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ABIM 005 JV Ano XIII - Nº 112 - Ago/19 A verdadeira Iniciação é aquela que obriga o homem a descobrir por si mesmo o que não pode, desde logo, ser desvendado diante de seus olhos, nublados pelos densos véus da matéria em que se acha envolvido. Daí a frase: Do ilusório conduz-me ao real, das trevas à luz, da morte à imortalidade”... (Professor Henrique José de Souza)

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Page 1: A verdadeira Iniciação é aquela que obriga o homem a ......Revista Arte Real nº 112 - Ago/19 - Pg 04 É o mês do “cachorro louco”, que, para os supersticiosos, é marcado

ABIM 005 JV Ano XIII - Nº 112 - Ago/19

“A verdadeira Iniciação é aquela que obriga o homem a descobrir por si mesmo o que não pode, desde logo, ser desvendado diante de seus olhos, nublados pelos densos véus da matéria em que se acha envolvido. Daí a frase: Do ilusório conduz-me ao real, das trevas à luz, da morte à imortalidade”... (Professor Henrique José de Souza)

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Editorial

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Mais uma vez, estamos levando até você algumas matérias selecionadas, que poderão contribuir em sua caminhada maçônica, elucidando-o em alguns aspectos, estimulando-o à pesquisa e ao estudo, ou, até mesmo, ajudando-o em uma apresentação em sua Loja, enriquecendo o ¼ de Hora de Estudos. Há 12 anos assumimos este compromisso de servir de auxílio àqueles que visam entender a Maçonaria como uma Escola de Iniciação, como primordialmente ela é.

Nosso principal compromisso é o de despertar nossos leitores para o fato de que, somente, estudando a Maçonaria, em sua história, simbologia, ritualística e nos aspectos esotéricos, poderemos melhor entende-la e ama-la, pois não se ama aquilo que não se conhece. Amando-a, poderemos, de fato, ser parte consciente da Grande Obra de edificação do gênero humano.

Nesta edição, optamos, por temário, chamar atenção para aspectos básicos da conduta do Maçom. Através de a matéria do nosso Irmão Denílson Forato, intitulada “O Nível Cultural na Maçonaria”, onde o mesmo alerta para o descaso do Maçom de hoje, quanto ao estudo, à leitura e à busca de conhecimentos. Apresenta um quadro desolador do aspecto cultural de nossa Ordem. Tema que vale muito a pena fazermos uma boa reflexão!

Nosso Irmão Elson Luís de Oliveira Streb, Mestre Maçom do quadro de Obreiros da Loja Cavaleiros da Luz nº 205, do Oriente de Campinas, São Paulo, brinda-nos com um texto de sua lavra, intitulado “O Maçom e a Vontade”. Com muita lucidez e competência, o autor disseca o tema, através da rotineira pergunta: o que vindes fazer aqui? Sua abordagem é mais um tema para nossa reflexão!

Através da matéria “Como Você Constrói a Sua Casa”, de autoria de nosso Irmão Walber Gonçalves de Souza, acadêmico e Obreiro da Loja Maçônica Caratinga Livre nº 922 – GOB-MG, seremos elucidados

no eterno trabalho de construção do Templo Vivo, que somos nós, obra criada pelo GADU, propositalmente, inacabada, cabendo a cada um, através da Iniciação, complementar essa construção.

Por fim, republicamos a matéria “Coisas de Agosto”, matéria de nossa autoria, onde chamamos atenção para os acontecimentos nefastos desse “mês da má sorte”. Tratamos de sua origem, nascendo da vaidade do Imperador que lhe deu o seu nome, na Roma antiga e uma série de acontecimentos que vieram contribuindo para a fama que conquistou.

Estando no mês de agosto, aproveitamos para desejar a todos um “Feliz Dia do Maçom”, muito embora a história nos ensina que tal data foi fruto de uma grande confusão de calendários utilizados no século XIX, na tentativa de se homenagear o dia em que o ilustre Gonçalves Ledo proferiu um eloquente discurso, em Loja, conclamando todos a se empenharem na proclamação da Independência do Brasil. Bem, isso foi, apenas, uma das inúmeras confusões registradas neste mês de agosto.

Agradecemos a todos e, em especial, aos Irmãos colaboradores, que, carinhosamente, envia-nos matérias, a fim de contribuir com nosso trabalho em prol da cultura maçônica. Nossos patrocinadores, pela confiança e parceria de expor suas empresas e produtos e, com isso, viabilizam a produção de nossa Revista.

