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Teoria da prova no processo penal brasileiro: Procedimento probatório e justo processo Prof. Dr. Diogo Malan (UERJ e FND/UFRJ)

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Page 1: Teoria da prova no processo penal brasileiro: Procedimento ... · Teoria da prova no processo penal brasileiro: ... Fase judicial da persecução penal tornou-se simples ratificação

Teoria da prova no

processo penal brasileiro:

Procedimento probatório e

justo processo

Prof. Dr. Diogo Malan

(UERJ e FND/UFRJ)

Page 2: Teoria da prova no processo penal brasileiro: Procedimento ... · Teoria da prova no processo penal brasileiro: ... Fase judicial da persecução penal tornou-se simples ratificação

Abordagem: considerações

dogmáticas e político-criminais

sobre principais garantias que

integram o procedimento

probatório, na perspectiva do

direito ao julgamento justo (fair

trial).

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Legalidade probatória: garantia

implícita no devido processo

penal (CR, art. 5º, LIV e § 2º) =

procedimentos de

requerimento, admissão,

produção e valoração

probatória devem obedecer às

formas prescritas em lei, sob

pena de nulidade processual;

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“As regras que disciplinam a

formação e a produção das

provas integram a garantia do

devido processo legal, e sua

inobservância conduz à

invalidade e à exclusão da

prova”.

Heleno Cláudio Fragoso

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Busca da verdade sobre culpa ou

inocência do acusado não é fim

que justifique quaisquer meios.

Administração Pública e seus

agentes devem observar princípios

da moralidade e legalidade,

portanto metodologia de busca

da verdade se reveste de interesse

público relevante e indisponível;

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Estado incorre em contradição

normativa e compromete

legitimidade ético-política da

jurisdição criminal caso, a

pretexto de apurar crimes

(violações a bens jurídico-penais),

viole direitos fundamentais e

normas processuais;

Manoel da Costa Andrade

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Procedimento probatório

no processo penal:

Garantias em espécie

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1. Contraditório:

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Conceito:

“Ciência bilateral dos atos e

termos do processo e

possibilidade de contrariá-los.”

Joaquim Canuto Mendes de Almeida

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Fundamento político:

Epistemologia do método dialético

= atividade contraposta de partes

processuais antagônicas é o mais

adequado para a descoberta da

verdade processualmente válida

(nemo iudex sine audiatur et altera

pars);

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“O exame da cláusula referente ao “due process of law” permite

nela identificar alguns elementos essenciais à sua configuração

como expressiva garantia de ordem constitucional, destacando-

se, entre eles, por sua inquestionável importância, as seguintesprerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao

Poder Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento

prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público

e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à

plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica);

(e) direito de não ser processado e julgado com base em leis “ex

post facto”; (f) direito à igualdade entre as partes; (g) direito de

não ser processado com fundamento em provas revestidas de

ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito àobservância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio

(privilégio contra a autoincriminação); (k) direito à prova; e (l)

direito de presença e de “participação ativa” nos atos de

interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos,

quando existentes.”

STF, HC 111.567

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Relação com prova penal:

Contraditório = condição de

validade da prova penal. Só é

“prova” dado produzido na

presença e com a participação

tanto do Juiz Natural quanto

das partes processuais penais;

Ada Pellegrini Grinover

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Na falta de uma dessas

condições = elemento de

convicção é inidôneo para servir

ao convencimento do Juiz

(“não prova”), à luz do princípio

do livre convencimento

motivado;

Ada Pellegrini Grinover

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“Contraditório para o elemento

de prova”, ou “contraditório

forte” = incide no momento da

obtenção do dado cognoscitivo

no qual se baseará a decisão

judicial (v.g. presença e

participação do Juiz e das partes

na colheita de declarações

testemunhais);

Giulio Ubertis

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“Contraditório sobre o elemento

de prova” ou “contraditório

fraco” = limitado ao aspecto

argumentativo do fenômeno

probatório (v.g. vista e crítica

das partes sobre declarações

testemunhais colhidas sem sua

presença nem participação);

Giulio Ubertis

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Exceção: “provas cautelares,

não repetíveis e antecipadas”

(v.g. exame de necropsia;

testemunho ad perpetuam rei

memoriam etc.) = submetidas a

contraditório diferido, sobre

elemento de prova ou fraco;

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Artigo 155 do CPP = faz

distinção conceitual entre

“prova produzida em

contraditório judicial” (idônea

para formar convicção do Juiz)

e “elementos informativos

colhidos na investigação”

(inidôneos para tanto).

