a utilizaÇÃo dos contos de fadas com crianÇas em … · encontro de final de semana com a...

60
UNISALESIANO CENTRO UNIVERSITARIO CATOLICO SALESIANO AUXILIUM PEDAGOGIA Daiane Cristina Cavalcante Milena Rochet da Silva Solfa A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS COM CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO LINS - SP 2012

Upload: tranminh

Post on 15-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNISALESIANO

CENTRO UNIVERSITARIO CATOLICO SALESIANO AUXILIUM

PEDAGOGIA

Daiane Cristina Cavalcante

Milena Rochet da Silva Solfa

A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS COM

CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

LINS - SP

2012

Daiane Cristina Cavalcante

Milena Rochet da Silva Solfa

A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS COM CRIANÇAS EM PROCESSO

DE ALFABETIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, do curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Ma Fátima Eliana Frigatto Bozzo.

LINS – SP 2012

Daiane Cristina Cavalcante

Milena Rochet da Silva Solfa

A UTILIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS COM CRIANÇAS EM PROCESSO

DE ALFABETIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação do curso de

Pedagogia.

Aprovado em ________/________/________

Banca Examinadora:

Profª Orientadora: Fátima Eliana Frigatto Bozzo

Titulação: Mestre em Odontologia – Saúde Coletiva

Assinatura: _________________________________

1º Profª Elaine Cristina Moreira da Silva

Titulação: Mestre em Educação

Assinatura: _________________________________

2º Prof. José Médice

Titulação: Mestre em Odontologia – Saúde Coletiva

Assinatura: _________________________________

DEDICATÓRIA

Aos nossos familiares; pelo esforço,

dedicação e compreensão, em todos os

momentos desta e de outras caminhadas.

Daiane

A todos os meus familiares, esposo pela

compreensão, dedicação e credibilidade

em todos os momentos desta caminhada.

Milena

AGRADECIMENTOS

As dificuldades não foram poucas...

Os desafios foram muitos...

Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis.

Muitas vezes me senti só. E assim o estive...

O desânimo quis me contagiar, porém, a garra e a tenacidade foram mais

fortes, sobrepuseram-se a esse sentimento, fazendo-me seguir a caminhada,

apesar da sinuosidade do caminho.

Agora, ao olhar para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e

posso constatar que as noites de sono perdidas, as viagens canceladas, o

encontro de final de semana com a família perdido; o cansaço das reuniões, os

longos tempos de leitura, digitação, discussão; a ansiedade em querer fazer e

a angústia de muitas vezes não o conseguir, por problemas estruturais, não

foram em vão.

Aqui estou, como sobrevivente de uma longa batalha, porém, muito mais forte

e com coragem suficiente para mudar a minha postura, apesar de todos os

percalços...

Como dizia Antoine Saint Exupéry em sua obra prima “O Pequeno Príncipe”:

“Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão importante”.

EPÍGRAFE

“Quem lê...

...Sabe mais,

...Pensa melhor,

...Compara ideias,

...Prepara – se melhor,

...Fundamenta suas opiniões,

...Aumenta sua compreensão,

...Melhora seu vocábulo,

...Tem mais chances,

... Absorve experiências e

... Sabe o que está acontecendo.”

RESUMO

Os contos de fadas continuam encantando as crianças da geração cibernética. Ao longo dos tempos, eles foram adaptados para ajudar na educação das crianças, pois possui poder de simbolizar e “resolver” os conflitos psíquicos inconscientes que ainda dizem respeito às crianças de hoje. O presente trabalho “A utilização dos contos de fadas com crianças em processo de alfabetização”, tem como objetivos: demonstrar a importância pedagógica dos contos de fadas na vida de crianças no processo de alfabetização, conhecer a origem dos contos de fadas com destaque nos mitos, fábulas e suas respectivas simbologias, identificar como os professores usam os contos de fadas na aprendizagem de crianças em alfabetização e verificar quais estratégias o professor utiliza ao fazer a leitura dos contos de fadas no processo formativo das crianças. A metodologia utilizada na pesquisa foi bibliográfica, com pesquisa de campo e seus dados mediante análise qualitativa. Constatou – se por base teórica que os contos de fadas são atividades indispensáveis para o desenvolvimento da criança em diferentes campos: afetivo, social e cognitivo. Para isso, cabe ao educador ter objetivos definidos, planejar suas aulas e ter clareza sobre o que a contação de histórias irá proporcionar as crianças e se as histórias estão adequadas à faixa etária. Estimulando sempre seus alunos por meio das histórias a desenvolver sua capacidade de imaginar, criar, descobrir, entre outras habilidades. Os resultados obtidos com os questionários foram que alguns educadores reconhecem parcialmente a importância da contação de história para o desenvolvimento integral da criança e consequentemente favorecendo o processo de alfabetização, porém falta qualidade na mediação do ato de ler. Espera – se que com esta pesquisa possa contribuir com reflexões aos educadores que estão trabalhando com a contação de histórias com crianças em processo de alfabetização demonstrando a importância dessa prática pedagógica. Palavras – chaves: Contos de Fada. Prática Pedagógica. Alfabetização.

ABSTRACT

The fairy tales continue delighting children from cyber generation. Over time, they have been adapted to assist in the education of children because it has the power to symbolize and "solve" the unconscious psychic conflicts that still relate to today's children. This study "The use of fairy tales with children in the literacy process", aims: to demonstrate the pedagogical importance of fairy tales in the lives of children in the literacy process, knowing the origin of fairy tales prominently in myths , fables and their symbols, identify how teachers use fairy tales to children in learning in literacy and see which strategies the teacher uses to make the reading of fairy tales in the training of children. The methodology used in the research literature was, with field research and data through qualitative analysis. Verified - is based on the theory that fairy tales are activities essential to the child's development in different fields: affective, social and cognitive. For this, it is for the teacher to have goals set, plan their lessons and be clear about what storytelling will provide children and if the stories are appropriate to their age. Always encouraging his students through stories to develop their ability to imagine, create, discover, among other skills. The results obtained from the questionnaires were that some educators recognize the importance of partially storytelling for the integral development of the child and consequently favoring the literacy process, but lack quality in mediating the act of reading. Wait - is that this research can contribute to reflections with educators who are working with children with storytelling in the process of demonstrating the importance of literacy teaching practice Key - words: Fairy Tales. Literacy and Pedagogical. Practice.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Resposta da Pergunta nº1 dos Professores...................................42

Figura 2 – Resposta da Pergunta nº2 dos Professores...................................43

Figura 3 – Resposta da Pergunta nº3 dos Professores...................................44

Figura 4 – Resposta da Pergunta nº4 dos Professores...................................45

Figura 5 – Resposta da Pergunta nº5 dos Professores...................................46

Figura 6 – Resposta da Pergunta nº6 dos Professores...................................46

Figura 7 – Resposta da Pergunta nº7 dos Professores...................................47

Figura 8 – Resposta da Pergunta nº8 dos Professores...................................48

Figura 9 – Resposta da Pergunta nº9 dos Professores...................................48

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Pergunta nº1 dos Professores.........................................................57

Tabela 2 – Pergunta nº2 dos Professores.........................................................57

Tabela 3 – Pergunta nº3 dos Professores.........................................................57

Tabela 4 – Pergunta nº4 dos Professores.........................................................57

Tabela 5 – Pergunta nº5 dos Professores.........................................................57

Tabela 6 – Pergunta nº6 dos Professores.........................................................58

Tabela 7 – Pergunta nº7 dos Professores.........................................................58

Tabela 8 – Pergunta nº8 dos Professores.........................................................58

Tabela 9 – Pergunta nº9 dos Professores.........................................................58

Tabela 10 – Pergunta nº10 dos Professores.....................................................58

Tabela 11 – Pergunta nº11 dos Professores.....................................................59

Tabela 12 – Pergunta nº12 dos Professores.....................................................59

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

CAPÍTULO I - CONTOS DE FADAS: DOS CAMPONESES MEDIEVAIS ÀS

CRIANÇAS DO SÉCULO XXI .......................................................................... 15

1 A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS ..................................................... 16

1.1 Principais escritores ............................................................................. 16

1.2 Mitos, as fábulas e os contos de fadas: Diferentes Aspectos. ............. 18

CAPÍTULO II OS CONTOS DE FADAS E A FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS. 20

2 A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS...............................................21

2.1 O que está por trás de um conto? ............................................................... 21

2.2 Leituras na Família e na escola .................................................................. 29

CAPÍTULO III CONTOS DE FADAS PARA EDUCAÇÃO .............................. 31

3 OS CONTOS DE FADAS E A EDUCAÇÃO......................................................32

3.1 Contos de Fadas: Caminho para leitura ..................................................... 32

CAPÍTULO IV CONTOS DE FADAS EM SALA DE AULA ............................. 35

4 A SALA DE AULA E OS CONTOS................................................................36

4.1 A história em sala de aula ........................................................................... 37

4.2 Repertórios a ser usado em sala de aula ................................................... 37

4.3 A criança e o contato com a biblioteca ....................................................... 39

4.4 A Biblioteca Particular ................................................................................. 40

CAPÍTULO V ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM

PROFESSORES ALFABETIZADORES .......................................................... 41

5 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM PROFESSORES

ALFABETIZADORES .......................................................................................... ...42

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................53

APÊNDICES......................................................................................................55

11

INTRODUÇÃO _______________________________________________________________

“Andersen foi, sozinho, responsável por um revigoramento do conto de

fadas e uma largamento de seus limites para acomodar novos desejos e

fantasias”.

