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Rev Bras Med Esporte _ Vol. 6, Nº 4 – Jul/Ago, 2000 165 ARTIGO DE OPINIÃO O papel do fisiologista desportivo no futebol – Para quê & por quê? Paulo Roberto Santos Silva 1 M 1. Fisiologista Desportivo. Endereço para correspondência: Paulo Roberto Santos Silva Rua Frederico Bartholdi, 566 – Saúde 04193-000 – São Paulo, SP Fone: (11) 6331-64 81 (Residência), 9998-2591 (Celular) ABSTRACT The role of the sports physiologist in soccer (football) – what for and why? Sports physiology is still considered a relatively new specialty in soccer. Small wonder, thus, that a sports phy- siologist, with his function and formation, is a personage unknown to most people engaged in this sport, for they are unable to characterize his role as a specialized profession- al in a soccer team. So it is important to lay stress on the fact that the work of such specialist in this area is directly connected with the trainer, as he performs, among others, duties like: 1) team work, conveying constant information about the players’ functional condition to the technical commission; 2) systematic evaluation of the athletes; 3) longitudinal follow-up to the functional adaptation resul- ting from the training to which athletes are submitted; 4) investigation and reflection capacity regarding several as- pects of the soccer (football) game. Consequently, it is log- ical to infer that a sports physiologist requires ample knowl- edge of the scientific methodologies about functional eval- uation and sport training, apart from specific mastery of bioenergetic concepts aimed at the soccer (football) game, so as to allow to identify the kind of effort and, starting from there, adequate methods for the development of the soccer (football) players’ training program. In conclusion, the sports physiologist is essentially a professional concerned with health, whose function is more and more educational and intended to contribute to the improvement of the scientific information that every com- munity must possess about several health aspects of the human body and, particularly, about the performance of exercises. Key words: Sports physiologist. Soccer (football). Sports medicine. INTRODUÇÃO A medicina esportiva no Brasil em certos aspectos de organização, recursos humanos e materiais ainda está em fase de crescimento. RESUMO A fisiologia desportiva ainda é considerada uma espe- cialidade relativamente nova no futebol. A figura do fisio- logista desportivo e, conseqüentemente, sua função e for- mação, é desconhecida pela grande maioria daqueles que estão envolvidos nesta modalidade, não sabendo caracteri- zar o papel desse profissional numa equipe de futebol. É importante ressaltar que o especialista desta área trabalha diretamente junto ao fisicultor, cabendo a ele funções como: 1) trabalho em equipe passando informações constantes à comissão técnica sobre as condições funcionais dos joga- dores; 2) avaliação sistemática dos atletas; 3) acompanha- mento longitudinal das adaptações funcionais em decor- rência do treinamento dos atletas e 4) capacidade de inves- tigação e reflexão sobre diversos aspectos do futebol. Sen- do assim, o fisiologista desportivo requer amplo conheci- mento de metodologias científicas de avaliação funcional e treinamento desportivo, bem como o domínio específico de conceitos bioenergéticos direcionados para o futebol. Isso permite identificar o tipo de esforço e selecionar mé- todos adequados para o desenvolvimento do programa de treinamento do futebolista. Concluindo, o fisiologista desportivo, em sua essência, é sobretudo um profissional de saúde que tem cada vez mais uma função educativa. Ele contribui para melhorar a informação científica que toda a comunidade esportiva deve ter sobre diversos aspectos de saúde do corpo humano e, em particular, quando submetido à realização de exercí- cios. Palavras-chave: Fisiologista desportivo. Futebol. Medicina espor- tiva.

