a somália e o al shabaab - marilia.unesp.br · descolonização da África e, conse-quentemente,...

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1 RESUMO HISTÓRICO O território que hoje corresponde à Somália foi definido ainda no perío- do colonial 2 , no fim do século XIX, quando França, Reino Unido, Etiópia e Itália, por diversos motivos, decidi- ram colonizar aquela área localizada no Chifre da África. No período pré- colonial, a população somali utiliza- va como sistema de produção o no- madismo pastoral, uma vez que, por conta do clima seco, a única atividade econômica possível naquele momen- to era a criação de animais. Além disso, o clima também determinava o constante deslocamento dos clãs e seu gado em busca de água. 3 A região habitada pela população so- mali foi dividida em cinco diferentes partes de acordo com os interesses coloniais: as partes norte do país e o sul, onde se encontra atualmente o Quênia, couberam aos britânicos; a região onde hoje se localiza o Dji- bouti tornou-se domínio francês; os etíopes passaram a controlar o Oga- den; já o centro-sul da atual Somália foi ocupado pela Itália. 4 Esses países basearam sua administração na for- ça e utilizaram a política de dividir para governar, o que, de acordo com Abukar, foi um dos fatores que acir- rou o conflito entre os clãs existentes uma vez que a cooperação com a ad- ministração colonial por parte deles era compensada com armas. Com o fim da Segunda Guerra Mundial iniciou-se o processo de descolonização da África e, conse- quentemente, da Somália. Em 1960, ocorreu a independência da Repú- blica da Somália 5 , resultado da fusão da Somália Britânica com a Somália Italiana. 6 A nova república elegeu um presidente e, por meio de um re- ferendo popular, ratificou sua Cons- tituição. Entretanto, o novo Estado enfrentou desde o início uma admi- nistração turbulenta devido a vários fatores como a tensão entre as popu- lações das regiões norte e sul, a falta de compreensão das necessidades do novo Estado, a pressão das potên- cias para que a Somália continuasse fornecendo as matérias-primas que fornecia antes da independência e os conflitos entre as elites, entre vários outros problemas. 7 Em 1969, um violento golpe de Es- tado levou ao poder o Major General Muhammed Siad Barre, pertencente ao clã Darod. O novo regime militar dissolveu a Assembleia Nacional e o Gabinete, suspendeu a Constitui- ção, baniu todos os partidos políti- cos e prendeu seus líderes. Ademais, por conta da retórica nacionalista, o Presidente tornou estatais várias empresas estrangeiras baseadas no país. Barre também tentou diminuir a influência dos clãs na sociedade e na política que se dava por meio dos regulamentos impostos por eles du- rante séculos. Dizia que o banimen- to do sistema de clãs vigente tinha a intenção melhorar o desenvolvi- mento, mas não obteve sucesso por conta da força e união dos clãs exis- tentes. Posteriormente, para conse- guir apoio da União Soviética a fim A SOMÁLIA E O AL SHABAAB Yasmin Virgínia Rustichelli da Silva 1 Jéssica Tauane dos Santos Maria Carolina Chiquinatto Parenti Rafaella Fiel Nascimento Santos

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Resumo HistóRico

O território que hoje corresponde à Somália foi definido ainda no perío-do colonial2, no fim do século XIX, quando França, Reino Unido, Etiópia e Itália, por diversos motivos, decidi-ram colonizar aquela área localizada no Chifre da África. No período pré-colonial, a população somali utiliza-va como sistema de produção o no-madismo pastoral, uma vez que, por conta do clima seco, a única atividade econômica possível naquele momen-to era a criação de animais. Além disso, o clima também determinava o constante deslocamento dos clãs e seu gado em busca de água.3

A região habitada pela população so-mali foi dividida em cinco diferentes partes de acordo com os interesses coloniais: as partes norte do país e o sul, onde se encontra atualmente o Quênia, couberam aos britânicos; a região onde hoje se localiza o Dji-bouti tornou-se domínio francês; os etíopes passaram a controlar o Oga-

den; já o centro-sul da atual Somália foi ocupado pela Itália.4 Esses países basearam sua administração na for-ça e utilizaram a política de dividir para governar, o que, de acordo com Abukar, foi um dos fatores que acir-rou o conflito entre os clãs existentes uma vez que a cooperação com a ad-ministração colonial por parte deles era compensada com armas.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial iniciou-se o processo de descolonização da África e, conse-quentemente, da Somália. Em 1960, ocorreu a independência da Repú-blica da Somália5, resultado da fusão da Somália Britânica com a Somália Italiana.6 A nova república elegeu um presidente e, por meio de um re-ferendo popular, ratificou sua Cons-tituição. Entretanto, o novo Estado enfrentou desde o início uma admi-nistração turbulenta devido a vários fatores como a tensão entre as popu-lações das regiões norte e sul, a falta de compreensão das necessidades do novo Estado, a pressão das potên-

cias para que a Somália continuasse fornecendo as matérias-primas que fornecia antes da independência e os conflitos entre as elites, entre vários outros problemas.7

