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Alternativa SP Novembro 2011 48 VIRADA CULTURAL VIRADA CULTURAL X X VIRADA ESPORTIVA VIRADA ESPORTIVA E mais: E mais: Zombie Walk Zombie Walk Galeria do Rock Galeria do Rock Ontem e Hoje Ontem e Hoje Crazy Legs Crazy Legs Edição 1 ano 1 Preço R$10 Alternativa SP 1 Novembro 2011 ARTE EM TODA A PARTE ARTE EM TODA A PARTE A intervenção urbana é algo comum para o paulistano. Mas, A intervenção urbana é algo comum para o paulistano. Mas, a pichação e o grate são duas formas de manifestações a pichação e o grate são duas formas de manifestações interventoras que predominam no espaço urbano de São interventoras que predominam no espaço urbano de São Paulo. Mas como são as vidas de dois artistas desse meio? Paulo. Mas como são as vidas de dois artistas desse meio? Conra! Conra!. . Edição 1 ano 1 Preço R$10 E mais: E mais: Zombie Walk Zombie Walk Galeria do Rock Galeria do Rock Ontem e Hoje Ontem e Hoje Crazy Legs Crazy Legs

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EDIÇÃO 1 ANO 1 PREÇO r$ 10,25

VIRADA CULTURAL VIRADA CULTURAL

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VIRADA ESPORTIVAVIRADA ESPORTIVA

E mais:E mais:Zombie WalkZombie Walk

Galeria do Rock Galeria do Rock

Ontem e HojeOntem e Hoje

Crazy LegsCrazy Legs

Edição 1 ano 1 Preço R$10

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Novembro 2011

ARTE EM TODA A PARTEARTE EM TODA A PARTEA intervenção urbana é algo comum para o paulistano. Mas, A intervenção urbana é algo comum para o paulistano. Mas, a pichação e o grafi te são duas formas de manifestações a pichação e o grafi te são duas formas de manifestações interventoras que predominam no espaço urbano de São interventoras que predominam no espaço urbano de São

Paulo. Mas como são as vidas de dois artistas desse meio? Paulo. Mas como são as vidas de dois artistas desse meio? Confi ra!Confi ra!..

Edição 1 ano 1 Preço R$10

E mais:E mais:Zombie WalkZombie Walk

Galeria do Rock Galeria do Rock

Ontem e HojeOntem e Hoje

Crazy LegsCrazy Legs

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Mural de fotos

Essas são as nossas fotos....Na próxima edição, as imagens colocadas aqui serão enviadas por vocês leitores.

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A Galeria do Rock é um dos lugares mais bada-lados de São Paulo, e desde sua inauguração na década de 60 vem atraindo diversos tipos de pesssoas com gostos e opiniões diferentes..

Idealizado na Califórnia, o Zombie Walk acontece em várias cidades do mundo e desde 2006 está cha-mando cada vez mais gente todos os anos em São Paulo. A quinta edição do Zombie Walk paulista atraiu públi-co de 20 mil pessoas e se fi rmou como movimento cultural paulistano.

EXPEDIENTE

DIRETOR DE REDAÇÃO: Marcello Rollemberg DIRETORA DE ARTE: Carla RissoEDITOR: Marcello RollembergDIAGRAMADORA: Alice RissoREPÓRTERES: Alice Risso, Fabrício Rezende, Felipe Lopes, Juliana Piva, Mariana Costa, Thiago Caetano. FOTÓGRAFOS: Fabrício Rezende, Juliana Piva

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O Quê? Feira da troca do livro e gibiQuando? 11 de dezembroHorário? Das 10h às 15hValor? Entrada FrancaFaixa Etária? LivreOnde? Parque Raposo Tavares, Avenida República do Líbano, 1151 - MoemaTelefone? 3735-1372

O Quê? Exposição Oded Ezer: TipocriaturasQuando? 01 de Dezembro de 2011 a 26 de Fevereiro de 2012. Horário? De terça a Domingo das 09h à 21hValor? Entrada francaFaixa Etária? LivreOnde? Centro Cultural Caixa Econômica, Praça da Sé, 111 – CentroTelefone? 3321-4400

O Quê? Show do cantor Ben Harper Quando? 09 de dezembroHorário? As 21hValor? De R$ 180,00 à R$ 350,00Faixa Etária? 14 AnosOnde? Via Funchal, 65 – Vila OlimpiaTelefone? 3846-2300

O Quê? Mostra do artista britânico Cerith Wyn Evans “Incarnation”Quando? De 17 de novembro a 04 de Fevereiro de 2012Horário? Segunda à Sábado das 10h às 18hValor? Entrada FrancaFaixa Etária? LivreOnde? Galeria Fortes Vilaça, Rua Fradique Coutinho, 1.500 – Vila Madalena ou Rua James Holland,71 – Santa CecíliaTelefone? 3032-7066

O Quê? A História do Vídeo Game “Game On” Quando? De 10 de Novembro a 8 de janeiro de 2012Horário? Diariamente das 11h ás 20hValor? De R$ 5,00 a R$ 10,00Faixa Etária? LivreOnde? MIS (Museu da Imagem e Som), Avenida Europa, 158 – Jardim EuropaTelefone? 2117-4777

O Quê? 1º SP Metal FestivalQuando? 18 de dezembroHorário? Domingo, às 16hValor? R$ 20,00 antecipado e R$ 25,00 no diaFaixa Etária? 18 anosOnde? Blackmore Rock Bar, Alameda dos Maracatins, 1317 – MoemaTelefone? 5041-9340

O QUE ACONTECE A Revista Alternativa SP traz para você que não gosta de ficar ocioso, os

eventos que tem espalhados por São Paulo. A agenda cultural tem dicas de baladas, filmes, teatros, livros, exposições e shows.Para você ficar sabendo de primeira mão qual será o destino da sua noite de sábado ou de uma simples segunda no teatro, e montar sua progra-mação de passeio, de um jeito ágil e dinâmico.

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A intervenção urbana é algo comum para o paulistano. Mas, a pichação e o grafi te são duas formas de manifestações interventoras que predominam no espaço urbano de São Paulo. Enquanto o grafi te adquire mais res-peito das pessoas e já é reconhecido como arte, a pichação sempre foi mal vista por todos.

Há cinco anos, a prefeitura da capital paulista realiza as Viradas Cultural e Esportiva que recebem milhões de pessoas. Veja o que a galera pensa das atrações e dos eventos como um todo.

E aí, galera?

Dê logoff no facebook e faça login aqui. Já faz alguns meses que queríamos criar uma revista que trouxesse a você informações diferentes daquelas que lhe são enfi adas goela abaixo todos os dias pela televisão e pela mesmice da mídia impressa. Esta primeira edição da Alternativa SP carrega o desejo de te municiar com alternativas de entretenimento e conhecimento.A matéria de capa “Arte em toda a parte” conta um pouco da história do grafi te e da pichação segundo o grafi teiro Wellington Estevão, mais conhecido como Killboy, e o ex-pichador Charles Meira. Não defendem-os que você, leitor, compre uma lata de spray e saia pichando seu nome por aí. Apenas tentamos esclare-cer, livre de preconceitos, um fenômeno que é visível nos pontos mais movimentados da cidade e que faz parte da vida de todos que andam por São Paulo. A segunda capa da revista é a reportagem sobre a Vi-rada Cultural e Virada Esportiva, o que aparentemente parece um assunto manjado. Mas, a nossa intenção não é fugir dos grandes eventos que acontecem na cidade, e sim abordá-los sem camufl agem, trazendo o seu lado alternativo. Traçamos também um histórico sobre a Galeria do Rock, que fez história na cidade. Entrevistamos o Sonny, baixista da banda Crazy Legs, e descobrimos um pouco mais dele como tatuador. Tiramos fotos incríveis (e medonhas!) da passeata Zombie Walk e fomos até a Galeria Concreto para te contar como fazer um curso sobre arte urbana.Na matéria sobre curtas-metragens, damos a dica para quem quer dar início à carreira cinematográfi ca. E quem gosta de esportes não pode deixar de ler a reportagem sobre o rugby.Esperamos que gostem desta primeira edição e não deixem de acompanhar as próximas!

Equipe Alternativa SP

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Começou às 20h, como já me alertava o ingresso. Atrasei al-guns 15 minutos para

chegar no SESC Belenzinho de carro. Entrei e tropecei numa ca-deira devido à falta de iluminação - que estava com foco em Tim Kin-sella. Me sentei no fundo da sala, mas o clima intimista do show me fez parecer parte do palco. Suas mãos deslizavam na guitarra como quem manuseia um materi-al delicado, porém absolutamente fácil de usar. Em contraponto, as notas dissonantes combinavam com sua potente voz levemente rouca quando atingia os agudos.

Tim Kinsella é de Chicago, lugar onde ajudou a fundar a Cap’n Jazz, uma das bandas mais importantes do cenário pós-hardcore dos anos 80. Em 20 anos de carreira, o cantor embalou também os gru-pos The Owls e Make Believe. Na sua passagem por São Paulo, Tim mostrou com categoria seu tra-balho solo, composto pelos álbuns He Sang His Didn’t He Danced His Did (2001), Crucifi x Swas-tika (2005) e Field Recordings of Dreams (2007). Mesmo assim, não resistiu em cantar “Ooh Do I Love You”, do Cap’n Jazz, que rece-beu até uns gritinhos de alguns fãs mais saudosistas.

Uma música acabava, ele emen-dava outra. Alguns batiam palmas, o que ele já havia pedido para não fazerem. Mesmo assim, ele dizia o ensaiado “Obligado”, se sentindo um pouco obrigado mesmo. Por vezes, observava fi xamente o afi -nador da guitarra e fazia uma ex-pressão de insatisfação. Desligava a guitarra, e apenas vocalizava a música por longos segundos.