(Maria Tatar)

12

Desde que o ser humano adquiriu a fala, a literatura existe, porém se

consolidou no século 17, com a descoberta da prensa. Há notícias de histórias

antigas na África, na Índia, na China, no Japão e no Oriente Médio, como por

exemplo, a coleção de contos árabes como As Mil e Uma Noites.

É fácil reconhecer um conto de fada, são animais que falam, fadas e

rainhas não podem faltar, assim como a introdução “era uma vez”.

As histórias passam em um lugar muito distante e tem personagens com

apelidos e nomes comuns.

Os contos de fadas pertencem ao gênero literário mais rico do

imaginário popular, funcionam como válvula de escape e permitem que a

criança vivencie seus problemas psicológicos de modo simbólico, saindo mais

feliz dessa experiência.

Ao longo dos tempos, os contos de fadas foram adaptados para ajudar

na educação das crianças, como escrevem Corso e Corso (2006, p.16), que:

“os contos de fadas, que continuam encantando crianças das gerações dos

computadores, consiste em seu poder de simbolizar e “resolver” os conflitos

psíquicos inconscientes que ainda dizem respeito às crianças de hoje”.

Sendo assim, encontra-se uma visão psicológica subjacente da maioria

dos problemas da existência.

Em nome da preocupação em ser racionais, eficientes, o fantástico, o

imaginário, o mundo simbólico é desprezado.

De acordo com Lourenço (2009), no século XX, a Psicanálise passou a

se interessar e empregar na sua metodologia os contos de fadas como registro

do inconsciente coletivo.

Segundo Bonaventure (2008), ler um conto ou contá-lo para uma criança

não é um passatempo, ou fuga da pura realidade, com objetivo de ficarem com

princesas e príncipes, fadas que transformam a dura realidade em algo

maravilhoso, mas os contos de fadas nos falam sobre a realidade do ser

humano, de sua busca, de seus traumas e dificuldades.

No mundo escolar, há muitos anos, a contação de histórias ocorre e

colabora para que os docentes percebam o quanto as histórias ajudam em sua

missão de educadores.

A partir dessa questão, busca - se identificar a contribuição da contação

de histórias no desenvolvimento infantil, o aprimoramento das habilidades no

13

momento de audição de histórias, dentro do espaço escolar, como também nas

relações sociais.

A contação de histórias é uma prática que deve ocorrer em casa com a

família, propiciando momento de lazer e despertando o interesse da criança

pela literatura.

Para a concretização e enriquecimento do trabalho foi realizada uma

pesquisa bibliográfica tendo como suporte documentos, livros, artigos e outros,

possibilitando a fundamentação sobre o tema e apoiando a elaboração do texto

monográfico.

Coelho define história e seu principal objetivo:

Histórias são narrações de acontecimentos ou situações significativas para o conhecimento da evolução dos tempos, culturas, civilizações, nações etc. Não é mera exposição de fatos, mas resulta de uma indagação inteligente e critica dos fenômenos que tem por fim o conhecimento da verdade. (COELHO, 2002, p. 85).

Dessa forma percebe-se a função das histórias na formação dos

indivíduos e ao longo dos séculos, algumas formas de literatura se destacaram

devido a grande divulgação.

Bettelheim traz considerações relevantes sobre aspectos essências que

devem ser priorizados e utilizados nas contações de histórias.

Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções: estar harmonizadas com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Resumindo, deve de uma só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade-e isso sem nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a seus predicamentos e, simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu futuro. (BETTELHEIM, 2008, p, 20).

O autor Bruno Bettelheim aborda aspectos relevantes para a

compreensão do importante papel dos contos de fadas no desenvolvimento e

aprendizagem da criança.

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. (BETTELHEIM, 2008, p. 20).

Diante das afirmações apresentadas por Bettelheim é plausível fazer

uma reflexão sobre a importância dos contos de fadas e as suas grandes

14

contribuições na etapa da alfabetização das crianças, porque eles não são

apenas instrumentos de diversão, mas contribuem para o desenvolvimento de

suas habilidades em todos os momentos quer forem utilizados.

No trabalho aqui apresentado, enfocou-se de maneira específica a

criança em período de alfabetização e foi organizado da seguinte forma:

O primeiro capítulo aborda a origem dos contos de fadas, e como as

crianças interagem, bem como a sua modificação ao longo dos séculos. Faz-

se uma abordagem sobre os grandes autores da literatura como, por exemplo,

Jean de La Fontaine, os irmãos Grimm, Charles Perault, e Hans Cristian

Andersen.

No segundo capítulo verificam-se como os contos de fadas contribuem

significativamente na formação das crianças em período de alfabetização e

como eles estão presentes desde cedo.

No terceiro capítulo trata-se de alguns aspetos relevantes para a

formação da criança em período de alfabetização, no que tange a contação de

histórias e como auxilia de forma bastante complementar no processo de

ensinoaprendizagem.

No quarto capítulo o foco principal foi a prática pedagógica em sala de

aula, em que foram feitas algumas considerações acerca de como e quais

histórias contar em sala de aula e sobre a importância do acesso a biblioteca

para que a criança possa desenvolver o gosto pela leitura.

O quinto capítulo apresenta a análise do questionário realizado com os

professores do segundo ano do Ensino Fundamental, que caminha por

questões sobre o uso dos contos de fadas como instrumento no processo de

ensino – aprendizagem, o conhecimento dos professores, enfim questões que

fazem refletir sobre a realidade do cotidiano escolar e os diversos olhares da

prática pedagógica.

Espera – se que o trabalho possa contribuir na prática pedagógica dos

professores alfabetizadores e que se possa utilizá-lo como reflexão e

aprimoramento sobre os benefícios dos contos de fada, algo que faz parte da

humanidade e especialmente da cultura humana.

15

CAPÍTULO I

CONTOS DE FADAS: DOS CAMPONESES MEDIEVAIS ÀS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI

_______________________________________________ “Chapeuzinho Vermelho foi meu primeiro amor. Senti que se me tivesse

sido possível casar com Chapeuzinho Vermelho teria conhecido a

felicidade perfeita.”

(Charles Dickens)

16

1 A HISTÓRIA DOS CONTOS DE FADAS

Corso e Corso (2006), afirmam que as narrativas folclóricas, ditos contos

de fadas, foram direcionadas às crianças quando a infância passou a ter

importância social, ou seja aproximadamente a quatro séculos.

Bettelheim (2008) considera que contos de fadas são aqueles com

tradição folclóricas, quanto mais antigas, mais verdadeiro e importante serão

para as crianças. Os contos de fadas nasceram e cresceram entre as pessoas

mais humildes e posteriormente se transformaram em objeto de uso da corte,

depois de expurgados os aspectos grotescos e rebuscados da linguagem.

Na medida em que a linguagem passou a ser valorizada, os contos de

fadas tornaram referência mais culta. Porém o gosto popular não abandonou

as tradições simplificadas.

Há milhares de anos os contos de fadas existem, sendo importante

instrumento para aprendizagem das crianças. O ato de ouvir contribui

significativamente no processo de desenvolvimento humano. Com objetivo de

formar bons leitores e ouvintes, abrindo caminho para descoberta e

compreensão do mundo.

Coelho (2002) diz que os contos abrem espaços para que as crianças

deixem fluir o imaginário e desperte a curiosidade. Eles alcançam uma

dimensão superior a literatura, pois trata-se de uma obra de arte integralmente

compreensível pela criança como nenhuma outra.

“Como sucede com tudo que é arte, o significado mais profundo do

conto de fadas será diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma

pessoa em vários momentos da vida.” (BETTELHEIM, 2008, p, 20).

A maioria dos contos de fadas teve origem em períodos em que a

religião era parte importante da vida, por isso, lidam diretamente ou por

inferência, com temas religiosos.

Algumas histórias dos Irmãos Grimm iniciam-se com alusões religiosas,

como por exemplo, no conto O Velho que Voltou a Ser Jovem, começa “No

tempo em que Nosso Senhor ainda andava pela terra, Ele e São Pedro

pararam uma noite na casa de um ferreiro.” (BETTELHEIM, 2008, p. 23)

1.1 Principais escritores

17

Vários escritores contribuíram de forma bastante significativa para a

recriação dos contos de fadas da literatura infantil. São eles:

1.1.1 Charles Perrault

No século XVIII, o francês Charles Perrault (Cinderela, Chapeuzinho Vermelho) coleta contos e lendas da Idade Média e adapta – os, constituindo os chamados contos de fadas, por tanto tempo paradigma do gênero infantil. (CADERMARTORI, 1994, p.33)

Juntamente com La Fontaine, Perrault entra para a história da literatura

Universal, como autor de uma literatura popular, desvalorizada pela estética do

seu tempo e que, apesar disso, se transforma em um dos maiores sucessos da

literatura para a infância por volta de 1671.

Conhecido também como “Homero Burguês”, pela propriedade em que

retratou a sociedade de sua época, seu trabalho consistiu em transformar

monstros e animais – aos quais os camponeses atribuíram poderes mágicos –

em fadas.

Responsável pela introdução dos desprivilegiados nos salões, em contos

cujas personagens são mais estereotipadas: a madrasta, o lobo. Utiliza o

confronto dualista entre bons e maus, belos e feios, fortes e fracos, como

exercício de crítica à corte. Não raro, os personagens que representam as

classes discriminadas se tornam superiores à inteligência.

1.1.2 Irmãos Grimm – Jacob & Wilhelm

Recolheram da memória popular as antigas narrativas, lendas ou sagas

germânicas, conservadas por tradição oral. Inseridos num contexto histórico

alemão de resistência as conquistas napoleônicas.

Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica,

encontrou a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da época

medieval, uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o

mundo.

Na tradição oral, as histórias compiladas não eram destinadas ao público

infantil e sim aos adultos. Os irmãos Grimm fundiram dois universos: o popular

e o infantil.

