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A VIOLÊNCIA NA ESCOLA E A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Dulcelena Maria Saboia Obrzut1

Anizia Costa Zych2

Resumo Este artigo tem como finalidade analisar a implementação pedagógica realizada em um colégio do município de Irati- Paraná e as discussões virtuais de 13 pedagogos da Rede Pública Estadual do Paraná, inscritos no Grupo de Trabalho em Rede - GTR. O projeto que fundamentou a intervenção pedagógica foi resultado das atividades desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. Durante a implementação do projeto, bem como dos trabalhos desenvolvidos no GTR foram realizados estudos e debates sobre o tema “A violência na escola e a mediação de conflitos.” As participantes mostraram interesse em aprofundar estudos sobre a referida temática, respaldadas na reflexão de que os conflitos que surgem no ambiente escolar têm possibilidades de serem solucionados através do diálogo.

Palavras-chave: Escola; violência; diálogo; mediação de conflitos

1. Introdução

A violência que está presente na sociedade e consequentemente nas

escolas, tem se agravado causando preocupação, gerando estudos e debates tanto

dos profissionais da educação, como também dos profissionais de diversas áreas

da sociedade.

O aumento significativo do número de crianças e adolescentes na escola, em

especial na escola pública, somou-se ao surgimento de conflitos e violências, como

agressões físicas e verbais contra professores e alunos, brigas, depredações,

1 Professora PDE/2010, formação Pedagoga, Especialista na Educação em Prática Docente: trabalho

e cidadania 2 Professora Doutora formada pela UNICAMP, Pedagoga com experiência na Educação Especial e Disciplinas de Fundamentos da Educação da UNICENTRO/Irati.

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bullying, furtos, roubos, ameaças, porte de armas, etc.

Desta forma, professores e alunos convivem com diferentes conflitos e atos

violentos, que interferem no cotidiano escolar, como também na qualidade das

ações educativas.

A consciência de cidadania prevê que todos, sociedade, família, Estado

assumam seus papéis e responsabilidades no que se refere ao enfrentamento de

situações violentas, buscando alternativas para que as crianças e adolescentes

possam ter mais segurança, tanto dentro como fora da escola.

Neste sentido, os Secretários do Estado da Segurança Pública e da

Educação através da Resolução Conjunta N° 001/04- SESP/SEED regulamentam as

ações da Patrulha Escolar Comunitária3, que passa a atuar em vários municípios do

Estado do Paraná. Os policiais integrantes do programa atuam nos

estabelecimentos de ensino, em caráter preventivo para reduzir a criminalidade na

escola e proximidades. Também são responsáveis por conduzir, aos órgãos

competentes, jovens que cometem atos infracionais.

Tendo em vista o assessoramento às escolas nas questões de segurança e a

interação com a comunidade escolar, os policiais militares, na maioria das vezes

conseguem diminuir os casos de violência dentro e no entorno da escola.

As escolas também buscam formas de minimizar as manifestações violentas,

utilizando muitas vezes, medidas que acabam reprimindo, mas não resolvem os

problemas, que se repetem e por vezes, com mais intensidade.

Guimarães (1996),salienta que: “quanto maior a violência da instituição na

tentativa de impor uma pacificação ao ambiente, maiores serão as explosões das

“ilegalidades” dos alunos que tentarão, através das diversas modulações de

violência, quebrar o processo de atomização escolar” (GUIMARÃES, 1996, p. 92).

Neste contexto, a temática sobre “a violência na escola e a medição de

conflitos”, foi estudada, no sentido de melhor compreender e enfrentar as situações

agressivas que dificultam a convivência no ambiente escolar.

Para desenvolver o projeto foram efetivadas leituras de obras de autores que

tratam do assunto e, a partir dos referenciais teóricos sobre a violência na escola e

3 O policiamento escolar surgiu em 1994 com a denominação de Patrulha Escolar, composto apenas por policiais femininas. Em 2007 o policiamento escolar de todo o Estado foi reunido sob um comando único e denominado Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária pela Lei n° 15.745, de 20 de dezembro de 2007. Fonte: Página oficial da Polícia Militar do Paraná.

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possibilidades de enfrentamento através da mediação do conflito escolar, foi

elaborado um Caderno Pedagógico, que subsidiou o trabalho de implementação

pedagógica na escola.

O objetivo do projeto, tanto na etapa de implementação na escola, como nas

discussões virtuais do GTR foi oferecer a todos os participantes subsídios teóricos

que possibilitassem utilizar a mediação de conflitos como estratégia de

enfrentamento à violência, através do diálogo, visando promover melhorias nos

relacionamentos e tornar o dia-a-dia da escola mais pacífico e fraterno.

2. Fundamentação teórica

Tendo em vista os crescentes atos de violência na escola, vê–se a

necessidade de discutir e estudar a questão da violência suas implicações e

aspectos, analisando primeiramente o respaldo do coletivo escolar, via legislação

vigente.

Na perspectiva de enfrentar a violência evidencia-se que a escola, não pode

assumir a incumbência sozinha, a própria legislação enfatiza a necessidade do

envolvimento da família, da sociedade, e principalmente do Estado, quanto às

responsabilidades, com as crianças e adolescentes.

Desta forma, pode ser verificado o que é claramente estabelecido no artigo

227 da Constituição Federal, promulgada em 1988:

Art.227 – “É dever da família da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (BRASIL, 2010).

Com igualdade ao que foi publicado na Constituição Federal de 1988, em

1990, foi editada a Lei n° 8.069 de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente-

ECA, que institui o regime da “Doutrina da Proteção Integral”, com a qual crianças e

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adolescentes tornam-se sujeitos de direitos e de deveres, e devem ser tratados

como pessoas em especial condição de desenvolvimento, possuindo direitos

fundamentais à saúde, educação, lazer, convivência familiar etc., garantidos com

prioridade.

