a ultima quimera ana miranda

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 1 1. Biobibliografia Ana Miranda nasceu em 1951, em Fortaleza, Ceará. Atriz, poetisa e romancista, recebeu duas vezes o prêmio Jabuti, por seus romances Boca do inferno (sobre o poe- ta barroco Gregório de Matos e o sermonista barroco pa- dre Antônio Vieira) e Dias & Dias (sobre o poeta românti- co Gonçalves Dias). PRINCIPAIS OBRAS Anjos e demônios (poesia), 1978; Celebrações do outro (poesia), 1983; Boca do inferno (romance), 1989; O retrato do rei (romance), 1991; Sem pecado (romance), 1993; A úl- tima quimera (romance), 1995; Clarice (novela) 1996; Des- mundo (romance) 1996; Amrik (romance), 1997; Que seja em segredo (antologia poética), 1998; Noturnos (contos), 1999; Caderno de sonhos (diário), 2000; Dias & Dias (ro- mance), 2002; Deus-dará (crônicas), 2003; Prece a uma al- deia perdida (poesias), 2004. 2. A literatura contemporânea no Brasil A ÉPOCA A década de 1960 foi marcada por grandes mudan- ças na política nacional. Após sete meses no governo, Jânio Quadros renuncia, e João Goulart, seu vice, assu- me a Presidência; entretanto, logo é derrubado por um golpe de Estado. Dava-se início à ditadura militar, que só teria fim em 1985, com a eleição indireta de Tancre- do Neves. Nos anos 1960, os conceitos artísticos brasileiros con- sagraram-se, agora com fortes rasgos políticos, flores- cendo artistas comprometidos com causas sociais — é a chamada arte engajada. Na sétima arte, surge o chama- do “cinema novo”, com amplo destaque para o baiano Gláuber Rocha. O teatro solidificava sua participação no contexto social, e importantes grupos manifestavam-se no país: o Arena e o Oficina, em São Paulo, e o Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. A televisão facilitou a popu- larização da música, e nomes importantes como Chi- co Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil tornaram-se exemplos para a juventude, notadamente politizada. O Tropicalismo aparece como um movimen- to de resgate aos valores culturais brasileiros, baseados na miscigenação cultural. A poesia ganha contornos musicais, e seus autores destacam-se como composito- res e cantores ou mesmo como poetas. O regime militar imposto desde 1964 barra o ímpeto artístico nacional, principalmente a partir de 1968, quando foi decretado o AI-5, que impunha a censura aos meios de comunica- ção brasileiros. O cerceamento à liberdade criadora im- pediu a evolução artística iniciada nos anos 1940 e 1950. Os artistas que ainda se mantinham em seus ideais eram obrigados a se ajustar aos limites impostos. A repressão e os autoritários atos inconstitucionais fizeram com que poetas, músicos e demais artistas se revoltassem e, por meio da palavra, mostrassem todo o seu descontenta- mento contra as perseguições, torturas e exílios. 3. Principais movimentos e os seus autores Nesse período, há a continuação da prosa intimis- ta (Lygia Fagundes Telles) e os chamados movimentos de vanguarda: a poesia social (Ferreira Gullar, Thiago de Melo e Affonso Romano de Sant’Anna), o Concretismo (Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pig- natari), o poema-processo (Wlademir Dias Pino e Ronal- do Azeredo), a poesia práxis (Mário Chamie), a poesia marginal (Paulo Leminski, Kátia Bento, Cacaso, Chacal e Ana Cristina César), dentre outros. O poema a seguir, de Ferreira Gullar, é exemplo de poema social: Como dois e dois são quatro Sei que a Vida vale a pena Embora o pão seja caro E a liberdade, pequena Como teus olhos são claros E a tua pele, morena Como é azul o oceano E a lagoa, serena Como um tempo de alegria Por trás do terror me acena E a noite carrega o dia No seu colo de açucena Ana Miranda A ÚLTIMA QUIMERA

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Análise de Livro A última Quimera Ana Miranda

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    1. Biobibliografia

    Ana Miranda nasceu em 1951, em Fortaleza, Cear. Atriz, poetisa e romancista, recebeu duas vezes o prmio Jabuti, por seus romances Boca do inferno (sobre o poe-ta barroco Gregrio de Matos e o sermonista barroco pa-dre Antnio Vieira) e Dias & Dias (sobre o poeta romnti-co Gonalves Dias).

    PRINCIPAIS OBRASAnjos e demnios (poesia), 1978; Celebraes do outro

    (poesia), 1983; Boca do inferno (romance), 1989; O retrato do rei (romance), 1991; Sem pecado (romance), 1993; A l-tima quimera (romance), 1995; Clarice (novela) 1996; Des-mundo (romance) 1996; Amrik (romance), 1997; Que seja em segredo (antologia potica), 1998; Noturnos (contos), 1999; Caderno de sonhos (dirio), 2000; Dias & Dias (ro-mance), 2002; Deus-dar (crnicas), 2003; Prece a uma al-deia perdida (poesias), 2004.