Em 1969, um violento golpe de Es-tado levou ao poder o Major General Muhammed Siad Barre, pertencente ao clã Darod. O novo regime militar dissolveu a Assembleia Nacional e o Gabinete, suspendeu a Constitui-ção, baniu todos os partidos políti-cos e prendeu seus líderes. Ademais, por conta da retórica nacionalista, o Presidente tornou estatais várias empresas estrangeiras baseadas no país. Barre também tentou diminuir a influência dos clãs na sociedade e na política que se dava por meio dos regulamentos impostos por eles du-rante séculos. Dizia que o banimen-to do sistema de clãs vigente tinha a intenção melhorar o desenvolvi-mento, mas não obteve sucesso por conta da força e união dos clãs exis-tentes. Posteriormente, para conse-guir apoio da União Soviética a fim

A SomáliA e o Al ShAbAAbYasmin Virgínia Rustichelli da Silva1

Jéssica Tauane dos Santos

Maria Carolina Chiquinatto Parenti

Rafaella Fiel Nascimento Santos

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de invadir a província de Ogaden, na Etiópia, Barre declarou que a Somá-lia era uma república democrática e socialista e, em 1977, o exército so-mali com o apoio dos soviéticos in-vadiu aquela província. A invasão, no entanto, falhou e o conflito, ao longo do tempo, enfraqueceu o regi-me. Concomitantemente, surgiram grupos armados, como o Movimento Nacional Somali (SNM) e o Congres-so Somali Unido (USC), que se opu-seram ao governo, enfraquecendo-o ainda mais. Finalmente, em 1991 Barre foi removido do poder.8

Com o fim do regime militar, os con-flitos entre os clãs cresceram ainda mais, levando o país a uma guerra ci-vil. O SNM se recusou a aceitar a legi-timidade do governo interino central instalado pelo USC e, pouco tempo depois, declarou a independência da República da Somalilândia – que

abrange área da Somália Britânica – a qual continua sem ser reconhecida pela sociedade internacional.9

Durante os anos de 1991 e 1995, as tropas das Nações Unidas (ONU) e as tropas estadunidenses encabeçaram operações no país, respectivamente, a UNOSOM (Operação das Nações Unidas na Somália) e a UNITAF (Força Tarefa Unificada), na tentati-va de estabilizar a Somália e garan-tir a entrega de ajuda humanitária. Contudo, ambas fracassaram e o país continuou extremamente instável.10 Em 2000, depois de várias tentativas de reconciliação, foi realizada a Con-ferência de Djibouti que estabeleceu o Governo Nacional de Transição (GNT), o qual não foi capaz de servir como catalisador da união nacional. Depois de várias conferências de ne-gociações, em 2004, na Conferência de Nairobi, o GNT foi formalmente

substituído pelo Governo Federal de Transição (GFT).11

O novo governo tinha muitos desa-fios pela frente, um deles foi a as-censão da União das Cortes Islâmi-cas (UCI), que tomou o controle da parte sul do país em 2006. O GFT obteve apoio de forças etíopes e aju-da dos EUA com ataques aéreos para conter as forças da UCI. Apesar de terem conseguido controlar o grupo no fim de 2006, este se fragmentou ao longo do território do país e uma dessas fragmentações deu origem ao Al Shabaab.12 Ademais, o governo enfrentou resistência no que se refe-re à cooperação das agências huma-nitárias, em razão de ser considerado um dos mais corruptos do mundo.13

Em 2007, o Conselho de Segurança da ONU autorizou a União Africana (UA) a estabelecer na Somália uma missão de paz para apoiar as institui-ções federais transitórias do país. Em agosto de 2008, um novo acordo no Djibouti foi realizado entre o gover-no de transição somali e os grupos islâmicos moderados, o que permitiu a realização de eleições, no início do ano seguinte, quando um líder da antiga UCI assumiu o governo tran-sitório. No mesmo mês, a Etiópia retirou as tropas da Somália, o que acentuou os conflitos entre os radi-cais islâmicos que aumentaram seus esforços para conquistar o poder.14 Finalmente, em 2012, a Assembleia Nacional Constituinte aprovou uma Constituição provisória e ocorreram eleições nas quais 135 anciãos foram escolhidos para eleger o parlamento, que consistiu em 275 parlamenta-res, e estes elegeram Hassan Sheikh Mohamud como o novo presidente da Somália.15

Em 2013, uma conferência, que levou o nome de Visão 2016, foi realizada na capital Mogadíscio e estabeleceu