Mais uma seção do show, com “uma setlist diferente”, já diziam os fãs mais atentos. Diferente pra mim, que sentei na frente do pal-co. Diferente para o próprio Tim, que conversou mais, cantarolou Jorge Ben Jor, e até abriu um espa-ço para o pessoal fazer perguntas. O que, apesar de ter descontraído ambas as partes, não deu muito certo, já que todos pediram músi-cas de suas antigas bandas e per-guntaram coisas aleatórias.

O fato é: o charme veio de Chi-cago direto para São Paulo. O can-tor, que alertou “I’m not a guitarist, I’m a vocalist”, parecia muito mais um guitarrista do que um vocalista - apesar de sua voz ser estonte-ante. A camisa mais o terno e as discretas madeixas que caíam so-bre seu rosto deixaram inveja nos mais vaidosos da plateia. Suas ex-pressões faciais eram engraçadas, isso sem falar nas Stella Artois e

nas balas que hora ou outra inter-rompia a apresentação.

Todos ali tinham alguma ligação de amizade - uma das característi-cas mais interessantes da noite. Alguns lamentaram o cantor não ter cantando canções de The Owls, o que ele fez questão de dizer que não iria tocar.

No fi nal do segundo show, Tim agradeceu e desejou boa noite, mas o pessoal não o deixou ir. Ele perguntou, então, qual o som que queriam ouvir. Uma sequên-cia de vozes pedindo músicas de suas bandas antigas se sucedeu, e, logo, a negação de todas. Deu pra ouvir “Metallica” de um garoto, que foi respondido com “Metallica is the only bad band in the world, except U2”. Para terminar de vez, Tim escolheu “Ooh Do I Love You”, “In The Clear”, ambas do Cap’n Jazz, e fi nalizou com uma música do Lungfi sh.

Houve quem roubou suas pal-hetas em sua frente, o que apar-entemente não o deixou feliz. A galera não resistiu e acabou ped-indo a setlist, sua água, autógrafos e fotos - tudo concedido, apesar de não parecer à vontade. Espero sin-ceramente que isto não infl uencie Tim Kinsella se um belo dia ele pensar em voltar na terra do Jorge Ben.

Por: Juliana Piva

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Por: Juliana Piva

Parece que estão de-senterrando e recrian-do um novo ditado po-pular: “Quem é morto sempre aparece”.

Pelo menos é o que sentiu quem esteve na passeata do Zombie Walk, no dia 2 de novembro, feriado nacional do Dia de Finados. Cerca de seis mil zumbis realizaram uma marcha da Praça do Patriarca ao Viaduto do Chá. Ok, zumbis por pe-los menos uma tarde, mas que gri-tavam por cérebros com vontade.

Idealizado na Califórnia em 2001, o Zombie Walk é um fl ash-mob que acontece em várias cida-des do mundo e desde 2006 está chamando cada vez mais gente todos os anos em São Paulo, sem-pre no dia reservado aos fi nados.

Organizada via internet, se-gundo a Polícia Militar, neste ano a parada de zumbis reuniu o re-corde de mais de 20 mil pessoas, que capricharam na maquiagem e nas roupagens assustadoras, sem nenhuma ocorrência. O ator Borba Sanches, 28 anos, apreciou o evento vestido como uma es-pécie de rei dos mortos. “Sou de uma empresa, onde trabalho com

maquiagens, ca-racterizações di-versas. Além de tudo, sou admi-radores de arte, do terror”, contou o ator, que traba-lha também no Playcenter, nas “Noites do Terror”, e no Hopi Hari, na “Hora do Horror”.

A galera que foi caracterizada pro-vavelmente deve estar curtindo a segunda tempo-rada de Walking Dead, série que nasceu nos qua-drinhos e que tem batido recordes de audiência no Brasil, através do canal Fox, e tam-bém nos Estados Unidos. Criada pelo americano Robert Kirkman, Walking Dead refl ete a “moda” zumbi que veio

QUEM É MORTO SEMPRE APARECEA quinta edição do Zombie Walk paulista atraiu público de 20 mil pessoas e se firmou como mo-vimento cultural paulistano. Os mortos-vivos nunca estiveram tanto entre nós!

Foi a primeira vez de Amauri, 18 anos, no Zombie Walk. Ele escolheu a fantasia de Coringa porque seu cabelo já era verde.

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O casal curtiu a passeata, simulando O casal curtiu a passeata, simulando cenas cinematográfi cas e posando para cenas cinematográfi cas e posando para os fotógrafos de plantão.os fotógrafos de plantão.

depois das sé-ries de vampiros.

E teve gente que foi fi el à pas-seata e não a perdeu por nada. Exemplo disso foi o bombeiro Carlos Eduardo, de 25 anos, que foi direto do trabalho para o Zombie Walk. “Es-tou virado, acorda-do, morrendo de sono, mas estou aqui. É que eu cur-to zumbi, games, leitura, vídeos, então pra mim é show estar aqui, colocar pra fora, fazer algo diferen-te”, contou Carlos.

A populariza-ção dos mortos-vivos não apenas trouxe o recorde de público ao Zombie Walk, mas também a presen-ça das grandes emissoras de tele-visão. “A passeata está crescendo, o

público está aumen-tando, então, está ga-nhando mais visibilida-de. As coisas de zumbi sempre foram mais un-derground e agora que está mais mainstream. As mídias estão dando mais atenção”, expli-ca a estudante Maria-na Joá, de 21 anos.

O que leva a pessoa a sair de casa, gastar dinheiro e tempo com roupas e maquiagens, é completamente pes-soal. Mas, a maioria deles curte fi lmes trash ou as novas tendên-cias do cinema zumbi, como o fi lme Zumbi-lândia, que foi um su-cesso comercial. O lon-ga arrecadou mais de US$ 102 mundialmen-te, se tornando a maior bilheteria do estilo.

Mas, o pioneiro des-sa história foi o cineas-ta George Romero, que presenteou os aprecia-dores do cinema fan-tástico com “A Noite dos Mortos Vivos” (Ni-

O padre veio ao Zombie Walk O padre veio ao Zombie Walk junto com o amigo de trabalho junto com o amigo de trabalho Borba, provando que a cada ano Borba, provando que a cada ano a passeata sea passeata se popopulariza mais pulariza mais

Fotos: Fabricio Rezende

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primeira tatuagem que fi z foi no, Luiz Felipe Fazio, o Toro, guitarrista do Red Light Gangs e foi a primeira tatuagem dele também. Nossa, foi tudo no improviso, um dia muito terrível pra mim! Eu não sabia direito como regular a máquina, eu que soldava as agul-has, não tinha maca em casa para apoio. Eu me lembro que coloquei o decalque do desenho na pele dele e não passei o fi xador. Na primeira traçada que dei e fui bor-rifar água para limpar o excesso de tinta, o desenho apagou e só fi cou o traço já . Eu entrei em desespero e o Toro que fi cava me acalmando. Não gosto nem de lembrar! Mas no fi nal tudo deu certo. (risos)

O que você mais gosta de desen-har?Pin-ups. Eu acabo tatuando mais as meninas, gosto muito de de-senhar e tatuar pin- ups e como as meninas adoram tatuar elas me procuram muito. Eu prefi ro fazer pin-ups no estilo realista. Gosto das Old School, mas me considero melhor no realismo.

E tatuar? Pra tatuar eu gosto das tradicio-nais Old School mesmo. An-coras, caravelas, andorinhas, pin-ups. Só Sailor Jerry!

Você também é colecionador, o que você gosta de colecio-nar e quando começou? Eu gosto de colecionar artefa-tos e roupas militares. Esses dias comprei uma réplica de um relógio utilizado pela força aérea alemã, a Luftwaffe. Mas tenho coturno, camisa, keps, calça, uniforme da marinha. Coleciono a mais ou menos cinco anos.

Qual foi o seu primeiro item da coleção? Um kep de aviador, modelo bibix.

Qual peça da sua coleção que você mais gosta? Eu tenho um rádio receptador, da década de 50 que comprei na Ale-manha que gosto muito. Mas fi ca um pouco difícil escolher, tudo tem seu valor. Gosto muito da ancora que tenho no estúdio também. Ela tem uma história bem eng-raçada. Um amigo meu que tra-balha com lanchas, me ofereceu ela como moeda de troca por uma tatuagem. Como ele é meu cama-rada, vive sem grana e eu gostei da âncora, topei a troca!

E qual foi o desenho que ele fez?Ah, uma caravela né!? Desenho do Sailor Jerry também. O que mais pretende comprar? O que for surgindo e com um preço bacana eu compro. Mas estou pre-tendendo comprar um Jeep da Se-gunda Guerra Mundial. Mas sobre isso eu falo depois. Por enquanto é “segredo”.

Acesse nosso canal do YouTube e assista alguns ensaios dos Space Comets!!!

Sonny e Ton White

Sonny em seu Sonny em seu estúdio de tatuagemestúdio de tatuagem

www.youtube.com/user/Alterna-tivaspTV

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E o que é o Hillbilly?O Hillbilly é o Rockabilly com uma levada mais lenta e country. Ele têm os mesmos artifícios do Rockabilly, mas é mais country. O que aqui poderia ser chamado de música “caipira”. A maioria das músicas são tocadas de forma acústica.

Como foi a escolha para os músi-cos do Space Comets?O Rafal Kassa, japa do rocka-billy que é mais conhecido como Osakabilly é meu primo e eu já havia escolhido ele como guitar-rista. Mas ainda faltava encontrar um vocalista e queria escolher al-

guém que tocasse violão. Então o Ton White caiu como uma luva! Ele já cantava no Cadilacs Rosa e me mandou um video fazendo um cover do Johnny Ramone com voz e violão, e foi isso que eu curti. O lance dele cantar e tocar violão, porque a maioria dos caras que queriam cantar comigo só canta-vam e eu procurava alguém que tocasse também.