18

1.1.3 Hans Christian Andersen

De origem dinamarquesa, poeta e novelista nasceu em 02 de abril de

1805, pobre, desajeitado e alto demais para sua idade quando criança.

Há a hipótese de que, ao escrever “O Patinho Feio”, o autor tenha se

inspirado em sua própria infância.

Embora entre suas histórias existam muitas que se desenrolam no

mundo da imaginação, a maioria está dentro de um cotidiano.

Considerado o precursor da literatura infantil mundial, em função da data

de seu nascimento comemora – se em 02 de abril, o Dia Internacional do Livro

Infanto-juvenil.

1.2 Mitos, as fábulas e os contos de fadas: Diferentes Aspectos.

Coelho (2002) afirma que há diferença entre mito, as fábulas e o conto

de fada, pois possuem abordagem e finalidades distintas, como podemos

observar a seguir:

A origem da palavra mito vem do grego mytbus, que quer dizer narração,

os mitos explicam intuitivamente os fenômenos básicos da vida humana. Tudo

aquilo que não pode ser explicado aos olhos humanos.

Fábulas são narrativas que tem como objetivo demonstrar erros de

comportamento tem aspecto de moralidade. Historicamente é o gênero

narrativo mais difundido no mundo. O grego Esopo (séc. VI a.C) foi o precursor

seguido de Fedro (séc. d.C.) em Roma. La Fontaine recriou fábulas originais e

criou outras no século VII (era clássica).

No século XIX surgem no Brasil os contos de fadas com uma

característica relevante no que tange ao argumento, suas narrativas

desenvolvem no mundo das fadas. A trama demonstra as etapas que precisam

ser vencidas em busca do próprio “eu”.

A literatura infantil é ferramenta de criatividade que representa o homem,

o mundo, a vida, por meio da palavra, propagando os sonhos e realizações,

entre o real e o imaginário. O conto de fadas é um fenômeno impar, passou

pela transmissão oral dos camponeses medievais e hoje se transformou em

histórias em quadrinhos, filmes e desenhos animados.

19

A utilização dos contos de fadas possui aspectos que precisam ser

priorizados, como nos ensina Bettelheim:

Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções: estar harmonizadas com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Resumindo, deve de uma só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade-e isso sem nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a seus predicamentos e, simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu futuro. (BETTELHEIM, 2008, p, 20).

No desenvolvimento e aprendizagem das crianças, inúmeros aspectos

precisam ser levados em consideração, pois por meio da diversão a criança

enriquece o desenvolvimento de sua personalidade.

Diante do exposto percebe-se que os contos de fadas ultrapassam a

função de diversão, mas colabora na formação do individuo.

20

CAPÍTULO II

OS CONTOS DE FADAS E A FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS

_______________________________________________ “Uma infância são ânsias.”

(Marilene Felinto)

21

2 A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS

Os contos de fadas direcionam a criança para descoberta de sua

identidade, vocação, sugerindo experiências necessárias para desenvolver o

seu caráter.

Bettelheim (2008) afirma que a vida intelectual de uma criança, tirando

as experiências vividas dentro da família depende das histórias míticas e

religiosas e dos contos de fadas.

Essa literatura tradicional alimentava a imaginação da criança e lhe estimulava a fantasia. Simultaneamente, já que essas histórias respondiam às suas questões mais importantes, eram um dos principais agentes de sua socialização. Os mitos e as lendas religiosas a eles intimamente relacionadas ofereciam material a partir do qual as crianças formavam seus conceitos de origem e propósito de mundo, e dos ideais sociais que lhe poderiam servir de modelo. (BETTELHEIM, 2008, p.35)

Nos contos de fadas, os processos interiores são exteriorizados,

tornando compreensível tal como representado pelas histórias e por seus

incidentes. Para as crianças, os contos de fadas vão além da representação

das formas corretas de como se comportar. Os personagens e situações

personificam os conflitos íntimos, sugerindo sutilmente como estes podem ser

solucionados.

Ler não é o mesmo que ouvir histórias, pois quando se lê sozinha a

criança pensa em um mundo estranho, mas quando o adulto conta, ela tem

certeza de que este aprova a retaliação feita em fantasia. Ler historia é

suscitar o imaginário, descobrir um mundo de conflitos.

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoção importante, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 1991, p.17)

Outro aspecto relevante para desenvolver as habilidades da criança é a

relação social que ela possui fora dos muros da escola, principalmente em

casa, onde deve ter o hábito de contar histórias, fazendo com que a criança

conviva com a linguagem escrita.

2.1 O que está por trás de um conto?

22

Os contos de fadas carregam uma herança significativa de sentidos

ocultos e essenciais para a vida. Como toda obra de arte, os contos de fadas

são uma variação sobre o mesmo tema, ou seja, o ser humano buscando o

sentido da vida.

Eles atuam para resolver os conflitos internos, sendo decisivos na

formação da criança.

2.1.1 João e Maria

Este conto relata a aventura dos irmãos João e Maria, filhos de um

pobre lenhador, que em acordo com a esposa, decide largá-los

na floresta porque a família não tem condições para mantê-los. No caminho

pela floresta, João e Maria espalham migalhas de pão. As migalhas, que é o

detalhe mais conhecido e característico da obra, acabam por ser comidas pelos

pássaros e com isso João e Maria acabam perdidos na floresta.

Buscando encontrar o caminho de volta, as crianças acham uma casa

feita de doces e, com fome, começam a comer as guloseimas. É então

recolhida pela dona da casa que se revela uma bruxa. Ela planejava engordar

as crianças para depois comer a sua carne. Enquanto João se alimentava e ia

engordando, Maria trabalhava na casa para depois ser a próxima. Porém,

espertas, as crianças descobrem o plano da bruxa e a enganam atirando-a

para dentro do próprio forno. Assim, livres, João e Maria são encontrados pelo

pai, cuja mulher tinha morrido, e voltam para casa levando consigo provisões

suficientes para o resto de suas vidas.

Este conto corporifica as angústias e tarefas da aprendizagem da

criança pequena, que necessita dominar e sublimar seus desejos

incorporativos primitivos e, consequentemente destrutivos.

A criança precisa aprender que, caso não se liberte deles, seus pais ou

a sociedade a forçará a fazê-lo contra sua vontade, assim como sua mãe

deixara de amamentá-la ao sentir que era chegado o momento de fazê-lo.

Expressa simbolicamente as experiências interiores diretamente ligadas

à mãe. O pai é um personagem apagado e ineficaz ao longo da história, tal

como se revela à criança no início de sua vida, quando a mãe assume toda

importância, tanto nos aspectos benignos como nos ameaçadores.

23

2.1.2 Chapeuzinho Vermelho

Chapeuzinho Vermelho é um conto de fada clássico, de origem

européia. O nome do conto vem da protagonista, uma menina que usa um

capuz vermelho. O conto sofreu inúmeras adaptações, mudanças e releituras

modernas, tornando-se parte da cultura popular mundial.

A versão moderna conta que uma menina conhecida como Chapeuzinho

Vermelho, atravessa a floresta para entregar uma cesta de pães de mel para

sua "Vovó" doente, mas a estrada se bifurca entre um caminho longo e seguro

e um caminho mais curto e perigoso. A menina toma o caminho curto, aonde é

vista por um lobo, geralmente chamado de Lobo Mau. Ele sugere que a menina

volte e tome o caminho longo, por segurança. Chapeuzinho segue o conselho

do lobo e volta atrás. Mas enquanto ela toma o caminho longo, o Lobo

Mau segue pelo caminho curto, chega à casa da Vovó, e a devora

completamente. Então, se veste com suas roupas e aguarda Chapeuzinho na

cama da Vovó. Quando a menina chega, nota a aparência estranha de sua

avó, e tem o famoso diálogo com o lobo:

- Porque essas orelhas tão grandes?

- São para te ouvir melhor.

- E porque essa boca tão grande?

- É para te comer!

Nesse momento, a "avó" (que era o lobo disfarçado), revela-se e devora

Chapeuzinho, que grita assustada. Então, um caçador que passava por ali,

ouve os gritos, e encontra o lobo dormindo na cama. O caçador então abre a

barriga do lobo donde saem chapeuzinho e sua avó, ilesas.

Este conto fala das paixões humanas, voracidade oral, agressão e

desejos sexuais pubertários. Opõe a oralidade refinada da criança em

maturação (a boa comida levada para a avó) à sua forma canibalística anterior

(o lobo engolindo a avó e a menina). Com sua violência, inclusive o que salva

as duas personagens femininas e destrói o lobo ao abrir – lhe o estômago e ao

colocar em seguida pedras dentro dele. A experiência de Chapeuzinho leva a

se modificar, uma vez que promete a si própria que jamais se desviará do

caminho.

24

2.1.3 João e o Pé de Feijão

De origem inglesa, a história conta que um menino, chamado João, vai

ao mercado a mando de sua mãe com o fim de vender uma vaca. Quando a

criança chega ao mercado, um estranho lhe propõe cinco feijões mágicos em

troca do bovino. Após aceitar a barganha retorna para casa com os grãos no

bolso.

Sua mãe se enfurece pela clara instrução de vender a vaca ter sido

ignorada. Fora de si, ela joga os feijões pela janela. Enquanto João dorme, os

feijões germinam e dão origem a gigantes pés de feijão despontando no céu.

Ao acordar, o menino escala o colossal feijoeiro e encontra a um castelo

acima das nuvens, lugar habitado por um gigante que se alimenta de gente.

