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1 REVISTA DO COLÉGIO SANTA MARIA - N 0 41 A UM PASSO DA SANTIDADE COMUNIDADE DO SANTA MARIA COMEMORA A BEATIFICAÇÃO DE PADRE MOREAU, FUNDADOR DA CONGREGAÇÃO DA SANTA CRUZ

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REVISTA DO COLÉGIO SANTA MARIA - N0 41

A UM PASSO DA SANTIDADE

COMUNIDADE DO SANTA MARIA COMEMORA A BEATIFICAÇÃO DE PADRE MOREAU,

FUNDADOR DA CONGREGAÇÃO DA SANTA CRUZ

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C omo é possível dar uma festa e convidar mi-lhares de pessoas para homenagear uma pessoa ausente? Essa foi a dúvida dos nossos alunos

da pré-escola quando descobriram que Padre Mo-reau não viria à festa porque já havia morrido.

É difícil explicar o fato de que algumas pessoas não “morrem”, porque o seu espírito é tão forte que há um reconhecimento público da Igreja Católica para os seus heróis, chamado beatifi cação. Anuncia publicamente que esse homem ou essa mulher são dignos de honra.

Acreditamos que essa pessoa, que fez tanto bem durante a sua vida, agora que está junto a Deus, pode interceder para as nossas intenções e mobilizar ainda hoje a missão de Deus no mundo.

Os preparativos para a comemoração da beatifi ca-ção de Padre Moreau no dia 15 de setembro foram um sinal vivo de seu carisma em energizar as pessoas a assumir e continuar sua missão de responder às ne-cessidades mais urgentes do Povo de Deus, usando como meio uma educação acadêmica culturalmente forte e o anúncio da Boa Nova de que Deus habita no meio de nós.

Precisamos de pessoas que nos inspirem a preser-var a fé e a confi ança no homem e em Deus, apesar dos grandes obstáculos e ameaças, porque o nosso sonho é grande, urgente e esperançoso.

Nesta edição de Caleidoscópio, demos destaque para as festividades, mas, sobretudo, recordamos os nossos compromissos e os nossos projetos para com a política, o diálogo, a preservação e a promoção do ambiente, a valorização das nossas raízes e das pro-duções culturais. Lembramos, também, com carinho, a presença de nossas famílias e amigos.

PADRE MOREAU ESTAVA, SIM, PRESENTE À NOSSA FESTA

Equipe de redaçãoIrmã Diane Clay Cundiff; Irmã Anne V. Horner Hoe; Ana Cristina Proietti

Imura; João Luiz Muzinatti; Maria Rita Moraes Stellin; Paula Bacchi; Sonia Regina Yamadera; Tânia Maria Uehara Alves

COLÉGIO SANTA MARIAAv. Sargento Geraldo Santana, 890/901

Jardim Marajoara, São Paulo, SP Telefone (11) 2198-0600www.colsantamaria.com.br

[email protected]ção editorial

Editor: Ricardo Marques da Silva; Editora de arte: Maila Blöss; Fotos: Éric B., Rafael Hupsel, School Picture e acervo do Santa Maria;

Impressão: CompanyGraf Foto da capa: Éric B.

Revista bimestral do Colégio Santa Maria

No 41 - Ago./set. de 2007

Irmã Diane Clay CundiffDiretora-geral do Colégio Santa Maria

MENSAGEM DEPOIMENTO

E stou na área da Educação Infantil há 30 anos. Trabalhei em escolas

grandes e pequenas, com metodolo-gias diferentes, das mais tradicionais às mais “alternativas”. Mas hoje eu quero falar com vocês como mãe, sem deixar de lado, é claro, minha profi ssão de educadora.

Tive uma infância muito feliz e lon-ga. Vivi num tempo em que se assistia a pouca TV, não havia computadores e os brinquedos eram poucos. Porém, tínhamos coisas preciosas: espaço e amigos. Fui para a escola aos 7 anos para aprender a ler e escrever no 10 ano primário. Até então, o meu espaço de aprendizagem era em casa, com meus pais, e na rua, com os amigos. Brinquei de tudo: amarelinha, roda, esconde-esconde, pega-pega, corda. Nossa vida enquanto criança resumia-se em brin-car, tomar lanche na casa de vizinhos, banho, refeições e cama. A rua era de terra e a imaginação corria solta. Vivía-mos a infância na maior parte do dia.

Quando resolvi ser mãe, queria dar a meu fi lho essa mesma infância. Que-ria que ele fosse feliz como eu havia sido. Só que os tempos eram outros. Morávamos num apartamento, por ser mais seguro, e o espaço para a brin-cadeira era restrito à sala, ao quarto e à pequena área de lazer do prédio. Terra? Ele não tinha contato. Isso me inco-modava; eu queria dar mais a ele, afi -nal a infância é uma só e, hoje, curta.

Quando comecei a procurar uma escola para ele, pesquisei muito. Que-ria que fosse uma escola diferente: um pouco da rua da minha infância, e que também ensinasse coisas interessantes, que o fi zesse perceber que aprender demanda esforço, mas é prazeroso. Nunca tive pressa em relação à quan-tidade de conhecimentos, mas queria

POR QUE ESCOLHI O SANTA MARIA PARA SER A ESCOLA DO MEU FILHO

Paula com o fi lho, Bruno Bacchi M. Cozzo, hoje jornalista

que fossem signifi cativos, que ele sou-besse por que estava estudando deter-minados conteúdos, que, para isso, precisariam ser vivenciados.

Conheci o Santa Maria por meio de mães que também procuravam uma escola especial para os fi lhos. Assim que conheci este espaço e sua proposta pedagógica, descobri que era a escola perfeita para meu fi lho. Além de possuir um pouco da rua da minha infância (bosques, jardins e parques), tinha como meta a formação do ser humano dentro de princípios éticos e cristãos. Tudo o que eu imaginava como a escola ideal estava aqui: for-mação, conhecimento, contato com a natureza, muito espaço para brinca-deiras e valorização da amizade, dentre outros valores fundamentais para a formação de uma criança.

A escola tornou-se o espaço de convivência mais importante na vida dele. Diariamente, chegava contando sobre o jacaré que morava na fl oresta (bosque) da escola e sobre tudo o que aprendia. Não queria faltar às aulas, pois sempre tinha uma atividade im-portante para fazer ou uma experiência para terminar. E como chegava sujo!

Essa era a prova de que havia brincado e experimentado bastante.

A paixão por esta escola começou no dia em que a conheci e acentuou-se quando, dez anos depois, vim fazer par-te da equipe de educadores. Como pro-fessora, pude rechear a vida das crianças com amor, dedicação e fantasia. Cada dia era diferente: pesquisas no bosque, atividades artísticas, registros da escrita e histórias, muitas histórias.

Dessa forma me realizei como mãe, proporcionando ao meu fi lho a opor-tunidade de viver neste espaço dos 4 aos 17 anos, e como educadora, trans-formando a infância dos meus alunos e alunas num período feliz, rico em conhecimentos e experiências.

Por tudo isso é que acredito ser o Santa Maria a melhor escola para se iniciar a escolarização, na Educação Infantil, e consolidá-la no Ensino Médio, e dessa forma construírem-se como pessoas competentes no domí-nio dos conhecimentos e da ética e sensíveis às necessidades do ser huma-no, do planeta e de sua sobrevivência.

