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A Seguridade Social no Brasil e o debate entre as redes de proteção: Drogas um problema de saúde pública com impactos na previdência social Aline Fagundes dos Santos 1 RESUMO: O artigo tem por interesse discutir a relação existente entre saúde e previdência social, ambos integrantes do sistema de seguridade social no Brasil, de matriz constitucional, abordando especificamente neste cenário a questão que diz respeito ao uso de drogas por parte da população e seus reflexos no sistema previdenciário, por conta das concessões de benefícios, em decorrência de incapacidade laboral temporária, ou até mesmo definitiva, e ainda a morte de trabalhadores acometidos por tal dependência química. No Brasil já se tem o levantamento prévio deste impacto, sendo que já é possível se constatar que diversos segurados do Regime Geral de Previdência Social estão sendo afastados de suas atividades laborais em razão de incapacidade laborativa, em decorrência do uso de drogas. A questão já se apresenta de forma tão grave que especialistas afirmam que os números de afastamentos de trabalhadores só tendem a aumentar no futuro, portanto é necessário o debate deste problema de saúde pública, com a interlocução das redes de proteção (saúde, previdência e assistência), apontando soluções através de trocas de experiências. Palavras-chave: Drogas. Saúde. Previdência Social. INTRODUÇÃO A proposta deste artigo é fornecer alguns elementos para análise do sistema da seguridade social, desenhado pelo legislador constitucional em 1988, com o intuito de proteção integral da pessoa humana, com previsão de ações nas áreas de saúde, previdência e assistência, através da implementação de políticas públicas próprias. Posteriormente, dentro deste cenário buscar-se-á analisar um problema existente no Brasil, que diz respeito ao uso de substancias psicotrópicas e a dependência química da 1 Doutoranda em Direito Previdenciário PUC-SP. Mestre em Direitos Fundamentais ULBRA-RS. Professora Assistente I na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Contato: [email protected]

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A Seguridade Social no Brasil e o debate entre as redes de proteção: Drogas um

problema de saúde pública com impactos na previdência social

Aline Fagundes dos Santos1

RESUMO:

O artigo tem por interesse discutir a relação existente entre saúde e previdência social, ambos

integrantes do sistema de seguridade social no Brasil, de matriz constitucional, abordando

especificamente neste cenário a questão que diz respeito ao uso de drogas por parte da

população e seus reflexos no sistema previdenciário, por conta das concessões de benefícios,

em decorrência de incapacidade laboral temporária, ou até mesmo definitiva, e ainda a morte

de trabalhadores acometidos por tal dependência química. No Brasil já se tem o levantamento

prévio deste impacto, sendo que já é possível se constatar que diversos segurados do Regime

Geral de Previdência Social estão sendo afastados de suas atividades laborais em razão de

incapacidade laborativa, em decorrência do uso de drogas. A questão já se apresenta de forma

tão grave que especialistas afirmam que os números de afastamentos de trabalhadores só

tendem a aumentar no futuro, portanto é necessário o debate deste problema de saúde pública,

com a interlocução das redes de proteção (saúde, previdência e assistência), apontando

soluções através de trocas de experiências.

Palavras-chave: Drogas. Saúde. Previdência Social.

INTRODUÇÃO

A proposta deste artigo é fornecer alguns elementos para análise do sistema da

seguridade social, desenhado pelo legislador constitucional em 1988, com o intuito de

proteção integral da pessoa humana, com previsão de ações nas áreas de saúde, previdência e

assistência, através da implementação de políticas públicas próprias.

Posteriormente, dentro deste cenário buscar-se-á analisar um problema existente no

Brasil, que diz respeito ao uso de substancias psicotrópicas e a dependência química da

1 Doutoranda em Direito Previdenciário PUC-SP. Mestre em Direitos Fundamentais ULBRA-RS. Professora

Assistente I na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Contato:

[email protected]

população, questão inclusive já apontada pela Organização Mundial de Saúde como sendo um

problema de saúde pública que vem atingindo cada vez mais adolescentes e jovens.

Na sequencia o objetivo do trabalho será analisar o impacto desta dependência

química no sistema de proteção previdenciária, a cargo do Regime Geral de Previdência

Social, em razão do aumento nos números de concessão de benefícios previdenciários,

principalmente aqueles de natureza não programada.

