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Celso Corsino
a saga das raposasElas evoluíram e nos dominaram
Edição do autor1. edição, 2018
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida
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ou banco de dados sem permissão escrita do autor.
Revisão: Celso Corsino e Marilene de sena
Diagramação: Celso Corsino
Arte da capa: Israel Gusmão
Corsino, Celso
A saga das raposas: Elas evoluíram e nos dominaram
-Manaus, Am: 2018
145 p.; 21 cm.
ISBN 978-85-66657-01-2
Celso Corsino
a saga das raposas
1. Política 2. Liderança 3. Administração. I.Autor II. Título
Copyright© Autor, 2018
Manaus/Am.
2018
Celso Corsino A saga das raposas03
Prefácio.................................................................................05 Dedicatória...........................................................................09 Agradecimento....................................................................11 Primeiras palavras................................................................13
01- Tudo começou assim..................................................................17
02- .............................................23As bases para o domínio raposino
03- As raposas vencem......................................................................27
04- O governo raposino....................................................................31
05- A corrupção institucionalizada.................................................37
06- A multiplicação das raposas.......................................................41
07- A bondade das raposas...............................................................45
08- O Concurso das raposas.............................................................49
09- Humanos ensaiam revoltas........................................................55
10- As cooptações: Religiões, centros de ensino............................61
Íindice
11- O maneirismo das raposas e sua imposição aos humanos......67
12- Raposas implantam o caos para criar heróis............................71
13- Um Jogo de um time só..............................................................77
14- A multiplicação dos coiotes e dos cães......................................81
15- Como as raposas usam o dinheiro dos humanos?...................87
16- Estratégia das raposas frente aos escândalos...........................91
17- Os ambientalistas, os representantes de minorias e as raposas...99
18- Os vícios das raposas................................................................107
19- A maioria dos Humanos desiste de lutar................................111
20- A reinvenção das raposas.........................................................115
21- A ideologia das raposas............................................................119
22- O trunfo das raposas................................................................125
23- Inicia-se o declínio....................................................................12924- Qual a saída para os humanos?................................................133
25- Surgem as primeiras ideias.......................................................137 Finalizando........................................................................143
Celso Corsino 5 A saga das raposas04
Celso Corsino A saga das raposas05
PREFACIO
O escritor Celso Corsino, que se apresenta na arte
literária, com a sua terceira obra, levou-me gentilmente o seu
primoroso trabalho, a fim de que faça a respectiva apresentação da
obra, o que me deixou prazeroso e disposto a tecer pequenos
comentários sobre o assunto abordado aqui nessa SAGA DAS
RAPOSAS. O autor é cientista social, teólogo, possui pós-
graduação e marketing, coaching e gestão de pessoas, tendo sido
professor universitário e atua como empresário no setor
educacional.
Sem dúvida é um livro de muita perspicácia e coloca à
prova a argúcia do autor em criar uma forma inusitada de criticar
A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO
Celso Corsino A saga das raposas06
os homens que governam o mundo, taxando-os de raposas,
Vulpes e outros apelidos atribuídos aos que exploram o povo, as
camadas mais frágeis e enganam de todas as formas aqueles que
persistem em lhes dar créditos, diante de discursos bonitos,
demagógicos e capazes de formar opiniões nos incautos.
Corsino, nos vinte e cinco episódios narrados em sua obra,
passeia com suas críticas sobre todos os tipos de canalhas que
infestam os nossos parlamentos, faz críticas sutis ao atual regime
previdenciário brasileiro, revolta-se contra um sistema tributário
incapaz de conduzir a sociedade brasileira a um estado de direito, e
usando de muita sátira, enaltece o corporativismo, o conluio das
raposas contra o povo que ele chama sistematicamente de
humanos, fazendo uma distinção entre a esperteza e a inocência.
Na sua trajetória crítica busca usar os caminhos da história
da humanidade, a fim de relatar como tudo começou, fazendo um
paradoxo entre a ficção e a realidade. Narra que de há muito as
raposas estavam preparando um mundo só delas para
aproveitarem os descuidos, o desinteresse social dos humanos,
que sempre se curvaram aos desmandos das vulpes. Exalta a
capacidade que as raposas sempre possuem para ficar por cima do
povo, ou dos humanos, que quanto mais sofrem com suas ações
desonestas, mais se dispõem a aceitar os desmandos do poder.
Celso Corsino A saga das raposas07
Não esquece, o inteligente autor, de narrar como as
raposas do poder conseguiram exercer o domínio sobre os
humanos, afirmando que os seus discursos sempre foram o ponto
alto de suas afirmações e sucessos. E não esqueceu de mencionar
a grande propaganda, a imprensa vendida, que tanto contribuiu
para a ascensão das raposas em direção ao poder arbitrário.
Unidas e convincentes com seus programas populistas, as raposas
foram aos pouco se infiltrando em todos os segmentos, e onde
houvessem humanos, o caminho estava aberto para suas ações.
Afirma Corsino que o governo exercido pelas Vulpes
possui a marca da esperteza, com muito paternalismo,
assistencialismo, apesar de ser acompanhada disfarçadamente de
impostos crescentes e arbitrários. Comportando-se como
protetoras dos fracos e sem disposição ao trabalho, ao civismo, ao
patriotismo, usam os humanos como peças fundamentais de seus
planos de poder. E assim disseminam a miséria, a fome, a falta de
cidadania, de l iberdade, causando a necessidade do
assistencialismo. E assim agindo, as raposas oferecem empregos e
quem trabalha torna-se escravos das mesmas, mas os que não
conseguem trabalho ficam na dependência das raposas, e muitas
vezes fiéis.
Ao falar sobre a corrupção endêmica, Corsino lembra que
Celso Corsino A saga das raposas08
sempre houve corrupção no mundo, mas foi no governo das
raposas, que a mesma se institucionalizou e todo o processo de
corrupção que antes era praticado individualmente, passou a ser
exercido por todas as instituições raposinas e todos os humanos, a
partir de então, se tornaram aliados da corrupção para não se
sentirem excluídos dos processos de sobrevivência.
E assim, na sua narrativa espetacular pela forma de
denunciar a situação atual do Brasil, afogado em tanta sujeira nas
suas mais diversas instituições, Corsino usa a terminologia das
raposas, o que a mim me parece está apropriadíssima e navega nas
páginas de seu curioso e inusitado livro, descrevendo como vem
sendo usado o poder das raposas desonestas e a incapacidade do
povo, de perceber tanta roubalheira, que tem no final das contas o
apoio do voto mal decidido, vendido ou desinteressado por quem
na verdade tem tudo para mudar esse rumo e excluir as raposas do
poder – o povo! Essas receitas ainda encontramos no livro ora
apresentado. Sucesso ao jovem autor!
Manaus, AM. 28 de janeiro de 2018
Gaitano Laertes Pereira Antonaccio
Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas
01 Ofereço este livro a toda minha família, que mesmo
em condições precaríssimas me ajudou a ser um humano, o
exemplo de meu pai, vívido em minhas lembranças, reforça
em mim a certeza de que o caminho certo é mais difícil,
porém é nesse caminho que existe a recompensa.
Ofereço ainda a minha mulher Lorena e filhas Liz e
Analú, a elas toda gratidão pelo amor e compreensão.
dedicatoria
Celso Corsino A saga das raposas09
Celso Corsino A saga das raposas10
Celso Corsino A saga das raposas11
Quero agradecer meus leitores, toda vez que vocês adquirem, um livro meu ou o recomendam, presenteia a um amigo, faz um comentário nas redes sociais ou me mandam uma mensagem, aumenta em mim a certeza de que estou no caminho certo.
Toda mudança é difícil, é preciso esforço e obstinação. Tenho concentrado um bom tempo de minha vida, tratando, através da escrita, de temas cruciais, a fim de termos um país melhor.
Grande abraço a você. Caso queira conhecer meus livros anteriores, Religião e política ou Vendas - Oito passos para o topo, me mande uma mensagem. [email protected]
Agradecimentos:
Celso Corsino A saga das raposas12
Celso Corsino A saga das raposas13
Eu nunca fui fã da narrativa evolucionista de
Darwin, mas acredito e provo que existe uma evolução
muito mais visível e até incontestável, tal evolução
acontece nesse momento, e bem na nossa frente, ela é
diferente, pois não acontece por processos naturais, mas
ideológicos e tecnológicos. Quem sabe fazer isso muito
bem são as raposas, elas se tornaram mestres, e tem seus
segredos guardados a sete chaves, esse processo é rápido
e beira a perfeição.
Hoje é muito difícil discernir uma raposa de um
ser humano de verdade, elas têm os trejeitos, dominaram
primeiras palavras
Celso Corsino A saga das raposas14
a forma genética de eliminar a calda, os pelos e a
maneira de andar sobre as patas. Espertas como são,
deixaram outras características que lhes são úteis, como
as habilidades caninas do olfato e audição, deixaram
ainda as habilidades felinas como a destreza, o andar
macio e a habilidade para caçar. Essas aptidões
raposinas tornaram esse animal/humano insuperável
na arte de dominar.
A evolução das Vulpes acontece na esfera do
poder. Nada atrai mais as raposas do que o comando, é
ele quem lhes dá a oportunidade de serem o que são na
sua essência. As raposas chegam a dar a vida para terem
um pouquinho de poder, por causa dessa cobiça
somada a indiferença dos seres humanos em gerirem
suas próprias vidas Os humanos , elas foram tão longe.
são extremamente dependentes desde o nascimento,
outros seres vivos, inclusive alguns animais, já nascem
correndo, pulando e buscam logo a autossuficiência, os
humanos, ao contrário, amam a dependência e a
estendem cada vez mais.
Nesse ambiente fértil, as raposas encontraram a
oportunidade de dominá-los. Eu vou contar essa
história em detalhes para você entender de uma vez por
Celso Corsino A saga das raposas15
todas, o que está por trás do domínio das raposas sobre
os humanos. Espero que você, entendendo os
acontecimentos dos bastidores, possa sonhar com a
liberdade.
Quero alertá-lo, não se trata de colocar todos no
mesmo balaio, toda regra tem exceção é claro, há
notícias de humanos infiltrados entre as raposas agindo
diferente delas, quiçá esta narrativa alegórica, desperte
muitos outros a se infiltrarem nos covis, lembrando,
essa infiltração só pode ser feita por pessoas firmes, um
trabalho como uma missão, caso contrário,
continuaremos a perder soldados para os covis. Existem
humanos entre os coiotes, entre os cães e demais bichos
apresentados aqui, mas esta obra fala da regra, a atitude
raposina é a regra. Elas venceram e nos dominaram, isto
é um fato, conformar-se com essa condição nos tornam
menores, então torço e trabalho para as exceções
aumentarem. Abaixo as raposas!
Celso Corsino A saga das raposas16
01episodio´
Celso Corsino A saga das raposas17
Há muito tempo atrás, os homens dominavam as
raposas, elas eram animais primitivos, furtavam uma
pequena parte daquilo que os humanos produziam,
eram simples, roubavam sem cerimônia, saiam
correndo, não se envergonhavam, pois pegavam
pequenas coisas somente para sobreviver. Os humanos
ficaram muito irritados com esses furtos ao ponto de
matarem muitas delas.
Eu mesmo ouvi uma história do Sr. José, um
homem forte e bravo, bebia uma cachaça de vez em
Tudo comecou assim
Celso Corsino A saga das raposas18
quando para amenizar o frio, dizia ele. Essa história nos
mostra como foi o início do domínio das raposas sobre
os humanos. Ele me contou que estaria se cansando
com os ataques à seu galinheiro, por isso desenvolveu
um modo bem particular de matá-las. Primeiro, fazia
amizade com elas, dava-lhes uma galinha morta e ainda
lhes oferecia um pouco de sua cachaça, apenas com o
intuito de embebedá-las. Quando elas estavam bêbadas,
ele as despediam, mas sempre pegava uma retardatária,
matava e pendurava num poste que havia em frente a sua
propriedade, deixava a azarada como espetáculo por um
dia, depois, a retirava e jogava num local ermo para os
urubus se fartarem. Esse método estranho servia para
que seus vizinhos vissem seu ato de heroísmo.
Quase toda semana havia uma raposa pendurada
no poste servindo de espetáculo. Por ali passava muita
gente, todos comemoravam e parabenizavam o Senhor
José, mas a rotina deixou o velho cansado, além disso,
elas consumiam grande parte da sua cachaça, quanto
mais ele as matavam, mais elas apareciam, visto estarem
viciadas, apesar disso, elas nutriam uma amizade por seu
José, sentiam falta de algumas parceiras, mas nunca
lembravam do ocorrido.
Celso Corsino A saga das raposas19
Certa vez, o senhor José esqueceu uma raposa
pendurada no poste por vários dias, devido ao mau
cheiro, as pessoas desviavam-se do caminho, por esse
motivo ele arrumou vários inimigos e acabou por
desistir de capturá-las, a filosofia dele agora era: “Cada
um por si e Deus por todos!”