Obrigada, Santa Maria! Paula Bacchi, orientadora e ex-professora

de Educação Infantil

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HOMENAGEM

N o mesmo instante, em 15 de setembro de 2007, dois eventos de singular importância acontece-ram em cidades muito distantes entre si. Em Les

Mans, no norte da França, era beatifi cado o Padre Ba-sile Antoine-Marie Moreau, na igreja de Notre Dame de Sante-Croix. Em São Paulo, um grande número de pessoas reuniu-se nos espaços do Santa Maria para assistir a uma homenagem dedicada ao que acontecia naquela cidade européia.

Por algumas horas, os mais de 10 mil quilômetros que separam Les Mans de São Paulo deixaram de exis-tir, com uma única intenção: ressaltar a obra de um homem que dedicou a vida inteira à tarefa de provar que é possível mudar as pessoas para melhor por meio da educação e da fé. Em suas ações, Padre Moreau deu sentido pleno a palavras como dignidade, respeito, so-lidariedade, justiça e transcendência.

Agora beato – a um passo de se tornar santo –, Padre Moreau fundou, em 1837, a Congregação da Santa Cruz, mantenedora do Colégio Santa Maria e de muitas outras escolas. Cento e setenta anos de-pois dessa iniciativa, ainda hoje Padre Moreau inspira os ideais dos educadores e das Irmãs da Santa Cruz, de tornar a escola um ambiente de transformação e avanços e berço de cidadania.

Era um sábado de céu azul, quase primavera, e um extenso programa atraiu muitos convidados: alunos, pais, parentes, vizinhos, professores, coordenadores, supervisores, funcionários – enfi m, a comunidade do Santa Maria, que tanto trabalhou na organização da

PADRE MOREAU:

festa como usufruiu de tudo o que foi oferecido em engenho e arte.

Houve um pouco de tudo. Logo cedo, no início da manhã, os alunos do 6o ano capitanearam uma cami-nhada pelos espaços do Colégio, desde a colina do Pris-ma, para relembrar as seis décadas de história do Santa Maria. A parada seguinte ocorreu no Teatrinho, onde as classes do 3o ano mostraram uma representação da vida e do trabalho de Padre Moreau, ao mesmo tempo em que o 2o ano ocupou o corredor da Capela para contar a história do fundador da Congregação em arte e fotos. No pátio do Ensino Médio, um coral do 4o ano cantou músicas que representavam os locais das mis-sões das Irmãs pelo mundo, inspirando os colegas do 9o ano que organizaram a procissão e a bênção da imagem de Moreau, eternizado nos jardins do Colégio.

PROFISSÃO DE FÉ – Em seguida, todos se reu-niram nas quadras cobertas para a missa campal em homenagem à beatifi cação do Padre Moreau. Foram celebrantes Dom Antonio Maria Mucciolo, arcebis-po emérito de Botucatu e presidente da Rede Vida de Televisão; Padre Rubens Pedro Cabral, pároco da Paróquia de Santo Eugenio de Mazenod e orientador espiritual do Santa Maria, e Padre Maurílio Mauri-tano, PIMI. Na procissão de entrada, destacou-se a presença de representantes das entidades apoiadas pelo Colégio, assim como as bandeiras dos países em que atua a Congregação da Santa Cruz, levadas por alunos do Ensino Médio e da Educação Infantil.

BEATIFICADO,BEATIFICADO,QUASE SANTO

No alto, coral do 4o ano celebrou o legado de Padre Moreau; à esquerda, de cima para baixo, peça apresentada pelo Ensino Médio; a emocionante renovação dos votos de Sister Anne (ao lado de Dom Antonio Maria Mucciolo e Padre Maurílio Mauritano), respondidos pelas Irmãs da Santa Cruz

À direita, de cima para baixo, alunos do 4o ano

durante a missa campal; trabalhos do 2o ano em

exposição; desfi le de moda do 8o ano

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“A nobre causa do nosso fundador é o que nos faz dar o melhor de nós na missão de educar, de unir a fé à disposição para trabalhar”, disse João Luiz Muzinatti, diretor do Ensino Médio, um dos leitores, ao lado de Sérgio Berti, membro da APM, e Elias Esaú, diretor do Curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA)

RENOVAÇÃO DOS VOTOS – Um dos momentos mais tocantes da missa foi a renovação e confi rmação dos votos religiosos da diretora e Irmã Anne Veronica Horner Hoe, há 25 anos na Congregação. Emocio-nada, ao lado das outras Irmãs, Sister Anne afi rmou: “Reafi rmo o meu desejo de seguir Jesus Cristo em sua morte e ressurreição, de modelar a minha vida seguindo o exemplo de Maria, que é cheia de com-paixão pelo mundo, e de permanecer fi el ministra de Jesus Cristo. Espero, pela graça de Deus, chegar a um jubileu eterno no Reino de Deus”.

Na procissão do ofertório, funcionários e alunos do EJA e do 6o ao 9o ano levaram os símbolos ofe-recidos na missa: os locais de missão das Irmãs da Santa Cruz, os trabalhos pastorais, instrumentos de trabalho, estandartes e o pão e o vinho da Eucaristia. Todo o tempo um coral de mães e pais do Santa Ma-ria entoou os cânticos da celebração, acompanhado por alunos e pelo funcionário Gerson Santana, que compôs o hino ofi cial da celebração.

GESTOS CONCRETOS – Depois da missa, alunos do 7o ano, ao lado de seus pais, transformaram em gesto concreto as intenções da homenagem e planta-

ram na colina abaixo do Prisma 60 mudas de árvores, simbolizando as seis décadas de trabalho das irmãs da Santa Cruz no Brasil. Assim, a já exuberante área verde do Santa Maria foi enriquecida com novas sibi-pirunas, acácias, ipês amarelos e roxos, aroeiras, qua-resmeiras e pau-brasis, entre outras espécies nativas da Mata Atlântica.

No restante do dia não faltaram atrações: dança e cultura brasileira no pátio do Ensino Médio, núme-ros de dança do Projeto Sol no Auditório, apresen-tação musical da Família Labrada e do Coral Com-passo 22, da APM do Colégio, peça teatral em inglês pelos alunos do 5o ano, sarau de poesias e cantigas do Pré e do 1o ano, dança do 5o ano e peça teatral do 8o ano. Questões importantes foram analisadas em me-sas redondas que trataram de problemas ambientais (alunos do 6o ano) e da educação como instrumento de transformação (Ensino Médio).

O encerramento da homenagem a Padre Mo reau coube ao tenor � iago Arancam, único brasileiro com presença cativa no legendário teatro Scala de Milão, cidade em que mora atualmente. Paulista, 25 anos, � iago cantou músicas consagradas por Lucia-no Pavarotti e outros ídolos italianos. Depois de al-guns números em que se apresentou sozinho, � iago convidou para acompanhá-lo o tenor Jorge Durian, com quem gravou o álbum Nessun Dorma.

Foi um fi nal em grande estilo, mas a homenagem a Padre Moreau não fi cou por aí. Exposições perma-nentes e outras atividades darão seqüência ao progra-ma até meados de novembro.

