a todos os sonhadores do mundo, que mesmo com tudo e todos ... · cordilheiras dos andes e o oceano...

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A todos os sonhadores do mundo, que mesmo com tudo e todos contra, nunca param de sonhar.

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A todos os sonhadores do mundo, que mesmo com tudo e todos contra,

nunca param de sonhar.

“E te fazem acreditar que não importa sua idade, "o melhor ainda está por vir", assim você nunca faz

nada e o sistema ganha.“

Pouco mais de um ano depois da viagem, finalizo o relato completo, adiciono as fotos e realizo um sonho antigo, de fazê-lo em forma de livro, mesmo que só pra mim.

Os sonhos só aumentaram, as vontade cresceram, e o medo diminuiu. A frase do começo deste texto reflete totalmente o meu pensamento para com as outras pessoas, que tem sonhos, que possuem vontades, mas que nada fazem para realizá-las. Elas sempre esperam “a vida ser boa com elas”, ou que chegue um tempo em que tudo vai ser mais fácil e simples. Esse tempo nunca vai chegar.

Mais do que nunca, uma frase clichê e que tem aparecido muito hoje em dia, faz muito sentido:

Toda a magia acontece fora da sua zona de

conforto.

O relato a seguir fala da minha aventura, dos meus sonhos, do estilo de vida que quero levar, e do que me emociona. Acredito que ele passe o que eu estava sentindo no momento, principalmente na maior aventura da minha vida, como vocês irão perceber.

APRESENTAÇÃO Talvez o maior anseio da espécie humana

seja o conhecimento, o desbravamento, a ânsia pelo novo.

Vemos, desde sempre, histórias fantásticas de desbravadores dos oceanos, do espaço, dos continentes... Temos desde O Pequeno Príncipe nas suas visitas a vários planetas e 2001 - Uma Odisséia no Espaço na sua viagem interdimensional (ou interespacial), até 20.000 Léguas Submarinas, com o Capitão Nemo, profundo conhecedor dos sete mares. Ao centro da Terra também já fomos com Julio Verne, em sua obra fantástica. Mas, e quando essas vontades nascem em nós?

Bem, quando nascem em nós, nos tiram a paz, nos deixam ansiosos, inquietos, ávidos por adentrar o desconhecido e andar por caminhos ainda não explorados por nossos espíritos.

Este livro nos leva por uma breve jornada de um jovem rapaz, detentor de um espírito livre, no Chile. País incomum, marcado por diversas diferenças em sua geografia. País em que temos praias, deserto, vulcão e cordilheiras cheias de neve. Provavelmente o mais singular na América do Sul e que foi, desta vez, desbravado por este jovem, cheio de sede de conhecimento e vontade de viajar.

Neste livro, Diogo nos mostra que é possível viajar sozinho, com um orçamento limitado, conhecer muita gente, conhecer diversas culturas e se divertir muito. Temos um relato diário que nos mostra a criatividade, a coragem diante das situações adversas, as andanças... Tudo com detalhes extremamente divertidos e fotos que nos tiram o fôlego pela beleza.

Diogo, como um excepcional fotografo, como a pessoa super alto astral que é, como o detentor de um dos espíritos mais livres que existem, nos

traz isso tudo neste livro. E planta no coração de cada um de nós a mesma ânsia de viver que tem e nos traz o relato mais gostoso de ler e que incute em nosso espírito a mesma liberdade.

Agora, depois da leitura deste, só nos resta esperar ansiosamente por sua próxima viagem e seu próximo livro...

Roberta Fernandes Maia

O Chile é um país privilegiado quando se fala em natureza, desde desertos até geleiras. Ocupando uma longa e estreita faixa na América do Sul, entre as Cordilheiras dos Andes e o Oceano Pacífico, ele faz fronteira com o Peru, Bolívia e Argentina.

Possui uma população estimada em 17 milhões, e um fato curioso: A taxa de natalidade vem decaindo, ou seja, em 2050 a população baterá a marca de 20 milhões de pessoas, quando irá se estagnar, e começar a diminuir.

