a saúde humana e a amazônia no século xxi

18
77 Novos Cadernos do NAEA/UFPA, 9(1):77-94, jun. 2006. ISSN 1516-6481. A SAÚDE HUMANA E A AMAZÔNIA NO SÉCULO XXI: REFLEXÕES SOBRE OS OBJETIVOS DO MILÊNIO Hilton P. Silva Resumo A Amazônia, além de um vasto e complexo ecossistema, é também o habitat de um considerável contingente populacional humano. Embora grande parte desse contingente esteja concentrada nas áreas urbanas, milhões de pessoas vivem nas áreas rurais. Essas populações incluem os diversos grupos indígenas, as populações caboclas, os quilombolas e os imigrantes recentes da várias partes do país. Pouco ainda se conhece sobre esses grupos, e menos ainda sobre sua situação de saúde e saneamento ambiental. Este artigo faz uma síntese dos principais desafios para a saúde das populações amazônicas e apresenta exemplos da precária situação de alguns grupos rurais. Observa-se que nesta região não será possível atingir os Objetivos do Milênio dentro dos prazos estabelecidos, e apresentam-se algumas propostas de políticas públicas na área de saúde e meio ambiente que, caso venham a ser implementadas, poderão, no futuro, melhorar as condições de saúde das populações amazônicas e, simultaneamente, promover a proteção do meio ambiente. Palavras-chave: meio ambiente, Brasil, saúde, caboclos, Pará.

Upload: szanini

Post on 19-Oct-2015

13 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 77

    Novos Cadernos do NAEA/UFPA, 9(1):77-94, jun. 2006. ISSN 1516-6481.

    A SADE HUMANA E A AMAZNIA NO SCULO XXI:

    REFLEXES SOBRE OS OBJETIVOS DO MILNIO Hilton P. Silva

    Resumo A Amaznia, alm de um vasto e complexo ecossistema, tambm o habitat de um

    considervel contingente populacional humano. Embora grande parte desse contingente

    esteja concentrada nas reas urbanas, milhes de pessoas vivem nas reas rurais. Essas

    populaes incluem os diversos grupos indgenas, as populaes caboclas, os quilombolas e

    os imigrantes recentes da vrias partes do pas. Pouco ainda se conhece sobre esses grupos,

    e menos ainda sobre sua situao de sade e saneamento ambiental. Este artigo faz uma

    sntese dos principais desafios para a sade das populaes amaznicas e apresenta

    exemplos da precria situao de alguns grupos rurais. Observa-se que nesta regio no

    ser possvel atingir os Objetivos do Milnio dentro dos prazos estabelecidos, e

    apresentam-se algumas propostas de polticas pblicas na rea de sade e meio ambiente

    que, caso venham a ser implementadas, podero, no futuro, melhorar as condies de sade

    das populaes amaznicas e, simultaneamente, promover a proteo do meio ambiente.

    Palavras-chave: meio ambiente, Brasil, sade, caboclos, Par.

  • 78

    Abstract

    The Amazon region is known for its vastness and complex ecosystem. Nevertheless,

    this area is also the habitat of a considerable human contingent. Even though a large part of

    this population is concentrated in the urban areas, millions of people also live in the rural

    areas. These populations include several indigenous groups, traditional populations such as

    the caboclos and the quilombolas, and recent immigrants from several parts of Brazil.

    However, little is still known about these groups and even less about their health and

    environmental sanitation situation. This article provides an overview of some of the major

    challenges to the health of the Amazon populations and presents examples of the precarious

    situation of some rural groups. It is shown that in this region it will not be possible to reach

    the Millenium Objectives in the currently proposed timeframe, and some proposals for

    public policies in the areas of health and the environment are presented which, if

    implemented, will improve the health of the Amazonian populations and help to

    simultaneously promote environmental protection.

    Key-words: environment, Brazil, health, caboclos, Par.

  • 79

    INTRODUO

    Discutir perspectivas sobre as complexas relaes entre meio ambiente e sade na

    Amaznia um enorme desafio que, porm, jamais deixa de ser fascinante e necessrio.

    Quando se trata da Amaznia, nada simples como pode parecer primeira vista, por isso,

    sero abordados neste artigo apenas alguns aspectos considerados fundamentais para a

    reflexo sobre a rea da sade, se queremos ter no horizonte futuro da Amaznia um

    desenvolvimento socioeconmico com bases minimamente sustentveis.

    Qualquer viajante na Amaznia percebe facilmente as grandes disparidades em

    termos de acesso aos servios bsicos de infra-estrutura, como saneamento ambiental1,

    atendimento de sade, e servios de tratamento de gua, entre as reas urbanas e as reas

    rurais da regio. Infelizmente, essa realidade mudou pouco e muito lentamente nas ltimas

    dcadas (COUTO et al., 2002; JATENE et al., 1993). Garantir o acesso a tais servios para

    a maioria da populao continua a ser um dos maiores desafios das polticas pblicas para

    esta parte do Brasil (SILVA, 2004a).

    Complexidade e diversidade so as caractersticas fundamentais da regio

    amaznica. A Amaznia legal brasileira formada por nove Estados, ocupa 61% do

    territrio nacional e tem 12.5% do contingente populacional do pas. So mais de cinco

    milhes de quilmetros quadrados de terras e guas. Na Amaznia encontra-se a maior

    biodiversidade da terra, quase um tero da variabilidade gentica estimada do planeta, a

    maior sociodiversidade da humanidade, as principais reservas estratgicas superficiais de

    gua doce e algumas das maiores, e ainda intocadas, reservas de minerais estratgicos do

    mundo.

