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A SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR
Cesar Eduardo Leite
(UCB)
Resumo: Este trabalho tem como foco as empresas fundadas e administradas pela própria família, isto é, empresas
familiares, estas que uma vez são passadas de geração para geração. Ao longo do trabalho são demonstradas ideias de
autores sobre como deve ser planejada e administrada a maneira de conduzir melhor esse processo. Como se da a
melhor preparação para a família num todo, incluindo as pessoas que estão do lado de fora da empresa, quanto para
os futuros sucessores e para os familiares que participam ativamente na empresa. São apontadas algumas coisas que
diferenciam as empresas familiares das demais empresas, como o convívio do dia-a-dia na empresa, onde seu pai é o
patrão, mas nem por isso ele te poupa de alguns questionamentos e responsabilidade, com isso demonstrando seus
pontos fortes e as rivalidades deste tipo de empresa, pois mesmo sendo uma empresa familiar, ela possui competição
entre seus funcionários. Quanto a tomada de decisões e posições hierárquicas, dentro da mesma, e como é possível
manter um equilíbrio separando trabalho e família.
Palavras-chaves: sucessão, família, gerente, pai e filhos.
ISSN 1984-9354
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1. Introdução
Este trabalho que tem como tema a sucessão de empresa familiar, busca a compreensão de como
funciona o ambiente de trabalho em uma empresa da família e como ela se prepara para a sucessão de
seu gestor. A pesquisa tem cunho exploratório e parte de uma revisão da literatura fazendo-se um
ensaio teórico sobre o assunto.
Quando se ouve o termo “empresa familiar”, vem à mente a ideia de uma empresa que vem passando
de geração em geração, onde o capital e a gerência estão nas mãos de uma mesma família, buscam-se
definições para este conceito de forma a elucidar o significado desta expressão.
Já o processo de sucessão da empresa familiar, que representa um momento de importância para a
continuidade da empresa, é abordado como ponto crítico da história destas empresas. Este processo
deve ser olhado pelo seu fundador, na maioria dos casos, a figura do pai, antes mesmo de seus filhos
entrarem numa faculdade. O pai deve fazer algumas perguntas a si mesmo: Eu empregaria meu filho
em minha empresa? Ele tem competência e visão de negócio para o ramo de minha empresa? Se a
resposta for positiva, é hora de o pai fazer a seguinte pergunta para o filho: É de seu interesse assumir
as responsabilidades de minha empresa?
Não são poucas as vezes em que todo trabalho e dedicação no desenvolvimento de um negócio são
colocados em risco pelo fato de o empresário não se preocupar com sua sucessão. Desenvolver um
processo para conseguir amenizar os possíveis problemas quanto à transição de cargos, preparar a
empresa e a família num longo prazo, este é o objetivo que se busca encontrar onde a próxima geração
assumirá o controle total dos negócios com liderança e autonomia, e assim dando continuidade à
história da empresa na família.
2. O que é uma empresa familiar?
Segundo Machado (2005), ocorreram transformações na família ocidental contemporânea, com o
crescente declínio da família patriarcal. A atual configuração da estrutura familiar apresenta-se de
forma mais complexa do que duas décadas atrás, quando prevalecia a noção de família patriarcal como
núcleo de socialização. Esta transformação causa impactos nas empresas familiares que, como
exemplo, na sociedade de hoje, é possível existir uma empresa familiar constituída por uma família
monoparental, na qual trabalham somente mãe e filha. É importante salientar que a estrutura familiar
patriarcal não deixou de existir, mas não corresponde mais integralmente à representação de
organização familiar.
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Segundo o dicionário Houaiss, empresa é uma “organização econômica, civil ou comercial, constituída
para explorar determinado ramo de negócio e oferecer ao mercado bens e/ou serviços”.
Afirma Bertucci (2009), que as empresas familiares têm grande importância, tanto no Brasil, como na
maior parte do mundo, já que cerca de 80 a 90% das organizações, em nível mundial, são de cunho
familiar.
A empresa familiar tem as mesmas características de qualquer outra empresa, uma vez que é um
empreendimento econômico. Sua particularidade está em ser de propriedade de uma ou mais famílias,
as quais detêm o poder de gestão do negócio que é feita por seus membros (GONÇALVES, 2000).