À esquerda, a partir do alto, alunos do 3o ano representam a vida, a obra e a missão de Padre Moreau; crianças do Pré mostram cartazes com o nome das entidades apoiadas pelos projetos do Colégio; os tenores Thiago Arancam (à direita) e Jorge Durian, no encerramento

Acima, emoção e fé na missa campal; à direita,

alunos do 7o ano plantam mudas de espécies

nativas da Mata Atlântica, simbolizando os 60 anos de

trabalho das Irmãs da Santa Cruz, enquanto o

6o ano faz um apelo à paz

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HISTÓRIA

O venerável Padre Basile Antoine-Marie Moreau, C.S.C., beatifi cado em setembro, se mais tarde for canonizado poderá ser considerado o santo

padroeiro do ensino. A educação é a herança duradoura desse sacerdote francês que fundou a Congregação da Santa Cruz. Sua ordem tem renome pelas instituições educacionais que estabeleceu para ajudar a enriquecer as mentes e os corações dos fi éis e espalhar a palavra de Cristo pelo mundo. Com zelo e determinação, Padre Moreau montou sua congregação a partir de um pe-queno grupo de sacerdotes, até formar uma organiza-ção dinâmica, com mais de 3 mil homens e mulheres que se dedicam à renovação da Igreja, à educação cristã da juventude e à caridade com os pobres.

Hoje, a Congregação da Santa Cruz serve em 18 países de quatro continentes, parte do sonho de Padre Moreau de produzir uma ordem dedicada às mentes e às almas. “Ele levou uma vida simples e austera, acres-centando atos de penitência àqueles já prescritos pela disciplina da Igreja”, escreveu o cardeal Joseph Saraiva Martins em Decretum Super Virtutibus para a beatifi ca-ção de Padre Moreau. “Com paciência e o mais pro-fundo espírito de humildade, ele suportou inumeráveis adversidades e enfermidades.”

Padre Moreau acreditava em uma espiritualidade muito avançada para o seu tempo, que serve como um farol para navegar nesta era moderna. Estimulava seus seguidores a olhar além das extravagâncias do mundo material. “Nosso fundador confrontou a época moder-na e pôs em ação uma espiritualidade para os nossos tempos”, diz o Padre Hugh W. Cleary, C.S.C., supe-

PADRE MOREAU: O SANTO PADROEIRO DO ENSINOPOR DAN E. PITRE1

BASÍLIO MOREAU, C.S.C., FUNDOU UMA CONGREGAÇÃO MUNDIAL DEDICADA A ESCOLAS COMO A UNIVERSIDADE DE NOTRE DAME E A FACULDADE SAINT MARY’S, NOS ESTADOS UNIDOS

rior-geral da Congregação da Santa Cruz em Roma. “Ele acreditava no ensino de Jesus como revelador do verdadeiro e defi nitivo signifi cado da vida, em esperan-ça que cura numa era de injustiça e em amor apaixona-do por meio do próprio Espírito de Deus.”

Padre Robert J. Kruse, C.S.C., autoridade em Pa-dre Moreau, crê que o fundador da Santa Cruz previa uma única grande família: “Na sua própria vida, Padre Moreau foi infl uenciado pela idéia de que irmãos e ir-mãs constituem a família de Jesus. Ele queria que os religiosos e os leigos fossem parceiros. A maneira como fomentava essa colaboração fez dele um pioneiro no seu próprio tempo e um modelo para o nosso”.

“O nosso zelo está guiado pela caridade. Tudo se faz com força e gentileza”, escreveu Moreau em 1855.

“Força porque somos corajosos e inabaláveis no meio da dor, das difi culdades e das provações, e com gentile-za porque temos a ternura do nosso Modelo Divino.”

PRIMÓRDIOS HUMILDES – O homem que chegaria a ser beatifi cado – um passo de ser declarado santo – veio de origem humilde, durante um tempo tumultuoso na França. Basile Antoine-Marie Moreau nasceu em Laigné-en-Belin, perto de Le Mans, em 11 de fevereiro de 1799, no fi m da Revolução Francesa. Era o nono de 14 fi lhos. Seus pais, Louis e Louise, eram agricultores. O pai era também atacadista de vinho.

O vigário da paróquia reconheceu o potencial do menino e o motivou a estudar para o sacerdócio. Ele entrou no Colégio de Chàteau-Gontier e depois no seminário de Le Mans, estudando fi losofi a e teologia. Ordenou-se sacerdote em 12 de agosto de 1821 e foi para o seminário de Saint-Sulpice, em Paris, para mais dois anos de formação.

Em 1835, formou um grupo de padres para pregar missões e retiros paroquiais. Ao mesmo tempo, seu bis-po pediu que assumisse a direção de uma associação de ensino, os Irmãos de São José. Dois anos depois, unifi -cando as associações, Moreau estabeleceu a Congrega-ção da Santa Cruz para promover a evangelização nas paróquias do interior. Sua nova ordem foi reconhecida por Roma como Congregatio a Santa Cruce – Congre-gação da Santa Cruz, nome que provém do pequeno bairro de Sainte-Croix, perto de Le Mans, onde Moreau servia como vigário. Hoje, os religiosos da Congrega-ção levam os iniciais “C.S.C.” após os sobrenomes, prática oriunda da designação original em latim.

A SOCIEDADE CRESCE – Enquanto a Santa Cruz crescia, Padre Moreau dava início à missão de espalhar a Palavra pelo mundo. A união das duas sociedades de padres e irmãos, conhecidos como Salvadoristas e Jose-fi tas, recebeu aprovação fi nal da Santa Sé em 1857. As irmãs, chamadas de Marianitas da Santa Cruz, foram aprovadas dez anos depois. Em 1859, as Marianitas de Indiana, nos Estados Unidos, receberam autonomia e se tornaram as Irmãs da Santa Cruz.

Padre Moreau escreveu: “Na união há força; a dis-sensão leva à ruína”. Para ele era importante que os

membros fossem uma só mente enquanto educavam os jovens e evangelizavam os fi éis. “Desde que forma-mos com Ele um só Corpo e recebemos vida do mes-mo Espírito, Ele nos incita a permanecermos unidos entre nós mesmos, a fi m de sermos como os ramos e a videira, sustentados pela mesma raiz e alimentados pela mesma seiva, formando juntos uma só planta.”

Porém, seu êxito conduziu a sua própria queda. Sua organização crescia em poder e infl uência e atraía pes-soas que tinham idéias próprias de como ela deveria ser dirigida. Quando Padre Moreau procurou remediar os problemas, seguiu-se uma disputa pelo controle e ele se viu forçado a renunciar a seu posto. Moreau supor-tou com calma e racionalidade as agressões. Após sua renúncia, continuou a servir a Cristo.

Padre Moreau faleceu em 20 de janeiro de 1873 e jamais foi abandonado pelas Marianitas de Santa Cruz, que estavam presentes ao redor do seu leito de morte.

Após seu falecimento, Padre Moreau fi cou quase esquecido, assim como a Igreja Notre Dame de Sain-te-Croix, que foi vendida e chegou a ser usada como quartel do exército e armazém. Entre 1920 e 1930, Pa-dre James Donahue, superior- geral da Congregação, voltou a comprar o edifício da Igreja, reconsagrada em 1937. Hoje, Notre Dame de Sante-Croix foi a sede da beatifi cação do Padre Moreau.

A HERANÇA FRUTIFICA – Padre Moreau é lem-brado como o homem que fundou a Congregação da Santa Cruz, mas a sua infl uência freqüentemente passa despercebida. Conforme o Padre Cleary, ele estabele-ceu um conceito moderno de como deveríamos abrir os nossos corações a Deus e permitir que Ele toque em nosso cotidiano.

Ao longo dos anos, a Congregação tem se desenvol-vido como ministério dinâmico. Cerca de 1.670 padres e irmãos de Santa Cruz servem como missionários, professores, vigários, párocos e ministros na França, nos Estados Unidos, Bangladesh, Mali, Burkina Fasso, Costa Rica, Brasil, Canadá, Chile, Gana, Haiti, Índia, Itália, Quênia, México, Peru, Tanzânia e Uganda.