    2. A literatura contempornea no Brasil

    A POCAA dcada de 1960 foi marcada por grandes mudan-

    as na poltica nacional. Aps sete meses no governo, Jnio Quadros renuncia, e Joo Goulart, seu vice, assu-me a Presidncia; entretanto, logo derrubado por um golpe de Estado. Dava-se incio ditadura militar, que s teria fim em 1985, com a eleio indireta de Tancre-do Neves.

    Nos anos 1960, os conceitos artsticos brasileiros con-sagraram-se, agora com fortes rasgos polticos, flores-cendo artistas comprometidos com causas sociais a chamada arte engajada. Na stima arte, surge o chama-do cinema novo, com amplo destaque para o baiano Gluber Rocha. O teatro solidificava sua participao no contexto social, e importantes grupos manifestavam-se no pas: o Arena e o Oficina, em So Paulo, e o Teatro Opinio, no Rio de Janeiro. A televiso facilitou a popu-larizao da msica, e nomes importantes como Chi-co Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil tornaram-se exemplos para a juventude, notadamente

    politizada. O Tropicalismo aparece como um movimen-to de resgate aos valores culturais brasileiros, baseados na miscigenao cultural. A poesia ganha contornos musicais, e seus autores destacam-se como composito-res e cantores ou mesmo como poetas. O regime militar imposto desde 1964 barra o mpeto artstico nacional, principalmente a partir de 1968, quando foi decretado o AI-5, que impunha a censura aos meios de comunica-o brasileiros. O cerceamento liberdade criadora im-pediu a evoluo artstica iniciada nos anos 1940 e 1950. Os artistas que ainda se mantinham em seus ideais eram obrigados a se ajustar aos limites impostos. A represso e os autoritrios atos inconstitucionais fizeram com que poetas, msicos e demais artistas se revoltassem e, por meio da palavra, mostrassem todo o seu descontenta-mento contra as perseguies, torturas e exlios.

    3. Principais movimentos e os seus autores

    Nesse perodo, h a continuao da prosa intimis-ta (Lygia Fagundes Telles) e os chamados movimentos de vanguarda: a poesia social (Ferreira Gullar, Thiago de Melo e Affonso Romano de SantAnna), o Concretismo (Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Dcio Pig-natari), o poema-processo (Wlademir Dias Pino e Ronal-do Azeredo), a poesia prxis (Mrio Chamie), a poesia marginal (Paulo Leminski, Ktia Bento, Cacaso, Chacal e Ana Cristina Csar), dentre outros.

    O poema a seguir, de Ferreira Gullar, exemplo de poema social:

    Como dois e dois so quatroSei que a Vida vale a penaEmbora o po seja caroE a liberdade, pequenaComo teus olhos so clarosE a tua pele, morenaComo azul o oceanoE a lagoa, serenaComo um tempo de alegriaPor trs do terror me acenaE a noite carrega o diaNo seu colo de aucena

    Ana MirandaA LTIMA QUIMERA

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    Sei que dois e dois so quatroSei que a Vida vale a penaMesmo que o po seja caroE a liberdade pequena.

    4. A ltima quimera

    A ltima quimera um romance narrado em 1 pes-soa (narrador-personagem), sobre a vida e obra do poeta pr-modernista Augusto dos Anjos, autor da obra Eu e outras poesias. Nele, a autora retrata tam-bm outras personalidades literrias da poca, como o poeta parnasiano Olavo Bilac, o intelectual Rui Barbosa, o romancista Raul Pompeia. O ttulo, A ltima quimera, refere-se a um verso de um dos sonetos mais popula-res do poeta, Versos ntimos (leia na integra o sone-to adiante). Nascido no engenho Pau-darco, na Para-ba, Augusto dos Anjos era descendente de uma famlia patriarcal decadente. Formou-se em direito no Recife, porm sem nunca ter exercido a profisso. Mudou-se, juntamente com a mulher Esther, para a cidade do Rio de Janeiro, onde, passando por dificuldades financei-ras, foi professor de aulas particulares. Sua nica obra, Eu, foi publicada sob as expensas do irmo Odilon dos Anjos, sem nenhuma repercusso na poca (a ti-ragem acabou mofada no poro de sua casa em Leo-poldina). Devido a uma poesia escatolgica, bizarra e original (Augusto dos Anjos foi o primeiro poeta brasi-leiro a usar palavras da biologia, da qumica e fsica na poesia), com termos que causavam asco e nojo nos lei-tores (como escarro, podrido, putrefao, carnificina etc.), o poeta foi acusado, principalmente pelos parna-sianos, de manchar o soneto (o diamante lapidado para os parnasianos). A um convite do concunhado, mudou--se para Leopoldina, cidade do interior mineiro, onde, trs meses depois veio a falecer, vtima de uma conges-to pulmonar (pneumonia). Aps a sua morte, sua obra foi reavaliada e o poeta passou a figurar como um dos grandes poetas da literatura brasileira.