As raposas penduradas causaram grande
comoção entre a raposada, antes desunidas, se
solidarizavam entre si aumentando o laço de amizade. A
partir dessas reuniões, as Vulpes perceberam, que
deveriam evoluir sua forma de rapinagem.
Assim se deu a evolução das raposas, elas se
reuniam com frequência e traçavam maneiras de
dominar os humanos. As primeiras ideias foram: parar
de beber cachaça e mudar a forma de rapinagem.
Aqueles métodos tradicionais causaram grandes perdas
entre elas, se não fossem as brigas e desuniões entre os
humanos, talvez hoje não existissem mais raposas, mas
eles não se entendiam, então, elas viram nisso uma
chance de sobrevivência, desenvolveram novas formas
Celso Corsino A saga das raposas20
de ação e pegaram gosto pelas reuniões, onde discutiam
estratégias para vencerem os humanos. Nas reuniões surgiam
muitas ideias audaciosas, as mais importantes foram
estas: com os humanos, e fingir amizade parecer-se com eles
finalmente, . dominá-los
Inicialmente a ideia de dominá-los causou grande
regougar na reunião, ninguém se entendia até que,
Brama, um raposão adestrado, com grande habilidade e
muito respeitado entre a raposada, pediu a palavra e
defendeu, com veemência, a possibilidade daquelas
ideias. Agora tudo fazia sentido, aquele era o momento
oportuno. Com seu poder de oratória, essa raposa
querida, convenceu a todos. Antes de Brama houveram
bons planos, mas as Vulpes, não tinham um líder a quem
respeitassem e idolatrassem, o advento de Brama
solidificou o plano. A reunião foi encerrada com grande
euforia, todas foram para suas tocas, animadas e
dispostas a se unirem para dominar os humanos.
Celso Corsino A saga das raposas21
...todas foram para suas tocas, animadas e
dispostas a se unirem para dominar os humanos.
Celso Corsino A saga das raposas22
02episodio´
Celso Corsino A saga das raposas23
Após a reunião, a raposa líder, começou Brama,
a juntar apoio para a tomada do poder, conseguiu ela
reunir em torno de si raposas líderes de diferentes covis,
todas de grande influência, um time de craques
composto pelas raposas mais esper tas, elas
representavam os grandes grupos e receberam de
Brama a patente de Cacique.
O primeiro passo era aproximar-se dos humanos,
para isso elas deveriam parecer e infiltrar-se entre eles.
Foram montadas algumas estratégias para esse fim: os
As bases para o dominio raposino
Celso Corsino A saga das raposas24
caciques deveriam comer pastéis nas feiras, chupar
picolés, tomar açaí, abraçar crianças, clarear os dentes,
fazer plástica e pintar os pelos (estes agora deveriam ser
chamados de cabelos) nas cores acaju ou preta graúna.
Todo o plano foi montado e, então, fizeram outras
reuniões para ampliar os apoios. Elas estavam
determinadas a montar estratégias e a lutarem até o fim
para alcançarem seus objetivos.
O s C a c i q u e s c r e s c e r a m , g a n h a r a m o
reconhecimento e a veneração de todas as raposas.
Devido aos compromissos, os caciques ficaram
ausentes, as raposinhas, suas fãs, entendiam isso, então
foi delegado poder a muitas delas, todas foram
envolvidas, isso as motivavam e a veneração aos mestres
só aumentava. Caso alguma raposinha discordasse dos
caciques, era logo convencida de que, dominar os
humanos estava acima de tudo, além disso, o governo
dos caciques, seria o governo de todas elas, dessa forma
qualquer princípio de descontentamento era logo
resolvido.
O grupo dos caciques crescia sem parar. Tudo
estava preparado para a tomada do poder, o desafio
Celso Corsino A saga das raposas25
agora era tornar os caciques e seus assessores bem
populares entre os humanos. Os Caciques eram
procurados pelos meios de comunicação, esses meios
foram montados pelos galos com a ajuda dos perus,
todos os galinheiros, eram agora, difusores de ideias
raposinas, isso aconteceu devido a um pacto entre os
galos e as raposas, estas não mais atacariam os
galinheiros e em troca receberiam serviço publicitário.
Os gal ináceos deveriam fazer o trabalho de
convencimento aos humanos usando todos os meios
tecnológicos que dispunham.
Finalmente, os caciques estavam preparados para a
tomada do poder, para isso criaram o dia da escolha, onde
fariam um concurso para escolherem as raposas líderes,
essa escolha deveria parecer a mais isenta possível,
permitindo, inclusive, a participação de alguns humanos.
Para garantir a ordem no processo de escolha, elas
chamaram os coiotes a serem os organizadores da festa e
os cães para fazerem a segurança. Os Coiotes foram
escolhidos porque desfrutavam de grande reputação e
autoridade entre os humanos, os cães pela amizade e os
galos pelas habilidades comunicativas.
Celso Corsino A saga das raposas26
03episodio´
Celso Corsino A saga das raposas27
Como era de se esperar, os caciques venceram
facilmente em todo canto. Os coiotes foram exaltados
como sendo os bichos mais íntegros, por isso mesmo
deveriam ter seus salários maiores que o de outros
bichos, deveriam ter muitos privilégios e não poderiam
ser questionados. Os coiotes detinham grande poder,
poderiam aprisionar qualquer um, inclusive as raposas,
mas esses animais fizeram um pacto e se protegiam
mutuamente. Os coiotes andavam bem vestidos e
recebiam reverência de todos. Essa foi a maneira
encontrada pelas raposas para se manterem no poder,
eles ganhavam mais, mas quem mandava, de fato, eram
As raposas vencem
Celso Corsino A saga das raposas28
elas.
Após vencerem, os caciques fizeram a
composição de seu governo, haveria espaço para todas.
Os requisitos mais exigidos eram lealdade e paciência
para esperar o momento certo. Nem todas as raposas
poderiam ser atendidas imediatamente, mas bastava
esperar, enquanto isso, deveriam apoiar, irrestritamente,
os caciques, eles iriam arrumar espaço e criar muitas
vagas para todas.
Os caciques foram grandes chefes, criaram várias
secretarias, empresas públicas, órgãos de assistência aos
humanos, escolas, além de vários outros órgãos
administrativos para dar suporte ao seu governo. Os
caciques e toda raposada chamavam esses locais de espaço
público, foi uma boa sacada, pois se era público ninguém
poderia ocupá-los, salvo com a permissão de algum
cacique ou um serviçal. Para cobrir todas as despesas
desses locais e dos funcionários, os caciques convenciam
os humanos a colaborarem. Toda vez que os humanos
pediam benevolências aos caciques, eles ficavam felizes,
isso os legitimavam a aumentarem os tributos. Eles,
malandramente, mostravam aos humanos a carência dos
Celso Corsino A saga das raposas29
outros humanos, para em seguida aumentarem as
contribuições impostas, dessa forma, eles solidificaram o
posto de intermediários entre os humanos. Até mesmo
os caciques e seus serviçais pagavam esses impostos com
o objetivo de incentivar os humanos, a fazerem o
mesmo. A ideia das contribuições deu tão certo que
passaram a ser obrigatórias. Os coiotes e os porcos
adoravam isso, pois abriam mais vagas para eles,
responsáveis diretos pelo cumprimento dessas
obrigações. Aos humanos foi dado o posto de
contribuintes, quem mais contribuísse era exaltado,
quem desrespeitasse era duramente punido.
As Vulpes criaram uma grande teia de
funcionários para fazerem o recolhimento das
contribuições dos humanos, os porcos foram
identificados como os mais hábeis para servirem nesses
postos e em outros menores. O sistema de arrecadação
das raposas é quase perfeito, ninguém pode acusá-las de
incompetentes nisso, é a única área elogiada no governo
vulpino.
Celso Corsino A saga das raposas30
04episodio´
Celso Corsino A saga das raposas31
Havia muita expectativa no governo das raposas,
todos acreditavam e se enchiam de expectativas, era
como se o paraíso fosse descer a terra sem nenhum
sacrifício e trabalho. Os humanos foram iludidos através
de discursos bem elaborados pelas galinhas, como você
deve lembrar, elas foram seduzidas em troca de paz no
galinheiro, paz firmada por um longo abraço entre a
raposa e o galo, em seguida, os galináceos, criaram uma
grande rede de marketing, tudo muito bem elaborado
pelos galos de codinomes Sansão e Feira, eles eram
gênios do marketing. Sansão promovia brigas
esportivas entre outros galos, Feira era seu sócio e
O governo raposino
Celso Corsino A saga das raposas32
discípulo, eles inflamaram a todos com ideias
mirabolantes, bem desenhadas para parecerem
verdades. As histórias tramadas por Sansão, Feira e suas
equipes, trouxeram grande euforia aos humanos
cansados de trabalhar e aproveitar tão pouco a vida. A
ideia do paraíso terrestre deixou todos em êxtase, muitos
até pararam de trabalhar para curtir o éden prometido
pelas Vulpes.
Grande parte dos humanos começaram a receber
migalhas das raposas, ninguém perguntava quem iria
pagar a conta. Para aprovar todas as suas ideias, as
Vulpes faziam alianças com todos os bichos, até mesmo
os lobos foram chamados, eles chegavam disfarçados de
ovelhas e representavam muita gente de fé, essas
alianças, eram feitas a preço alto. Elas conseguiam muito
grana para isso, usando o seguinte método: mandavam
os porcos imprimir dinheiro e o emprestava, a juros
módicos, aos empresários amigos, os quais eram
chamados de campeões nacionais, esses empresários
devolviam parte desses empréstimos em forma de
propina, as Vulpes usufruíam uma parte dessa propina e
a outra usavam para agradar as raposas adversárias,
quanto mais elas imprimiam dinheiro, mais ele perdia o
Celso Corsino A saga das raposas33
valor, a isso chamamos de inflação. Além de imprimir
dinheiro as raposas contraiam empréstimos a juros altos
e emprestavam aos empresários aliados a juros
baixíssimos, aumentando assim o rombo nas contas
públicas.
O governo das raposas caiu em descrédito, as
pessoas acordaram do sonho, mas já era tarde, voltar
atrás não dava, então tentavam fazer remendos. Os
humanos, devido seus sofrimentos, têm medo das coisas
piorarem, esse medo os impedem de agir, razão pela
qual, procuram sempre consertar o caminho antigo,
fazer novos caminhos dá mais trabalho, precisa de união
e iniciativa.
As raposas quando em desespero, se vitimizam,
jogam a culpa dos problemas nos adversários e até em
outras nações, elas nunca assumem o erro, sabem elas,
que o marketing de galinheiro é eficaz para proteger suas
imagens, sabem ainda da fidelidade dos coiotes para as
defenderem.
O método das raposas é estranho, mas funciona,
Celso Corsino A saga das raposas34
elas contam com várias esferas trabalhando a mente das
pessoas. Muitas vezes elas até fazem coisas certas, mas os
métodos são errados, outras vezes usam métodos
corretos apenas para iludirem os humanos, fazendo com
que coisas erradas pareçam certas. Elas conseguem fazer
com que os humanos entrem numa confusão, ao ponto
de perderem a capacidade de distinguir o certo do
errado, por vezes os humanos tacham todos de
corruptos, isso é excelente para as Vulpes, ao fazerem as
pessoas enxergarem todos como ruins e não se
importarem mais com quem as governam, facilitam o
trabalho das raposas, elas são organizadas e tem o poder,
com isso podem fazer benevolências e serem vistas
como insubstituíveis.
Humanos mais esclarecidos conseguem
distinguir o certo do errado e uma raposa de um
humano, mas estão tão indignados ao ponto de se
isolarem e não participar da vida política, esses humanos
poderiam provocar um enfraquecimento nas raposas,
mas a indignação sem a ação, não ajuda em nada e
permite que, os humanos aliados ou iludidos pelas
raposas, sejam maioria e vençam sempre.
Celso Corsino A saga das raposas35
O governo das Vulpes tem a marca da esperteza,
paternalismo, assistencialismo e impostos crescentes. Elas são
vistas como protetoras para os fracos e desamparados,
elas mesmas fazem isso acontecer, criam a miséria para
as pessoas dependeram delas, uma vez criada a
necessidade do assistencialismo, cria-se também, os
argumentos para aumentarem os impostos. Quem
trabalha se transforma em escravo delas, ficando como a
honra de trabalhar, quem não trabalha fica dependente, e
com a honra de serem aliados fiéis.
Celso Corsino A saga das raposas36
05episodio´
Celso Corsino A saga das raposas37
Sempre houve corrupção, mas no governo das
raposas ela se institucionalizou, aquilo que antes era
praticado como ato individual, agora é profissionalizado
e praticado com o envolvimento das instituições
raposinas. Vários humanos se aliam as raposas e veem
nisso uma virtude, quem não se alia a elas, é isolado e
taxado de careta. As Vulpes nunca perderam a essência
da qual tanto se orgulham, nos bastidores uma frase
sempre lembrada é essa: raposa, sempre será raposa, isso
para elas e seus seguidores é sinal de esperteza,
conhecido também como o jeitinho vulpino de agir.