Temos um encontro marcado na próxima edição!

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Coisas de Agosto!O nome do mês de agosto teve sua origem em

Roma, em homenagem Imperador Caio Julio César Octaviano Augustus (63 a.C. a 14 d.C.),

de uma forma muito interessante. Seu antecessor, Julio César, general, ditador, cônsul vitalício e imperador, idolatrado por muitos e odiado por alguns, fez, em 46 a.C., uma reforma no calendário, estabelecido por Rômulo, fundador e rei de Roma, e modificado por Numa Pompílio, segundo rei de romano (716 a.C. a 673 a.C.). César, percebendo que as festas romanas em comemoração à estação mais florida, marcadas para o mês de março (primeiro mês do ano), cairiam em pleno inverno, determinou ao astrônomo Alexandrino Sosígenes as devidas correções. Nascia o calendário Juliano, com 12 meses e 365 dias; janeiro (“januariu”) e fevereiro (“februariu”) passaram a ser os primeiros meses do ano. Tais modificações, dentre outras, foram essenciais para corrigir as discrepâncias e facilitar a vida dos romanos. Embora, mais tarde, em 8 d.C., seu

sucessor, o Imperador Augusto, fosse obrigado a fazer um pequeno ajuste, colocando os anos bissextos, a cada quatro anos.

Devido a uma conspiração de aristocratas do Senado, foi assassinado; entre os senadores, que lhe cravaram as adagas, estava Bruto, seu filho adotivo. Daí a célebre frase: “Até tu, Bruto, meu filho!”. Após sua morte, o mesmo Senado, que lhe ceifara a vida, prestava-lhe uma homenagem, substituindo o nome do 7º mês do calendário, “quinquiliu”, por “juliu”.

Segundo alguns historiadores, posteriormente, o vaidoso Imperador Augusto prestaria uma auto-homenagem, trocando o nome do 8º mês, “sextiliu”, para “augustu”. Não satisfeito, ao perceber que esse mês tinha, apenas, 30 dias e não 31 como o mês de julho, que homenageava seu antecessor, resolveu tirar um dia do mês de fevereiro (“februariu”) e passar para o mês de agosto (“augustu”), ficando assim, em igualdade com o mês que homenageava Julio César.

Não por isso, mas, atualmente, o mês de agosto, popularmente, é conhecido como um mês de má sorte, assim como, era o mês de fevereiro (“februariu”) para os antigos romanos. Em pesquisas, descobrimos que essa saga, na verdade, vem de Portugal. Antigamente, nas terras lusitanas, casar em agosto significava ficar só, sem lua-de-mel ou viúva, pois esse era o mês em que os navios das expedições zarpavam em busca de novas terras.

Francisco Feitosa

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É o mês do “cachorro louco”, que, para os supersticiosos, é marcado por fatos históricos que alimentam esse agouro. Dentre tantos, citaremos: o Massacre de São Bartolomeu, ordenado por Catarina de Médicis (23 de agosto de 1572); a erupção do vulcão Cracatoa (27 de agosto de 1883), matando mais de 30 mil pessoas; a primeira morte na cadeira elétrica (06 de agosto de 1890); início da 1º Grande Guerra (01 de agosto de 1910); início da II Grande Guerra (em agosto de 1939); renúncia de Jânio Quadros (em agosto de 1961). E as mortes dos dois maiores Presidentes do Brasil, Getúlio e Juscelino, também, aconteceram em agosto (1954 e 1976).

Se o mês de agosto, para alguns, é temido, o dia 13 de agosto, então, é fatídico. Superstições à parte, em agosto, comemoramos o Dia do Maçom brasileiro, e isso é muito positivo! Muito embora, essa data, sugerida pela GLMMG, durante uma reunião da CMSB (Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil), em junho de 1957, no Oriente de Belém, com a boa intenção de prestar uma merecida homenagem ao fervoroso discurso de Gonçalves Ledo, Grande 1º Vigilante de Ofício, no exercício do Grão-Mestrado do GOB (no impedimento de José Bonifácio), que, contagiando a todos os presentes, proclamou a Independência do Brasil dentro de uma Loja maçônica, fato registrado na Ata da 14ª Assembleia do GOB, ocorrida no 20º dia de 6º mês de 1822.