Assim, o artigo 4° do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê:

Art.4° – “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2004)

O Estatuto determina a absoluta prioridade na efetivação dos direitos das

crianças e dos adolescentes, tornando-se importante instrumento para o sistema

educacional no que se refere à preferência na redação e execução de políticas

públicas relacionadas com proteção à infância e juventude.

É importante comentar também a Lei n° 11.525, de 25 de setembro de 2007,

que acrescenta o § 5°, ao art.32, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(Lei n° 9.394/96):

§ 5° O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei n

o 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do

Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático

adequado (BRASIL, 2010).

Com a Lei n° 11.525, o ECA torna-se presente no dia-a-dia da escola, sendo

uma maneira eficaz para que as crianças e adolescentes conheçam seus direitos e

deveres. Também a divulgação do Estatuto promove sua melhor compreensão junto

à comunidade escolar.

Ao estabelecer os direitos e deveres, o Estatuto, prevê, ainda, sanções às

crianças e aos adolescentes que agirem contra as regras da convivência em

sociedade.

Na escola, o Regimento Escolar é o instrumento que define as normas a

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serem seguidas, garantindo o cumprimento dos direitos e deveres da comunidade

escolar, para o desempenho satisfatório das atividades educacionais. É importante

que o Regimento Escolar seja amplamente discutido como também disponibilizado

para os alunos, seus pais ou responsáveis.

O desrespeito a regras, a falta de limites, situações de indisciplina não

resolvidas adequadamente, geram os atos infracionais.

Sacerdote Filho (2010) explica a diferença entre ato de indisciplina e ato

infracional:

(...) ato de indisciplina é aquele comportamento que, embora não constitua crime ou contravenção penal, compromete a convivência democrática e ordeira no ambiente escolar. Deve estar previsto no regimento interno da escola. Por seu turno, ato infracional é todo aquele que se caracteriza por uma conduta prevista como crime ou contravenção penal, dentro do

ordenamento jurídico penal pátrio (SACERDOTE FILHO, 2010).

Desta forma, evidencia-se que a instituição escolar tem autoridade para

administrar e aplicar sanções cabíveis aos atos de indisciplina, nos casos de atos

infracionais cometidos por aluno, a escola não tem competência para apurar.

As explicações de Grilo e Kuhlmann (2010), auxiliam o entendimento da

questão.

Havendo a prática de ato infracional por pessoa menor de doze anos (definida como criança no Estatuto da Criança e do Adolescente) o caso deve ser encaminhado ao Conselho Tutelar do município e, na falta deste órgão ao Juizado da Infância e da Juventude, desencadeando-se procedimento para aplicação da medida de proteção. Caso o autor do ato infracional maior de doze anos e menor de dezoito (pessoa adolescente, segundo o Estatuto) a questão há de ser encaminhada à Delegacia Especializada ou ao Promotor de Justiça, permitindo-se a instauração do procedimento destinado à apuração do ato infracional, do qual poderá

resultar aplicação de medida sócio-educativa (GRILO e KUHLMANN 2010).

As medidas socioeducativas são formas de responsabilizar os adolescentes

que praticam atos infracionais, porém pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o

ato infracional não é considerado crime e, as medidas socioeducativas não têm

sentido de penalidade, levam em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se

aquelas que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Ainda, nas palavras de Grilo e Kuhlmann (2010) no caso de cometimento de

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ato infracional, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente não

previram a suspensão da continuidade dos estudos nem mesmo quando o

adolescente recebe medidas socioeducativas de restrição ou privação de liberdade,

visto ser garantido o direito à escolarização.

A legislação também estabelece as competências dos órgãos que auxiliam a

escola nos encaminhamentos relativos às questões infracionais, indicando as

responsabilidades do Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil e Conselho

Tutelar, quando crianças e adolescente são autoras de infrações ou se tornam

vítimas delas.

Devido à complexidade dos problemas, que fogem da competência escolar, a

presença de policiais militares é requisitada de maneira frequente para manter a

segurança dentro e no entorno da escola.

Ressalte-se, que mesmo podendo contar com o assessoramento dos

policiais do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária é responsabilidade da escola,

cumprir a função de garantir o acesso ao saber sistematizado, como também

promover junto aos educandos, “o pleno desenvolvimento da pessoa” e “seu preparo

para o exercício da cidadania”.(art.205, caput da Constituição Federal). Importante

também ressaltar que com respaldo nos dispositivos legais relativos à educação,

tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente, quanto na LDB, pode- se criar na

escola, espaços de reflexão acerca dos problemas escolares estabelecendo-se,

possibilidades de enfrentamento, contando com o envolvimento dos profissionais da

escola, dos alunos e de suas famílias.

Importante salientar que todos os dias são vivenciadas situações

conflituosas, tanto no âmbito pessoal como profissional, que precisam ser

enfrentadas e solucionadas.

Muszkat (2008), afirma que:

(...) A despeito do desconforto que um conflito possa gerar em nós, ele faz parte do humano – assim como o conflito interpessoal com exigências, expectativas, idealizações pessoais contrárias uma às outras faz parte das relações humanas. Se em situações desse tipo ambos os sujeitos frustrados nos seus interesses, podem, por sentir-se incompreendidos e injuriados, vir a se tornar opositores irreconciliáveis, é, ao mesmo tempo, por meio desses constrangimentos que se constrói a noção de um Eu individual e singular (MUSZKAT 2008, p. 27).

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O conflito faz parte da natureza do homem, assim, nos conflitamos

internamente e com os outros. As diferenças de interesses podem impedir que as

pessoas conflitantes se reconciliem, como também as individualiza.

A diversidade é geradora de conflitos. “Os conflitos são essenciais para o

aprimoramento das relações entre os homens, e para a construção de uma

sociedade mais justa, igualitária, democrática e plural” (MELMAN, 2011).

Assim, o conflito é considerado positivo nos relacionamento humanos, porém

pela incapacidade de algumas pessoas em lidar com situações conflituosas, tendem

a resolvê-las de forma violenta.

Para Michaud (1989), apud, Waiselfisz (2011)

(...) há violência quando em uma situação de interação, um ou mais atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em posses, ou em suas participações

simbólicas e culturais (MICHAUD, 1989, apud, WAISELFISZ, 2011 p.10).