Protegido pela esposa do grandalhão, João consegue fugir, após

surrupiar uma sacola de moedas de ouro. Retorna no dia seguinte para furtar

a galinha dos ovos de ouro do gigante e novamente escapa ileso. No terceiro

dia, João escala o feijoeiro de novo e tenta roubar uma harpa de ouro. Dessa

vez, o gigante persegue João, mas o menino consegue descer o pé de feijão

mais rapidamente e o corta com um machado.

Essa história mostra que, embora a crença na magia possa ajudar a

ousar enfrentar o mundo por conta própria, em última análise devemos tomar a

iniciativa e desejar correr os riscos inerentes a ser dono da própria vida. Ao

receber as sementes mágicas. João sobe no pé de feijão por iniciativa própria e

não por sugestão de outrem. Utiliza a força do corpo para escalar o pé de feijão

e arrisca a vida por três vezes para obter os desejos mágicos. No final da

história abate o pé de feijão e assegura assim a posse dos objetos que obteve

por meio de sua própria astúcia.

2.1.4 Branca de Neve

Branca de Neve (em alemão Schneewittchen) é um conto de

fadas originário da tradição oral alemã, que foi compilado pelos Irmãos

Grimm e publicado entre os anos de 1812 e 1822.

A versão mais popular relata a história da princesa Layza; sua mãe

estava acariciando uma rosa até que furou seu dedo e disse que queria uma

25

filha com a pele branca feito a neve, cabelos negros como o ébano e os lábios

vermelhos, da mesma cor daquele sangue. Passado algum tempo,

o rei enviuvou e voltou a casar com uma mulher belíssima, mas extremamente

cruel e, além disso, feiticeira, a qual desde o primeiro dia tratou muito mal a

menina.

Quando o rei morreu, a vilã, vendo que a Branca de Neve possuiria uma

beleza que excederia a sua, obrigou-a a fazer todo o trabalho no castelo. A

rainha tinha um espelho mágico e todos os dias lhe perguntava quem era a

mulher mais bela do reino. Todas às vezes o espelho respondia que era ela.

Um dia, ao fazer a habitual pergunta, o espelho respondeu que a rainha

era bela, mas que Branca de Neve era mais bela. Um dia, quando estava

trabalhando, foi pegar água do poço para banhar-se, e o seu cantarolar

chamou a atenção de um príncipe que caçava pelos arredores; ele foi ao seu

encontro. A vilã, sabendo desse encontro, não se conteve e expulsou Branca

de Neve. A megera mandou um caçador ir ao bosque, e lá matar Branca de

Neve. Como prova de que havia cumprido este ato, ordenou-lhe que trouxesse

o coração da menina. Mas, o caçador teve pena da princesa e lhe poupou a

vida, ordenando-lhe que fugisse. Para comprovar que havia obedecido às

ordens da madrasta, entregou-lhe o coração de um javali.

Branca de Neve correu bosque adentro; quando estava muito cansada,

adormeceu profundamente numa clareira. No dia seguinte, quando acordou,

estava rodeada pelos pequenos animais da floresta, que a levaram até uma

casinha no centro do bosque. Dentro, tudo era pequeno: mesas, cadeiras,

camas. Por todo o lado reinava a desordem e tudo estava muito sujo. Ajudada

pelos animaizinhos, deixou a casa toda arrumada e depois foi dormir.

Ao anoitecer, chegaram os donos da casa, eram sete anõezinhos,

voltando da mina de diamantes onde trabalhavam. Quando a princesinha

acordou, eles se apresentaram: Soneca, Dengoso, Dunga (o único que não

tinha barbas e não falava), Feliz, Atchim, Mestre e Zangado. Ao serem

informados dos problemas da princesa, eles resolveram tomar conta dela e a

deixaram ficar.

A malvada rainha não tardou, por meio do seu espelho mágico, a saber,

que Branca de Neve estava viva e continuava a ser a mulher mais bonita do

reino, decidiu então, acabar pessoalmente com a vida da princesinha.

26

Disfarçou-se de pobre velhinha, indefesa, feiosa e com cara torta, e

primeiro tentou matá-la com um pente envenenado, mas na hora chegaram os

anões e a afugentaram. Então envenenou uma maçã e foi até a casinha dos

anões.

Quando eles saíram para trabalhar, ofereceu a maçã envenenada e

Branca de Neve, que a mordeu, caiu adormecida.

Quando os anõezinhos regressaram, pensaram que Branca de Neve

tivesse morrido. De tão linda, eles não tiveram coragem de enterrá-la. Então

fizeram um caixão de vidro e o enfeitaram com flores. Estavam junto à princesa

adormecida, quando por ali passou o príncipe do reino vizinho, que há muito

tempo a procurava. Ao ver a bela Branca de Neve deitada no seu leito,

aproximou-se dela e lhe deu um beijo de amor. Este beijo quebrou o feitiço,

que fez a princesa cuspir a maçã e despertar. O príncipe pediu à Branca de

Neve que casasse com ele. E o feliz casal encaminhou-se para o palácio do

príncipe e foram felizes para sempre.

A história de Branca de Neve ensina que o fato de alguém atingir a

maturidade física não a torna de modo algum preparado intelectual e

emocionalmente para a condição adulta, representada pelo casamento.

Crescimento e tempo consideráveis são necessários antes que se forme

a nova e mais madura personalidade e os velhos conflitos sejam integrados.

Como Branca de neve, cada criança no seu desenvolvimento deve repetir a história humana, real ou imaginada. Todos somos eventualmente expulsos do paraíso original da infância, onde todos os nossos desejos pareciam se realizar sem qualquer esforço de nossa parte. O aprendizado a respeito do bem e do mal – a obtenção do conhecimento – parece dividir nossa personalidade em dois: o caos vermelho de emoções desenfreadas, o id; e a pureza branca de nossa consciência, o superego. À medida que crescemos, vacilamos entre sermos vencidos pela situação do primeiro ou pela rigidez do segundo (a fita apertada e a imobilidade imposta pelo caixão).A condição humana só pode ser alcançada quando essas contradições internas são resolvidas. (BETTELHEIM, 2006, p.294)

2.1.5 Cinderela

Cinderela é um dos contos de fadas mais populares da humanidade.Sua

origem tem diferentes versões, a mais conhecida é a do escritor francês

Charles Perrault, de 1697, baseada num conto italiano popular chamado A

27

Gata Borralheira. Existe também a dos Irmãos Grimm, semelhante à de

Charles Perrault.

Nesta, porém, não há a figura da fada-madrinha e quem favorece a

realização do desejo de ir ao baile são os pombos e a árvore. Neste caso,

Cinderela sabe palavras mágicas, usadas no imperativo, que auxiliam na

transformação de seu pedido em realidade.

Cinderela era filha de um comerciante rico, depois que seu pai morreu,

sua madrasta tomou conta da casa que era de Cinderela.

Cinderela então passou a viver com sua madrasta malvada, junto de

suas duas filhas que tinham inveja da beleza de Cinderela e transformaram-na

em uma serviçal. Ela tinha de fazer todos os serviços domésticos e ainda era

alvo de deboches e malvadezas. Seu refúgio era o quarto no sótão da sua

própria casa e seus únicos amigos: os animais da floresta.

Um belo dia é anunciado que o Rei irá realizar um baile, para que o

príncipe escolha sua esposa dentre todas as moças do reino. No convite,

distribuído a todos os cidadãos, havia o aviso de que todas as moças deveriam

comparecer ao Baile promovido pelo Rei.

A madrasta de Cinderela sabia que ela era a mais bonita da região,

então disse que ela não poderia ir, pois não tinha um vestido apropriado para a

ocasião. Cinderela então costurou um vestido com a ajuda de seus amiguinhos

da floresta. Passarinhos, ratinhos e esquilos a ajudaram a fazer um vestido

feito de retalhos, mas muito bonito.

Porém, a madrasta não queria que Cinderela comparecesse ao baile de

forma alguma, pois sua beleza impediria que o príncipe se interessasse por

suas duas filhas. Sendo assim, ela e as filhas rasgaram o vestido, dizendo que

não tinham autorizado Cinderela a usar os retalhos que estavam no lixo.

Fizeram isso de última hora, para impedir que a moça tivesse tempo

para costurar outro.

Muito triste Cinderela foi para seu quarto no sótão e ficou à janela,

olhando para o Castelo na colina. Chorou, chorou e rezou muito. De suas

orações e lágrimas, surgiu sua Fada-madrinha que confortou a moça e usou de

sua mágica para criar um lindo vestido para Cinderela. Também surgiu uma

linda carruagem e os amiguinhos da floresta foram transformados em

humanos, cocheiro e ajudantes de Cinderela. Antes de sua afilhada sair, a

28

fada-madrinha lhe deu um aviso: a moça deveria chegar antes da meia-noite,

ou toda a mágica iria se desmanchar aos olhos de todos.

Cinderela chegou à festa como uma princesa, estava tão bonita, que não

foi reconhecida a não ser pela madrasta, que passou a noite inteira dizendo

para as filhas que achava conhecer a moça de algum lugar, mas não

conseguia dizer de onde. O príncipe, tão logo a viu a convidou para dançar.

Cinderela e o príncipe dançaram e dançaram a noite inteira.

Conversaram e riram como duas almas gêmeas.

Acontece que a fada-madrinha tinha avisado que toda a magia só iria

durar até a meia-noite e um. Quando o relógio badalou as doze batidas e um

minuto, Cinderela teve de sair correndo pela escadaria. Foi quando deixou um

dos seus sapatinhos de cristal na escadaria.

O príncipe, muito preocupado por não saber o nome da moça ou como

reencontrá-la, pegou o pequeno sapatinho e saiu em sua busca no reino e em

outras cidades. Muitas moças disseram ser a dona do sapatinho, mas o pé de

nenhuma delas se encaixava no objeto.