A corrupcao institucionalizada
Celso Corsino A saga das raposas38
As Vulpes têm uma lógica estranha para nós, mas
faz sentido a elas e trazem os resultados esperados a seus
objetivos, quando elas entravam num galinheiro,
pegavam apenas uma galinha, mas matavam ou
machucavam às outras, assim, empunhavam o respeito
pelo medo e evitavam represálias. No domínio aos
humanos, elas retiram tudo o que podem, os
enfraquecem ao máximo, os deixam abatidos,
desarmados, e o mais importante, criam dependência.
Multidões de humanos não conseguem mais viver sem
elas, satisfazendo-se com algumas migalhas. O modo
vulpino de governar trouxe grande estrago a nação
chamada Brasil, recuperá-la, caso os humanos
despertem, levará décadas.
Por tudo o que as raposas fizeram aos humanos,
estão caindo em descrédito. Foram registradas grandes
manifestações de repúdio a elas, embora os humanos
mais afetados pelo modo vulpino de governar, sejam os
trabalhadores (entendido aqui como aqueles que
produzem e empreendem), essas pessoas dispõem de
pouco tempo de lutar contra tal opressão.
As Vulpes, temem pouco as revoltas humanas,
Celso Corsino A saga das raposas39
usam a estratégia de tornar os escândalos uma rotina
para cansá-los, uma vez cansados e desiludidos do
sistema de concurso, eles se resignam, então, entra em
campo a expertise das raposas inflando e patrocinando os
humanos ligados à movimentos parceiros, mesmo
sendo minoritários, trabalham, esses humanos não
vivem felizes com as migalhas e tem todo tempo para
realizar atos de apoio as suas parceiras.
Irreconhecíveis humanos, fazem muitos atos de
apoio às Vulpes e conseguem abafar as vozes contrárias,
nesses momentos, o galo e sua intelligentsia aproveitam e
criam várias campanhas publicitárias em favor delas,
conseguem reinventá-las, deixando-as mais fortes.
Celso Corsino A saga das raposas40
06episodio´
Celso Corsino A saga das raposas41
Todas as regiões habitadas por humanos, foram
tomadas pelas raposas, com a farta alimentação elas se
reproduziram em grande escala, surgiram raposas de
todo tipo. Brama, o cacique-mor já estava velho, embora
não parecesse, devido às técnicas de rejuvenescimento,
mas o fim se aproximava, a raposada pressionava o
cacique a profissionalizar mais seu domínio, a grande
ideia, surgida entre elas, foi a de multiplicar os caciques,
todas as regiões deveriam ter caciques, e assim foi feito.
O número de caciques se multiplicou grandemente,
todos falavam a linguagem do mestre, este ficou muito
feliz com a façanha, cacique agora estava em todos os
A multiplicacao das raposas~
Celso Corsino A saga das raposas42
cantos, onde houvesse um ajuntamento de pessoas, ali
havia um cacique, os próprios humanos exigiam isso.
A necessidade de caciques era enorme, os
humanos dependiam deles para quase tudo. As raposas
já não conseguiam atender a todos, suas mulheres,
devido a vida nababesca, ficaram inférteis, os raposões
estavam obesos, haviam muitos compromissos e
obviamente não havia tempo para filhos. Muitos
humanos, viram nisso, uma oportunidade de tirar o
domínio de suas vidas das mãos das raposas, entretanto,
elas são muito espertas e, aproveitando dessa vontade
humana, tiveram a brilhante ideia de atraí-los para os
transformarem em raposas. A ideia causou muito
alvoroço e preocupação nos covis, mas elas sabiam da
fidelidade e eficiência dos coiotes em imporem aos
humanos o padrão comportamental delas.
Finalmente, chegaram a uma conclusão, se
Vulpes podem ser humanos, humanos podem ser
Vulpes. A raposada ficou extasiada com a própria
inteligência, louvavam a si mesmas e já se viam como
deusas, a euforia foi enorme, precisaram ser contidas,
estavam obesas e em meio ao frenesi, machucavam as
Celso Corsino A saga das raposas43
raposas menores com seus pulos, além disso, o cheiro
delas, às vezes é insuportável até mesmo a elas. Foi a
partir daí, que surgiu a ideia de atrair humanos, adestra-
los e estender seu domínio com o serviço deles.
Os humanos escolhidos foram aqueles que
desfrutavam de grande admiração entre seus
compatriotas. Todo humano que emergia como líder
entre os insatisfeitos era logo convidado para compor
com os caciques, eles recebiam treinamento para
adquirirem os trejeitos das raposas, e a eles eram
oferecidas muitas benesses, todas, obviamente, pagas
com o dinheiro dos humanos. Os humanos cooptados
viviam, agora, a serviço das raposas. Eu mesmo tive
vários amigos atraídos por elas, eles passaram a viver em
seus covis, desfrutam de muitas regalias e convencem
outros humanos acerca da indispensabilidade das
Vulpes.
Celso Corsino A saga das raposas44
07episodio´
Celso Corsino A saga das raposas45
As raposas criaram várias redes de proteção aos
humanos pobres e desamparados, funciona assim: elas e
seus serviçais, tiram o dinheiro dos humanos
disfarçadamente por meio de impostos, taxas, multas,
licenças, etc. Os impostos, estão embutidos, em tudo
que é consumido pelos humanos. Quando um ser
humano compra um alimento, ele pensa, ser o valor do
item, o que ele viu na etiqueta de preço, mas na verdade,
quase a metade do valor é composto por impostos, em
alguns produtos, essas taxas chegam a 60% do valor. De
forma sorrateira o Estado instituição tomada pelas —
raposas é sócio de tudo o que os humanos produzem, —
a bondade das raposas
Celso Corsino A saga das raposas46
por isso elas se tornaram poderosas, riquíssimas e
ardorosas defensoras de um Estado gigante.
Se alguém pensa, que a elevada carga tributária
poderia levar os humanos a se revoltarem contra elas,
está totalmente enganado, quanto mais ricas e poderosas
elas se tornam, mais admiradas são, algumas se tornaram
verdadeiras celebridades, por onde passam causam
grande alvoroço, são admiradas e até fingem gostar dos
humanos.
As redes de proteção aos humanos, criadas pelas
Vulpes, dão a elas a razão que procuram, para
aumentarem, cada vez mais, os impostos. Os últimos
dados, indicam a estatística dos impostos pagos às
raposas, de cada cem dinheiros retirados dos humanos,
elas devolvem uma ninharia, a maior parte fica para os
covis. As Vulpes detêm o poder de informação, são ágeis
na propaganda e alardeiam demasiadamente, o pouco
que fazem, isso faz parecer, que são de fato generosas.
Os humanos têm se tornado cada vez mais
dependentes delas, muitos agradecem aos céus crendo
Celso Corsino A saga das raposas47
que, se não fossem as raposas morreriam. A
dependência as raposas somada ao medo de ficarem
desprotegidos, fazem muitos humanos serem aliados e
defensores delas, muitos organizam grupos de defesa
das raposas, chegando a entregar aos coiotes os
humanos desobedientes aos covis.
As raposas desenvolveram uma técnica perspicaz
de dominar os humanos, elas são um time só, mas se
dividem em várias equipes fingindo ser adversárias entre si,
dessa forma, cada grupo de raposa tem um grupo de fãs
entre os humanos. Elas nunca perdem uma disputa,
ganhando ou “perdendo”, sempre ganham. Além de
ganharem sempre, essa estratégia permite a elas criar
divisões entre os humanos, levando-os a se comportarem
apenas como torcidas. Os humanos foram muito bem
adestrados, mas muitas vezes, seus instintos os levam a
brigar entre si, por amor a alguma raposa, nesse caso os
cães os aprisionam para evitar desordens. Toda essa
divisão, faz com que, grupos de humanos vejam os outros
grupos como seus reais adversários, jamais se unem contra
as Vulpes, estão sempre digladiando, então, nessas
oportunidades, elas surgem como figuras pacíficas,
defensoras e protetoras dos humanos.
Celso Corsino A saga das raposas48
08episodio´
Celso Corsino A saga das raposas49
Há um momento, geralmente de dois em dois
anos, quando os humanos devem escolher as raposas
que os governarão, elas se dividem em grupos de
interesses e fazem concursos bem organizados para se
parecerem com uma festa. Elas criaram essa
modalidade, para dar-lhes a legalidade do domínio.
Treinam muito para esse momento, se dividem em
equipes e exigem a participação dos humanos nesse
processo, caso algum humano fique indiferente e não
participe do mesmo, ele é punido de várias maneiras.
Alguns grupos de humanos revoltados com as
O concurso das raposas
Celso Corsino A saga das raposas50
Vulpes, preferem ser punidos ao invés de votarem nelas,
geralmente esses humanos são seres mais esclarecidos,
por isso mesmo as raposas, apesar de os punirem para
serem fiéis ao protocolo, acham bom que eles fiquem de
fora, caso participassem, abririam chances às
renovações.
Na época dos concursos, as raposas fingem
grande amizade aos humanos e até se confundem com
e les, e las se ar r umam, vão aos espaços de
embelezamento, fazem cirurgias plásticas, pinturas, etc.
Os humanos, em geral, adoram essa época, pois, mesmo
que momentaneamente, a bondade delas, aliviam seus
sofrimentos, elas saem das tocas, procuram seus
humanos, os abraçam e mantêm contatos afetuosos. Os
humanos aproveitam esse momento, para levarem seus
pedidos a elas, tais como: consultas médicas, passagens,
empregos, alimentos, construção de rua, doação de
brindes dentre outras benesses.
Os humanos escolhem as raposas já escolhidas
dentre elas. As Vulpes são fenomenais quando se trata de
disputas. Elas criaram organizações para recrutar e
treinar as candidatas, traçam estratégias para vencerem e
Celso Corsino A saga das raposas51
permitem até mesmo a participação de alguns humanos
no processo. As instituições, ou antes legendas, dão
proteção e legalidade às raposas. Os coiotes elaboram as
leis e zelam pelo seu cumprimento, caso alguém, fique
em dúvida, quanto à observância de alguma lei, deve ir
aos coiotes, eles têm a palavra final.
As várias instituições, criadas pelas raposas mais
famosas, são mantidas com o dinheiro dos humanos,
nem as raposas, nem suas instituições, geram renda, elas
vivem do trabalho deles. As raposas se especializaram
em criar essas instituições, chamadas de partido.
Algumas criam ou dominam vários partidos, eles são
uma fonte de renda e poder muito apreciado no mundo
vulpino.
O dia da escolha é uma festa, nesse dia, em muitos
lugares humanos tem transporte gratuito e/ou recebem
dinheiro para irem escolher suas raposas preferidas. Os
votos dos humanos nas Vulpes, previamente escolhidas
nos covis, dão a legitimidade ao domínio. Os humanos
pensam que escolhem, quando na verdade, apenas
confirmam as escolhas dos covis. precisa parecer Tudo
certinho, essa foi a forma arquitetada por elas para evitar
Celso Corsino A saga das raposas52
revoltas entre os humanos. Quando o concurso se
encerra, os coiotes aparecem com aspectos sérios
trazendo os resultados de suas máquinas, é um
momento de muita expectativa, finalmente, quando
mostram os nomes das vencedoras, acontece uma
explosão de alegria nas torcidas humanas, há também
choro entre as torcidas perdedoras, mas ao final, tudo
acaba bem, o importante é ser torcida e desempenhar
bem esse papel.
Celso Corsino A saga das raposas53
Os humanos pensam que escolhem, quando na
verdade, apenas confirmam as escolhas dos covis.
Celso Corsino A saga das raposas54
09episodio´
Celso Corsino A saga das raposas55
Depois de tanto sofrimento, os humanos
começaram a se unir para vencerem as raposas, são
movimentos incipientes, mas apontam um caminho, que
pode ser aprimorado. O erro dos humanos é se adaptar
às estratégias das raposas e querer lutar com as armas
delas. Essas armas são: criação de partidos mantidos com
dinheiro público e sem democracia; fortalecimento do
Estado (espaço das Vulpes), quanto maior o Estado for
mais poder elas têm; criação de empresas estatais, espaço
que aninham raposas; aumento de impostos com a finalidade
arrecadatória para cobrir as gastanças; regulações para
impedir o fortalecimento dos humanos; compra de votos e
Humanos ensaiam revoltas
Celso Corsino A saga das raposas56
assistencialismo. Às vezes elas usam políticas do Estado
como se fosse favor de uma raposa.