No Brasil o termo empresa familiar é pouco explorado pelos pesquisadores. Entre as definições
elaboradas para esta modalidade de empresa cita-se LODI (1987, p. 06) como aquela em que a
consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais
da empresa identificam-se com um sobrenome de família ou com a figura de um fundador.
Ainda, para os mesmos autores, um negócio também se distingue como empresa familiar quando sua
propriedade passa de uma geração para a outra, sendo que, o fundador de uma pequena empresa quase
sempre deseja passá-la para um filho ou filha. Sendo assim a propriedade pode permanecer na família
durante várias gerações, com os membros mais novos tendo a oportunidade de entrar para a empresa
com a expectativa de um dia assumirem seu comando.
Segundo CAMPOS et al (2009), vê-se abaixo o Quadro 1 com algumas definições de “empresa
familiar” segundo outros autores, trabalhada do Quadro 3: Conceitos de empresa familiar contida em
seu trabalho “Empresas familiares longevas: fatores que impactam sua continuidade”:
Quadro 1: Conceitos de empresa familiar
AUTORES CONCEITUAÇÃO CRITÉRIO
Chandler (apud
CHURCH), 1996
A firma familiar é aquela de propriedade
familiar, controlada e gerenciada por uma
família.
Propriedade familiar.
Controle familiar.
Lodi (1993) A empresa familiar deve possuir valores
institucionais que se identificam com um
sobrenome de família ou com a figura do
fundador
Tradições e valores familiares
Tagiuri e Davis
(1996)
São as organizações nas quais dois ou mais
membros da família estendida (extended
family members) influenciam a direção dos
negócios através do exercício de laços de
parentesco, papéis de gerenciamento ou
Influência da família na direção
da empresa.
Propriedade familiar
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direito de propriedade.
Sharma, Chrisman
e Chua (1997)
Negócio governado e/ou gerido em uma
base potencialmente sustentável através das
gerações seguintes para definir e talvez deter
a visão formal ou implícita do negócio
detido por membros da mesma família ou
por um pequeno número de famílias.
Controle da propriedade por um
pequeno grupo de famílias.
Sustentabilidade
Alden Lank (2003) Um empreendimento ou empresa familiar é
uma corporação, sociedade, propriedade ou
qualquer outra forma de organização na qual
uma dada família exerce o controle sobre o
capital votante.
Controle sobre o capital votante
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de CAMPOS et al (2009)
3. Administrando uma empresa familiar
Para se administrar uma empresa familiar é necessário consenso dentro da família ao tomarem as
decisões. Desta forma evitam-se conflitos envolvendo objetivos individuais e da família, assim como
os da empresa.
Segundo Pedrosa (2004), os fatores de interação social e suas influências na satisfação essencial das
pessoas nos grupos família e empresa são:
a comunicação global: entre pais e filhos (os sucessores na administração dos negócios) para
que as ideias e desejos não sejam colocados de forma unilateral por uma das partes. A comunicação
entre as partes estimula a solidariedade e valoriza a participação;
sentir-se respeitado: praticar o respeito recíproco entre pais e filhos, respeitando a liberdade, as
opiniões e decisões de cada parte;
sentir-se importante: ser valorizado, reconhecido como uma pessoa livre e responsável, dotado
de vontade própria;
ser alvo de atenção: ouvir ideias e opiniões das partes, sentir-se membro do grupo social que
faz parte;
ser admirado e amado: sentir-se necessário às pessoas;
participação: sentir-se aceito nos diversos grupos sociais;
ser reconhecido por sua competência: elogiar a inteligência, a vontade de aprender e criar;
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tolerância mútua: a tolerância recíproca entre o grupo, pais e filhos.
Por outro lado, para a longevidade da empresa se faz necessário analisar o ambiente interno e externo,
incluindo todos os departamentos (financeiro, vendas, faturamento...) e ambiente externo
(concorrência, política, economia...).
