a teoria risconovo codigo civil brasileiro

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A TEORIA DO RISCO NO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO E A RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR GALINDO, CLEUSY ARAÚJO 1 RESUMO: tema central refere-se a caracterização da existência de dano real provocado ao trabalhador sob a ótica legal, a partir do evento danoso responsável pela paralisação laborativa, configurando a ocorrência de acidente do trabalho. Aplicação da teoria do risco nas indenizações por acidente de trabalho ou doença ocupacional e suas modalidades. Com o advento do novo Código Civil, controvérsias acerca da aplicação da teoria do risco nas referidas indenizações. Palavras Chave: Dano e responsabilidade Teoria do Risco Indenização acidentária. ABSTRACT: The central theme relates to the characterization of the existence of actual damage caused to the worker under the legal optics from the damaging event responsible for the shutdown to work, setting the occurrence of work accidents. Application of the theory of risk compensation for accidents at work or occupational disease and its modalities. With the advent of the new Civil Code, disputes about the application of the theory of risk in these indemnities. Words - Key: Damage and responsibility - Risk Theory - Indemnification accidental. INTRODUÇÃO O tema em estudo trata das divergências acerca da classificação da responsabilidade do empregador se de forma subjetiva ou objetiva na ocorrência de acidente de trabalho com seu empregado. O texto constitucional brasileiro em seu artigo 7º assegura direitos aos trabalhadores, deixando em aberto para que sejam acrescentados outros na busca por melhoria da condição social do trabalhador. Pode-se observar que no inciso XXVIII do mesmo artigo, que se trata de ônus exclusivo do empregador o pagamento de seguro conta acidentes de trabalho, sem excluir a indenização a que este está obrigado quando em culpa ou dolo. Diante da exigência de culpa ou dolo, observa-se a adoção pela Carta Magna da teoria da responsabilidade subjetiva como regra geral em se tratando de indenização por acidente do 1 Engenheira Civil pela UFRN, Bacharela em Direito pela UNICAP/PE, Especialista em Direito Judiciário e Magistratura do Trabalho - ESMATRA6, Especialista em Direito Previdenciário ESMATRA6 e Doutoranda em Direito do Trabalho pela Universidade de Buenos Aires.

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Page 1: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

A TEORIA DO RISCO NO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO E A

RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR

GALINDO, CLEUSY ARAÚJO1

RESUMO: tema central refere-se a caracterização da existência de dano real provocado ao

trabalhador sob a ótica legal, a partir do evento danoso responsável pela paralisação laborativa,

configurando a ocorrência de acidente do trabalho. Aplicação da teoria do risco nas indenizações por

acidente de trabalho ou doença ocupacional e suas modalidades. Com o advento do novo Código

Civil, controvérsias acerca da aplicação da teoria do risco nas referidas indenizações.

Palavras – Chave: Dano e responsabilidade – Teoria do Risco – Indenização acidentária.

ABSTRACT: The central theme relates to the characterization of the existence of actual damage

caused to the worker under the legal optics from the damaging event responsible for the shutdown to

work, setting the occurrence of work accidents. Application of the theory of risk compensation for

accidents at work or occupational disease and its modalities. With the advent of the new Civil Code,

disputes about the application of the theory of risk in these indemnities.

Words - Key: Damage and responsibility - Risk Theory - Indemnification accidental.

INTRODUÇÃO

O tema em estudo trata das divergências acerca da classificação da responsabilidade

do empregador se de forma subjetiva ou objetiva na ocorrência de acidente de trabalho com

seu empregado. O texto constitucional brasileiro em seu artigo 7º assegura direitos aos

trabalhadores, deixando em aberto para que sejam acrescentados outros na busca por melhoria

da condição social do trabalhador. Pode-se observar que no inciso XXVIII do mesmo artigo,

que se trata de ônus exclusivo do empregador o pagamento de seguro conta acidentes de

trabalho, sem excluir a indenização a que este está obrigado quando em culpa ou dolo.

Diante da exigência de culpa ou dolo, observa-se a adoção pela Carta Magna da teoria

da responsabilidade subjetiva como regra geral em se tratando de indenização por acidente do

1 Engenheira Civil pela UFRN, Bacharela em Direito pela UNICAP/PE, Especialista em Direito Judiciário e Magistratura do

Trabalho - ESMATRA6, Especialista em Direito Previdenciário – ESMATRA6 e Doutoranda em Direito do Trabalho pela

Universidade de Buenos Aires.

Page 2: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

trabalho. Contudo o progresso social e a modernização que avança a passos largos, muitas

vezes torna-se impossível a caracterização de culpa do empregador pela vítima de acidente do

trabalho. Assim, surgiu a Teoria do Risco que sustenta a responsabilização do empregador

mesmo sem a observância de culpa, denominada de responsabilidade objetiva. Pautada no art.

927, parágrafo único do Código Civil e outros dispositivos constitucionais. Será dada

abordagem as atividades de risco tendo a caracterização do dano sofrido pela vítima e o nexo

causal entre o dano e a prática da atividade laborativa, para que haja a possibilidade de

indenização por parte do empregador.

Far-se-á uma análise acerca da mensuração do risco pelo fator acidentário de

prevenção, bem como a possibilidade ou não de acumulação do seguro acidentário e da

indenização pela teoria do risco. Com questionamento acerca da responsabilização civil ou

não do empregador quando da ocorrência de um acidente, do qual saia vitimado seu

empregado quando no ambiente do trabalho, mesmo que aquele não incorra em dolo ou culpa

para com o incidente. Sendo, também, feita a distinção entre responsabilidade subjetiva e

objetiva, sendo delimitados os pressupostos comuns a ambas as teorias, sejam eles o dano e o

nexo de causalidade, como também o elemento essencialmente caracterizador da

responsabilidade subjetiva: a culpa. Discute-se, na sequência, a coexistência da indenização

acidentária e comum, sua possível cumulação e posições jurisprudenciais a respeito.

Por último, depois de superadas todas estas questões pertinentes ao assunto chegam-se

ao tema central deste trabalho: a aplicabilidade, ou não, da responsabilidade objetiva nos

casos de acidente do trabalho. São levantadas posições doutrinárias e jurisprudenciais,

contrapondo-se opiniões de ambas as correntes.

