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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE JOEL BRANCHINI FILHO A VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE CONCEITOS CIENTÍFICOS VEICULADOS NAS PROPAGANDAS TELEVISIVAS E O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

JOEL BRANCHINI FILHO A VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE A RELAÇÃO

ENTRE CONCEITOS CIENTÍFICOS VEICULADOS NAS PROPAGANDAS TELEVISIVAS E O PROCESSO

ENSINO APRENDIZAGEM

São Paulo

2010

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JOEL BRANCHINI FILHO

A VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE CONCEITOS CIENTÍFICOS VEICULADOS

NAS PROPAGANDAS TELEVISIVAS E O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como parte das atividades para a obtenção do título de licenciado em Biologia, sob a orientação do Professor Dr. Rinaldo Molina, no 6º semestre, turma B, da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Orientador: Prof. Dr. Rinaldo Molina

São Paulo 2010

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A minha namorada Sara que sempre esteve comigo nesta caminhada.

A meus pais e irmã que me apoiaram

em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, criador de todo o universo, que me deu forças e me capacitou

para que este trabalho pudesse ser realizado.

Ao Ilustre Professor Dr. Rinaldo Molina, orientador deste trabalho, pela

dedicação, apoio e orientação durante esta realização.

Aos demais professores da Faculdade de Ciências Biológicas da

Universidade Presbiteriana Mackenzie que muito contribuíram para o

meu desenvolvimento pessoal e, sobretudo, acadêmico.

Aos meus maravilhosos pais.

À minha irmã Fabiana, pessoa muito importante em minha vida e que

sempre esteve comigo.

As minhas avós Herminia e Maria Esther, pessoas tão diferentes, mas

com muito valor e que muito me ensinaram no decorrer dos anos.

A minha amiga, namorada e futura mulher Sara.

A meus amigos e colegas pelo suporte dado nas situações mais

complicadas e pela alegria compartilhada nos momentos felizes.

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“A criança absorve fatos levados a ela pela

mídia e não pela escola." FREIRE E GUIMARÃES

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RESUMO

Dada a influência da mídia no publico infanto-juvenil, a presente monografia tem

como foco principal abordar a visão dos professores sobre os conceitos científicos

vinculados nas publicidades televisivas. Esta investigação enfatiza que dentre os

programas televisivos é a propaganda aquela que mais se faz preocupante quando

destinada ao público menor, tendo em vista que é um público em formação e fácil de

ser enganado pelas investidas publicitárias. Com a intenção de verificar se os

professores reconhecem e atuam frente aos conceitos científicos veiculados nas

propagandas; foi desenvolvido e aplicado um questionário com questões abertas

para obtenção de dados em seis professores de Ciências e Biologia. A partir das

respostas fornecidas verificou-se que há conceitos científicos ligados às

propagandas televisivas que nem sempre são coerentes aqueles ensinados em sala

de aula. Dessa forma discute-se a importância do professor em educar o aluno e

apoiá-lo no desenvolvimento de um olhar critico sobre os meios de comunicação.

Palavras chave: Conceitos Científicos; Publicidade televisiva; Mídia; Ensino

aprendizagem.

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ABSTRACT

Given to the influence of media on children and teenagers, this monograph focused

primarily on addressing the teachers' view on scientific concepts bounded to

television advertisements. This research emphasizes that among TV programs the

advertising is the most disturbing when intended for younger audiences, considering

that it is a public on development and easily fooled by the advertising invested. With

the intention of verifying whether teachers recognize and act when facing scientific

concepts conveyed in advertisements; it was developed and applied a questionnaire

with open questions to gather data with six science and biology teachers. From the

answers provided it was verified that there are science concepts related to television

advertisements that are not always related to those taught in the classroom. Through

this it is discussed the importance of teachers in educating and supporting the

students on its development of a critical eye on the medias.

Keywords: Scientific Concepts; television advertising, media, teaching learning.

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SUMÁRIO

1 – Introdução........................................................................................8

2 – Referencial Teórico ........................................................................10

1.1 – A criança e o adolescente em face da publicidade ...........18

1.2 – Educar para um olhar critico...............................................20

3 – Procedimentos Metodológicos .......................................................24

4 – Análise ...........................................................................................27

5 – Considerações Finais ....................................................................34

6 – Referências Bibliográficas .............................................................36

7 - Anexo..............................................................................................40

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1- INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo averiguar se os

professores das áreas de ciência e biologia percebem que há conceitos científicos

veiculados nas publicidades televisivas e se estes divergem daqueles

conhecimentos ensinados em aula.

Tendo em vista que os meios de comunicação influenciam as pessoas, a

Revista do Professor (2006) afirma que os pensamentos das crianças e jovens

mudam drasticamente sob a influência das propagandas estimuladas pela televisão,

o mais poderoso e abrangente veículo de comunicação existente nos dias de hoje. O

impacto causado por esse meio de comunicação sobre a infância caracteriza-se por

mudanças de comportamento, no consumo de produtos veiculados pela TV e na

padronização de modelos e linguagens, sendo, o público infantil o mais visado na

sociedade de consumo contemporânea. Fator que desencadeia nosso interesse pelo

tema.

Para a apresentação desse estudo primeiramente situasse o assunto de

acordo com os referenciais teóricos utilizados, fazendo-se uma breve discussão

sobre a comunicação e os meios em massa, tendo como foco principal a

programação publicitária televisiva.

Posteriormente, discutir-se-á a influência de tais programações na formação

do público infantil e a necessidade da educação para os meios, sensibilizando o

aluno da não transparência da TV (MORAN 1991).

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Na parte seguinte apresenta-se os procedimentos utilizados; encerrando-se

com a análise que, possibilitará o leitor tecer suas próprias conclusões a respeito do

tema, identificando se existe uma real influência dos conceitos científicos

apresentados nas propagandas televisivas, no modo de agir do público infantil.

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2- REFERENCIAL TEÓRICO

Todos os seres desde que nascem possuem a necessidade de se comunicar.

Estudos demonstram que foi por meio dessa necessidade que a fala e a escrita

foram desenvolvidas.

Esta obrigação imprescindível de um indivíduo falar com o outro deu origem a

gemidos e grunhidos dos ancestrais comuns ao homem; que consecutivamente

evoluíram e juntos constituíram línguas para cada grupo em especial. Ainda é

possível notar essa necessidade nos achados em cavernas antigas, rabiscos e

desenhos (pinturas rupestres), pelos quais tribos se comunicavam.