Se os humanos usassem mais sua inteligência, não
permitiriam aos partidos receberem dinheiro público,
lutariam pela redução do Estado e não aceitariam um
Estado empresário. As empresas estatais acabam sendo
das raposas e tomam o espaço dos humanos
empreenderem, quando elas dão prejuízo, os humanos
pagam a conta, quando dão lucro, fica para as raposas;
Os humanos deveriam ainda, lutar pela redução das
regulamentações, elas dificultam a eles empreenderem;
deveriam lutar também pela redução dos impostos,
assim teriam mais lucro e gerariam mais riqueza,
dever i am lu ta r para t e rem o d i re i to de se
autodefenderem e deveriam exigir maior investimento
na educação básica, assim melhorariam e fortaleceriam
suas ideias.
Para os humanos vencerem ou reduzirem o poder
das raposas, precisam de pelo menos três estratégias
básicas: 1- Rejeitar as Vulpes e seus partidos. 2- Melhorar a
educação dos humanos para entender como se dá o jogo.
3- Preparar humanos dispostos a disputar o poder com as
Vulpes, pois em geral eles temem perseguições caso
Celso Corsino A saga das raposas57
entrem nas disputas. Os humanos precisam ainda de
pelo menos três atitudes básicas para serem
vitoriosos: 1- Foco, saber o que quer, se preparar para
conseguir e não se perder pelo caminho. 2- Comunicação,
saber transmitir suas ideias de maneira compreensível
aos outros humanos. 3- Responsabilidade, muitos
humanos são irresponsáveis, tem foco, comunica muito
bem, mas ao final se vendem às raposas e traem seus
iguais. Esse me parece ser o maior problema, pois faz
muitos humanos perderem a esperança na sua própria
espécie, eles lutam para levantar um humano e ao final
são traídos.
Em muitos casos os humanos são enganados
pelas raposas caciques, elas preparam suas raposinhas
para se parecerem com os humanos, elas vivem, brincam
em meio a eles, adquirem toda humanidade imaginável,
mas por dentro são raposas. Uma boa maneira de saber
se um desses “humanos” é na verdade uma raposa
disfarçada, é entender quem está por trás, quais são suas
intenções e como ele faz sua campanha. Se ele for ligado
a algum cacique, se vive abraçado a elas, se é ligado
umbilicalmente as legendas delas, se for um filhote de
raposa, aparecendo somente na época dos concursos e
Celso Corsino A saga das raposas58
barganhando votos, ainda que pareça mais humano, que
um humano de verdade, desconfie.
Ó humanos! Pobres humanos, não aprendem,
querem se livrar das raposas, mas as idolatram, querem
ter o domínio de suas vidas, mas vivem pedindo favores
a elas, quanto mais pedem, mais dependem. Querem
alcançar um objetivo, mas não agem, não preparam seus
filhos e os educam nos costumes das raposas. Desde
criancinha os humanos já admiram as raposas e sonham
ser iguais a elas. Ao invés de desenvolverem valores
humanos, se espelham nos valores das raposas. Pior é
saber que tudo começou com um copo de cachaça, essa
amizade nunca poderia dar certo.
Celso Corsino A saga das raposas59
...muitos humanos perderem a esperança na sua
própria espécie, eles lutam para levantar um humano e
ao final são traídos.
Celso Corsino A saga das raposas60
10episodio´
Celso Corsino A saga das raposas61
As raposas, envolvidas em dominar os seres
humanos se reduziram, mas não se iludam, apesar de
poucas, elas desenvolveram muitas estratégias de
dominação, elas sabem da importância de vencerem os
concursos, caso perdessem, suas vidas seriam
arruinadas. Os coiotes, animais de grande apego ao
dinheiro, poderiam aliar-se aos humanos e se voltarem
contra as raposas, certamente os humanos descobririam
suas falcatruas e as aprisionariam. Com medo de ficar
sem o poder institucional, fazem alianças cada vez mais
amplas, essas alianças custam muito caro, mas não se
importam com isso, a conta será, totalmente paga pelos
As cooptacoes: Religioes, centros de ensino...~~ ,
Celso Corsino A saga das raposas62
humanos.
Para ampliar seu domínio, as raposas fazem
muitas alianças com representações de humanos, elas
procuram igrejas onde identificam falsos pastores,
associações de professores, coiotes, cães, sindicatos e a
mídia em geral. Onde houver humanos degenerados
com comando sobre outros humanos, as raposas
chegam. As Vulpes adoram as igrejas partidarizadas,
esse espaço de fé é muito útil, uma vez que agregam
humanos submissos à líderes. As raposas conquistam os
líderes desses rincões e os seguidores vão a roldão. As
religiões aliadas das raposas são, geralmente, as de cunho
pentecostal, elas lutam por poder e gostam de aparecer
na mídia, espaço de amplo domínio vulpino.
As religiões poderiam ser importantes espaços
para o desenvolvimento da cidadania, boa influência e
denúncia do erro, mas para isso, essas organizações não
deveriam tomar partido, deveriam ser suprapartidárias.
Ficando acima das disputas teriam autoridade para
denunciar o erro e transmitir a sua mensagem. O líder
maior do cristianismo (Jesus) deu o exemplo, não se
aliava aos grupos políticos e foi respeitado por todos, no
Celso Corsino A saga das raposas63
entanto ele falou que, depois dele, apareceriam falsos
pastores que fariam comércio das ovelhas, esses falsos
pastores se aliariam às raposas por algumas migalhas.
Além das religiões degeneradas, as raposas atacam
outras associações com caráter de galinheiro, como os
sindicatos, estes recebem favores das raposas e tornam-
se grandes aliados delas, organizam atos em favor das
Vulpes e participam ativamente nos concursos que as
elegem.
Outro grupo onde as raposas infiltram aliados são
as escolas, esses locais são excelentes, pois ajudam a
formar o pensamento e consequentemente o modo de
agir dos humanos. Com as famílias enfraquecidas, a
educação é, via de regra, entregue a esses ambientes, lá o
que menos acontece é a instrução. As raposas não
querem humanos aprendendo conteúdo que os
capacitem a serem livres, por isso enfraquecem o ensino
e focalizam nas ideologias, essa forma de educar os
humanos virou moda no Brasil, país onde as raposas tem
grande domínio.
O ensino no Brasil é uma calamidade, quando se
fazem testes comparativos de conhecimento com outras
nações, o Brasil leva uma verdadeira PISA. É oportuno
Celso Corsino A saga das raposas64
lembrar: houve um raposão chamado Freire, apesar de
morto, ainda influencia esses espaços, ele era um
daqueles intelectuais seguidores da raposa Marx. Os
ensinamentos de Freire vão na mesma linha de dividir os
humanos jogando uns contra os outros. Ele fez grande
sucesso entre os humanos por cunhar várias frases de
efeito ao ponto de ser endeusado como patrono da
educação brasileira. Os adeptos dessas raposas se
vitimizam, criticam a todos, desenvolvem a inveja, são
incapazes de reconhecer o mérito e de autocriticarem-se.
Celso Corsino A saga das raposas65
As religiões poderiam ser importantes espaços
para o desenvolvimento da cidadania,... mas para isso,
essas organizações não deveriam tomar partido,
deveriam ser suprapartidárias
Celso Corsino A saga das raposas66
11episodio´
Celso Corsino A saga das raposas67
Através da linguagem e de um sistema de crenças,
concomitante a destruição dos valores, as raposas
avançam na dominação das mentes humanas.
Como vocês sabem, houve no passado um
raposão, chamado Marx, não gostava de trabalhar e
passava a vida pensando em como dividir os humanos
para melhor dominá-los, suas ideias ganharam muitos
seguidores entre a raposada dita intelectual, o raposão
Marx tinha uma ideia muito efetiva na atração dos
humanos, inicialmente ele adulava grupos de humanos
desfavorecidos e prometia-lhes vida boa, após
O maneirismo das raposas e sua imposicao aos humanos~
Celso Corsino A saga das raposas68
conquistá-los, os incitavam a brigar entre si, dizendo que
a culpa deles serem pobres eram dos outros humanos e
nunca deles mesmos ou do Estado raposino, essa
estratégia foi efetiva e enfraqueceu sobremaneira os
humanos, estes para terem algum espaço no poder tem
de lutar contra as raposas e contra outros humanos
atraídos por elas.
Para tornar seu poder cultural mais efetivo as Vulpes usam as ideias do raposão Marx, bem como, as de seus seguidores, disseminam essas ideias através de escolas, sindicatos, associações e mídia. Essas ideias são expressas através de palavras cuidadosamente escolhidas, elas sabem o poder da linguagem na construção do pensamento e da ação, são ferramentas importantes para construir um determinado modo de enxergar a realidade. A linguagem das raposas é meticulosamente imposta aos humanos através da patrulha vulpina, as guardiãs do código das Vulpes. Se alguém usa uma palavra em desacordo com o código estabelecido, a patrulha o expõe ao ridículo para servir de exemplo aos outros, dessa forma, os humanos evitam falar alguma palavra fora do padrão adotado, muitos humanos vivem como se mudos fossem e se anulam por não poder se expressar.
Celso Corsino A saga das raposas69
Os maiores aliados das raposas são os grupos de humanos vitimistas conquistados por elas, eles recebem alguns favores para serem fiéis a elas. Apesar de serem grupos minoritários, falam muito, tem bastante espaço nos meios de comunicação e por isso mesmo parecem majoritários. Tais grupos devem sempre fazer o papel de vítimas dos humanos maus para ganhar a simpatia de outros humanos. As raposas, espertas como são, apelidaram esses grupos minoritários e vitimistas de t r a b a l h a d o r e s e o s g r u p o s d e h u m a n o s trabalhadores/empreendedores elas os chamam de exploradores, confundem os papéis e instalam grande confusão entre os humanos, tais confusões devem ser dissipadas nos tribunais dos coiotes, estes, claro, sempre aliados das raposas, acolhem e dão razão aos vitimistas.
As raposas, através da difusão cultural de seus
princípios, influenciam o modo de vida dos humanos e
criam hábitos que os deixam irreconhecíveis, ao ponto
deles perderam suas identidades. Elas sabem do poder
humano, caso agissem unidos. Para quebrar qualquer
tentativa de coesão humana, as raposas atacam suas
famílias através da cultura de massa, enfraquecendo-as o
domínio fica bem mais fácil, nisto elas também têm muito
êxito e a situação dos humanos está quase irreversível.
Celso Corsino A saga das raposas70
12episodio´
Celso Corsino A saga das raposas71
Um método muito eficaz na continuidade do
domínio das raposas é a implantação do caos. As raposas
nunca resolverão o problema da sociedade, nunca darão
liberdade para os seres humanos empreenderem, nunca
reduzirão impostos e jamais reduzirão o tamanho do
Estado. Por que elas agem assim? Ora, elas são raposas.
O espaço público é usado por elas, porque reduzir? O
melhor mesmo é continuar com suas raposices, elas têm
uma maneira de gerir a coisa pública, não sabem e nem
querem implantar uma gestão eficiente, só sabem agir
em bando e em conchavos — hábitos adquiridos nos
covis — foi nesse mundo subterrâneo, onde as raposas
Raposas implantam o caos para criar herois´
Celso Corsino A saga das raposas72
urdiram seus planos com o objetivo de terem o
comando à maneira delas, não importa os meios para
conseguir esse objetivo, elas não podem ficar sem o
poder, seriam eliminadas.
As Vulpes, na ânsia de eliminar o contraditório,
preferem um governo de coalisão, elas tentam agradar a
todos. Esse modelo de gestão, para garantir a
governabilidade, traz para a esfera pública todo tipo de
bicho ruim. Eles querem uma vaguinha no governo
delas, impossibilitados de conseguir esse espaço por
méritos se unem a elas.
A melhor saída para as raposas é mesmo
implantar o caos, através de desmandos como: Saúde
precária, abandono da educação, desemprego, inflação,
burocracias extremadas, violência e muitas outras
raposices. As Vulpes deixam os seres humanos num
abismo de onde não conseguem sair, a única opção, para
quem está morrendo é pedir ajuda e contar com a
benevolência de alguém, exatamente neste momento,
elas surgem, com palavras de esperança, sorriso
sarcástico e coração grande, estendem as mãos para
aquele ser humano fragilizado, mas nunca para o tirar do
Celso Corsino A saga das raposas73
buraco, nunca para ensiná-lo a pescar — nem pense
nisso — elas chegam ali para dar lhe migalhas, mantê-lo
vivo, com a única força suficiente para servi-las. Elas os
ajudam a manter apenas o corpo, a mente deve continuar
aprisionada, servil e carente de proteção.
Além desses atos de humanidade, as raposas são
craques em construir heróis para os humanos, eles
surgem dentro de seu próprio grupo e outros entre os
humanos, neste caso, elas os cooptam rapidamente,
oferecendo lhes benesses para estarem ao lado delas ou a
destruição de suas reputações caso insistam em ameaçar
o reinado raposino. Os heróis inventados, surgem em
todas as áreas: esporte, música, entretenimento, saúde,
educação, segurança... as raposas usam todas essas áreas
sem nenhum remorso.