    Quantos pases cabem na Amaznia? E quantas etnias e culturas? Com alguma

    licena potica, na Amaznia cabe quase o mundo inteiro. O problema que, se muito se

    conhece sobre outros pases e culturas do resto do mundo, muito pouco ainda se sabe sobre

    esse mundo que a Amaznia.

    Por exemplo, h muito se fala, escreve, filma, fotografa e documenta de vrias

    formas a enorme biodiversidade e a importncia ecolgica da Amaznia para o planeta; no

    1 O Ministrio das Cidades tem recomendado o uso da expresso saneamento ambiental em vez de saneamento bsico.

  • 80

    entanto, nessas expresses todas, destaca-se a pouca importncia dada ao homem e

    mulher amaznicos. E, quando eles aparecem, so tratados como parte da paisagem natural,

    ou caracterizados como agressores eternos do meio ambiente. Ambas as formas de

    representao so incorretas e perpetuam mitos como o do bom selvagem ou o do

    conflito insolvel entre o ser humano e a natureza. Freqentemente, quando se trata de

    populaes no-amerndias, a mensagem, equivocada, a de que determinados setores,

    como os imigrantes, o campesinato rural, ou determinados movimentos sociais so

    eternamente nocivos ao meio ambiente; omite-se, ou ignora-se, o fato de que essas

    populaes so, tambm, detentoras e guardis de vasto conhecimento ecolgico, advindo

    de sculos de vivncia na regio (CUNHA; ALMEIDA, 2002; DIEGUES, 2000; LISBOA,

    2002; MORN, 1981, 1983).

    A bioantropologia encarregou-se, h dcadas, de demonstrar a falcia que tentar

    separar o ser humano do seu meio ambiente ecolgico (BAKER; LITTLE, 1976;

    KORMONDY; BROWN, 2001). Nos ltimos milhes de anos, os seres humanos e seus

    antepassados contriburam de forma decisiva para o surgimento e a manuteno de muitos

    dos ecossistemas naturais existentes hoje, inclusive a Amaznia (BENCHIMOL, 1998;

    DENEVAN, 2002; HECKENBERGER et al., 2003). Portanto, desconsiderar os seres

    humanos em qualquer aspecto da discusso ambiental uma grande insensatez. Felizmente,

    h setores da sociedade, entre os quais algumas organizaes no-governamentais (ONGs) -

    ainda que poucas - e reas do governo federal, dos governos estaduais e municipais que j

    apresentam uma perspectiva mais avanada sobre a relao entre os seres humanos e o

    meio ambiente. Esse movimento est cada vez mais forte no Brasil (ALIER, 1998;

    FATHEUER et al., 1998). No entanto, dadas dificuldades enfrentadas pela maioria dos

    amaznidas, os desafios ainda so enormes.

    OS PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A SADE NA AMAZNIA

    A transio socioecolgica e a carga dupla de doenas

    Enquanto j se nota alguma predisposio da comunidade acadmica e da mdia

    para incluir os seres humanos na equao ecolgica, faltam ainda dados que permitam essa

    incluso de forma correta com seus efeitos calibrados e concretamente avaliados. Embora a

  • 81

    Amaznia Legal tenha o maior contingente populacional rural do pas, pouco se sabe sobre

    a diversidade sociocultural dessas populaes, e muito menos conhecido sobre sua

    situao de sade. Os principais esforos de pesquisas tm se concentrado em duas grandes

    vertentes: as capitais e outras reas urbanas, como Belm, Santarm, Manaus, Boa Vista e

    Rio Branco, e as populaes indgenas. Nessas duas frentes, muito embora o quadro esteja

    ainda incompleto, j h um acmulo considervel de informaes sobre sade e condies

    de vida das populaes, como pode ser visto nos dados do DATASUS, do Ministrio da

    Sade (BRASIL, 2005) e em publicaes nacionais e internacionais (COIMBRA JR. et al.,

    2003; COUTO et al., 2002; JATENE et al., 1993).

    No entanto, h um outro segmento da populao amaznica sobre o qual

    conhecemos menos ainda: o campesinato (as populaes rurais no-indgenas, caboclos e

    ribeirinhos). Esse segmento, que o antroplogo britnico Stephen Nugent chama de

    populao invisvel (NUGENT, 1993), permanece no limbo cientfico (SILVA, 2001).

    Como resultado, um percentual expressivo da populao da regio simplesmente ignorado

    pelas estatsticas oficiais. Como ocorria h cem ou duzentos anos, milhares de pessoas

    continuam a nascer e a morrer nos rinces amaznicos todos os anos sem que o poder

    pblico tome conhecimento de sua existncia. Alm disso, enquanto a era da tecnologia

    leva o telefone celular e a televiso a quase todos os cantos da regio, a Amaznia continua

    a apresentar o segundo mais alto ndice do pas de mortes por causas mal definidas, isto

    , no identificadas pelo mdico que assinou o atestado de bito (CFM, 2005; JATENE et

    al., 1993), perdendo apenas para alguns dos estados do Nordeste. Isto indica que essas

    pessoas morrem antes de conseguir acesso a qualquer tipo de assistncia mdica.

    Em geral, apesar de alguns avanos nas ltimas dcadas, os dados disponveis sobre

    a sade no Brasil ainda deixam muito a desejar. Porm, as informaes existentes

    compem, para a Amaznia em particular, um quadro bastante preocupante. Embora

    muitos dos indicadores epidemiolgicos e sociodemogrficos tradicionais (mortalidade

    infantil e materna, expectativa de vida ao nascer, cobertura vacinal da populao,

    longevidade, status nutricional, acesso educao bsica etc.) tenham apresentado no pas

    melhoras nos ltimos vinte anos (IBGE, 2004; OPAS, 2002), na Amaznia, os avanos,

    quando ocorrem, tm sido bem mais lentos e irregularmente distribudos, privilegiando,

    invariavelmente, os principais centros urbanos da regio, em detrimento do grande

  • 82

    contingente populacional das zonas rurais (BRASIL, 2004a; COSTA et al., 1993;

    FERREIRA et al., 2000; OPAS, 2002; SILVA, 2004a, 2004b).