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R ev B ras M ed Esporte _ Vol. 6, N 4 Jul/A go, 2000 165ARTIGODE OPINIOO papel do fisiologista desportivono futebol Para qu & por qu?Paulo Roberto Santos Silva1M1. FisiologistaDesportivo.Endereo para correspondncia:Paulo Roberto Santos SilvaRua Frederico Bartholdi, 566 Sade04193-000 So Paulo, SPFone: (11) 6331-64 81 (Residncia), 9998-2591 (Celular)ABSTRACTTheroleofthesportsphysiologistinsoccer(football)what for and why?Sportsphysiologyisstillconsideredarelativelynewspecialty in soccer. Small wonder, thus, that a sports phy-siologist,withhisfunctionandformation,isapersonageunknown to most people engaged in this sport, for they areunable to characterize his role as a specialized profession-al in a soccer team. So it is important to lay stress on thefact that the work of such specialist in this area is directlyconnected with the trainer, as he performs, among others,duties like: 1) team work, conveying constant informationabouttheplayersfunctionalconditiontothetechnicalcommission;2)systematicevaluationoftheathletes;3)longitudinalfollow-uptothefunctionaladaptationresul-tingfromthetrainingtowhichathletesaresubmitted;4)investigation and reflection capacity regarding several as-pects of the soccer (football) game. Consequently, it is log-ical to infer that a sports physiologist requires ample knowl-edge of the scientific methodologies about functional eval-uationandsporttraining,apartfromspecificmasteryofbioenergetic concepts aimed at the soccer (football) game,soastoallowtoidentifythekindofeffortand,startingfromthere,adequatemethodsforthedevelopmentofthesoccer(football)playerstrainingprogram.Inconclusion,thesportsphysiologistisessentiallyaprofessional concerned with health, whose function is moreandmoreeducationalandintendedtocontributetotheimprovement of the scientific information that every com-munitymustpossessaboutseveralhealthaspectsofthehumanbodyand,particularly,abouttheperformanceofexercises.Key words: Sports physiologist. Soccer (football). Sports medicine.INTRODUOAmedicinaesportivanoBrasilemcertosaspectosdeorganizao,recursoshumanosemateriaisaindaestemfase de crescimento.RESUMOAfisiologiadesportivaaindaconsideradaumaespe-cialidade relativamente nova no futebol. A figura do fisio-logistadesportivoe,conseqentemente,suafunoefor-mao,desconhecidapelagrandemaioriadaquelesqueesto envolvidos nesta modalidade, no sabendo caracteri-zaropapeldesseprofissionalnumaequipedefutebol.importanteressaltarqueoespecialistadestareatrabalhadiretamente junto ao fisicultor, cabendo a ele funes como:1) trabalho em equipe passando informaes constantes comissotcnicasobreascondiesfuncionaisdosjoga-dores; 2) avaliao sistemtica dos atletas; 3) acompanha-mentolongitudinaldasadaptaesfuncionaisemdecor-rncia do treinamento dos atletas e 4) capacidade de inves-tigao e reflexo sobre diversos aspectos do futebol. Sen-doassim,ofisiologistadesportivorequeramploconheci-mentodemetodologiascientficasdeavaliaofuncionale treinamento desportivo, bem como o domnio especficodeconceitosbioenergticosdirecionadosparaofutebol.Isso permite identificar o tipo de esforo e selecionar m-todosadequadosparaodesenvolvimentodoprogramadetreinamentodofutebolista.Concluindo,ofisiologistadesportivo,emsuaessncia,sobretudoumprofissionaldesadequetemcadavezmais uma funo educativa. Ele contribui para melhorar ainformao cientfica que toda a comunidade esportiva devetersobrediversosaspectosdesadedocorpohumanoe,emparticular,quandosubmetidorealizaodeexerc-cios.Palavras-chave: Fisiologista desportivo. Futebol. Medicina espor-tiva.166 R ev B ras M ed Esporte _ Vol. 6, N 4 Jul/A go, 2000Aevoluo,conscientizaoeodesenvolvimentododesporto em nosso pas, como qualquer outro fator socio-cultural, passa necessariamente por um processo de trans-formao, ainda que lentamente. A figura de especialistascompondoostaffemequipesesportivas,quepodemdaraoesportesuacontribuiodentrodeumaorganizaomultidisciplinar, tem se constitudo numa novidade1-2. importante ressaltar que a fisiologia do exerccio dire-cionada para o esporte apenas uma disciplina do curso demedicina desportiva. O pretendente ao exerccio desta fun-onecessitaterslidosconhecimentosemfisiologiadoexerccio, organizao e prescrio de treinamento, dom-nio de particularidades prprias no mbito da modalidadeesportiva e o conhecimento de metodologias cientficas deavaliao em laboratrio e campo.No Brasil, assim como em muitos pases desenvolvidos,mas de uma forma mais lenta, se comea a dar importnciaao fisiologista desportivo no futebol.Nos ltimos anos o treinamento para jogadores de fute-bol de alto nvel vem sofrendo modificao substancial emrelao ao que era feito algumas dcadas atrs. O nmerodejogosedehorasdedicadasssessesdetreinamentosaumentou significativamente. Desde ento a dinmica dascargasdetreinamentotambmfoialterada,emdecorrn-cia da entrada de novos conceitos para a prtica do futebolnaatualidade.Atualmenteosclubesmaisestruturadospossuemseuslaboratrios de fisiologia do exerccio para dar ao setor depreparao fsica um maior suporte na realizao de exer-ccios, com embasamento e controle cientfico.O papel do fisiologista desportivo junto ao fisicultor naanlise do programa de treinamento do atleta de grandeimportncia, pois relaciona-se com a dinmica das cargasdetrabalhoduranteatemporadafutebolstica. Aspropor-esentrevolume(quantidade)eintensidade(qualidade)dosexercciosrealizadosnosperodoschamadosdepre-paratrio e competitivo devem ser focalizadas diferente sobo ponto de vista da organizao do treinamento.A avaliao prvia do nvel de aptido fsica dos atletas,obtidapormeiodetestesfisiolgicos,fornececondiesobjetivas ao fisicultor para realizar o treinamento em fun-o das necessidades de cada atleta. De acordo com os re-sultadosapresentadospelosjogadorespossvelencurtaro tempo destinado preparao geral em troca do trabalhoespecfico, concentrando-se mais no trabalho com bola.Ostestesfisiolgicospossibilitamverificarcompreci-so que qualidade fsica precisa ser desenvolvida em rela-osnecessidadesdamodalidadepraticada.Sendoas-sim, uma anlise minuciosa da atividade desportiva permi-tir identificar o tipo de esforo dominante e a seleo demtodosadequadosparaodesenvolvimentodoprogramadetreinamento.Opresenteartigopretendeatingirosseguintesobjeti-vos: 1) Caracterizar a presena e interveno do fisiologis-tadesportivoemequipesdefutebole2)Justificarjuntoaosdirigentesdessamodalidadeesportivaanecessidadedeste profissional como parte integrante de uma comissotcnica.Nvel de interveno geral do fisiologista desportivo nofutebolOfisiologistadesportivo,emsuaessncia,sobretudoum profissional de sade que tem cada vez mais uma fun-oeducativa.Elecontribuiparamelhorarainformaocientfica que toda a comunidade esportiva deve ter sobrediversos aspectos funcionais do corpo humano e em parti-cular quando submetido realizao de exerccios.Consideraessobreaintervenoespecficadofisio-logista desportivo no futebolDuranteumapartidadefutebolocorreumagrandeva-riabilidadedademandafisiolgicaemetablicasobreosjogadores. Amaiordificuldadequeencontramosemcer-car as necessidades do futebolista o fato de que o futebolno uma atividade de cdigo predeterminado, ou seja, assolicitaesmotorassoimprevisveisemuitasvezesoatletasedeparacomsituaesparaasquaisnemsempreestpreparado.O