Por fim, buscar-se-á analisar a questão que envolve a seguridade social como sistema

de proteção, formando uma grande rede, conforme previsto na Constituição Federal de 1988,

englobando de forma interligada diversas ações, na busca do bem-estar da coletividade,

objetivo último da nação.

1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 DO BRASIL E O SISTEMA DE

PROTEÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL

Como resultado de um movimento que buscou a redemocratização do Brasil, pós

militarismo, a Constituição Federal de 1988, ao menos da perspectiva normativa, inaugurou

um novo ciclo social no país, reconhecendo também como direitos fundamentais, um rol de

direitos de cunho prestacional, os quais passaram a demandar uma ação positiva por parte do

Estado.

Neste cenário, a inclusão dos direitos fundamentais sociais em capítulo próprio, junto

ao catálogo de direitos fundamentais, destaca de forma incontestável a sua condição de

autênticos direitos fundamentais, agora também de matriz constitucional conforme lembra

Sarlet (2009, p. 66).

Assim, é possível perceber que a preocupação do legislador constitucional foi

estendida também aos direitos fundamentais de cunho econômico, social e cultural, seguindo

obviamente as tendências internacionais pós Segunda Guerra Mundial, que já haviam

realizado esta reconstrução do conceito de pessoa humana.

A própria Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), já em 1948, no seu

artigo 25º, elencava de forma bastante precisa que toda pessoa tem direito a um nível de vida

suficiente para assegurar a si e à sua família, direitos como a saúde e o bem-estar, à

alimentação, o vestuário, o alojamento, à assistência médica, o direito à segurança no

desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de

meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.

Posteriormente, em 16 de dezembro de 1966, a Assembleia-Geral das Nações Unidas

adotou 2 (dois) pactos internacionais de direitos humanos que desenvolveram

pormenorizadamente o conteúdo da DUDH: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Recepcionando-se estas orientações, inaugurou-se quatro décadas após a DUDH, já

no retorno da democracia ao Brasil, o sistema da seguridade social, incluindo-se nele, três

direitos fundamentais de grande relevância social, elencados no artigo 6º da Constituição

Federal de 1988: saúde, previdência e assistência.

De início uma grande modificação, pois tal complexo protetivo ultrapassava a

perspectiva de seguro social, alcançado até então somente para trabalhadores formais, e

passava a reconhecer o indivíduo como cidadão de direitos, pelo simples fato de existir,

independente de exercer ou não alguma atividade profissional.

Assim, com o novo pacto político firmado em 1988, a dignidade da pessoa humana

passou a ser um dos fundamentos do Estado brasileiro, e neste contexto, prestações como

saúde, previdência e assistência passaram a desempenhar um importante papel, tendo como

alicerce a solidariedade social, conforme previsto no art. 3º, da Constituição Federal, com o

objetivo de alcançar o bem-estar de todos os cidadãos.

De acordo com Silva (2005, p. 286), a partir daí os direitos sociais são vistos como

direitos fundamentais de proteção do homem, constituindo-se em prestações estatais positivas,

enumeradas em normas de caráter constitucional, que visam proporcionar melhores condições

de vida aos mais fracos, direitos que visam igualar desiguais, sendo assim direitos que se

conexionam com o direito de igualdade.

Sob esta ótica, de acordo com Horvath Júnior (2014, p. 123), a Seguridade Social

passou a representar um sistema em que o Estado garante a “libertação da necessidade”,

ficando assim, obrigado a garantir que nenhum de seus cidadãos fique sem ter satisfeitas suas

necessidades sociais mínimas, não especificamente aquelas de caráter econômico, mas

também todas as demais voltadas para a assistência social e sanitária, ou seja, proteção

independentemente de contribuição.

Completando esta ideia, destaca-se a evolução do modelo de seguridade social

proposto pelo constituinte em 1988, em relação ao seguro social existente anteriormente:

Aliás, cumpre notar que a seguridade social – modelo concretamente

adotado pelo constituinte pátrio para o implemento do bem-estar e da justiça

sociais – está baseada na solidariedade. Não mais, como nos primórdios do

seguro social, entre pessoas ou entre grupos de pessoas; e, sim, entre

gerações de sujeitos protegidos. (BALERA, 2010, p. 27).

