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á séculos a huma- nidade procura meios que indiquem quem é um mentiroso. Os romanos, por exemplo, estu- davam as vísceras dos suspeitos. Na China, o arroz era o instru- mento: o suposto mentiroso fica- va com um grão na boca e quan- to mais seco ele saísse, maior a probabilidade de que a pessoa estivesse mentindo. Muitos outros métodos e poções foram tenta- dos, todos sem sucesso. Mas um aparelho, o polígrafo, é conside- rado até hoje um indicativo efi- caz, tanto que é o único que merece o status de detector de mentiras Inicialmente, o polígrafo era tão-somente um aparelho ligado por fios a uma pessoa, para medir pressão arterial, transpi- ração e batimentos cardíacos. A interpretação das alterações nes- sas variáveis indicaria se o sujeito estaria mentindo ou não. Agora existem outros aparelhos que analisam o tom de voz e suas oscilações, rubor facial, dilatação da pupila e até as ondas cere- brais. Esses novos dispositivos não exigem que os interro- gadores liguem fios e sensores na pessoa a ser interrogada. Um dispositivo de análise de voz típico é composto por um telefone e um microfone ligados a um computador, que contém ANA CAROLINA MARQUES, CAROLINA MEDEIROS, ÉRICA BIANCO E LAÍS MAURÍLIO Julho/Dezembro 2005 16 A voz como maior inimiga Detectores de mentira servem para indicar desde quem vai ser empregado até qual a “celebridade” mais sincera Detector de mentiras: a Polícia Civil diz que é mera ficção Google images

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Page 1: A voz como maior inimiga - Portal PUC-Rio Digitalpuc-riodigital.com.puc-rio.br/media/4 - a voz como maior inimiga.pdf · voz típico é composto por um telefone e um microfone ligados

á séculos a huma-nidade procura meiosque indiquem quem éum mentiroso. Os

romanos, por exemplo, estu-davam as vísceras dos suspeitos.Na China, o arroz era o instru-mento: o suposto mentiroso fica-va com um grão na boca e quan-to mais seco ele saísse, maior aprobabilidade de que a pessoaestivesse mentindo. Muitos outrosmétodos e poções foram tenta-

dos, todos sem sucesso. Mas umaparelho, o polígrafo, é conside-rado até hoje um indicativo efi-caz, tanto que é o único quemerece o status de detector dementiras

Inicialmente, o polígrafo eratão-somente um aparelho ligadopor fios a uma pessoa, paramedir pressão arterial, transpi-ração e batimentos cardíacos. Ainterpretação das alterações nes-sas variáveis indicaria se o sujeito

estaria mentindo ou não. Agoraexistem outros aparelhos queanalisam o tom de voz e suasoscilações, rubor facial, dilataçãoda pupila e até as ondas cere-brais. Esses novos dispositivosnão exigem que os interro-gadores liguem fios e sensores napessoa a ser interrogada.

Um dispositivo de análise devoz típico é composto por umtelefone e um microfone ligadosa um computador, que contém

ANA CAROLINA MARQUES, CAROLINA MEDEIROS, ÉRICA BIANCO E LAÍS MAURÍLIO

Julho/Dezembro 200516

A voz como maiorinimiga

Detectores de mentira servem para indicar desde quem vai serempregado até qual a “celebridade” mais sincera

Detector de mentiras: a Polícia Civil diz que é mera ficção

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um software de análise e que podeser usado tanto presencialmentequanto por telefone. As conversaspodem ter o grau de verdade con-firmado ou não, em tempo realou gravado. Os preços dos apa-relhos variam de US$ 1 mil a US$20 mil, mas já há dispositivos porapenas US$ 19.95, cerca de R$45,00.

O procedimento mais comumnesses casos é perguntar ao entre-vistado algo que ele não tenharazão para mentir, como o dia deseu aniversário. Depois, as per-guntas vão se encaminhandopara aquilo que a pessoa real-mente quer saber. Micro-tremoresinaudíveis “a ouvido nu” na vozna primeira e na segunda ro-dadas de perguntas indicariam oque é verdade ou não. Mas o pro-grama não indica verdade oumentira, e sim uma gradação deveracidade, como “declaraçãofalsa”, “imprecisão”, “sujeito nãotem certeza” e “verdade” .

Multinacionais usam polígrafo para contratar funcionários

O uso de detector de mentiras émais freqüente do que se pensa nahora de uma multinacional con-tratar seus funcionários. A empre-sa aérea American Airlines já foip rocessada diversas vezes acusadade fazer o teste do polígrafo emseus empregados. A ex-agente desegurança da empresa, Rita deCássia Martinhão Irigoyen, rece-beu uma indenização de cerca deR$ 190 mil, pois a justiça enten-deu que ela foi “violentada emsua intimidade” por conta de sersubmetida a entrevistas periódicascom o uso do detector de mentiras.

