de 2006 [Kema, 06]. Esta

    referncia traz informaes detalhadas sobre os diversos fabricantes. importante

    ressaltar, que no planejamento do SMFS, descrito no captulo 6, sero realizados testes

    de homologao nas PMU de diferentes fabricantes para se avaliar a adequao s

    caractersticas tcnicas exigidas.

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    Tabela 2.1 - Caractersticas de PMU

    ABB RES521 No Sim Sim 18 (6)

    Arbiter 1133A

    Medidor Comercial,

    Dispositivo para

    Qualidade da Energia

    Sim Sim 9 (3)

    Arbiter 933AMedidor Porttil de

    Qualidade de EnergiaNo Sim 9 (3)

    Macrodyne 1690 No Sim No 30 (10)

    AMETEK RIS TR2000 DTR Sim No 26 (10)

    Qualtrol Hathaway IDM No Opcional Sim 12 (5)

    Fabricante Modelo Outra FunoGPS

    Interno

    Segue a IEEE

    1394 e/ou C

    37.118

    N Mximo de Canais de

    Entrada (Fasores de

    Seqncia Positiva)

    Um aspecto importante a se considerar a garantia de preciso do sinal medido na PMU.

    Para o acompanhamento da preciso da grandeza a ser transmitida, testes de preciso

    so determinados pela norma [IEEE, O5]. Nela, estabeleceu-se o chamado Erro Vetorial

    Total (TVE), que , por definio, a relao dada pela equao 2.9 .

    [2.8]

    Nesta equao medido o fasor estimado pela PMU (ou calculado na sada da PMU) e

    ideal o valor do fasor terico do sinal de entrada no instante de tempo da medio. A

    figura 2.10 mostra esta relao no diagrama fasorial.

    Ideal

    Ideal-Medido

    TVE ^

    ^^

    X

    XX

    =

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    18

    XX

    XX2i

    2r

    2ii

    2rr )X-(n)(X)-(n)(TVE

    +

    +=

    Figura 2.10 - ERRO DE MEDIO VETORIAL DO FASOR

    De acordo com a norma PC37.118, o TVE dado pela expresso 2.10, ondeXr(n) e

    Xi(n) so as partes real e imaginria do sinal estimado, eXr e Xi correspondem ao sinal

    terico (ideal).

    [2.9]

    Para clculo do TVE admite-se que a magnitude, o ngulo e a freqncia sejam

    constantes no perodo da coleta.

    No caso do sistema brasileiro, a classe de exatido sugerida para o TVE est indicada na

    tabela 2.2, para cada tipo de sinal. Pode-se observar que o TVE deve ser inferior a 1%.

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    Tabela 2.2 - Caractersticas dos sinais monitorados pelas PMU

    Freqncia do Sinal 60 Hz 55 a 66 Hz 1

    Magnitude do Sinal 100% nominal 10% para 120% nominal 1

    ngulo de Fase 0 radianos +radianos 1

    Distoro Harmnica < 0.2% (THD) 10% para qualquerharmnico at o 50

    1

    Sinal de InterfernciaFora da Banda

    < 0.2% da magnitude dosinal de entrada

    10% da magnitude dosinal de entrada

    1

    Caracterstica Condio de Referncia Faixa TVE

    2.3.2 Sobre o Concentrador de Dados

    O PDC tem como funcionalidades bsicas, receber os sincrofasores coletados pelasPMU, organizar estes dados de forma assncrona, correlacionando-os no tempo por meio

    de etiquetas de tempo, armazenar estes dados e disponibiliz-los de acordo com as

    aplicaes solicitadas. Alm disto, ele deve fazer um tratamento de erros de transmisso,

    solicitar dados perdidos e, principalmente, ter operao contnua em tempo real.

    Para atender a todas estas funcionalidades, o PDC deve apresentar um alto desempenho

    computacional. Tal requisito decorre da necessidade de continuidade da operao em

    tempo real, de eficincia para o armazenamento de dados, de alta confiabilidade e

    disponibilidade, de capacidade de comunicao eficiente, de atendimento a diversos tipos

    de aplicao e de fcil integrao (alta modularidade e interfaces de comunicao

    padronizadas).

    Assim, o PDC uma das partes mais complexas do SMFS. Este equipamento requer

    dedicao exclusiva e alto investimento no desenvolvimento de aplicativos que atendam

    de forma adequada o SEP.

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    A ttulo de ilustrao, a figura 2.11 mostra as funcionalidades das PMU e do PDC

    desenvolvido para o simulador do projeto MedFasee [Decker, 07]. Neste projeto, as

    medies feitas pelas PMU so transmitidas via rede ethernetpara comunicao com o

    PDC. Este organiza os dados em frames,emconformidade com as especificaes IEEE1344 [IEEE, 95] e PC37.118 [IEEE, 05], definindo assim a configurao e o

    armazenamento dos arquivos contendo tais dados. Este tratamento realizado para

    possibilitar o desenvolvimento de aplicaes.

    Figura 2.11 - FUNCIONALIDADES DAS PMUE DO PDCDESENVOLVIDO PELO PROJETO

    MEDFASEE

    2.3.3 Aspectos da Transmisso de Dados

    Para a transmisso dos dados fasoriais sincronizados, necessrio estabelecer uma

    rede de comunicao. A funo bsica do sistema de comunicao nos SMFS interligar

    seus equipamentos. Ele deve ser capaz de interligar as PMU aos PDC, os PDC entre si,

    quando necessrio, e o prprio SMFS rede da empresa onde est implantado. Os

    meios de comunicao atualmente mais utilizados so a internete as redes privadas das

    prprias empresas.