Diferente do conflito a violência não é considerada positiva, pois prejudica a

dinâmica das relações sociais de forma irreparável. “É uma exceção mesmo quando

vista como tentativa de resolver um conflito.” (MUSZKAT, 2008, p.3)

Neste contexto, os comportamentos violentos nos seres humanos, podem ser

analisados de forma simples, pela associação à agressividade instintiva, com

origens nas rivalidades por disputas de poder e competividade, desta forma

podemos dizer que ao longo da história ou o homem foi vítima ou exerceu algum tipo

de violência.

O Ministério da Justiça e o Instituto Sangari, em Brasília, divulgaram o “Mapa

da Violência 2011 - os jovens do Brasil”. A pesquisa analisou índices de homicídios

de jovens entre 15 a 24 anos a cada 100 mil habitantes. No estado do Paraná, em

1998 a taxa de homicídio de jovens entre 15 a 24 anos era de 28,5 e em 2008 este

índice passou para 73,3, colocando o Paraná como o 6° estado mais violento do

país e o primeiro mais violento da Região Sul.

Os resultados da pesquisa mostram que o Paraná se tornou um estado

violento, nos últimos anos e, os índices da violência que assustam a sociedade,

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preocupam a escola, que responsável pela formação do ser humano, tornou-se um

espaço de exteriorização da violência.

Paula (2008), em seu artigo “A Violência na Escola”, relata pesquisa que a

Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação-CNTE realizou nos

estabelecimentos de ensino, mapeando as formas de violência nas escolas.

(...) agressão física e verbal; roubo contra professores, funcionários e alunos e de equipamentos e materiais didáticos e pedagógicos; pichações; sujeira nas dependências e porte de armas (armas de fogo e armas brancas). Constatou-se que os atos de violência e depredação são reforçados pela cultura de desprezo pelo patrimônio público, herança da concepção patrimonialista de gestão do serviço público que chega a atenuar na conduta dos próprios aluno (PAULA, 2008, p. 24).

Alguns fatores justificam os atos de violência praticados por crianças e

adolescentes: falta de valores, uso de drogas, individualismo, consumismo, salários

baixos, desestruturação familiar, ausência do convívio com os pais, agravada pela

longa jornada de trabalho.

Conte (2009) considera que as relações familiares conflituosas,

desencadeiam comportamentos inaceitáveis na escola.

Quando se estabelecem relações familiares conflituosas, com certeza a escola será um problema para o filho que desconhece limites e regras. Diante disso, o educador e a escola se veem na necessidade de arcar com a tarefa de corrigir a criança ou o jovem, preparando-os para o mundo que os recebe no vestibular, primeiro-emprego, na feroz torcida-gangue, nas drogas e nos comportamentos fora dos padrões sociais aceitáveis (CONTE, 2009, p.4).

Nota-se que algumas famílias não estão cumprindo seu papel na educação

dos filhos, pois exercem pouca autoridade e transferem as responsabilidades para a

escola.

O desconhecimento de limites e regras e o confronto com as regras da

instituição, levam alguns alunos a agirem com atitudes e comportamentos que

divergem dos comportamentos esperados e causam sérios conflitos escolares.

Para Guimarães (1996), existe uma dinâmica ambígua da violência na escola,

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que deve ser analisada.

Apontar os pais, a estrutura familiar, a estrutura econômica como responsáveis pela crueldade entre as crianças, é um dos aspectos em questão. O outro diz respeito à violência que é gerada dentro da própria escola, não apenas porque ela é uma instituição homogeneizadora, controladora, que luta pela imposição do uno, mas também porque ela é a expressão de grupos em permanente conflito. Quanto mais a escola resistir em aceitar a heterogeneidade do seu campo e reforçar apenas o seu processo de uniformização, maiores e mais violentos serão os sobressaltos (GUIMARÃES, 1996, p.81).

Tendo em vista a organização e o controle referentes à instituição, percebe-se

que a escola não está preparada para lidar com as dificuldades e a heterogeneidade

de seus alunos, desta forma sente os efeitos do aumento de situações conflituosas

no seu interior.

Ainda, para lidar com os possíveis conflitos e minimizar os atos violentos que

surgem na escola, somente a imposição de regras não basta, pois comportamentos

contestadores, que ora ocorrem, desestabilizam o bom andamento do trabalho

escolar.

Abramovay (2011) considera que as desigualdades sociais se refletem na

escola, “a escola não só as reflete, mas também as reproduz. A massificação4 do

acesso à educação está vinculada à ideia de exclusão escolar, que afirma uma

igualdade de acesso e uma desigualdade de desempenhos.” A autora ressalta a

violência própria da instituição, que ao promover o acesso do aluno na escola,

promove também a exclusão.

Chrispino e Chrispino (2002), apontam que:

(...) a massificação da educação trouxe para dentro do universo escolar um conjunto diferente de alunos, sendo certo que a escola atual – da maneira como está organizada e da maneira como foram formados os professores -, só está preparada para lidar com alunos de formato padrão e perfil ideal. A massificação ampliou o número de alunos e trouxe um aluno de perfil diferente daquele com o qual a escola está preparada para lidar. Isso acarretou uma desestabilização da ordem interna histórica. Está criado o

campo do conflito! (CHRISPINO e CHRISPINO, 2002, p. 12)

4ABRAMOVAY com referência à massificação, “que muitos chamam de democratização, estamos nos

referindo que a maior parte de nossas crianças entram para a escola.”

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Para os autores a massificação que ampliou o número de alunos nas escolas,

desestabilizou-a internamente, tendo em vista a sua inadequação para tratar a nova

realidade.

Diante do aumento significativo do número de crianças e adolescentes na

escola e às diferentes manifestações de violência, merece destaque o bullying (do

inglês bully – valentão), por ser considerado um grave problema no cotidiano

escolar. Muitas vezes, por medo, as vítimas, tornam-se vulneráveis diante do

agressor e não relatam na escola, a violência que sofrem.