Diferentes meios foram criados para que os indivíduos pudessem se

comunicar. Esses instrumentos criados nos ajudam a comunicarmos um com os

outros, nos auxiliam a receber ou transmitir informações.

Fazendo um salto no tempo os meios sofreram grandes avanços, de forma

que os homens passaram a se comunicar mesmo com longas distâncias, por

intermédio de cartas, telegrafia e telefonia.

A necessidade de se comunicar e transmitir informação ficou cada vez maior

e novos meios de comunicação foram descobertos, foi por meio desta necessidade

que surgiu os meios de comunicação em massa. Para Raboy (2006), estes meios de

comunicação funcionaram como mecanismos que permitiram a disseminação em

massa da informação.

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Atualmente, os principais meios de comunicação em massa são: o rádio, a

televisão, o cinema e a internet, que são mídias que possuem um centro emissor e

uma multidão de receptores. A informação destes instrumentos é veiculada sem

nenhuma interação entre o locutor e os muitos que o ouvem.

É através dos meios de comunicação em massa que as diferentes pessoas

da sociedade recebem com muita rapidez informação, conhecimento, cultura e

divertimento. A recepção desses meios é, dentre outras, uma prática apreendida e

desempenhada pelas pessoas adultas, jovens e crianças no dia a dia (FUSARI,

1985).

Com o acelerado processo de globalização e urbanização, a maioria dos

adolescentes e crianças permanece por longos períodos do dia confinada em suas

casas e quartos, enquanto os pais trabalham fora. Desta forma, os meios de

comunicação (rádio, revista, computador, televisão, etc.) com os quais têm constante

contato passam a ser uma opção de entretenimento.

Nos dias de hoje, dentre esses meios de comunicação, é a televisão quem

concentra o maior poder de informação, levando-se em consideração o número de

pessoas atingidas simultaneamente a partir dos centros emissores e também a

acessibilidade do aparelho.

A TV não é considerada o meio de comunicação mais atualizado e rápido,

mas sem dúvida é o aparelho que mais está nos lares dos habitantes da sociedade,

já que alguns meios, como o computador não estão disponíveis para todos, pois

neste último caso é necessário um maior investimento financeiro para obter tal

produto.

Dentro deste contexto, neste trabalho em especial, focaremos os meios

televisivos dirigidos às crianças e jovens.

Moran (1991) entende que os meios de comunicação, principalmente a

televisão, exercem poderosa influência em nossa cultura. Esta reflete, recria e

difunde o que se torna importante socialmente. Além de exercerem esta influência,

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esses meios, segundo Fusari (1985) possuem a finalidade de educar, entreter,

comunicar e apresentar aos telespectadores produtos a serem consumidos.

Um breve levantamento histórico feito por Pereira (2002) sobre a relação da

criança com a televisão no Brasil nos últimos cinqüenta anos revela que a

programação infantil veiculada na mídia televisiva era baseada apenas nos clássicos

literários, nos quais a criança era seduzida por esse objeto mágico, que inclusive

conversava com ela.

Informa ainda que uma primeira modificação em relação à criança e seu papel

com a televisão se deu nos anos sessenta, quando a criança deixou de ser

espectadora e passou a ser protagonista dos programas exibidos; num primeiro

momento apenas em programações infantis.

Posteriormente, já na década de oitenta, deixou de ser protagonista de

historinhas literárias ou de cunho artístico, passando a participar de animações e

gincanas, pelas quais a competição era instigada. Paralelamente a esse avanço da

relação entre a TV e criança, se cria um mercado de produtos veiculados aos

programas, que variam de bonecas e estampas em vestuários, até aparelhos

eletrônicos e produtos alimentícios.

A criança assiste televisão a todo o momento e os programas que são vistos

não são apenas infantis, mas envolvem todos os aspectos, podendo ser desenhos,

filmes, novelas e, consequentemente, as propagandas transmitidas entre a

programação.

Sendo a criança um grande espectador da televisão, as emissoras abertas

destinam parte de sua programação para atender ao público infanto-juvenil

(MESQUITA, 2008). Não haveria problema se as emissoras televisivas mostrassem

suas programações dentro do aspecto principal transcrito por Pereita (2006), qual

seja: “a educação é um dos fins do serviço televisivo e é segundo o Código Federal

a finalidade preferencial, sendo o caráter educativo necessário sempre que a TV

esteja orientada ao público infanto-juvenil” (p.81).

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Contudo, percebe-se que as emissoras utilizam determinadas artimanhas

para “enfeitiçar” e fazer com que o público mais jovem fique vislumbrado com tudo

aquilo que é apresentado a eles, principalmente quando está envolvido com

animações, bichinhos e pessoas famosas.

Para Leal (2006):

“A TV alcançou níveis de descompromisso com a qualidade da programação, afrontou a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente [...] passou longe dos ideais educativos [...] surge como um empreendimento comercial batizado dos interesses de empresas privadas frentes a uma expansão de negócios”. (p.10)

Há um problema ainda maior que este, para Doghie (2008), os meios de

comunicação exercem grande influência sobre os sujeitos, sendo que estes passam

a acreditar e a depositar certa fé no que é apresentado pelas TVs, passando a

organizar suas condutas e vivências a partir dessa imagem produzida.

Uma consequência do problema citado acima é que determinadas crianças e

jovens estão se acomodando em relação àquilo que é veiculado pela mídia, já não

há uma racionalidade ou busca por determinados assuntos. Muitos dos saberes dos

jovens e crianças se formam pela mídia áudio-visual, em que a informação precede

de modo direto, imediato e intuitivo (DIEUZEID, 1973).

O adulto significava para a criança uma referência para busca de resposta às

suas indagações, entretanto com a maciça presença da televisão na vida cotidiana,

esse quadro se modificou, já que a televisão aborda quase todos os temas,

oferecendo respostas às perguntas que nem chegaram a ser feitas (PEREIRA,

2002).

Para Pereira (2002) essa geração moderna vai em busca de conhecimento,

aprendizagem e respostas, a TV como é a mais popular mídia acaba assumindo um

papel fundamental na formação intelectual, na produção de conhecimento, entre

outras áreas transformando-se em referência.