Mirian dos Santos Valino Limatambém entrou com ação contraa Sata Serviços Auxiliares deTransporte Aéreo, que a indicoupara atender a empresa Ame-rican Airlines, onde foi submeti-da a interrogatório monitoradopor polígrafo, para avaliar se elaestaria apta para a função. OTribunal Regional do Trabalhoda 2ª Região de São Paulo conde-nou a empresa a indenizar aempregada em R$ 41 mil, porobrigá-la a responder perguntassobre sua vida pessoal exposta aum detector de mentiras. Deacordo com a empresa, a fun-cionária poderia optar por passarou não pelo interrogatório. Emreportagem ao jornal Folha de S.Paulo, em 2002, a AmericanAirlines admitiu “que usa odetector de mentiras por conside-rar necessário para manter a se-gurança dos passageiros”.

Assim entendeu também a 3ªTurma do Tribunal Superior doTrabalho, quando outra empre-gada da empresa entrou comação pedindo indenização pordanos morais. O juiz convocado,Ronald Cavalcanti Soares, enten-deu que é dever da companhiaaérea proteger seus passageiros eque a submissão de seus fun-cionários ao teste de mentira serevela medida preventiva de se-gurança, visando o bem-estar dacomunidade, o que justificaria oprocedimento.

Para o gerente geral da Com-panhia Siderúrgica Nacional(CSN), Wilson Ferreira, o uso dopolígrafo é desnecessário, pois arelação patrão-empregado deveser baseada na confiança e natransparência. “Empresas de gran-

de porte como a CSN estabe-lecem junto aos seus empre g a d o se dirigentes um código de ética,no qual são acordadas as condu-tas que as pessoas devem terpara o bom desempenho, ba-seadas em transparência, ver-dade, justiça e cooperação. Oscandidatos a um emprego naCSN tomam conhecimento destaconduta, e a prática de utiliza-ção de detectores de mentiras eme n t revistas de admissão pre c o-nizam a desconfiança da empre-sa no potencial do candidato,suas virtudes e sua capacidadede realização, que poderão serc o m p rovadas ou não com o seudesempenho ao desenvolver suasatividades após sua contrata-ção”, afirma Wi l s o n .

Estudantes de diversos cursos,que enfrentam uma bateria deexames para conseguir um estágioou um emprego em difere n t e se m p resas divergem sobre o assun-to. Marina Nishitani, aluna deComunicação Social da PUC-Rio eThiago Souza, de 23 anos, alunode Engenharia de Te l e c o m u n i-cações do Instituto Nacional deTelecomunicações (Inatel), em Mi-nas Gerais, desconfiam da pre-

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A American Airlines admite o uso depolígrafos

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cisão do método empre g a d opelas multinacionais. “Acho quenão há necessidade das empresasusarem detector de mentiras. Issofaz uma pressão muito forte napessoa que está sendo entrevista-da”, diz Marina

O aluno de engenharia concor-da: “Pelo que eu sei, o detector dementiras trabalha em função dasalterações na voz e algumasalterações no corpo humano,como batimentos cardíacos. Eunão aprovaria o uso desse méto-do nas entrevistas de seleção decandidatos, pois nessas situaçõesé normal o candidato apresentarn e rvosismo, ansiedade, insegu-rança e isto influenciaria muitono resultado do teste. Eu acreditoque a equipe de Recursos Huma-nos tenha métodos e ferramentassuficientes para traçar o perfil docandidato sem ter a necessidadede um detector de mentiras”.

E n t retanto, para Leonard oGuedes de Sousa, de 23 anos, es-tudante de Engenharia Mecânicana PUC-Rio, o uso do polígrafo é

válido, pois a empresa está de-fendendo os seus intere s s e s .“Acho que se o candidato tiveralgo a esconder, ele vai ficar ner-voso. Aí está a validade doexame. Se ele não tem nada aesconder, teoricamente não deve-ria ficar preocupado. Mas tam-bém penso que a pessoa deveriaser informada que vai passarpelo teste e assim poder escolherse quer fazer ou não a avali-ação”.