    TEMAO narrador-personagem encontra na rua o poeta

    Olavo Bilac na madrugada da morte do poeta Augusto dos Anjos. Como era de costume, Olavo Bilac quis saber se a morte do jovem poeta fora causada pela tuberculo-se, doena tpica em poetas bomios.

    O narrador, amigo de Augusto dos Anjos, ainda teve a esperana de ouvir de Olavo Bilac um comentrio a respeito do poeta morto, entretanto, nunca ouvira falar em Augusto dos Anjos. O narrador quis recitar para Bilac

    um dos poemas de Augusto dos Anjos, mas no conse-guiria imit-lo em sua frieza e paixo simultneas. Ainda assim inicia a declamao de Versos ntimos (que ser-viu de inspirao para o ttulo deste romance):

    Vs?! Ningum assistiu ao formidvelEnterro de tua ltima quimera.Somente a ingratido esta pantera Foi tua companheira inseparvel!

    Acostuma-te lama que te espera!O homem que, nesta terra miservel,Mora entre feras, sente inevitvelNecessidade de tambm ser fera.

    Toma um fsforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, a vspera do escarro,A mo que afaga a mesma que apedreja.

    Se a algum causa ainda pena a tua chaga,Apedreja essa mo vil que te afaga,Escarra nesta boca que te beija!

    Aps a declamao do narrador, Olavo Bilac diz: Pois se quem morreu o poeta que escreveu esses versos, ento no se perdeu grande coisa.

    Augusto dos Anjos morrera em Leopoldina, interior de Minas Gerais, para onde fora dirigir um colgio, indi-cado pelo seu cunhado. O narrador fica imaginando Au-gusto dos Anjos estendido numa cama e sua mulher, Es-ther, chorando sobre o seu peito.

    Antes de ir para Leopoldina, Augusto dos Anjos, que nascera em um engenho na Paraba, fora, juntamente com sua mulher, Esther, para o Rio de Janeiro, onde o ca-sal, sem condies financeiras, ficava mudando de en-dereos constantemente, sempre em lugares pobres e decadentes.

    Usando do recurso do flash-back, o narrador comen-ta sobre os encontros com Augusto dos Anjos:

    Naquela tarde em que o visitei no sobrado, Augusto me pareceu um homem mais sofrido, mais velho do que os vinte e alguns anos que tinha na realidade. Vestia roupas ordinrias, embora elegantes; conservava o ar de algum que vivia nas alturas e estava nesta terra apenas descan-sando de suas viagens espirituais e das anormalidades de seu pensamento (p. 17).

    Quando longe de sua me, Augusto dos Anjos espe-rava por suas notcias familiares sempre inquieto, com receio de que numa dessas cartas viesse a notcia da

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    morte de sua adorada me. Uma das caractersticas do poeta era estar sempre voltado para o seu passado. Vale ressaltar que o narrador e Augusto dos Anjos eram ami-gos desde crianas.

    Augusto confidencia ao amigo a sua preocupao com a esposa Esther (que abortara o primeiro filho do casal). Num desabafo, o poeta diz ao narrador:

    H em mim, no sei por que sortilgio de divindades malvadas, uma tara negativa irremedivel para o desem-penho de umas tantas funes especficas da ladinagem humana. O que eu encontro dentro de mim uma coisa sem fundo, uma espcie aberratria de buraco na alma, e uma noite muito grande e muito horrvel em que ando, a todo instante, a topar comigo mesmo, espantado dos n-gulos de meu corpo e da pertincia perseguidora de minha sombra.

    Na verdade, o narrador amava Esther e no queria que ela tivesse um filho mesmo que fosse de Augusto, o seu grande amigo.

    A poesia de Augusto era marcada por um vocabul-rio bizarro, como se pode observar no trecho a seguir:

    [...] Ao contrrio do que pensam dele, era um homem surpreendentemente bem-humorado, em sua essncia mais ntima. Ele mesmo se tornava um demnio para es-crever seus versos e os tmulos, os vermes, os esqueletos mrbidos, a noite funda, o poo, os lrios secos, os sba-dos de infmias, os defuntos no cho frio, a mosca debo-chada, as mos magras, a energmena grei dos brios da urbe, a esttica fatal das paixes cegas, o rugir dos neur-nios, a promiscuidade das adegas, as substncias txicas, a mandbula inchada de um morftico de orelhas de um tamanho aberratrio, um sonho inchado, podre, todos es-tes elementos da imaginao de Augusto no passavam de gracejos infernais. E, de certa forma, juvenis (p. 26).