Neste cenário, a seguridade social, passou a representar um complexo de normas

voltada a garantir saúde, previdência e assistência, tendo como objetivo garantir o bem-estar

social de todos os cidadãos, baseado no princípio da solidariedade, constituindo-se assim, tais

prestações em verdadeiros direitos subjetivos frente ao Estado brasileiro.

Todavia, a partir deste momento foi preciso uma releitura do sistema, objetivando as

três políticas que a integravam. No caso da saúde, foi necessário ampliar a sua concepção,

pois agora a mesma passa a constituir direitos de todos, conforme bem descrito na

Constituição Federal de 1988, sendo ainda dever do Estado, mediante a adoção de políticas

que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, com ações voltadas para a

promoção, proteção e recuperação dos cidadãos.

Sob a ótica da saúde, é possível destacar da leitura do texto constitucional diversas

orientações:

(...) além de instituir o direito (à saúde), prever seus titulares (a coletividade),

apontar o responsável direto pela prestação (o Estado) e o instrumento que

assegura a fruição desse direito (políticas sociais e econômicas), a Lei Maior

aportou diversos princípios, diretrizes, metas que hão de ser necessariamente

considerados pelo Poder Público quando da elaboração de políticas públicas

imprescindíveis à efetivação do direito social à saúde. (MEDEIROS, 2011,

p. 60).

Da mesma forma, em relação a previdência social, que apesar da manutenção da

regra contributiva, alargou sua cobertura e ampliou o rol de prestações oferecidas a

população, bem como as pessoas protegidas, como pode-se destacar o caso da segurada

especial, que antes de 1988 simplesmente não existia como sujeito de direitos no âmbito

previdenciário.

No que diz respeito a previdência social, alguns avanços regulados a âmbito

constitucional, merecem o devido respeito:

a) pela primeira vez a reclusão ter sido incluída no rol de riscos sociais

cobertos pela previdência (inciso I do art. 201); b) acesso ao benefício de

aposentadoria por idade com idades diferentes para homem e mulher,

respectivamente, 65 e 60, além de redução em cinco anos para os

trabalhadores rurais (inciso I do art. 202); c) aposentadoria por tempo de

serviço aos 35 anos de tempo de serviço para o homem e 30 para a mulher,

mantendo a tradição de inexigência de uma idade mínima (inciso II do art.

202); d) manutenção da aposentadoria especial para o professor aos 30 anos

de tempo de serviço e, para a professora, aos 25 (inciso III do art. 202); e)

pensão por morte no caso de cônjuge sobrevivente ser homem (inciso V do

art. 202); f) possibilidade de deferimento do benefício com tempo inferior no

caso de exercício de atividades especiais (§ 1º do art. 202); g) previsão

constitucional da contagem reciproca (§ 2º do art. 202); h) além de cristalizar

a forma de cálculo dos benefícios (caput do art. 202), previa a correção

monetária de todos os salários-de-contribuição (§ 3º do art. 201) e a

aplicação de reajustes periódicos para os benefícios já concedidos com o

desiderato de manter o seu valor real (§ 2º do art. 201); i) garantia de que os

benefícios previdenciários não seriam pagos em valor inferior a um salário

mínimo (§ 5º do art. 201); j) garantia de que a gratificação natalina dos

aposentados e pensionistas teria por base os proventos do mês de dezembro

(§ 6º do art. 201). (ROCHA, 2004, p. 74).

Por fim, também a assistência social, considerada por muitos como a mais

significativa mudança em termos de proteção social da Constituição Federal de 1988, pois era

a primeira vez na história do país que alcançava o status de direito, sendo dever do Estado

prestá-la a quem dela necessitasse, não como medida de caridade, como fora em épocas

passadas, mas sim, por conta de fazer parte do novo rol de direitos fundamentais assumidos.

Sobre os avanços nesta temática destaca-se:

Ao longo de sua história, o Brasil tem construído e constituído direitos.

Desse modo, pretendemos discorrer sobre o direito à Assistência Social. Há

alguns anos, o tema sequer era pauta de discussão no contexto nacional.

Portanto, é de extrema importância que possamos debater sobre um país que

não só supera a pobreza, como também diminui, a cada dia mais, suas

injustiças. Atualmente, temos condições de comemorar um país que reduziu

em mais de 50%, nos últimos anos, o número de pessoas em situação de

pobreza. Bem como, garantiu a redução de 25% para 4% o número de

indivíduos em situação de extrema pobreza. (RIZZOTTI, 2014. p. 37).