    Dados dos ltimos documentos do Observatrio da Cidadania do Par (FAOR,

    2003a) mostram que, na maior bacia hidrogrfica do planeta, apenas 42% dos domiclios (e

    apenas em reas urbanas) tm abastecimento regular de gua. Essa informao ganha

    relevncia quando confrontada com os dados da Organizao Mundial da Sade (OMS),

    que demonstram que as doenas de veiculao hdrica so responsveis por 65% das

    internaes hospitalares de crianas at 10 anos de idade e por 80% das enfermidades que

    ocorrem nos pases em desenvolvimento (RIBEIRO; MARIN, 2002; WHO, 2000). Para

    usar um exemplo paraense, o trabalho de Silva (2001, 2003, 2006) em populaes

    ribeirinhas do mdio rio Amazonas mostra a relao existente entre fonte de gua para

    consumo domstico e prevalncia de mltiplas parasitoses intestinais (ver Tabela 1).

    Estudos em outras populaes da Amaznia tm demonstrado, tambm, nveis superiores a

    20% de poliparasitismo intestinal (DIAS et al., 1982; FERRARONI et al., 1979; IEC,

    2000), o que refora a relao entre acesso a saneamento ambiental e incidncia de

    parasitoses intestinais.

    Tabela 1: Percentagem de indivduos infectados com parasitas intestinais em trs populaes ribeirinhas. Caxiuan Aracampina Santana Parasitas % da populao % da populao % da populao

    Ascaris lumbricoides 57.8 13.8 6.1 Strongyloides stercoralis 5.2 0.0 0.6 Tricocephalus trichiurus 18.1 0.0 0.0 Ancylostoma duodenale 19.8 6.5 5.2

    Enterobius vermicularis 0.0 0.8 0.2 Escherichia coli 16.4 1.1 0.0 Entamoeba histolytica 31.0 30.1 48.7 Giardia lamblia 5.2 39.8 25.4 Endolimax nana 37.1 0.0 13.1 Blastocistis hominis 20.4 21.1 6.7

    Mltiplos parasitas 43.0 37.0 20.8 Fonte: SILVA (2001, 2006).

  • 83

    Nas trs populaes apresentadas na Tabela 1 no h saneamento ambiental ou

    acesso gua encanada, e as famlias dependem dos rios e crregos, como fonte de gua

    para todos os usos domsticos (SILVA, 2001). Como descrito naquele trabalho, embora as

    trs populaes sejam rurais e no tenham acesso a saneamento ambiental, as duas

    populaes em situao socioecolgica mais vulnervel Caxiuan e Aracampina

    apresentam, em mdia, maior prevalncia de parasitoses intestinais.

    O Observatrio da Cidadania do Par (FAOR, 2003a) aponta, ainda, que apenas

    6,5% dos domiclios no Par, aproximadamente, esto ligados a redes de esgotos. O quadro

    das indstrias, provavelmente, no em nada melhor. Na regio norte como um todo,

    menos de 20% dos domiclios esto conectados a redes de esgotos. Um provvel efeito

    disso que, de acordo com estimativas recentes, grande parte das fontes de captao de

    gua para consumo humano est contaminada com poluentes de diversos tipos, de fezes

    humanas a metais pesados (COUTO et al., 2002; LISBOA, 2002).

    Em termos de ndice de Desenvolvimento Humano (IDH), taxas de analfabetismo,

    proporo de pobres na populao, mortalidade infantil, mortalidade perinatal e

    mortalidade materna, os estados da Amaznia apresentam dados melhores apenas que os

    dos estados mais pobres do Nordeste (BRASIL, 2004a; COUTO et al., 2002; FAOR,

    2003b; UFRGS; UFPA; PUC-Minas; PNUD; IDHS, 2004). Tomando-se como exemplo o

    Estado do Par, de acordo com o Mapa da Fome (FGV, 2001), o IBGE estima que 41% dos

    cerca de 6 milhes de habitantes do Estado so indigentes. Entre a rea urbana e a rea

    rural, so cerca de 2,5 milhes de pessoas nessa situao. Entre os principais plos de

    pobreza esto Ananindeua, Marituba e Santa Brbara, alm da periferia de Belm, a cidade

    com a maior proporo de favelados do Brasil segundo o IBGE. O Par recordista em

    utilizao de trabalho escravo no Brasil; quase 2000 pessoas foram encontradas pelas

    autoridades nessa situao em 2002 (FAOR, 2003a). Os dados sobre a violncia no campo,

    o trabalho e a situao infantil so igualmente alarmantes. Outro dado grave que, de

    acordo com dados do SUS (BRASIL, 2004b), tanto na cidade quanto no campo elevado o

    ndice de gravidez na adolescncia, fato que est diretamente ligado falta de acesso a

    informaes bsicas em sade, baixa escolaridade das meninas e dos meninos, ausncia

    de opes de lazer e trabalho e falta de redes de suporte institucional.

  • 84

    De acordo com dados do Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF) e do

    Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ainda muito elevado

    tambm o ndice de desnutrio infantil em toda a regio. Os trabalhos de Silva (2001,

    2002a) e do Programa Pobreza e Meio Ambiente (POEMA) da Universidade Federal do

    Par (UFPA) (relatrio no publicado) com algumas populaes ribeirinhas exemplificam

    isso. Conforme demonstrado na Tabela 2, que compara dados de trs populaes que vivem

    em diferentes reas geogrficas do Par, em mdia, at 50% das crianas investigadas

    apresentam algum grau de desnutrio quando comparadas com os dados de referncia

    internacionais.