1.Dan E. Pitre, o autor deste artigo (aqui resumido), é diretor da Family Theater Productions, uma produtora que faz parte dos Ministé-rios Familiares de Santa Cruz.

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“Nós nos conectamos com Deus a qualquer momento, e isso nos faz pessoas melhores. E não é somente por meio de orações. Quando nos concentramos, onde quer que seja, percebemos que Deus está sempre conosco. Estar conectado com o Senhor signifi ca seguir o caminho correto, sabendo que assim estaremos com paz dentro de nós e acompanhados da proteção divina.”Bruna Martins e Ygor Bastos, 6o ano A

A PALAVRA DO ALUNO

F alar em Deus, espiritualidade e religiosida-de é o grande desafi o de todos os tempos. Como, então, fazer que, em meio aos limites

e à fi nitude da vida, nosso aluno perceba que, para além de si e do mundo, pulsa a existência de Al-guém que dá consistência e sentido à vida? Como perceber que, como diz Padre Moreau, tudo co-meça, é sustentado e levado a efeito pela iniciativa de Deus?

No dia-a-dia, por meio de orações e meditações, nossos educandos têm a possibilidade do encontro com o cosmos: com o outro, com a natureza, com Deus e consigo mesmo. Assimilam valores e signi-fi cados, e não somente fatos e acontecimentos.

Desse modo, cada um experimenta suas próprias dimensões, sua experiência de Deus, seu espírito. Deixa emergir seu profundo apelo de compaixão e a identifi cação com o outro, com a comunidade. E é justamente na comunidade que se desenvolve a espiritualidade e o compromisso com a promoção da vida e da dignidade. No cotidiano, são chama-dos a vivenciar o espírito de comunidade, um dos elementos essenciais para Padre Moreau.

Espiritualidade e religiosidade são, portanto, a força que está dentro de cada um, a luz que im-pulsiona a vida; parte essencial do ser humano que transparece no cotidiano, como podemos confi rmar nas palavras de nossos alunos, nos quadros ao lado.

Áurea Maria Curti, professora de Ensino Religioso do 6o ano

ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE“O ESPÍRITO DE COMUNIDADE CONSISTE NAQUELA UNIÃO ÍNTIMA QUE EXISTIU ENTRE OS PRIMEIROS CRISTÃOS, UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA, DE TAL MANEIRA QUE COLOCARAM TODOS OS SEUS BENS EM COMUM.” PADRE MOREAU

“Às vezes nos desconectamos de Deus, Dele

sentindo medo, vergonha ou desconfi ança.

Ao orarmos ou até mesmo quando vamos

a centros religiosos, respeitando o lugar e

entendendo sua importância, nos ligamos

novamente. Aqui no Santa Maria aprendemos

o que é realmente nos conectarmos com

Deus. Sentimos essa ligação quando estamos

alegres, confi antes e em paz.”

Shaia Lambert e Larissa Ribeiro, 6o ano G

“Estar conectado com Deus signifi ca estar

em sintonia e em harmonia consigo mesmo

e com o outro. A todo momento precisamos

orar para agradecer as dádivas que Deus

nos oferece todos os dias e para pedir ajuda

para solucionar nossos problemas. No dia em

que fomos à Capela fazer a vivência bíblica,

quando passamos as bíblias de mão em mão,

sentimos que estávamos recebendo e passando

conhecimento, compaixão, solidariedade e

amor para todos ali presentes.”

Isabella Barragan Rached e Felipe Gonçalves, 6o ano F

DIÁLOGOS SOBRE A ESPIRITUALIDADE:APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS

“A vida é um presente de Deus. O momento em que eu mais me encontro com Deus é quando estou rezando.”Omar Hassan Fares – 3o C

“Eu pratico a religião indo à igreja e rezando. Nas minhas orações, peço que parem as guerras e os preconceitos. É importante fazer coisas boas para as pessoas.André Luiz Gonzaga do Nascimento – 3o C

“As pessoas da nossa classe são na maioria cristãos e católicos. Há também um muçulmano e uma da fi losofi a espírita. As religiões que conhecemos têm regras diferentes e usam diferentes símbolos sagrados. Essas religiões também possuem jeitos de pensar parecidos: respeitam Deus, rezam para agradecer, fazer pedidos e pedir perdão, todos têm um livro sagrado e, além disso, valorizam a união, o amor, a paz, a fraternidade, a solidariedade e a família.”Trecho de texto coletivo – 3o C

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Eliane Scheffer, professora do 3o ano C

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EXTRACURRICULAR

P arte das comemorações dos 60 anos da Con-gregação das Irmãs da Santa Cruz no Brasil e da beatifi cação do Padre Moreau, a nona edi-

ção do Torneio Desportivo do Colégio Santa Maria traduziu o aprendizado dos alunos dos cursos extra-curriculares num grande espetáculo. Esporte, dan-ça, artes marciais e circo, integrados a valores como honestidade, justiça, ética e disciplina, são alicerces para a formação do caráter.

Reafi rmamos a crença de Padre Moreau de que a verdadeira educação consiste em formar o coração do jovem e que atividades diversifi cadas comple-mentam a formação pessoal. Numa relação de en-volvimento direto entre alunos, professores, escola e família, compartilhamos suas crenças no nosso dia-a-dia, ao mesmo tempo incentivando as crianças e

COMO PREPARAÇÃO PARA A VIDAos jovens a participar do torneio desportivo, convi-te estendido a mais de 30 escolas para disputas de vôlei, futebol de campo, futsal, handebol, capoeira, judô e ginástica rítmica e artística. Foram momen-tos de convívio entre os alunos do Santa Maria e das escolas convidadas, que celebraram conosco numa integração harmoniosa e prazerosa.

Para os nossos “atletas”, foi o dia de apresentar suas habilidades para a família, como relata Stepha-nie Conolly Carolino, do 4o ano F, aluna de ginásti-ca rítmica: “Eu torcia para que fosse bem divertido, para lembrar da coreografi a e para que a minha fa-mília viesse me assistir”.

Todos os alunos que participaram dos festivais fo-ram premiados com uma medalha para ser guardada e lembrada durante a vida toda. Os alunos tinham

diferentes expectativas: Rogério Barros Couto, do 7o E, que joga futebol de campo, disse: “Minha ex-pectativa é de jogos que se destaquem pela vontade de cada atleta. Já participei outras vezes e vi que é preciso ter união”. Já Arthur Lobato, do 3o B, que participa da ofi cina de esportes, afi rmou: “O impor-tante é respeitar o árbitro e as regras”.

Espera-se que os alunos envolvidos possam com-preender a importância do torneio e entendam a transmissão dos valores envolvidos de forma sadia e educativa, buscando ações que contribuam para o seu desenvolvimento pessoal e melhorando sua auto-estima e sua autonomia. Percebemos a respon-sabilidade com que os alunos e alunas encaram o torneio: “Treinamos muito para representar o Santa Maria. Como é o meu primeiro torneio, fi quei mui-

to ansiosa e confi ante ao mesmo tempo”, disse Julia Spadini Santilli, do 6o G, que pratica vôlei.

Preparado com dedicação, o evento contou com a colaboração de pessoas de vários setores do Colé-gio. Afi nal, era um dia muito esperado pelos alunos, professores e por toda a equipe dos cursos extracur-riculares da área esportiva.