Situação Política na Somália

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várias metas a serem alcançadas pelo governo federal, dentre elas esta-vam a revisão da Constituição e sua submissão a um referendo e a reali-zação de eleições diretas em agosto de 2016.16 Contudo, em 2015, o Par-lamento Federal afirmou que ainda não seria possível implementar o sistema de uma pessoa/um voto em 2016, como estava previsto.17 Ao in-vés disso, 14.025 pessoas foram esco-lhidas para eleger os novos líderes do país.18 O presidente Mohamud, em agosto de 2016, solicitou que o exér-cito somali - Somali National Army (SNA) e as tropas da AMISOM unis-sem forças para garantir a realização das eleições, já que havia grandes chances de o grupo Al-Shabaab ten-tar impedi-las.19

Apesar dos esforços para se conso-lidar, o governo da Somália conti-nua bastante fraco, o que dificulta

substancialmente a luta contra o Al-Shabaab, que detém o controle de uma parcela significativa do país.20 A AMISOM, que tem como missão “proteger o governo Somali, pro-mover reconciliação e apoiar a en-trega de ajuda humanitária”21, tenta trabalhar em conjunto com o SNA, auxiliando tanto no combate ao gru-po considerado terrorista quanto no treinamento das tropas somalis. Um exemplo do trabalho conjunto das tropas ocorreu em 2011, quando se deu a expulsão do Al-Shabaab de Mogadíscio.22

Em agosto de 2016, o Comissário para Paz e Segurança da UA, Smail Chergui, anunciou que em 2018 o Conselho de Paz e Segurança da-quela Organização irá iniciar uma diminuição do contingente militar da operação de paz, mas, enquanto isso não ocorre, juntamente com o

exército somali, esse contingente irá realizar ataques mais amplos no Vale do Jubba, região sul da Somália, onde o Al-Shabaab passou a se concentrar depois das investidas das tropas do governo e da UA. Ademais, a AMI-SOM teve seu mandato prolongado até maio de 2017, apesar da falta de recursos da União Africana. A saída das tropas africanas é preocupante, pois o governo somali ainda é muito dependente do apoio da ajuda huma-nitária internacional.23

Em um relatório de 2013, a Comissão da UA deixou clara a situação frágil e volátil na Somália ao discorrer so-bre a segurança nas áreas recupera-das. De acordo com o documento “[os principais riscos são a ausência de instituições governamentais efi-cazes que sejam capazes de fornecer serviços estatais e gestão de conflitos entre os clãs. Esta situação é agra-

Militares de Uganda em treinamento para compor a AMISOM

Cpl. Olivia M

cDonald/U

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orps Forces Europe

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vada pelo Al Shabaab que explora a situação, bem como pela pirataria, banditismo e ilegalidade”.24

estRutuRa social

A Somália é conhecida por sua homo-geneidade étnica, cultural, religiosa e linguística, sendo um dos poucos paí-ses africanos com essa característica. Existe no país, uma sociedade com-posta por diversos clãs e, de acordo com Roque, tal homogeneidade re-percutiu numa fluidez de liderança no país projetada por meio da mani-pulação das identidades culturais.25

Numa perspectiva antropológica, clãs podem ser definidos como: “fa-mílias que possuem ascendência e descendência comuns”, “união de pessoas de mesma parentalidade san-guínea, possuidores de algo como ancestral comum, e que representa uma uniformidade sociológica”.26 Os clãs tem sido o centro político e so-cial da vida somali desde muito antes da dominação europeia.27 Seguindo o argumento de Koko28, quando a ditadura de Barre impôs um parti-do único, exacerbou a confiança da população nos seus respectivos clãs, principalmente após o Presidente ter favorecido seu próprio clã, excluin-do os demais das decisões e cargos governamentais. As estruturas dos clãs somalis são geográfica e econo-micamente distintas, segundo Car-doso.29 Cada clã responsabiliza-se por seus membros e a ação individual de cada membro reflete sobre todo o clã ao qual ele pertence. Cabe ao clã for-necer proteção, acesso à água e terras, exercer o poder político e resolver os conflitos segundo mecanismos tradi-cionais de justiça. A população é divi-dida, basicamente, entre duas grandes famílias de clãs, Somale e Sab.30 Esses clãs principais são fragmentados em outros menores que, por sua vez, também apresentam subdivisões.

O clã Somale representa cerca de 70% da população do país e divide-se nos sub-clãs Hawiye, Dir, Isaq e Darod.31 O modo de vida se relacio-na com as condições geográficas lo-cais, como norte da Somália é árido e seco, a família Somale é composta por pastores nômades criadores de cabras, camelos e ovelhas, animais que representam a maior parte dos bens de exportação e do PIB do país. Considerado o clã de maior força em termos numéricos e de poder eco-nômico, ele busca um governo mais legítimo para o país. Já o clã Sab re-presenta 20% da população e se en-globa em dois sub-clãs: Digil e Raha-wayn. São agricultores que atuam no sul do país, região fértil próxima aos rios Juba e Shebelle. Os ex-escravos, chamados Bantos, e os árabes que compõem os 10% restantes da po-pulação, vivem nas zonas ribeirinhas e exercem trabalhos como pesca ou comércio.

