a violÊncia linguÍstica do poder

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A VIOLÊNCIA LINGUÍSTICA DO PODER Fala-se constantemente da violência, e esquece-se de que há diferentes espécies de violência, com diferentes funções. Há uma violência de agressão e uma violência de defesa. Há a violência para proteger os cidadãos e há a violência em sentido contrário. Há a violência dos poderosos e a violência dos oprimidos. A violência dos abastados e a dos famintos. Graças a uma espécie de linguística política, nunca se chama violência à acção policial, nunca se chama violência à acção das forças especiais nos bairros sociais ou nas manifestações. As politicas de austeridade, o empobrecimento deliberado, a destruição do Estado de bem-estar social, o direito à saúde, à educação, à reforma, à protecção no desemprego e na doença,a delapidação do erário público, os crimes económicos, toda a sorte de segregação, a arrogância e o abuso do Poder, as desigualdades sociais, a fome, e o consequente ostracismo social são também uma forma infame de violência! O neoliberalismo acolhe toda esta violência e é o reino da ideologia excludente, repressiva e austeritária. Mas chama-se violência, com toda a facilidade, à acção dos populares, estudantes, operários e migrantes que reivindicam os seus legítimos direitos, se defendem da polícia e exigem o respeito pelos direitos humanos.

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Page 1: A VIOLÊNCIA LINGUÍSTICA DO PODER

A VIOLÊNCIA LINGUÍSTICA DO PODER

Fala-se constantemente da violência, e esquece-se de que há diferentes espécies de violência, com diferentes funções. Há uma violência de agressão e uma violência de defesa. Há a violência para proteger os cidadãos e há a violência em sentido contrário.Há a violência dos poderosos e a violência dos oprimidos. A violência dos abastados e a dos famintos.Graças a uma espécie de linguística política, nunca se chama violência à acção policial, nunca se chama violência à acção das forças especiais nos bairros sociais ou nas manifestações.As politicas de austeridade, o empobrecimento deliberado, a destruição do Estado de bem-estar social, o direito à saúde, à educação, à reforma, à protecção no desemprego e na doença,a delapidação do erário público, os crimes económicos, toda a sorte de segregação, a arrogância e o abuso do Poder, as desigualdades sociais, a fome, e o consequente ostracismo social são também uma forma infame de violência!O neoliberalismo acolhe toda esta violência e é o reino da ideologia excludente, repressiva e austeritária.Mas chama-se violência, com toda a facilidade, à acção dos populares, estudantes, operários e migrantes que reivindicam os seus legítimos direitos, se defendem da polícia e exigem o respeito pelos direitos humanos.Tudo isto integra a linguística politica, utilizada como arma pelos Poderes instituidos!

O neoliberalismo é o reino da ideologia excludente, repressiva e austeritária. É a violência sobre a maioria exercida/Há uma violência das forças repressivas e uma violência das vítimas/dos marginais/ ou armadas, ou dos grupos de extrema direita, e há uma violência na oposição a estas manifestações agressivas da violência.

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O pensamento único, o esvaziamento democrático, o autoritarismo galopante têm sido praticados por um governo autoproclamado de esquerda ou tendencialmente de esquerda! Isto é um grande equívoco.Um governo que confunde autoridade com autoritarismo, democracia com pensamento único, determinação com arrogância, precaridade com fretes ao patronato, segurança social com companhias de seguros, desenvolvimento com crescimento dos lucros da banca, SNS com privatização, só podia forjar formas de empolar as estatísticas a seu favor mas, obvia e implicitamente, lesivas dos interesses dos trabalhadores.quatro em cada 10 desempregados em Portugal não recebem subsídio, e o número de inactivos com apoio do Estado caiu 20% em dois anos. «os gastos da Segurança Social com o desemprego e o apoio ao emprego reduziram-se. Conseguir poupanças à custa duma politica de abandono da protecção social dos trabalhadores é uma proeza da engenharia financeira dum governo apostado em colocar, de joelhos, os trabalhadores portugueses.Que venham eleições e que se mudem as moscas!

A VIOLÊNCIA LINGUÍSTICA DO PODER

Fala-se constantemente da violência, e esquece-se de que há diferentes espécies de violência, com diferentes funções. Há uma violência de agressão e uma violência de defesa. Há uma violência das forças policiais ou armadas, ou dos grupos de extrema direita, e há uma violência na oposição a estas manifestações agressivas da violência.Graças a uma espécie de linguística política, nunca se chama violência à acção policial, nunca se chama violência à acção das forças especiais no Iraque, na Palestina, na América Latina ou em África!A delapidação do erário público, os crimes económicos, toda a sorte de segregação, a arrogância e o abuso do Poder, as desigualdades sociais, a fome, o desemprego e o consequente ostracismo social são também uma forma infame de violência!Mas chama-se violência, com toda a facilidade, à acção dos populares,

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estudantes, operários e migrantes que reivindicam os seus legítimos direitos, se defendem da polícia e exigem o respeito pelos direitos humanos.Tudo isto integra a linguística politica, utilizada como arma pelos Poderes instituidos!