Contudo, em que pese tamanho arcabouço de normas contidas na Constituição

Federal de 1988, o dia-a-dia, após duas décadas de sua promulgação demonstra claramente as

fragilidades deste sistema de proteção que envolve a seguridade social.

2 A SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL E O PROBLEMA DO CONSUMO DE DROGAS

A fim de dar suporte a implementação de políticas públicas específicas de saúde no

país, conforme assumido na Constituição Federal de 1988, o legislador infraconstitucional

elaborou a Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, criando através dela o Sistema

Único de Saúde (SUS), estando este sob direção a nível federal do Ministério da Saúde.

A Lei Federal nº 8.080/90, estabeleceu diversos objetivos, princípios, diretrizes,

forma de direção e gestão, competências e questões de orçamento para o funcionamento do

SUS, destacando-se principalmente em seu art. 8º, que sua gestão será regionalizada e

hierarquizada, levando-se em conta o nível de complexidade de suas demandas, com atenção

a nível federal, estadual ou municipal.

Neste quadro, atualmente uma demanda de grande relevância do SUS, a nível federal

é o combate ao uso de drogas no país, tanto as lícitas como também as ilícitas, sendo que o

Ministério da Saúde vem promovendo diversas campanhas junto a população, tanto na

prevenção, promoção ou recuperação dos dependentes químicos.

É importante destacar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a

dependência química como uma doença, incluindo-a no CID 10 – Código Internacional de

Doença, pois há alteração da estrutura e do funcionamento normal da pessoa, sendo-lhe,

portanto prejudicial.

A dependência química por sua vez, não tem uma causa única, mas é produto de uma

série de fatores (físicos, emocionais, psíquicos e sociais) que atuam ao mesmo tempo, sendo

que às vezes, uns são mais predominantes em uma pessoa específica do que em outras.

No contexto deste estudo, a questão que envolve o consumo de drogas no Brasil, já

alcança patamares que preocupam as autoridades, sendo que atualmente o problema já é visto

como de saúde pública, e pior, as consequências já extrapolam os muros e limites desta

temática específica, pois já afetam também de forma considerável, o subsistema de proteção

que envolve a previdência social.

O aumento considerável do uso de substancias psicoativas (SPAs), no país, vem

chamando a atenção de estudiosos nos últimos anos, pelos efeitos devastadores junto a saúde

da população, e, principalmente pela dificuldade do governo em lidar com a questão adotando

uma política pública precisa no seu combate.

Os números são cada vez mais alarmantes, e é possível perceber que atingem cada

vez mais a população de pouca idade, conforme dados do VI Levantamento Nacional sobre o

Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio, das

Redes Pública e Privada de Ensino, nas 27 Capitais Brasileiras, referente ao ano de 2010:

Tipo de Droga Tipos de Uso%(5)

Vida(3)

Ano(4)

Mês(4)

Frequente(4)

Pesado(4)

Maconha 5,7 3,7 2,0 0,3 0,4

Cocaína 2,5 1,8 1,0 0,2 0,2

Crack 0,6 0,4 0,3 0,0 0,1

Anfetamínicos 2,2 1,7 0,9 0,1 0,3

Solventes/Inalantes 8,7 5,2 2,2 0,2 0,3

Ansiolíticos 5,3 2,6 1,3 0,1 0,1

Anticolinérgicos 0,5 0,4 0,2 0,0 0,0

Analgésicos Opiáceos 0,6 - - - -

Esteróides/Anabolizantes 1,4 - - - -

Ópio/Heroína 0,3 - - - -

LSD 1,0 - - - -

Êxtase 1,3 - - - -

Metanfetamina 0,3 - - - -

Ketamina 0,2 - - - -

Benflogin 0,4 - - - -

Energético com Álcool 15,4 - - - -

Qualquer Droga(2)

25,5 10,6 5,5 0,8 1,1

Tabaco 16,9 9,6 5,5 0,7 1,5

Álcool 60,5 42,4 21,1 2,7 1,6

Nota: Rede pública engloba as escolas municipais, estaduais e federais.

(1) A partir do 6º ano.

(2) Excluindo álcool e tabaco.