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Hoje a TV tem sido objeto de muita discussão a respeito do seu papel na

sociedade, sabe-se que há programas educativos que são importantes e relevantes

para o desenvolvimento da criança, entretanto há muita influência negativa da

programação veiculada. Mesquita (2008) diz que a TV é culpada por muitos males e

cita principalmente aqueles que influenciam na violência, apatia e consumismo.

Dentre os muitos programas veiculados na televisão o que mais preocupa é a

propaganda. A publicidade possui um grande espaço na programação e está a todo

o momento tentando buscar situações e meios para atrair os consumidores, já que

são muitas as artimanhas publicitárias para atrair o público.

Para Bucht (2002) a maioria da publicidade está enquadrada nas

propagandas, que são caracterizadas por poderosas forças que exercem influência

sobre a mídia audiovisual.

A partir de um seminário que aconteceu na Dinamarca em 2009, Catharine

Bhucht em seu livro “a criança e a midia” (2002) apontou os principais tópicos

levantados no evento em relação a publicidade dirigida às crianças pela televisão.

Duas visões bem distintas surgiram durante a discussão descrita pela autora.

Um determinado grupo era favorável à propaganda dirigida à criança, dizendo

que embora as crianças estejam em formação, elas não são tão ingênuas e a

propaganda faz parte da vida de todas, de forma que é necessário saber lidar com

ela.

Outra idéia era que as emissoras necessitam da propaganda direcionada para

a criança para produzir programas infantis. Outros aspectos apontados pelos

defensores da propaganda são que a propaganda é boa para a criança, pois

beneficia e informa como o mundo funciona e ainda, a propaganda dirigida à criança

contribuiria para a existência de uma indústria televisiva livre e independente.

Já o outro grupo, não favorável, acredita que a propaganda não tem uma boa

programação para o grupo jovem e infantil, pois muitas das vezes as crianças não

conseguem distinguir e entender a realidade da investida publicitária.

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Nesta perspectiva é possível notar que a publicidade acabou aderindo à

lógica do mercado, fazendo, então um caminho para o consumo, abrindo cada vez

mais a mão para a reflexão do mundo em prol da incessante busca da mercadoria.

Nesta idéia de publicidade, Pereira (2002) infere que as propagandas acabam

criando uma outra sociedade, na qual todos são felizes, a vida tem mais cor é

consequentemente é mais bonita.

Em sua obra “Infância, televisão e publicidade”, a mesma autora exemplifica a

situação fazendo uso de uma citação de Rocha (apud PEREIRA, 2002), por esta:

“Somente este universo mágico é capaz de unir sucesso e cigarro, ecologia e

conjunto habitacional, margarina e saúde infantil, batom e beleza do eterno feminino”

(p. 91).

A publicidade cria um estereótipo de mundo fictício e faz com que o seu

público fique cada vez mais atraído com os produtos apresentados, tendo em vista

que os adultos já possuem certa formação intelectual. A investida publicitária se

utiliza do público mais jovem como principal consumidor do produto.

Moran (1991) faz uma análise sobre a programação publicitária e informa que

as crianças e os jovens são os preferidos da publicidade, já que seguram a

audiência da TV por longas horas do dia e porque são dentro de uma família os

acionadores da compra (eles compram e influenciam na hora das aquisições).

No documentário Criança a Alma do Negocio (2006) há depoimentos de mães

que mostram suas insatisfações sobre a programação dirigida à criança e também

sobre a quantidade de produtos objetos de compra, que são escolhidos por seus

filhos. Assim, eles acabam influenciando dentro do lar no que comer, no que usar,

entre outras coisas.

As propagandas estão apresentando ao consumidor produtos que vão de

alimentos até eletrodomésticos, como citado anteriormente, os publicitários utilizam

bonecos, personagens infantis e famosos para atrair o público infantil.

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Sendo a criança, a grande influenciadora de compra no lar, os publicitários

utilizam os personagens para apresentar os produtos à criança, muitas das vezes

esses produtos não são para elas, mas a intenção é que essas influenciem seus

pais a adquirir determinada mercadoria.

Um determinado grupo chamado CONAR (conselho nacional de

autorregulação publicitária) tem hoje no Brasil a responsabilidade de fiscalizar as

propagandas que utilizam artimanhas desnecessárias e abusivas de acordo com as

leis.

É um grupo formado por publicitários e profissionais de outras áreas numa

organização não – governamental que defende a população da publicidade de

acordo com as constituições da propaganda comercial

Um exemplo a ser dado de propaganda dirigida ao público adulto, que teve a

veiculação proibida pelo CONAR é a de que determinada marca de bebida alcoólica

utiliza de personagens infantis como o papa-léguas, além de um ambiente todo

infantil por trás do produto.

No Brasil há órgãos que vistoriam propagandas, entretanto isso se faz há

pouco tempo, Moran (1991) mostra a realidade da publicidade nos países:

A maior parte dos países permite que a publicidade sustente os meios de comunicação. Mesmo os europeus, onde o rádio e a televisão permaneciam sob o controle estatal, foram claudicando e abrindo brechas, até liberá-la quase totalmente. Os meios se transformam, assim, no entretenimento da maioria das pessoas e na articulação cada vez mais estreita com grupos econômicos. Tudo é vendido, tudo é trocado, tudo é produto. O que conta não o valor cultural do programa oferecido, mas seu poder de atrair o publico desejado (p. 43).

Já hoje a realidade é outra, visto que a cada dia a publicidade dirigida a

criança e jovens está apurando sua investida, o documentário “A Criança a Alma do

Negocio”, mostra as principais punições para os países Europeus que dirigem a

publicidade a crianças.

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Um reflexo da propaganda que se faz notório, segundo Soifer (1992) é ver o

quanto crianças pequenas imitam as propagandas, cantam os jingles. Isso se dá

porque das programações é a propaganda a que mais se repete dentro da TV e se

apresentam mais constantes.

Para aumentar a investida publicitária Fonteles (2008) descreve que alguns

canais utilizam o horário do desenho animado ou programação jovem para aumentar

a quantidade de propaganda dirigida a este público.

