a viena de hasburgos destaques

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A viena de Hasburgos Na imaginação popular o nome “Viena” é sinônimo de valsas de Strauss, cafés charmosos, doces tentadores e um certo hedonismo despreocupado e envolvente. Mito de Viena Descrição: uma fuga para o demoníaco, aprisionando os nossos sentidos num doce transe. Observadores da época falam da paixão vienense pela dança como patológica, como um reflexo da necessidade de escapar às duras realidades da vida cotidiana na Cidade dos Sonhos. Casos de vida: Semmelweis que descobriu que as unhas sujas em parteiras e obstretas causavam a infecção fatal na mãe e nos bebês foi excluído, impedido assim de expor sua teoria. Freud e Karl Kraus que não foram citados publicamente. A estabilidade de sua sociedade, com seu deleite em pompa e circunstância, era a expressão de um formalismo petrificado só vagamente capaz de mascarar o caos cultural subjacente. Viena como cidade dos paradoxos: real x imperial. p. 30: o status quo como manutenção social: impedimento da construção da rodovia. p. 34: Em todas as terras imperiais, Viena era única num importante aspecto. Aí se atingia, pelo menos parcialmente, aquela consciência supranacional e cosmopolita que era a única esperança de sobrevivência da dinastia. Tudo era uma conquista de Francisco José. p. 35: Viena como símbolo de um modo de vida. O êxito financeiro era a base para uma sociedade patriarcal. Os casamentos burgueses eram combinados como se fossem, em primeiro lugar e acima de tudo, fusões de empresas em vez de questões sentimentais.

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Destaques do Texto "A Viena de Hasburgos"