maior desafio conseguir individualizar as necessida-des especficas de cada jogador de acordo com as caracte-rsticas que so impostas pelo futebol, pois a atividade dofutebolistamuitodinmicaeasvariaesenuancesdecada partida so imprevisveis.A compreenso bsica dos sistemas energticos utiliza-dos no futebol fundamental para o desenvolvimento ade-quado de programas de treinamentos nos perodos de pre-parao geral e especfica, como tambm nos requerimen-tos individuais de cada posio.O futebol moderno requer muitas qualidades fsicas queparecem ser independentes da posio do futebolista. Ca-pacidade de acelerao rpida, alta velocidade de corrida,boahabilidadeparasaltar,foraexplosivadosmsculosdemembrosinferiores,resistnciadevelocidadesoexi-gidasconstantementedosatletas.Consideradocomoumamodalidadeesportivaacclica,o futebol composto de funes intermitentes em uma aointegrada,ouseja,ofutebolistarealizaduranteapartidaconstantesmovimentosdefensivoseofensivos.Comrelaoaosistemametablicoprimrioutilizadono futebol importante lembrar que qualquer tipo de con-trao muscular s pode ocorrer na presena de adenosinaR ev B ras M ed Esporte _ Vol. 6, N 4 Jul/A go, 2000 167trifosfato (ATP). O ATP desdobrado em adenosina difosfa-to (ADP) e fosfato inorgnico (Pi) fazendo com que o ms-culo se contraia. Contudo, apenas uma pequena quantida-de de ATP fica armazenada dentro do msculo, no sendosuficienteparacobrirademandaenergticarealizadadu-rante exerccios de alta intensidade, necessitando a cober-tura da CP, pois sua reserva maior. Aps a utilizao daCP a compensao metablica deve ser proveniente da gli-clise anaerbia e do sistema aerbio, respectivamente.Essaconstataofisiolgicadegrandeimportnciaprtica, pois, durante uma partida de futebol, a utilizao eressntese rpida do ATP viaCP e posteriormente pela gli-clise anaerbia torna-se o fator mais importante para for-necer energia ao esforo intenso do futebolista.Observou-se que a CP ressintetizada rapidamente apsrealizao de um exerccio intenso. Contudo, o perodo detempoderecuperaoduranteumapartidadefutebolemrelao ao esforo de deslocamento e a pausa realizada pelofutebolista muito curto. A CP como um sistema de com-pensao rpida de produo de energia muscular para exer-ccios realizados em alta intensidade no tem condies decompensaradequadamenteovolumedeenergianecess-rioqueocorrenessepequenoespaodetempoe,assim,faz com que o futebolista, em diversos momentos da parti-da,soliciteaviametablicalticaparadarcontinuidadeao esforo. Esses dois sistemas metablicos so as fontesenergticasprimriasdesuporteespecficoparaaprticadofutebol.Em1995, Takahashietal.3demonstraramqueotemporequeridoparaareposiointramusculardosestoquesdeCPemmsculosquadrcepsdeindivduosnotreinadospode variar de 55 a 90s. Contudo, no podemos esquecerqueaeficinciametablicadaviaalticanoatletaau-mentadapelotreinamento.Atualmenteosjogadoressemovimentamemaltavelocidadee,dependendodaposi-o do atleta, quase no h perodos de recuperao. EssasevidnciasmostramqueossistemasenergticosdaCPecidolticodevemserconsideradosenfaticamentecomomecanismodecompensaoprimriaemrelaosne-cessidadesespecficasdojogo.Ofutebolistamodernocadavezmaisrealizaatividademotoraprolongadaeintermitentedealtaintensidade.Aprefernciadominantepelosexercciosfracionados,comousembola,deveserenfocadacomomodeloestratgicoutilizado no desenvolvimento dos sistemas energticos so-licitadospelofutebol.Essaconstituiumatendnciamaismoderna de orientao no treinamento do futebolista.Outro fator que pode melhorar a performance em joga-doresdefutebolodesenvolvimentodesuacapacidadeaerbia.Otreinamentoaerbiotemdemonstradoaumen-tar a capacidade do msculo para extrair oxignio, o que considerado o fator primrio no aumento da densidade