Na área da educação elas trabalham a mente dos
humanos, desde pequeninos, para idolatrá-las e a serem
mentalmente dependentes delas; na saúde elas deixam
os humanos a beira da morte, quem tem mais dinheiro
paga por uma saúde privada, assim elas recebem
impostos duas vezes por esse serviço; na área da
segurança as raposas desarmam os seres humanos
Celso Corsino A saga das raposas74
sérios, deixam os bandidos armados e contratam
seguranças para si. Desprotegidos, os humanos sofrem
todo tipo de violência, sem poder reagir.
As Vulpes sabem espalhar o caos, são
espalhadoras natas, Sansão percebeu isso há milhares de
anos, quando incendiando suas caldas, as espalharam
nas lavouras dos adversários para se vingar. Na evolução,
elas perderam a cauda, mas aprimoraram a habilidade
incendiária
As Vulpes sabem que o ser humano é vulnerável e
precisa de proteção, então elas, os deixam fragilizados,
ocasião em que, inventam heróis salvadores, com a ideia
de renovação no comando para encherem os humanos
de esperança. Na verdade, os humanos sempre trocam
seis por meia dúzia e só veem isso quando já é tarde,
então o ciclo recomeça: Caos, heróis, caos novamente e
mais heróis.
Celso Corsino A saga das raposas75
Oferece-lhes benesses para estarem ao lado delas,
ou a destruição de suas reputações.
Celso Corsino A saga das raposas76
13episodio´
Celso Corsino A saga das raposas77
Como nunca perder um jogo? Simples, permita a
participação de uma equipe somente, mas fragmente-a
em vários times, essa antiga estratégia (ainda
desconhecida aos humanos), é usada há muito tempo
pelas raposas. Quando elas começaram o domínio,
perceberam que corriam risco de perdê-lo aos grupos de
humanos insatisfeitos, então desenvolveram uma
estratégia simples, mas muito eficaz, dificultaram as
regras para os times se inscreverem no campeonato. Os
coiotes com os cães elaboram as regras e garantem o
cumprimento das mesmas, se algum humano quiser
participar do jogo de cartas marcadas, deverá participar
Um jogo de um time so
Celso Corsino A saga das raposas78
jogando pelos times das raposas, pois não existe vaga
para outros times, as raposas criaram vários times, dessa
forma elas simulam uma disputa, mas na verdade o jogo
é de um time só, elas organizam torcidas, brigam em
público, mas nos bastidores seguem unidas.
Com todo esse teatro, elas conseguem simular um
campeonato espetacular, dão caneladas entre si, brigam
e acusam-se mutuamente. Tudo é muito bem planejado
para os humanos tomarem partido, muitos humanos
vão as vias de fato e se tornam inimigos pela defesa
ardorosa, que fazem, das Vulpes. Com toda essa
realidade você deve estar convencido ser melhor nos
curvamos e aceitar o governo das raposas, não é? Não
concordo, não devemos nos conformar, se as raposas,
sendo animais irracionais, conseguiram evoluir para uma
racionalidade maligna, os humanos, já evoluídos, podem
romper mais uma etapa e serem livres, precisam deixar a
dependência em relação às raposas e construírem sua
própria história, deixando de ser meros expectadores.
Atitudes assim, abririam chances às mudanças.
O conformismo, além de não deixar brotar a
esperança, pode tornar a condição humana pior.
Celso Corsino A saga das raposas79
Somente a indignação acompanhada da prática, pode
fazer surgir uma nova geração de humanos aptos a
ganhar o jogo. Sabemos que, nunca ganha um jogo,
quem não participa. Humanos precisam parar de
participar do jogo, jogando pelo time e com as regras das
raposas, isso é perda de tempo, mesmo que vença, estará
manietado por um cacique.
É preciso criar seu próprio time, o campeonato
está contaminado, para limpá-lo é preciso participar e
mudar as regras. Rejeitar o erro e as raposices é
importante, mas se não incentivar o correto, de nada
adiantará. Os humanos tem de participar do jogo, sair da
arquibancada e acabar com a simulação das raposas. A
posição de torcedor é muito cômoda e divertida, mas só
por um momento.
Celso Corsino A saga das raposas80
14episodio´
Celso Corsino A saga das raposas81
Nas raposeiras existe um grande vai-e-vem, uma
preocupação tira o sono das Vulpes, elas se veem sem
saída, é a multiplicação dos coiotes, dos cães e suas
subespécies, caso essa multiplicação continue, as
raposas podem perder o governo, a preocupação
aumenta mais pelo fato desses animais serem próximos
a elas e conhecerem seus segredos.
Os animais mais queridos e fieis aos seus donos
são os cães, razão pe la qua l mul t ip l icaram
assombrosamente, com tantas subespécies, algumas se
tornaram perigosas aliadas dos coiotes. As raposas
A multiplicacao dos coiotes e dos caes ~~
Celso Corsino A saga das raposas82
traçam planos para exigir fidelidade aos cães, quanto
mais pedem a essas classes, mais tem de ceder.
Os coiotes já levaram muito do poder das raposas,
são animais privilegiadíssimos com altos salários e
regalias, eles tiram férias em dobro, aposentam-se
precocemente com valores integrais e tem poder de
decisão sobre os próprios salários. Eles têm o maior
salário dentre a bicharada, tudo isso em troca de
fidelidade às comandantes. Os coiotes vão sempre
defender as Vulpes, algumas vezes surgem exceções é
verdade, mas eles estão fechados com elas. Como
estratégia de poder os coiotes se dividem em vários
segmentos e legislam entre si, quando flagrados em
algum ato de corrupção, são punidos com uma gorda
aposentadoria, uma boa maneira de retirá-los do foco.
Os cães ficam agitados com isso e dizem aos bochichos,
“Se as raposas quiserem mais fidelidade e proximidade
conosco, nos levem a seus palácios e nos deem
vantagens, como deram aos coiotes”.
As raposas temem os cães, sabem do perigo
representado por eles, ainda mais se se aliarem aos
humanos. De vez em quando, coiotes autorizam que
Celso Corsino A saga das raposas83
cães aprisionem algumas raposas e as exponham na
mídia do galo, mas são atos raros, apenas para alertar as
Vulpes a não mexerem em seus benefícios monetários.
O galo sempre teve cisma das raposas, adoram esse
momento e as expõem fazendo grande escarcéu, uma
estratégia para consegurem mais concessões delas.
Vida de raposa não é fácil, dizem elas, precisamos
agradar a todos, ainda bem que podemos contar com os
humanos servis. A única saída inteligente é ceder aos
caprichos dos coiotes, cães, porcos e galinhas. Os únicos
que não podem ter regalias são os humanos, estes devem
ser adestrados e mantidos como sobreviventes, ademais
quem paga a conta são mesmos os humanos, eles são a
fonte de renda, não podem ser deixados em liberdade.
As raposas, meticulosamente, colocam tudo na
balança, as galinhas nunca as ameaçaram, sempre lhes
deram carne e agora notoriedade, os coiotes são fortes,
mas subalternos, se movem por dinheiro, os cães
caçavam as raposas, mas isso era quando os humanos
tinham o comando, esses animais servem a quem tem o
poder, os porcos são nossos aliados em todas as esferas
administrativas.
Celso Corsino A saga das raposas84
A ameaça, continua sendo mesmo os humanos.
Com o poder nas mãos — refletem as raposas — eles
poderiam nos embebedar, nos matar e ainda fariam
agasalhos com nossa pele, quanta humilhação!
Lembravam e l a s e r eg oug avam por hora s,
reabastecendo assim o ódio e a sede de vingança pelos
humanos. Infelizmente, reconhecem, dependemos
deles para pagarem os impostos, então temos de fingir
apreço a essa raça, tudo somado, sabem que esse preço
vale a pena. Comer comida de humanos, andar entre eles
em algumas épocas, abraçá-los e até apertar-lhes a mão,
por toda essa bondade é justo ter a devida recompensa
dos humanos.
Celso Corsino A saga das raposas85
Os coiotes se dividem em vários segmentos e
legislam entre si, quando flagrados em algum ato de
corrupção, são punidos com uma gorda aposentadoria.
Celso Corsino A saga das raposas86
15episodio´
Celso Corsino A saga das raposas87
As raposas arrecadam muito dos humanos, quase
metade da produção deles vão para os covis, elas
devolvem pouco daquilo que arrecadam. O grande
trunfo delas é a divisão humana, eles não sabem o poder
que teriam, se a riqueza produzida, fosse deles ou se a
quantidade de seus governantes fosse menor.
As raposas gastam de todo jeito, elas são hábeis
em pedir sempre mais e em criar necessidades para
gastar o dinheiro dos humanos. As Vulpes precisam de
muitos setores para ajudá-las a gastar, criaram um
Estado obeso, cheio de burocracias e empregam muitos,
Como as raposas usam o dinheiro dos humanos?
Celso Corsino A saga das raposas88
dessa forma elas evitam dar a essas pessoas a liberdade e
as tornam empregadas delas, através de milhões de
cargos de confiança. Dentre os vários setores que as
raposas criaram, o mais eficiente é o arrecadatório, é um
sistema quase perfeito, onde elas mais investem.
Nenhum humano consegue fugir desse sistema, esteja
onde estiver, nos lugares mais ermos, ainda assim ele
contribui com as raposas através do consumo.
Setores mais importantes aos humanos como
saúde, educação e segurança são mantidos ineficientes.
As raposas têm o seguinte pensamento: aos humanos
somente o necessário para sobreviverem. Elas têm razão
na sua lógica, se dessem uma boa educação aos
humanos, eles iriam se fortalecer e se voltariam contra
elas.
As raposas só se preocupam mesmo com a
arrecadação, prestando um mau serviço nas áreas
essenciais, elas obrigam os humanos a pagarem por
esses serviços e assim pagam dobrado. Vem o seguinte
raciocínio: se os humanos pagam pelos serviços
essenciais em rede privada, porque não pedem
permissão às raposas para deixarem de pagar por esses
Celso Corsino A saga das raposas89
serviços ? Pelo simples fato de não serem livres para isso.
As raposas riem e se gabam de estarem servindo a todos,
todos os bichos que governam os humanos ganham
com isso, até os porcos preguiçosos zombam dos
humanos insatisfeitos, “se querem algo melhor paguem
por isso no sistema privado”, os serviços que as raposas
impõem aos humanos, são entendidos, até pelos
humanos, como favores, eles perderam o controle sobre
seus tributos, nem, ao menos, sabem quanto de
impostos pagam em um produto, o imposto está
escondido no valor das coisas.
De fato, não há o que fazer enquanto os humanos
agirem dentro da lógica das raposas, os humanos só
seriam livres, caso, se desprendessem das raposas, o
problema é a dependência cultural a elas, eles
esqueceram da história, entendem que essa é a única
maneira de viver, afinal nasceram assim, e além da
barreira cultural, é perigoso intentar contra as raposas.
Os humanos entendem que o mundo foi feito assim; as
raposas devem mandar, os ajuizados; somente,
obedecer.
Celso Corsino A saga das raposas90
16episodio´
Celso Corsino A saga das raposas91
Diariamente surgem escândalos do comando das
raposas, isso as deixam inquietas, elas têm uma vida no
covil e outra de aparência, dizem que a vida do covil é
privada, direito delas, não interessa aos humanos nem a
qualquer outro bicho, mas sabemos ser nos covis onde
se tomam as decisões. Os humanos esperam que as
raposas vivam segundo seus padrões, é um erro, cada um
tem sua natureza, em parte a culpa é das raposas, pois
alimentam essa expectativa nos humanos, se querem ser
medidas pela medida dos humanos.
Quando algum escândalo de covil, vaza para os
Estrategia das raposas frente aos escandalos ^´
Celso Corsino A saga das raposas92
humanos, as raposas seguem um manual de ações
práticas para evitar contaminação em seu domínio, nesse
manual destacam-se algumas ações:
1- Deslegitimar a fonte. As denúncias sobre as raposas,
apesar de serem muitas, o que se vê é apenas a ponta do
iceberg, quem ousar fazer qualquer acusação contra elas
é imediatamente desqualificado, podendo sofrer todo
tipo de perseguição, como perder um cargo, jogarem o
odor delas no acusado e perseguirem suas famílias. É
comum também o acusador entrar em cena como
acusado.
2- Ficar doente. Fazer uma cirurgia, tirar licença médica ou
‘‘matar’’ um familiar. Essa estratégia, apesar de antiga é
muito eficiente; uma doença qualquer, toda raposa tem,
muitas vezes nada grave, mas com o escândalo, elas
aproveitam, dão publicidade ao problema e conseguem
desviar o foco, gerando por esses meios, comoção entre
os humanos. Conheci vários casos de raposas que
tinham cirurgias para fazer, mas são daquelas que
podem aguardar anos ou poderia se fazer sem alardes,
como limpeza de olho, implante de pelos, remoção de
cauda ou de glândulas odoríferas, troca de dentes, etc.