Segundo Fante (2010), o bullying é um dos temas mais discutidos em todo

mundo, assim, argumenta que:

O bullying é uma forma de violência que ocorre na relação entre pares, sendo sua incidência maior entre os estudantes, no espaço escolar. É caracterizado pela intencionalidade e continuidade de ações agressivas contra a mesma vítima, sem motivos evidentes, resultando danos e sofrimentos e dentro de uma relação desigual de poder, o que possibilita a vitimação. (...) O bullying tem como marca constitutiva o desrespeito, a intolerância e o preconceito – que impregna as relações humanas em todas as sociedades – contra alguma característica que destaca ou diferencia a

vítima dos demais (FANTE, 2010).

Fante (2010) reitera que ocorram prejuízos para o processo de aprendizagem,

indicado pelos próprios alunos, “tanto vítimas quanto os agressores perdem o

interesse pelo ensino e não se sentem motivados a frequentar as aulas.”

Muitas vezes a escola não percebe que o aluno desmotivado ou faltoso seja

vítima de bullying, até mesmo os pais ignoram o problema, pela falta de relato dos

filhos.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em

2009, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que um

terço dos alunos (30,8%) em 1.453 escolas públicas e privadas de todas as capitais

brasileiras e do Distrito Federal, sofreram bullying alguma vez, a ocorrência foi

verificada em maior proporção entre alunos de escolas privadas (35,9%) do que

entre alunos de escolas públicas (29,5%). Quanto à observação por sexo, verificou-

se que a frequência é maior entre os alunos do sexo masculino (32,6%) do que entre

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os alunos do sexo feminino (28,3%).

Assim, percebe-se que o bullying não está restrito a um tipo de escola, atinge

a todas indistintamente. Apesar das vitimizações ocorrerem com maior frequência

entre os meninos, as meninas também sofrem com essa violência.

Para Rolim (2011) os meninos incomodam as meninas e também outros

meninos, estes, segundo o autor: “são mais frequentemente vitimados pelas

agressões físicas e pelas ameaças, enquanto as meninas são mais atingidas pelas

práticas indiretas de bullying como as condutas de exclusão.”

Neste sentido, se faz necessário analisar o quadro abaixo, no qual, Pepler e

Craig (2000), apud Rolim (2011) comparam alguns fatores de risco para a autoria e

vitimização do bullying:

Quadro 1 – Fatores de risco para autores e vítimas do “bullying”

Autores Vítimas

Características individuais da criança

Temperamento difícil; problemas de concentração, hiperatividade.

Ansiedade timidez

Fatores familiares Agressões em casa, estresse familiar, atenção familiar escassa ou ineficiente

Pais super protetores, estresse familiar.

Fatores no grupo de iguais

Colegas agressivos, rejeição, marginalização.

Rejeição, isolamento, marginalização.

Fatores na escola

Desconhecimento dos problemas de comportamento, normas inconsistentes e relacionamentos alienados.

Falta de reconhecimento, de comunicação e sensibilidade para com a vitimização.

Fonte: PEPLER e CRAIG (2000), apud, ROLIM (2011, p. 37)

O comparativo mostra as características individuais e os fatores de risco que

contribuem para a incidência do problema, podendo auxiliar a escola no

reconhecimento da relação de poder que existe entre os autores e as vítimas do

bullying. Ainda, a Cartilha contra o bullying do Conselho Nacional de Justiça (2010),

destaca as formas de intimidações utilizadas pelos agressores:

Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, “zoar”). Física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da vítima). Psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, difamar). Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar). Virtual ou Cyberbullying (bullying realizado por meio de ferramentas tecnológicas: celulares, filmadoras, internet etc.

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5 Bullying Cartilha Justiça nas Escolas, dirigida aos pais, professores e funcionários das escolas; com

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Os profissionais da escola e os pais devem ficar atentos, já que a prática do

bullying, pode passar despercebida, pois não existem motivos para justificar a

violência, porém as consequências são perigosas pelas sucessivas agressividades

que as vítimas sofrem.

Tendo em vista a preocupação gerada pelas diversas formas de violência, a

contribuição da UNESCO, com a publicação do Manifesto 2000 por uma cultura de

paz e não violência é propícia, pois chama para cada pessoa a responsabilidade

pelo futuro da humanidade, estimulando a cultura e a paz. Este órgão define a

cultura da paz como um conjunto de comportamentos que rejeitam a violência

praticando a tolerância, o diálogo, a reconciliação, a justiça e a solidariedade.

Também, a Assembleia Nacional das Nações Unidas, em 20 de novembro de

1997, proclamou o ano 2000 como Ano Internacional pela Cultura de Paz e em 10

de novembro de 1998, proclamou o período de 2001 – 2010 como Década

Internacional pela Cultura de Paz e Não Violência para as Crianças do Mundo.

Ainda, em 2001 na sede da UNESCO em Paris foi realizada a primeira

conferência mundial sobre a “violência nas escolas e políticas públicas.” A

conferência contou com a presença de 400 especialistas e responsáveis por

políticas públicas oriundos de 30 países, o Brasil foi um deles.

Neste contexto, preocupando-se com paz e a não violência nas escolas e a

utilização da mediação de conflitos, Sales (2011), argumenta:

A mediação de conflitos vem se desenvolvendo em vários países do mundo em sintonia com as propostas da UNESCO para a cultura da paz. (...) A mediação escolar se caracteriza por possibilitar, dentro da escola, a educação em valores, a educação para paz e uma nova visão acerca dos

conflitos (SALES, 2011).

A mediação na escola apresenta-se como uma proposta de gerenciamento

dos conflitos sob outra ótica capaz de reduzir as diversas formas de violência e

promover uma educação voltada para a paz.

Nesta linha, Vezzulla (2006) cita alguns dos conceitos com os quais trabalha

a mediação: “responsabilidade, capacitação, empatia, respeito, criatividade e

o lema: “Combater o Bullying é uma questão de justiça: aprenda a identificar para prevenir e erradicar esse terrível fenômeno social.” Publicação em 20 de outubro de 2010.Fonte: www.cnj.jus.br.