ca-pilaresecundariamentenaconcentraodemioglobinaemitocndrias. Conseqentemente o organismo desenvolveumamelhorhabilidadeparautilizarooxignioperifricodurantetrabalhomuscular,determinandoumamenorde-pleo de CP e acmulo de lactato4,5.Autilizaodossistemasanaerbiosalticoeltico,comomeiodecompensarasnecessidadesespecficasdojogo, deve ser desenvolvida com mais nfase em sua fasecompetitiva. Aocontrrio,osistemaaerbiodeveserde-senvolvido preferencialmente na fase pr-competitiva paraaumentar a capacidade cardiorrespiratria. Durante a tem-poradacompetitivadevemserdesenvolvidosapenastra-balhos para a manuteno da curva fisiolgica do metabo-lismoaerbio.Paravriosclubesdofutebolbrasileirootempodispo-nvel para preparao de seus jogadores muito curto. Por-tanto,defundamentalimportnciaavaliarpreviamenteosatletascomobjetivodeverificaraquelesqueprecisamou no de uma base aerbia maior. Isso dar ao fisicultorinformaes que possibilitaro desenvolver o programa detreinamento de acordo com as necessidades individuais doatleta.Averificaoprviadonveldeaptidofsicatrouxeum posicionamento objetivo na preparao do atleta. Nes-se aspecto os testes fisiolgicos ganharam prestgio e tor-naram-se importantes instrumentos dentro do planejamen-to inicial de treinamento do futebolista. Recentemente umametodologia que conquistou o seu espao foi a ergoespiro-metriacomputadorizada6-8,que,pormeiodaanlisedegasesexpirados,possibilitaverificarfunespulmonaresao esforo (fig. 1). Com esse mtodo podemos quantificarparmetrosfuncionaisimportantescomooconsumodeoxignio(VO2),olimiaranaerbio(pontodetransiometablica), a cintica de oxignio, etc. Alm disso, os re-sultados verificados nos permitem avaliar, controlar e ajus-tar a carga individualizada de treinamento ao longo da tem-poradadesportiva.1) Trabalho em equipe:a) O trabalho em equipe de fundamental importnciaquandosetrabalhacomumgrupodeprofissionaisespe-cializados em busca de um objetivo. O fisiologista despor-tivo tem autonomia na programao e avaliao fisiolgi-cadosatletas,sendoonicoresponsvelpelatomadadedecisonessarea.Contudo,cabeaelepartilharjuntocomisso tcnica, por meio de um dilogo franco, aberto econstante, sobre o perfil funcional dos atletas;b) Cabe ao fisiologista desportivo atender s atribuiespreviamentedefinidaspelacomissotcnica;168 R ev B ras M ed Esporte _ Vol. 6, N 4 Jul/A go, 2000c) Planejamento integrado e participante das atividadese objetivos traados pela comisso tcnica;d) Avaliao crtica dos resultados atingidos pelos atle-tas com reflexo sobre possveis erros cometidos;2) Avaliao sistemtica e constante dos atletas:a) Ofisiologistadesportivodeveavaliardemodoper-manenteonvelfuncionaldecondicionamentoatlticoeosprocedimentosutilizadospelacomissotcnicasne-cessidadesdosatletas.3) Acompanhamentolongitudinaldasadaptaesfun-cionais em decorrncia do treinamento dos atletas:a) Quando falamos de acompanhamento a longo prazo,ele s ser possvel nas situaes em que o fisiologista des-portivo se fizer presente em todos os momentos da ativida-de desportiva (avaliao, treinamentos e jogos).4) Capacidade de investigao e reflexo sobre diversosaspectos do futebol:a) Investigar e refletir sobre a prtica diria dos treina-mentosfundamentadosemmetodologiascientficas;b) Reconhecerlimiteselimitaespessoais;c) Deve possuir traos de personalidade dirigida pes-quisacientfica.A relao entre o tcnico e o fisiologista desportivo nofutebolA participao do fisiologista como membro da comis-sotcnicarelativamentenova.Porm,otrabalhoemconjunto faz-se necessrio, pois o tcnico, na qualidade decoordenador da sua comisso, tem um papel fundamentalna identificao e levantamento das necessidades dos seusatletas.Infelizmente,nolouvvelaposiodasfederaesjunto aos clubes de futebol, uma vez que essas no estimu-lam a participao