1 Teoria do Risco

Sempre que se observa um dano sofrido por alguém, de pronto existe um sentimento

de busca pelo culpado do ato na tentativa de conseguir uma reparação. Gerando por

consequência uma responsabilização subjetiva direcionada ao ator do ato de forma instintiva,

pois, a cultura ocidental já detém tal conduta difundida no seio da sociedade, sem que haja

necessidade de explicar porque a culpa enseja responsabilidade, sendo ela própria a sua razão

justificativa, como ensina a Professora Maria Celina Moraes.2

2 MORAES, Maria Celina Bodin de. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva. Revista RT, São Paulo, v. 854, p.

22, dez. 2006.

Page 3: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

Ademais, o próprio crescimento populacional, o avanço tecnológico, proporcionou um

aumento nos fatores de risco e consequente acidentes ou danos sofridos pelo trabalhador sem

que a reparação fosse passível indenização pelo simples fato da prova da culpa do réu ser

deveras dificultada. E assim, nos casos de acidente do trabalho, observa-se, ainda hoje, o

indeferimento do pedido a indenização em face da ausência de meios de prova da culpa

patronal ou por acolher a alegação de ato inseguro do empregado ou ainda pela conclusão da

culpa exclusiva da vítima, como alega Sebastião Geraldo de Oliveira.3

Houve certo desconforto no meio jurídico com relação à rigidez da norma legal quanto

ao rigor da prova a ser produzida com o intuito de responsabilizar o empregador da pratica do

ato danoso. Ao lado da teoria subjetiva, que reza a obrigatoriedade de indenização do

acidentado apenas com a comprovação da culpa do empregador no evento, mesmo que de

natureza leve ou levíssima, foi desenvolvida a teoria do risco ou da responsabilidade objetiva.

Importante mencionar que a ocorrência do acidente ou doença, a princípio não gera

automaticamente o dever de indenizar, restando à vítima a cobertura apenas do seguro

acidente do trabalho previdenciário.

Para diferenciar a responsabilidade subjetiva da objetiva faz-se necessário tecer

algumas considerações. Na responsabilidade subjetiva há obrigatoriedade da presença do dano

(acidente ou doença), do nexo de causalidade do evento com o trabalho e da culpa do

empregador a luz do disposto no art. 186 do Código Civil - CC e a indenização

correspondente no art. 927 do mesmo dispositivo legal, combinado com o art. 7º, XXVIII, da

Constituição Federal - CF de 1988.

A eclosão da Teoria da Responsabilidade Objetiva se deu em função da dificuldade

que o trabalhador tinha em provar a culpa diante das atividades cada vez mais complexar, e

daí, a responsabilização apenas pelo risco que a atividade laborativa detinha em sua forma

intrínseca, desonerando a vítima de demonstrar a culpa patronal. Tal teoria prescide de prova

da culpa e cujas primeiras manifestações ocorrem no final do século XIX, revelou-se cada vez

mais apropriada para resolver os casos em que a aplicação da teoria tradicional da culpa se

revela insuficiente. A responsabilidade objetiva deve atender a apenas dois pressupostos: a

ocorrência do dano e a presença do nexo causal. A aplicação da teoria do risco nas

indenizações por acidente de trabalho ou doença ocupacional enfrenta controvérsias

colecionando opositores que rejeitam a priorização da vítima em detrimento da justiça social,

posto que imputa ao agente a obrigação de reparação, mesmo que este tenha sempre agido de

3 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 6. ed. São Paulo: Ltr,

2011, p. 106.

Page 4: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

forma irreparável na tentativa de evitar o dano. Assim, é dispensado ao agente o mesmo

tratamento dos que não tomaram as medidas necessárias de precaução. Do ponto de vista

histórico, a teoria do risco sofreu adequações ao longo do tempo. Num primeiro momento era

entendido que a mais mínima culpa já era o bastante para gerar a responsabilidade, como

ensina Caio Mário.4 Houve o período intermediário onde a teoria da responsabilidade

subjetiva dava suporte a vitima ao presumir a culpa com a inversão do ônus da prova. No

ordenamento jurídico pátrio houve a adoção em 1963 da Súmula n. 341 do Supremo Tribunal

Federal – STF, abaixo, que considerava a culpa presumida do patrão mesmo que o ato culposo

fosse praticado elo próprio empregado ou preposto:

STF Súmula nº 341 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência

Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento

Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 149.

Presunção - Culpa do Patrão ou Comitente - Ato Culposo do

Empregado ou Preposto É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do

empregado ou preposto.5

A seguir houve a atribuição da responsabilidade mesmo sem a ocorrência de culpa

como dita a teoria objetiva. Essa teoria além de ter sido aplicada em vários países nas

hipóteses em que a comprovação da culpa era de difícil comprovação ou complexa, serviu

também como pilar de sustentação para os casos acidentários. Apesar de que nos dias atuais,

após a vigência do novo Código Civil de 2002, há controvérsias acerca da aplicação da teoria

do risco nas indenizações por acidente de trabalho ou doença ocupacional. O nascimento

dessa forma de responsabilidade é fruto de duas principais razões: a primeira delas baseada

na consideração de que certas atividades do homem criam um risco especial de que o

exercício de determinados direitos deve implicar a obrigação de ressarcir os danos que

origina; e a segunda, diz que o exercício de determinados direitos deve implicar a obrigação

de ressarcir os danos que origina.6

Aduz Sérgio Cavalieri Filho que a nova doutrina provoca como consequência

inevitável, a ocorrência de extremos, fato esse ocorrido como a responsabilidade objetiva.

Alerta para o fato de que “se alguém se dispõe a exercer alguma atividade perigosa terá que

fazê-lo com segurança, de modo a não causar dano a ninguém, sob pena de ter que por ele

4 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 271. 5 BRASIL, Súmula do Supremo Tribunal Federal. 6 Disponível no site: www.mladvogadosassoc.com.br/index2.php?option=com_content... Acesso em: 17 jul 2011.

Page 5: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

responder independentemente de culpa” 7, sendo essa a síntese da responsabilidade objetiva,

na qual há um dever de segurança que se contrapõe ao risco.