Geralmente os clãs possuem grupos armados para defender seus interes-ses, territórios e aspirações políticas. As lideranças de suas milícias são de-signadas pelos anciãos, e por vezes, alguns acabam deixando o clã e se tornam senhores da guerra. As mi-lícias e seus líderes usam a lealdade baseada nos clãs para motivar que voluntários se juntem a elas.

A estrutura organizacional da socie-dade, no geral, é caracterizada como única e delicada. Os clãs estão em constante disputa pelo poder no país, fragilizando o Estado. O atual Presi-dente, Mohamud, pertencente ao clã Hawiye e governa desde 2012.

Avanci32 esclarece que a entrada do islamismo na Somália gerou grandes mudanças nos clãs, que não abando-naram seus costumes tradicionais e incorporaram o Islã de uma forma peculiar. Em 1991, após a queda do

ditador Siad Barre, os clãs passaram a disputar o governo e os líderes re-ligiosos desejavam a instituição da Sharia como lei suprema e a trans-formação da Somália em um Estado islâmico.

A xeer, leis não escritas transmitidas oralmente pelos anciãos, ainda mais valiosa que a Sharia, também faz parte da tradição somali referente aos assuntos jurídicos. A maior par-te da xeer trata da defesa coletiva, coesão política, segurança e também das obrigações (direitos e deveres) dos membros dos clãs. É o primeiro recurso para a resolução de conflitos inclusive em relação aos negócios. No norte, a xeer resolve cerca de 90% dos casos criminais e disputas. No sul, é bastante utilizada, entre-tanto, muita vezes recorre-se pri-meiro à Sharia. Os anciãos são o po-der legislativo, executivo e judiciário de seus clãs e o processo de tomada de decisão se dá por consenso para que se formulem as resoluções. Eles têm a responsabilidade de regular as áreas de pastagem e água, além de es-tabelecer a paz e a ordem.

Os clãs preocupam-se com a prote-ção e defesa do grupo. O envolvi-mento dos Estados Unidos e da anti-ga União Soviética na independência da Somália, na época da Guerra Fria, facilitou a entrada de armas no terri-tório resultando num dos países mais armados do chamado Terceiro Mun-do. A posse de armamento pelos clãs e o vácuo de poder que se criou com a queda do ditador resultaram na di-visão e conflito entre os clãs e grupos quase autônomos no interior do país.

Após a queda do Governo em 1991, a Somália passou a ser controlada pe-los chefes de milícias independentes dos diferentes clãs: os warlords ou “senhores da guerra”. Frequentemen-te, os senhores da guerra que con-

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trolam grupos armados pertencentes aos clãs se desligam deles para liderar suas próprias tropas. Segundo Ferrei-ra33, “a dinâmica conflitiva dos senho-res da guerra está arraigada na própria estrutura social de clãs e tribos”. Os warlords são os maiores influenciado-res do governo Somali e seus homens servem unicamente aos seus objetivos pessoais.34 Assim, os políticos neces-sitam de seus apoios para governar e obter certa legitimidade.

Em razão do poder que possuem as alianças e as quebras de alianças feitas com os senhores da guerra se refletem na sociedade e podem le-var ao início de uma guerra civil. Os senhores da guerra já foram, inclu-sive, nomeados para comandar tro-pas regulares o que recebeu diversas críticas. Uma delas, por exemplo, se relacionava com a participação de Muse Sudi Yalahow, que fez parte da aliança militar de 2006 e era acusado de atrocidades, incluindo ter impe-dido a chegada da assistência médica aos civis.35

o al sHabaab

O Harakat Al-Shabaab al-Mujah-edeen, ou somente Al Shabaab, é o grupo jihadista regional de origem somali. Também é conhecido como The Youth, pois significa juventu-de, em árabe. Segundo Monteiro36, o grupo extremista é constituído, em sua maioria, por membros do clã Hawiye. Entretanto, o extremismo que pratica ultrapassa os laços entre clãs. Os principais objetivos do gru-po são derrubar o Governo Federal de Transição (GFT) e instituir a Sha-ria, um sistema de governo baseado em leis islâmicas fundamentalistas37, criando um califado.

De acordo com Monteiro38, a origem do Al Shabaab tem referência com a história recente do país. Desde a

queda do ditador militar Barre em 1991, a Somália vive um estado de anarquia com as estruturas estatais desintegradas.39 No entanto, pode-mos notar a ausência de instituições desde o início da ditadura militar na Somália, como ilustra Yoh, ao atri-buir ao ditador Barre a causa de todos os problemas subsequentes do país, quando concentrou todos os pode-res do Estado dentro de seu próprio gabinete.40 Nesse contexto, emergiu no país a UCI e tribunais seguidores da Sharia surgiram para preencher o vácuo legal deixado pelo colapso do Estado a fim de estabelecer a ordem por meio da lei islâmica.41 A UCI propiciava aos cidadãos educação, justiça e assistência médica, propor-cionando certa estabilidade. No en-tanto, o objetivo de implementar um Estado islâmico, trouxe preocupação para alguns países, dentre eles os EUA e a Etiópia, mesmo que a UCI desempenhasse um papel unifica-dor entre clãs somalis no sul do país, contendo a influência de senhores da guerra e outros líderes de facções.42