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    Um sistema de medio fasorial deve ser suportado por uma infra-estrutura de

    comunicao com velocidade suficiente para agrupar e alinhar rapidamente os dados

    medidos pelas PMU. Freqentemente, os sistemas de potncia no esto totalmente

    equipados com a comunicao adequada. Porm, deve-se considerar que os benefciostrazidos pelas PMU podem vir a justificar a instalao de uma grande infra-estrutura de

    comunicao. Existem tcnicas de determinao da localizao de PMU que podem ser

    utilizadas para minimizar os custos de investimentos, atravs da reduo do nmero de

    barras a serem monitoradas. Em [Baldwin, 93], sugere-se que um nmero mnimo de 1/5a1/4 das barras do SEP seja suficiente para fornecer uma completa observabilidade do

    sistema a ser monitorado. Para sistemas eltricos com elevadas dimenses, este nmero

    sugerido poderia ser utilizado para iniciar o monitoramento com as PMU. Entretanto, o

    que mais poder justificar os investimentos em PMU so as aplicaes que viriam a ser

    implementadas.

    Existe um padro do IEEE (IEEE 1344 e o mais recentemente atualizado IEEE C37.118)

    que define o formato de transmisso dos dados das PMU [IEEE, Working GroupH-8].

    Os principais requisitos para os sistemas de comunicao so :

    envio de dados contnuos em tempo real (largura de banda garantida, alta

    disponibilidade, baixa latncia);

    envio de dados perdidos (disponibilidade espordica de maior largura de

    banda e possibilidade de uso de canais espordicos);

    padronizao bem definida (suporte aos protocolos de comunicao

    padronizados);

    expansibilidade;

    alta imunidade a rudos;

    segurana; facilidade de integrao.

    De acordo com os responsveis pelo projeto MedFasee [Reason, 06], no necessrio

    que os canais sejam dedicados. Consideram a taxa de dados perdidos ou de ocorrncias

    de erro, com a utilizao do canal de comunicao pela internet, pouco significativa, no

    chegando a prejudicar a qualidade da informao transmitida. Diante do alto custo de

    implantao das redes privadas de comunicao e a experincia deste projeto piloto na

    regio Sul do Brasil, considera-se uma boa opo, pela melhor relao custo/benefcio, autilizao dos meios de comunicao dos SMFS pela internet. Entretanto, este um

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    22

    aspecto que cada empresa deve avaliar individualmente, considerando-se que muitas

    delas j possuem redes de comunicao privadas.

    Na transmisso de dados na rede do SMFS, identificam-se quatro tipos de mensagensdistribudas nos seguintes campos: Dados, Configurao, Cabealho (identificao) e

    Comando. O cabealho transmitido em formato de texto. Os outros campos so

    mensagens em formato binrio. Somente os dados medidos e calculados so

    transmitidos em tempo real. As taxas de transmisso devem ser configurveis, sendo

    que, para 60Hz, so requeridas taxas de 5, 6, 10, 12, 15, 20, 30 e 60 frames por

    segundo. Para controle de tempo real, a transmisso de dados deve ser bidirecional

    proporcionando aes de controle no SEP. Mecanismos para checagem e verificao da

    integridade das informaes so utilizados como garantia de confiabilidade.

    2.3.4 Possibilidades de Aplicao de Sincrofasores Provenientes

    Diretamente de Rels

    Rels modernos, que fornecem a medio de fasores sincronizados adicionalmente s

    funes de proteo, eliminam a necessidade de se terem diferentes dispositivos para

    proteo e controle do sistema eltrico de potncia. Estes rels so equipamentosflexveis que tambm possuem funes de processamento (como um CLP - Controlador

    Lgico Programvel).

    J existem no mercado softwaresde integrao que possibilitam a anlise de diferentes

    rels de mesmo padro de forma sincronizada. Portanto, possvel utilizar a funo de

    oscilografia desses equipamentos, usando este sincronismo, para disponibilizar

    informaes de forma gil e segura para tomada de decises na operao do SEP.

    Tais rels podem ser utilizados, tambm, em aplicaes especficas, como a manuteno

    preventiva de equipamentos de subestaes e linhas de transmisso. Permitem,

    inclusive, utilizar a medio sincronizada de fasores para verificao das condies dos

    transformadores de instrumentos de uma subestao. Em uma mesma subestao,

    quando os disjuntores esto fechados, todos os TP (transformador de potencial) das

    linhas e barramentos devem estar com mesma magnitude e fase. H opes de rels no

    mercado que possibilitam simular de forma remota um voltmetro vetorial, permitindo a

    verificao de polaridades, defasagem angular e relao dos TC (transformador de

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    CAPTULO 2MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA -CONCEITOS E DEFINIES BSICOS

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    corrente). Com uma pequena carga no SEP e com todos os rels sincronizados,

    possvel visualizar remotamente erros de defasagem, de polaridade ou de relao de

    transformao de TC e TP nos terminais de uma linha de transmisso.