É deveras importante mencionar que a teoria objetiva não descartou a subjetiva,

apenas ganhou o seu espaço na esfera legal. Nada mais coerente do que a firmação de Louis

Josserand que “a responsabilidade moderna comporta dois polos, o polo objetivo, onde reina

o risco criado e o polo subjetivo onde triunfa a culpa: é em torno destes dois polos que gira a

vasta teoria da responsabilidade.”8

Elenca Cavaliere subespécies ou modalidades, destacando-se: as teorias do risco –

proveito, do risco profissional, do risco excepcional, do risco criado e do risco integral.9 A

teoria do risco está claramente embutida no Código de Defesa do Consumidor no Brasil, pois

prevê a reparação independentemente da existência de culpa como se observa nos artigos 12 e

14 do dispositivo legal.

Daí, várias correntes surgiram com o intuito de demarcação da responsabilidade

objetiva e seus limites, criando modalidades distintas acerca da mesma teoria, muito embora

todas movidas por uma ideia central: a reparação do dano em face da presença de risco,

independentemente da comprovação de culpa do agente.

Cavalieri afirma que na teoria do risco proveito o responsável pelo dever de reparação

“é aquele que tira proveito da atividade danosa, com base no princípio de que, onde está o

ganho, ai reside o encargo".10

Acrescenta o digníssimo jurista que o beneficiário dos ganhos

auferidos com a utilização da coisa ou atividades perigosas deve experimentar as

consequências prejudiciais que dela decorrem.

Outros juristas defendem que a teoria do risco-proveito como sendo o sustentáculo da

responsabilidade objetiva uma vez que decorre da ideia de que o sujeito a reparação é aquele

que retira proveito ou vantagem do fato causador do dano - ubi emolumentum, ibi onus. No

entanto, esta teoria é criticada dada a dificuldade de se definir, de fato, o que pode ser

considerado como proveito, fazendo com que seja confundida com a teoria do risco integral,

com a possibilidade de restringir a reparação apenas quando haja proveito econômico.

Já a modalidade do risco criado é tida como sendo a de maior aceitação dada a não

vinculação com a existência de proveito para a responsabilização do agente responsável que

7 Disponível no site:

http://www.mladvogadosassoc.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=23&Itemid=36.Acesso em: 17 jul

2011. 8 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6. ed. São Paulo:

Ltr, 2011, p. 109. 9

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. 10

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

Page 6: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

criou o risco. O grande jurista Caio Mário Pereira conceituar o risco vinculando às condições

de vida social que:

[...] se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento uma

qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que esta atividade

gera para os indivíduos, independentemente de determinar se em cada

caso, isoladamente, o dano e devido à imprudência, à negligência, a

um erro de conduta, e assim se configura a teoria do risco criado.11

Neste caso, representa uma ampliação do conceito do risco-proveito e, por conta disso,

é "mais equitativa para a vítima, que não tem de provar que o dano resultou de uma vantagem

ou de um benefício obtido pelo causador do dano. Deve este assumir as consequências de sua

atividade".12

No que concerne ao risco profissional é importante destacar a preocupação de

indenizar a partir do prejuízo ocasionado no desempenho de atividade laborativa ou profissão.

Foi concebida especificamente para fundamentar os casos de acidentes de trabalho, ocorridos

sem culpa do empregador. Sérgio Cavaliere afirma que :

a desigualdade econômica, a força de pressão do empregador, a

dificuldade do empregador de produzir provas, sem se falar nos casos

em que o acidente decorria das próprias condições físicas do

trabalhador, quer pela sua exaustão, quer pela monotonia da

atividade, tudo isso acabava por dar lugar a um grande número de

acidentes não indenizados, de sorte que a teoria do risco profissional

veio para agastar esses inconvenientes.13

Arremata seu pensamento dizendo que:

A responsabilidade fundada na culpa levava, quase sempre, a

improcedência da ação acidentária. A desigualdade econômica, a

força de pressão do empregador, a dificuldade do empregado de

produzir provas, sem se falar nos casos em que o acidente decorria

das próprias condições físicas do trabalhador, quer pela sua exaustão,

quer pela monotonia da atividade, tudo isso acabava por dar lugar a

um grande número de acidentes não indenizados, de sorte que a teoria

do risco profissional veio afastar esses inconvenientes.14

11

PEREIRA, Caio Mário de. Responsabilidade Civil. 9. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. P. 270. 12

http://www.mladvogadosassoc.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=23&Itemid=36. Acesso em: 31 jul

2011. 13

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 143. 14

Disponível no site: http://www.mladvogadosassoc.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=23&Itemid=36.

Acesso em: 31 jul 2011.

Page 7: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

O tema revela-se polêmico desde as primeiras leis que reconheceram o direito a

reparação pelos danos ocasionados pelo infortúnio do trabalho, a partir da constatação de que

a maioria dos acidentes era originada de um risco que lhe pertencia, na observação de H.

Veiga de Carvalho, o que permitia concluir-se que "o trabalho estabelece um risco próprio,

que lhe é imanente, específico da sua mesma natureza".

Octávio Bueno Magano, por sua vez, com base em Paul Pic, destaca, na sua origem, a

vinculação com a atividade industrial, que expunha o trabalhador a certos riscos.15

A teoria do risco excepcional considera o dever de indenizar a partir da constatação

de que algumas atividades acarretam risco, independentemente da comprovação de culpa,

uma vez que a atividade desenvolvida constitui-se em risco acentuado ou excepcional pela sua

natureza perigosa.

O setor atômico fez com que a teoria objetiva se caracterizasse em sua forma mais

elástica dada a aplicação imediata em acidentes nucleares, como afirma Carlos Alberto

Bittar.16

Sílvio Venosa define o risco integral: “[...] modalidade extremada que justifica o dever

de indenizar até mesmo quando não existe nexo causal. O dever de indenizar estará presente

tão só perante o dano, ainda que com culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito

ou força maior”17

, embora reconheça o caráter excepcional dessa forma de responsabilidade,

aplicável somente em determinadas situações.

Contudo, Cavalieri Filho ao comentar o artigo 14, § 1º da Lei 6.938/81, ressalta que o

artigo 225, § 3º, da Constituição, recepcionou o anteriormente mencionado criando a

responsabilidade objetiva baseada no risco integral, ou seja, na teoria segundo a qual não se

admitem excludentes de responsabilidade. Complementa o autor dizendo que "se fosse

possível invocar o caso fortuito ou a força maior como causas excludentes de

responsabilidade civil por dano ecológico, ficaria fora da incidência da lei a maior parte dos

casos de poluição ambiental.”18

Marcello Lima19

faz menção em seu artigo acerca da vinculação dada por Carlos

Araújo de Oliveira da teoria do risco de autoridade à ocorrência do acidente do trabalho,

15

Disponível no site: http://www.mladvogadosassoc.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=23&Itemid=36.