    Neste romance, Ana Miranda relata fatos curiosos na vida de grandes escritores da poca, como, por exem-plo, o duelo (que no houve) entre Olavo Bilac, o poeta das estrelas, e Raul Pompeia, o romancista de O Ateneu. Por questes polticas Bilac era prudentista e Pom-peia era florianista , os dois, amigos pessoais, acabam se desentendendo, chegando ao ponto de um possvel:

    Bilac parecia ignorar os debates, mantendo-se acima das ocorrncias fazia-se espantado e at ria dos comen-trios. Mas, uma tarde, no Cailteau, estava a uma mesa bebendo com Pardal Mallet, Paula Ney, Coelho Neto, Azevedo, Patrocnio e outros amigos quando entrou Raul

    Pompeia. Houve discusses, safanes, murros. Mais forte, Bilac acertou o rosto de Raul que, sagrando, humilhado at o mais fundo de seu ser, desafiou o adversrio para um duelo. Foi embora, e os amigos tomaram o incidente como algo que seria brevemente esquecido, pois sabiam que Raul era desfavorvel a essa maneira de se limpar a honra (p. 63).

    O duelo no se realizou, pois algum avisou a polcia. Raul Pompeia queria outro encontro. A questo ultra-passava as razes pessoais, invadindo o campo poltico. No havendo o duelo, Bilac no se importou, ao contr-rio de Pompeia, que ficou cada vez mais atormentado. Com a morte do marechal Floriano Peixoto, Pompeia prestou-lhe uma homenagem em seu funeral. O jorna-lista, amigo de Bilac, Lus Murat, que cobria jornalistica-mente o enterro, escreveu no jornal A Notcia um arti-go, intitulado Um louco no cemitrio, em que chamava Pompeia de covarde por no ter duelado com Bilac. Tal-vez esse fato tenha contribudo para o seu suicdio, em 25 de dezembro de 1895, com um tiro no corao, dei-xando escrito o seguinte bilhete: Notcia e ao Brasil, declaro que sou um homem de honra.

    No captulo intitulado A triste dama das camlias, o narrador comenta sobre Camila, sua comprovincia-na, que, em tratamento no hospital no Rio de Janeiro, foge para a casa do narrador, sem dar notcia nenhuma famlia, que, sem conseguir localiz-la, aps percor-rer numerosos lugares, como hospitais, conventos, ne-crotrios, desiste, julgando-a morta. Camila, ao saber da morte de Augusto dos Anjos e da inteno do narrador encontrar-se com Esther, no enterro do amigo, toma-da de grande cime, pois era apaixonada por ele. Sobre a moa, assim descreve o narrador:

    Camila delicada, introvertida, reflexiva; tem traos suaves; seu corpo se arruna como se fosse uma casa aban-donada. Quando a conheci, na Paraba, era uma menina excitvel, que vivia sob os cuidados de pessoas por demais condescendentes. Sua introspeco levava a um desenvol-vimento anormal de sua mente sensvel num corpo fr-gil. Aos dezoito anos idade cuspiu sangue e descobriu-se que estava tsica. A doena lhe afetou os ossos e as arti-culaes, tinha dores persistentes e inchao; suas cordas vocais tambm foram contaminadas e ela passou a falar com essa voz rouca. Emagreceu mais de dez quilos em poucas semanas. Veio para o Rio de Janeiro; internou-se num sanatrio para tsicos, sendo tratada com descanso absoluto e regime de leite, ovos, frutas e verduras, exposi-o luz solar e respirao de ar puro, quando escrevia um melanclico dirio onde citava o Paraso a cada pgina.

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    morre poucos meses depois de chegar cidade. O nar-rador, seguindo para os funerais de Augusto, encontra a irm do poeta, Francisca, indo para Leopoldina, sem sa-ber que o irmo havia morrido. O narrador resolve no contar a ela a triste notcia, deixando que os tios o fizes-sem quando ela desembarcasse. Francisca era muito li-gada ao irmo, de tal maneira exagerada, que causava certa admirao em certas pessoas, nem sempre posi-tiva:

    Augusto me mandou muitas cartas do Rio de Janeiro, diz Francisca, tambm de Leopoldina, at cair doente. Po-bre do meu irmo. Eu bem lhe disse para no deixar a Pa-raba, se na provncia as coisas so difceis, na metrpole ainda mais. (p. 140).

    Espero que ele esteja me esperando na estao, com as faces coradas, cheio de sade. Sim, ser dessa manei-ra. Voc sabe o quanto ele gosta de mim. Ele sempre me perguntava, nas cartas, quando estars aqui em minha companhia? Voc sabe que Augusto no pode viver sem sua famlia. Ele escreveu: o humlimo lar em que estamos absolutamente teu e de todos de nossa famlia. Escrevi para ele este poema. Ser que meu irmo vai gostar?