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Função dos elementos

informativos da investigação

preliminar é endoprocedimental,

limitada a subsidiar: (i)

ajuizamento da ação penal

condenatória; (ii) eventuais

medidas cautelares na fase de

investigação preliminar;

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“Segundo entendimento pacífico

desta Corte não podem subsistir

condenações penais fundadas

unicamente em prova produzida

na fase do inquérito policial, sob

pena de grave afronta às

garantias constitucionais do

contraditório e da plenitude de

defesa.”

STF, HC 103.660

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Artigo 12 do CPP = instituiu encadernação

conjunta dos autos da investigação preliminar

e do processo judicial;

Problemas: comunhão de autos dá ao Juiz

livre acesso aos elementos informativos do

inquérito policial, influenciando (de forma

consciente ou não) sentença. Fase judicial da

persecução penal tornou-se simples

ratificação formal dos dados do inquérito

policial, caracterizando verdadeiro “apêndice

da investigação criminal” (Fauzi Hassan

Choukr)

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Crítica ao advérbio “exclusivamente”

(CPP, art. 155), enxertado contrariando

redação original da “Comissão Grinover”

(Anteprojeto que deu origem à Lei nº.

11.690/08) = permite condenações

baseadas 99,9% em elementos

informativos do inquérito policial,

amparadas 0,1% em provas produzidas

em contraditório judicial, pois, embora

preponderantemente, não estão

baseadas exclusivamente no inquérito

policial;

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Prova emprestada: produzida

nos autos de processo

extrapenal e depois trasladada

para o processo penal. Em regra

é inadmissível em Juízo, pois

viola contraditório;

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“A prova emprestada, quando

produzida com transgressão ao princípio

constitucional do contraditório,

notadamente se utilizada em sede

processual penal, mostra-se destituída de

eficácia jurídica, não se revelando apta,

por isso mesmo, a demonstrar, de forma

idônea, os fatos a que ela se refere.

Jurisprudência.”

STF, HC 106.398

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Requisitos de admissibilidade:

(i) prova no primeiro processo produzida

perante Juiz Natural do processo criminal;

(ii) prova submetida ao contraditório do

acusado nos dois processos;

(iii) objeto da prova igual nos dois processos

(v.g. inadmissibilidade de prova de

dependência química do pai produzida em

processo de família);

(iv) âmbito de cognição igual nos dois

processos (v.g. inadmissibilidade no processo

de cognição profunda de prova produzida em

processo de cognição sumária);

Gustavo Badaró

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2. Direito ao confronto

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Amendment VI

In all criminal prosecutions, the accused shall

enjoy the right to a speedy and public trial, by

an impartial jury of the State and district

wherein the crime shall have been committed,

which district shall have been previously

ascertained by law, and to be informed of the

nature and cause of the accusation; to be

confronted with the witnesses against him; to have compulsory process for obtaining

witnesses in his favor, and to have the

Assistance of Counsel for his defense.

Bill of Rights (1791)

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Art. 8.2. Toda pessoa acusada de um delito

tem direito a que se presuma sua inocência,

enquanto não for legalmente comprovada

sua culpa. Durante o processo, toda pessoa

tem direito, em plena igualdade, às seguintes

garantias mínimas:

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas

presentes no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou

peritos, de outras pessoas que possam lançar

luz sobre os fatos;

CADH (Decreto nº. 678/92)

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Art. 14.3. Toda pessoa acusada de um

delito terá direito, em plena igualdade,

a, pelo menos, as seguintes garantias:

e) de interrogar ou fazer interrogar as

testemunhas da acusação e de obter o

comparecimento e o interrogatório das

testemunhas de defesa nas mesmas

condições de que dispõe as de

acusação;

PIDCP (Decreto nº. 592/92)

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“Como consectário, essencial à

validade do processo penal oportunizar

defesa mediante citação, contraditório,

direito de produção

de provas e direito de confrontar as

provas da Acusação. Nenhuma pessoa

poderá sofrer prejuízo aos próprios

interesses sem a efetiva

celebração de um processo justo.”

STF, RHC 117.752

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“Testemunha de acusação”:

qualquer pessoa que presta

declarações testemunhais

incriminadoras, durante julgamento

ou antes dele, independentementede qualificação jurídico-formal (v.g.

“ofendido”; “informante”; “corréu”;

“testemunha”; “assistente de

acusação”; “perito” etc.).