    Tabela 2: Situao de trs populaes caboclas do Par em relao subnutrio, ao atraso agudo e ao atraso crnico de crescimento. Populao Grupo etrio Subnutrio % Atraso agudo de

    crescimento % Atraso crnico de crescimento %

    Caxiuan* 0-10 57,2 34,8 79,6

    Ituqui* 0-10 49,3 26,6 72,1

    Praia Grande** 0-5 59,1 59,1 -

    Fontes: *SILVA (2001); **dados no publicados cedidos pelo POEMA/UFPA (1994).

    Do ponto de vista de outras minorias vulnerveis, uma situao crtica a dos

    remanescentes dos vrios quilombos espalhados pela Amaznia. Estimativas de

    organizaes no-governamentais apontam que em at 80% deles no h infra-estrutura de

    saneamento ambiental, unidades de sade ou escolas oficiais. O mesmo pode ser dito sobre

    centenas de vilas e povoados ribeirinhos da regio.

    As populaes no-indgenas e indgenas que vivem perto ou dentro de reas

    protegidas (florestas nacionais, parques nacionais, reas de proteo ambiental e outras

    unidades definidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC)) tambm se

    encontram geralmente em situao crtica, pois legalmente no podem explorar os seus

    recursos naturais tradicionais e, por seu isolamento, tampouco tm acesso aos mercados e

    aos bens e servios oferecidos pelo Estado em outras reas. A populao da Floresta

    Nacional de Caxiuan, por exemplo (Tabelas 1 e 2), tem os piores indicadores em relao

  • 85

    desnutrio e prevalncia de parasitoses intestinais, alm de cries, dermatites, diarrias e

    infeces respiratrias (SILVA, 2001, 2002a, 2003, 2006).

    Em relao s doenas infecciosas mais graves, em toda a Amaznia, a malria, as

    hepatites virais, a hansenase, a tuberculose, a leishmaniose, a dengue e mais recentemente

    a AIDS continuam a ser grandes desafios para a sade pblica. H na regio uma incidncia

    de malria maior que a de muitos pases da frica subsaariana; a hansenase, a dengue, a

    leishmaniose e a tuberculose ainda so endemias prevalentes, e pouco se sabe sobre a

    situao da sorologia das hepatites virais e do HIV, especialmente entre populaes rurais

    (SILVA, 2002b, 2004b). No caso da malria, em muitas regies, seus nmeros continuam a

    crescer, sendo as cepas multirresistentes de Plasmodium falciparum cada vez mais

    freqentes (UNEP, 2003). No caso particular da infeco pelo HIV, a tendncia nacional

    aponta para a feminizao, a pauperizao e a interiorizao cada vez maiores da epidemia,

    que afeta indivduos nos segmentos adultos mais jovens da populao, principalmente na

    faixa dos 15 aos 25 anos de idade (BRASIL, 2004b; BRITO et al., 2000; GUIMARES,

    2001; SILVA, 2002b). Com a confirmao dessa tendncia, os efeitos da infeco pelo HIV

    sero catastrficos nas populaes rurais, j to sofridas e desassistidas em termos de

    sade.

    Por outro lado, estudos tm demonstrado o surgimento do que a OMS chama de

    double burden (ou carga dupla): o quadro epidemiolgico apresenta ainda altas taxas de

    doenas infecciosas, mas comeam a emergir, em nmeros cada vez maiores, as doenas

    crnico-degenerativas, como a hipertenso arterial, o diabetes, a obesidade e o cncer, que

    j esto entre as principais causas de morte nos estados da Amaznia (BRASIL, 2004a;

    SILVA 2004a). Por exemplo, comparando os nveis de presso arterial e a prevalncia de

    doena hipertensiva nas trs populaes ribeirinhas do mdio rio Amazonas apresentadas

    nas tabelas anteriores (Caxiuan, Aracampina e Santana), pode-se ter uma idia da

    dinmica da carga dupla nas populaes amaznicas.

    Nos trs grupos investigados, alm da alta prevalncia de parasitoses intestinais,

    doenas respiratrias agudas, cries, dermatites e outras doenas infecciosas agudas (as trs

    reas so relativamente livres de malria) (SILVA, 2001), comea a haver, tambm, um

    aumento nos nveis de presso arterial, especialmente entre as mulheres. Cerca de 20% dos

    homens e de 25% das mulheres nas trs comunidades apresentam nveis pressricos

  • 86

    elevados (PA 140/90 mmHg em duas medies consecutivas em perodos diferentes

    (STEIN, 1994)). Aproximadamente 60% dos hipertensos so mulheres, e 28% so pessoas

    com menos de 45 anos de idade (SILVA et al., 2006). Apenas uma pessoa estava em

    tratamento com anti-hipertensivos na poca do estudo.

    Em relao obesidade (ndice de Massa Corporal 30), a prevalncia entre os

    homens de 18.9%, 22.9% e 20.8% em Caxiuan, Aracampina e Santana respectivamente.

    Mulheres obesas representam 11.1%, 38.6%, e 44.6% respectivamente, nos trs grupos

    (SILVA, 2001).