    Leio o papel que ela me estende, de linho, perfumado, com o manuscrito de um poema ardente, um rondel de difcil lavor, dirigido a um homem soberbamente sensvel com quem ela conversa nas noites de insnia (p. 141).

    Francisca e Augusto dormiam juntos, numa rede, abra-ados, s escondidas dos pais. Apesar de saber disso, e dos longos passeios a cavalo do casal de irmos, e dos ba-nhos que tomavam juntos, jamais suspeitei de sentimen-tos incestuosos entre eles. Porm alguns anos mais tarde encontrei casualmente na rua o doutor Ca, que me disse ter srias suspeitas de que Augusto engravidara sua irm, quando ainda moravam no engenho. Francisca teria feito um aborto (p. 142).

    Na estao, os tios Bernardino e Alice recepcionam a sobrinha, com a triste notcia da morte de Augusto, en-to ela acena negativamente com a cabea, d um grito de dor, agarra os prprios cabelos, cai no cho, desmaia-da. J sabe da morte de Augusto.

    Apesar de estar h pouco tempo na cidade, Augus-to dos Anjos tem um funeral digno de uma celebridade:

    As janelas das casas e as portas das lojas se fecham, os moradores e os comerciantes se juntam ao cortejo. H senhores de sobrecasacas de l inglesa acompanhados de damas vestidas de seda ou veludo, assim como famlias

    Fez uma operao de pneumotrax. Em pouco tempo es-tava recuperada e pde voltar vida normal, vindo pas-sar alguns dias comigo antes de voltar para sua casa na Paraba (p. 87).

    No entanto, Camila j estava em companhia do nar-rador h cerca de dois anos. Apesar de ter-se recuperado da doena, Camila volta a sentir os sintomas da tubercu-lose. Cada vez mais o narrador sente-se angustiado com relao ao estado da moa e por, principalmente, no poder retribuir o amor que ela nutria por ele.

    O narrador volta-se novamente para o passado de Augusto dos Anjos. O poeta raqutico, como viria a ser conhecido, no consegue licena de professor interino no Liceu da Paraba, vai para o Rio de Janeiro, prometen-do nunca mais voltar a sua terra natal. As vrias promes-sas de emprego no Rio de Janeiro no se concretizam e Augusto no entendia por que isso acontecia com ele:

    [...] Quase um ano depois de lutar, finalmente Augusto foi nomeado professor de uma das turmas suplementares do Ginsio Nacional; mas em carter interino, esperando outros empregos nos estabelecimentos de ensino da cida-de, de acordo com as suas modestas aspiraes.

    Logo ficou desempregado novamente. Enquanto isso, peregrinava de casa em casa dos alunos, ganhando um miservel pagamento; e tentava vender aplices de segu-ro para o espanhol da Sul-Amrica, algo to contrrio a seu temperamento que em poucas semanas desistiu. [...] A morte era algo muito srio e intenso para que ele a mis-turasse com o comrcio (p. 106).

    Todos tratavam Augusto dos Anjos com indiferena, ningum lhe estendia a mo, nem mesmo o narrador, que era o seu amigo. Orgulhoso, Augusto dos Anjos no permitia que Esther trabalhasse, preferindo, at mesmo, passar fome.

    Talvez o aspecto de Augusto, excessivamente magro e escuro, seu ar de morcego tsico, seu jeito diferente, sua fama de poeta macabro, de comedor de sombras, seus apelidos de Doutor Tristeza e Poeta Raqutico, sua imate-rialidade vivia decididamente em outras esferas fosse a causa da desconfiana que sofria (p. 113).

    Aps viver de maneira precria na cidade do Rio de Janeiro, dando aulas particulares, mudando-se frequen-temente de casa, com sua mulher e seus dois filhos, Au-gusto dos Anjos, tendo recebido um convite do cunha-do para dirigir uma escola no interior mineiro, muda-se com a famlia para Leopoldina. Entretanto, Augusto

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    os olhos e o nariz deixando descoberta a boca plida , a cintura fina, as mos alvssimas pousadas inertes nos braos da poltrona, calma, aptica como se estivesse sob efeito de morfina, est Esther (p. 183).

    A edio de Eu, livro de Augusto dos Anjos, que fora custeada por seu irmo, Odilon dos Anjos, acaba estoca-da no poro da casa, j deteriorada pela umidade, no tendo como ser vendida, nem mesmo a preo mdico, para a populao de Leopoldina.

    O narrador, que permanecera na casa de Augusto, encontra Esther, vestindo uma camisola nacarada, pare-cendo uma sonmbula, aps ter sido medicada, pois ha-via passado por convulses:

    [...] Fico esperando Esther voltar. Pressinto, todavia, que no estou mais sozinho, algum sentou-se ao meu lado sem que eu percebesse. Viro o rosto e vejo Augusto (p. 194).