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A viena de HasburgosNa imaginao popular o nome Viena sinnimo de valsas de Strauss, cafs charmosos, doces tentadores e um certo hedonismo despreocupado e envolvente.Mito de VienaDescrio: uma fuga para o demonaco, aprisionando os nossos sentidos num doce transe.Observadores da poca falam da paixo vienense pela dana como patolgica, como um reflexo da necessidade de escapar s duras realidades da vida cotidiana na Cidade dos Sonhos.Casos de vida:Semmelweis que descobriu que as unhas sujas em parteiras e obstretas causavam a infeco fatal na me e nos bebs foi excludo, impedido assim de expor sua teoria.Freud e Karl Kraus que no foram citados publicamente.A estabilidade de sua sociedade, com seu deleite em pompa e circunstncia, era a expresso de um formalismo petrificado s vagamente capaz de mascarar o caos cultural subjacente.Viena como cidade dos paradoxos: real x imperial.p. 30: o status quo como manuteno social: impedimento da construo da rodovia.p. 34: Em todas as terras imperiais, Viena era nica num importante aspecto. A se atingia, pelo menos parcialmente, aquela conscincia supranacional e cosmopolita que era a nica esperana de sobrevivncia da dinastia. Tudo era uma conquista de Francisco Jos.p. 35: Viena como smbolo de um modo de vida.O xito financeiro era a base para uma sociedade patriarcal. Os casamentos burgueses eram combinados como se fossem, em primeiro lugar e acima de tudo, fuses de empresas em vez de questes sentimentais.A burguesia arrancou da famlia o vu sentimental, transformando as relaes familiares em relaes monetrias.Os valores que essa sociedade mais apreciava eram a razo, a ordem e o progresso, perseverana, autoconfiana e disciplinada conformidade com os padres do bom-gosto e da ao.O sucesso era visvel nos bens e propriedades que um homem possua.O pai era o avalista da segurana e da ordem, possuindo autoridade absoluta.A guerra destruiu o isolamento que a famlia burguesa criou para se providenciar.O paterfamilias deleitando-se com a arte, a msica e a literatura que eram, simultaneamente, a natural sada humanizante para todas as paixes e a fonte, para ele, da verdade metafsica.Crescer em to saturada era de valores estticos que no compreendiam a existncia de quaisquer outros valores.O gosto esttico do homem passou a ser um barmetro de seu status social e econmicop. 40: Para os pais, parecia imoral que os filhos rejeitassem os valores da sociedade em que eles prprios haviam batalhado para obter uma identidadepor isso a represso familiar com a inovaoos jovens achavam a educao tediosa e fadigosa, sem qualquer relao com a vida. To repressivo era o sistema que qualquer pensamento ou atividade no em conformidade com a autoridade tradicional convertia-se, para muitos, em fonte de culpa.Os tabus sexuais, longe de promoverem a pureza O esquema geral da sociedade era de natureza a frustrar as mulheres.p. 45: A defeco desses homens do liberalismo resultou da tradicional incapacidade dos liberais para enfrentar os problemas do crescimento urbano e da industrializao.p. 54: Sobre a Unio Pangermnica - Sua concepo de violncia como meio poltico causaria uma impresso profunda no esprito daqueles para quem o nacionalismo alemo chegou como uma mensagem messincia.p. 58: a origem do moderno sionismo foi mais outra resposta vienense aos problemas da alienao na moderna sociedade de massas.Herzl desejou conduzir seu povo na fundao de uma nova sociedade, no seio da qual a verdade no seria comprometida por uma aristocracia degenerada, uma classe mdia materialista ou um proletariado ignbil; pelo contrrio, seria nutrida por uma elite espiritual, cuja vontade coletiva seria a nica responsvel por dar-lhe existncia.Redl guindara-se a uma posio de destaque na mquina militar do imprio graas a uma excepcional capacidade para esconder suas verdadeiras opinies e atitudes, uma habilidade fantstica para dizer o que seus superiores queriam que ele dissesse e para fazer justamente o que era esperado em qualquer situao.p. 59: o caso Redl ilustrava o aspecto falso e enganador de tudo na monarquia.Na sociedade habsburguesa como um todo, artificialidade e fingimento era nesse momento mais a regra do que a exceo, e em todos os aspectos da vida o que importava eram as aparncias e os adornos apropriados.p. 60: o problema de comunicao tem dois aspectos: um pessoal, o outro social. A inexpressividade, a futilidade do sexo, refletia a crise de identidade do indivduo, enquanto que o anti-semitismo era a sua encarnao social.Os problemas de identidade e comunicao assediavam a sociedade vienense em todos os nveis poltico e social, individual e at internacional.p. 70: nas mos de Kraus, polmica e stira tornaram-se armas com que desviar os homens de tudo o que superficial, corrupto e desumanizante no pensamento e na ao humanos, de volta origem de todos os valores, e assim, com efeito, realizar uma regenerao da cultura como um todo.p. 71: Aos olhos de Kraus, a ao legal movida contra a prostituta marcava a transio da imoralidade privada, por parte de seus acusadores hipcritas, para a imoralidade pblica, por parte da legislao hipcrita contra a prostituio.p. 73: Todas as realizaes positivas na histria humana, argumenta Weininger, so devidas ao princpio masculino. Toda a arte, literatura, instituies legais, etc., flui desse princpio masculino. A raa ariana a consubstanciao do princpio masculino e o princpio catico-feminino se encarna na raa judaica.p.75: A essncia emocional da mulher no frvola ou niilista, mas, antes, uma terna fantasia, a qual serve como origem inconsciente de tudo o que possui qualquer valor na experincia humana. A reside a fonte de toda a inspirao e criatividade.p. 76: A tese de Kraus que o feminino a fonte de tudo o que civilizador na sociedade.A fantasia atacada por todos os lados no mundo moderno. ameaada por foras to dspares e aparentemente sem qualquer espcie de relao quanto a impressa corrupta, o movimento feminista, o esteticismo, a moralidade burguesa, a psicanlise, o sionismo e, claro, a incompreenso e o uso errneo do prprio sexo.p.78: Kraus viu que a raiz real desse problema, to comum entre as Wienerinnen burguesas, residia no carter comercial do casamento burgus.Kraus acreditava firmemente que uma mudana nos costumes sociais poria fim figura da esposa vienense histrica.A psicanlise, na opinio dele, visava uma nova distoro do equilbrio entre o masculino eo feminino, a razo e a fantasia, a conscincia e o inconsciente.Sua principal queixa era que a imprensa assumira um papel muito alm de sua funo apropriada de relatar objetivamente as notcias, mesmo quando realmente conseguia ser objetiva.O que provocou suas diatribes foi, sobretudo, o papel elevado que a imprensa tomou para si na sociedade burguesa.p. 83: Kraus considerava a arte de um homem intimamente relacionada com o seu carter moral. Criticar uma obra de arte era determinar se ela era ou no uma verdadeira expresso do artista.p. 87: Para Lehr, sexo era basicamente algo egocntrico e comum; na opinio de Kraus, esse tratametno realista ou plausvel de questes sexuais despojava as relaes entre homem e mulher de seu misterioso elemento potico e distorcia por completo o poder criativo de ambos.p. 88: na concepo de opereta romntica, que Kraus considerou ser a nica autntica o pblico era posto diretamente em contato com o mundo da fantasia.p.90: Quando a integridade pessoal a medida da virtude, a imitao o principal vcio.Na luta contra uma moralidade burguesa baseada na boa criao e no faa como eu fao, o homem autenticamente moral utiliza os dons que possui para tirar o mximo proveito de seus talentos pessoais.p. 91: Somente um homem que tem excessiva f na eficcia das ideias para a formao do carter e das aes das pessoas pode permitir-se ser doutrinrio. Isso era o exato oposto da ideia de Kraus.Os homens, no suas ideias, que so morais ou imorais.p. 94: A crtica de Kraus ao modo como as pessoas usavam a linguagem em sua sociedade era, assim, uma critica implcita dessa sociedade.