Celso Corsino A saga das raposas93
Surgiu um escândalo, a raposa inventa uma cirurgia e
pede licença médica, desse modo, o assunto saí da mídia
dos galinheiros adversários.
Uma ação improvável e que ninguém ousa falar é
a morte de um familiar, casos de morte é muito sensível,
todas as raposas têm dezenas ou centenas de parentes e
de vez em quando alguém morre, se a morte acontecer
num momento em que a raposa está bem, ninguém toma
conhecimento, às vezes nem ela mesma, mas se essa
morte acontecer num momento ruim para a raposa,
mesmo que seja a morte de um familiar de algum
serviçal, ela dá publicidade a isso, entra de luto por vários
dias, pede respeito e claro ninguém a acusa mais.
3- Promover um escândalo maior. Parece um método
estranho, mas traz bons resultados, ao sentir que, um
determinado escândalo pode trazer estrago ao covil, elas
permitem, através da agência do galo, o surgimento de
um escândalo maior e mais espetacular, esse,
geralmente, cercado de mistérios, tira a atenção do
anterior e como foi criado para um propósito,
desaparece, tão logo, os humanos esqueçam do anterior.
Celso Corsino A saga das raposas94
4- Boi de piranha. As raposas, por vezes, entregam
algumas dentre elas, claro, muito bem combinado com a
vítima, uma raposa menor, às vezes sem importância,
assume a culpa de um raposão, é a famosa testa de ferro
que suporta todo o peso da culpa, paga pelo erro, livra o
raposão e depois é muito bem recompensada nos
bastidores.
5- Pedir investigação. As raposas são craques em pedir
investigação, geralmente dizem: ‘‘ não estou autorizada a
falar sobre esse assunto, desconheço o teor das
acusações, meus coywolves vão cuidar disso’’. O
Coywolf é um estranho animal, serve muito bem às
raposas, surgiram recentemente, através do cruzamento
dos coiotes com os cães, a amizade entre cães e coiotes
tornou tal cruzamento inevitável, geralmente o coywolf
sonha em ser coiote. Com esse argumento as raposas
ganham tempo e quando, por fim, a investigação é
tratada pelos coywolves e encaminhada aos coiotes, elas
são inocentadas ou a investigação é arquivada para
sempre.
Celso Corsino A saga das raposas95
6- Ficar inconformada. Essa dica foi dada pelo experiente
raposão Brama a uma de suas raposas queridas, a ideia é:
surgiu uma acusação fique logo indignada, depois você
pode usar outra estratégia, mas indigne-se, fique
estarrecida, faça-se de vítima, dessa forma ganhará o
apoio de muitos humanos para as próximas etapas.
7- Lembre-se da família. Apesar do sentimento familiar ter
se reduzido entre os humanos, ele ainda é importante.
As raposas são instruídas a sensibilizarem os humanos
por esse ponto fraco; lembrar-lhes que, também elas,
têm uma família.
8- Dizer que há interesse político por trás. Agir somente por
interesse deixam os humanos decepcionados,
principalmente quando esse alguém prometeu
desprendimento. As raposas usam essa estratégia,
geralmente dizem: ‘’Tal acusação não tem fundamento,
ela vem na verdade movida por quem quer ocupar meu
lugar’’. As Vulpes são criativas e se saem muito bem
nessa guerra de versões.
Elas criaram uma estrutura gigantescas para
Celso Corsino A saga das raposas96
manter essa vida aparente, são vários profissionais
envolvidos, os pavões cuidam de sua beleza, os urubus
de sua saúde, mas o grande destaque fica por conta das
galinhas, estas cuidam da imagem delas frente a opinião
pública, os galos são mestres em comunicação, criaram
uma linguagem apropriada para sensibilizar os
humanos, eles escrevem, as Vulpes falam, os suínos
executam e os coiotes juntamente com os cães zelam
pela ordem.
Os porcos formam outra uma casta gigantesca,
com privilégios para executar as ordens de serviços aos
humanos, eles executam à maneira deles. Apesar, dos
porcos terem sido escolhidos para servirem aos
humanos, ganharam grande importância no governo
das Vulpes, são organizados enquanto classe, fazem
muitas reinvindicações, as quais, geralmente são
atendidas. Os suínos têm o poder de parar toda a
administração raposina, razão pela qual, são tratados
com muito carinho. Até mesmo os humanos servem aos
porcos e quando precisam se reportar a eles, devem fazê-
lo com muita cautela, do contrário, não são atendidos e
ainda sofrem ameaças de serem aprisionados pelos cães.
Celso Corsino A saga das raposas97
...ao sentir que, um determinado escândalo pode trazer estrago ao covil, elas permitem, através da
agência do galo, o surgimento de um escândalo maior e mais espetacular.
Celso Corsino A saga das raposas98
17episodio´
Celso Corsino A saga das raposas99
Do alto de seus tronos e limpando seus bigodões,
as raposas observam e riem de algumas atitudes
humanas, a última delas são as divisões criadas entre eles
motivadas por ideologias, as raposas olham com muita
atenção e incentivam essas divisões, pois enfraquecem
os humanos e dão a elas a certeza de continuarem seu
domínio sem maiores problemas. As raposas não têm
outra ideologia, que não seja a de manter-se no poder,
então se tornaram excelentes observadoras da vontade
humana através de pesquisas; assim, profissional e
demagogicamente, agradam sempre a maioria.
Os ambientalistas, os representantes de minorias e as raposas,
Celso Corsino A saga das raposas100
Algumas atitudes divisionistas dos humanos,
ajudam o governo das Vulpes, quanto mais divisões os
humanos criam em seus territórios; mais cargos
públicos são criados para as raposas e seus assessores,
quanto mais brigas internas; mais cargos para os coiotes
e seus subalternos. As Vulpes esfregam as mãos em
gratidão aos céus, por terem conseguido adestrar com
êxito os humanos.
Vamos ver em detalhes algumas dessas divisões.
1-Ambientalismo. É correto e importante os humanos se
preocuparem e terem ações de proteção ao meio
ambiente, em geral, eles têm essa preocupação, até
surgiram vários grupos ambientalistas para propagar
ideias e defender o meio ambiente de ações predatórias,
até aí tudo louvável, o problema reside no fato, dessas
atitudes, serem utilizadas, como ideologias políticas por
grupos de pressão, eles se colocam como os únicos que
sabem proteger o meio ambiente, atitudes que deveriam
ser naturais, passam a ser usadas, impostas e patrulhadas
por esses grupos.
Celso Corsino A saga das raposas101
2- Minorias. Entre os humanos surgiram vários grupos
autodeclarados, defensores de minorias, onde houver
uma minoria, geralmente, há um grupo de defesa,
quanto mais minoritário, mais protegido deve ser dos
outros humanos maus.
Os grupos, representantes das minorias, criaram
um manual de conduta para imporem suas pautas, esse
manual é conhecido como “politicamente correto” são
orientações de como agir e falar para ganhar espaço. O
manual tem como prioridade trabalhar a linguagem.
Eles entendem que, para ter o poder, deve antes,
dominar a linguagem. O problema não está na
linguagem em si, mas do uso extremado que dela fazem.
As palavras mais batidas por esses grupos mudam
conforme o interesse deles. Todos têm de usar as
palavras definidas por eles, senão fazem birra, jogam se
no chão ou acionam os coiotes. Coloco aqui algumas
dessas palavras:
1-Empoderamento. Esta é linda, é o ato de dar ou conceder
poder para si próprio ou para outrem.
Celso Corsino A saga das raposas102
2. Prostituta. Para essa moçada é uma palavra que denigre
uma pessoa, o nome correto deve ser profissional do
sexo.
3-Viciado em drogas. Mais uma palavra denegridora, agora
precisamos nominá-los de dependentes químicos,
4-Sexo masculino ou feminino. Também não, pois para a
turma do politicamente correto, ninguém nasce homem
ou mulher, nascemos uma pessoa, sexo é definido mais
tarde, por isso agora deveremos falar em gênero.
5- Velho ou idoso. Deve ser evitado para quem está no fim
da vida, devemos dizer que é uma pessoa da melhor
idade.
Existe uma infinidade de palavras impostas por
esses grupos, coloquei aqui algumas somente para dar
uma noção do ponto a que chegaram os humanos.
As atitudes mais expressas pelos humanos
adeptos das divisões é o vitimismo, dizem ser vítimas da
história e das gerações passadas, devendo a geração
presente, pagar-lhes essa conta. Fazer se de vítima para
angariar a benevolência das pessoas em seu favor é a
regra, é comum dizerem que sofrem mais, não tem
empregos bons, não tem acesso à educação e assim
forçarem as raposas a criarem privilégios a eles; as cotas,
baseadas na cor da pele, Às é um bom exemplo disso.
vezes, basta a pessoa autodeclarar-se de uma cor tal, para
ter acesso aos privilégios das cotas, no fim o objetivo é
mesmo buscar privilégios para quem participa de um
determinado grupo.
Esses grupos têm imposto, a sociedade dos
humanos, a ideia do multirracial, eles dizem que não
somos uma só raça, mas várias. Na verdade, essas
categorizações, são criações sociais e estão baseadas na
cor da pele. As raposas, assistem a isso do alto e
incentivam, pois quanto mais divididos os humanos
estiverem, mais fácil será dominá-los.
O objetivo do politicamente correto é causar
confusão entre os grupos e chamar atenção para os
líderes, estes no final são quem falam, têm o poder de
representar as minorias, muitas vezes, construídas.
Celso Corsino A saga das raposas103
As raposas espertas como são, escalam facções
dentre elas, para apoiar todas as minorias, assim ficam
bem com todas e os humanos continuam divididos.
A Maioria, não deve impor seu modo de pensar e
agir às minorias, mesmo quando construídas por
espertalhões, deve respeitá-las e garantir a elas as
mesmas opor tunidades, embora as minorias
ideologicamente alinhadas com o politicamente correto
não queiram igualdade de oportunidade, quer
privilégios, isso os humanos não deveriam permitir.
Falar de várias raças humanas é aceitar sub-raças e
degenerações, todos são igualmente humanos, uma raça
só, ainda que tenham diferenças em seus costumes, cor
de pele, estatura, etc. As raposas não querem saber disso,
querem incentivar e patrocinar as divisões entre eles e
garantirem a continuidade de seu governo.
Celso Corsino 4 A saga das raposas104
...quanto mais divisões os humanos criam em
seus territórios, mais cargos públicos para as
raposas e seus assessores são criados.
Celso Corsino 4 A saga das raposas105
Celso Corsino A saga das raposas106Celso Corsino A saga das raposas105
18episodio´
Celso Corsino A saga das raposas107
Seu José deu litros e mais litros de cachaça para as
raposas, isto as tornaram dependentes da marvada
pinga, aumentando nelas a disposição genética aos
vícios, no entanto, agora precisam parecer elegantes.
Não podendo vencer o vício da cachaça, elas o
substituíram por outras apreciações mais chiques e,
obviamente, tudo pago com o dinheiro dos humanos.
Raposas não trabalham, elas se divertem com isso,
jogando a culpa nos humanos: “São eles os culpados de
nossos vícios, portanto, paguem a conta”.
A substituição do antigo vício por outros, varia
Os vicios das raposas
Celso Corsino A saga das raposas108
muito, dependendo do estilo dq região onde a raposa
está vivendo, caso estejam na capital federal, distante dos
humanos que as elegeram, elas aprontam mais, esbanjam
em festas e jantares com whiskies e outras mordomias.
As drogas agora são requintadas, os humanos não
podem reclamar, são culpados e elas têm o direito de
usufruir do fruto do trabalho deles, pois vivem fatigadas
de tanto se preocuparem com eles. Devido aos vícios da
bebedeira, glutonaria e ao sedentarismo, muitas raposas
se tornaram obesas e doentes, então decidiram por
planos de saúde sem limites, nos melhores e mais caros
hospitais, tudo bancado pelos humanos.
Outro vício das Vulpes são as compras no
exterior, claro, elas alardeiam que essas viagens são
trocas de experiências, para melhor administrarem
nossas vidas. Às vezes elas alugam aviões ou os utilizam
de seus amigos empresários, esses empresários não são
pequenos empreendedores, são ricos prestadores de
serviço ao Estado, conhecidos no meio raposino como
campeões nacionais.
Nas festas das Vulpes, às vezes, acontecem brigas,
mas o que acontece no covil deve ficar no covil.
Celso Corsino A saga das raposas109
Recentemente vazou uma dessas brigas onde uma
raposa fêmea, jogou um vinho caríssimo no focinho de
um famoso raposão, são assim suas brigas, regadas a
vinhos e champanhes caríssimos.