    Vale lembrar que as aplicaes de dados fasoriais provenientes de rels com funes de

    medio fasorial devem ser aquelas que requerem maior preciso e menor velocidade de

    aquisio de dados. Esta observao importante, enquanto ainda no se verificam no

    mercado opes comerciais de PMU que possibilitem definir um grau de preciso

    varivel.

    A tabela 2.3 contm as caractersticas de rels com funo de PMU incorporados,

    apresentados por alguns fabricantes, segundo pesquisa realizada pelo Operador

    Nacional do Sistema (ONS) para implentao do SMFS Nacional [Kema, 06].

    Tabela 2.3 - Caractersticas de rels digitais com funo de medio fasorial

    SEL SEL-311 Rel No Sim 6 (4)

    SEL SEL-421 Rel No Sim 6 (4)

    SEL SEL-451 Rel No Sim 6 (4)

    SEL SEL-734 Medidor Comercial No Sim 6 (4)

    GE N60 Rel Sim Sim 16 (5)

    Fabricante Modelo Outra FunoGPS

    Interno

    Segue a IEEE

    1394 e/ou C

    37.118

    N M ximo de Canais de

    Entrada (Fasores de

    Seqncia Positiva)

    A utilizao de tecnologia de medio fasorial proveniente de rels pode fornecer uma

    melhor relao custo/benefcio do que quando usada em equipamentos com a nica

    funo de executar a medio fasorial sincronizada. Contudo, apesar desta relao se

    mostrar favorvel, vale observar que o acmulo de funes em um mesmo equipamento

    pode trazer dificuldades de construo de hardware, e o produto final pode no ter o

    mesmo nvel de qualidade de um equipamento com uma funo especfica. Com relao

    a este aspecto, a PMU traz consigo vantagens, devido sua caracterstica principal de

    construo ser especificamente para o propsito de medies fasoriais.

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    CAPTULO 2MEDIO FASORIAL SINCRONIZADA -CONCEITOS E DEFINIES BSICOS

    24

    2.4 Consideraes Finais

    De acordo com o que foi exposto neste captulo, percebe-se o impacto positivo que o uso

    de SMFS pode trazer, ou j est trazendo, para as diversas atividades relacionadas aosSEP.

    Vrias so as aplicaes destes sistemas de medio nos processos eltricos. Conforme

    tratado nos prximos captulos desta disssertao, estas esto relacionadas,

    principalmente, a: medio e visualizao do estado do sistema eltrico; auxlio na

    operao do SEP, visando evitar condies crticas do mesmo; avaliao do ponto de

    operao do sistema com relao aos aspectos de estabilidade angular e de tenso;

    anlise ps-distrbio; validao e criao de modelos de estudos; proteo sistmica.

    Para que as aplicaes dos SMFS fiquem melhor caracterizadas, no contexto da

    operao do SEP, no captulo seguinte, os processos operativos so descritos.

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    CAPTULO 3DESCRIO DOS PROCESSOS DA OPERAO DOS SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA

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    3DESCRIO DOS PROCESSOS DA OPERAO

    DOS SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA

    3.1 Consideraes Iniciais

    Em muitos trabalhos apresentados na literatura tcnica relativa ao tema, as aplicaes

    atribudas ao uso dos SMFS so tratadas de forma genrica, muitas vezes no sendo

    relacionadas s atividades realizadas no mbito do setor eltrico. H situaes onde

    aplicaes so tratadas de forma isolada, quando, na realidade, o contexto no qual se

    inserem muito mais amplo. Esta dissertao pretende dar uma viso mais detalhada

    das aplicaes na rea de operao, sendo, portanto, importante contextualiz-la.

    Conforme introduzido no captulo primeiro, as atividades relacionadas aos SEP so

    caracterizadas como atividades de Expanso e de Operao. Os processos de

    Expanso, investigando o comportamento atual e futuro do SEP, visam garantir o bom

    funcionamento do mesmo por meio da anlise da necessidade de aquisio de novos

    recursos (novas usinas, novas linhas etc.). As decises de Operaoesto relacionadas

    ao gerenciamento dos recursos j disponveis (controle dos reservatrios das usinas j

    existentes, atuao nos equipamentos de controle das grandezas eltricas etc.).

    Estas tarefas so todas integradas formando um amplo e complexo processo de tomada

    de deciso com relao ao SEP. Entretanto, sem perder esta integrao, as atividades de

    Expanso e de Operao so caracterizadas por etapas prprias, de acordo com suas

    especificidades. Costumam ser identificadas, conforme sua atuao, em termos

    energticose eltricos, compreendendo processos com passos bem definidos.

    Esta dissertao trata da aplicao do SMFS na rea de Operao Eltrica dos sistemas

    de potncia e, portanto, dedica este captulo a uma reviso das tarefas executadas neste

    contexto.

    O processo de deciso relacionado operao dos sistemas eltricos , normalmente,composto pelas seguintes etapas:

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    Planejamento Eltrico da Operao

    Operao em Tempo Real

    Ps-operao

    De uma maneira bem geral, pode-se dizer que a etapa de Planejamentose caracteriza

    pela elaborao de estudos e anlises do comportamento futuro do SEP, com vistas a

    gerar instrues operativas a serem executadas na Operao em Tempo Real. Na etapa

    de Ps-operao, so realizadas anlises das ocorrncias pelas quais o sistema j

    passou.