(3) Maconha, cocaína, crack, anfetaminas, solventes, ansiolíticos, anticolinérgicos, analgésicos

opiáceos, esteroides/anabolizantes, ópio/heroína, LSD, êxtase, metanfetamina, ketamina,

benflogin, energético com álcool.

(4) Maconha, cocaína, crack, anfetaminas, solventes, ansiolíticos, anticolinérgicos.

(5) Dados ponderados e expressos em porcentagem.

De acordo com o levantamento exposto acima, realizado pelo Centro Brasileiro de

Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo – CEBRID,

que levou em conta tanto o uso de drogas lícitas como também ilícitas, é possível perceber

que muitos adolescentes e jovens estão cada vez mais consumindo estas substâncias, apesar

da pouca idade, ou seja, muitos deles já ingressarão no mercado de trabalho posteriormente

com alguma dependência química.

No mesmo sentido, Relatórios do Plano Nacional de Saúde (PNS) referente ao triênio

2012-2015, também apontaram o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sendo que dos

adultos entrevistados, 18,9% deles informaram que consumiram de forma abusiva bebidas

alcoólicas nos últimos 30 dias antes da abordagem, sendo que este percentual foi quase três

vezes maior em homens (28,8%) do que entre as mulheres entrevistadas (10,4%), contudo foi

possível perceber que essa proporção diminuiu com a idade e aumentou com o nível de

escolaridade do indivíduo.

Para combater estes números relativos ao consumo de bebidas alcoólicas e outras

drogas, o PNS, de 2012-2015 traçou ações estratégicas para a atenção de diferentes segmentos

da população, caracterizados por condições específicas e determinados por diferentes causas,

quer de natureza biológica, social, cultural, econômica, estando estes grupos particularmente

representados por crianças, adolescentes e jovens, mulheres, idosos, trabalhadores, pessoas

com deficiência, população prisional e adolescentes em conflito com a lei.

O relatório do PNS no Brasil, referente ao triênio 2012-2015, também apontou no

tocante a saúde mental, que 6% da população mundial sofre de transtornos graves associados

ao consumo de álcool e outras drogas – exceto o tabaco, sendo que, deste total, pesquisas

brasileiras identificam que aproximadamente 10% da população do país, acima de 12 anos de

idade já é dependente de álcool.

Na tentativa de combater estes dados foi lançado pelo Ministério da Saúde, o Plano

Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas

(PEAD), para implementação no triênio 2012-2015.

Esse plano potencializou a implantação de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e

Drogas – CAPSad, de leitos hospitalares e de estratégias de articulação intersetorial, com a

criação dos consultórios de rua, com o objetivo de atender demandas de populações sem

domicílio, principalmente aquelas usuárias de crack, pois conforme dados do Ministério da

Saúde estima-se que atualmente o número destes dependentes já chegue a 600 mil pessoas no

Brasil.

Dentro do plano integrado de enfrentamento do crack e outras drogas, o componente

da saúde consiste em aprofundar as ações que já estão em desenvolvimento no país, e ainda

dar continuidade na diversificação dos serviços e medidas de saúde relacionadas ao consumo

desta droga.

As principais medidas a serem adotadas pelo SUS estão a criação de CAPSad 24

horas e de casas de acolhimento transitório aos dependentes químicos; a habilitação e

financiamento diferenciado para leitos em hospitais gerais; o apoio a comunidades

terapêuticas para ampliar o número de leitos de retaguarda; o apoio à implantação de escolas

de redução de danos e também dos Centros Regionais de Referência para formação de

profissionais de saúde especializados nesta demanda especifica; e também a ampliação do

número de beneficiários do Programa “De Volta para Casa”2, conforme dados do Ministério

da Saúde.

2 O programa “De Volta para Casa”, constitui uma política pública de inclusão social, instituído pela Lei Federal

nº 10.708, de 31 de julho de 2003 que cria e regulamenta o auxílio-reabilitação psicossocial para assistência,

Nesta arena, com base nas ações e números apresentados pelo Ministério da Saúde

percebe-se a preocupação do gestor público com a atuação na área de saúde, conforme

previsto na Constituição Federal de 1988, como parte integrante da seguridade social, tendo

como foco a promoção, proteção e recuperação da saúde, conforme afirma Horvath Jr. (2014,

p. 128).