    Apesar da amostra quantitativamente limitada, os ndices de hipertenso e obesidade

    nesses trs grupos so maiores que os de outras populaes rurais j investigadas na regio

    (SILVA et al., 1995; SILVA; ECKHARDT, 1994) e similares aos de populaes de

    grandes reas urbanas do Brasil e do mundo (DRESSLER; SANTOS, 2000; FEIJO et al.,

    2005; MONTEIRO et al., 2000; YUSUF et al., 2001), o que deve fazer soar um alerta para

    os potenciais custos humanos, sociais e econmicos acarretados pela carncia de polticas

    pblicas de sade solidamente embasadas em dados de campo regionalizados, que

    considerem a complexidade das mudanas socioecolgicas em curso na Amaznia.

    Alm da dificuldade de obteno de informaes confiveis sobre as reas rurais,

    em geral, a qualidade dos dados em sade disponveis no Brasil um outro grave problema

    epidemiolgico a resolver. Por exemplo: em 1997, o Ministrio da Sade estimava a

    mortalidade infantil no pas em 16,6/1000 nascimentos, enquanto o IBGE a estimava em

    36,2/1000, mais que o dobro. Ainda hoje, cerca de 25% dos bitos registrados (quase 40%

    no Maranho) resultam de causas mal definidas ou no diagnosticadas (CFM, 2005).

    Como dito anteriormente, na Amaznia rural, milhares ainda nascem e morrem sem

    qualquer atestado da sua existncia. Essa situao no mudou em vrias dcadas (JATENE

    et al., 1993) e , provavelmente, a maior demonstrao da falta de Cidadania que atinge a

    maioria dos amaznidas.

    A questo da carncia de profissionais

    Uma outra questo fundamental a ser resolvida a carncia de profissionais de

    sade na regio. Os dados disponveis (DUARTE et al., 2002; BRASIL, 2004a;)

  • 87

    demonstram que h uma grande concentrao de recursos materiais e de profissionais da

    sade nas capitais e nas maiores cidades dos estados do Norte, e carncias em outras reas,

    havendo ainda municpios onde, mesmo na rea urbana, a assistncia bsica sade

    extremamente precria ou inexistente (FAOR, 2003a). Essa m distribuio de recursos

    humanos, e tambm materiais, avilta a situao dos profissionais da regio. Em funo da

    competio, so obrigados a trabalhar por baixos salrios e em condies freqentemente

    precrias nos principais centros urbanos alis, uma situao que se repete nas grandes

    cidades em todo o Brasil. J nas reas rurais, as prefeituras tm de oferecer salrios

    altssimos (e muitas vezes inviveis de manter a mdio prazo) para tentar fixar os

    profissionais nas menores localidades, onde as condies infra-estruturais, como acesso a

    transporte, mtodos diagnsticos, leitos para internao, salas para cirurgia, e insumos para

    tratamento so, via de regra, insuficientes, o que dificulta sobremaneira a atuao dos

    poucos profissionais que se dispem a trabalhar nesses locais.

    Alm disso, os dados mais recentes disponveis no Conselho Federal de Medicina

    (CFM, 1998) demonstram que o nmero de profissionais em diversas especialidades na

    regio insuficiente para atender as demandas. Essa situao gerou o aparecimento, no

    mercado, especialmente no interior, de mdicos provenientes de outros pases da Amrica

    do Sul, muitos com formao de qualidade duvidosa, o que coloca em risco a populao

    atendida.

    Por outro lado, atualmente, a formao curricular dos profissionais da sade,

    baseada grandemente na dependncia de equipamentos de alta tecnologia para diagnsticos,

    custosos equipamentos e insumos para tratamento (ARRUDA, 2001), dificulta a captao e

    a reteno dos profissionais na rea rural e nas pequenas cidades do interior, onde esses

    recursos so escassos. Por isso, alm de mudanas da infra-estrutura e das polticas de

    sade ora vigentes, um aspecto fundamental para a mudana das condies de sade das

    populaes amaznicas o planejamento e a implementao de uma ampla reforma nos

    currculos da rea de sade da regio. necessria uma real transformao conceitual e

    prtica, visando formar profissionais que compreendam a realidade amaznica, capazes de

    atuar de maneira segura e eficaz dentro dessa realidade, engajados, e que no tenham receio

    de encarar os desafios dos politraumatizados urbanos, nem de conduzir com confiana as

    equipes do Programa Sade da Famlia (PSF) nos rinces regionais.

  • 88

    CONSIDERAES FINAIS

    Em abril de 2005, foram lanadas no Brasil as dezoito Metas do Milnio da

    Organizao das Naes Unidas (ONU) e os oito Objetivos do Milnio, do PNUD. Os

    objetivos so: erradicao da pobreza extrema e da fome; universalizao do acesso

    educao primria; promoo da igualdade entre os gneros; reduo da mortalidade

    infantil; melhoria da sade materna; combate a AIDS, malria e outras doenas; promoo

    da sustentabilidade ambiental; organizao de parcerias para o desenvolvimento

    (http://www.objetivosdomilenio.org.br/ , acesso em 6/6/06). As Metas da ONU e os

    Objetivos do PNUD superpem-se consideravelmente, uma vez que ambas as propostas

    fazem parte de uma agenda socioeconmico-sanitrio-ambiental ampla, cujas razes esto,

    por exemplo, na Conferncia de Estocolmo, em 1972, na Agenda 21, que o principal

    documento resultante da Eco-92 no Rio de Janeiro (BRASIL, 2001), e na Agenda do

    Milnio da ONU. Um conjunto de documentos preparado por especialistas de vrias

    instituies brasileiras para o PNUD apresenta detalhadamente o quadro nacional para cada

    um dos objetivos e suas projees (UFRGS; UFPA; PUC-Minas; PNUD; IDHS, 2004). Em

    geral, o Brasil est bastante aqum do cumprimento da maioria das metas e objetivos, sendo

    a situao particularmente preocupante na Amaznia e no Nordeste, onde muitos objetivos

    e metas no sero alcanados em 20015, e nem nas prximas dcadas. Mas o que fazer

    diante da crescente situao adversa de sade, saneamento e degradao social e ecolgica

    do pas?