    Em todo este processo, as decises so tomadas tendo como base o estado operativo do

    sistema eltrico, quer este se refira a uma projeo futura, a uma situao presente no

    momento, ou a uma condio passada [Vale, 86]e [Cesep, 05]. O estudo das aplicaes

    dos SMFS implica a caracterizao do estado do SEP, uma vez que, dependendo deste,

    diferentes decises so tomadas nas etapas da operao.

    Sendo assim, este captulo tem incio com a caracterizao dos estados operativos e,

    posteriormente, se dedica descrio das atividades da operao.

    3.2 Estados Operativos do Sistema Eltrico

    O SEP um sistema fsico cujo comportamento depende dos diversos fenmenos

    envolvidos durante a sua operao. A condio operativa do SEP nunca exatamente a

    mesma em todos os instantes. Na realidade, a condio de operao est sempre

    variando, pois o sistema encontra-se constantemente sujeito a pequenas ou grandes

    perturbaes, voluntrias ou involuntrias. Como exemplo de pequena perturbao, tem-

    se a contnua e lenta variao da carga no tempo. Como exemplo de grande perturbao,pode-se citar a perda de grande volume de gerao ou de carga. As aes de controle

    efetuadas no sistema caracterizam perturbaes voluntrias.

    Logo, a rigor, o SEP nunca se encontra em regime permanente, pois as constantes

    perturbaes, pequenas ou grandes, o levam a um comportamento dinmico, variante no

    tempo. Entretanto, muitas anlises podem ser realizadas considerando o estado do

    sistema estacionrio no tempo, como se fosse tirada uma fotografia do mesmo. Uma

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    das principais ferramentas de anlise dos sistemas eltricos o Programa para Clculo

    de Fluxo de Potncia, cuja formulao esttica.

    Para este tipo de anlise, o ponto de operao do sistema tem sido caracterizado pelastenses complexas (mdulo - V e ngulo - ) das suas barras. Estas so consideradas,

    portanto, as variveis de estado do SEP, caracterizando o vetor de estado em regime

    permanente expresso pela equao 3.1.

    [3.1]

    Uma vez conhecido o vetor de estado da rede, podem ser determinadas outras

    grandezas eltricas (corrente, fluxo de potncia ativa e reativa, dentre outras). Desta

    forma, a condio operativa do SEP pode ser determinada, permitindo tomadas de

    decises adequadas. Para melhor identificar as decises envolvidas nas etapas de

    operao, trs estados operativos so assim caracterizados nas referncias [Vale, 86]e

    [Cesep, 2005]:

    Estado normal nesta situao, o sistema est intacto, com a demanda

    totalmente atendida, e no apresenta nenhuma violao nas restries de cargae

    de operao, sendo:

    - Restrio de Carga: relacionada ao equilbrio carga-gerao; indica se a demanda

    est sendo atendida ou no.

    - Restries de Operao: limites impostos ao SEP (limites fsicos de

    equipamentos, contratuais, situaes crticas, tais como perda de estabilidade

    etc.)

    Estado de Emergncia nesta situao, o sistema atende demanda, porm

    apresenta violao de alguma restrio de operao. Este estado pode ser

    provocado por uma perturbao ocorrida no SEP, resultando na violao severa

    ou no de algum valor limite pr-definido.

    Estado Restaurativo nesta situao, o sistema no est intacto (cargas no

    atendidas e ilhamentos, por exemplo), apresentando desligamento parcial ou total.

    Assim, este estado caracteriza-se por violaes nas restries de carga.

    V]:[XT

    =

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    O conceito destes estados de operao subdivide o problema global de controle do SEP

    em trs subproblemas, caracterizados por aes distintas: aes para Controle no Estado

    Normal, aes para Controle de Emergncia e aes para Controle Restaurativo. Tais

    controles possuem caractersticas bem particulares, as quais so caracterizadas a seguir:

    Controle no Estado Normal:seu objetivo atuar no sistema para que ele

    permanea no estado normal, atuando, assim, principalmente na sua

    segurana.

    Controle de Emergncia: seu objetivo determinar e executar aes para

    tirar o SEP do estado de emergncia. O tipo de ao de controle depende da

    condio em que se encontra o sistema.

    Muitas vezes possvel eliminar violaes, levando o SEP para o estado

    normal.

    H situaes, entretanto, em que necessrio efetuar desligamentos totais ou

    parciais da carga (levando o sistema para o estado restaurativo), para se

    conter uma situao crtica, evitando-se a propagao de fenmenos em

    cascata que poderiam degradar todo o sistema. Na prtica, para situaes

    crticas, onde a execuo das aes de controle de emergncia deve ser

    extremamente rpida, so gerados controles automticos. Estes, muitas

    vezes, so denominados Esquemas de Controle de Emergncia.

    Controle Restaurativo: seu objetivo religar o sistema aps desligamentos

    parciais ou totais. Normalmente, este controle efetuado atravs de

    instrues previamente determinadas pelo planejamento.

    Esta viso de controle extremamente importante para a anlise sobre os impactos da

    utilizao das PMU na operao dos sistemas eltricos. Deve-se ter em mente que asestratgias de controle so tecidas e implementadas considerando todas as etapas

    (planejamento, tempo real e ps-operao).