Assim, foi escolhido o dia 20 de agosto para se comemorar o Dia do Maçom, fazendo-se alusão a esse memorável discurso. De fato, a reunião ocorreu, assim como, o discurso de Ledo. Porém, o calendário utilizado, na época, tinha início em 21 de março (hebraico religioso, astrológico – próprio do Rito Adonhiramita), e não em 1º de março (calendário romano, próprio do Rito Moderno) como imaginava o Irmão Barão do Rio Branco, com quem se originou toda essa confusão. A partir do histórico equívoco desse ilustre Irmão, até os dias de hoje, muitos Irmãos desinformados afirmam que a Independência do Brasil foi proclamada em 20 de agosto, dentro de uma Loja Maçônica. Quando, na verdade, essa reunião, de fato, ocorreu no dia 09 de setembro (trazendo para o calendário gregoriano).

Agosto era para ser “augusto”, em sua acepção, porém sendo fruto da vaidade de um Imperador sua fama não poderia ser diferente. Foi marcado, ao longo da história, por tragédias, superstições, confusões e fatos, pelo menos, interessantes. Por exemplo: em se falando de Imperador, também, nesse pouco simpático mês, D. Pedro I foi iniciado na Maçonaria (02/08/1822) e três dias após (05/08/1822) exaltado ao Grau de Mestre Maçom.

Coisas de agosto! Confusões à parte, o Dia do Maçom deve e merece ser comemorado, e muito, por todos nós!

As Olimpíadas Rio 2016 foram realizadas no mês de agosto, e sabemos do legado deixado com as obras superfaturadas, desvios de verbas, obras inacabadas e tantos outros desperdícios. Logo, a culpa passaria a ser do “fatídico” mês de agosto!

Por fim, resta-nos saudar a todos pelo Dia Nacional do Maçom, que embora a razão de sua escolha tenha ocorrido, de fato, em 09 de setembro, às margens do rio Ypiranga, comemora-se, no mês de agosto! Que “mês” complicado esse!

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O Nível Cultural

na MaçonariaO presente trabalho será lido por uma minoria de

irmãos que cultivam o hábito pela leitura, mas se esta minoria o divulgar nas Lojas poderá

estar a prestar um grande serviço em defesa da nossa Sublime Instituição.

Tenho verificado que a cultura na Maçonaria está muito aquém. O quadro é simplesmente desolador. O Maçom em geral tem, em média poucos anos de estudo, não lê, não estuda e nada sabe. E o que tem este facto a ver com a Maçonaria? Tudo! Não é possível realizar novos progressos sem o auxílio da cultura e do saber. O 1° grau, há 40 anos atrás, dava ao cidadão uma base de cultura geral muito maior do que a de hoje e a culpa de tal retrocesso é, exclusivamente, do vergonhoso e criminoso sistema educacional que, paulatinamente, foi implantado no país e, evidentemente, dentro da própria Maçonaria. No 1° grau de hoje o estudante ainda é um semianalfabeto que não sabe sequer cantar o Hino Nacional, que há muito foi expulso das escolas. O Maçom não gosta de ler. A afirmação é absolutamente VERDADEIRA. Há uma mínima parte do povo que ama a leitura, outra, um pouco maior, que a detesta e a esmagadora maioria nem sabe que ela existe, e a Maçonaria é formada por homens vindos do povo. Em todos os rituais maçónicos, fala-se nas sete ciências que formavam a sabedoria dos antigos, composta pela Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria,

Música e Astronomia. O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda define: “MESTRE – homem que ensina; professor; o que é perito numa ciência ou arte; homem de muito saber”.

Será que está acontecendo alguma coisa errada? Para quem deseja subir nos graus da Maçonaria é exigido um trabalho escrito (muitas vezes meramente copiado, sem pretensão de aprender) e as taxas de elevação (que geralmente são caríssimas). Só isto, nada mais do que isto e… tome-lhe grau por cima de grau, sem o mínimo avanço cultural. Mas, em compensação, os aventais, colares e medalhas na subida dos graus vão ficando mais caros, mais bordados, mais coloridos e mais vistosos.

E lá vai o nosso Maçom falando em “beneficência”, “filosofismo”, “Pedra Bruta”, “Pedra Polida”, “Espada Flamejante”, “Câmara de Reflexões”, etc… E para completar o FEBEAMA (Festival de Besteiras que Assola a Maçonaria) diz, por ter ouvido dizer, que a Maçonaria é milenar.