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cooperação”, bases do trabalho para alcançar a “autonomia igual” (VEZZULLA 2006,

p.102).

A utilização de conceitos que incentivam uma educação baseada em valores,

fortalece os relacionamentos e contribui para que os alunos encontrem as soluções

de seus desentendimentos, possibilitando que os problemas se resolvam e que os

envolvidos fiquem satisfeitos.

Muszkat (2008), considera que:

A mediação tem por finalidade favorecer ao mediado a possibilidade de rever seus padrões de conduta, oferecendo-lhe novas ferramentas que, regidas pela lógica do pacto e pela valorização da pessoa humana, sirvam para administrar as diferenças que existem entre os seres humanos, instalando o diálogo onde ele não existe (MUSZKAT 2008, p.62).

O diálogo entre os mediados é fundamental para que sejam reavaliadas as

condutas, como também as diferenças de cada um, contando com a disponibilidade

dos envolvidos para que isto se efetive.

Desta forma, a mediação de conflitos é um instrumento que traz benefícios à

instituição escolar, “não só para resolver conflitos concretos, mas para enriquecer a

cultura do diálogo e da negociação pacífica das dificuldades interpessoais”

(ORTEGA e DEL REY, 2002, p.166).

Ao instaurar a mediação, principalmente entre alunos, como estratégia para

resolver os conflitos, através do diálogo e das tomadas de decisões conjuntas, a

escola terá a possibilidade de encontrar melhores soluções para os problemas

cotidianos.

Assim, torna-se importante a argumentação de Chrispino e Chrispino (2002)

É indispensável que diretores e professores sejam preparados para lidar com os “diferentes”- quer no ensino, quer na avaliação, quer na relação; que sejam instrumentalizados para identificar o conflito antes do seu surgimento e preparados para mediar o conflito quando de seu estabelecimento. A mediação de conflito seria semelhante à figura da “terceira pessoa” que é capaz de entender os dois lados conflitados e conduzir a discussão para que percebam um o entendimento do outro (CHRISPINO e CHRISPINO, 2002, p. 26).

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Diretores e professores precisam preparar-se para conviver com a

heterogeneidade dos alunos, refletindo sobre as diferenças de cada um e

entendendo que as relações de conflito podem representar oportunidades de

crescimento tanto para o aprendizado como para a convivência escolar. Já a ajuda

de uma “terceira pessoa” pode direcionar os alunos a assumirem suas

responsabilidades e entenderem-se mutuamente.

Neste sentido, a função do mediador, imparcial é oportunizar que os alunos

em conflito encontrem soluções adequadas para seus desentendimentos.

Chrispino e Chrispino (2002) baseiam-se em Heredia (1999) para explicar

uma das formas de mediação de conflitos muito utilizada:

A mediação por um semelhante (...) Essa maneira de trabalhar o conflito defende que o responsável pela mediação deve ser: um adulto treinado (professor, diretor, membro da comunidade, membro externo), buscando que os envolvidos encontrem uma alternativa para seu conflito e acordem entre si a melhor solução. É bastante interessante em casos de confrontos em sala de aula, episódios de desrespeito, indisciplina e outros casos que estremecem as relações professor-aluno, ou mesmo professor-professor. Um “igual” àqueles que sofrem conflito (aluno atende alunos, professor atende professores etc...). Entre as vantagens enumeradas pelos defensores dessa abordagem, está o fato de que o mediador semelhante conhece melhor os problemas apresentados pelos que enfrentam o conflito. Esse tipo de mediação é bem aplicado em casos de ameaças, desentendimentos, mal-entendidos, “fofocas”, disputas gerais entre alunos

etc. (CHRISPINO e CHRISPINO, 2002, p.59).

Desta forma, quando a escola opta pela mediação, está assumindo uma

atitude democrática, pois um mediador semelhante aos conflitados tem maiores

chances de resolver os problemas com aprovação mútua e a escolha das soluções

mais viáveis para os envolvidos no conflito.

Muszkat (2008) apresenta alguns instrumentos que vão ser de utilidade para

o mediador de conflitos:

Mostrar que o conflito ocorre porque somos diferentes um dos outros. Valorizar os aspectos positivos da relação ou da situação. Lembrar que o conflito pode ser uma oportunidade para mudanças positivas nas relações. Explicitar a motivação das condutas indesejadas e seu significado no contexto maior. Salientar as interações positivas das partes. Desfazer mal-entendidos. Ajudar a desconstruir as narrativas iniciais, carregadas de

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sentimentos e equívocos (posições fechadas e defensivas). Ajudar na reconstrução das narrativas, buscando os interesses ocultos pelas posições. Explicitar as emoções em jogo e mostrar que elas são legítimas (espelhamento): “Vejo que você está muito preocupado com isso”. Encorajar as pessoas a falar. Desde o princípio o mediador poderá fazer perguntas que ajudem a ele ou às partes a compreender melhor o que está acontecendo e o processo de cada um; provocar novos pontos de vista; ajudar as pessoas a se colocar no lugar do outro: “O que você faria nesse caso?”; “O que você pensaria nesse caso?”; “O que você acha que ele (a) pensa disso?” Salientar ou ajudar a recordar aspectos positivos da relação

que mereçam ser resgatados (MUSZKAT, 2008, p.86).

Os instrumentos citados são estratégias que esclarecem e incentivam a

resolução dos conflitos e a recuperação dos relacionamentos.

Ainda para Muszkat (2008), os resultados do trabalho de mediação

dependerão tanto da habilidade do mediador como da vontade de mudança das

partes. Um mediador hábil pode despertar desejo de mudança, porém é preciso

disponibilidade e condições pessoais para que isto ocorra.

Com estratégias para realizar a mediação, o coletivo da escola, pode refletir

sobre esta mentalidade de colaboração, que incentiva uma cultura de paz na

resolução dos conflitos.