O Al Shabaab começou como uma milícia de uma organização somali islâmica, o al-Itihad al-Islami (AIAI), que surgiu na década de 1980 com a intenção de substituir o governo de Said Barre por um governo islâmico. Em 2000, os membros que restaram dessa milícia, a maioria jovens, cria-ram o Al Shabaab, que foi incorpora-do pela UCI. Assim, o AIAI é conside-rado o grupo precursor e de onde vêm alguns de seus combatentes.43 O gru-po também pode ser considerado sub-produto do Movimento do Despertar Islâmico (IAM) surgido na Somália no começo dos anos 1960 quando o Estado independente foi formado.

Dessa forma, o Al Shabaab surgiu num quadro de instabilidade e guerra civil. Em julho de 2006, a Etiópia in-vadiu a Somália, após o apelo do então

Presidente e com o apoio dos Estados Unidos. Segundo Roque, esse pedido de ajuda para restaurar a ordem no país pode ser considerado o início da queda do presidente do GFT, Abdul-lahi Yusuf. Em dezembro do mesmo ano, o exército etíope tomou a capital do país, Mogadíscio.44

O Al Shabaab faz uma interpreta-ção wahhabi do Islã, além de pos-suir orientação salafista.45 A invasão etíope na Somália em 2006 provocou um efeito direto no grupo. Sendo o único grupo militar que resistiu aos ataques, o Al Shabaab passou a adotar um novo modo de operação, utilizando táticas de guerrilha como forma de resistência. Além disso, fo-ram criados campos de treinamento para seus combatentes e foi adotado sistema de tributação para arrecadar fundos nas áreas que dominam.46 A ocupação também surtiu efeitos no recrutamento do grupo, pois utilizou a hostilidade para com os etíopes e o nacionalismo somali para conseguir militantes.47

A invasão etíope empurrou o grupo para o sul do país e fez com que o Al Shabaab, antes sem muita importân-cia e influência, se transformasse no grupo armado mais poderoso e radi-cal da Somália.48

No ano de 2007, quando as tropas etíopes se retiraram do país e o grupo intensificou suas ações contra o go-verno, estrangeiros passaram a se jun-tar ao grupo extremista, por exemplo, acredita-se que até 2015 cerca de 50 americanos teriam se juntado ao Al Shabaab. O recrutamento de estadu-nidenses tem sido feito por meio de vídeos e das mídias sociais em busca de militantes, tanto para operar na Somália como para agir em missões como ‘lobo solitário’.49

Em 2008, o grupo se aliou à Al Qae-

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da, aliança que trouxe benefícios para ambos. O Al Shabaab obteve maior força e recursos e a Al Qae-da passou a exercer influência sobre o grupo, alterando sua ideologia e colocando-o como uma “frente de combate” na “guerra” contra o Oci-dente.50 Sua estratégia operacional consiste em ataques suicidas contra civis e foram estabelecidos campos de treinamento por todo o país.51

A Al Qaeda da Península Arábica (AQPA), localizada no Iêmen, e o Estado Islâmico disputaram as aten-ções do grupo extremista somali buscando uma aliança. No entan-to, a ligação foi estabelecida com a AQPA52, por ser uma parceira mais conveniente. Enquanto o EI facili-taria um aumento considerável de recrutas internacionais, o apoio lo-gístico que a AQPA pode prover e a proximidade do Iêmen consolidaram a união.53

O Al Shabaab é o grupo que tem maior controle territorial na Somá-lia. Estima-se que há cerca de 7.000 a 9.000 combatentes, sendo que muitos são estrangeiros. O grupo tem usado armas modernas deixadas pelas forças etíopes, como carros de combate soviéticos, veículos blinda-dos e helicópteros.54 Os jihadistas são financiados por doações do exterior, cobrança de taxas nas áreas sob seu controle e, cada vez mais, com a pi-rataria e cobrança de resgate.55 Há alegações de que a Eritreia patroci-na as atividades do Al Shabaab, no entanto, o país nega tal afirmação. Mesmo após terem sido expulsos da capital em 2011 pelas forças da AMI-SOM, os combatentes continuam realizando ataques. A atuação se dá principalmente nas regiões central e sul do país, tendo grande domínio das áreas rurais.