Outra artimanha utilizada e descrita por Pereira (2002) é:

Os programas de TV também interrompem sua história no ponto culminante, adiando o desenredo da história depois do intervalo comercial[...] Entretanto tem ficado cada vez mais difícil precisar esses distintos momentos, uma vez que os anúncios foram admitidos no interior dos programas em forma de merchandising, assim como os programas não se tem diferenciado muito dos filmes publicitários. (p. 90)

Tanto Pereira (2002) quanto Fonteles (2008) descrevem sobre a utilização

dos próprios personagens (fictícios e reais) para fomentarem a chamada da

propaganda, ficando ainda mais difícil diferenciar o momento de desenho ou filme da

propaganda em si.

A publicidade tende a apontar sempre para o consumismo e capitalismo, mas

dentre as propagandas é possível se notar que, em geral são três as influências: a

primeira a é aquela que está relacionada à apatia e violência.

Outra influência bastante grave e a mais visível no meio publicitário é a que

cria ideologia. Propagandas que se utilizam de famosos para apresentar o produto, e

com suas falas mexem com o imaginário do público infantil e jovem em adquirir o

produto e conseqüentemente este será igual aos apresentadores.

Por fim, há a propaganda que utiliza conceitos além do comum; pela qual

existe uma veiculação de conceitos científicos que, induzem ao consumo de

determinado produto, a partir destes conceitos que podem não representar a

verdade.

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Dentro dos aspectos citados aquele que menos é visível é o conceitual; os

publicitários utilizam palavras e situações relacionadas à ciências não conhecidas

pelo senso comum, a fim de que esses termos acabem enganando ao consumidor.

Mesquita (2008) alerta sobre isso, mostra que: “fatos e conceitos relacionado

com a ciência são veiculados via televisão e as crianças e jovens acabam sendo

influenciados em suas idéias a respeito do tema.” (p. 420)

Tais conceitos veiculados muitas vezes são imperceptíveis aos olhos dos

jovens e crianças, e muitos se diferem daqueles ensinados em sala de aula. Nesta

perspectiva, Kominsky e Giordan (apud MESQUITA, 2008) reafirma que: “As visões

do mundo dos estudantes também devem ser influenciadas pelo pensamento

científico e pelas expressões de sua cultura, cujos traços são parcialmente

divulgados na mídia” (p. 421).

É possível notar então que a cada dia o marketing se modela e utiliza de

infindáveis mecanismos para ludibriar e trazer os jovens para o consumo. Assim, o

público infantil é muito visado pela publicidade, pois este é suscetível de

manipulação, pois está em formação (FONTELES, 2008).

2.1. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE EM FACE DA PUBLICIDADE

A publicidade como já citado possui grande espaço na programação

televisiva, Frente a esta situação Fonteles (2008) entende que algumas

propagandas dirigidas a crianças são consideradas:

Pelo código de defesa do consumidor porque se vale da deficiência de julgamento e experiência das crianças que são seres humanos em formação [...] A criança e o adolescente devem ser protegidos de forma abrangente, aponta para um sistema de proteção integral que torna intrinsecamente ilegal toda a publicidade dirigida ao publico infantil (p. 65).

Os publicitários utilizam mecanismos que ultrapassam o discernimento do

público infantil para manipular e induzi-los ao consumo, fermentado cada vez mais o

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sistema capitalista. Afirma Henriques (apud FONTELES,2008, p. 9) que está

situação mostra que a criança, diferente do adulto, não possui mecanismos internos

para compreender as investidas publicitárias. O público infantil não tem condições de

se defender dos instrumentos de persuasão criados e utilizados pela tão poderosa

indústria publicitária.

O adulto normalmente consegue distinguir em determinadas ocasiões as

possíveis verdades e mentiras aplicadas pelas propagandas; já as crianças não

conseguem ter olhos críticos em relação à publicidade.

Hoje a publicidade se modelou à criança, é notório quando vemos carrinhos

de supermercados exclusivos para crianças, shoppings com apenas utensílios

infantis. Pereira (2002) As inúmeras adequações feitas pela publicidade se fizeram

no intuito da criança não mais depender dos pais, de forma a poder fazer a escolha

que desejar.

A mídia tem esse poder de fazer com que a grande parte do que é

apresentado como produto vire febre mercadológica; suas investidas tanto no

caráter ideológico quanto conceitual acabam sendo inexistentes ao público mais

jovem. Tudo para essa geração é bom e faz bem para sua vida e satisfação pessoal.

Para Pereira (2006) é tão sucinta essa investida para o público mais jovem

que estes não acabam notando que o caráter comercial da TV é quem decide sobre

o que eles devem vestir, beber e comer.

Tendo em vista que as crianças não estão prontas para se defenderem dos

apelos comerciais e televisivos, há no geral dois aspectos para amenizar e tentar

acabar com a influencia negativa, já que difícil será acabar coma programação

televisiva visto que é uma cultura do nosso país.

Segundo Pereira (2006) primeiramente se deve remeter a responsabilidade

às emissoras de TV; exigindo uma postura diferente destes. É necessário considerar

a programação veiculada em horário de intensa assistência do público mais jovens e

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pender para uma tolerância mais quantificada da programação tendo em vista a

situação vulnerável e sensível do receptor.

Sendo assim, como que essa remodelação de programação se torna inviável

devido às características televisivas publicitárias outro aspecto que pode solucionar

essa problemática é o de trazer para a educação a reflexão do público mais novo

sobre as forças persuasivas da televisão.

2.2.EDUCAR PARA UM OLHAR CRÍTICO

Dados levantados por Moran (1991) mostram: “A criança chega a

adolescência depois de assistir 15 mil horas de televisão, mais de 350 mil

comerciais, contra menos de 11 mil horas de escola” (p.61).

Os alunos dedicam quase tanta atenção à essas mensagens como as

atividades escolares, dessa forma não se pode eternizar a recíproca ignorância que

esse meio não influencie na relação escolar (DIEUZEID, 1973).

A televisão se torna assim um dispositivo agradável de ser assistido e se faz

notória a diferença de quantidade de horas dedicadas a esse meio em relação a

quantidade de tempo destinado aos estudos. Além disso todo o conteúdo veiculado

não requer esforço para compreensão, está tão fácil e simples de ser entendido que

os alunos não vêem dificuldades de captar as informação veiculadas.

Quando os alunos chegam à escola, estes já estão acostumados e

acomodados com a linguagem ágil, fragmentada e sedutora da mídia a criança

desta forma julga a aprendizagem a partir da TV (MORAN, 1991).