    Uma vez caracterizados os possveis estados de operao e a necessidade de diferentes

    atuaes no sistema eltrico impostas pelos mesmos, nos prximos itens apresentada

    a forma como cada atividade de operao tem tratado tais questes.

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    3.3 Planejamento Eltrico da Operao

    O planejamento eltrico da operao tem por objetivo estabelecer diretrizes para que o

    SEP seja operado adequadamente usando os equipamentos existentes (coordenaodos vrios componentes do sistema).

    Dentro dos princpios fundamentais e dos critrios observados durante o processo de

    planejamento, so elaborados estudos que procuram avaliar o desempenho do sistema

    sob condies normais e de contingncias. Dentre eles, destacam-se aqueles

    relacionados ao controle de tenso e carregamento, definindo as faixas de tenso para

    os barramentos, a realocao de gerao, a configurao operativa mais adequada e os

    esquemas especiais.

    A meta desta etapa subsidiar os rgos executivos da operao, a fim de que estes

    possam operar o sistema eltrico com qualidade adequada de fornecimento e com menor

    risco possvel, considerando sempre a iminncia de contingncia simples. Assim, os

    planos visam manter o SEP em condies de atender demanda de energia com a

    devida segurana.

    As atividades executadas utilizam dados de previso de carga, de planos de obras e de

    programao de procedimentos em estudos peridicos. Em conjunto com as anlises dos

    processos de ps-operao, geram recomendaes e/ou orientaes para os operadores

    em tempo real, as quais so registradas em documentos chamados IO - Instrues

    Operativas. Estas instrues so atualizadas continuamente de acordo com o

    crescimento da carga e alteraes de sistema, e so, portanto, de grande importncia

    para manter o SEP em estado de operao normal e seguro.

    De acordo com os Procedimentos de Rede do ONS [ONS, 08], as etapas do

    planejamento da operao eltrica concentram os processos e sistemticas para os

    estudos e anlises do comportamento da rede eltrica para diferentes horizontes. Neste

    contexto, destaca-se a elaborao dos planos de curto (mensal e quadrimestral), de

    mdio (anual) e de longo prazo (acima de um ano). Anlises sobre solicitaes de

    desligamentos, recomposio do sistema, alm de outros estudos especiais, so

    importantes nesta atividade. Tais itens so tratados a seguir.

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    3.3.1 Planejamento da Operao Eltrica a Curto Prazo - Mensal e

    Quadrimestral

    O Estudo Mensal tem como objetivo avaliar o desempenho da operao eltrica do

    Sistema Interligado Nacional (SIN) previsto para um determinado ms do ano,

    considerando as eventuais alteraes das premissas contidas no estudo Quadrimestral

    correspondente.

    Mediante as novas previses do cronograma de implantao das obras de transmisso

    e/ou gerao, a evoluo da carga e os cronogramas de manuteno de unidades

    geradoras, so determinadas estratgias para a operao do SIN visando preservar a

    segurana e buscando atender as metas energticas.

    Conforme j comentado, tais estudos subsidiam a operao em tempo real atravs das

    eventuais atualizaes das recomendaes e diretrizes operativas, que so

    implementadas nas instrues de operao. Estes auxiliam na programao de

    intervenes em instalaes da rede de operao e tambm fornecem, com base na

    anlise do desempenho do sistema, os seguintes principais produtos:

    atualizao do clculo e diretrizes para alocao da reserva de potncia

    operativa;

    conseqncias decorrentes do atraso de obras e medidas operativas

    associadas;

    despachos mnimos de gerao trmica por razes eltricas.

    O Estudo Quadrimestralobjetiva definir as diretrizes para a operao eltrica do SIN com

    horizonte quadrimestral. Ele elaborado baseando-se nos critrios definidos no

    submdulo 23.3 dos Procedimentos de Rede [ONS, 01], na previso de carga prpria e

    no cronograma de entrada em operao de novos equipamentos.

    Este estudo deve analisar com mais profundidade o sistema interligado, tendo com base

    a anlise do seu desempenho, gerando os seguintes principais produtos:

    procedimentos operativos para controle de tenso e de carregamento de

    linhas de transmisso e equipamentos;

    determinao dos limites de transmisso entre regies e reas geoeltricas;

    despacho mnimo de gerao trmica por razes eltricas;

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    identificao da necessidade de reviso de ECE (Esquemas de Controle de

    Emergncias) e ECS (Esquemas de Controle de Segurana);

    diretrizes operativas para a elaborao das instrues de operao para

    aplicao em tempo real do sistema.

    Alm das funes citadas, subsidia os estudos de Programao de Intervenes em

    instalaes da rede de operao de acordo com o submdulo 6.5 dos Procedimentos de

    Rede do ONS [ONS, 08]. Para a operao, estes estudos ajudam a definir faixas de

    tenso recomendadas para as barras de controle, faixas de tenso esperadas para

    barras de referncia, e nveis de risco da operao por condio de carga. Eles auxiliam

    a execuo das anlises de desligamento dos principais elementos e a construo das

    chamadas inequaes que definem limites a serem observados em tempo real.

    O planejamento da operao eltrica quadrimestral atualizado atravs do planejamento

    da operao eltrica mensal. Estes relatrios so produzidos a partir de simulaes e

    anlises realizadas pelo ONS, com a colaborao dos representantes das diversas

    empresas integrantes do SIN.