Diz um provérbio popular que “NINGUÉM AMA O QUE NÃO CONHECE”. Como pode a Maçonaria esperar que os seus Mestres Maçons, os seus componentes dos Altos Corpos Filosóficos, sejam bons transmissores das suas doutrinas, histórias e conhecimentos se… nada sabem?

Denilson Forato

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A Maçonaria é antes de tudo um vasto conjunto de ciências políticas, históricas, geográficas e socioeconómicas adquiridas ao longo dos séculos. É simbolismo e filosofia pura, é ciência humana no seu mais Alto Grau. Como pode uma pessoa sem interesse pelo estudo adquirir e transmitir tantos conhecimentos? Só se for por um milagre!

Como pode, apenas com boas intenções, um leigo ensinar medicina para médicos, leis para juízes, aviação para um futuro piloto, engenharia para um futuro engenheiro, Maçonaria para um futuro Maçom? Tiro por mim que já li quase uma centena de livros e que tenho, mais como prazer do que por obrigação, de dedicar pelo menos meia hora por dia aos estudos maçónicos e outras literaturas de interesse para o meu aperfeiçoamento espiritual, cultural e profissional. E ainda não me considero um “EXPERT”. Reconheço, com toda humildade, que ainda tenho muito que aprender, e tenho o 3° grau completo.

Como pode uma pessoa sem cultura estudar e pesquisar as Lendas do Rei Salomão, Hiran Abiff, Rainha de Sabá, Cabala, entre tantos, sem conhecer História Antiga? Como podem entender a gama de conhecimentos contidos na Constituição de Anderson, Landmarks, Ritos, Painéis, entre outros assuntos totalmente desconhecidos do nosso Mestre Maçom e de uma grande parte daqueles que alcançaram o “TOPO DA PIRÂMIDE” e que se consideram com direito a cadeira cativa no Oriente para que o seu “PROFUNDO SABER E CONHECIMENTO MAÇÓNICO POSSA ILUMINAR” as colunas. A verdade costuma ser brutal mas, infelizmente, esta é a pura realidade que precisa de muitos com coragem para dizer. O Maçom que estuda e pesquisa pode ser o “O SOL DA CULTURA”, talvez nem seja o pirilampo que só tem a sua luz notada nas trevas mas, com certeza, é o espelho que poderá transmitir a Luz do Sol ou pelo menos a do pirilampo. A Maçonaria, composta de homens livres e de bons costumes e de boa cultura, obviamente, será muito melhor. No século XVII ela era composta pelos iluministas, no século XIX, era composta da nata intelectual da nação e hoje… sem comentários.

Uma sociedade, um país, é preparado primordialmente pelo sistema educacional e cultura que consegue adquirir e seria muito bom começarmos a preparar a Maçonaria, pelo menos nas nossas Lojas, para o Terceiro Milénio, com pessoas um pouco mais cultas.

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O Maçom e a VontadeElson Luís de Oliveira Streb

Quando te perguntam: o que vindes fazer aqui? O que você responderia? Você, logo, responde: “Vencer as minhas paixões, submeter a minha

vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”. Mas, para refletirmos sobre a palavra vontade, primeiramente, há a necessidade de entendermos uma das afirmações acima, quando você responde: “Vencer as minhas Paixões”.

Cada Maçom tem conhecimento do significado da palavra “Paixões” dentro de si e dentro dos nossos princípios e leis. Paixões são atitudes que não estão relacionadas com nosso comportamento maçônico, com nossos atos, tanto no meio maçônico com na vida profana. Ao falarmos de Paixões, não podemos deixar de lembrarmo-nos do “Vício”.

Afinal, quando perguntado: Para que nos reunimos em Loja? O irmão Primeiro Vigilante responde que é para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros, para levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao vício. Aliás, é conveniente fazer uma distinção entre vício e paixão. Tudo o que é contrário à virtude é vício, por exemplo, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o exibicionismo a ira a maledicência, a hipocrisia, a avareza, o ciúme, a inveja, a preguiça, etc. e os vícios que geram dependência física e psíquica.

Essencialmente, a paixão não deveria ser um mal, já que, por definirão, a paixão é (...) o excesso de que se acresceu à vontade, uma vez que, o princípio que lhe dá origem, foi posto no homem para o bem. Tanto que as paixões

podem levá-lo à realização de grandes feitos. A paixão, propriamente dita, é o sentimento exacerbado de uma necessidade. Isso quer dizer que, portanto, combatendo os vícios e não se deixando dominar pelas paixões, o Maçom consegue caminhar em direção à perfeição.