É seu primeiro projeto paralelo?Não. Meu primeiro projeto paralelo ao Crazy Legs foi o Los Tornados, uma banda de Surf Music que também montei com o MacCoy. O segundo foi o Hillbilly Comb que

montei com o Rodrigo Haddad e o Thiago Farah, ambos da cena country. Mas sempre tive vontade de montar uma banda de Hillbilly exatamente como nas décadas de 50 e 60.

E os projetos para o Space Com-ets? O Space está começando e gan-hando público. Eu pretendo lançar um compacto mais para frente e fazer muitos shows!

Além de tocar, você está tatu-ando. Como foi do rock à tatu-agem?Eu sempre desenhei e gosto muito, faz três anos que comecei a tatuar. Meu primo, Willian Ferra-mosca, que já tem um estúdio de tatuagem há muito tempo e está entre um dos maiores tatuadores do Brasil, foi quem mais me incen-tivou. Como já gostava de desen-har fui atrás de artistas plásticos, referências, estudei desenho e fi z um curso com o Mauro Freire que é especialista em desenho à lápis de cor. Faz um ano que eu montei o estúdio, mas eu comecei a tatuar em casa e os primeiro que tatuei foram os meus amigos. Fui gan-hando fama no boca-a-boca, como todo tatuador. Depois de um certo tempo fi ca chato você tatuar em casa e você acaba perdendo credi-bilidade. Aos poucos fui montando o estúdio do jeito que eu queria, com referências Old School, deco-rando do jeito que eu queria, etc.

Quando começou a tatuar, você já tinha pensado em se especial-izar em algum estilo? Sim, eu sempre gostei do Old School. Por toda a infl uência do rockabilly e do rock em si na minha vida. As primeira tatuagem que fi z, foram Old School.

Qual foi a primeira tatuagem que você fez?Uma águia com uma âncora Old School, desenho do Sailor Jerry. A

Fotos: Fabricio Rezende

Space Comets: Sonny, Ron White e Osakabilly

Foto: Fabricio Resende

O contra baixo utilizado por Sonny

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ght of the Living Dead), lançado em 1968 – um dos maiores clássicos cult do horror de todos os tempos.

O fato é que os zumbis ganha-ram espaço na cultura urbana dos paulistanos. Quem passou a data e não foi no estilo, já pode ir se ins-pirando nas fotos deste ano e se preparar para participar em 2012.

Origem dos zumbisSegunda a lenda, zumbis são

seres que morreram, mas por ação de um sacerdote vodu re-gressaram à vida e se converte-ram em escravos dessas pessoas. Uma pessoa pode se tornar morta-viva por três motivos: contamina-ção por algum tipo de vírus; uma alma que, sem lugar no inferno, fi ca condenada a vagar pela ter-ra em um corpo putrefato; ou uma pessoa, morta ou viva, feita zumbi através de um feitiço vodu.

Filmes zumbisA lenda zumbi, assim como a

dos lobisomens e vampiros, se popularizou através do cinema. Veja abaixo alguns dos fi lmes mais conhecidos de mortos-vivos:

A Noite dos Mortos Vivos (Night of the Living Dead - 1968) – o ci-neasta George Andrew Romero foi o pioneiro dos longas-metragens zumbis. Há uma reanimação mis-

teriosa de indivíduos recentemen-te mortos, seis pessoas lutam para sobreviverem à noite, enquanto es-tão presos em uma casa de fazen-da na região rural da Pensilvânia.

Volta dos Mortos Vivos (The Re-turn of the Living Dead – 1985) – é um fi lme trash dos anos 80 que conta a história de um produto quí-mico do Exército norte-americano a “245Trioxina”, que acidental-mente vaza de um dos tanques, se espalhando pelo solo de um cemitério, e revivendo os mortos.

Fome Animal (Braindead - 1992) – a mãe de um rapaz é mordida por um macaco-rato de Sumatra, fi ca doente e morre, mas retorna como um zumbi matando e comendo animais e pessoas. É considerado por muitos o melhor do gênero terror trash. No total, foram usados mil litros de san-gue de porco para fazer o fi lme.

Resident Evil: O Hóspede Mal-dito (Resident Evil – 2002) – fi c-ção científi ca, dirigida por Paul W. S. Anderson, baseada no jogo de vídeo game homônimo. A corporação chamada Umbrella Corp conduz experiências gené-ticas ilegais em seu laboratório no subterrâneo de Raccoon City.

Eu sou a Lenda (I Am Legend – 2007) – dirigida por Francis Lawren-ce, a história é sobre um terrível ví-rus incurável, criado pelo homem, que dizimou a população de Nova York. Robert Neville (Will Smith) é um cientista brilhante que, sem sa-ber como, tornou-se imune ao vírus e está à procura de sobreviventes.

Zumbilândia (Zombieland – 2009) – Dirigido por Ruben Fleis-cher, o fi lme é uma comédia de ação que gira em torno de dois homens que lutam para sobreviver num mundo dominado por zumbis.

Quem não foi caracterizado também aproveitou o movimento: um prato cheio para os famintos zumbis

O Zombie Walk foi o O Zombie Walk foi o palco para as garotas palco para as garotas que abusaram do visual que abusaram do visual dama-zumbidama-zumbi

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ESPAÇO CONCRETOESPAÇO CONCRETO ARTE URBANA

“Aqui estão os loucos, os desajustados, os rebeldes, os criadores de caso, os pinos redondos nos buracos quadra-dos. Aquele que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras e não respeitam o status quo. Enquanto alguns os veem como loucos, nós os vemos como seres geniais, porque as pessoas que são loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo são as que o mudam” – Jack Kerouac, escritor e formulador da geração beat.

Por: Fabricio Rezende

MEGALÓPOLE

Tentando mudar um pouco a rotina do que existe em ma-téria de arte, os amantes desta forma

de expressão devem conhecer a Galeria Concreto, situada na Vila Madalena, que oferece para seus frequentadores vários tipos atra-ções, que variam desde exposição de escultura até baladas com um jazz tocando.

Criado pelo jornalista Alexandre Duarte e sua esposa Caru Albu-querque, em novembro de 2010, A Concreto tem como principal foco privilegiar a contracultura e a arte

urbana em seu espaço, com ex-posições sobre a sociedade, que muitas vezes inspiram a mente. Alexandre explica que a vontade da esposa e a dele próprio era de abrir um bar na badalada Vila Ma-dalena, mas o intuito era diferente: juntar a arte com informação e en-tretenimento em um único lugar. “Escolhemos este local, por ser muito movimentado. Hoje, a Con-creto é referência tanto como ga-leria de arte urbana, quanto como uma boa balada alternativa.”

De acordo com a gerente da casa Zel Campos, a novidade é o que faz as pessoas se interessa-

rem em conhecer o espaço. “Tem gente que já conhece a Concreto e sabe o que temos aqui. Quem não conhece, passa na rua e vê que temos um bar também, acaba se interessando e entra para conhe-cer e acabam gostando.” Com um público cada vez mais fi el, a maior divulgação é feita exatamente por essas pessoas que foram os curio-sos do passado .

Mas nem tudo lá dentro remete a coisas novas, por exemplo, a es-trutura da locação, que foi constru-ída em 1929, passou por reformas ao longo dos anos por causa do desgaste do tempo, mas não per-

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Usando um contra baixo, como uma das suas principais ferramentas de tra-

balho, Sérgio Paulo, 39 anos e natural de Ilheus, Bahia, faz parte de uma das maiores bandas na-cionais de rockabilly, estilo que resgata a cena dos anos 1960, o Crazy Legs, que em cima dos não apresentam somente músicas, mas também todo o comporta-mento que envolvia aquela época.

Além de ser baixista, o baiano ainda tem várias facetas, como o Sérgio tatuador, o Sérgio desenhis-ta e o Sérgio colecionador de artef-atos militares, e o mais importante que ainda não foi dito: O seu nome de “guerra”, Sonny Rocker.Nessa entrevista, ele falou dum pouco de sua trajetória e o seu gosto por coi-sas tão diversifi cadas. Confi ra!

Com quantos anos você começou a tocar?Toco contra baixo desde os 14 anos, mas nem sempre toquei rockabilly. Tinha uma banda de

punk-rock e depois comecei a me interessar pelo estilo.

E como foi sua introdução no Rockabilly?Em 1992, eu e o MacCoy, baterista do Crazy Legs, montamos o The Outsiders , porém, desde 88 eu já andava na cena.

E sua história dentro do Crazy Legs, como aconteceu?Eu fui um dos fundadores, junto com o Fabio Marconi, o MacCoy. Somos amigos desde 1992. As-sim que o The Outsiders acabou, em 1995, eu e o MacCoy não queríamos parar de tocar, então decidimos montar o Crazy Legs e chamar o Henry Paul, atual vo-calista do Henry Paul Trio para cantar conosco. Quando montamos o Crazy Legs a cena “Rocker” de São Paulo es-tava em baixa. O boom de 1990 já havia passado, e mesmo assim montamos a banda. Só queríamos

tocar, independente de qualquer coisa.

A formação permanece a mes-ma?Não. O Henry Paul fi cou conosco de 95 a 2000, depois entrou o Joe Marshal, que saiu em 2004, quan-do lançamos o nosso 4° disco, Rockabilly Riot, para montar o Bad Luck Gamblers. Então decidimos convidar o Caio Durazzo, que está conosco até hoje como vocalista.

Você está com um novo projeto paralelo ao Crazy Legs, que é uma banda de Hillbilly chamada Space Comets. Conte um pouco sobre esse projeto...Pois é, o projeto do Space Com-ets estava no papel há quase três anos, mas eu estava atrás dos músicos certos para montar a banda, então esperei. Faz quatro meses que estamos tocando e en-saiando.

Sonny tatuando o vocalista e gug itarrista Ton Wthi

Fotos: Fabricio Rezende

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SONIDO As facetas de

Sonny Rocker

Músico e com habilidade em desenhos corporais, o baixista fala um pouco sobre seu amor pelos anos 1960.