    As ligaes entre sade, qualidade de vida e qualidade do meio ambiente j so

    bastante conhecidas, a ponto de se tornarem hoje uma obviedade (UNEP, 2003). Os dados

    nacionais e internacionais ligando queimadas ao aumento de doenas respiratrias e cncer,

    os dados da Amaznia ligando alguns grandes projetos hidroeltricos e, mais recentemente,

    o avano da fronteira da soja ao aumento da malria e da dengue, os efeitos da poluio

    mercurial na cadeia alimentar das populaes ribeirinhas, o efeito da pobreza na

    degradao ambiental peri-urbana e rural so alguns dos exemplos mais graves das

    respostas ambientais influncia antrpica (CHIVIAN et al., 1994; COUTO, 2002;

    GRIFO; ROSENTHAL, 1997; PORTO; FREITAS, 2002; SILVA, 2004a, 2004b).

    Programas de compensao social, como o Bolsa Famlia, de sade pblica, como o

  • 89

    Programa de Agentes Comunitrios de Sade (PACS) e o Programa de Sade da Famlia

    (PSF), iniciativas como o SUS Verde (Projeto Amaznia Legal) (MACHADO, 2003), e

    mesmos possveis polticas de gerao de emprego e renda que venham a ser implantadas

    s funcionaro efetivamente para melhorar a qualidade de vida da populao se

    diagnosticarmos claramente os problemas com os quais estamos lidando, se

    compreendermos a enorme diversidade socioecolgica da Amaznia e se integrarmos as

    populaes locais elaborao e fiscalizao das polticas pblicas de sade e ambiente.

    Pessoas doentes e carentes, sem educao e sem expectativa de sobrevivncia, isto

    , sem Cidadania, so o resultado de um ambiente poltico e social altamente degradado, e

    no possvel esperar que em tais circunstncias o ambiente natural possa ser respeitado ou

    preservado. A Carta da Terra, aprovada em 2000, em Paris, aponta isso claramente quando

    clama, em seus quatro princpios centrais, pela indissociabilidade da relao entre as

    polticas sociais (justia social e econmica, democracia, no-violncia e paz, respeito e

    cuidado da comunidade de vida) e a qualidade do meio ambiente (integridade ecolgica).

    No campo propositivo, pelo menos quatro iniciativas so necessrias para promover

    a melhoria da qualidade de vida e de sade das populaes amaznicas:

    a) reforo da vigilncia epidemiolgica, sanitria e ambiental, com maior

    participao popular e maior integrao entre os mltiplos agentes regionais, para

    a gerao de dados globais e confiveis sobre as realidades da regio;

    b) aumento dos investimentos em cincia, tecnologia, formao e capacitao

    continuada de recursos humanos, para o desenvolvimento de infra-estrutura,

    estratgias e programas baseados nas realidades regionais, voltados para as

    questes de sade, meio ambiente e desenvolvimento socioeconmico com bases

    ambientalmente sustentveis;

    c) aumento da interao, em todas as esferas e nveis de governo, entre as

    instituies pblicas e privadas regionais que lidam com a sade, com o meio

    ambiente e com polticas pblicas, visando compreender melhor a dinmica das

    relaes sade-doena-meio ambiente, em particular no que concerne s doenas

    emergentes e reemergentes;

    d) desenvolvimento de indicadores de sade e ambiente simples e mensurveis, que

    levem em considerao as especificidades microrregionais e a capacidade de

  • 90

    participao das comunidades na coleta e na utilizao das informaes geradas

    local e regionalmente.

    A Organizao Panamericana de Sade estima que, para cada R$ 1,00 investido em

    saneamento ambiental, so economizados R$ 4,50 em servios de sade. Mas o quanto esse

    investimento significa em termos de vidas humanas salvas e de preservao dos

    mananciais, das florestas e da biodiversidade ainda no pode ser calculado. A Amaznia,

    como um dos muitos Brasis, marcada por uma enorme diversidade ambiental, social,

    econmica e cultural. Dados os inmeros dilemas impostos pelo gigantismo da regio e

    pela prpria ameaa soberania nacional, resultantes de descasos histricos e de

    estratgias geopolticas recentes, apontados por alguns autores (CABRAL, 1999;

    CARVALHO, 2004; GASPARINI, 2005; MATTOS, 2005), o principal desafio para a

    sociedade brasileira no sculo XXI decidir como lidar com a megadiversidade que

    herdamos, em todas as suas mltiplas dimenses.