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Direito ao confronto: impõe que todo

saber testemunhal incriminador,

passível de valoração pelo Juiz

criminal, seja produzido de forma

pública, oral, na presença do julgador

e do acusado e submetido à

inquirição deste último.

Logo, declarações testemunhais

produzidas fora dessas circunstâncias

são inadmissíveis em Juízo.

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Conteúdo:

(i) direito à produção da prova

testemunhal em audiência pública;

(ii) direito a presenciar produção da prova

testemunhal;

(iii) direito à produção da prova

testemunhal na presença do julgador;

(iv) direito à imposição do compromisso

legal de dizer a verdade às testemunhas;

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(v) direito a conhecer verdadeira

identidade das fontes de prova

testemunhal;

(vi) direito a inquirir fontes de prova

testemunhal desfavoráveis, de forma

contemporânea à produção da prova

testemunhal;

(vii) direito à comunicação livre, reservada

e ininterrupta com defensor técnico

durante produção da prova testemunhal.

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Conteúdo normativo tridimensionaldo direito ao confronto:

A) Processual: prevenção de práticas estatais inquisitivas (v.g.

substituição do testemunho

produzido oralmente em audiência

pública por declarações escritas

produzidas unilateralmente e em

segredo, não raro sob coação);

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B) Probatória: aumento da

confiabilidade da prova

testemunhal, pelo desencorajamento

de falsos testemunhos em razão da

presença do acusado, do público e

do compromisso legal de dizer a

verdade; maior correção da

valoração judicial do testemunho

pela observação direta do ato pelo

Juiz;

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C) Simbólica: ao permitir

participação ativa, igualitária e

dignificada do acusado no rito

judiciário que pode afetar seus

interesses, reforça percepção social

da justiça do Processo Penal. Valores

culturais consideram moralmente

abjeta conduta de acusar às

escondidas, pelas costas ou

anonimamente.

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CPP estruturou procedimento probatório

testemunhal respeitoso do direito ao

confronto, prevendo: (i) oralidade (art.

204); (ii) presença do acusado (arts. 217 e

260); (iii) presença do Defensor técnico

(art. 261); (iv) presença do Juiz Natural

(art. 212); (v) imposição do compromisso

de dizer a verdade (art. 203); (vi)

esclarecimento da identidade das

testemunhas (arts. 203 e 205); (vii)

inquirição direta das testemunhas pelo

acusado.

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Crítica ao CPP: não ter instituído

inadmissibilidade das declarações

testemunhais produzidas fora do

paradigma do direito ao confronto,

nem proibição de o Juiz valorá-las na

sentença.

Não obstante, trata-se de

consequência natural da estrutura do

procedimento probatório testemunhal.

(Antonio Magalhães Gomes Filho)

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Diferenças entre contraditório e direito ao

confronto:

A) Contraditório é formalmente

constitucional (CR, art. 5º, LV); direito ao

confronto é materialmente constitucional

(CR, art. 5º, § 2º c/c CADH, art. 8.2.f e

PIDCP, art. 14.3);

B) Contraditório é de titularidade de

ambas as partes; direito ao confronto é

de titularidade exclusiva do acusado;

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C) Contraditório se aplica à produção da

prova documental ou pericial e às demais

fases do procedimento (v.g. alegações

finais; recursal etc.); direito ao confronto é

limitado à fase de produção da prova

oral;

D) Contraditório, segundo alguns,

comporta diferimento (aplicação

somente à prova já produzida); direito ao

confronto impõe participação do

acusado na produção da prova;

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E) Contraditório impõe presença e

participação do Juiz Natural e do

acusado na produção da prova oral;

direito ao confronto impõe vários outros

aspectos do procedimento probatório

testemunhal (v.g. publicidade da

audiência; compromisso legal de dizer a

verdade; conhecimento da verdadeira

identidade das fontes de prova etc.);

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Conclusão:

Contraditório e direito ao confronto não

são incompatíveis, e sim

complementares;

Princípio pro homine: dentre diversas

garantias sobrepostas, de fontes diversas

(convencional; constitucional;

ordinária), deve sempre ser aplicada

aquela que propiciar maior grau de

proteção ao acusado;

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Possíveis restrições:

A) Testemunha anônima: aquela cujos dados de identificação civil

verdadeiros (v.g. nome, sobrenome,

filiação, nacionalidade, estado civil,

profissão, RG, endereços etc.) são

desconhecidos pelo acusado e seu

Defensor técnico, para prevenir

ilícitos contra testemunha.