Celso Corsino A saga das raposas110
19episodio´
Celso Corsino A saga das raposas111
Muitos humanos desistiram de fazer sua própria história, eles se conformaram e não veem outra saída, senão o melhoramento das Vulpes. Eles acreditam que, com o processo de evolução, elas podem se tornar cada vez melhores, os concursos expressam bem essa atitude humana, eles creem que fazendo uma seleção das raposas, a tendência é o melhoramento genético, e alcançarão assim, a perfeição das raposas. A técnica dos humanos para esse melhoramento, vem através da seleção artificial, onde eles escolhem as raposas mais hábeis e mais parecidas a eles. As Vulpes têm uma técnica, investem na aparência e na linguagem para os iludirem. A seleção feita pelos humanos na verdade está na contramão, pois reforça as atitudes raposinas.
A maioria dos Humanos desiste de lutar
Celso Corsino A saga das raposas112
Por essa fé nas Vulpes, muitos humanos creem,
que sua história é feita pelas raposas: “somos
indissociáveis, não se pode separar-nos”, então, se
aliaram a elas e fazem um caminho inverso, antes as
raposas queriam ser humanos, hoje, muitos humanos
querem ser raposas. Eles as imitam em tudo, falam,
andam, se comportam iguais a elas, seus adquiriram
trejeitos, vivem em seus covis, comem de suas comidas e
até gostam do cheiro vulpino. Em seus covis as raposas
comemoram esse momento especial, chega a ser
emocionante ver seus algozes de antes, buscando imitar
seus padrões de comportamento.
Certa vez ouvi o discurso de um raposão
enquanto adestrava alguns humanos, levou muita ele
gente as lágrimas quando disse: “Estou cansado, tenho
acabado com minha saúde servindo a vocês, agora
entendo ser justo dar uma oportunidade a alguns de vós,
pois se esforçam para nos servirem com humildade,
vocês têm colocado toda diferença abaixo do bem
comum, as nossas raças entendem, ser o cuidado com as
pessoas,o dom mais elevado, eles nos movem a termos
esse encontro, onde as diferenças nada são, diante do
amor ao próximo”.
Celso Corsino A saga das raposas113
Esse discurso soou muito bem, as pessoas se
emocionaram e gritaram: “Raposa, raposa, raposa” ao
final do período de treinamento, aqueles humanos
reconheceram a bondade daquele raposão e a
reabilitaram no comando, quando ela morreu,
reabilitaram sua irmã mais nova e depois seus filhos.
Vejam, através dessa pequena história, como as raposas
são inteligentes, elas nunca darão o poder aos humanos,
apenas fingem, para eles as servirem e as reabilitarem
juntamente com seus filhotes. Quando uma raposa
morre, ela deixa alguns filhotes em seu lugar, elas
entendem a necessidade de fazer sucessores, dessa
maneira a quantidade de raposas nos covis aumenta cada
vez mais.
Celso Corsino A saga das raposas114
20episodio´
Celso Corsino A saga das raposas115
A grande habilidade das raposas é a capacidade de
se reinventar, adequar-se e parecer-se com os humanos.
Parecem tanto com eles, sendo difícil diferenciá-las. As
reinvenções das Vulpes, geralmente acontece nos
momentos de crises e de descontentamentos, é preciso
mudar o foco, é preciso ressurgir das cinzas. Quando
achamos que estão abatidas, estão na verdade nos covis,
reunidas com os galos, esquematizando algum plano
para se reinventarem.
Os humanos gostam de coisas inéditas, seria uma
atitude louvável se tais arranjos, fossem produzidos por
A reinvencao das raposas ~
Celso Corsino A saga das raposas116
eles, o problema está em esperar novidades externas
para então imitar. Para encantar os humanos, as raposas
estão sempre criando algo para ocupar suas mentes, elas
ocupam os meios de comunicação e pregam muito
sensacionalismo aos humanos, geralmente em forma de
leis, elaboram muitas leis para os humanos, somente
para agradá-los, são milhares de leis, com o claro
objetivo de satisfazerem as expectativas humanas, mas
não passam disso, elas não precisam realizar, basta criar a
lei, fazer algumas pequenas ações e pedir ao galo para dar
publicidade, os humanos não precisam receber os
benefícios alardeados pelas raposas, ao verem imagens
de algumas pessoas recebendo, se dão por satisfeitos.
Elas se tornaram peritas na arte da imitação
conveniente, na época dos concursos, imitam os
humanos em tudo, eles adoram e veem isso como uma
capacidade inigualável. Se raposas conseguem ser
humanos, e os humanos não conseguem ser raposas,
está claro: elas são superiores e tem a legitimidade do
domínio.
Muitos humanos endeusam tanto as raposas, ao
ponto de odiarem quando elas tentam parecer-se com
Celso Corsino A saga das raposas117
eles, e pedem a elas para nunca deixarem de ser raposas,
elas deveriam agir como raposas, pois tais atitudes são
nobres; humanos não poderiam ser governados por
humanos: ‘‘onde já se viu, alguém semelhante a mim me
governar?’’ Para nos governar é preciso estar acima de
nós, refletiam os humanos.
Aproveitando da abertura humana a seus
princípios, as Vulpes incutem seus nomes e história na
vida deles, fazem isso através da lembrança, batizavam
vários locais importantes como escolas, ruas, hospitais,
praças e bairros com nomes de raposas ou de algum
familiar delas.
Celso Corsino A saga das raposas118
21episodio´
Celso Corsino A saga das raposas119
Para melhor dominar os humanos, as raposas
criaram vários sistemas ideológicos. Os intelectuais
devem ser bons pensadores, mas esses pensamentos
devem estar dentro da caixa, ou seja, do método criado
pelas Vulpes. Os humanos tinham um modo de
conduzir suas vidas, um modelo que surgiu
naturalmente, mas isso foi antes das raposas, com a
tomada do poder e a evolução delas, foi-lhes impostos
vários sistemas para escolherem, então vivem como se
somente houvessem os sistemas de pensamento
vulpino. A forma nascida naturalmente caiu no
esquecimento e hoje os humanos se esforçam para viver
A ideologia das raposas
Celso Corsino A saga das raposas120
sob as ideologias do sistema vulpino.
O sistema humano de sobrevivência era assim:
quando eles começaram a se multiplicar, perceberam a
impossibilidade de viverem isolados, necessitavam de
interações. Entenderam também não serem capazes de
produzir tudo para viver, vendo eles, que diferentes
regiões eram melhores para produzir determinados bens
começaram a fazer trocas entre si, se alguns viviam em
locais de terras férteis produziam alimento, os que
viviam em terras inférteis, mas moravam próximo a rios,
pescavam ou construíam embarcações, quem vivia em
área de pastagem criavam gado e tinham carne com
abundância, além das especificidades naturais, alguns
grupos desenvolveram habilidades diferentes. A partir
da realidade veio a percepção da necessidade das trocas,
eles poderiam ter tudo o que era produzido em todos os
lugares e por diferentes grupos, bastava para isso trocar
os produtos abundantes com produtores de outros
lugares ou com outras especialidades.
Após o sistema de escambo os humanos
evoluíram um pouco mais e criaram a moeda, o que deu
mais vida aos comércios. Os comerciantes compravam
Celso Corsino A saga das raposas121
tudo de todos e revendiam, dessa maneira puderam
centralizar os locais de negociação, os comerciantes
intermediavam as trocas e lucravam com seus serviços,
quanto mais negociavam, mais obtinham lucro e mais
movimentavam o dinheiro. Os valores de produtos
caros e inacessíveis a muitos se tornaram acessíveis e a
qualidade de vida aumentou Os significativamente.
humanos perceberam que, dez dinheiros parados na
mão, nada traziam de bem para a sociedade, mas se esses
dez dinheiros fossem trocados várias vezes de mãos,
geravam movimento na economia e todos ganhavam,
resumindo nascia assim o sistema perfeito de
negociações, ganhava mais quem trabalhasse mais e com
mais inteligência.
Todos eram recompensados pelo mérito e tinham
a liberdade para se desenvolverem. Concomitante as
trocas entre os humanos, surgiu o Estado, entidade
acima de todos, recolhia um pouco de todos para
garantir a segurança nas negociações e prestar os
serviços básicos comuns a todos.
Quando as raposas começaram a dominar,
perceberam que não adiantava deixar o Estado como
Celso Corsino A saga das raposas122
estava e precisavam dominar todos os aspectos da vida
dos humanos. Elas ficaram preocupadas com a
liberdade dos humanos em negociar e viver, então, de
posse do Estado, concordaram em mudar a forma dos
humanos pensarem, pois perceberam, ser o pensamento
a maior barreira para o domínio, então, juntaram todo
pensamento favorável ao domínio delas e trabalharam
esses pensamentos ao ponto deles se tornarem hábito
e/ou cultura, com o pensamento moldado, os humanos
ficaram prontos para serem comandados.
Surgiu então, o pensamento antinatural, ou seja,
do estado gigante, empresarial e dominador,
basicamente, esse modelo, começou a ser rascunhado
por Platão na Grécia antiga, ele defendia o fim da família
e da propriedade. Thomas Morus defendia em sua obra
“Utopia” o coletivismo. Posteriormente, a Revolução
inglesa aprofundou os desejos coletivistas. No século
XIX Karl Marx e Friedrich Engels compilaram todas
essas ideias e lançaram as bases para o sistema favorito
das raposas, deveria ser implantando o comunismo. Este
através de lutas de classes, o modo perfeito para a
fragilização dos humanos e a ampliação do Estado. As
raposas sabem que o comunismo é uma grande utopia e
Celso Corsino A saga das raposas123
nunca será alcançado, contudo seus resquícios
coletivistas e estatistas, como o socialismo, estão no
imaginário popular, esses sistemas prometem tudo para
todos, soa como um paraíso. O objetivo delas é
aumentar o Estado, dividir os humanos e demovê-los da
ideia de propriedade, família, Deus e outros valores
reforçadores da liberdade humana. Uma vez órfãos,
buscarão toda a proteção no Estado.
Pedindo tudo ao estado, os humanos legitimam
seu gigantismo e burocracia, além do mais, o sonho do
paraíso terrestre construído artificialmente é cheio de – –
boas intenções, usurpa a ideia do paraíso celeste e
engajam humanos desavisados. O estado natural das
trocas, do respeito a propriedade e da valorização do
mérito foi taxado de individualista e mau. Para
alcançarmos o utópico paraíso terrestre, precisamos de
muitos intermediários, está feito assim, o colchão
ideológico para o domínio das raposas.
Celso Corsino A saga das raposas124
22episodio´
Celso Corsino A saga das raposas125
Apesar da publicidade entorpecer os humanos,
seus sofrimentos só aumentaram, as raposas sabiam que
o sofrimento poderia levar humanos a se insurgirem
contra elas, já haviam movimentos nesse sentido, era
preciso fazer algo, a de a primeira ideia, que tiveram, foi
infiltrar muitos galináceos entre os humanos e
perguntarem deles o que lhes faziam chorar, ora as
raposas sabiam exatamente a causa do sofrimento
humano, mas tiveram a grande ideia de ir perguntar deles
— isso muda tudo — fez os humanos perceberem a
“preocupação” delas em relação a eles. Elas fizeram o
seguinte raciocínio: ‘‘eles estão perdidos e não sabem o
O trunfo das raposas
Celso Corsino A saga das raposas126
que querem, então vamos perguntar a eles, mas antes,
vamos sugestioná-los a darem as repostas convenientes
a nós, em seguida daremos a eles, aquilo que imaginam
ser suas vontades’’.
O tempo todo, milhares de galináceos perguntam
aos humanos pelas ruas, o que eles querem. Esse
trabalho tem a ajuda dos suínos. Os galos formulam
perguntas capciosas, também fazem esses questionários
por meios eletrônicos. São engraçadas as respostas dos
humanos, eles se expõem às raposas como crianças
pedindo algo aos pais, eles imaginam que a salvação de
suas condições vem delas, eles se anulam. Dificilmente
vemos um humano chamando outro a se unir para
resolverem seus problemas. Suas vidas foram entregues
às raposas, elas devem resolver tudo: o que eles devem
comer, beber, vestir, como devem se divertir e onde
podem ir. Todas essas definições têm por trás os
impostos, tudo o que os humanos adquirem devem
de ixar uma “contr ibu ição” compulsór ia de
agradecimento às raposas.
De posse das respostas dos humanos as raposas agem e
fazem grandes obras. Às vezes, os humanos choram
Celso Corsino A saga das raposas127
com o preço dessas obras, ao que elas respondem:
“Foram vocês que pediram”, então os humanos se
conformam. Nas pesquisas conduzidas pelos
galinheiros e com respostas condicionadas, os humanos
optam por estádios de futebol ao invés de escolas, é
compreensível, as raposas aplicaram toda espécie de
sofrimento aos humanos, agora eles querem se divertir
um pouco. Toda energia humana é gasta com trabalhos e
preocupações para pagarem impostos às raposas e na
aquisição de itens de necessidades básicas. Humanos não querem educação, dá trabalho e
alguns chegam a tratá-la como perda de tempo e enfado.