    3.3.2 Planejamento da Operao Eltrica a Mdio Prazo - Anual

    O Estudo Anual tem como principais objetivos analisar o desempenho do sistema

    eltrico, com base no mercado previsto e no cronograma de entrada em operao de

    novos equipamentos, definidos para o horizonte do estudo (de um ano frente). Deve

    tambm analisar as conseqncias de eventuais atrasos das obras programadas e

    estabelecer as recomendaes necessrias para garantir o desempenho adequado do

    SIN.

    Seus principais produtos so: identificao, em tempo hbil, das instalaes necessrias para o atendimento

    dos requisitos de carga dentro dos critrios estabelecidos, recomendando a

    adequao de cronogramas, remanejamento de equipamentos, reforos de

    pequeno porte e melhorias;

    limites de transmisso entre regies e reas geoeltricas;

    estratgias operativas e medidas frente a eventuais atrasos de obras;

    ECE e ECS no sistema;

    despacho mnimo de usinas trmicas por razes eltricas.

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    3.3.3 Planejamento da Operao Eltrica a Longo Prazo

    Nesta etapa so realizados estudos para definio do Plano de Ampliao e Reforos

    (PAR) e tambm a reviso e/ou identificao da necessidade de ECE.

    O PAR um estudo que apresenta uma proposta de ampliaes e reforos para a Rede

    Bsica no horizonte de 3 anos frente, que dar suporte a Agncia Nacional de Energia

    Eltrica (ANEEL) na conduo dos processos de licitao ou autorizao das respectivas

    concesses de transmisso, alm de dar subsdios para a elaborao do projeto bsico

    das instalaes nele contempladas. Ele ajudar o ONS, que, juntamente com a EPE

    (Empresa de Pesquisa Energtica), tem por obrigao legal propor a ANEEL as

    ampliaes e os reforos na Rede Bsica, de modo a assegurar os padres de

    desempenho estabelecidos nos Procedimentos de Rede [ONS, 01].

    No que diz respeito gerao de energia eltrica, os estudos do planejamento devem

    contemplar as fontes existentes, as inventariadas e as informadas pelos Agentes.

    Cenrios de gerao so formulados considerando as incertezas das fontes, para a

    matriz energtica nacional e o uso mltiplo da gua. Devem ser consideradas as usinas

    existentes e as novas que j tiverem firmado o contrato de concesso. O planejamento

    da operao energtica fornecer as previses energticas no horizonte de estudo. Com

    base nestas previses, o ONS seleciona os despachos significativos para o

    dimensionamento do sistema de transmisso.

    Com relao transmisso, so elaborados planos alternativos para atendimento

    eletroenergtico, considerando as incertezas das fontes e do mercado. definido o

    cenrio mais provvel para servir de referncia ao PAR. Este estudo busca ajustar, na

    sua essncia, em funo das previses de oferta e de demanda, as obras

    recomendadas, contemplando as variaes nas previses de mercado, as solicitaes de

    acesso e conexo, bem como as propostas de ampliaes e reforos, encaminhadas

    pelos Agentes. Eventuais restries de transmisso, que possam impedir a concretizao

    da operao eltrica e energtica otimizada, devem ser explicitadas. No PAR so

    contemplados os seguintes itens:

    sntese das condies de atendimento do SIN (por rea e para os atributos:

    estabilidade, controle de tenso, carregamento de linhas e equipamentos,

    circuitos ou equipamentos singelos, superao capacidade de disjuntores enecessidade de gerao trmica);

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    sntese dos estudos das interligaes inter-regionais;

    sntese da anlise de confiabilidade da Rede Bsica;

    anlise dos indicadores de continuidade das subestaes que necessitem de

    transformadores com tape;

    diagnstico das condies de operao da fronteira Rede Bsica - rede de

    distribuio;

    avaliao dos nveis de curto circuito;

    condicionantes dos estudos (mercado, gerao e critrios);

    pareceres tcnicos e programa de gerao;

    casos de referncia para fluxo de potncia, curto circuito e confiabilidade;

    mapas eletrogeogrficos;

    documentos de referncia: previso da carga, interligaes e confiabilidade.

    As programaes de intervenes em instalaes da rede eltrica so subsidiadas pelos

    estudos de planejamento anual da operao eltrica e energtica, para serem avaliadas

    e adequadas s necessidades do SEP. Para isto, so realizadas simulaes e anlises

    do desempenho do sistema, avaliao de riscos e definio das diretrizes operativas para

    programao e execuo das intervenes.

    Estas simulaes tm como base os casos de referncia definidos nos Estudos de

    Planejamento de curto Prazo - Mensal e Quadrimestral, adaptando-os para que reflitam

    as mudanas de configurao, carga e despacho, definidas no mais curto prazo.

    So feitas anlises considerando tanto o desligamento simples, quando for o caso, de

    cada equipamento solicitado quanto simultaneidade deste com o de outros

    desligamentos solicitados para o mesmo perodo. Os estudos devem contemplar

    aspectos relativos a anlise de desempenho do sistema em condio de regimepermanente, em condies de emergncia e, quando necessrio, devem ser realizados

    estudos complementares.