Quando o príncipe bateu à porta da casa de Cinderela, a madrasta

trancou a moça no sótão e deixou apenas que suas duas filhas

experimentassem o sapatinho.

Apesar das feiosas se esforçarem, nada do sapatinho de cristal servir.

Foi quando um ajudante do príncipe viu que havia uma moça na janela

do sótão da casa. Sob as ordens do príncipe, a madrasta teve de deixar

Cinderela descer.

A moça então experimentou o sapatinho, mas antes mesmo que ele

servisse em seus pés, o príncipe já tinha dentro do seu coração a certeza de

que havia reencontrado o amor de sua vida.

Cinderela e o príncipe se casaram em uma linda cerimônia, e anos

depois se tornariam Rei e Rainha, famosos pelo bom coração e pelo enorme

senso de justiça. Cinderela e o príncipe foram felizes para todo o sempre.

Este conto guia a criança a partir de suas maiores decepções, desilusão

edipiana, angústia de castração, opinião desfavorável sobre si própria, suposta

opinião desfavorável dos outros para que desenvolva autonomia.

O belo é um dos elementos mais importantes na literatura infantil, o

prazer e a emoção que as histórias proporcionam. Os contos de fadas

29

possuem em sua trama e personagens, um simbolismo que age no

inconsciente.

2.2 Leituras na Família e na escola

O sucesso escolar é largamente construído pela maneira de viver em

casa, dois fatores são aqui preponderantes: o meio no qual a criança evolui

com os conteúdos de impregnação que ela recebe, e a rede de relação positiva

e negativa que tecem sua vida afetiva.

Em particular, a maneira através da qual a “coisa escrita” é recebida em

casa, determinado em grande parte, o modo pela qual a criança vai recebê-la.

A relação efetiva que une os pais e a coisa escrita é um elemento

importante para o aprendizado da criança, mas não é suficiente. A escrita

precisa ser objeto e local de prazer.

Especialistas afirmam que as crianças precisam ter contatos com os

livros desde cedo, momentos de relação privilegiada.

O sucesso escolar das crianças não depende apenas da instituição, mas

é trabalho da sociedade e dos pais, é necessário que haja uma linguagem

comum.

A maior herança que a escola pode deixar a um aluno é a capacidade de ler e o gosto da leitura. Se o aluno passar pela escola e aprender pouco, mas for um bom leitor, ele terá nos livros e revistas uma prolongação da escola e poderá se desenvolver muito além do que a escola esperaria de um aluno ideal. (ZILBERMAN, 1985, p.67)

A leitura e a escrita precisam ter uma função específica na vida das

crianças, caso contrário de nada valerá.

Ouvindo histórias, as crianças familiarizam com a linguagem escrita,

com as estratégias de interpretação de leitura, facilitando a tarefa da

alfabetização.

Bons leitores é muito mais que ter a capacidade de ler, gostar e ter

compromisso pela leitura, a escola precisa mobilizar internamente, pois

aprender a ler requer reforço, precisa demonstrar que ela é interessante e

desafiador. Algo que conquista plenamente dará autonomia, independência.

Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma

prática pedagógica eficiente.

30

A motivação para a leitura e seus interesses difere não só dos grupos de

idade, mas também com os tipos individuais do leitor.

Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o

que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando

elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros

textos; que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de

elementos discursivos (ZILBERMAN, 1985, p.12)

O trabalho com a leitura forma leitores competentes e possibilita que

estes produzam textos eficazes. A leitura fornece a matéria prima para escrita.

31

CAPÍTULO III

CONTOS DE FADAS PARA EDUCAÇÃO

______________________________________________________ “Contar histórias é uma arte... é tão linda!!! É ela que equilibra o

que é ouvido com o que é sentido.”

(Fanny Abramovich)

32

3 OS CONTOS DE FADAS E A EDUCAÇÃO

A partir do século XVIII a criança deixou de ser um adulto em miniatura

com características e necessidades próprias.

Muitos séculos se passaram até que o livro infantil e a sala de aula se

transformassem em algo indispensável na vida da criança.

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI),

documento norteador das práticas pedagógicas (1998) afirma que o processo

de socialização está ligado ao desenvolvimento da identidade.

Os contos de fadas, como dito anteriormente não foram feitos para as

crianças, porém durante os anos os autores interviram e modificaram

satisfatoriamente para educação, atualmente encontra-se nas histórias o

cotidiano. Sua linguagem é encantadora e fala do interior infantil, ensina as

crianças a trabalharem seus conflitos e desenvolver sua identidade, fator

primordial para o desenvolvimento infantil.

Os contos de fadas, a produção literária infantil, assim como as criações do grupo são ótimos materiais para o desenvolvimento dessa atividade que poderá utilizar-se de sons vocais, corporais, produzidos por objetos do ambiente, brinquedos sonoros e instrumentos musicais. (BRASIL, 1998, p.62)

Como não é possível precisar que idade um conto específico será mais

importante para criança, espera – se que a própria criança busque e sinta

atraída pela história.

As histórias não envelheceram, uma parcela teve que se adaptarem as

exigências do mundo moderno.

A ficção infantil ou adulta supre os indivíduos de algo quer não se encontra facilmente em outros lugares: todos precisamos de fantasia, não é possível viver sem escape. Para suportar o fardo da vida comum é preciso sonhar. Para suportar o fardo da vida comum, é preciso sonhar. Mas, não devemos confundir a oferta de fantasia através da ficção, que fornece tramas capazes de alimentar devaneios e brincadeiras, com uma educação alienante, que confunde infância com puerilidade, desmerece a curiosidade das crianças e pinta o mundo em tons de pastéis, (CORSO, 2006 p. 304)

Graças à riqueza das tramas das histórias, estas são levadas por toda vida. 3.1 Contos de Fadas: Caminho para leitura

Parte integrante da literatura infantil, os contos de fadas possibilitam que

33

o ouvinte ganhe interesse pela leitura.

Realizar a leitura visando desenvolver a criatividade e expressidade é de

suma importância.

O momento da leitura de histórias faz com que a criança possa conhecer

a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e

comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que

não o seu e consequentemente estabelecer relações com a sua forma de

pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence.

As escolas podem resgatar o repertório de histórias que as crianças

ouvem em casa e nos ambientes que frequentam, uma vez que essas histórias

se constituem em rica fonte de informação sobre as diversas formas culturais

de lidar com as emoções e com as questões éticas, contribuindo na construção

da subjetividade e da sensibilidade das crianças.

Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida. (BRASIL, 1998, p.144)

No desenvolvimento da criança a literatura é parte integrante, porém

precisam-se entender como ela ocorre em sala de aula, a formação dos

professores e como estes entendem as histórias no processo de

aprendizagem.

O professor exerce função vital, porém muitos não descobriram que os

contos de fadas podem contribuir no papel de educadores.

A criança ao adquirir o gosto pela leitura ela passa a redigir melhor, pois

terá um amplo repertório de informações.

A literatura infantil enriquece a formação da criança desde primeiros

contatos com as histórias infantis.

É também por meio da possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a criança poderá construir conhecimentos cada vez mais elaborados. Esses conhecimentos não são, porém, proporcionados diretamente às crianças. Resultam de um

34

processo de construção interna compartilhada com os outros, no qual elas pensam e refletem sobre o que desejam conhecer. (BRASIL, 1998, p.172)

Dessa forma o educador tem papel essencial dentro do contexto, às

histórias infantis despertam a criatividade, a autonomia, a criticidade dos

alunos. O ato de contar histórias ajuda a desenvolver em sua postura

investigativa, construindo conhecimento de mundo.

Ao vivenciar o faz de conta, a magia, o encantamento, a ludicidade, a

criança tem o momento lúdico, desenvolvendo habilidades por meio de

observação.

Diante da importância da literatura no âmbito escolar, ela é pouca

utilizada, muitas vezes ela é tida como passatempo, sendo um importante

instrumento de integração da criança no contexto social.

A renomada escritora Cecilia Meireles opina a respeito da literatura

infantil na formação das crianças, bem como defende e mostra como aplica-la

em sala de aula.

Insistimos na permanência do tradicional na literatura infantil, tanto oral quanto como escrito, porque por ele vemos um caminho de comunicação humana desde a infância que, vencendo o tempo e as distâncias, nos permite uma identidade de formação. Por essa comunhão de histórias, que é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute. A literatura tradicional apresenta esta particularidade: sendo diversa em cada país, é a mesma no mundo todo. É que a mesma experiência humana sofre transformações regionais, sem por isso deixar de ser igual nos seus impulsos e idênticas nos seus resultados. Se cada um conhecer bem a herança tradicional do seu povo, é certo que se admirará com a semelhança que encontra, confrontando-a com a dos outros povos. (...) É um humanismo básico, uma linguagem comum, um elo entre as raças e os séculos. (MEIRELES, 1979, p. 64)

O educador precisa levar em consideração que a literatura em sala de

aula não é apenas ferramenta para o aluno aprender a ler e a escrever, mas

colabora na aquisição de habilidades.

35

CAPÍTULO IV

CONTOS DE FADAS EM SALA DE AULA

______________________________________________________

“Rapunzel, Rapunzel! Jogue suas tranças!”

36

4 A SALA DE AULA E OS CONTOS

Atualmente as concepções de alfabetização se vinculam as duas fortes

tendências: aprendizagem da língua escrita e seus usos sociais.

O primeiro destaca especificidades da alfabetização ligadas ao domínio

da tecnologia da escrita; o segundo diz respeito ao letramento, ou seja, aos

usos sociais da escrita e da leitura.

Na opinião de Soares (1998) a segunda tendência é aquela que fornece

melhores respostas quando se busca compreender as apropriações da

literatura por crianças que consolidam seu processo de alfabetização.