Por: Mariana Costa

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deu sua essência marcante forma-da pela época. Além disso, o espa-ço externo da Galeria ainda conta com uma jabuticabeira, que está lá desde a construção da casa, e chama a atenção por ser cons-tantemente enfeitada. “Na época da fl orada fi ca linda e exuberante,

dá um toque todo especial ao am-biente”, falou Zel.

Com uma arquitetura moder-na que se mistura com a carac-terística antiga, a Galeria reuniu alguns artistas para ajudar nesse processo de diferenciação, caso do professor de artes visuais da UniCastelo, Celso Gitahi, que foi convidado para ser o responsável pela fachada da frente do espaço. Não satisfeito com o convite para participar do projeto, Celso ainda contou com a ajuda de alguns de seus alunos.

Para o dono Alexandre, o am-biente oferecido foi bem projeta-

do para atender o gosto daque-les que apreciam a arte urbana. “Para tornar um aspecto bem mais urbano colocamos os tijolos aparentes e as portas e janelas sem batentes. É uma ideia de invasão da arte no ambiente, foi proposital”, diz.

Baladas e exposiçõesE para quem quer curtir uma

balada lá também pode, já que a Concreto também fornece aos amigos e clientes festas temáti-cas como a Freedom In Sound, na qual rola muito jazz, ou na Folki-na, e adivinha...toca música folk! Para o jornalista, dono e também DJ da casa, Alê Duarte conta que a segunda festa citada tem um di-ferencial entre as. “Essa festa co-meça na parte da tarde e em um ambiente aberto, talvez ela seja a única balada de jazz que rola de dia a céu aberto.” O DJ ainda con-ta orgulhoso sobre o fato do espa-

ço já ter sido “alugado para sets de televisão”.

Sobre as exposições e as gale-rias dentro da Galeria, Zel Campos afi rma que o espaço está aberto a toda forma de expressão artística e de qualquer pessoa além daque-las permanentes na grade. “Todo

mês tem algum artista diferente para expor suas obras. Quando há disponibilidade há também con-vidados externos, como Eduardo Ver, do Ateliê Piratininga, que é es-pecialista em xilogravura”, explica.

Uma personalidade permanen-te no lugar é o artista Jonny Lazz, que constantemente apresenta ao público suas obras, a última foi “Onde Guardamos a Memória: No Coração ou no Cérebro?”, que ocorreu no último mês de outubro. Outra pessoa que é fi gurinha ca-rimbada é o artista plástico Feik, que se especializou em produzir

A jabuticabeira de 90 anos chama a atenção dos clientes por estar sempre enfeitada.

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insetos e bichos em tela e escul-turas, e em novembro fez a mostra “Infecção Parasitária”.

CursosMas além de tudo o que já foi

citado, a Concreto ainda tem mais a oferecer para aqueles que an-seiam cada vez mais por cultura e arte, ela dá a oportunidade para essas pessoas cursos para suprir essa necessidade de aprender ain-da mais sobre os temas. E quem ministra as aulas não é nada mais do que Alê Ferro, o principal res-ponsável pela última reforma feita no espaço.

Christian Petermamm é um dos nomes também que aparece como colaborador. Ele é conhecido por ser referência no meio artístico por suas críticas de cinema, mas dentro da Galeria ele é conhecido por desenvolver vários cursos lá, como “Sexo Explícito no Cinema Autoral” e “Crítica de Cinema com Filmes Alternativos”.

Mas não pense você que as aulas for-necidas são voltadas apenas para adultos, em diversas circuns-tâncias as crianças são incluídas na grade “escolar”. Em outubro, por exemplo, foi reali-zado para elas o curso “Cultura Urbana para Crianças”, que visa mostrar o que é arte, trazendo a introdução da Cultura Urbana na Arte

Serviço:Galeria ConcretoRua Fradique Couti-nho, 1209, Vila Mada-lena, Telefone:(11)2615-8555www.concretoart.com.br/novo/

Fachada da entrada da Galeria Concreto, feita por Alê Ferro

Exposição de quadros na galeria da Galeria

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que os eventos esportivos não se concentram na região central da cidade, o que justifi ca a decisão do metrô não funcionar de madruga-da. Será que é porque o pes-soal não bebe tanto? Bom, deixemos novamente a cacha-ça pra lá. Outro ponto que nos intrigou: a falta da música na Virada Esportiva para Alaf. Será que se colocassem gru-pos musicais nesse evento ex-plodiria de público? Seria algo como Virada Esporte Cultural, com sete, oito milhões de pessoas? Imagine você pati-nando no gelo no meio de um bate-cabeça. Não custa nada imaginar. “Trazer uma banda ao vivo, ia ser muito louco. Querendo ou não, o esporte e a música estão super liga-dos. Com certeza ia dar mais ânimo, a música junto é mais uma força para o esporte, a música é que inspira o nosso role”, imagina Alaf. Não sabemos se a prefeitura conseguiria estru-turar um evento desse tipo. O or-

çamen-to seria alto e a ma-n u t e n -ção tra-balhosa.

M a s o que não po-d e m o s esquec-er é que m u i t o s não se e m p o l -

gam com a ideia das multidões nas viradas. Normalmente é por não gostar da própria “muvuca” que se instala em muitos pontos

(o que vamos combinar, tem horas que é um saco mesmo). Nessa lin-ha, a paulistana Renata Faria pref-

ere ser mais criteriosa, “Acho que as viradas sujam muito a cidade. Mesmo que a prefeitura tenha tomado às devidas precauções, a

maioria das pessoas não tem consciência. É claro que os lixeiros limparam tudo depois, mas o ambiente no tempo real do evento fi ca imundo. Acaba não valendo a pena”, disse.

De qualquer maneira, se você que nunca esteve pre-sente em uma das viradas por não querer fi car no meio da gal-era ou por qualquer outro mo-tivo, espero que tenhamos aju-dado com nossas informações. E para você que já foi pelo me-nos uma vez, mas, não quis vol-tar pelo mesmo motivo, espe-ramos que a curiosidade bata pelo menos para buscar out-ras atrações em que a grande maioria não esteja. Afi nal, nem são todas as atrações, perfor-mances, exposições ou ativi-

dades que reúnem as quatro mil-hões de pessoas que vão ao evento.

Galerias fi caram repletas de pessoas que buscavam um lugar para descansar.

na 2011

O Parque da Independência recebeu o tradicional evento Skate no Museu.

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Marcelinho campeão do Jump Distance.

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Com muita gente já entorpecida pelo álcool, alguns acabam dor-mindo pelas ruas e calçadas, out-ros arranjam casuais discussões pelo percurso, mas também muita gente arranja uma amizade. O jornalista Bruno Favoretto, que participou da Virada Cultural do ano passado, conta sua experiên-cia. “Na época fui só para curtir o palco do samba, porque nunca tive esse negócio de “apreciar” o evento como oportunidade única e incontestável de muita cultura e boa música. Fui com dois amigos, chapamos de vinho vagabundo, curtimos o samba e depois saímos para azarar umas meninas, tipo

micareta. Fiquei sabendo que esse ano foi restrita a compra de birita”.

Esse é um ponto interessante, muita gente que está nas 24 horas culturais é para farrear. O motivo é o mesmo de um carnaval: gente e barulho. Também, não é pra menos, para muitos essa é uma das poucas ocasiões que se tem a oportunidade para aproveitar de formas diferentes. Quer a “mi-careta”? Está lá. Essa é a mesma motivação que faz com que muitos frequentadores das viradas ainda pensem que falta estímulo para Virada Esportiva, sem se darem conta que o público desta segun-da virada cresce a cada ano. É o

caso do paulistano Alaf do Carmo, que sente a falta de alguma coisa no evento esportivo. “Acho que deveria vender bebida alcoólica, não vi ninguém vendendo. Tam-bém faltou um bom rock´n´roll, a galera prefere sair de casa pra caminhar e escutar música do que sair pra praticar esporte. A mesma divulgação que é feita para a Vira-da Cultural é para a Esportiva, só que aqui em São Paulo as pessoas só trabalham e dorme, ninguém tem tempo pra praticar esporte”

Mas deixemos de lado a cacha-ça, até porque o transporte público no evento cultural é 24 horas, e se você quiser curtir dessa maneira não precisa se preocupar para pegar o carro. Aliás, isso nos intrigou. Já percebeu que o metrô na madrugada da Virada Esporti-va fi ca dorm-indo? Apesar de 50 pontos da cidade ter-em atividades neste período, a prefeitura diz

Virada Cultural: Virada Cultural: teve competição de teve competição de luta livre.luta livre.

Fotos: Divulgação

Beatles 4ever abriu show com ‘I saw her standing there’.

Gerson King Combo & Supergroove com Hyldon nVirada Cultural São Paulo 2

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Tentando mudar um pouco a rotina do que existe em ma-téria de arte, os amantes desta forma

de expressão devem conhecer a Galeria Concreto, situada na Vila Madalena, que oferece para seus frequentadores vários tipos atra-ções, que variam desde exposição de escultura até baladas com um jazz tocando.

Criado pelo jornalista Alexandre

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GALERIA DO ROCK ONTEM, GALERIA DO ROCK ONTEM, HOJE E SEMPREHOJE E SEMPRE

Inaugurada há cinquenta anos, a galeria é o palco para os jovens e suas tendências, que fazem do shopping um local diferente e muito divertido

Por: Thiago Pelossi

O Shopping Center Grandes Galerias, popularmente conhecido como Galeria do Rock, é localizado en-

tre a Rua 24 de Maio e a Avenida São João. Inaugurado na década de 60, o espaço sempre foi uma alternativa para os jovens que bus-cam diversão e compras. Nestes 50 anos de existência, o espaço foi ganhando cada vez mais noto-riedade e se tornando referência para os adolescentes, que mudam seus estilos conforme a tendência de cada época, e fazem com que a galeria se molde conforme seu público. O shopping é considerado referência no que diz respeito à moda jovem, e no lançamento de novidades para as pessoas que curtem serem diferentes das out-ras e viverem num mundo alterna-tivo.