Sentimos que todos somos vitoriosos e cam peões, pela dedicação dos profi ssionais envolvidos, a pos-tura dos atletas e o desenvolvimento das habilida-des das crianças e jovens que tanto se empenham na busca de resultados satisfatórios – enfi m, de toda comunidade do Santa Maria, que reafi rma os ideais de Padre Moreau em tudo o que realiza.Claudio Natacci de Souza e Cleber Teodoro Pereira da Silva, professores do Extracurricular

O E S P O R T E

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ESPORTE

A liar a prática de atividade física e a vivência em situações de competição, sem que esta ocorra em detrimento do bom convívio com o outro:

esse tem sido o propósito dos Jogos Interclasses do Ensino Médio. Três etapas o compõem. Os alunos e as alunas de cada classe disputam torneios de atletis-mo (salto em distância, corrida em 50 metros e salto em altura), basquetebol, futebol, handebol e voleibol. Cada etapa é composta por uma modalidade coleti-va para os meninos, outra para as meninas e uma de atletismo. Os pontos são somados à classe, conforme a classifi cação de cada equipe. Após a terceira etapa, chega-se à classifi cação fi nal do torneio.

Inerente à participação nos Jogos Interclasses está o ato de se mover, de colocar o corpo em movimento e, com isso, manter postura contrária à do sedentário, tão marcante em nosso cotidiano. Pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Cardiopatia revela que metade da população brasileira é sedentária – o que confi rma a impressão que temos no dia-a-dia. Como comparação, foram mencionados a Finlândia, onde apenas 8% da população é inativa, e os Estado Uni-dos, em que 60% das pessoas não praticam nenhuma

JOGOS INTERCLASSES: ATIVIDADE FÍSICA E COMPETIÇÃO

atividade física regular. Esses dois países são opostos, e o Brasil encontra-se no meio, mais perto dos Estados Unidos do que da Finlândia.

A representação do grupo-classe, a cooperação, o empenho, a persistência, o reconhecimento dos erros, o respeito às regras, a mobilização, a organização pré-via (desde a confecção de camisetas até a escalação da equipe e a defi nição das estratégias de jogo), a frustra-ção com o resultado ou a comemoração da vitória são aspectos envolvidos em cada etapa dos Jogos Inter-classes. São aspectos que, em maior ou menor grau, se assemelham às situações que os alunos do Ensino Médio vivenciam dentro e fora do espaço escolar.

Durante as aulas de Educação Física, com a realiza-ção de movimentos variados, participação em jogos e a refl exão sobre os aspectos decorrentes dessa atuação, conseqüentemente os alunos se preparam para a ter-ceira etapa dos Jogos Interclasses, que ocorrerá no dia 10 de novembro, nas modalidades de salto em altura, futebol de campo feminino e basquetebol masculino. Nesse dia, a prática de atividade física e a competição estarão mais intensamente em ação. Confi ram. Adão Sandes Gomes, professor de Educação Física do Ensino Médio

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PEDALANDO PELA NATUREZA

Notamos que estimular posturas saudáveis e al-teração de hábitos e discutir problemas ambientais encontram ressonância nos diferentes atores desse ce-nário que se transformou numa festa de participação. As cores das bicicletas e dos enfeites demonstraram a diversidade do grupo que se mobilizou para incenti-var o uso de um meio de locomoção que não polui e promove o exercício físico.

Como possibilidade de continuidade da refl exão, fi cou a questão sobre como podemos, numa cidade como São Paulo, aumentar as ações que partam desses princípios e atuar, inclusive nos meios de representa-ção pública, para que possamos aderir ao movimento de diminuição do uso de transportes que provocam danos ambientais.

Para todo esse movimento, a participação dos alu-nos e professores do 7o ano foi animada e fundamen-tal, e os outros participantes demonstraram abertura e garra para encarar o convite -desafi o.

Denise de Col, orientadora do 7o ano

PROJETO DE SÉRIE

O tema do projeto da série no 7o ano é “Ser gene-roso e redescobrir a solidariedade”. Essa idéia inicial se desdobra em “Ouvir e ver para com-

preender”; “Conhecer, conviver e comungar com o outro”; “Rejeitar a violência” e “Respeitar a vida e pre-servar o planeta”. São idéias que permitem aos profes-sores criar o planejamento a partir de relações entre os diferentes componentes curriculares, num entrelaça-mento de conteúdos informativos de diferentes áreas do conhecimento, tendo como foco a ação social e o cuidado com o meio ambiente.

Nesse campo, buscamos implementar ações que possam explicitar o que estudamos. Neste ano, des-tacamos o Passeio Ciclístico que envolveu não apenas os alunos do 7o ano, mas colegas das outras séries, pais, parentes e amigos, reunindo mais de mil pessoas da comunidade do Santa Maria e da redondeza.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ONDE HÁ VIDAHÁ DE SE TER CUIDADORES

crianças questionaram: será que não há outra utilida-de, já que não podemos usá-la para beber? Lembra-ram da seca que temos vivido nesses últimos meses, que demanda aguar o parque antes de irem brincar, devido à poeira que se forma e prejudica a saúde.

“Não poderíamos utilizar esta água para molhar o bosque e parques, poupando a água da Sabesp e ajudando a manter o equilíbrio ambiental?”, pergun-taram. Solicitação feita aos canais competentes aqui do Colégio, prontamente atendida pelos responsáveis da manutenção. Até o fi m de outubro, o acesso à nas-cente será facilitado, com possibilidade de retirada da água para uso na mata e nos parques, quando neces-sário. Além disso, a nascente continuará sendo um canal de conhecimento da importância da água para a manutenção da vida no bosque.

Novos conhecimentos a respeito das matas brasi-leiras, com ênfase para a realidade da fl oresta Amazô-nica, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, despertaram o interesse das crianças para problemas ambientais como o desmatamento, as queimadas, a extinção de animais e a poluição.

A necessidade de ações urgentes para cuidar da vida intensifi cou a coleta seletiva, tanto em casa quanto no Colégio, uma vez que as próprias crianças salientaram aos pais a importância dessa atitude para a defesa o meio ambiente.

Divulgar no Comunicando: Jornal Mural do 1o Ano o alerta de que o nosso planeta está sendo destruído foi outra forma encontrada pelas crianças para envol-ver mais pessoas na Campanha do Cuidado com a Vida. Vejam no cartaz algumas dicas listadas por elas para cuidar do meio ambiente:

Faça você também a sua parte. Cuidar da vida não é só um ideal sonhado pelo Padre Moreau. Ações concretas são possíveis e urgentes.

Edith Sonagere, professora do 1o ano C

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PROBLEMAS PLANETÁRIOS EM NOSSA CIDADE

microorganismos nocivos ao homem, aos animais e às plantas”, acrescenta Lucas Mirabela.

“Se o composto for bem feito, ele não atrai animais e insetos. A compostagem ajuda a limpar a cidade e a melhorar a qualidade de vida da população”, diz Feli-pe Pinheiro. “O projeto compostagem é uma grande idéia, mas não é muito usada por falta de preocupa-ção da população diante do nosso lixo. Temos o dever de “ensiná-los” para que um dia possamos viver num mundo melhor”, ensina Lívia Tanizaki.

“Na pilha de composto, em cada pequeno punha-do de terra existe um grande número de microorga-nismos responsáveis pelo processo de decomposição biológica. A compostagem ajuda na adubação do solo e impede que sofra mudanças bruscas de acidez ou alcalinidade”, explica Marina Ciscato.

Natalie Almeida completa: “Porém, nem todos es-tão dispostos a ajudar e não separam o lixo orgânico. Temos que batalhar contra isso. A compostagem de-veria ser mais bem divulgada, para aumentar a cons-cientização da população”.