3. Desenvolvimento das atividades de implementação pedagógica

Exposta a fundamentação teórica que embasou o projeto, relata-se o

trabalho desenvolvido no segundo semestre de 2011, que sob a orientação de

docente da IES, foi apresentado para a direção, equipe pedagógica, professores e

funcionários do Colégio Estadual Duque de Caxias Ensino Fundamental, Médio e

Profissional do município de Irati.

A implementação pedagógica foi realizada através de cinco encontros

semanais, contando com a participação de seis professoras e duas funcionárias.

Após a implementação realizada no Colégio Estadual Duque de Caxias, o projeto foi

discutido de forma virtual com 13 pedagogos pertencentes à Rede Estadual de

Ensino, do Estado do Paraná, através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

Inicialmente foi realizada uma pesquisa para a coleta de dados relativos à

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violência escolar. Foram utilizados dois questionários, contendo questões abertas e

fechadas, um destinado aos 36 alunos das duas turmas do período da tarde, do

Colégio Estadual Duque de Caxias, uma 5ª série e uma 7ª série, (mediante

assinatura prévia dos pais do Termo de Consentimento) e o outro questionário

destinado às participantes da implementação pedagógica.

Com a sistematização das respostas dos alunos pode-se evidenciar que: 44%

dos alunos não conhecem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Já sobre

conhecer e cumprir o Regimento Escolar 56% responderam que conhecem e

cumprem “um pouco”. 44% dos alunos responderam que respeitam os colegas e são

respeitado por eles. Também 58% dos alunos concordaram que o diálogo pode ser

a solução para resolver os problemas escolares.

A escola foi considerada segura por 39% dos alunos e 72% dos alunos

responderam que às vezes presenciam casos de violência na escola. Sobre as

formas de violências que ocorrem na escola, 28% ameaças, 5% agressões físicas,

14% agressões verbais, furtos e roubos 17%, uso de material proibido 31% e 5%

responderam que não ocorrem violências na escola.

Quanto às ameaças 19% dos alunos responderam que já foram ameaçados

por colegas. Os alunos, ainda responderam que comportamentos violentos ocorrem

com mais frequência nos horários de entrada das aulas 17% e 25% na rua e no

entorno da escola.

Sobre o bullying 86% dos alunos sabiam seu significado. 53% dos alunos

responderam que já se comportaram de forma violenta com colegas, professores e

funcionários da escola. Na percepção de 25% dos alunos as agressões físicas

contra colegas são os comportamentos mais violentos, seguidos das agressões

verbais contra colegas 17%, agressão verbal contra professor 5%, desrespeito aos

colegas e professores 15%, ameaças 5%, 40% dos alunos não responderam esta

pergunta. Os alunos identificaram como tipos de violência que sofrem na escola:

chutes, socos, agressão verbal 7%, agressão física 29%, ameaças 14%, ameaças

no ônibus escolar 14%, bullying 7%, inimigo no ônibus 7%, não responderam 22%.

Quando os alunos sofrem violência procuram ajuda, de amigos 12%, da diretora

11%, da pedagoga 3%, de professores 3%, resolvem sozinhos 28%, não

responderam 22%. 64% dos alunos responderam que seus pais preocupam-se com

eles e estão sempre presentes na escola e 58% relatam aos pais os problemas

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escolares.

Quando perguntados sobre como contribuir para melhorar a segurança na

escola, os alunos responderam que podem melhorar o comportamento e estudar

5%, chamar a Patrulha Escolar 5%, a Pedagoga cuidando dos alunos na entrada, no

recreio e na saída 3%, a diretora por perto 3%, respeitando os colegas 11%,

respeitando os professores 6%, colocando câmera de vídeo 3%, não se envolvendo

em conflitos e brigas 19%, não praticando bullying 3%, não sabem 14%, não

responderam 28%.

As profissionais da educação, participantes da pesquisa trabalham na escola

a mais de 10 anos 60% e 40% entre 1 a 5 anos. 75% responderam que conhecem o

ECA e utilizam para trabalhar com os jovens seus direitos e deveres. Das

profissionais entrevistadas 75%, consideraram que as normas disciplinares

constantes no Regimento Escolar são “pouco satisfatórias”. Também 75%

consideraram que o diálogo pode ser a solução para resolver os problemas

escolares. Assim como os alunos 60% consideraram a escola mais ou menos

segura. 75% das profissionais da educação às vezes presenciam atos violentos na

escola. Para as entrevistadas as diversas formas de violência ocorrem com mais

frequência na saída das aulas 50% e no entorno da escola 50%. 50% das

entrevistadas sofreram agressões verbais e foram ameaçadas pelos alunos, a outra

metade respondeu que nunca sofreu qualquer tipo de agressão na escola ou fora

dela.

Para administrar os casos de violência 50% acreditam que conversas e as

orientações podem solucionar os problemas e 50% consideraram que a Patrulha

Escolar Comunitária é imprescindível para auxiliar na resolução dos conflitos

escolares. 75% responderam que às vezes são procuradas para resolver os

problemas dos alunos. Também 75% responderam que, “às vezes”, os pais dos

alunos estão presentes na escola. 75% responderam que quando percebem que um

aluno é intimidado por algum colega, conversam, auxiliam e encaminham o caso

para a direção da escola, 25% responderam que muitas vezes o aluno se cala por

medo de ameaças dos colegas. Com respeito às ações que seriam eficientes para

prevenir e enfrentar os atos de violência na escola 75% responderam que existe a

necessidade de mais rigor no cumprimento das normas escolares, incentivo ao

respeito mútuo, diálogo constante com os alunos e orientações aos pais e

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responsáveis, 25% salientaram a importância de convidar pessoas da comunidade

para discutir sobre a violência e suas consequências.

Lidar com a realidade e enfrentar a violência escolar, não é tarefa fácil, tendo

em vista a diversidade de atos violentos, os múltiplos fatores que os desencadeiam e

as consequências tanto para a educação quanto para a boa convivência.