O Chile está dividido em 15 regiões:

Nº Nome Espanhol Capital

XV Arica e Parinacota

Región de Arica y Parinacota Arica

I Tarapacá Región de Tarapacá Iquique

II Antofagasta Región de Antofagasta Antofagasta

III Atacama Región de Atacama Copiapó

IV Coquimbo Región de Coquimbo La Serena

V Valparaíso Región de Valparaíso Valparaiso

RM Santiago

Región Metropolitana de Santiago Santiago

VI O'Higgins

Región del Libertador General Bernardo O'Higgins Rancagua

VII Maule Región del Maule Talca

VIII Biobío Región del Biobío Concepción

Nº Nome Espanhol Capital

IX Araucanía Región de la Araucanía Temuco

XIV Los Ríos Región de Los Ríos Valdivia

X Los Lagos Región de Los Lagos Puerto Montt

XI Aisén

Región Aisén del General Carlos Ibáñez del Campo Coihaique

XII Magallanes

Región de Magallanes y de la Antártica Chilena

Punta Arenas

PLANEJAMENTO

Planejar uma viagem de 10 dias para outro país, sem falar a língua e sem nunca ter saído do seu país não é fácil. Eu mudei de roteiro infinitas vezes.

Minha idéia inicial era uma viagem por Santiago e por uma cidade chamada Vicuña, que faria com que as paisagens que eu passasse fossem totalmente diferente das que passei. No lugar da escalada do vulcão, teria um tour astronômico em um observatório, e noites e noites de observação em uma das cidades com um dos melhores céus da América do Sul.

Antes da idéia do Chile, passou pela minha cabeça Peru e Argentina. Tenho um sonho de conhecer Machu Picchu, e queria realizá-lo antes dos 30 anos, porém fiquei bem decepcionado quando vi relatos e fotos de visitas às ruínas da cidade. Tudo parecia uma grande excursão e um grande empreendimento, nada como parecia na minha cabeça, como um momento de reflexão sozinho ou uma meditação.

Já na Argentina eu pensei em um destino exótico, porém cada vez mais comum: Ushuaia.

Acabei escolhendo o Chile, mas Ushuaia continua na minha lista de lugares para conhecer.

Para reservar os albergues, eu liguei e mandei e-mails. Falei em inglês e portunhol pelo telefone, passei vergonha por não entender o que falavam, mas foi uma experiência que eu queria passar antes de viajar.

Por algum motivo que não consigo explicar, decidi reservar um dos albergues pelo decolar.com, o que mais a frase vocês vão ver ter sido a pior escolha.

CHILE – NOVEMBRO DE 2011

Dia 1

São duas e meia da manhã aqui no Chile. Cheguei a

mais ou menos uma hora e o aeroporto está vazio. Tem vários taxistas abordando o pessoal para levar aos hotéis e casas, mas vou esperar o dia amanhecer pra chegar ao albergue. O voo foi tranquilo, mas por ser minha primeira experiência com avião, fiquei um pouco nervoso. Principalmente na decolagem e pouso (e foram duas decolagens e dois pousos, já que o avião fez escala em Buenos Aires). Mesmo sendo madrugada, quando passamos por cima das cordilheiras, consegui ver, estava bem escuro, mas deu... Por falar em Buenos Aires, ela vista de cima e de noite é muito foda! Nem parecia que era madrugada, vários carros na rua, tudo funcionando. Vi até um pessoal jogando bola em um campo! Deu um alívio tremendo quando consegui sair do avião em Santiago. Não levantei o voo todo, nem pra ir ao banheiro, até porque não senti vontade, mas a perna doeu muito.

Serviram dois lanches durante o voo, um lanche pequeno com queijo e salada, um copo de suco, refrigerante ou água e duas rosquinhas de côco. Para pegar minha bagagem foi muito mais simples do que eu imaginava, ela saiu logo que cheguei, peguei e fui embora, sem ser questionado por ninguém. Me provou que qualquer um pode pegar qualquer bagagem, mas ainda bem que não aconteceu. A imigração foi simples, a atendente nem falou comigo. Ficou cantando uma música o tempo todo e quando olhei o computador que estava do lado dela, estava aberto o youtube no vídeo: sucessos dos anos noventa. Ela carimbou um papel que preenchi no avião com a data da minha entrada e segui em frente. Passei com a mala e a mala de mão em um raio-x, mas não me questionaram em nada também. Logo que cheguei, fui tentar usar o telefone público, mas não consegui... Não

consegui ligar a cobrar para o Brasil. Tudo bem que deve ser diferente e eu estava ligando como se estivesse no Brasil e ligando para outro país, mas depois de comprar uma pepsi por 850 pesos, peguei algumas moedas e fui tentar de novo. Mas parece que é de outro modo ainda... Segui as instruções que estavam no telefone, mas mesmo assim não deu certo. Desisti de ligar e decidi que avisaria que cheguei bem por e-mail.