Nosso projeto continuará nos próximos bimestres. Os resíduos têm mau-cheiro e aspecto não muito agradável, mas não podemos tratar a biosfera como um grande lixão. Precisamos decompor nossos pre-conceitos e “reciclar” nossa visão de como utilizamos os recursos do nosso planeta. Talvez assim possamos produzir um “composto” social mais justo. Bartolomeu Ferreira, professor de Ciências do 9o ano

I magine um grupo humano de mais de 15 milhões de indivíduos compactados numa megalópole, cada um produzindo mais ou menos 1 quilo de

lixo por dia. Deste lixo, 50% é orgânico, provenien-te de matéria viva. É muito lixo, não? E para onde vai tudo isso? O que causa ao ambiente e às pessoas? O que acontecerá no futuro? Essas foram perguntas que iniciaram nossa discussão sobre a destinação do lixo na Grande São Paulo.

Viramos nosso olhar para a natureza, que tam-bém produz seu “lixo orgânico”: folhas, galhos, fru-tos, restos de seres microscópicos etc. Só que a na-tureza não desperdiça os “recursos químicos” desse material, que passa por um processo de reciclagem. Muitas vezes mimetizamos os processos de reciclagem da natureza. No Santa Maria, observamos que no tra-balho do jardineiros, liderados pelo sr. Jurandir, os restos de vegetais são acumulados em depressões do terreno para, após um tempo, já decompostos, serem usados no cultivo das plantas. Iniciamos, então, nosso projeto de compostagem dos resíduos orgânicos pro-duzido pelo refeitório do Colégio. Utilizamos todo esse material na nossa compostagem, descrita assim nas palavras dos alunos do 9o B.

“A compostagem é um método no qual o lixo orgânico é colocado em condições favoráveis para a decomposição e pode servir de adubo”, defi ne Lucas Ruggeri. “Trata-se de um processo ambientalmente seguro, em que ocorre a eliminação de patógenos e

O cuidado com a vida, no sentido mais amplo, representa um dos ideais pelos quais Padre Mo-reau sempre lutou. Em especial, neste ano da

sua beatifi cação, os projetos ligados ao meio ambiente retratam como o Santa Maria concretiza tão importan-te ideal, por meio das ações dos alunos e alunas.

Nossa mata preservada permite o conhecimento da variedade e riqueza das espécies vegetais, a presença da vida animal e uma nascente. No estudo do meio, os alunos do 1º ano aprenderam a importância da água para a manutenção da mata e sua relação com as plan-tas que, por meio de suas raízes, transportam a água da chuva para o lençol freático, conservando o solo e evitando a erosão. Descobriram também uma nascente bem no meio da mata, objeto de estudo e de projetos.

Uma amostra da água da nascente foi encaminha-da para análise e constatou-se que não é potável. As

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R egina Augusta Passos Martins, há 21 anos no Santa Maria, é professora de História do 8º e do 9º ano.

Ex-aluna da escola, da turma de 1962, está casada há 40 anos com Antonio e é mãe de Cláudia, Luciana e Antonio Carlos. Dedica um carinho especial ao Colé-gio, que é parte signifi cativa de sua história.

Caleidoscópio – O que o Colégio signifi cou na sua formação? Regina – O Santa Maria solidifi cou os princípios e valores cristãos e morais aprendidos com meus pais. Ensinou-me a traçar metas, ter objetivos e lutar para alcançá-los. Ensinou-me, ainda, a sonhar, a ter paixão pelo que faço para obter sucesso e a saber tirar lições e aprendizados dos insucessos. A Sister Mildred marcou-me por uma frase: “O Santa Maria é bonito porque as crianças fazem o Santa Maria bonito”.

Fale de sua experiência como professora O professor é o facilitador da aprendizagem, aquele que orienta, desafi a na busca do saber específi co e tem de usar todos os métodos possíveis para fazer com que os alunos desenvolvam habilidades e competências para a vida. A disciplina é apenas um instrumento e um veí-culo para que ocorram esses desenvolvimentos.

Qual é o grande desafi o atual de um professor? É ensinar os alunos a construir seu conhecimento, não para realizar tarefas para o professor, mas para aprender e levantar dúvidas. Ensiná-los a ser críticos, a argumen-tar, a ter uma visão ampla do mundo para julgar e fazer escolhas. O importante na vida é traçar metas, ter ob-jetivos. Para conquistá-los, o caminho é árduo, pois o mundo é competitivo e os bem-sucedidos são aqueles que têm garra, sabem o que querem e por que lutam.

Manuela Dias, coordenadora de Comunicação

A ARTE DE ENSINARH á 29 anos no Santa Maria, Maria Dulce dos San-

tos Pereira é responsável pelo Apoio Administrati-vo e coordena três setores fundamentais para a escola: o refeitório, a cantina e a limpeza. Dulce tem muitas histórias para contar, momentos especiais vividos nos antigos e atuais espaços do Colégio.

Caleidoscópio – Como é sua rotina de trabalho?Dulce – Supervisiono e acompanho o refeitório, a can-tina e a limpeza da escola. Tenho de estar muito atenta a tudo o que ocorre e está programado para planejar, dar suporte e garantir que cada reunião, atividade esco-lar ou evento aconteça como foi planejado, bem como me antecipar às necessidades da direção, funcionários, áreas do Colégio e seus responsáveis. Saber lidar com os imprevistos, ser ágil e ter criatividade é fundamental para coordenar com sucesso estes setores.

Do que mais gosta na profi ssão? É maravilhoso ver o resultado imediato de nosso traba-lho. Ouvir os pais dos alunos e colegas elogiarem o tra-balho da equipe signifi ca que o evento foi um sucesso, atendeu a todas as expectativas.

Que momentos foram mais importantes?Recordo com carinho da primeira vez que participei da cerimônia do mastro, na festa junina; da missa can-tada pelo coral do Colégio, na Capela, acompanhada pela Orquestra de Campinas; a missa de comemora-ção dos 40 anos do Colégio, no momento em que o sr. João, jardineiro, a dona Conceição, encarregada da

limpeza, e a Regina, assisten-te administrativa, soltaram três pombas no Ofertório e elas fi caram sobrevoando o ginásio. Em 1994, quando houve uma enchente, fo-ram marcantes os exemplos de união, o trabalho em equi pe e a solidariedade de todos os funcionários.

DULCE, A POLIVALENTE

PERFIL DE EX-ALUNO: BRUNO CAETANO RAIMUNDO

“O COLÉGIO ME DEU TODAS AS FERRAMENTAS”Centro Santa Marta, onde podia ajudar alunos caren-tes, dando aulas de reforço e tomando contato com uma outra realidade social; o grêmio dos alunos, que tive a felicidade de presidir por dois anos, e as escolas de esporte, que naquela época foram promovidas pelo grêmio estudantil. Lembro que o time de futebol da minha época era muito bom e, salvo engano, a nossa participação no campeonato entre escolas do estado segue sendo o melhor desempenho do Colégio. Eu era o goleiro desse time, que terminou entre as 20 melhores escolas do estado, resultado expressivo, pois participaram do torneio mais de 500 colégios.

Houve algum professor que marcou de modo es-pecial seu tempo de estudante? Muitos professores foram muito importantes na mi-nha formação. Lembro com carinho de “tia Mônica”, “tia Rosana” e “tia Eliane”. Recordo também as aulas do Paulo, professor de História do Ensino Médio, que importaram muito na escolha da minha trajetó-ria profi ssional.

Você tinha um lugar predileto no Colégio?Os meus lugares prediletos eram o campo de futebol e as quadras de esporte. Passava grande parte das tar-des jogando bola com meus amigos.