Assim, a violência que ocorre no ambiente escolar, não pode ser ignorada,

Bohm (2005), apud Melman (2011), afirma:

Se por um lado é fácil notar a presença cotidiana da violência como meio para impor a vontade do mais forte sobre o mais frágil, também é possível perceber que existe outra escolha, e que os impasses podem ser superados por meio do diálogo e da negociação ( BOHM, 2005, apud, MELMAN, 2001).

Refletir sobre o diálogo e a negociação, por meio da mediação de conflitos na

escola é possibilitar ao coletivo escolar a prevenção e o enfrentamento à violência

caminhando na direção de uma cultura de paz e de não violência.

Nesta perspectiva, foram realizados os cinco encontros da implementação

pedagógica, sendo que no primeiro foi disponibilizado às participantes um Caderno

Pedagógico, produzido para embasar teoricamente as atividades.

Inicialmente estudou-se a 1ª unidade – “A legislação: um respaldo para o

coletivo escolar.”

Nesse encontro houve a presença do Coordenador do Batalhão da Patrulha

Escolar Comunitária do município de Irati e de Prudentópolis, sargento Valdemar

Barankeviscz, que apresentou um breve histórico sobre a Patrulha Escolar

Comunitária, as atividades desenvolvidas pelos policias, a diferenciação entre ato

infracional e ato de indisciplina, procedimentos para as revistas preventivas, perigos

enfrentados pelo porte de objetos ilícitos na escola, considerações sobre o Estatuto

da Criança e do Adolescente e Regimento Escolar e para finalizar ressaltou a

importância da presença dos pais na escola.

Para o sargento Valdemar, as escolas do município Irati, estão mais tranquilas

que em 2006, quando houve a implantação da Patrulha Escolar, “o trabalho se

tornou mais preventivo que repressor e muitos encaminhamentos são para a área de

saúde.”

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As participantes do encontro de implementação pedagógica interagiram com o

palestrante, sanaram dúvidas sobre as atividades dos policiais e relataram algumas

dificuldades como: promover o envolvimento dos pais na escola, diferenciar atos de

indisciplina de atos infracionais e efetivar o cumprimento do Regimento Escolar e do

Estatuto da Criança e do Adolescente para melhoria das atividades escolares.

No segundo encontro, foi abordada a unidade -“Conflito e violência escolar” e

realizada a análise dos dados coletados, através dos questionários aplicados aos 36

alunos das 5ª e 7ª séries, do período da tarde e às integrantes da Intervenção

Pedagógica.

Após a análise dos dados da pesquisa, as participantes concluíram que o

Colégio Estadual Duque de Caxias não é violento como um todo, algumas vezes, a

indisciplina e os comportamentos agressivos dos alunos para com os colegas e

professores acabam gerando a violência que fragiliza os relacionamentos no

ambiente escolar.

Constatou-se que para amenizar o conflito e a violência pode-se recorrer ao

diálogo, orientações aos pais e responsáveis, respeito às normas escolares e a

prevenção à violência através de uma educação voltada aos valores.

Neste sentido foi discutida a crítica de Abramovay (2011) sobre as relações

de poder exercidas pela escola:

(...) vemos na escola uma cultura adultocrata, baseada no não diálogo e nas relações de poder entre estudantes e adultos da escola. A relação é assimétrica e tensa, causada, muitas vezes, por adultos que partem de posições conservadoras, rígidas, sendo desprovidos da capacidade de diálogo. Vivemos, portanto, em uma sociedade adultocêntrica,

6 com uma

forma de ver o mundo e uma ordem de valores que partem dos adultos

(ABRAMOVAY, 2011).

A escola é considerada conservadora, porém os profissionais da educação

enfrentam dificuldades em lidar com os alunos, principalmente pela falta de limites,

desinteresse pelas atividades escolares, desrespeito e falta de apoio dos pais ou

responsáveis, o que acaba desmotivando o trabalho pedagógico. 6 Para Krauskopf (2002:124), apud Abramovay (2010), o adultocentrismo é uma categoria que mostra, na sociedade, uma relação assimétrica e de tensão entre adultos e jovens. A representação dos adultos aparece, nessa concepção, como um modelo acabado e está baseada em um universo simbólico e de valores que é característico da sociedade patriarcal.

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No terceiro encontro abordou-se a unidade – “Bullying: uma violência que se

repete.” O bullying é definido como “comportamentos agressivos que ocorrem nas

escolas e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente

ignorados, tanto por professores quanto pelos pais” (NETO7, 2011).

Nesse encontro foram estudados os documentos: - Cartilha de combate ao

bullying, publicada pelo CNJ, - Bullying: Guia do Professor e Programa de Redução

do Comportamento Agressivo entre Estudantes, produzido pela ABRAPIA. Conforme

as participantes, as discussões provocadas pelo conteúdo desses materiais,

referendaram novas concepções para o enfrentamento do bullying na escola.

No quarto e quinto encontros o assunto gerou em torno da unidade intitulada -

“Mediação de Conflitos como possibilidade de prevenir e enfrentar a violência na

escola.” Nesses dois encontros a temática foi amplamente estudada e concluiu-se

que a mediação de conflitos é a possibilidade de resolver os problemas escolares,

voltando - se a educação para a paz.

Chrispino (2004), apud Chrispino (2010), também identifica algumas

vantagens da mediação do conflito escolar:

O conflito faz parte de nossa vida pessoal e está presente nas instituições. “É melhor enfrentá-lo com habilidade pessoal do que evitá-lo”. (Heredia, 1998 apud Chrispino, 2004) Apresenta uma visão positiva do conflito, rompendo com a imagem histórica de que ele sempre é negativo. Constrói um sentimento mais forte de cooperação e fraternidade na escola. Cria sistemas mais organizados para enfrentar o problema divergência -- antagonismo -- conflito -- violência. O uso de técnicas de mediação de conflitos pode melhorar a qualidade das relações entre os atores escolares e melhorar o “clima escolar”. O uso da mediação de conflitos terá consequências nos índices de violência contra pessoas, vandalismo, violência contra o patrimônio, incivilidades, etc. Melhora as relações entre alunos, facultando melhores condições para o bom desenvolvimento da aula. Desenvolve o autoconhecimento e o pensamento crítico, uma vez que o aluno é chamado a fazer parte da solução do conflito. Consolida a boa convivência entre diferentes e divergentes, permitindo o surgimento e o exercício da tolerância. Permite que a vivência da tolerância seja um patrimônio individual que se manifestará em outros momentos da vida social (CHRISPINO, 2004, apud, CHRISPINO, 2010).