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Anonimato testemunhal em regra é

acompanhado de restrições adicionais:

Procedimentos judiciais que ocultam

semblante da testemunha e recursos

tecnológicos que disfarçam sua voz;

Limitações quanto a perguntas

defensivas potencialmente reveladoras

da identidade da testemunha;

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TEDH (caso Van Mechelen e outros vs. Países

Baixos), aceita anonimato testemunhal, desde

que haja:

(i) Presença do Juiz;

(ii) Conhecimento do Juiz sobre a verdadeira

identidade da testemunha;

(iii) Possibilidade de o Juiz observar a

testemunha;

(iv) Possibilidade de o Advogado observar as

testemunhas e inquiri-la;

(v) Vedação de a sentença se basear, de

forma exclusiva ou preponderante, na prova

testemunhal anônima.

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Críticas:

(i) Desconhecimento de informações

essenciais sobre testemunha (v.g.

ocupação profissional; antecedentes

criminais; relação com os fatos e demais

testemunhas etc.);

(ii) Procedimento probatório proibitivo da

identificação da fisionomia/voz da

testemunha e de linhas de inquirição que

permitam identificá-la;(iii) Restrição à publicidade do ato processual;

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(iv) Risco de supervalorização judicial do

testemunho anônimo, pela

“fetichização” decorrente da própria

atribuição do anonimato (criação de

aura de mistério, vulnerabilidade e

importância em torno da testemunha);

(v) Atribuição tácita de estigma de

periculosidade ao acusado, com risco

de pré-julgamento condenatório,

máxime no Tribunal do Júri;

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(vi) Existência de outros institutos para

coibir atos ilícitos vs. testemunhas (v.g.

figuras típicas específicas; medidas

cautelares de coação pessoal;

programas de proteção a testemunhas

etc.);

(vii) Inexistência de procedimento

probatório específico regulamentado no

Brasil (art. 5º, LIV da CR);

(viii) Proibição constitucional do

anonimato (art. 5º, IV, in fine da CR).

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B) Testemunha ausente: aquela quenão comparece pessoalmente em

Juízo para prestar testemunho, por

motivos variados (v.g. residência

em outro país; falecimento ou

doença grave; desinteresse; medo

por ter sofrido coação etc.),

almejando-se admissão em Juízo

de declarações anteriores ao

julgamento;

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TEDH (caso Kostoris vs. Países Baixos): leitura

em Juízo de declarações extrajudiciais ou

testemunho indireto (hearsay) não são

substitutos satisfatórios da prova

testemunhal produzida em audiência;

Casos Lucà vs. Itália e Unterpertinger vs.

Áustria: declarações extrajudiciais possuem

pequeno valor, não podendo servir de

base exclusiva ou preponderante da

condenação;

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Problemas concretos:

Declaração extrajudicial incriminadora

de ascendente ou descendente, afim

em linha reta, cônjuge, irmão, pai, mãe

ou filho adotivo do acusado que em

Juízo se recusa a depor (CPP, art. 206);

Declaração extrajudicial incriminadora

de corréu que em Juízo invoca direito

ao silêncio (nemo tenetur se detegere);

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Colheita unilateral de declarações

testemunhais pelo Ministério Público em

seu gabinete, depois apresentadas em

Juízo = prova anômala: se busca

resultado prático do meio de prova

testemunhal a pretexto de se tratar do

meio de prova documental (estelionato

de rótulos/burla de etiquetas), havendo

inadmissibilidade pela violação ao

procedimento probatório testemunhal;

Gustavo Badaró

Page 53: Teoria da prova no processo penal brasileiro: Procedimento ... · Teoria da prova no processo penal brasileiro: ... Fase judicial da persecução penal tornou-se simples ratificação

Conclusão:

Direito ao confronto torna inadmissíveis

em Juízo declarações extrajudiciais e

testemunhos indiretos, ao impor

produção da prova testemunhal de

forma oral, pública, na presença e com

participação do acusado. Razões

históricas = repúdio a condenações

baseadas em testemunhos escritos de

pessoas ausentes no julgamento.

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Como ônus da prova incumbe à parte

acusadora (CPP, art. 156), cabe a ela

resguardar sua própria prova

testemunhal, eventualmente

requerendo incidente jurisdicional de

produção antecipada de prova (CPC,

art. 846 e ss. c/c CPP, art. 3º).