Evidentemente, que isto não e tarefa que se realizará de um momento para outro. Ou seja: conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo. Quando entramos para a Ordem, logo a Maçonaria já começa a nos ensinar que todos nós, devemos caminhar, sempre, em busca da boa Moral. Ou seja: aquela Moral Sã, que nos faz discernir entre o bem e o mal, que estudamos na segunda instrução do Ritual do Aprendiz Maçom.

Ela, e somente ela, nos fará homens de bem. Simples e de bons costumes. Ela nos fará entender que deveremos ser realmente fraternos, e que temos que ter amor ao nosso próximo. Mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Esta Moral sã nos faz lembrar e carregar conosco as palavras de Divaldo Pereira Franco, que nos lembra: “Vale a pena amar! Se você não é amado, isso não é importante. O importante e você amar. Se alguém não gosta de você, o problema é dele. Mas quando você não gosta de alguém o problema é seu”.

Esta máxima é algo que deve estar presente, no dia a dia de cada um de nós, por onde quer que andemos. Agora, quando respondes: submeter a minha vontade... surgirá em você a necessidade de entender o que realmente significa

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vontade. Submeter a minha vontade a quem? Submeter a minha vontade para que? Mas, afinal, o que realmente significa vontade?

Ao buscamos no dicionário, nos surpreenderemos meus irmãos, com tantos adjetivos relacionados a esta pequena palavra. Ficaremos surpresos com tantas coisas que podemos fazer se aplicarmos verdadeiramente esta palavra em nossas vidas. Porém, no entanto, no nosso meio, limitamo-nos a uma ou duas relacionadas aos nossos ritos e às nossas simbologias sem refletirmos sobre seus significados.

Vontade: faculdade comum ao homem e aos outros animais pela qual o “espírito” se inclina a uma ação. Desejo; ato de se sentir impelido a; ânimo, espírito; capricho, fantasia, veleidade; necessidade física; apetite; arbítrio, mando, firmeza de caráter; zelo, interesse, empenho; desejos, apetites, fantasias.

Observem meus queridos Irmãos! Quando empregamos a palavra espírito na definição da palavra vontade, percebe-se que a vontade transcende a esse mundo. Para nós Maçons o verdadeiro significado da

palavra vontade, deve ser maior. Deve transcender, também! Deve ser companhia diária em nossas vidas. Deve ser um dever a ser cumprido porque temos a fé que nos dá coragem, a Perseverança que nos faz vencer obstáculos e o devotamento que nos leva a fazer o Bem.

Essa vontade deve caminhar conosco lado a lado, e sentiremos resultados maravilhosos, tanto no autoconhecimento, como no comportamento e jeito de viver. Porém, para que sejamos realmente livres e de bons costumes, é preciso compreender que uma das primeiras vontades a que devemos submeter é aquela que acaba com humanidade. Estou falando do “Egoísmo”. É contra ele que nós devemos lutar com coragem. Mas lutar primeiramente para combatê-lo no lugar onde ele se esconde.

E onde é este lugar meus Irmãos? Dentro de cada um de nós! Vencer as vontades, primeiramente é vencer o egoísmo que carregamos conosco. Que não nos deixa ser fraternos, benevolentes, simples, humildes e com os corações sensíveis ao bem. Isso sim é submeter à vontade. Como quando respondemos aos nossos Irmãos sobre o real proposito que temos ao entrar em nossa loja ou nas outras oficinas que visitamos.

Quer fazer novos progressos na Maçonaria? Basta parar, pensar, refletir e direcionar seus esforços para os outros significados da palavra vontade e entenderás que tendo vontade, crescerás. Que tendo vontade, fará a diferença e caminhará a passos largos, um de cada vez é claro! Mas a passos largos aos novos progressos a que viestes buscar aqui.

Vencerás suas paixões e submeterá suas vontades ao Grande Arquiteto do Universo, que lhe retribuirá com sua sabedoria e bondade, deixando-te uma pessoa melhor e tua luz brilhará aos olhos daqueles que precisarão de ti, e verão em ti, um homem bom, simples, benevolente e principalmente de bons costumes. E lhes digo mais! Submeta a sua vontade sem esperar outra recompensa que não seja a tranquilidade de consciência e a satisfação do dever cumprido. Sabes que conseguirás. Basta ter...Vontade!