4. O processo de sucessão
Dentre as problemáticas existentes em uma empresa familiar, o processo de sucessão tem profunda
relevância, pois diz respeito ao futuro destas organizações. Por ser constituída por patrimônio familiar,
a tendência é que um membro desta família dê sequência à administração da empresa. Essa pessoa
pode ser um filho, irmãos ou outro parente de confiança, ou como se explica: “Considerando que os
familiares do fundador podem representar não apenas seus filhos, mas também seu cônjuge, irmãos,
primos e cunhados...” (ADACHE apud ÁLVARES, 2007, p.17).
Segundo Álvares (2007), é comum perceber entre as famílias empresárias que a única alternativa à
nova geração é trabalhar na empresa da família, imposição esta, que muitas vezes ocorre de maneira
implícita, com frases como: “Um dia isso tudo será seu...” (ADACHE apud por ÁLVARES, 2007,
p.17).
Segundo Ricca (2009), para orientar a família no sentido de minimizar os impactos da sucessão
familiar nas empresas, dois tópicos básicos de gestão necessitam ser avaliados: a profissionalização e o
planejamento da sucessão familiar.
A profissionalização é o instrumento que consegue diferenciar os interesses da família e os da
empresa, minimizando conflitos, como, por exemplo, a separação entre propriedades e posições
hierárquicas. São estabelecidos critérios gerais que irão nortear as decisões e posturas dos
administradores, como contratação, remuneração ou tomada de decisões na promoção de funcionários,
etc.
Já o planejamento de sucessão familiar tem como ponto central a escolha do sucessor, que deve ser
orientado por critérios claros que defendam os interesses da empresa. Os pontos críticos de uma
sucessão são:
treinamento;
avaliação na escolha dos sucessores;
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comparação do perfil do sucedido com o do sucessor, em relação ao que é exigido pela
empresa, e
associação do sucesso da empresa com a imagem do fundador.
Normalmente, os filhos preferem acreditar que a responsabilidade de direcionar sua carreira
profissional é da família, ou seja, são os seus pais que devem dizer o que ele deve fazer. O raciocínio é
que, por serem empresários bem sucedidos, seus pais é que têm condições para decidir o melhor, e
para cada caso, pode haver um motivo diferente. (SALAMACHA, 2007).
Segundo Salamacha (2007), existem jovens que se sentem pressionados a não decepcionar os seus
pais, e essa insegurança é tão perigosa que, na maioria dos casos, não é devidamente compreendida
pelos pais. De um lado, o pai confia na capacidade do filho e, por conta disso, concede liberdade para
que ele faça o que bem entender na empresa. De outro lado, o filho está desesperado, pois tem noção
que não tem preparo suficiente.
A dica para situações como essa pode ser dividida em dois ângulos. Aos pais, recomenda-se que
observem atentamente se não projetam nos filhos as qualidades que admiram num profissional, e é
necessário compreender as limitações de um sucessor, deixando de exigir que ele seja melhor em tudo
que seus pais não conseguem ser. Já para os filhos a dica é em forma de pergunta: quem garante que
seus pais realmente vão se ofender ou entristecer ao ouvir a verdade? Lembre-se: Se você quer ser um
grande profissional, comece falando a verdade para os seus clientes mais fiéis, que são os seus próprios
pais. Outra dica importante aos pais e filhos simultaneamente, é que coloque a empresa acima de
qualquer interesse pessoal.
5. Filhos na administração familiar
Segundo Estol (2006), o fundador, por vezes vê o empreendimento como uma extensão de si mesmo, e
além de não aceitar a velhice, cria empecilhos à passagem do poder para a segunda geração da família
que, na contrapartida, se julga com competência para assumir o negócio. Acrescenta-se a isso o fato de
que geralmente a segunda geração é a responsável por introduzir a profissionalização administrativa e
gerencial na empresa, o que obviamente aumenta ainda mais as resistências do fundador quanto ao
“largar o negócio”.
Em famílias com mais filhos, não é incomum que dois ou mais deles possam vir a sentir interesse pelo
negócio da família, e com isso, seus pais ficam muito felizes vendo os filhos trabalhando em equipe
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harmoniosamente, na melhor das hipóteses, cada um exercendo suas tarefas em torno de suas
habilidades, um colaborando com o outro.
Mas como em todas as famílias acontecem desavenças, nas empresas que são formadas por uma
família também pode haver rivalidade entre irmãos, estas geradas pela competição, onde cada um tem
ideias adversas do outro e não concorda com a política e seu papel dentro da empresa.