Por exemplo: testemunho ad perpetuam

rei memoriam (CPP, art. 225).

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C) Testemunha remota: aquela quepresta testemunho fora da sede do

Juízo, via videoconferência

(aparato tecnológico de

comunicação que permite a

interligação audiovisual, em tempo

real, entre dois locais distintos, via

linha telefônica, cabo de fibra ótica

sinal de satélite);

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Limitações ao direito ao confronto:

(i) Direito a presenciar produção da

prova testemunhal;

(ii) Direito à produção da prova

testemunhal na presença do Juiz

Natural;

(iii) Direito à publicidade do ato

processual.

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Problemas práticos:

Distância do acusado minimiza

percepção da testemunha sobre

confronto face a face e pressão

psicológica benéfica, decorrente de

seriedade e formalismo do ato;

Distância, demora na transmissão do

sinal e eventuais interrupções podem

dificultar exame cruzado;

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Discutível qual é a configuração de

exibição de imagem ideal (v.g. tela

única ou múltiplas; split screen ou

picture in picture; o que será visto

pela testemunha remota?);

Discutível qual deve ser o foco da

câmera que filma a testemunha

remota (v.g. somente rosto ou corpo

inteiro? Intercalando ambos?);

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Conclusão: depoimento por videoconferência é

admissível desde que haja:

(i) Comprovação do caráter imprescindível do

testemunho;

(ii) Comprovação de risco concreto à vida ou

segurança da testemunha;

(iii) Aparato tecnológico que assegure condições

mínimas de confiabilidade: transmissão

bidirecional (two-way); padrão de qualidade na

transmissão do sinal que garanta perfeita

audição e visualização de todos os participantes

do ato; transmissão contínua do sinal durante

todo o ato; plena visualização de todo o recinto

onde está a testemunha remota;

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D) Testemunha vulnerável: aquelaque, devido às suas próprias

condições pessoais, ou à natureza

da infração penal praticada contra

si, pode ser intimidada com

facilidade, tornando-se incapaz de

prestar declarações com liberdade,

caso seja inquirida na presença

física do acusado.

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Tutela via procedimentos especiais que:

(i) dispensam comparecimento pessoal

da testemunha à audiência, permitindo

substituição por gravação de

declarações extrajudiciais; (ii) criam

mecanismos que impedem encontro

com acusado na sala de audiências

(v.g. barreiras; biombos; telas opacas

unidirecionais; salas separadas

interligadas por circuito interno

audiovisual de mão única etc.);

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TEDH (casos S.N. vs. Suécia e Lindqvist

vs. Suécia): admite medidas

protetoras de testemunhas

vulneráveis, por entender que elas

têm amparo nos direitos fundamentais

à saúde, intimidade, vida e

segurança, também tutelados pela

Convenção Europeia de Direitos

Humanos, desde que sejam

compatíveis com direitos do acusado.

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Criança ou adolescente vítima de abuso

sexual goza de especial proteção jurídica (CR,

art. 227 c/c Lei nº. 8.069/90), pelo

subdesenvolvimento de capacidades

emocionais, intelectuais e cognitivas. Estudos

psicológicos demonstram que depoimento

judicial face a face com acusado causa

estresse e trauma, alterações como

ansiedade, nervosismo, medo, sensações

ambivalentes de vulnerabilidade, impotência,

vergonha, culpa etc., comprometendo saúde

mental e/ou liberdade de declarar em Juízo;

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Procedimentos especiais de proteção

da testemunha vulnerável (v.g.

barreiras; biombos; telas opacas

unidirecionais; salas com circuito

interno audiovisual de mão única etc.)

no plano simbólico degradam

dignidade e humanidade do acusado,

significando segregação entre

acusado e vítima, chancelada peloEstado. Risco de erosão da presunção

de inocência e pré-condenação.

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Conclusão:

Procedimentos protetores da

testemunha vulnerável em regra

são inadmissíveis, à luz do direito

ao confronto;

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Exceções à regra geral:

(i) caráter imprescindível do testemunho;

(ii) comprovação pericial do trauma potencial

ao depor face a face com acusado,

comprometendo liberdade de declarar;

Obs. Trauma deve ser aferido casuisticamente

(não presumido), ser provável (não possível),

em grau significativo para comprometer

liberdade de declarar da testemunha e

decorrer do ato de depor na presença física

daquele acusado específico.

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Soluções possíveis:

Colheita do depoimento da testemunha vulnerável

por videoconferência ou, na impossibilidade, exclusão

do acusado da sala de audiências.