Acesso em: 31 jul 2011. 16

BITTAR, Carlos Alberto. Responsabilidade Civil nas Atividades Perigosas. Em: CAHALI, Yussef Said (Coord).

Responsabilidade Civil: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 97. 17

VENOSA, Silvio de Arruda. 18

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 154. 19

Disponível no site: http://www.mladvogadosassoc.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=23&Itemid=36

. Acesso em: 02 ago 2011.

Page 8: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

tendo como fundamento a ideia de que a subordinação do empregado ao empregador em

cumprimento de dado comando é que o levou à condição de vítima. Demonstrando de forma

clara que o infortuito se caracterizou com a obediência as ordens recebidas do empregador.

Menciona, também, que tanto Annibal Fernandest quanto Octavio Bueno Magana

atrela a sua origem a ausência de inclusão, na teoria do risco profissional, dos trabalhadores

na agricultura e no comércio, porque tinha como base apenas a ideia de perigo da atividade

industrial. Assim, as situações de perigo naquelas atividades eram menos frequentes ou até

mesmo inexistentes. Portanto, tais atividades calcadas na "mera condição de subordinação do

empregado ao empregador, pelo contrato de trabalho", perdendo espaço em virtude da

tendência de se ampliar a proteção para incluir trabalhadores sem relação empregatícia.

2 Extensão da Responsabilidade Objetiva do Novo Código Civil

O Código Civil de 1916 tinha como fundamento principal a responsabilidade civil

baseada na culpa, requisito indispensável à configuração da responsabilidade. Apresentava-se,

assim, a teoria subjetivista também denominada de clássica, que era tinha como ideia central a

culpa, representada pela ação humana desenvolvida com negligência, imprudência ou

imperícia, cumulada, com a ocorrência de prejuízo a outrem.20

Com o desenvolvimento da humanidade, a complexidade da vida atual, o progresso

tecnológico e, consequentemente, o aumento dos riscos à vida, à incolumidade, à segurança e

à saúde humana, a teoria subjetivista mostrou-se insuficiente para solucionar todos os

conflitos sociais, deixando por vezes vários acidentes ou danos sem reparação, uma vez que

as vítimas não conseguiam se desincumbir do ônus probatório quanto ao fato constitutivo do

seu direito.

Surgiu espaço para novas teorias, como a da responsabilidade objetiva, cujo núcleo

deixaria de ser, então, a culpa. Segundo essa corrente, quem tira proveito de uma atividade

deve suportar os danos por ela causados. Em outras palavras, o risco criado pela atividade é

suficiente para impor ao titular a responsabilidade pelos danos sofridos por terceiros. Apesar

do Código Civil de 1916 adotar em diversas passagens a Teoria Subjetiva, no decorrer da

evolução histórica, a legislação brasileira recepcionou a teoria do risco, consolidada

expressamente no Código Civil de 2002. Vejamos o art. 927 do NCC:

20

Disponível no site: http://www.juspodivm.com.br/i/a/%7B4672BDDF-C954-43FB-A3C9-22B6E681F5DF%7D_4.pdf.

Acesso em: 30 jul 2011.

Page 9: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

Art 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado

a repará-lo.

Parágrafo único. Todavia, haverá a obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou

quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano

implicar, por sua natureza, grande risco para os direitos de outrem.

Pode-se dividir em três momentos distintos a serem observados. O primeiro deles trata

da responsabilização civil extracontratual, sob o prisma da teoria clássica, moldada na

existência de ato ilícito, de culpa, de dano e de nexo causal, levando à vítima a produzir as

provas necessárias para a obtenção da reparação legal. Num segundo momento a culpa

presumida fez com que o ônus probandi ficou a cargo do agente causador do dano,

obrigando-se a provar isenção de qualquer responsabilidade diante da lesão sofrida pela

vítima. Diferentemente do que ocorre com a teoria do risco, como um terceiro momento, na

qual a culpa sai de palco restando apenas à necessária prova da existência de nexo causal

entre o dano e o agente que praticou a conduta lesiva.

Contudo, o novo Código Civil não determinou em quais atividades a responsabilidade

objetiva poderia socorrer atribuindo tal qualidade àquelas que, por sua natureza,

impliquem risco ao direito de outrem. Tal critério de responsabilização tem seu foco nos

ditames constitucionais acerca da dignidade da pessoa humana, impõe a necessidade de

análise da matéria a fim de identificar atividades que possuem natureza perigosa e que, agora,

subsumem-se à égide da nova legislação.

Assim, apesar de consagrar a responsabilidade por culpa, sujeitou o agente a reparar o

dano, independente do fator subjetivo, quando sua atividade implicar, por sua natureza,

grande risco para os direitos de outrem.

Faz-se necessário definir o que vem a ser uma atividade perigosa: “são as atividades

que a lei assim considera e aquelas que revelem periculosidade intrínseca ou relativa aos

meios e trabalho empregados”. Necessário à incidência da responsabilidade objetiva que a

atividade normalmente exercida pelo autor do dano cause “a pessoa determinada um ônus

maior do que aos demais membros da coletividade”21

Portanto, se a exposição do trabalhador ocorrer em condições acima do risco médio da

coletividade, em geral é cabível a indenização com base na responsabilidade fundada no risco

da atividade, independentemente de culpa.

21 Enunciado 38 da Primeira Jornada de Direito Civil. Enunciado aprovado na I Jornada de Direito Civil, promovida pelo

Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, no período de 11 a 13 de setembro de 2002.

Page 10: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

É importante caracterizar os termos “risco” e “perigo”, contudo, posicionamentos

doutrinários levam a sinonímia dos dois termos, muito embora entendemos que há sentido

diverso entre os dois termos, porém complementares. O risco estaria ligado de forma

intrínseca à natureza da atividade podendo ou não ocorrer o dano, ou seja, todas as atividades

humanas o teria como elemento. Se mostrando muito mais abrangente que o perigo, pois este

seria o risco materializado em virtude da atividade desenvolvida cujo risco de dano e

verossímil. Portanto, o perigo é o identificador da atividade cujo desempenho em certas

condições de tempo e espaço, trará dano aos direitos de outrem.