    3.3.4 Solicitaes de Desligamento

    Estes estudos tm como principal objetivo compatibilizar as solicitaes dos diferentes

    Agentes, estabelecendo prioridades entre solicitaes, visando garantir a integridade dos

    equipamentos e minimizar os riscos para o sistema. Assim, procurar-se- alocar, de

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    34

    comum acordo com os Agentes, as intervenes nos perodos mais convenientes para o

    sistema, visando manter a continuidade e a confiabilidade aos usurios e minimizar as

    restries de despacho das usinas.

    Nesta atividade so elaboradas as diretrizes a serem consideradas na Programao

    Diria da Operao Eletroenergtica, alm de diretrizes para a operao em tempo real,

    que comporo o Programa Dirio de Operao.

    As Diretrizes Operativas para Programao e Execuo das Intervenes e

    Procedimentosse aplicam a intervenes em equipamentos componentes de instalaes

    da rede de operao e ainda a equipamentos no integrantes desta, cuja

    indisponibilidade possa causar limitaes no despacho de usinas submetidas ao

    despacho centralizado ou em instalaes da rede.

    O tratamento dos desligamentos de instalaes da Rede Bsica, na fase de

    programao, serve ainda como uma das referncias para o clculo da parcela varivel

    da receita de transmisso, conforme os contratos de prestao de servios de

    transmisso.

    Os principais produtos do processo so:

    Programa de Intervenes em Instalaes na Rede de Operao;

    Diretrizes Operativas para Programao e Execuo das Intervenes, visando a

    qualidade e a segurana operacional do Sistema Interligado;

    Informaes para o processo de apurao de indisponibilidade.

    3.3.5 Estudos Especiais

    Caracterizam-se como Estudos Especiais aqueles que no tm carter cclico, emborapossam ser desenvolvidos como parte de um processo rotineiro, caso se configurem

    condies que indiquem a sua realizao. Os principais objetivos destes estudos em

    cada tipo de processo so:

    Estudos Pr-operacionais de Instalaes da Rede de Operao:

    Compreendem todas as anlises de regime permanente, transitrios eletromagnticos,

    transitrios eletromecnicos e demais anlises necessrias para respaldar o perodo

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    35

    inicial de operao dessa nova instalao. Resultam, tambm, deste processo, as

    diretrizes para confeco das Instrues de Operao contemplando a nova instalao.

    Estudos de Comissionamento de Instalaes da Rede de Operao:Estabelecem as condies operativas para realizao dos ensaios de forma a assegurar

    a qualidade do atendimento, a confiabilidade e segurana da operao da Rede de

    Operao e compreendem todas as anlises de regime permanente, transitrios

    eletromagnticos, transitrios eletromecnicos e outras que se fizerem necessrias para

    estabelecer as condies de operao segura durante os ensaios de comissionamento.

    Estudos de Otimizao de Controladores:

    Avaliam a necessidade de reajustes nos controladores automticos associados aos

    equipamentos do sistema eltrico, assim como definem a necessidade de novos

    controladores, no sentido de garantir um desempenho adequado e otimizado da rede,

    permitindo, conseqentemente, ampliar o seu grau de utilizao. O processo poder

    tambm apontar a convenincia de modernizao de equipamentos de controle que

    apresentem baixo desempenho.

    Estudos de Estabilidade de Tenso:

    Objetivam estabelecer as diretrizes bsicas para o estudo completo da estabilidade de

    tenso na Rede de Operao do ONS, visando determinar as condies operativas

    limites, como nveis de carregamento e intercmbios, e identificar quais reas so mais

    suscetveis a este fenmeno, necessitando medidas preventivas e/ou corretivas.

    Estudos de Controle Carga-Freqncia:

    Correspondem s anlises para a avaliao do desempenho e identificao das melhores

    estratgias de controle carga-freqncia, quando de alteraes de topologia da Rede de

    Operao.

    3.3.6 Estudos de Recomposio do Sistema

    Os estudos de recomposio se estruturam em trs partes:

    caracterizao da filosofia bsica do processo de recomposio e as suas

    diretrizes gerais;

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    identificao dos fundamentos necessrios para que a filosofia bsica seja

    aplicada com sucesso;

    definio dos procedimentos de recomposio, atravs de uma precisa descrio

    de suas etapas nas diversas reas envolvidas.Os estudos de recomposio tm grande repercusso sobre os Agentes e devem estar

    sempre sendo atualizados para levar em conta os seguintes aspectos:

    acompanhamento do equilbrio entre carga e gerao das reas de auto-

    restabelecimento das usinas que fazem parte da malha principal do sistema

    interligado;

    acompanhamento da entrada em operao de novos equipamentos ou

    instalaes, incluindo recapacitaes, que interfiram no processo de

    recomposio;

    reviso dos procedimentos operacionais em funo dos estudos do ONS ou dos

    Agentes, bem como de ampliaes na Rede de Operao.

    3.3.7 Validao de Modelos de Componentes e Dados para Estudos

    Eltricos

    Este processo corresponde ao estabelecimento dos procedimentos para validao,uniformizao do tratamento, organizao e atualizao dos modelos de componentes e

    dados pertinentes s atividades de estudos eltricos, envolvendo bancos de dados

    utilizados pelos modelos computacionais para posterior armazenamento na base de

    dados do ONS.

    Nestes estudos especiais so analisados tambm os aspectos de instabilidade de

    tenso, muito importantes para manter o sistema com um nvel de segurana adequado.