Fusari (1985) ressalta que dentre os elementos da telecomunicação, são os

receptores que precisam urgentemente aprender e conhecer as atrações frente à

mídia; objetivando uma formação de consciência critica, a favor de uma melhoria

individual. Além de educar o espectador infantil quanto ao que olhar e assistir e de

ajudar a escolher programas televisivos que os auxiliem na educação.

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Os educadores classificam essa ação educativa como “Educar para os

meios”, claramente Moran (1991) descreve essa atitude: “É problematizar o que não

é visto como problema e desideologizar p que só é visto por ideologia[...] do

conteúdo veiculado, do expicito-implicito [...] das sutilezas das imagens, da

articulação verbal visual e escrita” (p. 89).

Felizmente, pesquisadores e professores já detectaram os problemas que

estes meios acabam influenciando na vida das crianças e jovens. Soifer (1992)

informa que além dos professores e educadores, um pequeno número de família,

possui a noção clara do prejuízo nefasto que esses meios ocasionam no inicio da

infância, influenciando no falar, no como se vestir e nas atitudes violentas que seus

filhos apresentam em determinadas situações.

Entretanto, é necessário fazer com que estas crianças comecem a entender e

atuar criticamente a respeito destes meios de comunicação. Nestas circunstâncias,

Karsaklian (apud FONTELES, 2008, p. 68) entende que:

A percepção das intenções da publicidade tende a crescer de forma diretamente proporcional com a idade da criança. O estado de desenvolvimento cognitivo, junto com a idade e nível atingido na escola, é o determinante central da compreensão dos comerciais de TV. (...), é por volta dos 8 a 11 anos que a maioria das crianças está realmente capacitada a tomar consciência tanto dos objetivos informáticos quanto persuasivos, nos quais se baseiam o discurso publicitário (p. 68).

Como já citado anteriormente, além da família e do Estado vigiar e proteger o

público infantil, é papel do educador apresentar e trabalhar o senso critico dos

alunos em meio à publicidade.

É função educativa mostrar contradições da mídia, sensibilizar o aluno da não

transparência dos meios, das respostas ambíguas, entretanto o trabalho é complexo

e demorado, não sendo possível modificar todas as relações dos participantes. Com

um fim principal de formar cidadãos esclarecidos de olhos abertos para uma

sociedade capitalista (MORAN 1991).

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Entretanto é necessário que a escola e os professores repensem a relação da

televisão na sala de aula e como está sendo utilizada. Tendo em vista que a

educação para o meio não é suficiente para que os professores se utilizem deste

material para apresentar apenas obras literárias ou documentários sobre

determinado assunto (DIEUZEID, 1973).

A educação se faz em mostrar as tais investidas publicitárias, os conceitos

veiculados pela mídia comparando com aqueles ensinados na sala de aula.

É importante que a professora conduza com competência o processo de

aproximação da realidade apresentada pela mídia com aquele da realidade da aula

do aluno; a fim de se fazer significativa diferença (MESQUITA, 2008).

O próprio parâmetro curricular nacional (PCN,S) dispõe em sua exposição a

atitude que o professor deve aderir frente a TV; descreve que:

A programação convencional de televisão, quem em principio não tem finalidade educativa, pode ser utilizada como fonte de informação para problematizar os conteúdos das áreas do currículo, por meio de situações em que o veiculo pode ser um instrumento que permite observar, identificar, comparar, analisar e relacionar dados, cenários e modos de vida ( BRASIL, 1998, p.143).

Os meios de comunicação desempenham importante papel educativo, sendo

classificado por alguns autores como escola secundária; sendo ela eficiente e

informal, porque ensina de forma atraente (MORAN, 1991).

A escola e os professores precisam repensar e assumir posturas diferentes

meio a utilização da TV; além de desenvolver uma percepção mais ativa e atenta

dos alunos, utilizando esse meio “informal” para mostrar e ensinar.

Segundo Freire (apud FONTELES, 2008):

As crianças absorvem fatos levados à ela pela mídia e não pela escola, parecendo que há mais atenção aos conteúdos divulgados pela primeira em detrimento da segunda, o que transforma a mídia numa espécie de escola paralela (FONTELES, 2008, p.47).

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Moran (1991) diz que não se pode de maneira alguma ignorar e ser inimigo

dos meios de comunicações e quando utilizado tomar muito cuidado para não imitar

ou torná-lo como entretenimento; utilizando-o como motivação, informação e

pesquisa.

Complexo e árduo é conseguir fazer com que os alunos estejam aptos para

atuar criticamente em relação aos meios de comunicação. Dieuzeid (1973) alerta

que para o professor se desenvolver em relação a educação para os meios e

necessário que este venha a receber determinada preparação para o manejo critico

das mensagens áudio visuais

Desta forma seria muito efetivo discutir esses assuntos relacionado aos

impactos da mídia na formação do professor e segundo Moran (1991) é a

universidade que oferece espaço para debates e reflexões sobre atuação do

professor frente a educação para os meios.

A fim de formar alunos telespectadores que saibam realmente atuar

criticamente a respeito da programação televisiva oferecida, exercendo assim, o seu

poder, a sua força de escolha e de controle (FUSARI, 1985).

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3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na Busca de dados para averiguar se os professores vinculados a ciência e

biologia estão cientes de que há conceitos científicos veiculados na mídia televisiva

e que estes influenciam no dia a dia do aluno, foi elaborado e aplicado um

questionário para os professores do ensino fundamental II e médio de duas escolas

diferentes; ambas situadas na cidade de São Paulo.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário. Esta

modalidade foi escolhida, pois permite um número maior de questões; além do que,

garante o anonimato e diminui a influencia do pesquisador em relação a suas

indagações não influenciando ou modelando as respostas dos pesquisados.

O questionário com questões abertas consente que o examinado discorra sua

resposta de maneira sincera, descrevendo tudo aquilo que julga ser necessário

dentro daquilo que é perguntado. Diferente do questionário de questões fechadas

que os sujeitos de pesquisa não podem responder abertamente, sendo limitado pela

alternativa proposta.

A questão aberta permite que o sujeito de pesquisa mostre melhor suas

concepções, porém como é uma questão que envolve um pouco mais de trabalho,

alguns indivíduos acabam por não respondê-la ou respondê-la de qualquer jeito

(GIL, 2006).

Dessa forma o questionário foi montado para obtermos informações e

posteriormente uma analise qualitativa dos dados.