  • 91

    Referncias

    ALIER, J. M. Da economia ecolgica ao ecologismo popular. Blumenau: Editora da FURB, 1998. ARRUDA, B. K. G. (Org.). A educao profissional em sade e a realidade social. Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), Ministrio da Sade, 2001. BAKER, P. T.; LITTLE, M. A. Man in the Andes. Stroudsburg: Dowden, Hutchison, and Ross, Inc., 1976. BENCHIMOL, S. Os ndios e os caboclos da Amaznia: uma herana cultural-antropolgica. Amaznia, Belm, n. 1, p. 98-112, 1998. BRASIL. Ministrio da Sade. Indicadores e Dados Bsicos para a Sade no Brasil (IDB). Braslia, DF, 2004a. BRASIL. Ministrio da Sade. Programa Nacional de DST e AIDS. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2004b. BRASIL. Ministrio da Sade. DATASUS. Disponvel em: . Acesso em: 14 mai. 2005. BRASIL. Senado Federal. Agenda 21: Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Braslia, DF, 2001. BRITO, A. M.; CASTILHO, E. A.; SZWARCWALD, C. L. Aids e infeco pelo HIV no Brasil: uma epidemia multifacetada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 34, n. 2, p. 207-217, 2000. CABRAL, B. A problemtica da Amaznia Brasileira. Revista do Clube Militar, Rio de Janeiro, n. 363, p. 5-7, 2005. CARVALHO, A. D. Amaznia: preocupaes, presses... hora de novas campanhas. Poltica e Estratgia Brasileira de Defesa, Segurana e Desenvolvimento, Rio de Janeiro, n. 232, p. 34-36, 2004. CFM (Conselho Federal de Medicina). Atestado de bito. Medicina CFM, Braslia, n. 152, p. 22, 2005. CFM (Conselho Federal de Medicina). Os mdicos e a sade no Brasil. Braslia: Conselho Federal de Medicina, 1998. CHIVIAN, E.; MCCALLY, M.; HU, H.; HAINES, A. (Ed.). Critical Condition: Human Health and the Environment. Cambridge: The MIT Press, 1994. COIMBRA JR., C. E. A.; SANTOS, R. V.; ESCOBAR, A. L. Epidemiologia e sade dos povos indgenas no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz/Abrasco, 2003. COSTA, H. L. C.; SANTANA, J. M. C.; MOURA, E. A. F.; FERREIRA, E. A. P.; MAIA, M. L. S. Polticas pblicas, desigualdades sociais e crianas no Amazonas. Belm: UNAMAZ, FUA, UFPA, 1993 (Srie Pobreza e Meio Ambiente na Amaznia, 5). COUTO, R. C.; CASTRO, E. R.; MARIN, R. A. (Org.). Sade, trabalho e meio ambiente: polticas pblicas na Amaznia. Belm: NAEA, 2002. CUNHA, M. C.; ALMEIDA, M. B. (Org.). Enciclopdia da Floresta. O Alto Juru: prticas e conhecimentos das populaes. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2002. DENEVAN, W. M. Cultivated Landscapes of Native Amaznia and the Andes. Oxford: Oxford University Press, 2002. DIAS, L. C. S.; FILHO, J. D.; PAES, M. G.; FARIAS, A. N.; AGUIAR, J. C. S. Prevalncia de parasitas intestinais em habitantes do rio Negro, Estado do Amazonas, Brasil. Acta Amaznica, Manaus, v. 12, n. 1, p. 65-70, 1982.

  • 92

    DIEGUES, A. C. (Org.). Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. So Paulo: NUPAUB, PROBIO, CNPq, 2000. DRESSLER, W. W.; SANTOS, J. E. Social and cultural dimensions of hypertension in Brazil: a review. Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 303-315, 2000. DUARTE, E. C.; SCHNEIDER, M. C.; PAES-SOUSA, R.; RAMALHO, W. M.; SARDINHA, L. M. V.; JNIOR, J. B. S.; CASTILLO-SALGADO, C. Epidemiologia das desigualdades em sade no Brasil: um estudo exploratrio. Braslia: Organizao Panamericana de Sade, 2002. FAOR (Frum da Amaznia Oriental). Observatrio da cidadania do Par: polticas pblicas e controle popular. Belm, 2003a. FAOR (Frum da Amaznia Oriental). Disponvel em: . Acesso em: 23 nov. 2003b. FATHEUER, T.; ARROYO, J. C.; MACHADO, J. A. C. Amaznia: estratgias de desenvolvimento sustentvel, uma colaborao para a elaborao de planos de desenvolvimento e Agenda 21. Belm: FASE, DED, FAOR, FETAGRI, NAEA/UFPA, UNIPOP, MPST, CPT, CDG, 1998. FEIJO, A. M. M.; GADELHA, F. V.; BEZERRA, A. A.; OLIVEIRA, A. M.; SILVA, M. S. S.; LIMA, J. W. O. Prevalncia de excesso de peso e hipertenso arterial em populao urbana de baixa renda. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, So Paulo, v. 84, n. 1, p. 29-33, 2005. FERRARONI, M. J. R.; FILHO, M. M.; FERRARONI, J. J. Parasitas intestinais numa populao humana da cidade de Nova Olinda do Norte, Amazonas. Acta Amazonica, Manaus, v. 9, n. 4, p. 657-659, 1979. FERREIRA, F. H. G.; LANJOUW, P.; NRI, M. A new poverty profile for Brazil using PPV, PNAD and Census data. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2005. FGV (Fundao Getlio Vargas). Mapa da fome no Brasil. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 2001. GASPARINI, F. O cerco Amaznia. PensarBrasil, Rio de Janeiro, n. 4, p. 7-14, 2005. GRIFO, F.; ROSENTHAL, J. (Ed.). Biodiversity and Human Health. Washington, DC: Island Press, 1997. GUIMARES, C. D. Aids no feminino: por que a cada dia mais mulheres contraem AIDS no Brasil? Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2001. HECKENBERGER, M. J.; KUIKURO, A.; KUIKURO, U. T.; RUSSELL, J. C.; SCHMIDT, M.; FAUSTO, C.; FRANCHETTO, B. Amazonia 1492: Pristine Forest or Cultural Parkland? Science, Washington, v. 301, n. 5640, p. 1710-1714, 2003. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Pesquisa de oramentos familiares 2002-2003: anlise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil. Rio de Janeiro, 2004. IEC (Instituto Evandro Chagas) Trabalho de campo em Sade Humana e Ambiente nas comunidades da Flona-Caxiuan, Melgao-PA. Relatrio. Belm, 2000. JATENE, S. R.; BRITTO, R. C.; MOURA, E. A. F.; S, E. V.; DINIZ, A. A meia-vida da criana na Amaznia. Belm: UNAMAZ, UFPA, 1993 (Srie Pobreza e Meio Ambiente na Amaznia, 3). KORMONDY, E. J.; BROWN, D. R. Fundamentos de ecologia humana. So Paulo: Atheneu, 2001.