As raposas tornaram a educação ineficiente e pesada aos
humanos, eles precisam sentar em cadeiras duras por
horas e ficarem ouvindo, por isso eles rejeitam a
educação, abandonam as escolas e pedem diversão às
raposas, então, elas dão os estádios para espetáculos,
festas o tempo todo e migalhas para os necessitados se
conformarem. Elas acharam a receita perfeita, dê-lhes
comida e diversão e teremos bons trabalhadores e
pagadores de impostos.
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23episodio´
Celso Corsino A saga das raposas129
Há muitas notícias vindo das raposeiras, algumas
nos falam sobre confusões e acusações entre as Vulpes,
elas estão fragilizadas, sua forma corrupta de agir deixou
muitos rastos e em meio aos coiotes apareceram alguns
humanos, estes conseguiram provar várias falcatruas
delas, por conta disso as tornaram rés e até levaram
algumas — mesmo contra as torcidas — à prisão;
começa, então, a nascer um otimismo entre os humanos,
muito embora as raposas continuem se reinventando e
apresentando suas crias como sendo a renovação, os
humanos têm grandes chances.
Inicia-se o declinio
Celso Corsino A saga das raposas130
Os humanos, infiltrados nas cortes dos coiotes,
conseguiram prender, ou tornar rés, as raposas
identificadas, pelos seguintes codinomes: Brama, Bob,
Caranguejo, Italiano, Coxa, Babel, Benzedor, Boca
Mole, Bolinha, Brigão, Mineirinho, dentre outras. As
raposas, em suas raposices, criaram esses codinomes
para se disfarçarem em momentos de perigo.
Todo esse movimento, já dura anos e faz nascer
uma esperança, é o momento ideal, para os humanos
levantarem uma nova geração, sob novos princípios.
Não se pode perder essa oportunidade e continuar
trocando seis por meia dúzia.
As Vulpes têm sorte, pois os humanos não estão
devidamente preparados para um momento novo, elas
os adestraram a não conhecerem outro caminho, muitos
ficaram dependentes delas e só sabem participar dos
concursos como torcidas, recebendo ninharias
momentâneas, por recompensa. A nova geração, se
quiser ser protagonista, terá de usar outros caminhos,
usar armas corretas e ainda terá o imenso desafio de
convencer seus iguais a esquecerem as raposas e fazerem
sua própria história.
Celso Corsino A saga das raposas131
...embora as raposas continuem se reinventando e apresentando suas crias como sendo a renovação, os
humanos têm grandes chances.
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Parece impossível, mas existe uma resposta a essa
pergunta. Vamos pensar sobre essa saída, as reflexões a
seguir também servem para nossos problemas do dia a
dia, vamos fazer esse exercício juntos.
Crie a seguinte imagem mental: Estamos perdidos em
local ermo e para piorar fomos jogados num abismo. A saída é
dificílima, alguns diriam impossível, mas temos alguns
pontos em nosso favor, estamos vivos e não estamos
sós. Não podemos achar que o fundo do abismo é a
nossa morada e conformarmos com isso, conformismo
nesse caso, custa mais caro do que a ação. O primeiro ponto
para quem está numa situação difícil é ter consciência do
Qual a saida para os humanos?
Celso Corsino A saga das raposas134
problema, após isso precisamos de união, sem a união não
podemos dar o próximo passo, uma vez unidos poderemos
planejar a saída e então agirmos. Nenhum obstáculo será
intransponível para àqueles que seguirem esses passos:
Consciência - Nós somos o nosso primeiro desafio.
Que compreensão temos da realidade em que vivemos?
Temos a plena certeza do nosso problema interior? Não dá
mais, as raposas estão viciadas em coisas erradas, tem muita
experiência errada, é preciso entender, após derrubarmos as
muralhas que levantamos em nossa mente, elas terão de ser o
primeiro obstáculo exterior a ser derrubado, elas não
mudam, pois não querem e tem uma essência da qual se
orgulham. Vivemos falando em não reelegermos mais as
raposas, mas elas continuam recebendo a aprovação da
maioria dos humanos, às vezes, até pensamos em renovar,
mas fazemos uma falsa renovação, elegendo seus filhotes,
outras vezes, humanos que, poderiam ajudar na mudança,
simplesmente se abstém.
União - Os humanos têm uma característica de
desunião, a soma de forças só pode vir se tivermos o claro
conhecimento de nossas limitações e da grandiosidade dos
nossos inimigos, isso deveria nos envergonhar, somos
maioria, mas somos governados e massacrados pela minoria.
Celso Corsino A saga das raposas135
Para conseguirmos união precisamos nos desvencilhar do
ego, sermos humildes e abrirmos mão de nossos interesses
em prol da coletividade e sabermos: para alcançarmos
alguma realização individual/pessoal, precisamos, antes do
sacrifício de uma ação coletiva.
Planejamento - Uma vez livres do egoísmo, podemos
preparar nossas ações com vista a um determinado objetivo:
a libertação do domínio das raposas; contudo devemos
entender: a liberdade não adiantará nada se não estivermos
preparados para vivê-la, seremos como pássaros sem as asas,
de nada adiantará tirarmos um problema e colocarmos outro
em seu lugar. Nessa fase temos de pensar em várias
metas/passos que nos permitirão alcançar o objetivo
pensado. Sonhos difíceis, se feitos com planejamento, ficam
fáceis.
Executção- Planejamos um objetivo grande, por isso
mesmo precisamos da participação de todos. Nosso objetivo
apesar de grande, não será impossível se o fatiarmos em
pequenos passos, de forma a ficar leve para todos. Pequenas
ações vão se somando até derrubarmos totalmente a
muralha.
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25episodio´
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Depois de muito sofrimento, os humanos, já
enfraquecidos, tomaram consciência de seus problemas
e fizeram sua primeira reunião, poucos vieram, mas
ninguém duvida do grande passo dado. As primeiras
reuniões aconteciam às escondidas e bem distante dos
covis, os convites eram feitos boca a boca, as raposas
não podiam saber. Esses encontros aconteciam em
locais diversos e eram bem informais para não darem
pistas. Todos falavam, haviam divergências, mas estavam
dispostos a vencerem sua maior dificuldade, a desunião.
Os humanos começam a abrir mão de suas
Surgem as primeiras ideias
Celso Corsino A saga das raposas138
particularidades para algo maior. Houveram alguns
desentendimentos é verdade, o grupo reduziu-se
bastante e para piorar, haviam alguns humanos, aliados
às raposas, infiltrados entre eles. Elas ficaram sabendo
da conspirata, mandaram alguns cães dissolveram e
acompanharem de perto. Dessas reuniões saíram muitas
ideias, eles ainda não as colocaram em prática, mas estão
sendo trabalhadas e vem ganhando força. Alguma
mudança boa poderá acontecer em breve. Em resumo,
são estas as primeiras ideias manifestas pelos humanos:
‘‘Nós humanos, reunidos em locais diversos e informais,
após várias reuniões, registramos aqui nossas ideias para
alcançarmos nossa tão sonhada liberdade. Venham somar forças
conosco, nos ajude com suas ideias para começarmos a mudança.
1- Todos nós devemos reconhecer que falhamos ao
entregarmos nossas vidas nas mãos das raposas, nós devemos ser os
únicos responsáveis por nosso destino em todas as esferas;
2- Concordamos que, a partir desse momento em abrir mão
de nossas vaidades e nos uniremos a fim de conseguirmos nossa
libertação das Vulpes, concordamos ainda que lutaremos e
morremos, se preciso for, pela nossa liberdade;
Celso Corsino A saga das raposas139
3- Concordamos que, todos nós, pequenos ou grandes,
somos importantes e deveríamos participar desse novo momento
histórico.
Ações imediatas e outras ideias
1- Não reelegeremos mais ninguém do mundo vulpino. Os
novos humanos não poderão fazer carreira no espaço de poder
eletivo, assim, eliminaremos as raposas disfarçadas de humanos,
pois são carreiristas por natureza;
2- Concordamos em reduzir o número de representantes
em todas as esferas: legislativa, executiva e judiciária em 50%,
além disso, eliminaremos todos os privilégios, reduziremos suas
verbas e pessoal de gabinete. Quantidade não é sinônimo de
qualidade. Com todas essas ações, mesmo que humanos venham a
nos trair, os males serão menores. Na verdade, estamos colocando
limites em nossa própria vaidade;
3- , nunca Reduziremos o poder de nossos governantes
saberemos se haverá desequilibrados ou traidores, então é melhor
termos, um poder com limitações;
4- Hoje nossa carga tributária é de 40 % somos escravos
das raposas, fazemos o compromisso de reduzi-la a 20 %, em dez
Celso Corsino A saga das raposas140
anos. O Estado tem de ser reduzido e focar nas ações essenciais. O
dinheiro de nosso trabalho, deve circular entre nós, assim geraremos
emprego, renda, oportunidade e ainda reduziremos as
possibilidades de corrupção;
5- Nenhum humano terá privilégio por causa do cargo, não
seguiremos o mau exemplo das raposas e coiotes, todos serão, de
fato, iguais perante a lei.
6- O Estado focará em garantir segurança, educação e
saúde básica para todos, as demais coisas faremos nós, assim
geraremos mais renda entre nós.
7- É vedado ao Estado ser dono de empresas, o Estado não
poderá ocupar nosso lugar, nós vamos empreender, vamos
t r a n s f o r m a r n o s s o p a í s n u m l o c a l d e
empreendedores/trabalhadores.
8- Todos os seres humanos corretos poderão se defender,
terão uma arma se quiserem, esta terá registro, não poderão usá-la
irresponsavelmente, ninguém que haja cometido crimes, roubos, etc.
terão direito a possuir armas, somente poderá tê-las, as pessoas de
bem e habilitadas para isso. Não haverá chances de um bandido ter
uma arma;
9- Nós, fazemos o compromisso de rejeitar as atitudes
erradas, mas incentivaremos as corretas, temos criticado o erro ao
ponto de o banalizarmos, mas quando surge algo correto não
incentivamos, por isso as boas ideias não ganham;
10- Fazemos ainda o compromisso de ficarmos atentos ao
ensino de nossos filhos, acompanhá-los todos os dias, não
desprezaremos a educação familiar, por muito tempo temos
terceirizado isso às raposas, agora será diferente.’’
As ideias surgidas nas reuniões dos humanos, são
sonhos prontos para transformarem em realidade. Essas
decisões correm a boca miúda, as raposas apenas
zombem desses ideais, não fazem caso e nem dão
importância, isso é excelente, os humanos têm, assim, a
oportunidade de amadurecerem suas ideias, refundarem
sua cultura e serem livres.
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Celso Corsino A saga das raposas142
Nós, fazemos o compromisso de rejeitar as atitudes
erradas, mas incentivaremos as corretas, temos
criticando o erro ao ponto de o banalizarmos, mas
quando surge algo correto não incentivamos, por isso, as
boas ideias não ganham vida.
Eu, o narrador dessa história, ouvi muitos
humanos e até raposas, conversei com o Senhor José por
vários dias sobre essa história, ele me relatou como foi o
início de tudo, até então esses fatos eram transmitidos
via oral, resolvi registrar para não esquecermos. Esses
acontecimentos tomaram minha mente por dois meses,
acordava de madrugada pensando nisso, sonhava com
isso, mas acreditava numa saída para nós. Certa vez,
cansado e ainda perplexo acerca da evolução raposina,
adormeci, tive outro sonho, mas este era diferente,
parecia real, vi muitos seres humanos organizados, eles
se uniram, discutiram e conseguiram, após muitas lutas,
Finalizando
Celso Corsino A saga das raposas143
tirar as raposas do comando, elas os atacavam de todo
modo, acordei assustado, pois também estava nessa
batalha.
Comecei a falar desse sonho a muita gente, mas as
pessoas achavam isso uma grande fantasia e riam de
mim, muitos deles haviam se vendido para as raposas e
ficavam furiosos toda vez que eu falava do sonho; para
eles as raposas eram insubstituíveis, tratavam os
humanos muito bem e de fato deveriam ter o controle ad
eternum, os humanos não possuem capacidade de
controlarem a si mesmos, e são piores que as raposas.
No entanto, algumas pessoas, bem poucas, acreditaram
na possibilidade dessa libertação. Diante desse cenário
tive a ideia de lhes contar essa história, com o intuito de
despertar em mais pessoas esse sonho.
Tudo o que vimos na trajetória vulpina é
admirável, mesmo de forma matreira, elas evoluíram e
conseguiram seus objetivos. Muito mais podemos nós
retirar a cultura vulpina enraizada em nossas mentes e
voltarmos ao que somos. Reflita, nossa situação é fruto
do descaso com uma das esferas mais importante de
nossas vidas, a Política.
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