A expressão outrem pode ser entendida como sendo um terceiro, estranho a atividade,

quanto qualquer outro que participe da execução da atividade, mesmo que seja um empregado

da empresa que titulariza a atividade.

Está implícita no conceito de outrem a aplicação do princípio da solidariedade onde o

interesse social está acima daqueles de natureza privativa. Podemos citar como exemplo as

atividades que causam risco ao meio ambiente.

3 Aplicação da Inovação do Código Civil no Acidente do Trabalho é Aceita sem

Ressalvas?

As discussões giram em torno do momento da aplicação do parágrafo único do artigo

927 do CC. Falar em teoria do risco objetiva em casos de acidente de trabalho é deparar-se

com entendimentos antagônicos de correntes divergentes acerca do assunto.

A primeira corrente de doutrinadores entende ser impossível atribuir a culpa ao

empregador uma vez que o texto constitucional já contempla a indenização devida pelo

empregador ao empregado a luz do Direito Comum, como assevera Rui Stoco. 22

Complementa dizendo que só em caso da configuração do dolo ou da culpa é que se

prescindiria desse elemento subjetivo com fundamento no Código Civil. Corroborando com

tal posicionamento Helder Dal Col complementa dizendo que não se pode querer

responsabilizar o empregador por qualquer acidente sofrido pelo empregado, pois se assim

fosse a relação de trabalho estaria fadada ao insucesso, sendo inviável. Aduz que caberia tal

imputação nos casos de: falha na prevenção, excesso de jornada, inobservância das regras de

ergonomia, segurança e outras que comprometa a normalidade do ambiente do trabalho ou

das condições em que este devia ter-se realizado, ou seja, quando cria condições inseguras

para o trabalhador. Complementa dizendo que:

22

STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 634-635.

Page 11: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

O sistema da culpabilidade subjetiva é, ainda, o mais coerente para

fins de reparação de danos, sobretudo quando estabelecido no país um

sistema de previdência social, que repara objetivamente o acidente,

funcionando como seguro contra infortunística. E se pudesse ser tido

como atividade culposa do empregador, permitir o trabalho em

atividades que são perigosas por sua própria natureza, haveria séria

justificativa para desestimular a produção, agravando o desemprego,

que já assola a sociedade com índices crescentes e alarmantes.23

Larissa de Souza Philippi Luz24

menciona que os defensores da teoria da

responsabilidade subjetiva têm desferido contra a teoria do risco os piores ataques, trajando-a

de brutal, retrógrada e materialista. Cita as correntes adversárias estudadas por Savatier acerca

da teoria do risco: a) os que reconhecem a existência da obrigação de reparar sem culpa, mas

declaram que não se trata de responsabilidade, e sim de uma simples garantia; b) o outro

grupo nega, desde que não exista uma lei especial ou um contrato, a obrigação de reparação

do dano sem culpa. Menciona o pensamento de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona

Filho de que: Poder-se-ia defender que, a partir do momento em que a Carta Constitucional

exigiu, expressamente, a comprovação de culpa ou dolo do empregador para impor-lhe a

obrigação de indenizar, optou por um núcleo necessário, fundado na responsabilidade

subjetiva, do qual o legislador infraconstitucional não se poderia afastar. Ademais, uma lei

ordinária não poderia simplesmente desconsiderar requisitos previamente delineados em

norma constitucional, a qual, além de se situar em grau superior, serve como o seu próprio

fundamento de validade.

Acrescenta, Larissa Luz, que não apenas estes foram contrários à teoria do risco, como

também os irmãos Mazeaud, Joseph Rutsaert, Ripert, Colin e Capitant, Venzi, Defroidmont,

Brasiello, entre outros e que todos comungavam com o pensamento de que a teoria do risco é

resultante da influência de ideias positivistas; é uma concepção materialista do direito, porque

regula relações patrimoniais, abstraindo-se das pessoas. Eles relacionam a teoria do risco com

o socialismo, pois se apoia na socialização do direito, revelando uma estagnação da atividade

individual, paralisando as iniciativas e arrastando o homem à inércia, dada a neutralidade, da

conduta irreprovável, das precauções e da cautela diante da responsabilidade objetiva, porque

23

DAL COL, Helder Martinez. Responsabilidade Civil do empregador: acidentes do trabalho. Rio de Janeiro: Forense,

2005, p. 195. 24

Disponível no site: http://www.oab-sc.org.br/institucional/artigos/24176.htm. Acesso em: 20 nov 2011.

Page 12: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

o agente sempre deverá assumir responsabilidade de todos os danos que possam resultar de

suas ações lícitas e necessárias. 25

Continua dizendo que eles acreditam que seria um regresso aos tempos primitivos e

uma negação a toda evolução da teoria da responsabilidade, que provindo das idéias

primitivas da vingança privada e brutal, chegou ao conceito de culpa, e a sua supressão

importaria em destruir toda a justiça humana e revela que outros estudiosos defendem a teoria

do risco numa ótica protetiva para o hipossuficiente da relação litigiosa, dada sua fragilidade

em provar a culpa do empregador no acidente ocorrido, ocasionando um sentimento de

insegurança absoluta ante a impossibilidade de provar a culpa, em virtude de múltiplos fatores

como menciona Josserand. 26

Não se pode separar que o desenvolvimento da responsabilidade objetiva dada a

estreita ligação histórica com a questão dos acidentes do trabalho, como pondera Sebastião

Oliveira: “é principalmente nesse tema, tão aflitivo para o trabalhador que a teoria do risco

encontra a primazia de sua aplicação e a maior legitimidade dos seus preceitos.”27

A lição do mestre Caio Mário fortalece tal entendimento ao dizer que a aplicação da

doutrina do risco se verifica quando da indenização por acidente no trabalho.