    Exausto da viagem, o narrador acaba adormecen-do numa poltrona e tem um pesadelo com Augusto, no qual o poeta lhe pergunta se ele estava apaixonado por Esther, mas no responde nada. Camila tambm apare-ce no sonho e lhe esbofeteia o rosto, fazendo com que desperte.

    O narrador, numa praa de Leopoldina, encontra-se com o padre Fiorentini, o mesmo que fizera o sermo no enterro de Augusto:

    Sabe, meu filho, esta cidade est de luto, h um gran-de pranto em Leopoldina, como se lhe tivessem saqueado toda a prata e ouro e os vasos preciosos e os tesouros es-condidos. Os prncipes e os ancios gemem, as virgens e os jovens perderam as foras, a formosura das mulheres desapareceu. Como no luto de Israel, no Primeiro Livro dos Macabeus. Os homens se entregam ao pranto e as mulhe-res, assentadas sobre seu leito, derramam lgrimas. Esta-mos perplexos. Aqui, todos nos sentimos culpados pela morte do poeta.

    Ah, mas que tolice.Sim, uma tolice, mas os coraes so tolos. O povo no

    deixa a casa da viva, todos querem dar-lhe afeto, querem ter a iluso de que o poeta no morreu. (p. 209-210).

    Mesmo em Leopoldina, o narrador no consegue deixar de pensar em Camila, a mancha de sangue se es-palhando na bacia se repete continuamente em minha lembrana.

    Em uma visita a Esther, o narrador se diz arrependi-do de no ter feito uma visita a Augusto to logo ficou sabendo de sua doena. Esther, mesmo dizendo que

    descalas, gente com roupas remendadas; velhos, jovens, meninos e meninas, em uniformes escolares, carregando pesadas pastas de material nas mos, guiados por pro-fessores. H policiais fardados, operrios das fbricas com marmitas nas mos, o barbeiro em seu avental, um alei-jado sendo empurrado num carrinho. No final do cortejo, seges com cavalos negros e cocheiros de cartola levam a gente mais prspera da cidade; devem ser milionrios do leite, fazendeiros, donos de engenho, de escolas, de plan-taes, de gado. A reboque, carroas transportam campo-neses com suas enxadas e foices. Pessoas choram (p. 163-164).

    At mesmo, a uma certa distncia, as prostitutas da cidade acompanharam o funeral. Talvez nem mesmo saibam que Augusto escreveu um longo e belo poema para as meretrizes.

    [...] Especulo se nas madrugadas frias de insnia ele foi ao rendez-vous de Leopoldina, se essas mulheres o conhe-ciam, se o ouviram recitar seus versos macabros, se para ele ganiam instintivamente de luxria, se ele as excitava com o aoite do incndio que lhes inflama a lngua espria, se ele se entregou aos tcitos apelos das carnes e dos cabelos, a toda a sensualidade tempestuosa dos apetites brbaros do sexo. O sexo no combina com ele, apenas o sexo te-rico pode ser relacionado a sua maneira de ser. Imagino--o na cama com uma prostituta. Diante do esplendoroso corpo alvo, nu, ele declama seus Versos a um coveiro. A mulher o adora (p. 165).

    Augusto dos Anjos foi enterrado e, na lpide de n-mero 149, os seguintes dizeres: Augusto dos Anjos, poeta paraibano.

    O narrador, em Leopoldina, cidade onde Augusto fora enterrado, recorda-se da grande amizade que tra-vara com o poeta:

    Seus alunos sempre aprendiam a matria e melhora-vam na escola. Augusto tinha o mais perfeito dom para professor que jamais vi em minha vida. Foi ele quem, quando ainda era um menino de seis anos, me ensinou a ler e escrever um monte de palavras, usando figuras de ja-vali, tatupeba, gavio-de-penacho (p. 181).

    Ao encontrar Esther, a viva de Augusto dos Anjos, o narrador assim a descreve:

    Sentada numa poltrona, toda de negro, uma roupa sem rendas ou drapeados, sem franzidos ou recortes, abotoada at o queixo, com um vu que desce do chapu e sombreia

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    sentimentos, e sua poesia dotada de uma subjetividade filosfica (p. 234).

    Ainda sobre a poesia de Augusto dos Anjos, o nar-rador comenta sobre o ideal parnasiano, isto , a arte pela arte:

    No existe parnasianismo, insisto, para implicar com o professor, embora concorde com ele, odiando sua erudi-o, sua eloquncia e ao mesmo tempo querendo me livrar dele a fim de ir para o lado de Esther. O que h uma fe-bre de perfeio, a sagrada batalha da forma a servio da ideia e da concepo. (p. 235).