desses especialistas em suas equipes.Ofisiologistadesportivoumprofissionalcomforma-o especfica, com capacidade para contribuir na melhoradaprticadesportiva,poisoobjetivofinalobem-estardosjogadores.A relao entre o fisicultor e o fisiologista desportivo nofutebolApreparaofsicadirecionadaajogadoresdefutebolmodificou-secomdecorrerdotempo,estabelecendono-vosconceitose,atmesmo,exigindoumaparticipaomaior do atleta em campo. Para enfrentar a magnitude des-satransformao,osclubesmaisestruturadosinvestiramem seus departamentos de futebol, contando com o apoiode diversos especialistas e com um maior investimento tec-nolgico.Essa nova realidade trouxe aofutebol uma necessidadede desenvolver a rea cientfica. Nesse contexto, a presen-a do fisiologista desportivo junto ao fisicultor ganhou ummaior destaque. No passado os fisicultores no tinham aoseuladoacinciadotreinamentodesportivo,sefazendovaler somente do conhecimento prtico.Naatualidadeametodologiacientficacomsuapreci-sopredominanotreinamentofsicodoatleta. Verificou- CLUBE DESPORTIVO!! ! " !!"TRABALHO EM EQUIPE: TREINADOR,FISICULTOR, MDICO E ATLETASACOMPANHAMENTOLONGITUDINAL DAS ADAPTAESFUNCIONAIS EMDECORRNCIA DOTREINAMENTO DOSATLETASCAPACIDADE DEINVESTIGAO&REFLEXO SOBREDIVERSOSASPECTOSDOFUTEBOLAVALIAOSISTEMTICA &CONSTANTEDOSATLETASFUNO DOFISIOLOGISTADESPORTIVOFig. 1 Organograma de atuao do fisiologista desportivo num clube de futebolR ev B ras M ed Esporte _ Vol. 6, N 4 Jul/A go, 2000 169sequeotreinamentoindividualizadotrouxequalidadepreparao atltica e conseqentemente um maior benef-cio aos jogadores.O fisiologista, assim como o fisicultor, deve ter profun-dos conhecimentos na rea de estratgia e organizao dotreinamento desportivo, pois somente assim ser possvel,dentrodeumplanosistemticoeindividualizado,desen-volver corretamente o programa de treinamento.CONCLUSOAtravs desse artigo procuramos mostrar a importnciadofisiologistadesportivocomomembroefetivodeumacomissotcnica.Entendemosqueesseprofissionalocu-pa um cargo relativamente novo no futebol, relacionando-sediretamentecomofisicultor,aplicandoecontrolandometodologias cientficas de avaliao e prescrio de trei-namento aos jogadores de futebol.Deacordocomainterpretaodostestesrealizadossefaro programas individuais de treinamento, tornando essetrabalhodegranderesponsabilidade.Ofisiologistatemafunodeprever,combasenumconjuntoderesultados,deconhecimentostericosefatoreslimitantesdorendi-mento,aevoluofuncionaldosatletasdeacordocomotempodisponveleotipodetreinamentomaisadequadoparaseatingironvelidealdecondicionamentoatlticodosjogadores.Portanto, a performance desportiva ou o rendimento dealtonvelestnadependnciadeumtrabalhodeequipemultidisciplinar.AGRADECIMENTOSAgradecemos Dra. Fabiana Roveda, do Instituto do Coraodo HCFMUSP, pela colaborao na redao deste artigo e ao Prof.Humberto Blancato pela traduo do abstract.1. SilvaPRS,Romano A, Visconti AM,Roldan A,Teixeira AAA,SemanAP, et al. Avaliao funcional multivariada em jogadores de futebol pro-fissional: uma metanlise. Rev Bras Med Esporte 1998;4:182-96.2. Raven PB, Gettman LR, Pollock ML. A physiological evaluation of pro-fessional soccer players. Br J Sports Med 1976;10:209-16.3. Takahashi H, Inaki M, Fujimoto K. Control of the rate of phosphocreat-ine resynthesis after exercise in trained and untrained human quadricepsmuscles. Eur J Appl Physiol 1995;71:396-404.4. JanssonE,DudleyGA,NormanB, TeschPA.Relationshipofrecoveryfrom intense exercise to the oxidative potential of skeletal muscle. ActaPhysiol Scand 1990;139:147-52.REFERNCIAS5. Donovan CM, Pagliassotti MJ. Enhance efficiency of lactate removal af-ter endurance training. J Appl Physiol 1990;68:1053-8.6. Hollmann W, Prinz JP. 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