7 Aramis A. Lopes Neto, sócio fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), ONG extinta em 2006, substituída pelo site Observatório da Infância. Coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes. Médico da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

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Ao realizar a mediação escolar para resolver as divergências dos alunos,

respaldados nas vantagens anteriormente apresentadas, os profissionais da escola

terão a possibilidade de minimizar os problemas cotidianos, através da prática

constante do diálogo incentivando o respeito, a tolerância, a cooperação e a

fraternidade.

No quinto encontro, a proposta foi amplamente debatida, porém não foram

efetivadas ações para desenvolver um projeto específico de mediação de conflitos,

uma vez que foi considerado relevante o envolvimento de todo coletivo escolar.

Concluída a proposta de Intervenção Pedagógica na escola, as atividades

relativas ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE seguiram através

das discussões virtuais, no Grupo de Trabalho em Rede.

Desta forma, as atividades virtuais ocorreram no período de 10/10/2011 a

21/11/2011 e foram divididas em três temáticas.

Na temática 1 foi apresentado o Projeto de Intervenção Pedagógica para que

fossem discutidas as questões conceituais e os autores que fundamentaram

teoricamente o projeto. Na temática 2 realizou-se uma análise do material didático e

a sua viabilidade de aplicação na escola. Na temática 3 foram discutidas as ações

relativas a implementação pedagógica. Para finalizar houve a avaliação das

atividades do GTR, pela análise final das interações dos participantes e através de

um questionário online, cujas respostas foram disponibilizadas para a Secretaria de

Estado da Educação.

Tendo em vista que as atividades desenvolvidas no Grupo de Trabalho em

Rede foram extensas, algumas frases, selecionadas, sintetizaram o posicionamento

dos 13 pedagogos com relação ao assunto estudado:

“Diante dos inúmeros e crescentes atos de violência praticados pelos alunos

nas escolas percebe- se a necessidade de preparar-se para o enfrentamento a esta

questão preocupante. A escola tenta resolver os conflitos da maneira mais acertada

possível, porém não está preparada para isso.”

“As trocas de agressões verbais e físicas se tornaram naturais nas escolas, os

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alunos agem por impulso, não existe tolerância, enfim, não há respeito entre os alunos

e seus pares e nem destes com os educadores. Necessitamos trabalhar de forma

preventiva, pois ao contrário, ficaremos destinando nosso tempo de organização e

efetivo trabalho pedagógico apenas para resolver e/ou encaminhar a outros órgãos

esses atos de violência.”

“Diante dos conflitos é necessário que a escola desenvolva ações preventivas,

no intuito de tornar as relações e o ambiente escolar harmonioso, por meio da prática

do diálogo.”

“Há uma grande dificuldade e preparação por parte do coletivo escolar em

mediar os conflitos. A união de todas as instâncias, somadas a construção de hábitos

de diálogo e respeito de todos os envolvidos, pode tornar possível conviver em um

ambiente escolar harmonioso e seguro.”

“Espera-se que o processo de mediação de conflitos possa viabilizar o diálogo

construtivo e a negociação de tomadas de decisões, visando relações interpessoais

confortáveis na convivência escolar.”

“O trabalho deve ser desenvolvido em equipe e a efetivação desse processo e

cumprimento das ações têm que estar previstas no Projeto Político Pedagógico, na

Proposta Pedagógica Curricular e no Regimento Escolar. Isso só é alcançado com o

envolvimento dos pais, alunos, professores, APMF e Conselho Escolar.”

“A estrutura da Produção Didático-Pedagógica, apresentando o embasamento

legal na primeira unidade didática facilitou a compreensão do tema, pois temos o

problema em nossas escolas e nossas ações muitas vezes não ultrapassam o senso

comum. Portanto, assimilando o conhecimento do tema com maior profundidade,

passaremos a agir de forma que os resultados satisfatórios sejam mais efetivos.”

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4. Considerações Finais

A implementação pedagógica na escola e as interações virtuais dos

participantes do Grupo de Trabalho em Rede, realizadas com base nos estudos de

referenciais teóricos sobre a temática da violência na escola e a possibilidade de

enfrentamento através da mediação do conflito escolar, oportunizaram aos

participantes, subsídios teóricos e práticos para enfrentar as dificuldades que afetam

a comunidade escolar.

O trabalho atingiu o objetivo proposto, pois o enfrentamento da violência

escolar desafia os educadores e, é imprescindível a preparação dos mesmos para o

melhor posicionamento em situações conflituosas, encontrando meios que permitam

apaziguá-las para uma convivência pacífica no ambiente escolar.

Importante ressaltar que as atividades desenvolvidas contribuíram para o

entendimento da legislação vigente no que se refere aos direitos e deveres dos

alunos, bem como o respaldo legal para os encaminhamentos de condutas infratoras

praticadas por alunos; propiciaram as discussões dos profissionais da educação

sobre a ressonância da violência no interior da escola, especialmente o bullying;

indicaram possibilidades para a criação de uma nova mentalidade de colaboração

nas resoluções das divergências escolares, através do diálogo, por meio da

mediação de conflitos.

Neste sentido a pesquisa sobre o tema, as atividades desenvolvidas, as

discussões que ocorreram durante a implementação pedagógica e durante a

realização das atividades do Grupo de Trabalho em Rede apontaram que a

mediação de conflitos, pode ser utilizada no cotidiano escolar tornando-o mais

tranquilo para o desenvolvimento das atividades pedagógicas.

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