    3.4 Operao do Sistema Eltrico em Tempo Real

    Esta etapa visa coordenar a operao do sistema utilizando as diretrizes definidas pelo

    planejamento. Compreende as atividades de Superviso e Controle em Tempo Real

    realizadas no instante de operao atual do SEP. Em termos de controle, nesta etapa

    que so efetuadas as aes de comando no sistema eltrico.

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    Os planos elaborados nas etapas de planejamento so realizados com base em

    previses do possvel comportamento do SEP no instante da operao. Por mais

    precisas que sejam as informaes utilizadas pelos planejadores na elaborao das

    instrues operativas, h sempre uma pequena diferena entre os valores previstos eaqueles que ocorrem em tempo real.

    Na realidade, os centros de operao das empresas contam com Sistemas de

    Superviso e Controle que permitem que o SEP seja monitorado e controlado.

    Informaes de tempo real so coletadas do sistema eltrico, so processadas nos

    centros e, em conjunto com os estudos realizados previamente pelo planejamento,

    subsidiam a tomada de deciso sobre as aes de controle a serem efetuadas.

    A figura 3.1, adaptada de [Vale, 86]d uma viso integrada dos controles nos centros de

    operao.

    Figura 3.1 - SUPERVISO E CONTROLE DE SEP

    Os dados so coletados no sistema eltrico, sendo tratados e processados pelas

    diversas funcionalidades disponibilizadas nos centros, subsidiando a tomada de deciso

    sobre as aes de controle a serem realizadas. No diagrama esto indicadas as

    seguintes funes:

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    Configurador da Rede: programa que determina a configurao atual da rede

    eltrica, a partir da topologia fixa do SEP e das informaes obtidas em tempo

    real sobre a condio aberto/fechado de chaves e disjuntores;

    Estimador de Estado: programa que calcula o estado da rede (mdulo e ngulo detenso nos barramentos) a partir de dados de medio (fluxos de potncia,

    mdulos de tenso, correntes etc.) coletados do SEP. O impacto do SMFS no

    processo de estimao tratado no prximo captulo;

    Monitorao da Segurana: determina o tipo de condio enfrentada pelo SEP, ou

    seja, em que tipo de estado est operando.

    A partir das informaes fornecidas por tais funes, so determinadas e executadas as

    aes de controle (normal, emergncia ou restaurativo) mais adequadas ao instante deoperao, ou seja, de acordo com o estado presente. Com relao ao estado normal,

    caso a condio do sistema seja normal-alerta, entra em cena o controle preventivo.

    No estado normal de operao so realizadas aes de controle tradicionais, tais como

    aquelas relativas ao controle de freqncia (primrio e secundrio), controle de

    tenso/potncia reativa hierarquizado e controle de potncia ativa. Alm destas, so

    executadas funes relativas anlise de seguranado sistema, incluindo a anlise de

    contingncias, visando atuar de forma preventiva no SEP, evitando situaes de

    emergncia. A avaliao da segurana do SEP em tempo real, atualmente, se baseia

    fundamentalmente em estudos de fluxo de potncia. Tal tipo de anlise fica limitada s

    restries da prpria ferramenta esttica de simulao.

    O controle de emergncia inclui aes que eliminam as violaes das restries de

    operao, de forma simplesmente corretiva, levando condio normal. Nas situaes

    extremamente crticas, entram em cena os ECE. No Brasil, dentre os vrios esquemas

    existentes, como exemplo pode-se citar o ERAC (Esquema Regional de Alvio de

    Cargas), que atua com base nos valores de freqncia.

    O controle restaurativo requer a aquisio e anlise de vrias informaes para garantir

    que as aes de restabelecimento sejam efetivas. Estas compreendem, dentre outros, o

    conhecimento de diversos fatores: a parte do SEP que foi desligada, a origem do

    desligamento, as condies para religamento etc. Caso o desligamento tenha sido

    efetuado por aes de controle de emergncia pr-estabelecidas, o restabelecimento fica

    facilitado, pois o estado restaurativo do SEP ser conhecido. Normalmente, tal controle

    efetuado atravs de instrues previamente determinadas e quase sempre executado

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    manualmente pelos operadores, com o uso de ferramentas computacionais de apoio

    [Vale,86],[Mundim,96], [Lopes,08].

    Nos primeiros centros de operao, os sistemas supervisrios denominados SCADA(Supervisoy Control and Data Acquisition System) deram incio s funes de superviso

    e controle. Atualmente, os modernos centros incorporam diversas funcionalidades, tais

    como aquelas indicadas na figura 3.1, caracterizando os denominados EMS (Energy

    Management System).

    3.5 Etapa de Ps-Operao

    Nesta etapa, so realizadas simulaes off-line, analisando as perturbaes de pequeno

    ou de grande porte que ocorreram no sistema, procurando-se analisar as suas possveis

    causas e tomar medidas corretivas, caso sejam necessrias, e preventivas para que elas

    no ocorram novamente. Nesta etapa, podem ser gerados novos esquemas de controle

    de emergncia e instrues operativas, para evitar que o problema se repita novamente.

    Trata-se de uma etapa muito importante, onde verificado todo o planejamento

    executado anteriormente. Corresponde a um conjunto de tarefas que so executadascontinuamente, e que geram novos dados que serviro de base para os processos de

    planejamento. Na realidade, as atividades formam