O complexo lojístico possui, cer-ca de 420 lojas, e é considerado o solo sagrado para os jovens. Es-palhadas entre os seus cinco an-dares, neste gigante prédio você pode estampar o nome da sua banda de música favorita, nas lojas de serigrafi a, localizadas no quinto andar, ou ter estampado uma bela

tatoo em suas costas. Além disso, é possível ver os diferentes mo-vimentos que frequentam o local, por exemplo, um rapper com seus colares de ouro e as camisetas lar-gas, ou um roqueiro com seu ca-belo moicano e as suas caveiras e também, os emos, usando suas calças apertadas e sua delicada franjinha sobre os olhos. O público da galeria sempre foi diversifi cado, mas nem sempre foi único, ele foi se modifi cando infl uenciado pelas tendências da época. Para a vend-edora Simone Faber, que trabalha há 12 anos na loja G. do Rock, os frequentadores da galeria sempre foram distintos, pois as tendências musicais e de moda sempre mu-dam e as pessoas seguem essas novas culturas. “Nos anos 80 o público era formado pelos sungóti-cos e pelos punks rocks, depois vi-eram os clubbers e recentemente os emos. Isso acontece devido ao surgimento de novos estilos music-ais, que conquistam as pessoas e elas seguem o que os seus ídolos fazem ou vestem”.

A vendedora ainda afi rma que os frequentadores não são so-mente os jovens, já que houve um

grande crescimento do público mais velho, ou seja, pais que vão com os seus fi lhos. “Não são só adolescentes que vem aqui. Hoje em dia você pode encontrar pais que vêm com os seus fi lhos con-hecer a galeria, ou para mostrar aos fi lhos o lugar que eles frequen-tavam quando eram mais novos”. Para a lojista, isso representa uma mudança signifi cativa dos consum-idores e o fator principal para essa mudança é uma maior exposição da galeria na mídia, o que atraiu mais pessoas para o local.

Já para o dono da maior e mais famosa loja da galeria, Baratos e Afi ns, Luiz Calanca, que está na galeria há 32 anos, a mudança é um fato natural, pois os gostos mudam e os estilos musicais tam-bém. “Há cada quatro ou cinco anos tem uma mudança e isso é natural, pois a música sempre vai apresentar algo novo, as pessoas seguem essas tendências. Por ex-emplo, quando eu comecei aqui a moda era o hardcore, depois veio o movimento disco, e assim foram aparecendo outras novidades. O público foi alternando entre esses movimentos”.

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sante é a sua democratização de estilo. Este ano, por exemplo, al-guém que esteve no Palco Repúbli-ca viu artistas do hip-hop e samba, já quem fi cou no Palco Júlio Pre-stes curtia rock, enquanto quem queria um som de ska ou dub manteve-se no Palco São João. Houve dezenas de palcos ocu-pados por outras atra-ções, eram violinistas, instrumentistas de jazz ao candomblé, apre-sentações de stand up, ringue de luta livre, cosplay, orquestras, circo, dança, teatro, cinema, intervenções urbanas e até um dia inteiro com shows de banda cover dos Beatles.

Em sua primeira edição, em 2005, poderia soar até estranho tantos espetáculos gratuitos es-palhados pelas ruas e praças, afi nal, o normal seria arcar com os custos ao se entrar numa área para acompanhar as apresenta-ções. Mas o sucesso do incen-tivo cultural foi tão grande que

de semana, e que quando ocorre a Virada comparece por ter um acumulo de gente e eventos. “É divertido estar em outros lugares, é legal também ver as outras coisas. Aqui no Vale do Anhang-

abaú já estou conhecendo quase tudo e é muito maneiro”, falou.

Na última edição uma nova atividade chamou a atenção de muita gente: o bossabol. Imag-ine um esporte que mistura fute-bol, vôlei, ginástica, capoeira e disputado sobre um colchão inf-lável com duas camas elásticas. Existem centenas de atividades, uma mais diferente que a outra. E até se você não gostar de praticar

esportes, a prefeitura disponibi-liza locais com jogos boêmios.

Seus públicos Para o web designer César Vi-

torino, um ponto interessante de Virada Cultural é a Dimen-são Nerd, área dedicada aos amantes de videogame, RPG e animes. “Foi cativante perceber como músicas de videogame reúnem pes-soas tão diferentes. Entre o público havia uma senhora da terceira idade que era de-senvolvedora de jogos para celulares. Havia também muitas crianças e jovens

curtindo o som pesado e empolga-do do Megadriver”, lembrou Cesar.

Como o Cesar já deu a letra, as viradas têm pessoas de todas as idades. Mas será que os seus públicos não se diferenciam? Para quem já foi nas duas, sabe de um pequeno combustível que se destaca em uma delas: a bebida alcoólica. No evento cultural é perceptível a presença dos vend-edores de bebidas pelas ruas.

As Viradas Cultural e Es-portiva levaram cerca de oito milhões de pessoas

para assistir ou participar das atrações oferecidas

este ano.

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dois anos mais tarde o projeto foi levado para a parte esportiva.

Mil e uma atividades na Virada Esportiva

Em um dos fi nais de semana do mês de setembro ou outubro, muita gente vai usufruir os equi-pamentos, instalações das 2.500 atividades da Virada Esportiva espalhadas por toda a cidade. Só neste ano, o evento que aconte-ceu pela a quinta edição e con-tou com três milhões e meio de pessoas, mas esse número só tende a crescer como o núme-ro de modalidades esportivas.

Difi cilmente, num mesmo fi -nal de semana ou até mesmo em qualquer outra data, a população teria a oportunidade de patinar no gelo, escalar paredões, assistir apresentações de esportes radic-ais (e até praticá-las), acompanhar lutas de MMA e descer pistas de snowboard, sendo tudo isso gratu-ito. O skatista Arthur Azevedo, mo-rador do bairro Butantã, diz que sempre procura pistas para prati-car seu esporte favorito aos fi nais

Todos os anos ocor-rem diversos even-tos gratuitos para os moradores de São Paulo e este ano não

foi diferente. Entre shows musicais como o da americana Norah Jones, exposições e espetáculos, existem duas cenas que se destacam com grande variedade de atrações e pelo ritmo que exige do público: a Virada Cultural e a Virada Es-portiva. Mas por que falar delas em dezembro sendo que as duas já passaram? Você já deve saber que rola de tudo nessas viradas e que são para todos os gostos. Ain-da mais, deve estar pensando: “Se eu quiser ver sobre virada eu ligo minha TV no ano que vem”. Mas, calma! Não se apresse! Nossa in-tenção não é passar uma simples programação do que acontece nessas viradas. Você já parou pra pensar no verdadeiro tamanho que elas estão adquirindo? Pra você não cair em papo furado, troux-emos para estas páginas uma noção do que são estes eventos de verdade. Passaremos um fi ltro

para você saber qual é a sua área, e mostrar o que os frequentadores têm a dizer, coisas geralmente não apresentadas pela maioria das mí-dias, e que passam despercebidas.

Realizadas pela prefeitura de São Paulo, as viradas levam mil-hões de pessoas a se concentra-rem em pontos da cidade para curtir as diversas atrações. Com a possibilidade de conhecer pro-gramas, pessoas e lugares novos. Mas o grande diferencial, desses quatro dias para o resto do ano, é que você pode se programar para onde ir. Pular de lugar para lugar, sem a preocupação de pa-gar a entrada. É estar num parque de diversões, ter o mapa e pro-curar pelo brinquedo desejado.

A casa de showsVirada Cultural

Vamos começar com a Virada Cultural, que já acontece há sete anos entre os meses de abril e maio. Neste ano, cerca de quatro milhões de pessoas foram nas mais de três mil atrações ofereci-das. O que a torna mais interes-

Público anda pelas ruas Público anda pelas ruas do Centro durante a do Centro durante a Virada Cultural.Virada Cultural.

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Galeria do Rock, cada andar tem um estilo de piso diferente, assim como o seu público.

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Esta grande variedade de gos-tos e tendências é a marca da Gal-eria do Rock. Porém, por atrair tri-bos diferentes e ter sido intitulada como um espaço para roqueiros, como o nome sugere o shopping já foi palco de confl itos entre os seus usuários, por divergirem e ques-tionarem o modo de ser dos out-ros frequentadores, entretanto o espaço cresceu fazendo com que a segurança e a fi scalização mel-horassem, tornando a galeria um espaço organizado e harmônico. O rapper e dono da loja King`s, Alexandre Oliveira, mais conhe-cido como Xandão, que trabalha há 16 anos na galeria, afi rma que não existem problemas entre os frequentadores, pois o local tem uma boa organização e uma ótima fi scalização, o que dá suporte para as pessoas frequentarem o local, e o nome não interfere nas tribos que vão à galeria. “O nome galeria do rock é somente um apelido, o

nome daqui é Shopping Center Grandes Galerias, aqui no sub-solo é chamado de “Bronx”, pois é onde as pessoas que curtem rap vêm comprar. Mas o signifi cado de Rock é balanço e tem o mesmo sentido para a black music, por isso não temos problemas”. Xan-dão complementa dizendo que a galera se mistura para comprar as coisas que gostam. “Por exem-plo, o espaço dos roqueiros é do primeiro andar pra cima, porém eles vêm aqui no subsolo para comprar as coisas que eles não acham em outras lojas da galeria e é uma convivência pacífi ca”.

O que pensam os frequentadores

Com certeza seus pais já foram à galeria e se divertiram muito. Mas o que atrai as pessoas a fre-quentaram o local? O que tem de tão especial no shopping? Qual é o sentimento das pessoas ao en-

trarem nas lojas para comprarem? Será que a galeria tem algo mágico que hipnotiza as pessoas fazendo-as ir ao santuário do mundo alter-nativo?