Parte-se, assim, do pressuposto de que a experiência com textos

literários pode anteceder a alfabetização, fazendo valer o que ensina Magda

Soares (1998) “é possível participar de práticas de letramento mesmo sem ter o

domínio do sistema da escrita”.

Além das condições descritas são necessárias propostas didáticas

orientadas especificamente no sentido de formar leitores.

Uma premissa básica deve ser seguida, ou seja, o professor tem que ser

antes de tudo um leitor. Um professor que não leia, jamais trabalhará bem com

a leitura. Ele precisa ler muito, gostar de ler e fazer com que os pequenos

leiam; precisa ler para eles, ler com eles, e saber ouvir a leitura, ainda tímida e

descompassada, que seus fazem do texto estudado ou dos textos que eles

próprios produzem.

O professor precisa ter preparo teórico e metodológico e saber que a

escola é o lugar natural da leitura.

As histórias que se lê por conta própria, não são as que ficam na

infância, mas também aquelas que foram contadas. Guarda-se na memória,

história e seus personagens, a voz de quem contou sua entonação, seus

gestos, sua emoção.

No aprendizado da leitura, as práticas mais comuns são: ouvir e ler

narrativas literárias são atos que mais comumente localizamos no aprendizado

inicial da leitura. Mas, o que significa a interação com o texto literário quando

ainda não se tem o amplo domínio do código alfabético, fase em que a

mediação é necessária e está em relação direta com a atividade de ler sozinho,

que significa a conquista da autonomia.

37

A criança ao entrar no mundo escrito, ela tem acesso caminhos, que

anteriormente só eram acessíveis com a mediação do outro.

Na infância, bem como em outras fases de formação do leitor, ler é

atividade partilhada, na qual se confirmam sentidos e funções da leitura,

construídos pela curiosidade de quem descobre que a letra diz o mundo.

4.1 A história em sala de aula

Para trabalhar qualquer história em sala de aula se faz necessário saber

como se faz, pois as crianças descobrem vocábulos novos, tem contato com a

sonoridade das frases, dos nomes, capta a cadência e o ritmo dos contos.

Ao ler um conto de fadas, o educador não pode fazer como algo

qualquer, escolhendo a primeira história que se vê pela frente, para

Abramovich (2000) essa prática é negativa.

Também o contador não pode assustar com determinada fala, pois vai

criar no aluno uma sensação de mal estar, fazendo com que não tenham

interesse em ouvir o restante da história.

Antes de realizar a leitura em sala de aula, o professor precisa fazer a

leitura, para que saiba quais as emoções possíveis de serem despertadas no

aluno.

Dessa forma quando se faz a leitura o professor tenha capacidade de

passar a emoção verdadeira.

Claro que se pode contar qualquer história à criança: comprida, curta de muito antigamente ou de dias de hoje, contos de fadas, de fantasmas, realistas, lendas, histórias em forma de poesias ou de prosas... Qualquer uma desde que ela seja conhecida pelo contador... O critério de seleção é do narrador e o que pode suceder depois depende do quando ele conhece suas crianças, o momento que estão vivendo, os referenciais de que necessitam e do quanto saiba aproveitar o texto (ABRAMOVICH, 1991, p. 20).

O professor precisa criar um ambiente que transmita ludicidade,

envolvimento e encanto. Bem como respeitar o tempo imaginário da criança,

para que possa criar cenários, visualizar fadas e bruxas, vestir princesa.

4.2 Repertórios a ser usado em sala de aula

A história não vem pronta para ser contada, por mais acessível que seja

38

a linguagem, ela precisa ser adaptada para que se torne dinâmica e

comunicativa. A escolha da história a ser contada é de extrema importância

para que o professor possa desenvolver interesse e ter êxito nas suas

atividades

Fazer uma seleção inicial, considerando aspectos tais como: faixa etária,

condições sócio econômico, interesse do ouvinte, entre outros.

Coelho (2002), afirma que contar é um processo moroso, se faz

necessário cuidados, leva-se tempo pesquisando livros até encontrar algo que

se enquadre no perfil dos ouvintes.

Metaforicamente a história pode ser comparada a uma peça musical, ou

seja, não pode executá-la, sem antes apreciar. O educador precisa perceber se

a história desperta sensibilidade, emoção.

Após o primeiro e segundo anos, a criança gosta de histórias mais

elaboradas, pois a imaginação invade suas mentes, isso não significa que as

crianças menores não gostem de histórias realçadas.

A escola seja pública ou particular, tem como principal preocupação

formar um adulto útil esquece que ela já vive em sociedade. As crianças por

meio dos contos de fadas podem viver uma infância plena tornando adultos

harmoniosos.

A literatura é uma arte que já foi incorporada á escola e na verdade

deveria ser algo que todas as crianças deveriam ter acesso de forma

espontânea e não como noção de dever, de tarefa a ser cumprida,

mas sim de prazer, de deleite, de descoberta, de encantamento.

(ABRAMOVICH, 1991, p. 140).

A função da escola é desenvolver aspectos cognitivos, perceptivos,

sociais e culturais, os momentos vividos em sala de aula contribuem para

construção da sociabilidade e inteligência. À medida que as crianças crescem

se confrontam com situações do mundo, e organizam ideias e formulam

respostas, construindo gradativamente a forma de conceber a cultura.

Por meio dos contos de fadas, os educadores contribuem para o

desenvolvimento dos alunos de forma lúdica, fácil, e subliminar, por que ela

atua sobre seus pequenos leitores, levando-os a perceber e a interrogar a si

mesmos e ao mundo que os rodeia, orientando seus interesses, suas

aspirações, sua necessidade de autoafirmação, ao lhe propor objetivos, ideais

ou formas possíveis (ou desejáveis) de participação no mundo que os rodeia.

39

A literatura entre as diversas manifestações de arte é a que atua de

forma a divulgar os valores culturais.

4.3 A criança e o contato com a biblioteca

No ambiente escolar, a palavra Biblioteca lembra dever, tarefa a ser

cumprida. A literatura já está incorporada na escola e deveria ser acessível,

com o propósito de prazer, deleite, descoberta.

Na maioria das vezes, o ato de contar história está vinculado a

obrigatoriedade, com prazo, entrega de resumo e não de acordo com o tempo

de cada criança.

É importante ressaltar que uma única história pode não interessar a

classe toda, a escola precisa abrir novos horizontes, indo as livrarias ou

bibliotecas, proporcionando ao aluno momentos para que possam manusear,

folhear, buscar, achar e decidir qual livro que irá ler.

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) propõe

aos professores diferentes situações para trabalhar a contação de histórias.

4.3.1 Atividades Sequenciadas

Escolhe temporariamente, textos que propiciem conhecer a diversidade

possível existente dentro de um mesmo gênero, como por exemplo, ler o

conjunto da obra de um determinado autor ou ler diferentes contos sobre saci -

pererê, dragões ou piratas, ou várias versões de uma mesma lenda etc.

4.3.2 Atividades Permanentes

Contar histórias costuma ser uma prática diária nas instituições de

ensino, além de contar, é necessário ler as histórias e possibilitar seu reconto

pelas crianças. É possível também a leitura compartilhada de livros em

capítulos, o que possibilita às crianças o acesso, pela leitura do professor, a

textos mais longos.

Também é interessante, a roda de leitores em que periodicamente as

crianças tomam emprestado um livro da instituição para ler em casa. No dia

40

previamente combinado, as crianças podem relatar suas impressões, comentar

o que gostaram ou não, o que pensaram, podem comparar com outros títulos

do mesmo autor, contar uma pequena parte da história para recomendar o livro

que a entusiasmou às outras crianças.

4.3.3 Projetos

Os projetos permitem uma interseção entre conteúdos de diferentes

eixos de trabalho. Visam o trabalho específico com a linguagem, seja oral ou

escrita, levando em conta as características e a função própria do gênero.

Nos projetos relacionados aos outros eixos de trabalho, é comum que se

faça uso do registro escrito como recurso de documentação.

Outro aspecto importante é não trabalhar com poucas opções, o

professor precisa ter conhecimento da literatura, pois a relação que se

estabelece com o que ensina é fundamental para que aproxime o aluno que

aprende. Estimular e provocar o desejo de aprender vai além do conteúdo

programático, para que os alunos aprendam conhecimento além dos bancos

escolares.

O professor pode e deve trabalhar a contação de histórias de forma

contextualizada e lúdica.

4.4 A Biblioteca Particular

O nome biblioteca particular parece imponente, não é um espaço com

milhares de livros, mas sim um canto onde as crianças guardem seus livros,

pode ser uma parte baixa da estante da casa ou mesmo um caixote de

supermercado. Um lugar onde só a criança e quem ela convidar tenha acesso.

O lugar e o tamanho não têm importância, porém é fundamental que a

criança escolha os livros que quer ter e guardar, e que os coloque na

sequência que achar ser o melhor jeito de encontrar: separar por autor, por

assunto, por gênero ou por tamanho, e que no momento que queira ler ou

emprestar para alguém.

Ressalta-se que a biblioteca particular pode ter gêneros diversos, curtos

ou longos, de acordo com preferência e critério do dono, porém com qualidade.

41

CAPÍTULO V

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM PROFESSORES ALFABETIZADORES

_______________________________________________ “Criança de pura fronte sem névoas

E sonhadores olhos de espanto!

Embora o tempo seja veloz

E meia vida nos separe

Seu adorável sorriso decerto saudará

O presente de amor de um conto de fadas.”

(Lewis Carroll)

42

40%40%

20%

Quantas vezes por semana você reserva no seu planejamento para a contação de história?