CPP:

Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu

poderá causar humilhação, temor, ou sério

constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de

modo que prejudique a verdade do depoimento, fará

a inquirição por videoconferência e, somente na

impossibilidade dessa forma, determinará a retirada

do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença

do seu defensor.

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Depoimento sem dano: incidente

jurisdicional de produção

antecipada de prova (a fim de

evitar dano

secundário/revitimização) em salas

separadas, interligadas por circuito

audiovisual; em uma fica psicóloga

inquirindo testemunha vulnerável,

“traduzindo” perguntas feitas pelo

Juiz e partes a partir de outra sala;

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Críticas ao depoimento sem dano:

Não conta com procedimento

regulamentado pelo Poder

Legislativo da União (CR, art. 22, I),

violando cláusula do due process

of law (CR, art. 5º, LIV) e seu

corolário do direito fundamental ao

procedimento tipificado em lei;

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Deturpa papel profissional do psicólogo,

que não dispensa à vítima tratamento

terapêutico, havendo intervenção

descontextualizada e sem

continuidade, cujo objetivo é extração

de informações. Silêncio sobre episódio

traumático deve ser respeitado, pois é

recurso de defesa da vítima infantil, que

ainda não tem condições de elaborar

sobre episódio (Conselho Federal de

Psicologia).

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3. Imediação

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Garantia constitucional implícita

no contraditório (CR, art. 5º, LV),

na oralidade(CR, art. 98, I), no

regime e princípios

constitucionais, além de

tratados internacionais

ratificados pelo Brasil (CR, art. 5º,

§ 2º);

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Artigo 8º - Garantias judiciais

1. Toda pessoa terá o direito de ser

ouvida, com as devidas garantias e

dentro de um prazo razoável, por um juiz

ou Tribunal competente, independente e

imparcial, estabelecido anteriormente

por lei, na apuração de qualquer

acusação penal formulada contra ela,

ou na determinação de seus direitos e

obrigações de caráter civil, trabalhista,

fiscal ou de qualquer outra natureza.

CADH (Decreto nº. 678/92)

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Artigo 8.1 da CADH consagrou

imediação, na medida em que

direito a “ser ouvido por um juiz

ou Tribunal competente”

pressupõe audiência oral e

pública, durante a qual haja

interação direta e pessoal entre

acusado e julgador;

Carolina Villadiego Burbano

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Conteúdo da imediação:

Impõe elação de proximidade

intelectiva entre julgador, partes

processuais, elementos e fontes de

prova oral. Objetivo = permitir que Juiz e

partes tenham contato direto, pessoal,

livre de interferências externas e em

unidade espaço-temporal com todas

as questões fáticas e jurídicas relevantes

para julgamento da causa;

Décio Alonso Gomes

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Fundamento político-criminal:

Permitir que prova oral chegue ao

conhecimento do julgador sem

sofrer alterações decorrentes da

interposição de terceiros, que podem deformar ou falsificar – de

modo consciente ou inconsciente –

o grau de credibilidade de cada

elemento probatório declarativo;

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Repúdio a práticas autoritárias = mediação

entre Juiz e partes por terceiros (órgãos

auxiliares da Justiça) responsáveis por

interrogar acusado e colher testemunhos,

documentando esses atos em

“expediente” escrito. Essas práticas

fraudam direito do acusado “de ser

ouvido” pelo Juiz competente, e não por

destinatário de delegação de poderes,

nem pela leitura judicial da

documentação de interrogatório feito por

terceiro.

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Função instrumental = tutelar:

(i) autenticidade dos elementos de prova,

que pode ser comprometida caso eles

sejam transmitidos por terceiros, ou

reduzidos a termo sem as devidas cautelas;

(ii) qualidade da valoração judicial acerca

da credibilidade das fontes e elementos de

prova;

(iii) contraditório, mais especificamente

direito da parte adversa de inquirir pessoa

que prestou declarações testemunhais

anteriormente ao julgamento;

Paolo Tonini

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Conclusão final:

Contraditório, direito ao confronto e

imediação são as três mais importantes

garantias do procedimento probatório

estruturado à luz do direito ao

julgamento justo (fair trial), devendo ser

vistas um como sistema de vasos

comunicantes (de forma integrada), e

não de compartimentos estanques

(isoladamente).

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CONTATO:

(55-21) 2220-0807

[email protected]

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MUITO OBRIGADO!