Contudo, infelizmente os números das pesquisas são assustadores no que diz respeito

a quantidade de usuários de substancias psicotrópicas no país, e em que pese as ações do

governo em políticas públicas na área da saúde para combate e tratamento da população, as

consequências deste mal já podem ser percebidas em outras áreas sociais, como é o caso do

sistema de previdência social do país.

3 OS EFEITOS DO USO DE DROGAS NA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O sistema protetivo que envolve a previdência social no Brasil está estruturado em

três regimes distintos: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Regimes Próprios de

Previdência Social (RPPS) e Regime de Previdência Complementar (RPC).

Por conta desta divisão a doutrina especializada tece algumas considerações:

A multifacetação dos regimes previdenciários é bastante criticada na medida

em que permite que se estabeleçam padrões de proteção previdenciária

diferenciados, em relação aos regimes básicos, bem como aumenta o custo

operacional do sistema previdenciário como um todo. Além do sentimento

de proteção por castas. (HORVATH JR., 2014, p. 166).

Neste interim, críticas à parte, é preciso destacar que por conta deste arranjo grande

parte da população brasileira está filiada ao RGPS3, e por conta disto este será o objeto de

análise do artigo.

O RGPS está estruturado com base em duas Leis Federais, a primeira delas trata-se

da Lei nº 8.212/91, referente ao custeio, e a segunda delas, a Lei nº 8.213/91, que aborda o

Plano de Benefícios da Previdência Social.

Primeiramente importa destacar que de acordo com a Lei nº 8.213/91, aliado ao

preceito constitucional contido no caput, do art. 201, é possível perceber que o sistema

acompanhamento e integração social, fora de unidade hospitalar, de pacientes acometidos de transtornos

mentais, internados em hospitais ou unidades psiquiátricas, sob a coordenação do Ministério da Saúde.

Atualmente, o valor do benefício é de R$ 412,00 (quatrocentos e doze reais), de acordo com o artigo 1º da

Portaria nº 1.511, de 24 de julho de 2013 do Ministério da Saúde. 3 De acordo com dados do Ministério da Previdência Social, no ano de 2013, 52.460.568 pessoas contribuíram

mensalmente para o RGPS.

previdenciário no Brasil é contributivo, ou seja, somente fará jus a algum benefício previsto

na legislação, o cidadão que tiver vertido anteriormente, para o sistema a quantidade mínima

de contribuições, salvo algumas exceções4.

Desta forma diversos riscos sociais foram elencados para proteção pelo legislador

constitucional, entre eles a cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade

avançada, maternidade, a proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário e a

proteção dos dependentes dos segurados de baixa renda.

Em âmbito infraconstitucional o legislador estabeleceu os benefícios previdenciários

específicos para cobertura dos riscos indicados acima, e ainda as regras próprias para o

alcance de cada uma das prestações, conforme segue insculpido na Lei nº 8.213/91:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes

prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do

trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:

a) aposentadoria por invalidez;

b) aposentadoria por idade;

c) aposentadoria por tempo de contribuição;

d) aposentadoria especial;

e) auxílio-doença;

f) salário-família;

g) salário-maternidade;

h) auxílio-acidente;

II - quanto ao dependente:

a) pensão por morte;

b) auxílio-reclusão;

No que diz respeito a dependência química, por conta do consumo de substancias

psicotrópicas especificamente, tema objeto deste artigo, é possível constatar que as prestações

que mais são pleiteadas pelos segurados, tratam-se dos benefícios de auxílio-doença,

aposentadoria por invalidez e pensão por morte.

No tocante ao benefício de auxílio-doença, tem-se como sua principal característica a

provisoriedade, ou seja, a ideia é que o beneficiário venha a recuperar a capacidade laboral

4 As exceções dizem respeito aqueles benefícios previdenciários que independem de carência (quantidade

mínima de contribuições), para a sua concessão, conforme regra contida no art. 26, da Lei nº 8.213/91; ou ainda

para aquelas situações em que o segurado não está contribuindo para o sistema, mas já o fez no passado e no

momento em que é acometido do risco social, ainda mantem a qualidade de segurado, conforme prazos definidos

também na Lei nº 8.213/91, em seu artigo 15.

durante o período de percebimento do benefício, e, que posteriormente retorne ao sistema

previdenciário com novas contribuições.