De acordo com Ali56, o grupo possui

uma liderança descentralizada com múltiplas células independentes e autônomas. Sua estrutura pode ser representada em forma de pirâmi-de. No topo estão os Qiyadah que representam os vários comandantes espalhados pelo país. Abaixo estão os Muhaajiruun, combatentes es-trangeiros e somalis com passaporte estrangeiro. Na base estão os Ansar que são combatentes somalis locais. As decisões cabem ao Conselho da Shura, um corpo consultivo de 7 a 10 pessoas. Esse tipo que organiza-ção garante que o grupo continue atuando mesmo após a morte de um de seus líderes.57

Em 2008 o Al Shabaab foi conside-rado organização terrorista pelos Es-tados Unidos. O grupo ganhou força prometendo segurança à população, no entanto, perdeu um pouco de vi-sibilidade ao negar ajuda alimentícia vinda do Ocidente em um momento em que o país passava por uma crise alimentar.58 De acordo com o Cou-nter Extremism Project, o objetivo atual do grupo é estender seu domí-nio por toda a região do Chifre da África, que inclui, além da Somália, a Etiópia, o Quênia, o Djibouti e a

Eritreia. Nas regiões que controla, impõe uma versão rígida da Sharia, onde até atividades como fazer a barba são proibidas. Desde 2008 o Al Shabaab tem se mostrado capaz de realizar perigosos ataques e, mais recentemente, recrutou a sobrinha do Ministro do Interior somali, que assassinou o seu tio em um atentado suicida em sua casa.59

A estrutura fraca do governo permite a atuação do grupo em diversas partes do país. Segundo o National Counter-terrorism Center60, o Al Shabaab as-sumiu a responsabilidade por uma sé-rie de ataques em Mogadíscio e outras áreas. Seus principais alvos são mem-bros do governo e da AMISOM e seus aliados. Além de realizar ataques na Somália, o grupo também atua em território estrangeiro, especialmente no Quênia. O mais notável ataque foi em setembro de 2013 num shopping em Nairóbi, deixando dezenas de mortos. Quando passou a fazer par-te da Al Qaeda, o grupo ampliou seu objetivo para conduzir a guerra santa – jihad - contra o mundo ocidental e combater os inimigos do Islã. 61

Em setembro de 2014, o ‘Emir’,

AM

ISOM

Soldados do Exército Nacional da Somália em Mogadíscio (Agosto de 2012)

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Ahmed Abdi Mohamud ‘Godane, lí-der do Al-Shabaab, foi morto em um ataque de drone dos EUA. Sua morte foi apresentada como um sério golpe para o grupo e alguns observadores até previram que seria “o começo do fim” do Al-Shabaab. Mas, o novo ‘Emir’, Ahmed Omar Diriiye ‘Abu Ubeydah’, conseguiu dar continuidade e sob sua liderança, o grupo continuou engaja-do em sua guerra assimétrica, combi-nando táticas de guerrilha em áreas rurais e operações complexas em grandes cidades, incluindo a capital somali, Mogadíscio.62

A continuação das estratégias de Godane foi reafirmada num ataque realizado em abril de 2015, quando militantes do Al-Shabaab invadiram o campus de Garissa do Moi Univer-

sity College, no nordeste do Quênia, matando pelo menos 148 pessoas e ferindo outras 79, principalmente estudantes. Foi o pior ataque terro-rista no Quênia desde o ocorrido na embaixada dos Estados Unidos pela Al-Qaeda em 1998, superando até mesmo a carnificina no Westgate Shopping Mall de setembro de 2013. Parece que Al-Shabaab está agora a caminho de se tornar uma verdadei-ra organização transnacional, fun-dindo-se com a sua filial queniana - Al-Hijra - e atraindo um número crescente de seguidores e militantes de toda a África Oriental.63

consideRações finais

A fraqueza do Estado somali permite compreender a ascensão do grupo Al

Shabaab. A organização social da So-mália favorece o grupo que consegue apoio da população não só pela ideolo-gia, mas também por ter surgido den-tro da União das Cortes Islâmicas, que possui grande importância na história recente do país e da sua população.

O Estado somali não conseguiu se consolidar, tendo sofrido diversas in-tervenções ao longo da história, sendo extremamente dependente do apoio internacional. A homogeneidade da Somália dá a falsa impressão de que ela seria uma nação facilmente gover-nável. No entanto, a vulnerabilidade governamental exacerbada pelo se-cular regime de clãs, a facilidade para obter armamentos, a pobreza crônica, o apoio externo de grupos extremis-tas, dentre outros fatores, favorece-ram a consolidação do Al Shabaab.

O grupo continua com capacidade de realizar ataques contra a população civil, membros do governo e as for-ças da AMISOM na tentativa de ins-talar na Somália um Estado islâmico. Enquanto isso, o governo somali terá de lidar com a volta de milhares de refugiados após o fechamento do campo de Dabaab no Quênia e a re-cém saída do país das tropas etíopes que faziam parte da AMISOM. A re-tirada dessas forças preocupa as Na-ções Unidas e a União Africana por deixar um vácuo que pode ser ocu-pado pelo Al Shabaab.