Melhor que detectar mentirasé definir o que é a verdade

Alguns profissionais tambémafirmam que a eficácia dos detec-tores de mentira é discutível. Paraa psicóloga e professora doDepartamento de ComunicaçãoMadalena Sapucaia, antes de uti-lizar o detector de mentira paraavaliar se uma pessoa está falan-do a verdade ou não é precisosaber o que é verdade. “Os con-ceitos de mentira e verdade pre-cisam ser definidos para se pen-sar em qualquer detector de men-tiras. Existiria um detector de ver-dades?”, pergunta.

De acordo com Madalena, ossinais dados pelo corpo, comosuor excessivo, tremor, gagueira egestos, podem enganar qualquerpessoa. Essas variações sóquerem dizer alguma coisa se osenvolvidos têm algum grau deintimidade. E acrescenta: “achoaté perigoso usar métodos demedir batimentos cardíacos, al-teração da pressão ocular, ououtras medições do sistema bio-químico para construir verdadesdo campo da comunicação, oup i o r, numa investigação poli-cial”.

Para Madalena, ao contráriodas desconfianças que todomundo tem de que alguém podecontrolar as emoções e burlar osistema, o único controle é dizer averdade. Ou estar morto. “Achomuito fácil se contar mentirassem levantar suspeitas, talvezporque sempre contamos menti-ras, pois o real é inapreensível etudo que contamos é apenasuma verdade parcial, ou mesmouma mentira parcial. To d o stemos que lidar com isso em nos-sas angustiantes existências”,afirma.

A dor como detector de mentira

Além da intimidação psicológi-ca que um aparelho como o polí-grafo pode causar, há casos emque outros métodos são utiliza-dos para se obter a verdade. Emcasos em que a tortura é usadacontra pessoas para se conseguiri n f o rmações que o tort u r a d o rquer ouvir, pessoas se torn a mc a rrascos e podem assumir a

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Leonardo concorda com o uso dopolígrafo em seleções de empresas

Madalena se pergunta: “existe umdetector de verdades?”

Ana Carolina Marques Ana Carolina Marques

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função de detectores de mentiras.Nesse caso, não há controvérsia:além das implicações éticas, atortura não pode ser consideradaum método legítimo e eficaz de sedescobrir a verdade.

O período da história brasileiramais lembrado quando se falaem tortura é a Ditadura Militar.Nessa época, qualquer pessoaque se posicionasse contra oregime e a favor da democraciapoderia ser preso, torturado e atémorto. Até hoje, 20 anos depoisdo fim da ditadura, pare n t e sainda procuram pessoas queforam presas e não tiveram seuscorpos encontrados: são os “desa-parecidos políticos”.

Ex-presos políticos e familiaresde pessoas mortas ou desapareci-das durante a ditadura militarfundaram, em 1985, o Gru p oTortura Nunca Mais (GTNM), quetem sedes espalhadas por diver-sos estados brasileiros. A enti-dade busca esclarecer circunstân-cias ligadas às torturas realizadasno período ditatorial e garantir,na atualidade, a manutençãodos direitos humanos. Entre suasações estão campanhas de cons-cientização, denúncias de antigose novos casos de tortura e a lutacontra a impunidade.

Cecília Coimbra, uma das fun-dadoras do “Tortura” e sua atualvice-presidente, foi presa e tortu-rada no DOI-CODI do Rio deJaneiro durante o governo Mé-dici; período máximo da re-pressão, que teve o AI-5 como suamaior arma de controle. Umadenúncia anônima fez a entãomilitante do Movimento Revo-lucionário 8 de Outubro (MR-8)ser detida na Polícia do Exército

no período que se estendeu deagosto a novembro de 1970.Entre as violências sofridas porela durante o três meses e meioem que ficou aprisionada estão aviolência sexual e sessões dechoque elétrico. “A tortura, maisdo que uma forma de arrancardos torturados informações, é umdispositivo de controle e subju-gação social de extrema eficiên-cia”, explica Cecília.

A dor extrema levou muitosindivíduos a confessarem o en-volvimento de companheiro s .Cecília, que é psicóloga, contaque estas confissões destruíram avida de inúmeras pessoas, quecarregaram por muito tempo aculpa pela delação de amigos.Segundo ela, a culpa que as pes-soas carregam é tão grande queacaba esvaziando a maldadepraticada pelo Estado e centran-do a mesma no indivíduo quesucumbiu à tortura. “É como seesquecêssemos que o vilão é opraticante da tortura e não aque-le que sofreu as conseqüências dador. A culpa foi uma vilã muitoforte naquela época”, lamenta.