(LONGENECKER, MOORE & PRETTY , 1997, p.143).
Geralmente, o filho faz carreira nos negócios da família, mas, às vezes, pode sentir a necessidade de
sair do negócio por um tempo para provar a si mesmo que “eu posso fazer isso sozinho”, e assim
reconquistar sua autoestima e se sentir independente da família. (LONGENECKER, MOORE &
PRETTY , 1997, p.142).
Na opinião de Salamacha (2007), um filho deve seguir carreira nas empresas da família somente
quando perceber que irá encontrar realização pessoal e profissional. Para demonstrar o significado
desta afirmação, o autor cita a história de um empresário que sempre sonhou em ver o seu filho
assumindo os negócios da empresa. Quanto mais incentivo recebia do pai, o filho achava que o seu
futuro era abrir um negócio próprio.
“Um dia, cansado de insistir, o pai acabou cedendo aos pedidos do filho. Entretanto,
fez algo que considero um exemplo de inteligência e perspicácia. Combinou com o
filho que forneceria os recursos necessários para que ele abrisse a própria empresa
mediante uma única condição. Ele deveria conseguir um emprego e trabalhar por, no
mínimo seis meses, em uma empresa do setor que a família atuava. Caso ele fosse
despedido antes disso, o prazo começaria a contar novamente. O filho, considerando
fácil o desafio, aceitou. No início, houve certo problema para conseguir um emprego,
pois os concorrentes diretos não o aceitavam como funcionário. Para o filho isso não
foi obstáculo. Conseguiu tal emprego em uma cidade de maior porte onde sua família
não era conhecida. Ao final de seis meses, o filho deixou o emprego e veio conversar
com o seu pai. Entretanto, a proposta agora era outra. Ele queria assumir um cargo nos
negócios da família”. (SALAMACHA, 2007)
Na história citada, o autor justifica a dica: um pai deve tomar o cuidado de não achar que a teoria pode
sobrepor a prática. “É como a diferença de aprender a dirigir um carro na teoria e depois ir para a
prática. Da mesma forma, no mundo empresarial, é preciso que um sucessor experimente o gosto
amargo da derrota para aprender a valorizar o sabor de cada vitória”.
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5.1 - E quando pai e filho pensam diferente sobre o futuro da empresa?
Para Salamacha (2007) o famoso choque de gerações é mais do que esperado em um processo de
sucessão em empresas familiares, e ele é benéfico e indispensável. Note que a necessidade de
acompanhar as mudanças é um forte requisito para a sobrevivência de qualquer empresa no mundo
atual, sendo assim, um filho que pensa diferente se torna um questionador importante das atitudes do
pai.
O que acontece é que a forma com que essas opiniões divergentes são colocadas é que acaba causando
muita confusão. A falta de cuidado ao emitir uma opinião, devido principalmente à intimidade
existente, é um dos principais motivos para complicar um processo sucessório. Muitas vezes, a falta de
diálogo na vida pessoal acaba sendo decisiva no ambiente profissional. Não é difícil de ter a
oportunidade de presenciar uma discussão entre pai e filho na empresa, sobre questões de
comportamento familiar. Ou ainda, pai e filho reclamando de atitudes e manias pessoais uns dos
outros, misturando o passado com o presente.
Uma frase comum de muitos pais é: “Se você não tem responsabilidade sequer para arrumar o seu
quarto, como pretende conduzir os negócios da empresa?”. Já do lado do filho, a reclamação
tradicional do filho costuma ser “Se você nunca acredita nas minhas ideias, porque vou querer
trabalhar aqui na empresa?”. Os pais devem se preparar para conduzir corretamente a sucessão na
empresa por conta de sua experiência e tempo de vida, e ainda, não devem esquecer que seus filhos
têm o direito de ter opiniões diferentes da sua. Numa empresa, um pai exigir subordinação e
obediência do filho pode ser o maior inimigo de uma boa sucessão. A ciência diz que um filho aprende
com seu pai, sejam coisas boas ou ruins.
5.2- Será que os pais sabem passar a empresa para o filho sucessor?