AM

ISO

M

Membros do Al Shabaab se entregam às tropas da União Africana (Setembro de 2012)

1 Discentes do Curso de Relações Internacionais da UNESP – Campos de Marília/SP e membros do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Conflitos Internacionais (GEPCI) e do Observatório de Conflitos Internacionais (OCI).

2 SAND, J. B. State-Structures in Somalia: Why do Some Succeed and others fail? Thesis. Master in International Relations. School of Philosophy, Political Science and International Relations. Victoria University of Wellington. 2011. Disponível em: <http://researcharchive.vuw.ac.nz/xmlui/bitstream/ handle/10063/1854/ thesis.pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 set. 2016.

3 ABUKAR, A. Somalia: A Brief Country Report. 2015. Disponível em: <http://www.awepa.org/wp-content/ uploads/2015/10/Somalia-A-Brief-and-Country-Report.pdf>. Acesso em: 02 set. 2016.4 SAND, 2011, op. cit.5 Idem.6 ABUKAR, 2015, op. cit.7 Idem.8 Idem.

9 Idem.10 Idem.

11 AMISOM. Somali Peace Process. 2016. Disponível em: <http://amisom-au.org/about-somalia/somali-peace-process/>. Acesso em: 02 set. 2016.

12 ABUKAR, 2015, op. cit.

13 MENKHAUS, K. State Failure, State-Building, and Prospects for a “Functional Failed State” in Somalia. The Annals of the American Academy of Political and Social Science, v. 656, 1, p. 154-172, 2014.

14 SANTOS, Luís Ivaldo Villafañe Gomes. A arquitetura de paz e segurança africana. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011.

15 ABUKAR, 2015, op. cit.

16 Idem.

17 STREMLAU, N. Constitution-Making, Media, and the Politics of Participation in Somalia. African Affairs, v. 115, n. 459, p. 225-245, 2016.

Page 8: A SomáliA e o Al ShAbAAb - marilia.unesp.br · descolonização da África e, conse-quentemente, da Somália. Em 1960, ocorreu a independência da Repú-blica da Somália5, resultado

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OCI • Série Conflitos Internacionais

Série Conflitos Internacionais é editada pelo Observatório de Conflitos Internacionais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP

Editor: Prof. Dr. Sérgio L. C. AguilarLayout: Paula Schwambach MoizesISSN: 2359-5809Comentários para: [email protected]ível em: www.marilia.unesp.br/#oci

Série Conflitos Internacionais mais recentes:Libia: 4 años después de la intervención humanitaria y el R2P V. 2, n. 5Mali: conflito complexo e multifacetado V. 2, n. 6O conflito na República Centro Africana V. 3, n. 1Conflito no Iêmen, o caso Huti V. 3, n. 2Grupos não estatais geradores de conflitos: Síria, Iraque, Somália, Nigéria, Líbia e Mali V. 3, n. 3Segurança e terrorismo na Europa V. 3, n. 4O conflito armado em Darfur - Sudão V. 3, n. 5

18 AMISOM. Somalia President appeals to AMISOM to help secure upcoming elections. 08 ago 2016. Disponível em: <http://amisom-au.org/about-somalia/somali-peace-process/>. Acesso em: 02 set. 2016.

19 Idem.

20 INSTITUTE FOR SECURITY STUDIES. Relatório do Conselho de Paz e Segurança (Etiópia). Can AMISOM exit Somalia responsibly by 2020? 24 Aug. 2016. Disponível em: <https://www.issafrica.org/ pscreport/situation-analysis/can-amisom-exit-somalia-responsibly-by-2020?utm_source=BenchmarkEmail& utm_campaign=PSC+Report&utm_medium=email>. Acesso em: 05 set. 2016.

21 ABUKAR, 2015, op. cit. p.30

22 SHEIKH, Abdi; OMAR, Feisal. Islamist group al Shabaab kills 15 soldiers: Somali military. Reuters, Mogadishu, 01 maio 2016. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/us-somalia-attacks-idUSKC N0XS11H>. Acesso em: 05 set. 2016.

23 INSTITUTE FOR SECURITY STUDIES, 2016, op. cit.

24 AFRICAN UNION. Report of the African Union Commission on the Strategic Review of the African Union Mission in Somalia (AMISOM). 2013. Disponível em: <http://www.peaceau.org/uploads/psc.report-356. somalia.27.feb.pdf>. Acesso em: 06 set. 2016.

25 ROQUE, Paula Cristina. The battle for Mogadishu: Revealing Somalia’s fluid loyalties and identities. African Security Review, [s.l.], v. 18, n. 3, p.74-79, set. 2009.

26 DICIO. Clã - Significado de Clã. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/cla/>. Acesso em: 08 de dez de 2016.

27 KOKO, Sadiki. Whose responsibility to Protect? Reflection on the dynamics of an ‘abandoned disorder’ in Somalia. African Security Review, [s.l.], v. 16, n. 3, p.1-13, set. 2007.