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O primeiro questionário elaborado continha antes das questões em si um

pequeno cabeçalho em que se elucidava o objetivo do trabalho, as recomendações

para o mesmo e garantia do anonimato do sujeito como recomenda Gil (2006).

Todas as seis questões estavam voltadas para os conceitos científicos

veiculados na mídia. As primeiras questões examinavam se haviam conceitos

científicos veiculados na publicidade televisiva e se os professores conheciam algum

tipo de comercial que apresentava tais conceitos.

Outra questão argüia se os conceitos científicos veiculados eram corretos e

coerentes com aquilo que era ensinado na sala de aula. Depois perguntava se estes

utilizavam e aproximavam os assuntos aos alunos.

Por fim examinava se o professor questionado tinha alguma instrução na sua

formação acadêmica sobre os assuntos midiáticos e a preocupação que os

professores devem ter sobre eles.

Uma primeira preocupação em relação ao método foi: a qualidade das

perguntas, ou seja, se essas seriam eficientes para coletar os dados necessários à

pesquisa e, não deixar o questionário cansativo para o pesquisado. Padua (2000)

alerta sobre questionários com questões abertas e a quantidade de perguntas para

não se tornar algo fadigoso.

Para se chegar ao questionário final (anexo 1), foi realizado um questionário

piloto (anexo 2) aplicado em seis alunos graduandos do curso de licenciatura em

Biologia de uma universidade particular. Os alunos escolhidos estavam na fase do

curso de licenciatura prestes a receberem o titulo de professores, ou seja, muito

próximos dos professores, reais sujeitos de pesquisa.

Esse pré-teste é importante para que se descubram as dificuldades existentes

e as melhorias que podem ser feitas no instrumento (PÁDUA, 2000; GIL, 2006).

Após essa primeira aplicação foi possível notar que algumas modificações

deveriam ser realizadas. Foi introduzida uma nova questão, que apresenta o slogan

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de determinada propaganda em que conceitos científicos são relacionados a um

produto e o pesquisado deve apresentar sua opinião sobre o assunto.

De acordo com o pré-teste três questões foram respondidas sucintamente

(sim ou não), não sendo suficiente para uma analise qualitativa. Essas questões

foram adicionados verbos como: explique, exemplifique e opine; a fim de exigir que o

pesquisado dê suporte suficiente para tal análise.

Após as mudanças o questionário foi aplicado aos professores. No total foram

seis questionários aplicados. Três deles numa escola da região Oeste e os restantes

em uma escola da zona Norte de São Paulo. Ambas as escolas eram particulares e

todos os professores deveriam ser da área de Ciências (ensino fundamental II) ou

Biologia (ensino médio).

O questionário foi entregue aos professores sem tempo limite para resposta.

Foi permitido que estes levassem o questionário para responder fora do ambiente

escolar.

Após receber todos os questionários respondidos (anexo 1) foi iniciada a

metodologia de análise.

Foram analisadas questões por questões, da segunda até a sétima. Em cada

pergunta se tentou aproximar as respostas dos professores a fim de analisar e

discutir com os referenciais teóricos abordados. Além disso, os professores foram

enumerados de um a seis para facilitar a identificação no decorrer da análise,

garantindo o anonimato do docente.

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4- ANÁLISE

Após o recebimento dos questionários e obtenção dos dados, algumas

considerações em relação às posições dos professores frente aos conceitos

científicos veiculados nas propagandas puderam ser feias.

Apresentamos os questionários (anexo 1) para auxiliar o leitor na reflexão. A

princípio foi pedido para que os professores expusessem as suas opiniões sobre

determinada apresentação publicitária veiculada na programação televisiva.

A apresentação que seguia era: “Danoninho aquele que vale por um bifinho”.

Entre os examinados notamos dois conjuntos de respostas diferentes.

Quatro deles (professores 1, 2, 5 e 6) não concordaram com a propaganda.

Isso pode ser notado em especial na afirmativa do professor 1: “o Danoninho não

vale por um bifinho”. Já os outros dois participantes (professores 3 e 4) não

apontaram para uma propaganda enganosa ou errada, notando a investida

publicitária por trás do produto.

Os publicitários na propaganda apresentada dão a entender que a ingestão

do danoninho é equivalente a alimentação de um bife, entretanto sabe-se que

determinados alimentos como a carne é insubstituível na alimentação,

principalmente das crianças por estarem em crescimento.

Sendo assim propaganda não condiz com o que é apresentado; pois o

produto danoninho não contém as proteínas suficientes para substituir um alimento

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como o bife. Embora o laticínio tenha nutrientes importantes para a alimentação, não

se pode compará-lo a um bife.

Segundo o relato da professora 1:

O pior é que as mães preguiçosas [...] devem acreditar nisso oferecendo para os seus filhos o danoninho e não as proteínas e elementos químicos presentes na carne que são insubstituíveis para a saúde da criança em desenvolvimento.

Como relatado pela professora acima a propaganda consegue fazer com que

a população acredite naquilo apresentado. Algumas crianças e até mesmo adultos

não visualizam aquilo oferecido. Nota-se que a propaganda implicitamente trabalha

conceitos científicos que muitas vezes não são compreendidos pelo senso comum.

A utilização desses conceitos não deixa de ser uma das artimanhas que a

publicidade utiliza para elaboração de suas propagandas.

De acordo com as respostas foi possível notar que os educadores

conseguiram vislumbrar que o produto apresentado na ocasião não condizia com

aquilo que era oferecido, que o objeto a ser vendido não era real e que a sua

apresentação não passava de uma investida publicitária com o objetivo de enganar

ao público.

Nota-se então que o produto apresentado não passa de objeto de uma

investida publicitária. Isso se confirma com os depoimentos do professor 4: “para

atingir uma clientela infantil é boa” e do professor 3: “ o objetivo é o mercado com

potencial para convencer”.

Referente a esse artifício, Moran (1991) aponta que os jovens e as crianças

são os alvos preferidos da publicidade porque dentro das casas são os que mais

assistem TV e porque são acionadores da compra.

A criança, por estar em formação, é mais suscetível de ser manipulada pela

publicidade e, dessa forma, é super visada pelos “marketeiros” (FONTELES, 2008).

Alem de convencer às crianças, o marketing tem força e condições para convencer

aos pais das crianças.

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A publicidade tem a intenção de convencer a principio a criança e,

conseqüentemente, esperar que esta venha a influenciar seus pais. Como descreve

Moran (1991): a criança influencia e dita muitos dos produtos a serem comprados.