  • 93

    LISBOA, P. L. B. (Org.). Natureza, homem e manejo de recursos naturais na regio de Caxiuan, Melgao, Par. Belm: Museu Paraense Emlio Goeldi/MCT, 2002. MACHADO, K. O SUS Verde, construindo uma agenda de sade para a Amaznia Legal. RADIS, Rio de Janeiro, n. 14, p. 8-11, 2003. MATTOS, C. M. A internacionalizao da Amaznia. Revista do Clube Militar, Rio de Janeiro, n. 416, p. 15, 2005. MONTEIRO, C. A.; BENCIO, D. A.; CONDE, W. L.; POPKIN, B. M. Shifting obesity trends in Brazil. European Journal of Clinical Nutrition, Amsterd, 54, p. 342-346, 2000. MORN, E. F. (Ed.). Developing the Amazon. Bloomington: Indiana University Press, 1981. MORN, E. F. (Ed.). The Dilemma of Amazonian Development. Boulder: Westview, 1983. NUGENT, S. Amazonian Caboclo Society: an essay on invisibility and peasant economy. Oxford: Berg, 1993. OPAS (Organizao Pan-Americana de Sade). Rede Interagencial de Informaes para a Sade (RIPSA). Indicadores bsicos para a sade no Brasil: conceitos e aplicaes. Braslia, 2002. PORTO, M. F. S.; FREITAS, C. M. (Ed.). Problemas ambientais e vulnerabilidade: abordagens integradoras para o campo da sade pblica. Rio de Janeiro: CESTH/ENSP/FIOCRUZ, 2002. RIBEIRO, K. T. S.; MARIN, R. E. A questo ambiental da gua e a interface na sade humana. In: COUTO, R. C.; CASTRO, E. R.; MARIN, R. A. (Org.). Sade, trabalho e meio ambiente: polticas Pblicas na Amaznia. Belm: NAEA/UFPA, 2002. p.147-178. SILVA, H. P. Scio-ecologia da Sade e Doena: Os Efeitos da Invisibilidade nas Populaes Caboclas da Amaznia. In: Adams, C., Murrieta, R.S.S. & Neves, W.A. (Orgs.) Sociedades Caboclas Amaznicas: Modernidade e Invisibilidade. So Paulo: Annablume/FAPESP, 2006. p. 319-345. SILVA, H. P. Sade e doena em relao ao meio ambiente: desafios para as populaes em situao de vulnerabilidade. In: IDHS; PNUD; PUC. Coleo Estudos Temticos sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio: Sade. Belo Horizonte: PNUD, PUC, 2004a. p. 108-110. SILVA, H. P. Impactos da degradao ambiental na sade humana: desafios para o sculo XXI. Sociedade Mdica em Revista, Rio de Janeiro, n. 11, p. 8-11, jul.-ago. 2004b. Disponvel on-line em: . SILVA, H. P. Intestinal parasites as health challenges for amazonian transitional populations: a case study among Caboclo groups. American Journal of Human Biology, Hoboken, v. 15, n. 2, p. 284 (resumo) 2003. SILVA, H. P. Aspectos demogrficos e mdico-epidemiolgicos dos residentes na Floresta Nacional da Caxiuan, Melgao, Par. In: LISBOA, P.L.B. (Org.). Caxiuan: populaes tradicionais, meio fsico e diversidade biolgica. Belm: Museu Paraense Emlio Goeldi/MCT, 2002a. p. 77-94. SILVA, H. P. Making the connection: Anthropological and epidemiological considerations about HIV/AIDS pandemic in developing countries. Boletim do Museu Nacional, Nova Srie, Antropologia, Rio de Janeiro, n. 62, p. 1-18, 2002b.

  • 94

    SILVA, H. P. Growth, Development, Nutrition and Health in Caboclo Populations from the Brazilian Amazon. Tese de Doutorado. Columbus: Department of Anthropology, The Ohio State University. 2001. SILVA, H. P.; JAMES, G. D.; CREWS, D. E. Blood pressure, seasonal body fat, heart rate, and ecological differences in Caboclo populations of the Brazilian Amazon. American Journal of Human Biology, Hoboken, v. 18, n. 1, p.10-22, 2006. SILVA, H. P.; CREWS; D. E.; NEVES, W. A. Blood pressure variation in two rural Amazonian populations from Brazil. American Journal of Human Biology, Hoboken, v. 7, n. 4, p. 535-542, 1995. SILVA, H. P.; ECKHARDT, R. B. Westernization and blood pressure variation in four Amazonian populations. Collegium Anthropologicum, Zagreb, v. 18, n. 1, p. 81-87, 1994. STEIN, J. H. (Ed.). Internal Medicine. 4th. ed. St. Louis: Mosby, 1994. UFRGS; UFPA; PUC-Minas; PNUD; IDHS. Coleo Estudos Temticos sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio: Sade. Belo Horizonte, MG, 2004. UNEP (United Nations Environmental Programme). GEO Latin American and the Caribbean Environment Outlook, 2003. Mexico, DF, 2003. WHO. Informe Mundial sobre gua y Saneamiento. Genebra, 2000. YUSUF, S.; REDDY, S.; UNPU, S.; ANAND, S. Global burden of cardiovascular diseases part I: general considerations, the epidemiologic transition, risk factors, and impact of urbanization. Circulation, Washington, n. 104, p. 2746-2753, 2001.