Mantém contato com sua turma de formatura do Santa Maria? Boa parte dos meus amigos de hoje foram meus co-legas de turma no Santa Maria. Esses eu revejo sem-pre, praticamente todas as semanas. A turma toda se reúne nas festas juninas do Colégio. Desde que saí do Santa, não perdi nenhuma festa junina.

Quer deixar uma mensagem para os alunos?Aproveitem ao máximo o Colégio. Participem de to-das as atividades, das viagens, dos estudos, das dis-ciplinas extracurriculares. Todas as experiências serão muito importantes para a vida de cada um de vocês.

Manuela Dias, coordenadora de Comunicação

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PERFIL DO FUNCIONÁRIO

B runo Caetano Raimundo, 28 anos, formou-se no Santa Maria, na turma de 1996 e concluiu,

em 2001, o curso de Ciências Sociais na USP. Como sempre gostou das matérias relacionadas ao campo das humanidades, as disciplinas de estudos sociais, Bruno optou pela carreira na administração pública, fez mestrado e doutorado em Ciência Política na USP e hoje é um profi ssional bem-sucedido, ocupando o cargo de secretário de Gestão Estratégica do Governo do Estado de São Paulo.

Caleidoscópio - Como era a escola na sua época? Qual foi a importância do Santa Maria na sua for-mação e carreira profi ssional?Bruno – O Colégio me deu todas as ferramentas para que eu pudesse cursar uma boa faculdade e realizas-se minha escolha profi ssional. O tipo de ensino que orienta o aluno a pensar, e não a decorar a solução de problemas, é útil até hoje na superação dos desafi os do dia-a-dia. Outro ponto importante é a forma plu-ral com que o Colégio encara a educação dos alunos. Foi muito bom ter tido a chance de cursar, além das disciplinas básicas como português e matemática, as aulas de teatro, de música e até a introdução à ciência política, disciplina optativa cursada na 3a série do En-sino Médio e que sem dúvida foi decisiva para a mi-nha escolha profi ssional. Destaco também as ativida-des extracurriculares, como as aulas na Biblioteca, em que desenvolvi o gosto pela leitura; as atividades no

Regina: “O mais importante é ser, e não ter”

limpeza, e a Regina, assisten-te administrativa, soltaram três pombas no Ofertório e elas fi caram sobrevoando o ginásio. Em 1994, quando houve uma enchente, fo-

Bruno, secretário de Gestão Estratégica do Governo de São

Paulo,com Sister Diane, diretora-geral do Colégio:

“Desde que saí do Santa, não perdi nenhuma festa junina

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ENSINO MÉDIOINSERÇÃO SOCIAL

DO QUE ESSAS CRIANÇAS MAIS PRECISAM?

mação de funcionários de abrigos, diz que a mudança de mentalidade é o principal caminho para integrar essas crianças e garantir a elas um futuro digno.

Os alunos do 2o ano já começaram a intervir nessa triste realidade, não de maneira paternalista, mas por meio de ações concretas, conhecendo e participando da vida das crianças da Casa de Abrigo Vila Acalanto, abrigando-as em seus enormes corações.

Tudo começou com uma seleção criteriosa de en-tidades que abrigam ou orientam crianças. Um gru-po de professoras visitou-as, levando em conta faixa etária atendida, local que pudesse receber uma classe por vez e possibilidade de convivência, pois pensamos que só amamos o que conhecemos. Chegamos por fi m à Casa de Abrigo Vila Acalanto – e foi amor à primeira vista!

Cada classe que visitou as crianças da Vila Acalan-to fez uma campanha de doação: alimentos não-pere-cíveis, leite em pó, produtos de higiene e limpeza. E a cada vez a resposta que obtínhamos das famílias era mais impressionante, como uma corrente do bem.

No dia 29 de setembro foi celebrada a missa da série e algumas crianças da Vila Acalanto vieram. O momento de maior emoção foi o “abraço da paz”, quando nossos alunos, sem ensaio, foram abraçá-las. Não há palavras sufi cientes para descrever o que aconteceu. Todos nós, orientadora, professores e pro-fessoras, sentimos que vale a pena acreditar e investir na sensibilidade de nossos alunos e suas famílias!

Sílvia Sonagere e Cristina Galante, professoras do 2o ano do Ensino Fundamental

Q uem nunca sentiu essa compaixão tão profun-da a ponto de desejar levar para casa um ser humano tão indefeso, tão desprovido de afeto,

de riquezas emocionais e materiais?Quem nunca imaginou o que será desse bebê, da

criança que vemos esmolando, abrigada por farrapos e jornais embaixo de uma marquise ou viaduto?

Quem nunca se sentiu impotente a ponto de bro-tarem lágrimas dos olhos, com pena de si mesmo?

Quem nunca se envergonhou ao sentir medo de uma criança nos faróis de nossa cidade?

Quem nunca desviou o olhar, blindou o coração?Quem nunca culpou os pais dessas crianças pelo

abandono e displicência? Quem nunca responsabilizou o governo e a falta

de uma política que incentivasse a convivência fami-liar e proporcionasse condições para que os pais con-seguissem cuidar de si mesmos e dos fi lhos?

Mário Volpi, ofi cial de projetos da Unicef, diz: “Falta uma boa estratégia de capacitação e de comu-nicação que ajude a mudar o imaginário das pesso-as e trate a convivência familiar como um direito”. Direito que os alunos do Santa Maria desejam ver respeitado, pois sentiram de perto que não basta ter abrigo, roupa, comida. Para Volpi, há necessidade de incentivar programas que invistam na formação de famílias abrigadoras que, além de oferecer educação, alimentação e saúde, oferecessem os bens mais pre-ciosos de todos: carinho, afeto, aconchego, amor.

Gabriela Schreiner, diretora-executiva do Cedif, organização não-governamental que trabalha na for-

“QUANDO EU CRESCER, VOU ADOTAR ALGUÉM DAQUI.”JOÃO LUCAS RODRIGUES, 2O ANO D

INSERÇÃO SOCIAL

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COMPROMISSO COM O FUTUROP

ara a grande maioria dos alunos da 3a série do Ensino Médio, o ano de 2007 não só antecipa encontros e despedidas como também signi-

fi ca a colheita de tudo aquilo semeado ao longo de nossas vidas acadêmicas. E a bagagem é grande!

Atenta a essa situação, a equipe de direção e co-ordenação nos ofereceu uma chance única e muito bem-vinda: aulas de “cursinho”, realizadas dentro

do Colégio, à tarde. “Considerem-se cobaias de um projeto pioneiro do Santa. Encarem essas aulas não como uma espécie de reforço, mas como uma opor-tunidade que une qualidade de ensino e a comodi-dade de um ambiente familiar”, aconselhou-nos o diretor João Muzinatti.

A expectativa era grande. Será que nós, alunos, conseguiríamos conciliar todas as obrigações do Ensi-no Médio e ao mesmo tempo demonstrar disposição nas aulas à tarde? Provamos que sim. Com a ajuda de uma excelente equipe de professores, dotada de incrí-vel capacidade, empenho e energia nas aulas – que às vezes mais parecem espetáculos científi cos e concei-tuais do que teorização –, nos surpreendemos com esse outro lado do aprendizado. Um lado altamente dinâmico, que exige, acima de tudo, o nosso compro-metimento com o trabalho. Estamos na luta!