Dia 2

Problemas e problemas... Uma amiga tinha me falado mal do site decolar.com, mas eu já tinha feito a reserva por ele, então decidi manter. Consegui um ponto de internet no aeroporto e olhei o site do albergue que eu iria ficar em Santiago, e eu já poderia entrar no hotel naquele momento. Peguei um táxi de um senhor que oferecia na saída do aeroporto. Ele tinha uma tabela com preços fixos para cada bairro. O meu era “Providencia”, e custava 17 mil pesos. Dei sorte, ele foi me mostrando a cidade e alguns pontos turísticos, de dentro do táxi mesmo, já eram 3 da manhã.

Uma coisa que achei diferente foi que várias vias mais urbanas de Santiago tinham o limite de velocidade fixado em 120 km/h. A cidade estava muito vazia, e foi bom ver Santiago na madrugada. Chegamos ao albergue e eu já ia pagar o táxi, mas ele disse para vermos minha reserva primeiro. Ainda bem! O cara do albergue disse que estava lotado e não tinha reserva em meu nome. Um detalhe é que ele estava dormindo, e eu não entendia nada do que ele dizia. Eu pedia para o taxista traduzir tudo, e ele me olhava com um cara de “como você entende a mim e a ele não!?” Batemos então no albergue ao lado, que também estava lotado. Pra minha sorte, o motorista do táxi continuou comigo procurando algum lugar para eu ficar. Passamos em mais uns três e nada. Então achamos um hotel que tinha vaga. Mas era um quarto com uma cama de casal e uma de solteiro, e banheiro privado. Lá se vão uns 200 dólares nesses três dias... Era um hotel comum, nada de luxos, mas ficava em um bairro mais rico de Santiago. Não contava com isso. Ao menos tem café da manhã, que por sinal serve para eu comentar essas comidas chilenas. Aqui só tem empanada, que é um salgado assado com algum recheio estranho. No aeroporto comi de frutas, e tem vários sabores, mas não achei nenhuma de carne, só de queijo, e acabei pegando uma hoje também... Depois de dormir, acordei as 8 da manhã pra tomar café. Comi um pão meio estranho com queijo e um

presunto estranho e saí para andar. Comprei uma coca, que por sinal, aqui é um pouco maior que o normal, tem 580 ml. Andei bastante, mas não cheguei a me perder... Consegui ver um pouco das cordilheiras, mas como só levei a câmera pequena, não deu pra tirar umas fotos mais legais. Acabei vendo sem querer uma santa enorme, no alto de um morro. Depois comprei as passagens para Pucón, custaram 24 mil pesos, ida e volta, em um ônibus semileito. A viagem seria de madrugada, já que esse trecho só opera nesse horário. Quando cheguei ao hotel, procurei na internet sobre aquela santa, e descobri que é um mirante famoso de Santiago. Tomei banho, arrumei uma blusa, a nikon, um pouco de dinheiro e fui. Peguei o metrô e desci duas estacões depois. O metrô é cheio igual ao de São Paulo, mas a impressão que fica é que as estacões são mais próximas umas das outras. Não usei a blusa porque estava um calor enorme, de uns 30 graus. Deu para tirar umas fotos legais lá de cima. Dividi um táxi com uma mulher e paguei mil pesos pra subir. Encontrei alguns brasileiros de Salvador lá em cima e falei com um chileno que tirou algumas fotos pra mim. Comprei duas canecas e comi aquela empanada de queijo que eu disse. Pra descer, usei um bonde chamado “Funícula”, que também por mil pesos, me deixou embaixo de novo. Já estava cansado, então fui rápido e peguei o metrô. Quando saí da estação, me perdi um pouco e tive que pedir informação, mas estava perto da rua que eu queria, então foi fácil. Andar nesse sol cansa, mas melhor que chuva, que é o que está previsto para Pucón. Uma parte interessante, foi que quando peguei a Funícula, tinha um casal que parecia ser da Argentina, um casal de amigos que falavam inglês, um fotógrafo italiano, e eu, brasileiro. No final da tarde, já morrendo de fome, fui em busca de algo barato para comer. De preferência algo mais parecido com a comida do brasil... Na verdade queria carne vermelha! Foi então que entrei em um centro comercial e achei uma lojinha que vendia lanches XXL. 2.500 pesos por um churrasco enorme! Comprei um e por mais 500 pesos levei uma fanta laranja. Levei o lanche

para o hotel e com metade já fiquei satisfeito. Melhor ainda, se der fome de noite não vou precisar gastar mais, já que se eu quiser fazer a subida do vulcão, terei que economizar bastante na alimentação.

Claro que não comi o lanche depois. Fiquei com medo da maionese e da carne terem estragados sem refrigeração e joguei fora. Mesmo o quarto sendo caro, não possui um Frigobar.