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Como Você Constrói a Sua Casa?

Walber Gonçalves de Souza

Há uma história que é muito contada nas escolas para os alunos bem como é fonte de inspiração para vários desenhos animados e acredito que

todos nós conhecemos. Refiro-me à história infantil em que aparecem os “três porquinhos” como personagens. Portanto, vamos fazer um rápido resgate desta história infantil.

Resumidamente, a história conta como cada um dos três porquinhos construiu a sua própria casa, na tentativa de se proteger e escapar do lobo mau. Um deles, cheio de preguiça, construiu sua casa de palha, veio o vento e destruiu tudo; um outro, também não muito animado, usou uma madeira leve, fraca e também não obteve sucesso, pois a casa desmoronou; já o terceiro, que acabou demorando mais pois usava um material que requeria mais trabalho pesado, mas quando vieram as tempestades e as ameaças do lobo, não teve o que temer, pois seu abrigo realmente o deixou protegido.

Há uma passagem bíblica no Livro de Mateus, que diz que não devemos construir nossa casa em um terreno arenoso. Pois não tendo uma base segura ela poderá desmoronar. Devemos sabiamente procurar um lugar que esteja preparado para as intempéries e assim como está no livro sagrado “desceu a chuva

e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”.

E cada um de nós conhecedores destas histórias poderíamos nos perguntar: como estamos construindo nossa casa? Será que estamos realmente edificando a nossa morada, tornando-a um porto seguro para nós mesmos bem como para aqueles do qual somos coabitantes?

Não pretendo com este texto discutir a questão da engenharia, o que não poderia justamente pela falta de conhecimento, mas sim aproveitar destas passagens para construir uma reflexão que possibilite perceber e refletir sobre a nossa própria existência, sendo assim, uma reflexão metafórica sobre a nossa própria vida.

A vida é uma eterna construção. Nossos corpos representam o imóvel que se move sem cessar. Da mesma forma que construímos a nossa vida, construímos também a nossa história. Pois uma é o reflexo da outra.

Quando decidimos construir, dentro das nossas possibilidades, primeiramente nos deparamos

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com uma série de situações, tais como: local, tamanho da obra, custos com mão de obra, material e demais detalhes que aparecem no decorrer da obra. Todas estas situações requerem um olhar atento e ao mesmo tempo justo e real, isto quer dizer, que esteja dentro das possibilidades de cada um.

Com a vida não é diferente, somos, na maioria das vezes o que escolhemos, pois nossas escolhas refletem diretamente o que somos e como estaremos construindo e dando robustez à nossa vida.

Poderíamos comparar o local e o terreno escolhido, com os nossos amigos. Eles podem ser o solo firme ou o solo arenoso. Com quem andamos ou convivemos diz muito quem nós somos. E mesmo nas exceções, pois sabemos que elas existem, ao conviver com pessoas que não valem a pena, corremos o risco de colocarmos nossa casa em constante perigo. Existem pessoas que simplesmente não acrescentam nada, pelo contrário é um terreno infértil.

Não adianta, portanto, um bom material nas mãos de pessoas erradas, não adianta colocarmos nosso maior tesouro que é nossa vida, nas companhias de pessoas fúteis e por que não dizer, vazias.

Seguindo com a utilização dos materiais, pouco adianta subir uma parede se ela não está aprumada e ereta. O mesmo deveria servir para nós, o que adianta uma vida torta, sem prumo, fora de esquadro. Uma hora vai desmoronar, mas até este dia chegar todo

mundo vai notar e perceber que parede feia e malfeita, a exemplo de uma vida vazia.

Uma casa pequena pode ser aconchegante da mesma forma que uma casa grande pode ser aconchegante. O contrário também é verdadeiro, pois o tamanho e o seu formato não dará à casa o que dela esperamos, mas o que dará o brilho que queremos são os seus habitantes.

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Pouco importa o nosso tamanho, pouco importa o que fazemos com a nossa carne, se os nossos valores são mesquinhos e pequenos. Nossa construção, nosso lar, só terá sentido se os nossos valores forem condizentes com aquilo que verdadeiramente se espera de um ser humano.

Ser obreiro da própria vida é a nossa grande razão de ser. Os porquinhos nos ensinaram da mesma forma que a vida nos indica a todo momento, que a nossa casa terá o formato que estivermos dispostos a edificar.

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