Historicamente, assenta na concepção doutrinária enunciada por

Sauzet na Franca, e por Sainctelette a Bélgica, com a observação de

que na grande maioria dos casos os acidentes ocorridos no trabalho ou

por ocasião dele, restavam não indenizados, A desigualdade

econômica, a força de pressão do empregador, a menor

disponibilidade de provas por parte do empregado levavam

frequentemente à improcedência da ação de indenização. Por outro

lado, nem sempre seria possível vincular o acidente a uma possível

culpa do patrão, porém, causada direta ou indiretamente pelo desgaste

do material ou até pelas condições físicas do empregado, cuja

exaustão na jornada de trabalho e na monotonia da atividade

proporcionava o acidente. A aplicação da teoria da culpa levava

bastas vezes à absolvição do empregador, Em tais hipóteses, muito

numerosas e frequentes, a aplicação dos princípios jurídicos aceitos

deixava a vítima sem reparação, contrariamente ao princípio ideal de

justiça, embora sem contrariedade ao direto em vigor. Observava-se,

portanto, um divórcio entre o legal e o justo.28

Atualmente encontram-se decisões reiteradas nos tribunais atribuindo ao empregador a

responsabilidade objetiva pelo acidente ocorrido a seus empregados durante a jornada

25

Disponíel no site: http://www.oab-sc.org.br/institucional/artigos/24176.htm. Acesso em: 31 jul 2011. 26

Idem, ibiden. 27

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 6. ed. São Paulo: Ltr,

2011, p. 118. 28

PEREIRA. Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 275.

Page 13: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

laborativa. No entanto, tais posições não são unânimes. Há entendimento no sentido contrário.

Assim, se pode negar que a teoria do risco foi a mais importante inovação em matéria de

responsabilidade no Código Civil. Contudo Silvio de Salvo Venosa alerta que exigirá cuidado

extremo da jurisprudência, pois transferirá à ela o dever de conceituá-la. Porém acredita que

privilegia os aspectos de causalidade e reparação do dano, em detrimento da imputabilidade e

da culpabilidade como revela como menciona Larissa Luz em seu artigo.29

Contudo, merece registro o entendimento adotado quando da realização da 1ª Jornada

de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho, realizada em Brasília em novembro

de 2007 no sentido de que é aplicável a responsabilidade civil objetiva quando o acidentado

for empregado de pessoas jurídicas de Direito Público interno, a inteligência do art. 37. § 6º

da Constituição Federal e do art. 43 do Código Civil, como cita Sebastião Oliveira.30

Sanada a dúvida acerca da responsabilização do empregador sem que tenha havido de

fato a culpa, resta-nos discorrer um pouco sobre quais as atividades que gerariam reparação ao

empregado em caso de acidente. Melhor dizendo, qual a atividade e grau de risco próprio que

obrigaria o empregador a reparação do dano causado mesmo sem a existência da culpa?

É importante relembrar as palavras de Miguel Reale: “quando a estrutura ou natureza

de um negócio jurídico como o de transporte ou de trabalho, só para lembrar os exemplos

mais conhecidos, implica a existência de riscos inerentes à atividade desenvolvida, impõe-se a

responsabilidade objetiva de quem dela tira proveito, haja ou não culpa.”31

Assim, o fio condutor para a fixação do grau de risco da atividade do empregador deve

ser considerado a sua natureza, pois se a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do

dano propiciar prejuízos ou riscos aos direitos de terceiros, então, obriga-se o autor do dano à

reparação, independentemente de culpa. Contudo, o comportamento do empregador não deve

ser medido em razão da anormalidade ou ilicitude praticada, pois, mesmo que o labor tenha

sido desempenhado em atividade rotineira normalmente desenvolvida, pode desaguar num

direito à indenização, caso tenha provocado dano a vítima, como salienta Sebastião Oliveira.32

Chega-se a conclusão de que para uma aplicação favorável da teoria do risco nos

acidentes resultantes de atividades que coloquem em risco a saúde do trabalhador é preciso

que do acidente tenha resultado dano e que seja provada a existência do nexo de causalidade e

o dano decorrente do acidente.

29

http://www.oab-sc.org.br/institucional/artigos/24176.htm em 02/08/2011. 30

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 6. ed. São Paulo: Ltr,

2011, p. 121. 31 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Op. cit., p. 126. 32OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 6. ed. São Paulo: Ltr,

2011, p. 123.

Page 14: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

Em 2003 foi introduzido no ordenamento jurídico pátrio o caminho para apuração do

grau de risco atribuído a cada empregador de forma harmônica com o critério sugerido pelo

Enunciado n. 38 da 1ª Jornada de Direito Civil supramencionada.

Criou-se o Fator Acidentário de Prevenção – FAP e o Nexo Técnico Epidemiológico –

NTEP, lastreados pelos índices de frequência, gravidade e custo dos afastamentos decorrentes

das incapacidades laborativas de cada empresa, em comparação com os mesmos índices da

respectiva atividade econômica, conforme definido na Lei 8.212/91. O Ministério da

Previdência publica anualmente os referidos índices bem como o FAP específico de cada

empresa.

Assim, com a definição do FAP específico para cada empregador será recolhida a dita

contribuição destinada ao financiamento da aposentadoria especial e dos beneficiários

concedidos em razão do grau de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais,

conforme previsto no art. 202 do Decreto 3.048/98, com redução de 50% ou agravamento de

100%, como anuncia o doutrinador Sebastião Oliveira.33

Outro aspecto para caracterizar o risco acentuado da atividade é o Seguro de Acidente

do Trabalho - GILRAT, contribuição para a seguridade social fixada para fins de custeio de

eventos decorrentes dos riscos ambientais do trabalho - acidentes e doenças do trabalho e

aposentadorias especiais. Tal seguro é um direito constitucional do trabalhador, sendo de

responsabilidade exclusiva do empregador o seu recolhimento mediante pagamento de um

adicional sobre a folha de salários de seus empregados, com alíquotas que podem variar entre

1%, 2% e 3%, conforme o grau de risco da atividade predominante na empresa.

A partir da vigência da Lei 10.666/03 e, posteriormente, com o Decreto nº 6957/2009

que alterou o Regulamento da Previdência Social, houve alteração da alíquota, podendo esta

variar conforme aplicação, acompanhamento e avaliação do FAP.

Nesse cenário nasce uma grande preocupação para as empresas que passam a

competir diretamente com as suas concorrentes de mercado no cenário de medicina e

segurança do trabalho. Isso porque, os índices de gravidade, frequência e custo dependerão de

dados previdenciários relacionados ao estabelecimento comercial, tais como: aposentadoria

por invalidez, pensão por morte, auxílio doença acidentário, auxílio-acidente, valor dos

benefícios custeados pelo INSS, dentre outros, tudo em comparação com as demais empresas

da mesma subclasse CNAE, como menciona Luana Assunção de Araújo Albuquerk.34

33 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Op. Cit., p. 129. 34 Disponível no site: http://www.rh.com.br/Portal/Relacao_Trabalhista/Artigo/6837/desmistificando-o-fator-acidentario-de-

prevencao-fap.html . Acesso em: 30 jul 2011.