Contudo, o mesmo não é o que ocorre no caso de concessão do benefício de

aposentadoria por invalidez, pois nesta situação, diante da gravidade do quadro de saúde do

segurado e do nível de comprometimento de sua capacidade laboral, dificilmente este

retornará ao sistema contributivo, e independentemente de sua idade, o benefício será

concedido; todavia, quanto mais jovem for, mais tempo tende a perceber a prestação e com

isso onerar os cofres do sistema previdenciário.

O mesmo caminho segue o benefício de pensão por morte, destinado aos

dependentes do segurado da previdência social em razão de seu óbito, pois neste caso,

dependendo do tipo dependente (esposa, filhos, etc.), e suas idades, o benefício pode ser pago

durante muitos anos, algumas vezes até em quantidade superior aos anos de efetiva

contribuição, desta forma também onerando o sistema previdenciário.

Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal responsável

pelo gerenciamento de concessões e manutenções de benefícios previdenciários do RGPS,

apontam que no ano de 2013, o uso de álcool foi o principal motivo para pedidos de auxílio-

doença, por conta de transtornos mentais e de comportamento em razão do uso da substancia

psicoativa.

Os números do instituto demonstram ainda que a quantidade de pessoas afastadas de

suas atividades laborais devido ao uso abusivo de álcool teve um aumento de 19% nos

últimos cinco anos, em um comparativo de 12.055 casos em 2009, para 14.420 casos em

2013.

No geral foi possível constatar a concessão de mais de 134,6 mil benefícios de

auxílio-doença somente para dependentes de substancias químicas em todo o país no ano de

2013, estando a cocaína em segundo lugar, como a droga responsável pela maior quantidade

de auxílios concedidos, seguido do uso da maconha e outros, configurando um gasto para o

sistema de mais de 27 milhões de reais.

Neste sentido é importante destacar que o subsistema de previdência social é baseado

na solidariedade e no pacto de gerações, ou seja, os atuais contribuintes hoje estão custeando

os gastos atuais, e dentro desta ótica qualquer aumento de despesa atual pode causar impacto

no futuro:

Solidariedade social significa a contribuição do universo de protegidos em

benefício da minoria. (...). O sistema protetivo visa amparar necessidades

sociais que acarretem a perda ou a diminuição dos recursos, bem como

situações que provoquem o aumento dos gastos. No momento da

contribuição, é a sociedade quem contribui; no momento da percepção da

prestação, é o indivíduo quem usufrui. Daí vem o pacto de gerações ou

princípio da solidariedade entre gerações. Os não necessitados de hoje,

contribuintes, serão os necessitados de amanhã, custeados por novos não

necessitados que surgem. (HORVATH JR, 2014, p. 93).

Neste contexto, é necessário frisar que o gasto com a concessão de benefícios

previdenciários em razão de dependência química, acaba trazendo um grande prejuízo ao

sistema, pois aumenta-se a despesa com benefícios de natureza não programada, como é o

caso de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão por morte, ou seja, benefícios

que em algumas vezes os segurados verteram poucas contribuições para o sistema e logo terão

que ser protegidos, diferentemente das demais aposentadorias, em que há um lastro de

contribuição por vários anos.

Enfim, se a quantidade de usuários e dependentes químicos aumentou nos últimos

anos, conforme indicam as pesquisas, o mesmo pode ser percebido no que diz respeito a

concessão de benefícios previdenciários por conta desta mesma causa.

4 O COMBATE AO USO DE DROGAS NO BRASIL E A NECESSIDADE DE

DEBATE ENTRE AS REDES DE PROTEÇÃO

Conforme acompanhado nos dados já expostos é possível perceber que o problema

pertinente ao uso de drogas no Brasil, aflige tanto gestores da saúde pública, como também da

previdência social, áreas objeto deste estudo, contudo durante todo o período da pesquisa, em

que pese os diversos programas, benefícios, medidas adotadas pelos responsáveis, em nenhum

momento viu-se uma fala integrada, com políticas em conjunto.

Esta ausência de interligação deve-se ao fato de que apesar da existência de um

aparato normativo em sede constitucional no que diz respeito a seguridade social, o mesmo

não ocorreu no que trata-se da definição da legislação em plano infraconstitucional, nas áreas

que envolvem as políticas especificas de saúde, previdência e assistência, o que, por

conseguinte tornou mais difícil a articulação do sistema de proteção previsto na Constituição

Federal de 1988, conforme destaca Monnerat e Souza (2011, p. 42).