Todos os dias

3 vezes por semana

4 vezes por semana

5 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM

PROFESSORES ALFABETIZADORES

Este Trabalho de Conclusão de Curso utilizou como metodologia a

pesquisa bibliográfica e questionário de sondagem entregue a 05 (cinco)

professores alfabetizadores de uma escola municipal de Ensino Fundamental.

O questionário foi preparado com 12 (doze) questões dissertativas

referentes às concepções teóricas dos contos de fadas que norteiam a prática-

pedagógica dos professores.

Participaram dessa pesquisa apenas profissional do sexo feminino, entre

35 (trinta e cinco) e 51 (cinquenta e um) anos, sendo que das 05 (cinco)

professoras que responderam ao questionário, 03 (três) possuem Licenciatura

em Pedagogia, 01(uma) possui Licenciatura em Educação Física e Magistério

e 01 (uma) Licenciatura em Letras e Magistério. O tempo de atuação

profissional na área entre as participantes da pesquisa varia de 13 (treze) a 23

(vinte e três) anos.

A primeira pergunta do questionário foi: “Quantas vezes por semana

você reserva no seu planejamento para a contação de história?”, obteve-se

como respostas: todos os dias; três vezes por semana e quatro vezes por

semana.

Figura 1- resposta da pergunta nº. 1 dos professores

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras

Para definir escolhas pautadas com foco na aprendizagem e no

currículo, o tempo é um fator essencial no planejamento.

43

20%

20%

40%

20%

Que tipo de história você percebe que as crianças mais gostam?

Contos de Fadas e

Literatura em geral

Contos de fadas e

Lendas

Contos de Fadas e

fábulas

Contos de fadas

As escolhas do educador fundamentam-se em princípios, nas

legislações curriculares, nos parâmetros educacionais nacionais, nas teorias de

aprendizagem e desenvolvimento, desde que ocorra articulação entre teoria e

prática.

De uma maneira geral, na pesquisa realizada, a contação de histórias é

contemplada nos planejamentos de todos os professores.

Quando perguntado aos professores que tipos de histórias que eles

percebem que as crianças mais gostam, obteve – se respostas como: contos

de fadas, fábulas, lendas e literatura infantil.

Figura 2- resposta da pergunta nº. 2 dos professores

Fonte: elaborada pelas pesquisadoras

O professor ao ler para os alunos precisa preparar o momento, prestar

atenção e cuidado durante as atividades que envolvem contação de histórias,

ouvindo a fala da criança, para saber o seu interesse, proporcionando

situações de desafios e descobertas às crianças.

Verificar se a história contada está adequada ao nível de compreensão

de cada uma e que as mesmas possam atribuir prazer e significado por meio

dessa interação.

Vale salientar a importância de o mediador estar preparado com um

repertório de histórias que garantam o enriquecimento dessas aprendizagens,

contribuindo para o desenvolvimento das crianças.

No entanto, a pesquisa demonstrou que alguns educadores não

valorizam esse momento e quando praticam visam cumprir o currículo.

44

Quando perguntado aos professores, se a contação de histórias deve

fazer parte do currículo do Ensino Fundamental, as respostas foram positivas.

Cagliari (2007), afirma que a atividade fundamental desenvolvida pela

escola para a formação dos alunos é a leitura.

Figura 3- resposta da pergunta nº. 3 dos professores

Fonte: elaborado pelas pesquisadoras

Colocar a leitura dos contos de fadas no currículo escolar não quer dizer

nada, pode - se formar pessoas com ojeriza permanente pela leitura, se os

textos e livros utilizados forem ruins e as atividades atreladas a algum trabalho

solicitado.

Percebe-se por meio do questionário que os professores acreditam na

importância da leitura para criança, mas ao mesmo tempo verifica - se que

esse professor não tem conhecimento profundo em relação aos benefícios que

a leitura traz para as crianças, não tendo embasamento teórico.

A grande maioria dos problemas que os alunos encontram ao longo dos

anos de estudo, é decorrente de problemas de leitura.

Ao questionar a opinião dos educadores sobre a contribuição dos contos

de fadas para as crianças em fase de alfabetização, obteve – se respostas

como: possibilita o contato com a escrita, trabalha o imaginário, estimula o

hábito da leitura, desenvolve o cognitivo, a criatividade, a criticidade e a

capacidade de interpretar.

De uma maneira geral, os educadores apontam aquilo que Cagliari

(2007) diz sobre a leitura, trata – se de uma atividade extremamente complexa

100%

Para você, a contação de histórias deve fazer parte do currículo do Ensino Fundamental?

Sim

45

e envolve problemas semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos e fonéticos.

Tudo que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e

depende dela para manter e desenvolver.

Figura 4 - resposta da pergunta nº. 4 dos professores

20%

20%

40%

20%

Contribuição dos contos de fadas em fase de alfabetização

Criatividade eimaginação

Cognitivo

Fonte: elaborado pelas autoras

Quando perguntado, se os contos de fadas desenvolvem o imaginário

das crianças, os professores responderam: com certeza, pois os alunos se

colocam no lugar dos personagens, viajam em “outros” mundos e utilizam do

imaginário para correlacionar com a vida.

Figura 5- resposta da pergunta nº. 5 dos professores

Fonte: elaborado pelas autoras

Abramovich (1991), afirma que a história suscita o imaginário, a

curiosidade respondida em relação, a curiosidade respondida em relação a

diversas questões. É a possibilidade de descobrir o mundo imenso de conflitos,

de impasses e soluções que vivemos e atravessamos, estes problemas

Os contos de fadas desenvolvem a

imaginação das crianças?

100%

sim

46

Quais conhecimentos você acredita que o

professor precisa ter para trabalhar os contos de

fadas?

40%

20%

20%

20%Hábito de leitura

Entusiasmo

Entonação

Domínio da leitura

enfrentados (ou não) pelas personagens de cada história é uma forma da

criança identificar o momento em que está vivendo.

Por meio das histórias as crianças podem descobrir outros lugares,

outros tempos e outros jeitos de agir.

Quando perguntado, qual o conhecimento que o professor precisa ter

para trabalhar os contos de fadas obteve – se como respostas: gostar de ler,

conhecimento prévio do conto, entusiamo, entonação, domínio e hábito da

leitura.

Para contar uma história é necessário saber como se faz. Contar

histórias é uma artea leitura, seja qual for, não se pode fazer de qualquer jeito,

pegando o primeiro livro na estante.

No decorrer da leitura demonstrar que não está familiarizado com uma ou outra

palavra (ou com várias), sentir dificuldade ao pronunciar o nome de um

personagem ou lugar.

Figura 6- resposta da pergunta nº. 6 dos professores

Fonte: elaborado pelas autoras

O questionário demonstrou que as dificuldades encontradas pelo

professor, para trabalhar a literatura em sala de aula é a falta de livros, a

preocupação em dar conteúdo programático e a falta de bibliotecas.

Abramovich (1991), afirma que a preocupação básica, é formar leitores

inquietos, críticos e capaz de receber tudo de bom que a leitura traz, pois

literatura é prazer.

47

20%

20%60%

Os pais e/ou responsáveis de seus alunos leem para eles?

Não

A maioria

A minoria

Figura 7- resposta da pergunta nº. 7 dos professores

Fonte: elaborado pelas autoras

Ao questionar se os pais e/ou responsáveis leem para os filhos, obteve-

se como resultado que apenas a minoria possui essa prática.

Para a formação de qualquer criança, ouvir muitas histórias, escutá-las é

fundamental para o início da aprendizagem para ser um leitor. Ser leitor é ter

um caminho de descoberta e compreensão do mundo.

O primeiro contato da criança com o texto é feito oralmente por meio da

mãe, do pai e dos avós, contando contos de fadas, trechos da bíblia ou

histórias inventadas.

Figura 8- resposta da pergunta nº. 8 dos professores

Fonte: elaboradas pelas autoras

20%

20%

20%

20%

20%

Quais as dificuldades que os professores

enfrentam para trabalhar a literatura em sala de aula?

nenhum

falta de livros

falta de diversidadede material e de

bibliotecanão respondeu

conteúdoprogramático

48

Observa-se que as crianças na maioria das vezes não possuem esse

privilégio de ouvir histórias em casa.

Portanto chegam ao ambiente escolar, com maior dificuldade do que as

que possuem essa prática de leitura em casa, tendo maior dificuldade no

processo de alfabetização.

Ao perguntar se há biblioteca na escola onde os professores

entrevistados atuam, a resposta foi unanimamente negativa, constatou – se

falta de um ambiente próprio para desenvolvimento de atividades de leitura.

Há escolas pelo país com essa preocupação, onde encontra – se fartura

de livros, mas a maioria, no entanto, não dispõe de nada próximo.

Muitas vezes nas bibliotecas existentes os livros são guardados como se

fossem pedras preciosas, trancados. Assim o objetivo se perde, pois para que

serve uma biblioteca na escola, se os alunos tem tantas dificuldades em usar

os livros.

Figura 9- resposta da pergunta nº. 9 dos professores

100%

A sua escola possui biblioteca?

Não

Fonte: elaboradas pelas autoras

As questões sobre a qualidade da biblioteca da escola, local de

funcionamento e quais as atividades desenvolvidas neste espaço foram

prejudicados, uma vez que a escola não possui biblioteca.

49

CONSIDERAÇÕES FINAIS

50

Por meio do presente trabalho investigou-se e concluiu-se que a

contação de história é extremamente importante para alfabetização das

crianças, pois a atividade principal desenvolvida pela escola para formação dos

alunos é a leitura.

Cagliari (2007), afirma que é muito mais importante saber ler do que

escrever. A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do

que se deve aprender na vida terá de ser conseguido por meio da leitura.