A imagem de um carrasco sádi-co por natureza é combatida porCecília Coimbra. Ela acredita quea crueldade dos torturadores fazparte de um treinamento no qualaprendem a ser frios e a tratar otorturado como um objeto. “Nãoexiste uma índole ruim, o queexiste é um treinamento, umaadequação, e isso faz nascer essetipo de comportamento. Qual-quer um de nós pode ser transfor-mado em um torturador, bastaque sejamos guiados a isso”, afir-ma ela.

Um dos objetivos do gru p o

Tortura Nunca Mais destacadospela vice-presidente é a denúnciade abusos contra os dire i t o shumanos na atualidade. Cecíliaa l e rta para o fato de que asmaiores vítimas dessa violênciasão crianças e adolescentes euma população à margem, quese cala por medo de retaliação.“Apesar de a ditadura ter chega-do ao fim, antigos instrumentosde tortura, como o “pau dearara” e o choque elétrico, aindasão utilizados para a subjugaçãoe humilhação de pessoas dentrode prisões, delegacias e casas querecebem menores infratores. Nóslutamos contra este tipo deabuso”, conclui.

Em 2005, o grupo To rt u r aNunca Mais completa 20 anos e,entre os objetivos já alcançados,estão o afastamento de tort u-radores de cargos públicos e acassação do registro de profis-sionais da saúde que colabo-raram com as práticas de tortura,como médicos e médicos-legistasque emitiram laudos falsos. Og rupo oferece, ainda, acompa-nhamento jurídico a atingidospela violência por parte doEstado e um projeto clínico-gru-pal de reabilitação, com dife-rentes modalidades terapêuticas.Outras informações podem ser

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Pau-de-arara

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encontradas no site do grupo noRio – www. t o rt u r a n u n c a m a i s -rj.gov.br.

Um detector de mentiras quediverte

O folclore em torno do detectorde mentiras é tão grande que odispositivo já funciona comoaferidor das notícias das revistasde fofocas. No programa de au-ditório Boa Noite Brasil, da TV

Bandeirantes, o apresentador Gil-berto Barros apresentava às cele-bridades notas de revistas, princi-palmente as mais picantes. Umsoftware de análise de voz indica-va o que é verdadeiro ou não deacordo com a resposta dos fa-mosos.

A partir daí, as mais inespe-radas saias justas podem aconte-cer: quando o ator AlexandreFrota esteve no programa, Gil-

berto quis confirmar a notícia deque em seu mais recente filmep o rnográfico Frota teria feitosexo com mais de 20 mulheres. Oator confirmou e a máquina des-mentiu. A l e x a n d re re c l a m o uque, com isso, sua virilidade es-tava prejudicada. Não foi à toaque a Polícia Civil garantiu queo polígrafo é um aparelho que,atualmente, serve apenas parad i v e r s ã o . . .

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Detector de mentiras é estrela de cinema

O interesse pela mentira e principalmente pelo desmascaramento dela, sempre foi alvo de curiosidade dohomem. Saber da falha do outro é uma forma de identificar também seus defeitos. Pela proximidade coma realidade, a mentira sempre foi um artifício usado no cinema. E o detector de mentira também nãoescapou das telas, seja como um artifício para o riso como na comédia Entrando numa fria, seja no sus-pense Instinto selvagem onde o aparelho é usado para desmascarar uma personagem.

Instinto selvagem –suspense/1992: nofilme que consagrouS h a ron Stone comsua famosa cruzadade pernas, a perso-nagem da atriz, prin-cipal suspeita de umassassinato, é sub-metida ao polígrafo.Ela passa ilesa peloa p a relho, colocandoem discussão suaeficácia.

Entrando numa fria– comédia/2 0 0 0 :na comédia deJay Roach, Greg,personagem deBen Stiller, é sub-metido a umasérie de intimi-dações e pro v a spelo pai de suanoiva. E n t re esses testes, Greg tem que passarpelo detector de mentiras para provar sua iden-t i d a d e .

Fogo no céu – ficçãocientifica/1993: basea-do em fatos reais, ofilme relata o caso deTravis Walton, umlenhador que foi abdu-zido por ET’s. Ao re t o r-n a r, o personagempassa por uma série deexames e investigações,incluindo o detector dementiras, para pro v a ra veracidade de suahistória.

Crime em primeiro grau –drama/2002: Tom Chapman(James Caviezel), vive umcasamento feliz com a pro-motora Claire Kubik (AshleyJudd), até que seu passado esua identidade vêm à tona.Ele é acusado de ter part i c i-pado de um massacre em ElS a l v a d o r, sendo preso poresta acusação até que seujulgamento na corte militar ocorra. Mas, parap rovar seu amor e sua inocência, Tom vai atémesmo para o detector de mentiras.

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