Um dos pontos importantes deste cenário, diz respeito ao financiamento da

seguridade social, pois o legislador previu uma diversidade de fontes orçamentárias, todavia

não conseguiu garantir que todos esses recursos fossem efetivamente destinados ao sistema

protetivo.

Outra questão também apontada pela doutrina para esta divisão, diz respeito a

questão política:

A forte concorrência entre as áreas de política que deveriam compor a

Seguridade Social também contribuiu para o fracasso de sua implementação.

Como consequência disso, ocorre a especialização das fontes de

financiamento da seguridade por área de política social, o que acaba de vez

com a pretensão constitucional de se criar um orçamento único, cuja gestão

se daria através de um ministério próprio. Com efeito, não houve por parte

das três áreas envolvidas nenhum tipo de mobilização para lutar pelo

orçamento unificado e tampouco pelo referido ministério, tal como previsto

na Constituição, (MONNERAT, e SOUZA, 2011, p. 43).

Isto de fato ocorreu, pois atualmente o sistema da seguridade social é administrado

por três Ministérios diferentes, todos eles independentes entre si, sendo eles o Ministério da

Saúde, o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome, cada um articulando políticas públicas específicas, mas não interligadas.

Esta conduta acabou dificultando a formação de uma identidade na área social, com

um único ministério, e uma verdadeira integração entre as políticas públicas de saúde,

previdência e assistência, formando uma rede de proteção social aos cidadãos, o que explica

hoje as repercussões negativas, muitas vezes em razão das práticas que são isoladas.

Neste sentido destaca-se inclusive a briga por recursos entre as três áreas:

Ocorre que cada um dos setores da seguridade social atua de modo

autônomo defronte aos demais e o que se verifica, desde a instauração do

modelo constitucional de 1988, é a disputa acirrada de recursos. Como a

previdência social é aquele setor que já tem contas certas para pagar (o

montante dos benefícios concedidos), acaba absorvendo a maior parte dos

recursos, quedando as sobras para os setores de saúde e de assistência social.

(BALERA, 2010, p. 191).

Assim, é fácil perceber a necessidade de uma abordagem sistêmica da seguridade

social, com a interlocução entre as três áreas, para a criação de políticas que se interliguem,

iniciando-se pelas demandas de saúde preventiva, promoção e recuperação, posteriormente

com a participação da assistência social, realizando o acompanhamento dos que necessitarem

de auxílio do Estado, para que somente após ocorra a utilização da previdência social, com a

concessão de benefícios.

Conforme o pacto político de 1988, o Estado tem o dever de garantir o mínimo a

população, e este mínimo deve seguir a partir da saúde, pois com a população saudável as

demandas nas demais áreas tendem a diminuir e o progresso do país aumentar:

A seguridade social é parte integrante da ciência política que mediante a

utilização de instrumentos próprios atenderá as necessidades de saúde,

assistência social e previdência social, buscando a defesa e a constante busca

da paz e do progresso da sociedade através do bem-estar individual dos seus

membros. O Estado, ao organizar a seguridade social, deve se ocupar do

estabelecimento da tutela de base. E na busca desta tutela de base deve

estabelecer o mínimo social nacional. Deixando livre e facultado aos

membros da sociedade a atuação visando à complementação da proteção de

base que é dever do Estado. (HORVATH JÚNIOR, 2014, p. 120-121).

O debate entre as redes de proteção é algo que está intimamente ligado a própria

ideia de seguridade social, que se fosse obediente à sua vocação constitucional, deveria atuar

como sistema, vale dizer, como um conjunto harmônico e integrado de ações, na busca do

bem-estar da coletividade.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir com base no estudo realizado que o problema pertinente ao uso de

drogas no Brasil, já extrapolou os contornos do subsistema da saúde, causando agora

prejuízos também para a previdência social.

Os dados levantados demonstram o total descompasso de políticas públicas de

seguridade social, no combate ao uso de drogas no país, pois não existe nenhuma medida

adotada pelo governo para combater tal problema interligando as três redes de proteção.

Desta forma, o ideal de justiça e bem-estar social previsto no texto constitucional de

1988 está longe de ser alcançado, ferindo-se assim o desiderato de proteção integral da pessoa

humana, perseguido pela seguridade social, fato que necessita de urgente revisão dos gestores

públicos.

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