Nota-se que o autor alerta sobre a investida a fim de conseguir fazer com que

os pais e os filhos venham a acreditar e a consumir o produto, entretanto não se

pode culpar os pais, pois muitas das vezes eles também não conseguem distinguir a

realidade do produto, deixando se levar por questões de eficiência e de preferência

de seus filhos.

Toda investida publicitária, como transcrita no referencial teórico, tende a ter

diferentes aspectos, entretanto todos esses apontam para o consumismo

mercadológico vigente no mundo. Moran (1991) relata que a maioria dos programas

fortifica o consumismo, explorando muito bem o desejo e a necessidade de todos,

principalmente das crianças.

Constata-se ainda nesta primeira indagação feita que o professor 3 vislumbra

uma atitude da empresa de fomento às suas programações, com o objetivo de

supervisar o capitalismo. Segundo a resposta deste: “eu não gosto porque leva ao

consumismo”.

Vê-se hoje em dia na programação televisiva, inúmeros comerciais excitando

a compra. Dentre os aspectos das propagandas citados (ideológico e conceitual)

que estão vinculados nas informações dos comerciais, se observa um em especial,

em razão do objetivo deste trabalho, aqueles que estão relacionados aos conceitos

científicos.

Sendo assim, os professores foram questionados se na publicidade televisiva

atual haveria veiculação de conceitos científicos ligados à informação e à

apresentação dos produtos.

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Conforme os dados nota-se que a maioria concorda que há conceitos

científicos vinculados àquilo que é transmitido na mídia. Tal fato se comprova na

resposta dada pelo professor 1: “Sim, vi um neste final de semana sobre o efeito do

gás metano sobre o efeito estufa”.

Esse fato acaba corroborando com o que diz Dieuzeid (1973), do que toda

televisão, inclusive a comercial, oferece notícias e ensinam sobre diferentes coisas,

como a política, as pessoas, os animais, a Ciência, dentre outros.

Os professores apontaram propagandas que utilizavam termos científicos

relacionados com as florestas e destruição, sobre a alimentação mais saudável do

ser humano, saúde e efeitos destrutivos causados pelo homem.

Estes conseguem capturar as informações científicas relacionada às

propagandas, entretanto apenas um mostrou desconhecido sobre o assunto, pelo

fato de não ver TV, “não sei se há alguma propaganda com esse tipo de conceito”.

(professor 2)

Como apresentado em capítulos anteriores, segundo Deuzeid (1973) é papel

do professor aproximar dos alunos assuntos discutidos na televisão sobre a

sociedade, moral, consumismo entre outros e não somente aqueles programas

televisivos utilizados no ensino de ciência ou clássicos da obra literária.

Alem disso, os PCN’S falam sobre a utilização da TV, que a principio não teria

finalidade educativa, como fonte de informação para a esquematização dos

conteúdos nas áreas.

Como citado acima a utilização da televisão se faz importante para abordar

conteúdos não educativos como a propaganda do cotidiano do aluno. Dessa forma

os professores foram questionados sobre a possibilidade de utilizarem os conceitos

de ciência e biologia ligados à propaganda, com o objetivo de trabalhar com o aluno

em sala de aula.

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Todos os professores responderam que utilizariam esses conceitos isso pode

ser notado de acordo com as respostas: “explorar o conceito melhor” (professor 3),

“usaria para fazer alguma correção caso o conceito tivesse sido apresentado de

forma errada” (professor 2), “procuraria alertar as falsas vitaminas” (professor 5).

Entretanto, notou-se em algumas repostas que parte dos sujeitos não consideram

importante trabalhar estes conceitos. Por exemplo, pelas respostas: “usaria como

gancho” (professor 4), “falaria no geral” (professor 2). De certa forma, estes

professores não notam a gravidade que esses meios acarretam no comportamento

das crianças, influenciando no modo de agir, pensar e falar.

Dieuzeid (1973) expõe que não se pode eternizar a recíproca ignorância e as

influências dos meios, pois os alunos dedicam quase tanta atenção à essa

mensagem, como às atividades escolares.

Faz-se visível dentre as respostas, que os professores usariam tais

propagandas para uma melhor explicação dos assuntos relacionados à ciência

vigente na propaganda, podendo então corrigi-los quando errados.

No entanto, determinado professor, embora tenha mostrado que utilizaria a

propaganda, disse “é interessante e embora não tenha muito discurso, não passa

informação errada” (professor 1). Essa afirmativa permite que se iniciem as

discussões acerca de outro questionamento feito aos professores: eles têm noção

que há conceitos científicos veiculas, na propaganda, de forma incorreta.

Já se nota, segundo a resposta anterior apresentada pelo professor 1, que

este acredita que os conceitos científicos veiculados nas propagandas não passam

informações erradas.

De acordo Mesquita (2008), é importante investigar quais são as visões de

ciências transmitidas pela TV, pois essas influenciam os alunos na formação, seja

com conceitos veiculados de forma correta ou errada.

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Alem do professo 1, o professor 3 acreditava que os conceitos científicos

veiculados nas propagandas eram corretos. Nota-se isso através da resposta: “sim”

todos os conceitos científicos divulgados pela propaganda são corretos.

Contudo, as respostas dos outros professores (2,4,5 e 6) mostraram que eles

não acreditam que todos os conceitos científicos veiculados são coerentes. Duas

justificativas dadas à essa incoerência foram: “as propagandas são rápidas e não dá

tempo para se transmitir um conceito adequado”(professor 1); “pode ser que tenha

alguns mas na maioria das vezes não há embasamento cientifico, não há uma

pesquisa séria por trás”.(professor 2)

Os conceitos veiculados, de certa forma, constituem um caráter pedagógico,

pois nestes são veiculados conhecimentos, concepções e modelos a serem imitados

(DIEUZEID, 1973).

Segundo Mesquita (2008) sabe-se que os conceitos veiculados na TV e que

são relacionados à ciência acabam influenciando as idéias das crianças e jovens.

Assim, partindo deste pressuposto, faz-se necessário averiguar se há

conceitos científicos veiculados nas propagandas que se contrapõem aos

aprendidos em sala de aula.

A maior parte dos pesquisados disseram que determinados conceitos

relacionados à ciências e biologia se conflitam algumas vezes com aqueles

ensinados em salas de aulas.