Para a tatuadora e frequenta-dora Silvana Vinna, de 38 anos e que vai à galeria há 12, o principal atrativo da galeria é a variedade de produtos e o conforto que o lugar proporciona às pessoas. “O que mais chama a atenção, é o taman-ho do shopping e a grande quan-tidade de produtos que existem aqui, por exemplo, tem camisetas de bandas de rock, adornos de caveiras, tênis e acessórios para skate, e também pelo seu taman-ho o local proporciona conforto e diversão para as pessoas”.

O também frequentador e DJ Cícero Dias, 29 anos, e que vai a galeria há 15, afi rma que durante esse tempo houve uma mudança signifi cativa nas pessoas que vão ao local. “Quando comecei a fre-

Foto: Fabricio Rezende

O rapper e dono da loja King’s, Xandão(meio), seu sobrinho Vinicius (direita) e o amigo Lucas (esquerda).

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Virada Cultural

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Por: Alice Risso e Felipe Lopes

Virada Esportiva

Os atrativos são milhares para as milhões de pessoas que vão as ruas paulistanas para curtirem as viradas. Mas você conhece real-mente a programação oferecida pelos eventos? E se você for uma pessoa que julga certas coisas por referências de outras pessoas, você com certeza deve ler isso.

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quentar a galeria, os clubbers eram a maioria, e depois vieram os emos. Isso foi muito impactante e notável, por que os clubers eram coloridos e de repente apareceu uma galera que só andava de pre-to e viviam chorando”. Para ele, essa mudança é natural e sempre vai acontecer, pois é uma evolução cultural. O que a galeria precisa é se adaptar para atender a todos que frequentam o shopping, assim ela não perde sua clientela e seg-ue sendo uma referência cultural e comercial para os jovens.

Cícero ainda afi rma que além de se divertir quando vai à galeria, também já conseguiu encontrar alguns dos seus ídolos. “Aqui é um espaço muito divertido, sem-pre que venho aqui me divirto pra caramba. E também uma vez, eu estava no primeiro andar, e repa-rei que tinha um monte de gente gritando, eu fui lá ver o que era e me espantei: era o Dinho Ouro Preto, o vocalista do Capital Inicial. Eu sou fã alucinado dos caras e fi quei lá no meio da multidão, até conseguir o meu autógrafo e uma foto com ele”.

A estagiária de administração e cliente, Mariana Lemos, de 16 anos, frequenta o shopping há dois anos e ressalta a importân-cia de um lugar alternativo como a galeria para as pessoas poderem extravasar o stress de uma sema-na de trabalho. “Acho importante ter um local como esse: grande e impar, pois as pessoas que tra-balham como eu, e gostam de uma boa música ou curtem um estilo diferente podem vir aqui para alivi-arem o estresse de uma semana longa de trabalho”.

A Galeria do Rock vai continuar sendo o maior templo do mundo alternativo para os paulistas, mas caberá aos vendedores manter esta diversidade com seus produ-tos que atraem pessoas das mais diversas crenças, atitudes e for-mas de se expressar.

Entrada do Shopping Grandes Galerias da Avenida São João

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18Por:Felipe Lopes

LABUTA

Cada um de nós enxerga o mundo de uma maneira. Se os nossos olhos fos-sem uma câmera e, com

um cabo USB, pudéssemos ligá-los ao computador, com certeza tería-mos fi lmes bem diferentes uns dos outros. É deste olhar singular que surgem as grandes produções cinematográfi cas. Se você quer começar nessa área então um dos caminhos é do curta-metragem. Mas quem deseja fazer alguma coisa, que não pareça as grava-ções da festa de quinze anos da sua amiga, deve focar no que se pretende com a sua futura obra. É colocar na internet? Mandar para um festival? Começar a trabalhar no ramo?

Fazer um fi lme envolve mais do que ideias, é necessário suar bastante. Para alguns o cinema é profi ssão, para muitos outros é hobby. Não importa se é um tra-balho amador ou profi ssional, são

circunstancias diferentes, mas fi l-has de uma mesma essência: a arte. O professor de artes plásti-cas Andre Monteiro, 37 anos, pós-graduado em arte, educação, cin-ema, vídeo e fotografi a, já produziu oito curtas-metragens. Mas apesar do grande número de produções, ele considera seus trabalhos ama-dores. “Eu não ganho dinheiro com eles. Uma pessoa que é formada em medicina ou direito, e nunca trabalhou na área, não pode ser considerado um médico ou ad-vogado. Eu ganho dinheiro com as aulas que dou”, diz Monteiro. Ok, o seu tutu não vem dos fi lmes, mas Monteiro é um rapaz com contatos na área e sabe como aproveitar-se disso. “Eu considero amador porque são amigos que trabalham com a gente, nós não pagamos cachê. Nós gastamos com fi gurino, uso do estúdio, transporte, maqui-agem, elemento cênico e alimenta-ção”, completa o professor.

As inspirações para o curta po-dem vir de diversas formas. A penúl-tima obra de Monteiro, Escotoma-elogio da escuridão, foi baseado no conto russo "A voz e o olho" de Alek-sandr Grinevsky. Ele leu a história, gostou, adaptou o roteiro, chamou o pessoal, e depois de cinco me-ses o fi lme estava pronto. Deste tempo, apenas dois dias foram de gravação, sendo a parte mais ma-çante a edição. Assim ele defi niu: “Tentamos ser o mais detalhista e perfeccionista possível, na edição você pode pegar uma fi lmagem lixo e deixar uma obra prima, como também uma fi lmagem maravilho-sa e deixar um lixo. O pessoal fala que cinema é o trabalho do diretor, mas é do editor também. A grande maioria dos curtas metragens são assim, você é tudo.” Pegando em-prestado dos amigos a torre de luz, microfones e câmeras, o trabalho fechou em mil reais. Um valor que pode passar de défi cit para crédi-

CURTINDO UM CURTACURTINDO UM CURTA

Quem deseja fazer um filme de curta-metragem deve saber onde está pisando. A partir do momento que você conhece esse mundo, os caminhos são vastos

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co, para aguentar as pancadas que vão levar do adversário ao decor-rer de uma partida. O campo é de aproximadamente 144 metros de comprimento por 70 de largura. Já a forma de pontuação se baseia no Try, que é quando a bola é tocada ao chão do lado opositor por uma das mãos do cara que conseguiu desvencilhar toda a outra equipe. O Drop Goal é um lance em que um dos integrantes da equipe chu-ta a bola em direção as traves ad-versárias, e o pênalti tem a mesma fi nalidade pelo já tão conhecido futebol. E os pontos gerados por cada jogada é de 5,3 e 3 ponto, respectivamente. Mas para por ai? Não caro leitor, existe ainda muita coisa para se aprender sobre esse esporte, mas nada que o Wikipédia não resolva caso você se sinta inte-ressado em saber um pouco mais.

Mas o caso é o seguinte, no Bra-sil, esse esporte ainda é um hobby de poucos, até porque não é mui-to bem divulgado ou apresentado para o público. Felizmente, com o tempo ele está ganhando cada vez mais espaço, por exemplo, no mês de novembro foi transmitido pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Rugby, pelo SporTV. Isso trouxe um grande avanço no reconhecimento do jogo, por-que para quem não se lembra, a marca Topper fez uma sequência de propagandas televisivas brin-

Bandeirantes encara Pasteur em partida acirrada no campeonato Super 8

cando com a “super popularida-de” do esporte no país, em 2009.

Para os paulistas o avanço do rugby ainda é maior, no mesmo mês da transmissão, foi inaugu-rado o primeiro campo público da modalidade em São Paulo, locali-zado no Tatuapé. Além de ser um marco divisor para a expansão do conhecimento do esporte pela ga-lera, o espaço oferecido para a po-pulação ainda dá aulas gratuitas para quem quiser. Tudo bem, nem

todos os nossos leitores moram no Tatuapé ou tem fácil acesso para o bairro, então fi ca um pouco difícil se mobilizar de certos pon-tos da cidade para ir para a zona leste para praticar o esporte, mas para quem tem o interesse de assistir a um jogo ou até mesmo participar de uma equipe existem muitos lugares em que a galera se reúne para uma partida, exemplo é o Parque Ibirapuera, que recebe todos os fi nais de semana um pes-soal para treinar. Várias institui-ções de ensino têm suas próprias equipes, caso das faculdades Ma-ckenzie e FAAP. A USP também está na “brincadeira” com a Poli e FEA. Com o CEPEUSP, a situação é diferente, eles não dependem de alunos internos da universidade no site ofi cial eles se dizem aber-tos para novas pessoas que estão afi m de se envolver mais com o esporte. Para se informar melhor sobre a entrada em uma equipe é legal ligar nos telefones ofere-cidos pela Federação Paulista de Rugby, http://www.fprugby.org.br/.

Time feminino de um dos cursos da USP

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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Rugby no BrasilConheça um pouco mais sobre o esporte que aos poucos ganha cada vez mais notoriedade entre os brasileiros

Por:Alice Risso

ESPORTE

O rugby é um esporte coletivo originário da Inglaterra de intenso contato físico. Essa é a informação ini-

cial que a enciclopédia online Wiki-

pédia passa aos curiosos que de-sejam saber um pouco mais sobre esse tal de rugby. Mas você, que em algum momento da sua vida já ouviu falar desse esporte, pode dizer o que é esse “intenso conta-

to físico”? Ou até mesmo o que se baseia esse jogo inglês? Para nós meros brasileiros não praticantes dessa categoria esportiva fi ca um pouco difícil simplifi car o que é ru-gby e os signifi cados dos termos como Try ou Drop Goal. Mas bre-vemente, apenas brevemente, po-de-se dizer que é um jogo, no qual duas equipes, cada uma delas contendo 15 integrantes, disputam para obter a maior pontuação com “intenso contato físico”, é claro.