Page 15: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

Sabe-se que os tanto os dados de cada estabelecimento acerca dos acidentes/doença

do trabalho no decorrer de suas atividades, servem de base para o cálculo do FAP atribuído a

cada um deles, como também os índices de frequência, gravidade e custo, conforme decreto

6042/2007, ambos, poderão beneficiar as empresas com a redução da alíquota em 50% do

SAT ou aumento de até 100%.

Registra Luana Albuquerk que às empresas devem acompanhar junto ao órgão

previdenciário o FAP que lhe será atribuído, atacando a majoração pelas vias administrativas

e judiciárias cabíveis, dada a importância vital na quantificação do SAT a ser fixado para o

recolhimento patronal. Importante destacar que no primeiro ano de implementação desta nova

regra, ao número divulgado pelo INSS foi atribuído um desconto de 25%. Contudo, essa

bonificação cessou a partir da divulgação do FAP de 2010, cuja cobrança é efetivada em

2011, salvo para as empresas que não registrarem morte e afastamentos por acidente de

trabalho, que terão direito a permanecer com desconto também no ano de 2011.35

Assim, após a publicação anual dos índices de frequência, gravidade e custos dos

benefícios concedidos por atividade econômica, resta especificado tanto o FAP de cada

empresa como o grau de risco da atividade do empregador de cada acidentado.

4 É Possível a Cumulação do Seguro Acidentário e da Indenização pela Teoria do

Risco?

A indenização por acidente do trabalho, apoiada na responsabilidade civil de

natureza subjetiva, independe dos benefícios concedidos pela legislação do seguro de acidente

do trabalho, que não tem natureza jurídica nem conteúdo de seguro propriamente dito.

Apesar da nomenclatura, a atual legislação securitária do acidente do trabalho só pode ser

enquadrada na categoria de seguro em sentido amplo, já que revela natureza eminentemente

social de marcante interesse público. Garante ao lesado apenas um mínimo para subsistência,

concedendo prestações periódicas, mas nem de longe tem o propósito de assegurar a

reparação dos danos sofridos.

Vejamos a orientação do Superior Tribunal de Justiça - STJ:

RECURSO ESPECIAL - ACIDENTE DE TRABALHO –

RESPONSABILIDADE CIVIL – PENSÃO PREVIDENCIÁRIA –

35 Disponível no site: http://www.rh.com.br/Portal/Relacao_Trabalhista/Artigo/6837/desmistificando-o-fator-acidentario-de-

prevencao-fap.html . Acesso em: 30 jul 2011.

Page 16: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

CUMULAÇÃO – POSSIBILIDADE – PRECEDENTES - DISSIDIO

JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.

I - É assente o entendimento nesta Corte no sentido de que a

indenização previdenciária é diversa e independente da contemplada

no direito comum, inclusive porque têm origens distintas: uma

sustentada pelo direito acidentário; a outra, pelo direito comum, uma

não excluindo a outra (Súmula 229/STF), podendo, inclusive,

cumularem-se. Precedentes.

II – Quanto ao dissídio, é de se observar que a divergência

jurisprudencial deverá ser comprovada mediante confronto analítico

entre as teses adotadas no acórdão recorrido e no paradigma

colacionado, o que não se satisfaz, via de regra, com a simples

transcrição de ementa, sem a comprovação da similitude da base

fática. Restou, portanto, incomprovado, em virtude da não obediência

ao disposto nos artigos 541, parágrafo único, do Código de Processo

Civil e 255, parágrafo 2º, do Regimento Interno desta Corte. III -

Inclui-se no pensionamento o 13º salário. Precedentes. Recurso

especial não conhecido.

(REsp 823137/MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA

TURMA, julgado em 20/06/2006, DJ 30/06/2006, p. 219)

Cuida-se, portanto, de indenizações de origens absolutamente distintas e que não se

excluem, uma vez que a natureza social do seguro de acidente do trabalho é diversa daquelas

inerentes aos seguros em geral, conforme disposto nos arts. 757 a 777 do Código Civil. Logo,

não há que se falar em bis in idem uma vez que os benefícios acidentários são pagos em razão

dos riscos normais do trabalho, enquanto que a indenização prevista no art. 7º, XXVIII, da

CF, decorre de um dano em que o trabalhador tenha participado com dolo ou culpa.

Assim, o pensionamento por ilícito civil não se confunde com o pago pela Previdência

Social, por ter origem diversa, de sorte que é possível a concomitância entre ambos, não

ficando eximido o causador do sinistro se, porventura, a vítima ou seus beneficiários

percebem pensão paga pelo INSS conforme o regramento constitucional c/c o novo CC.

Sendo, portanto, assegurado ao ofendido a reparação a todos os danos decorrentes do acidente

de trabalho, quais sejam, os danos morais, estéticos e materiais configurando o princípio da

indenização completa, segundo o qual a reparação deve abranger todas as consequências

advindas do ato do qual decorre a obrigação de indenizar o dano, recompondo o patrimônio

do lesado na exata medida em que foi afetado, não esquecendo de que a sua dor e sofrimento

também deve ser levado em conta.

Nessa esteira de raciocínio, caberia ao empregador contratar um seguro que cobrisse

tanto o seguro contra acidentes do trabalho como o necessário para recompor o patrimônio

material e moral do trabalhador, na mesma proporção em que foi atingido, podendo ser

Page 17: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

instado, mesmo que judicialmente, a vir complementar o montante definido como sendo

suficiente à reparação.

Tal conduta está embasada no teor dos artigos: 5º, caput, incisos V e X, 6º, Caput e 7º,

incisos XXII, XXIII e XXVIII. Indo mais além, a luz do contido nos arts. 7º, XXII, XXIII e

XXVIII e 21, XIII, “c”, da CF/88, deduz-se, de forma indubitável, que quem explora uma

atividade que coloca em risco a saúde, vida e a segurança do trabalhador deve arcar com os

ônus respectivos (arts. 21, XIII, “c” e 7º, XXII e XXIII). Cabe ao empregador o ônus de sua

atividade.