Tudo que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura e

depende dela para manter e desenvolver.

A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. O objetivo da escrita, como já disse inúmeras vezes, é a leitura. O mundo da escrita já é complicado e caótico no aspecto gráfico, quanto mais juntarmos a isso o mundo dos significados carregados pela escrita. A leitura vai operar justamente nesse universo. Ás vezes, ler é um processo da descoberta, como busca do saber científico. Outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador, semelhante à pesquisa laboratoria. A leitura pode também ser superficial, sem grandes pretensões, uma atividade lúdica, como um jogo de bola em que os participantes jamais se preocupam com a lei da gravidade, a cinética e a balística, mas nem por isso deixam de jogar bola com gosto e perfeição. (CAGLIARI, 2007, p.149).

A leitura é uma atividade profundamente individual e dificilmente duas

pessoas fazem uma mesma leitura de um texto.

Por isso, a escola que não lê muito para os seus alunos e não lhes dá a

chance de ler muito, está fadada ao insucesso, não sabendo aproveitar o

melhor que tem para oferecer aos educandos.

Escrever e ler são duas atividades de alfabetização que se conduz

paralelamente.

Ler, nos primeiros anos da escola é uma atividade tão importante quanto

a produção espontânea de textos.

No mundo atual é muito mais importante ler do que escrever. A criança

começa ouvindo histórias, aprendendo a decifrar sons das letras em diversos

contextos, e se põe a ler textos pequenos cujo conteúdo já tem conhecimento.

Ao intensificar esse tipo de atividade, a criança passa a ter outro contato

com a escrita, diferente de ser simplesmente montar e desmontar sílabas e

palavras. Tendo vantagem de adquirir uma visão mais real do que a escrita é e

de como funciona.

Faz-se necessário repensar os procedimentos em relação à escrita e à

51

leitura na escola, dando lugar de maior prestígio à leitura desde início do

processo de alfabetização.

Além de ter um valor técnico para alfabetização, a leitura é ainda uma

forma de prazer, de satisfação pessoal, de conquista, de realização, que serve

de grande estímulo e motivação para que a criança goste da escola e de

estudar. Mas, se frustrar as crianças não lhe dando essa chance, ou pior ainda

se substituir essa leitura por textos mal escritos, poderá acarretar problemas

sérios.

Portanto é papel dos adultos mediadores do conhecimento valorizar a

leitura como processo rico e cheio de aprendizagens, suporte de sociabilidade

entre os pares, pois essa interação faz com que a criança aos pouco expresse

suas descobertas e emoções, recriando sua forma de entender o mundo,

ampliando o conhecimento de si própria e da realidade local.

Na pesquisa realizada constatou-se que os professores nem sempre

estão afinados quanto as possibilidades que a leitura proporciona, apesar de

garantir um espaço no planejamento. Isso muito mais vezes ocorre por que o

professor se sente pressionado a trabalhar, mas não acredita nos benefícios

que ela traz para os educandos.

A escola, em especial no período de alfabetização das crianças, precisa

ser regada de leitura, esta é uma peça importante dentro do seu ambiente

escolar, sempre valorizando em todos os aspectos desde o tempo destinado,

os espaços, ou seja, tudo que envolve a criança, para que ela possa sentir

parte do processo.

A criança ao ler e escutar com especial atenção as histórias percebe que

os responsáveis por elas se respeitam como um ser que é, capaz de

demonstrar emoções, sentimentos, ou seja, ter a liberdade de expressão.

O educador ao organizar o seu planejamento, precisa preocupar-se que

a rotina propicie iniciativa, autonomia e interação entre todos, e que o espaço e

os livros estejam ao alcance de todos os alunos.

Vale salientar a importância de que os professores estejam em

constante formação, atualizando-se, para garantir uma educação de qualidade,

respeito e seriedade à formação do ser humano, ou seja, a criança.

Cabe ressaltar também, o apoio da comunidade escolar e do gestor,

além dos pais e/ou responsáveis, para que a leitura aconteça na escola e

52

respectivamente em casa, algo que se verificou não ter ocorrido plenamente.

O trabalho realizado constatou-se que tem que valorizar o aluno e ser

coerente e responsável com o trabalho pedagógico no que diz respeito a

alfabetização das crianças por meio das histórias infantis, pois tudo de bom

que a escola pode oferecer é a leitura.

53

REFERÊNCIAS

54

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil Gostosuras e Bobiches. 2º. ed. São Paulo: Scipione, 1991. BETTELEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. BONAVENTURE, Jette. O que conta um conto?. 5. ed. São Paulo: Paulus, 2008. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998. CADEMARTORI, Lígia. O que é Literatura Infantil? 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística. 6ª ed. São Paulo: Scipione, 2007. COELHO, Betty. Contar Histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 2002. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria analise didática. 7º.ed. São Paulo: Moderna, 2002. CORSO, Diana Lichtenstein; CORSO, Mário. Fadas no divã. Porto Alegre: Artmed, 2006. LOURENÇO, Rossana. Os contos tradicionais, a sabedoria popular e os contos de fada. In: SILVA, L.P. B (Org). Bruxas e fadas, sapos e príncipes: Os contos de fadas em experiências arte terapêuticas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009.p.11-24. MEIRELES, Cecília. Criança, meu amor. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1985.

55

APÊNDICES

56

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM PARA PROFESSORES

ALFABETIZADORES

1. Quantas vezes por semana você reserva no seu planejamento para a

contação de história?

_______________________________________________________________

2. Que tipos de história você percebe que as crianças mais gostam?

_______________________________________________________________

3. Para você, a contação de histórias deve fazer parte do currículo do

Ensino Fundamental?

_______________________________________________________________

4. Em sua opinião, qual a contribuição dos contos de fadas para crianças

em fase de alfabetização?

_______________________________________________________________

5. Os contos de fadas desenvolvem a imaginação das crianças?

_______________________________________________________________

6. Quais conhecimentos você acredita que o professor precisa ter para

trabalhar os contos de fadas?

_______________________________________________________________

7. Quais as dificuldades que os professores enfrentam para trabalhar a

literatura em sala de aula?

_______________________________________________________________

8. Os pais e/ou responsáveis de seus alunos leem para eles?

_______________________________________________________________

9. A sua escola tem biblioteca?

_______________________________________________________________

10. Em uma escala de 0 a 10, que nota você daria para a biblioteca de sua

escola?

_______________________________________________________________

57

11. A biblioteca de sua escola funciona em espaço próprio? Caso a resposta

seja negativa, onde ela funciona?

_______________________________________________________________

12. Quais atividades você desenvolve na biblioteca de sua escola?

_______________________________________________________________

58

APÊNDICE B

TABELAS DE PESQUISA DE CAMPO

Tabela 1 – Pergunta nº 1 Quantas vezes por semana você reserva no seu

planejamento para a contação de história?

Todos os dias 3 vezes por semana 4 vezes por semana

2 2 1

Tabela 1 – resposta do questionário da pergunta nº 1

Tabela 2 – Pergunta nº 2 Que tipos de história você percebe que as crianças mais gostam?

Contos de fadas e

literatura me geral

Contos de fadas e

lendas

Contos de fadas e

fábulas

Contos de fadas

1 1 2 1

Tabela 2 – resposta do questionário da pergunta nº 2

Tabela 3 – Pergunta nº 3 Que tipos de história você percebe que as crianças mais gostam? Para você, a contação de histórias deve fazer parte do currículo do Ensino Fundamental?

Sim Não

5 0

Tabela 3 – resposta do questionário da pergunta nº 3

Tabela 4 – Pergunta nº 4 Em sua opinião, qual a contribuição dos contos de fadas para crianças em fase de alfabetização?

Criatividade e

imaginação

Cognitivo Hábito de Leitura Escrita e

interpretação

1 1 2 1

Tabela 4 – resposta do questionário da pergunta nº 4

Tabela 5 – Pergunta nº 5 Os contos de fadas desenvolvem a imaginação das crianças?

Sim Não

5 0

Tabela 5 – resposta do questionário da pergunta nº 5

Tabela 6 – Pergunta nº 6 Quais conhecimentos você acredita que o professor precisa ter para trabalhar os contos de fadas?

Hábito de Leitura Entusiasmo Domínio da leitura Emoção

2 1 1 1

Tabela 6 – resposta do questionário da pergunta nº 6

59

Tabela 7 – Pergunta nº 7 Quais as dificuldades que os professores enfrentam para trabalhar a literatura em sala de aula?

Nenhum Falta de livros Falta de

diversidade de

material e de

biblioteca

Conteúdo

Programático

Não

respondeu

1 1 1 1 1

Tabela 7– resposta do questionário da pergunta nº 7

Tabela 8 – Pergunta nº 8 Os pais e/ou responsáveis de seus alunos leem para eles?

Não A maioria A minoria

1 1 3

Tabela 8 – resposta do questionário da pergunta nº 8

Tabela 9 – Pergunta nº 9 A sua escola tem biblioteca?

Sim Não

0 5

Tabela 9 – resposta do questionário da pergunta nº 9

Tabela 10 – Pergunta nº10 Em uma escala de 0 a 10, que nota você daria para

a biblioteca de sua escola?

Não Respondeu

5

Tabela 10 – resposta do questionário da pergunta nº 10

Tabela 11 – Pergunta nº 11 A biblioteca de sua escola funciona em espaço próprio? Caso a resposta seja negativa, onde ela funciona?

Não Respondeu

5

Tabela 11 – resposta do questionário da pergunta nº 11

Tabela 12 – Pergunta nº 12 Quais atividades você desenvolve na biblioteca de

sua escola?

Não Respondeu

5

Tabela 12 – resposta do questionário da pergunta nº 12