Mariana Ramos de Baere, aluna da 3a série A do Ensino Médio

No alto, Felipe Sodré Vieira; ao lado, Daniel de Abreu Almeida Manzano; à esquerda, Mariana Zanotti de Oliveira

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PROJETO DE SÉRIE

VIVER AS DIFERENÇAS: UM NOVO OLHAR, UMA NOVA ATITUDE

ansiosas aguardando a resposta! Algumas crianças en-viaram fotos e e-mail, e nós fi zemos o mesmo para retribuir o carinho”, explicam Gabriela Parra, Maria Olívia Cavalcanti e � ais D’Ângelo, do 5o F.

Ana Luiza Queiroz, do 5o H, diz o que é manter uma amizade a longa distância: “O Projeto Cartas está sendo uma surpresa, o que é muito legal! Nunca me correspondi com pessoas de outras cidades, nem de outros estados. Isso é bacana, pois conheço gente nova e faço amizades. Com a Débora e a Ana Beatriz, alunas da escola Bartoloméa, em Macapá, sinto que vai acontecer uma grande amizade. Ainda não pos-so conhecê-las pessoalmente, mas não falta vontade e, quando isso acontecer, vou sentir muita alegria. Já imagino as duas aqui em São Paulo, quanta diferen-ça... E também me imagino lá, conhecendo de perto aquilo que elas me contam nas cartas. Com as cartas, podemos viajar na imaginação e conhecer culturas”.

Andréas G. e Silva e Gabriel Diniz, do 5o ano F, também gostaram da experiência: “Nós, alunos do 5o

ano, estamos elaborando um projeto chamado Cartas, onde nos comunicamos com crianças da Amazônia. Esse projeto mostra um jeito diferente de nos comu-nicarmos, assim como era antigamente, antes do sur-gimento do telefone, computador e outras formas de comunicação modernas e mais rápidas. A reação das turmas do 5o ano foi de interesse, pois a maioria não se comunicava por cartas. Quando fomos mandar a nossa primeira carta para a Amazônia, vimos como era diferente fazer o assunto presente na carta. Já re-cebemos a resposta das crianças de lá, e nela, a verda-deira realidade daquele local se revelou. Mandamos nossa segunda carta, agora já estamos mais seguros do que perguntar e criamos um vínculo de amizade. Estamos ansiosos, aguardando novos contatos”.Vanda Cristina Machado e Christyanne Garcia Paes de Bueno, professoras do 5o ano

E xplorar idéias acerca das diferenças e criar pos-sibilidades de convivência são enfoques fun-damentais no desenvolvimento das atividades

do 5o ano, ainda mais com o tema da Campanha da Fraternidade 2007, “Vida e missão neste chão – Fra-ternidade e Amazônia”. Mas como aproximar nossos alunos dessa realidade tão distante?

Foi dessa refl exão que nasceu o projeto “Cartas – Papéis que vencem distâncias”. Queríamos saber: apesar da concorrência da internet e do telefone, a carta ainda continua fi rme e forte? Depois de entre-vistar os familiares, os alunos chegaram à conclusão de que as cartas tornaram-se uma prática pouco co-mum, mas deixaram saudade. A vontade de retomar esse meio de comunicação estava latente e, quando contamos que nossos correspondentes seriam crian-ças da região Amazônica, o projeto ganhou vida.

“No primeiro semestre, enviamos cartas para elas dizendo como é a nossa vida em São Paulo. Ficamos

Ana Luiza Queiroz (5o H) e Thais D’Angelo (5o F)

POR QUE CRIAR UM BLOGapareceram no blog, passo a passo, com fotos da ativi-dade. A entrevista com o professor Athos, a literatura mensal, o fi lme Tainá, uma aventura na Amazônia e exercícios sobre formação de palavras foram algumas das atividades postadas no diário virtual do 6o ano.

Isso sem falar na criação dos blogs pessoais dos alunos. A maioria não quer um blog simples; eles se sentem desafi ados a acrescentar avatares e slides, a conhecer a linguagem HTML, inserir músicas, re-cados e muito mais. No blogs pessoais há atualidades (Giovanna, Letícia, Melissa), histórias em quadrinhos (Leo nardo, Beatrice, Julia), concursos, desafi os e di-cas de jogos eletrônicos (Pedro, Lucas, Fabrízio).

Aderimos ao selo “Escrevendo certo” dos Bloguei-ros do Bem, e participamos da comunidade Internau-tas na Educação, o que reforça nosso compromisso de respeitar as regras ortográfi cas e gramaticais.

As aulas de informática nunca mais serão as mes-mas, uma vez que a ferramenta trouxe maior facilida-de de criação e de atualização, veiculação da informa-ção em tempo real, mais possibilidade de interação com os leitores (pais, alunos, professores), que fazem comentários, críticas, sugestões e mandam recados.

Criar um blog pedagógico é mais do que aproxi-mar pais, alunos e professores: é dar a oportunidade de fazer os alunos praticarem a escrita de modo signi-fi cativo, prazeroso e atual.Veronice Leal Rocha, professora do 5o e do 6o ano

COMPORTAMENTO

T udo começou porque senti a necessidade de criar uma forma de comunicação com os alunos que aprimorasse a sua competência de leitores

e escritores, revelasse o nosso cotidiano, valorizasse seus trabalhos e informasse aos pais o que acontece em sala de aula. Primeiro, tive de entender o que é um blog – uma página da Web cujas atualizações (ou posts) são organizadas cronologicamente, como um diário – e, depois, como construí-lo. Fiquei fascinada ao descobrir que se trata de um salto na capacidade de comunicação dos alunos. Pois, convidados a interagir, eles exercitarão a leitura, a escrita, o senso crítico e a familiaridade com a informática, habilidades impres-cindíveis no século atual. A partir de então, surgiram os blogs do 5o ano E e F (www.professoravero.zip.net) e do 6o ano (www.veroerosa.blogspot.com).

Os alunos e os pais aprovaram a idéia de imediato e hoje não passam um dia sem visitar o nosso blog. “Oi, Verô, adorei sua idéia, pois muitas pessoas pude-ram mostrar seu lado de escritor”, disse a aluna Gio-vanna Albuquerque, do 5o E. “Achei muito criativo, parabéns pelo trabalho”, comentou no blog o senhor Cláudio, pai de Fernanda Guedes, do 5o F.

Uma das postagens mais emocionantes aconteceu no Dia dos Pais: os alunos homenagearam seus pais em um texto e inseriram fotos de momentos inesque-cíveis que viveram juntos. Os comentários dos pais vieram cheios de emoção, surpresa e felicidade. “Gos-tei muito dessa lembrança no dia dos pais, e parabéns pela iniciativa do blog” escreveu o senhor Vagner, pai de Nathália Neves, do 5o F.

Outro momento muito interessante foi o Concur-so Cultural da Folhinha. Após a visita à Folha de S. Paulo, os alunos do 5o ano demonstraram interesse em participar do concurso promovido pelo jornal. Usamos o programa slide share e divulgamos as pro-duções dos alunos em nosso diário pedagógico.

Houve também envolvimento de outros setores do Colégio, como a Biblioteca, que está sendo mais fre-qüentada. As experiências no Laboratório de Ciências

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O QUE EU AMO NO SANTA

“Eu gosto do escorregador, porque é muito grande e dá para

escorregar de vários jeitos.”Pedro Isao Martos Murata, Jardim C

“O que eu amo no Santa é a oca (quiosque), porque lá, quando faz sol, tem sombra e posso

lanchar sossegada, contando meus segredos para minhas amigas.”

Paula Naomi Kawaguchi, 4º E

“O que mais gosto no Colégio é que podemos conviver perto

da natureza e, assim, aprender a grande importância de preservá-la.”

Maria Eduarda de Alencar Lima, 7º C