    Mas a verdade que o poeta inclassificvel, como se pode notar neste trecho, espcie de resumo da origi-nal produo potica de Augusto dos Anjos:

    Augusto partia do real e mergulhava no ideal. Nessa as-censo, tinha seu negror, sua sinfonia, sua alma tocada de luz. A poesia de Augusto no simbolista, nem cientificis-ta, nem parnasiana; feita de carne, de sangue, de ossos, de sopros da morte; ele, integralmente, na nudez de sua sinceridade existencial, no clamor de suas vibraes nervo-sas, na apoteose de seu sentir, nos alentos e desalentos de seu espirito. Seus poemas so lminas de ao polido que refletem seu rosto descarnado.

    Os que se filiam a escolas so mentirosos, e Augusto ja-mais mentiu. Quanto mais conflagrados os tempos, mais ele era sincero. Revelou seu tormento cruciante, sua amar-gura, seu horror, seus suplcios, seus cancros, seus venenos, sua sofreguido intelectual, sem temer despertar piedade ou repulsa. Professava a f de um monista, vasculhava as maravilhas da vida, os enigmas do universo, a origem das espcies, sentia em si as dores do mundo, o nascimento e o desvanecimento da matria. Que escola esta? (p. 237).

    O narrador impressiona Esther, que era uma mulher que dava mais importncia inteligncia do que ao di-nheiro, apesar de o narrador ser um homem de posses.

    [...] Certa vez Camila me disse que amo Esther apenas porque foi a mulher escolhida por Augusto, numa espcie de amor vicrio. Talvez seja verdade, sempre h algum mo-tivo que nos leva a amar esta e no aquela mulher (p. 252).

    O narrador retorna ao Rio de Janeiro, decidido a pe-dir perdo a Camila e fazer tudo o que ela lhe pedisse. Queria cur-la da doena, esperando que essa fosse a sua redeno.

    todos os recursos da medicina foram usados para os cui-dados com Augusto, diz que no foi possvel livr-lo da congesto pulmonar que degenerou em uma pneumo-nia, mas nada tinha de tuberculose.

    [...] Um dia antes, o Augusto chamou-me ao quarto e despediu-se de mim, dizendo que mandasse suas lgrimas para Dona Mocinha. Pediu que mandasse lembranas a seus amigos do Rio. Disse-me para tratar bem dos nossos filhos, para dar lembranas s meninas do Grupo. Pediu--me que no ficasse aqui, seno a Glria e o Guilherme morriam de pneumonia. Mandou que eu voltasse para o Norte. Recomendou-me que guardasse com cuidado to-dos os versos e os enviasse para serem editados no Rio.

    H muitos versos?Sim, creio que so muitos, ainda no tive coragem para

    olhar o ba com os manuscritos. Augusto permaneceu consciente at vinte minutos antes de... Tinha uma calma e uma resignao que admirava. Pediu um espelho. Olhou seu rosto magro e disse: esta centelha nunca se apagar. Recebeu a extrema-uno. E morreu. Quando pediu o espe-lho, no queria ver seu rosto, mas o da Morte (p. 223-224).

    Em mais uma visita do narrador a Esther, encontra na casa o professor do Ginsio Leopoldinense, que tam-bm era poeta, e viera do Amazonas. Sou o maior ad-mirador da poesia de Augusto dos Anjos, ele diz. E olha para Esther, com reverncia.

    Sentindo cimes, o narrador sente o cho desapare-cer sob os ps e cai de quatro feito um cachorro. Quan-do consegue se levantar, percebe que sua mo san-grava. Esther cuida de sua ferida, quando o professor, tambm com ar enciumado, se aproxima e Esther, apon-tando para o narrador, diz ser ele como um irmo de Au-gusto.

    O narrador, ao ser indagado pelo professor sobre a poesia de Augusto dos Anjos, irrita-se, mas, ao mesmo tempo, d uma aula sobre o ecletismo do amigo poeta:

    [...] falo sobre minha teoria de que Augusto jamais re-presentou alguma escola literria. Como poderia ser sim-bolista, se era adepto da racionalidade? Como poderia ser romntico, se era to realista? O professor diz que os temas de Augusto so romnticos, huguianos; digo que nem to-dos, na verdade apenas alguns, o que no suficiente para enquadr-lo no Romantismo. Seus decasslabos so cons-trudos da maneira parnasiana, ele diz. Mas sua morbidez egostica exatamente oposta salutar impessoalidade parnasiana. Tampouco a palavra cientificista suficiente para explicar Augusto, uma vez que ele insinua todos os

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    casamento de Esther. Camila se recupera da tuberculo-se, apesar de viver sob cuidados especiais. Vive com o narrador, fazendo tudo para lhe agradar. Sobre Augusto dos Anjos, a surpresa do narrador quando ele abre uma folha do jornal:

    Hoje abro o Jornal do Commercio e leio que o livro de Augusto foi reeditado e para surpresa de todos a tiragem de trs mil exemplares esgotou-se em quatro dias. Trata-ram de imprimir mais trs mil que foram comprados em um par de dias. Em pouco tempo o Eu chega a vender cin-quenta mil exemplares. Torna-se o mais espantoso suces-so de livraria dos ltimos tempos! Impossvel no admirar certas composies! Um talento superior! A obra de um ourives louco! Mdicos, advogados, tilbureiros, cantantes, coveiros, alunas dos cursos de declamao, putas, poe-tas, gente de diversas classes corre aos balces para ten-tar compreender a poesia insondvel de Augusto. Jogam sobre ele as lantejoulas efmeras que brilham nas culmi-nncias das glrias, que ele disse desprezar. De nada mais adianta. Augusto venceu, mas no pde saber disso, tar-de demais (p. 284).

    [...] Espero um gesto de raiva, uma palavra de ressen-timento, mas ao me ver seu rosto se ilumina, ela me olha com doura e sorri.

    No se aproxime mais, diz.Seguro sua mo. Camila retira.No sei como pude deixar voc aqui, sozinha. Quem

    o mdico que est tratando de voc?No h nenhum mdico.Por que no mandou chamarem um mdico?Deixe-me morrer, ela diz.Voc vai ficar boa, como da outra vez. Vou lev-la para

    o sanatrio.Tarde demais.No me deixe, Camila.Tenho vontade de chorar, todavia penso que choraria

    mais por mim mesmo, por minha miservel alma, e me controlo. Camila adormece (p. 266).

    Camila se restabelece, depois de passar uns tempos num sanatrio. Esther se casa com o professor do Gin-sio Leopoldinense, mudando-se o casal para Ub, pois, apesar de nove anos decorridos, muitos condenavam o

    1 1-Leia o trecho a seguir, retirado de A ltima quime-ra: A tribo dos trarsas, entre Talifet eTungubutu, obriga as raparigas a engolirem imensas panelas de manteiga, para que fiquem gordas. No trecho, fica evidente a figu-ra de linguagem conhecida como:a) metfora.b) hiprbole.c) metonmia.d) catacrese.e) hiprbato.

    2 Segundo o narrador, Augusto dos Anjos era um po-eta inclassificvel. Explique.

    3 Todos os temas abaixo pertencem poesia de Au-gusto dos Anjos, presentes no romance A ltima quime-ra, exceto:a) pessimismo.b) hipocrisia.c) decomposio da matria.d) idealizao do amor.e) melancolia.

    4 Leia o soneto Versos ntimos, de Augusto dos An-jos, e responda:

    Vs?! Ningum assistiu ao formidvelEnterro de tua ltima quimera.Somente a ingratido esta pantera Foi tua companheira inseparvel!

    Acostuma-te lama que te espera!O homem que, nesta terra miservel,Mora entre feras, sente inevitvelNecessidade de tambm ser fera.

    Toma um fsforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, a vspera do escarro,A mo que afaga a mesma que apedreja.

    Se a algum causa ainda pena a tua chaga,Apedreja essa mo vil que te afaga,Escarra nesta boca que te beija!

    a) Qual o tema central do poema?b) Faa a metrificao do ltimo verso e d a medida do

    soneto.

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    6 Augusto dos Anjos ficou conhecido como:a) Poeta Raqutico ou Doutor Tristeza.b) Poeta Esquizofrnico ou Doutor Loucura.c) Poeta Solitrio ou Doutor Melancolia.d) Poeta Bizarro ou Doutor Bactria.e) Poeta dos Vermes ou Doutor Escatolgico.

    c) Qual o esquema de rimas do soneto?d) Qual a concluso do eulrico?

    5 Segundo a autora, em A ltima quimera, os envolvi-dos no duelo (que acabou no acontecendo), por ques-tes ideolgicas, foram:a) Lus Murat e Alberto de Oliveira.b) Olavo Bilac e Raul Pompeia.c) Alusio Azevedo e Rui Barbosa.d) Raimundo Correia e Arthur Azevedo.e) Emlio de Meneses e Castro Alves.

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    1. c

    2. Augusto dos Anjos dono de uma poesia original. Considerado um poeta ecltico, recebeu influncia do Realis-mo, do Naturalismo, do Parnasianismo, do Simbolismo, apresentando, at mesmo, caractersticas modernistas.

    3. d

    4. a) A hipocrisia do homem.b) Es-ca-rra-nes-ta-bo-ca-que-te-bei(ja) decasslabo.c) ABBA BAAB CCD EED.d) Segundo o eulrico o homem no deve confiar em seu semelhante.

    5. b

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