Alguns exemplos de conceitos conflitados com os ensinados foram

levantados, sendo eles: “floresta Amazônia pulmão do mundo”(professor 4),

“Shakes, aparelhos milagrosos e Activia para melhorar o transito intestinal”(professor

3).

De acordo com as respostas, os professores mostraram a necessidade de

apontar e trabalhar com os alunos esses conceitos errados a fim de não prejudicar

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aquilo que é ensinado. Relata o professor 2: “caso o conceito seja errado o professor

tem que ficar atento para passar a informação correta”.

Dentre as respostas é essencial ressaltar aquela que alerta a dificuldade do

professor em fazer essas correções, mostrando que: “dá maior trabalho para o

professor explicar que não é bem do jeito que foi apresentado” (professor 1).

Como já relacionado, devido a informalidade e eficiência da programação, a

mídia ensina de forma atraente, sendo considera como escola paralela, pois ensina,

tanto quanto a escola freqüentada pelos alunos (DOGHIE, 2008).

Tendo em vista que as visões de ciências transmitidas pela TV influenciam

(MESQUITA, 2008). Não importa se o assunto veiculado esteja correto ou incoerente

no contexto da propaganda de alguma forma ele influenciará no desenvolvimento do

aluno.

Dessa forma, se faz necessário, urgentemente, como esclarece Fusari (1985),

que os educados recebam orientação para estarem aptos a captar as reais

informações que lhes são apresentadas.

Os alunos já vêm com informação adquirida sobre os assuntos expostos

pelos programas. Além disso, depositam determinada fé naquilo que é apresentado.

Sendo assim, é de suma importância que o professor esteja atento para fazer

essa correção, já que muitos dos assuntos veiculados na mídia ensinam mais que

aqueles apresentados em sala de aula.

Doghie (2008) diz que a criança absorve fatos levados à ela pela mídia e não

pela escola, parecendo que há mais atenção na primeira em relação à segunda,

situação em que se pode caracterizar a escola paralela.

Tendo em vista essa dificuldade de alertar o aluno para os meios e criar uma

sensibilidade crítica para a informação passada, Diezeid (1973) alerta que os

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professores deveriam receber alguma educação ou preparação para o manejo crítico

das mensagens audiovisuais.

Tendo este alarme, foi averiguado se havia algum professor que, em sua

formação acadêmica, tenha recebido alguma instrução sobre os impactos da mídia

na formação do aluno.

Dos dados obtidos, quatro deles (professor 2, 3, 4 e 6) não receberam

nenhuma instrução sobre os possíveis impactos da mídia. Dentre esses quatro, o

professor 3 justificou a não instrução: “foi anterior ao impacto da mídia (internet, TV

voltada com bombardeios ao cliente de um determinado produto)”.

Pode ser que o professor tenha se formado anteriormente aos impactos

escancarados da mídia, entretanto notam-se antigos referenciais teóricos como

Fusari (1985) e Diuzeid (1973), que já alertavam sobre os conflitos impostos pelos

meios de comunicações.

Os professores 1 e 5 restantes receberam subsídios na formação para educar

seus alunos para os meios, neste sentido Moran (1991), aponta para a universidade

local onde oferece debates e reflexões sobre esses assuntos.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo empreendido por este trabalho foi de contribuir para a

reflexão sobre a atitude dos professores frente ao reconhecimento e ação das

propagandas, visto que ela influencia os educados no processo do ensino

aprendizagem

Sabendo que a programação televisiva em especial a publicidade dirigida à

criança implicitamente acaba educando, é papel do educador averiguar aquilo que é

veiculado na TV (MESQUITA, 2008).

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Tendo como foco principal a veiculação de conceitos científicos ligados as

propagandas, foi possível inferir que os professores pesquisados concordam que há

transmissão de conceitos relacionados com a ciência e biologia, entretanto não

foram todos que vislumbraram que esses conceitos nem sempre são coerentes com

aquilo passado.

Como já transcrito esses meios educam e ensinam. Dessa forma o professor

deveria ter uma maior atenção frente a esses programas (MORAN, 1991). Nota-se

como relatado que alguns professores não reconhecem o grande impacto desses

meios e de forma descompromissada utilizam a propaganda apenas como “ligação”

do conteúdo ou de forma “geral”.

Tendo em vista que a televisão é um meio muito atraente e ensina facilmente

as pessoas, principalmente as crianças (DOGHIE, 2008), o professor deveria ter

maior atenção para estes meios.

Precisaria aproximar cada vez mais do aluno as programações veiculadas na

mídia desmistificando aqueles conceitos incoerentes, inadequados e errôneos feito

pela publicidade a fim de vender o produto.

Tais conceitos muitas vezes são imperceptíveis aos olhos dos jovens e

crianças e algumas vezes muitos se diferem com aqueles ensinados em aula.

Como reflete Pereira (2006) dever-se-ia remeter às responsabilidades as

emissoras de TV exigindo uma postura melhor frente aquilo transmitido. Isso seria

inviável e difícil de ocorrer tendo em vista que as emissoras deveriam modificar suas

programações. Sendo assim, uma saída seria recorrer para a educação para os

meios.

Sabiamente como já relatado, dentre os elementos da telecomunicação, são

os receptores que precisam urgentemente aprender a ser críticos frente aos

programas (SOIFER, 1987)

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Conclui-se que os professores reconhecem nos programas de TV alguns

conceitos relacionados a ciência e biologia e estes trabalham em sala de aula.

Entretanto não são todos que vislumbram os conceitos errôneos e inadequados

utilizados pelos publicitários. Além disso, mostram não ter tanta atenção e dedicação

para trabalhar esses assuntos com seus alunos.

Dessa forma é interessante enfatizar que é de suma importância o docente

educar seus alunos a terem senso crítico, a fim de permitir que ele possa assistir as

programações televisivas e não serem manipulados pelos publicitários evitando

adquirir conhecimento errôneo entrelaçado as informações.

Contudo os professores em questionamento devem continuar trabalhando os

assuntos, no entanto com mais constância e atenção no que é veiculado tentando

evitar os enganos e a má influência no processo ensino aprendizagem.

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Page 41: A VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE … · À Deus, criador de todo o universo, que me deu forças e me capacitou para que este trabalho pudesse ser realizado. Ao Ilustre

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7- ANEXO