Até o momento, sabe-se que existem 30 jogadores em campo, a existência de alguns dos jargões utilizados para quem é do ramo e... só. Mas é claro que é bem mais que isso, assim como o fute-bol que não é apenas “22 homens correndo atrás de uma bola” como é para a maioria das mulheres. O rugby utiliza uma bola, mas de for-mato oval, pode ser jogado tanto com os pés quantos com as mãos. Para os desportistas é essencial condicionamento físico resistente, bom preparo corporal e psicológi-

Time da Faap jogando contra Mauá

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Aliquam erat volutpat. Maecenas porttitor, erat eu gravida.

to, já que o seu curta está concor-rendo a um prêmio de 15 mil reais depois de ganhar duas etapas do festival Mapa Cultural Paulista, um evento que começa com concursos nos municípios, segue nas regiões metropolitanas do país, e por fi m representa sua região na America Latina.

Carreira

Uma aposta interessante para quem deseja se aprofundar no mundo do cinema, e não tem certe-za se vale a pena investir anos num curso superior, são os cursos téc-nicos. Monteiro dá a dica:”Temos a escola de cinema e animação Melies , Escola São Paulo de Cin-emas, Academia Internacional de Cinema. Estão com mensalidades entre R$ 300,00 a 1200,00 e com duração de um ano.”

Correndo atrás de conhecimen-to e de uma ambição profi ssional no ramo, o jovem André Madrini, 24, formado em audiovisual, é ainda mais enfático: “Se a pessoa não tem curso eu não sei te dizer se ela vai conseguir, como diretor você precisa ter uma base na ilumina-ção, na fotografi a e no som. O som é importantíssimo no fi lme. Se a pes-soa é leiga como ela vai manusear os equipamentos? O diretor precisa saber de tudo, se alguma coisa der errada a culpa é dele, porque ele não viu”. Madrini é mais um, dentro do mundo das câmeras, que chega a matar mais de sete leões por se-mana. Já gravou curtas-metragens e teve uma produtora, sabe da ex-igência e a difi culdade na área. No curta As Lágrimas, em que foi dire-tor, o jovem Madrini, diz que estava com um B.O (baixo orçamento), mas que mesmo assim ganhou prêmios em 2010 no festival Kinopheria, em São Paulo, por trabalhar com pes-soas que entendiam do assunto. O orçamento era um valor em torno de cinco mil reais, tinha que pagar transporte, alimentação do elenco e três dias de locação. Sem contar

que ele também não teve gastos com produção, já que participava de uma produtora em que as pes-soas acumulavam diferentes fun-ções. “Em Lágrimas usamos a 5D, uma câmera de fotografi a da Can-on que fi lma em full HD. Eu tinha uma produtora com quatro sócios, e chamávamos mais gente pra faz-er outras coisas”, detalhou Madrini. Os prêmios que ganhou no festival foram: melhor fi gurino, melhor tril-ha sonora, e melhor fi lme escolhido pelo público.

Madrini está agora no meio de um curta-metragem e com um projeto de um longa, mas já pas-sou por maus bocados com a sua produtora. “O meu sócio era muito cabeça dura e eu via que não tinha futuro na empresa. A gente gastou muita grana. Era muito mais fácil eu começar em uma empresa grande, pra eu evoluir ao poucos com gente que conhece. Imagina um cara sem experiência dentro de um set de fi lmagem?” diz Madrini, agora tentando voar com os pés no chão.

Quem quer começar a gravar, também deve fi car ciente de pontos im-portantes que fazem parte do processo de produção da sua obra. Um aspecto im-portantíssimo de um curta-metragem é a trilha sonora, já que envolve direitos auto-rais. André Monteiro dá uma luz: “No Esco-toma, foi usado uma música de um amigo e outra de um com-positor espanhol de uma gravadora que já faliu. Pronto, não tem pra quem pagar direitos autorais, vira domínio publico.”

Além da música, existem out-ros detalhes para fi car atento: autorizações na prefeitura para fi lmar em lugares públicos (aten-ção: o metrô e parques como o do Ibirapuera podem cobrar até cinco mil reais ou mais, ou seja, pode ir embora o seu orçamento todo). Apoio da guarda municipal e da Demutran também podem ser pedidas para a sua seguran-ça. Em cemitérios não pode ser fi lmado o nome de ninguém que não está mais entre nós.

Para muitos, o curta-metragem é a porta de entrada de qualquer pessoa que quer aprender a fazer cinema. Deve-se fazer vídeos. Ter experiências. Participar de festi-vais, desde os que integram tra-balhos amadores àqueles mais profi ssionais. Pra você que quer fazer dessa arte um hobby ou profi ssão o caminho é um só: con-hecimento.

O professor de artes André Monteiro na gravação do seu último curta-metragem.

Foto: Arquivo Pessoal

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Provavelmente até os me-nos machistas, em uma primeira impressão, diriam que o Warpaint não passa de um grupo

de rostinhos bonitos. Ledo engano: essas estadunidenses mostraram ao público, com a ótima apresen-tação que fi zeram no Beco 203, na Rua Augusta – apresentação que infelizmente foi fechada –, que a beleza física delas nada tem a ver com a questão comercial, é apenas coincidência. Sem dúvida,

a música delas tem alma, tem es-pírito, tem arte.

A banda, formada em 2004 em Los Angeles, teve seu primeiro reg-istro, o EP Exquisite Corpse, lan-çado de forma independente em 2008. O álbum alcançou o primeiro lugar em vendas na Amoeba Re-cords, uma das mais importantes lojas de disco do mundo. Um de-talhe importante sobre este EP é que ele foi mixado e masterizado por John Frusciante, ex-guitarrista do Red Hot Chilli Peppers, que

também tocou mellotron na faixa “Billie Holliday”.

Já em 2010, via Rough Trade Re-cords, o grupo lançou seu primeiro disco completo, o The Fool. Sobre a banda, Anthony Kieds, vocalista do Red Hot Chilli Peppers (de novo!), disse que é a banda mais promis-sora de Los Angeles.

Donas de um estilo que, para quem está habituado às sonori-dades do mainstream, parece estranho, mas para quem é apre-ciador de vertentes alternativas

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uma atmosfera zen, preferencial-mente num domingo de manhã. “É uma coisa que eu faço por hobby, na verdade. Eu não espero que me traga nenhum retorno, seja fi nan-ceiro, ou seja por status. Eu pinto porque eu gosto”, explica.

Seja por hobby ou pela emoção da ação, é importante ter em mente que o lado negativo das ruas nada tem a ver com estes movimentos. “Não se deve confundir pichação com criminalidade, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O picha-dor não tem que ser um viciado em drogas, não tem que ser um crimino-so, um bandido. Eu nunca fui preso, nunca rodei, nunca apanhei, nunca cai de lugar nenhum, mas eu conhe-ci e ouvi muitas histórias opostas. Então, não é fácil”, alerta Charles.

O ilegal é legalA pichação e o grafi te são mais

infl uentes e importantes do que se possa imaginar. Exemplo disso foi a 28ª Bienal de Artes de São Paulo, realizada em 2008, que foi invadida por pichadores como for-ma de protesto de uma suposta “ditadura da arte”. Na Bienal se-guinte, os mesmos que participa-ram da ação, além de alguns gra-fi teiros, foram convidados a expor as suas manifestações de arte.

Mesmo sendo às vezes irmãos na relativa ilegalidade, a picha-ção, ao contrário do grafi te, ainda encontra difi culdade em ser apre-ciada esteticamente, embora tam-bém utilize cores e formas bem trabalhadas. Entretanto, hoje em dia ambos são assuntos comuns

no mainstream. Muitas vezes, as pessoas que discriminam o movi-mento utilizam diversas marcas cujas coleções utilizam sua esté-tica. “A Adidas, a Nike e a Coca-Cola, por exemplo, já fi zeram e criaram diversas campanhas que estilizaram a pichação. A socie-dade critica, porém consome”, aponta Charles.

Aceita ou não, a arte não é algo que funciona para ser de gosto comum. A arte urbana é o tipo es-pecífi co que causa na sociedade diferentes reações refl exivas, das quais muitas vezes o paulistano não tem tempo de pensar a cami-nho do trabalho. A pichação e o grafi te são o plano de fundo de São Paulo, os detalhes do cenário que combinam com o cinza do céu.

Fotos:Juliana Piva

Fotos: Fabricio Rezende

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e não sabe qual será o resultado”, exemplifi ca.

O ex-pichador entrou no movi-mento muito jovem, quando sentiu a necessidade de estar incluído em um grupo social. Aos 10 anos, ele já gostava e acompanhava os primos, que já eram pichadores e que foram sua grande infl uência. “Eu tinha muita difi culdade de me enturmar, até mesmo sofri represália. Hoje em dia posso falar que eu tenho orgulho da criação que tive, mas, na época, tinha briga na escola, o pessoal queria me bater. O que era moda era a pichação. Ser pichador era ser o máximo”, lembra Charles.

A pichação e o grafi te possuem uma característica própria, na qual não importa seu status social ou econômico, o avaliado é a atitude

e ousadia. O grafi teiro Wellington Estevão, mais conhecido como Kill-boy, 22 anos, conta que existe uma rede de artistas que está em cons-tante crescimento: “Se eu vejo um muro bem grande, acho que dá pra pintar umas 15 pessoas, chamo 15 amigos meus e nós pintamos. Nes-te dia, a gente já marca de ir onde eles moram. Eu chamo meus ami-gos, o pessoal chama os deles. E aí acaba se formando uma corrente de pessoas”, explica. O que tam-bém ajuda essa corrente a se for-mar são as redes sociais, onde os grafi teiros divulgam seus desenhos e se comunicam entre si.