Ainda, segundo Salamacha (2007), muitos pais erram porque não sabem vender a empresa para seus
filhos. Ao mesmo tempo em que são hábeis em divulgar para o mercado todas as qualidades de sua
empresa, no ambiente familiar e principalmente para o sucessor direto, adotam outra postura. Sempre
que podem, passam a imagem de sofrimento para conduzir os negócios da família. É uma espécie de
ritual de queixas e lamentos onde o objetivo é fazer com que os familiares fiquem compadecidos.
É justamente nessa hora, em que o empresário sequer está pensando na sucessão que os problemas
estão sendo gerados. Em alguns casos, esses comentários estão sendo feitos na presença dos filhos que
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ainda estão na infância ou na adolescência. E o empresário acredita que os filhos não estão
preocupados com os negócios da família. Novo erro! As decisões da fase adulta serão baseadas nas
percepções e experiências vividas durante toda a vida.
É preciso que os pais entendam que é necessário “vender” a empresa para seus sucessores, não no
sentido financeiro, mas no sentido ideológico. O filho precisa enxergar a empresa da família como um
local de realização e sucesso e não de sofrimento e dor. Não se trata de ensinar a trabalhar, mas sim, de
construir uma imagem de atração no filho, e quanto mais cedo esse processo de convencimento
começar, maior será a chance de nascer no filho uma verdadeira paixão pela empresa.
A dica final para os pais é para que tomem cuidado com o exagero. Assim como acontece no
relacionamento diário com clientes, uma boa venda é quando há o encantamento do cliente sem que a
realidade seja alterada ou falseada. Com os filhos também é assim. Eles devem conhecer os problemas
e, ao mesmo tempo, perceber que há mais vantagens que desvantagens.
6. Conclusão
Todas as empresas familiares possuem características semelhantes quanto a seu modo de
gestão, o qual consiste em que seu presidente, diretores, ou outros funcionários, serem seus
proprietários por fazerem parte de uma mesma família. O que as diferenciam entre si é apenas, seus
potenciais de mercado.
Já o que diferencia as empresas familiares das demais, é que geralmente nessas empresas um
funcionário que não faz parte da família não tem a mesma expectativa de crescimento profissional
como nas demais empresas. Isto porque, as empresas familiares reservam os cargos de tomada de
decisão para serem assumidos por um de seus membros, levando quase que a zero a possibilidade de se
ter uma pessoa que não faz parte da família nesses cargos de confiança.
Mas em se tratando de sucessão familiar, este processo é um tanto complexo, pois muito
dificilmente a família toda concorda com uma decisão de troca de poder. Os mais velhos querem
ocupar um pouco mais esses cargos de chefia e não concordam com sua substituição; ou até
concordam, contanto que o sucessor faça as coisas e resolva os problemas da maneira como ele sempre
fez, e que este sempre fique aberto a sugestões e opiniões dos mais velhos. Aí então começam os
conflitos, pois as ideias de diferentes gerações muitas vezes não são coerentes.
Para que aconteça uma sucessão tranquila, sem atropelos e muitos conflitos familiares, é
preciso ensinar este futuro sucessor a tomar gosto pela empresa. Também dar incentivo para fazer o
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que gosta e ter a chance de experimentar novas experiências. Muitas vezes os pais forçam os filhos a
trabalharem na empresa da família, e não dão espaço para seguirem seus próprios caminhos, o que só
os desmotiva a seguir duas orientações.
Por outro lado, se os filhos sucessores recebem incentivos a trabalharem fora da empresa
familiar e ganhar seu próprio sustento, eles aprendem a valorizar seus pais como empresários, e muitas
vezes decidem voltar para a empresa da família seguir com a empresa adiante.
Para escolher o sucessor certo dentro de uma empresa familiar, é preciso que o administrador
consiga identificar em sua família, qual pessoa está mais preparada e motivada a continuar com os
objetivos da empresa. Algumas vezes esses administradores veem somente a figura do filho em seu
lugar, quando não percebem outro familiar cheio de criatividade e liderança.
Conclui-se que, para uma boa sucessão na empresa familiar, é preciso que ambas as gerações
estejam dispostas a mudanças e a assumirem riscos, ao mesmo tempo em que estejam confiantes do
sonho de levar a empresa à diante, dando continuidade ao negócio e a história da família.
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