28 Idem.

29 CARDOSO, Nilton César Fernandes. Conflito armado na Somália: Análises das causas da desintegração do país após 1991. 2012. Disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71689/ 000880118.pdf?sequence=1> Acesso em 03 set. 2016.

30 CSNU & CPSUA – MINIONU 15 ANOS. A estrutura social somali: O sistema de clãs. Disponível em: <https://minionu15anoscsnucpsua.wordpress.com/a-somalia/a-estrutura-social-somali-o-sistema-de-clas/> Acesso em: 08 de dez de 2016.

31 CARDOSO, 2012, op. cit.

32 AVANCI, Michelle. Entre Estado e clãs: A estrutura sócio-política da Somália. Relações Internacionais no Mundo Atual, v. 1, n. 20, p. 275-306. Curitiba, 2015. Disponível em: <http://revista.unicuritiba.edu.br/ index.php/RIMA/article/view/1241/847>. Acesso em 03 set. 2016.

33 FERREIRA, Patrícia Magalhães. Estados Frágeis em África: A Intervenção externa nos Processos de construção do estado (statebuilding) e da Paz (Peacebuilding). 2014. Disponível em: <http://www.pordentrodaafrica.com/wp-content/uploads/2014/11/LIVROTese_EstadosFrageisEmAfrica_ FINAL-libre.pdf>. Acesso em: 22 set. 2016.

34 VINCI, Anthony. An analysis and comparison of armed groups in Somalia. African Security Review, [s.l.], v. 15, n. 1, p.75-90, jan. 2006.

35 ROQUE, 2009, op. cit.

36 MONTEIRO, Ana. Dinâmicas da Al Shabaab. Nação e Defesa, Lisboa, v. 5, n. 131, p.155-173, 2012.

37 MARCHAL, Roland. The Rise of a Jihadi Movement in a Country at War: Harakat Al-Shabaab Al Mujaheddin In Somalia. Paris: Cnrs Sciences Po Paris, 2011.

38 MONTEIRO, 2012, op. cit.

39 KOKO, 2007, op. cit.

40 YOH, John G Nyuot. Peace Processes and Conflict Resolution in the Horn of Africa. African Security Review, [s.l.], v. 12, n. 3, p.83-93, jan. 2003.

41 VINCI, 2006, op. cit.

42 KOKO, 2007, op. cit.

43 WISE, Rob. Al Shabab. Washington: Center for Strategic and International Studies, 2011.

44 AGBIBOA, Daniel E. Terrorism without Borders: Somalia’s Al-Shabaab and the global jihad network. Journal of Terrorism Research. St. Andrews, p. 27-34. fev. 2014.

45 O Wahhabismo é derivado do Salafismo, sendo assim, ambas são correntes extremamente conservadoras e antigas do Islã. Elas pertencem ao islamismo sunita, fazendo uma leitura fundamentalista, literal e rigorosa do Alcorão.

46 WISE, 2011, op. cit.

47 WISE apud AGBIBOA, 2014, op. cit.

48 AGBIBOA, 2014, op. cit.

49 ANTI-DEFAMATION LEAGUE. Al Shabaab’s American Recruits. New York, 24 Feb. 2015. Disponível em: <http://www.adl.org/combating-hate/domestic-extremism-terrorism/c/al-shabaabs-american.html?referrer=http: //www.google.com.br/#.WFrdjMvJ3qA>. Acesso em: 22 set. 2016.

50 WISE, 2011, op. cit.

51 Idem.

52 ANTI-DEFAMATION LEAGUE, 2015, op. cit.

53 BRYDEN, Matt. The Decline and Fall of Al-Shabaab? Think Again. Sahan: Pathfinders in Policy and Practice, Apr. 2015.

54 KATAGIRI, Nori. Containing the Somali insurgency: Learning from the British experience in Somaliland. African Security Review, [s.l.], v. 19, n. 1, p.33-45, mar. 2010.

55 ANTI-DEFAMATION LEAGUE, 2015, op. cit.

56 ALI, Abdisaid M. The Al-Shabaab Al-Mujahidiin – A Profile of the First Somali Terrorist Organisation. Berlin: Institute for Strategic, Political, Security And Economic Consultancy, 2008.

57 COUNTER EXTREMISM PROJECT. Al Shabab. 2016. Disponível em: <http://www.counterextremism.com/threat/al-shabab>. Acesso em: 01 set. 2016.

58 BBC NEWS. Who are Somalia’s al-Shabab?. 2015. Disponível em: <http://www.bbc.com/news/world-africa-15336689>. Acesso em: 31 ago. 2016.

59 ANTI-DEFAMATION LEAGUE, 2015, op. cit.

60 NATIONAL COUNTERTERRORISM CENTER. Al Shabaab. 2015. Disponível em: <https://www.nctc.gov/ site/groups/al_shabaab.html>. Acesso em: 30 ago. 2016.

61 MONTEIRO, 2012, op. cit.

62 BRYDEN, 2015, op. cit.

63 Idem.