Em 2006, Killboy começou a fazer grafi te nas ruas do Butan-tã, bairro onde mora. Sua maior infl uência sempre foi os Gêmeos,

dupla de irmãos paulistas mais famosa do movimento e reconhe-cida no mundo inteiro. Diferente da pichação, o grafi te leva cer-to tempo para ser fi nalizado, por isso os locais devem ser bem se-lecionados. “Local abandonado é melhor quando você vai dar mais tempo no trabalho. Acho que você fi ca mais sossegado, presta mais atenção. Procuro pintar muros de praças e locais públicos, que o go-verno pinta e depois esquece, e depois outras pessoas colam pro-pagandas por cima, picham e até a ação do tempo acaba destruindo o muro”, diz o grafi teiro.

Enquanto Charles lembra que seu combustível era sentir a adre-nalina na pichação, Killboy coloca seus fones de ouvido em busca de

Wellington “Killboy” faz sua arte no bairro Butantã

Charles az uma amostra do seu antigo trabalho

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do rock soa como bom gosto – a banda faz um som que remete ao Bauhaus e Joy Division, por exem-plo –, as garotas fi zeram um ótimo show que se pode ser classifi cado como um daqueles que soam mel-hor que na gravação. Melhor do que na gravação porque, além de interpretarem primorosamente suas músicas, tiveram uma forte presença que contagiou a maioria dos presentes. Um ponto positivo para elas por conseguirem ani-mar o público como fi zeram, pois

as pessoas que ali estavam, em sua maioria, nem sequer sabiam o nome da banda! Por isso o “infe-lizmente fechado” que mencionei antes: isto privou muitos fãs da banda de prestigiá-la.

Ao lado de bandas como Yuck, Wavves, The Pains of Being Pure at Heart, Ariel Pink’s Haunted Graffi ti e mais uma infi nidade de grupos, está Warpaint que, desde o fi nal da última década, vem enchendo de alegria os ouvidos dos apre-ciadores da boa música. E se no-

tarmos que a última década não apresentou tantas boas bandas como a atual, isso em relação a qualidade, é um presente esta so-noridade diferente e outras coisas que só quem é viciado em música sabe. Devido ao cenário musical estar também fértil atualmente, podemos dizer que saímos de uma era das trevas e entramos na era do renascimento da música alter-nativa. E que esta onda continue trazendo mais e mais bandas que façam música boa.

WARPAINT: BELEZA PARA WARPAINT: BELEZA PARA OLHOS E OUVIDOSOLHOS E OUVIDOS

Foto

: Div

ulga

ção

Por:Renato Albuquerque

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22 Estúdio A Tatto Endereço: Rua Ver-gueiro, 2.507, na Vila Mariana.P r é - r e q u i s i t o s : S e r maior de 18 anos, deve saber desenhar e deverá ter os equipamentos ne-cessários como máquina de tatuagem, agulhas e a superfície em que vai trabalhar- normalmen-te couro de porco. Carga horária: 200 ho-ras, caberá ao aluno marcar os dias das aulas e os horários.Após concluir, o aluno receberá um diploma fornecido pelo Setap SP (Sindicato das Empre-sas de Tatuagem e Body Piercing de São Paulo), com a homologação do coordenador do curso e de um membro do sin-dicato.Valor: R$ 2.500, sendo cobrado uma taxa de inscrição de R$ 500.

Quero

Pra você que gosta de desenhar, de utilizar agulhas e ainda quer mui-to aprender a tatuar, mas não sabe nem onde pode fazer um curso ou a média de custo do aprendizado, nós da Revista Alternativa SP, que-remos te ajudar! Sim caro leitor, estamos aqui para isso mesmo, para divulgar os melhores locais que por ventura você ainda não conhecia - ou podia até conhecer, mas não sabia de todos os atrativos ofereci-dos. De qualquer maneira, nós agrupamos quatro estúdios para você escolher as melhores opções para se especializar na área de tatuagem.

aprender

#comofaza tatuar

Jack Studio Endereço: primeiro andar da Galeria do Rock, na Avenida São João, 434o Jack Stúdio, oferece um curso de tatuagem apenas teórico, no qual aprenderá as técnicas de desenho.Duração: entre 48 e 60 horas Valor: variam de R$ 900 a R$ 1.300. Ao fi nal do curso o aluno receberá o diploma, que não é reconhecido pelo sin-dicato.

Estúdio Valter TattoEndereço: Rua São Be-nedito, 316, bairro San-to amaro.Pré requesito: ser maior de 18 anos e ter uma su-perfície aonde trabalhar, como pele de porco ou algum amigo corajoso, para poder praticar as aulas, que são ministra-das pelo próprio dono do estúdio. Duração de três dias, com a carga horária de seis horas por diaValor: R$ 500 podendo ser parcelado em até duas vezes. Ao fi nal das aulas o estudante re-ceberá um certifi cado, porém este não é reco-nhecido pelo sindicato dos tatuadores.

Leds TatooEndereço: Avenida Ibi-rapuera, 3459,no jardim MoemaPré-requisitos: Ser maior de 18 anos, saber dese-nhar e ter todo o equi-pamento necessário para as aulas. No fi nal, o estudante receberá um certifi cado que não é reconhecido pelo Sindi-cato das empresas de ta-tuagem e piercing de São Paulo, o SETAP.Carga horária: 120 horas, dividas em três aulas por semana Valor: R$ 900,00 e poder ser parcelado em até três vezes.

FICA A DICA

Foto: Fabricio Rezende

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Já nos Estados Unidos eram co-muns pichações pacifi stas contra a Guerra do Vietnã. No Brasil, dos tempos do regime militar fi caram as clássicas fotos de muros picha-dos: “Abaixo a ditadura!”.

Na década de 1970, as picha-ções começaram a perder o propó-sito político e passaram a ser usa-das como demarcação de território com os jovens moradores do bairro suburbano do Bronx, em Nova York. Eles organizavam-se em gangues como forma de proteção e resposta à sociedade norte-americana que os discriminava. Quando a periferia ganhou nova geografi a, as letras pichadas com spray identifi cavam quem era dono de qual área.

Ao mesmo tempo, houve o de-senvolvimento da cultura hip-hop, que tinha como elemento comuni-cativo o grafi te. Os fi lmes popula-rizaram o estilo, exportando-o para outros países. Baseados no con-texto histórico da manifestação, os grafi teiros geralmente desenham nos muros e paredes infl uencia-dos por questionamentos sócio-políticos, música, design e obras de outros artistas.

Adrenalina x concentraçãoDeixar uma marca nos terri-

tórios públicos não é uma tare-fa fácil: o pichador, por exemplo, muitas vezes se arrisca escalando latitudes enormes para deixar sua

assinatura. Ele ainda terá que ar-car com as consequências legais, já que a pichação é considerada crime ambiental. Mas, para Char-les Meira, 31 anos, ex-pichador e artista plástico, vale tudo pela adrenalina. “Eu não fui um picha-dor que pichava para os outros ou para provar algo. Eu sempre pichei pra mim. Meu grande ba-rato sempre foi voltar ao local no dia seguinte, olhar para a parede e pensar ‘Nossa! Fui eu que fi z!’”, lembra. Para ele, rabiscar um muro e pensar que pode ser abordado e detido é como praticar um espor-te radical: a sensação é a mesma, porém mais forte. “É como um jogo de cartas, quando você entra

Charles dá uma amostra do seu trabalho

Fotos: Fabricio Rezende

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lução humana. Sua origem remon-ta aos sacerdotes sumérios, que administravam terras e, por isso, desenvolveram a cuneiforme – um sistema de registro gravado em tá-buas de argila – por volta de 3000 a.C. Daí em diante, a escrita passou a ser usada pelo comércio, para a comunicação e também para a ex-pressão da subjetividade.

Foi nos anos 1960 que se ini-ciou aquilo que podemos chamar de pichação moderna. Tudo co-meçou com mensagens políticas e existencialistas, depois como marcação de território, para então chegar a atual busca pelo “ibope” – alusão ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Nos muros de Paris, em maio de 1968, muitas pichações criticavam os costumes, ironizavam correntes políticas e exaltavam a rebeldia: “Não reclamaremos nada. Não pediremos nada. Ocuparemos”.

TTintas fora do contexto. Ruas, praças, edifícios, lugares reinventados. Nosso mundo é cons-tantemente transfor-

mado numa tela. É assim que a intervenção urbana se manifesta – uma linguagem artística que se faz dialogar com o público direta-mente através de manifestações em espaços públicos. O persona-gem principal desta história é a tinta, seja spray ou látex no rolinho.

É comum o paulistano se de-parar com desenhos de grafi te pintados nas paredes, cartazes, performances ao ar livre, grandes objetos insinuadores colocados no meio da cidade ou qualquer outra manifestação que tenha como ob-jetivo atingir a percepção das pes-soas. Mas, existem duas formas de manifestações interventoras que predominam no espaço urbano de São Paulo: a pichação e o grafi te.

Ambos os movimentos são mui-to fortes no estado inteiro, mas com características que se diferem des-de o material usado, até a maneira como a sociedade os vê. Enquanto o grafi te adquire mais respeito das pessoas e já é reconhecido como arte, a pichação sempre foi mal vista por todos, sendo acusada de principal causa da destruição das obras de patrimônio público.

Muito além do ibopeHá milhares de anos, o homem

já sentia necessidade de se comu-nicar e o fazia nas formações ro-chosas onde se abrigava. A primei-ra forma de comunicação escrita foi a pictograma, que era gravada em pedras, assim como as pare-des das cidades hoje têm suas marcas de pichação.

Alguns estudiosos consideram o desenvolvimento da escrita um dos passos decisivos para a evo-

Fotos:Juliana Piva

A arte de Wellington Killboy no Butantã

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ArtARTE EM TODA A PARTEARTE EM TODA A PARTE

Por: Juliana Piva e Mariana Costa

A pichação e o grafite interferem diretamente no cotidiano do paulistano, mudam a paisagem e fazem as pessoas refletirem sobre o próprio espaço

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te como intervenção

Wellington “Killboy” faz grafi te na Av. Corifeu de