Neste compasso, examinando os arts. 7º, XXII, XXIII e XXVIII e 21, XIII, “c”, da

CF/88, deduz-se, de forma indubitável, que quem explora uma atividade que coloca em risco

a saúde, vida e a segurança do trabalhador deve arcar com os ônus respectivos. Ademais, o

empregado não pode entrar na atividade laborativa para morrer, e caso ocorra alguma doença

ocupacional restará configurada a responsabilidade civil do empregador. A saber que a doença

ocupacional é gênero e donde a doença profissional e doença do trabalho são espécies, como

definidas no art. 20 da lei 8.213/91. O artigo 21 do mesmo dispositivo legal elenca fatos que

são equiparados ao acidente do trabalho em suas alíneas de “a” a “d”. Portanto, cabe ao

empregador o ônus pela atividade desenvolvida em sua empresa que permeia risco, fazendo

com que ele seja responsabilizado quando da ocorrência de acidente.

No que pertine aos danos morais os artigos 482, “k” e 483, “e” da CLT apontam no

sentido de que não é isento de efeitos o ato que, no curso da relação de emprego, cause dano à

integridade moral do trabalhador ou do empregador. 36

Conclui-se, pela real e efetiva aplicabilidade da Teoria do Risco no Direito do

Trabalho, expressamente adotada pelo Código Civil de 2002, respaldada pela Carta Magna

vigente. Ambos os institutos jurídicos garantem ao trabalhador a reparação completa dos

danos decorrentes do ato lesivo (acidente de trabalho), sejam eles materiais, estéticos ou

morais.

Destarte, não há que se limitar a aplicação de referida teoria objetiva, calcada no risco-

proveito, como outrora acenavam a doutrina e a jurisprudência pátria, sob pena de afronta

direta ao texto constitucional vigente.

36Disponível no site: http://www.juspodivm.com.br/i/a/%7B4672BDDF-C954-43FB-A3C9-22B6E681F5DF%7D_4.pdf.

Acesso em: 30 jul 2011.

Page 18: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

5 Perspectivas da Responsabilidade Civil por Acidente do Trabalho

Falar de responsabilidade objetiva nos dias atuais nos remete a uma análise história

acerca da responsabilidade civil. Inicialmente observou-se uma irresponsabilidade patronal

substituída posteriormente pela responsabilidade apenas quando restasse configurado o dolo,

que mais tarde foi substituído pela culpa grave e após a Constituição de 1988, o empregador

era responsabilizado por qualquer grau de culpa.

Nos dias atuais resta-nos saber se o art. 927 do CC tem aplicação nas indenizações por

acidente do trabalho. O parágrafo único do dispositivo em análise é taxativo quando menciona

a obrigação de reparação do dano, independentemente de culpa, nos casos fixados em lei, ou

mesmo quando a atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar por natureza, pela

própria peculiaridade da atividade, risco para os direitos de outrem.37

Pode-se citar ainda o artigo 186 do mesmo instrumento normativo, onde trata da ação

ou omissão voluntária, por negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,

ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito e tal ilicitude é passível de indenização,

como também o artigo 187 que determina a ilicitude ao ato cometido pelo titular de um direito

que ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou

social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O pensamento jurídico deslocou-se no sentido da responsabilidade objetiva de forma a

ter maior abrangência no campo social, tendo seu foco maior na vítima onde deixa de se ater

aos danos causados propriamente ditos e redireciona sua visão para os danos sofridos. O

amparo à vítima dos infortúnios, mesmo sem a presença da culpa comprovada, se harmoniza

com o teor do artigo 3º da CF para construir uma sociedade livre justa e solidária, com

erradicação da pobreza e marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais.

A CLT atual não dispõe de norma similar em seu corpo, diferentemente da CLT de

1943 quando em seu artigo 2º definia empregador como sendo a empresa individual ou

coletiva que assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a

prestação pessoal de serviço. Contudo, a norma insculpida no art. 927, caput e parágrafo

único do CC apresentam íntima compatibilidade com o Direito do Trabalho, cuja influência

direta dos ditames contidos no Direito Civil, como faculta seu art. 8º.

37 BRASIL. Código Civil Brasileiro.

Page 19: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O princípio da proteção está integrado com os dispositivos que garantem o direito ao

trabalho e que visam à melhoria da condição social do trabalhador, como se observa na lei

vigente de n. 8.213/91, de 24.07.1991, que retrata de forma harmônica as diretrizes da

Constituição da República de 1988, cuja regulamentação se deu por meio do Decreto n.

3048/99.

Daí, instituído o nexo epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da

relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, com o

novo artigo 21-A da Lei n. 11.430/06, inovando no combate a subnotificação da infortunística

no Brasil.

Ao lado da teoria subjetiva, que reza a obrigatoriedade de indenização do acidentado

apenas com a comprovação da culpa do empregador no evento, mesmo que de natureza leve

ou levíssima, foi desenvolvida a teoria do risco ou da responsabilidade objetiva. Tal teoria

prescide de prova da culpa e cujas primeiras manifestações ocorrem no final do século XIX,

revelou-se cada vez mais apropriada para resolver os casos em que a aplicação da teoria

tradicional da culpa se revela insuficiente.

No tocante à responsabilidade objetiva é necessário atender a apenas dois

pressupostos: a ocorrência do dano e a presença do nexo causal. Então, se a exposição do

trabalhador ocorrer em condições acima do risco médio da coletividade, em geral é cabível a

indenização com base na responsabilidade fundada no risco da atividade, independentemente

de culpa.

Atualmente encontram-se decisões reiteradas nos tribunais atribuindo ao empregador à

responsabilidade objetiva pelo acidente ocorrido a seus empregados durante a jornada

laborativa. No entanto, tais posições não são unânimes. Há entendimento no sentido contrário.

Ademais, o comportamento do empregador não deve ser medido em razão da anormalidade

ou ilicitude praticada, pois, mesmo que o labor tenha sido desempenhado em atividade

rotineira normalmente desenvolvida, pode desaguar num direito à indenização, caso tenha

provocado dano a vítima.

Importante lembrar que o pensamento jurídico deslocou-se no sentido da

responsabilidade objetiva de forma a ter maior abrangência no campo social, tendo seu foco

Page 20: A teoria risconovo codigo civil brasileiro

maior na vítima onde deixa de se ater aos danos causados propriamente ditos e redireciona sua

visão para os danos sofridos.

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