a sabedoria das abelhas

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Ao examinar a vida das abelhas, o autor percebeu que elas podem realmente ensinar aos administradores muitas coisas sobre como dirigir suas organizações. A colmeia se comporta como uma empresa em miniatura, mas incrivelmente bem-sucedida. Combinando orientação prática com fatos interessantes sobre o mundo das abelhas, este livro é um guia útil e divertido para obter o máximo de sua organização.

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A SABEDORIA DAS ABELHAS

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Michael O’Malley, Ph. D.

A SABEDORIA DAS ABELHASO que a Colmeia Pode Ensinar às Empresas sobre

Liderança, Eficiência e Crescimento Organizacional

TraduçãoMÁRIO MOLINA

Prefácio de ROXANNE QUIMBY,Cofundadora e ex-CEO da Burt’s Bees

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Page 5: A SABEDORIA DAS ABELHAS

Título original: The Wisdom of Bees.

Copyright © 2010 Michael O’Malley.

Publicado mediante acordo com Portfolio, uma divisão da Penguin Group (USA) Inc.

Copyright da edição brasileira © 2011 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada dequalquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, grava-ções ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto noscasos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.

A Editora Cultrix não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereçosconvencionais ou eletrônicos citados neste livro.

Coordenação editorial: Denise de C. Rocha Delela e Roseli de S. FerrazPreparação de originais: Marta Almeida de SáRevisão: Indiara Faria KayoDiagramação: Macquete Produções Gráficas

O primeiro número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra. A primeira dezena

à direita indica o ano em que esta edição, ou reedição, foi publicada.

Edição Ano

1-2-3-4-5-6-7-8-9-10-11 11-12-13-14-15-16-17-18

Direitos de tradução para o Brasil

adquiridos com exclusividade pela

EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA.

Rua Dr. Mário Vicente, 368 — 04270-000 — São Paulo, SP

Fone: (11) 2066-9000 — Fax: (11) 2066-9008

E-mail: [email protected]

http://www.editoracultrix.com.br

que se reserva a propriedade literária desta tradução.

Foi feito o depósito legal.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

O’ Malley, MichaelA sabedoria das abelhas : o que a colmeia pode

ensinar às empresas sobre liderança, eficiência e crescimento organizacional / Michael O’Malley ; prefáciode Roxanne Quimby ; tradução Mário Molina. -- São Paulo : Cultrix, 2011.

Título original: The wisdom of bees.ISBN 978-85-316-1160-5

1. Administração 2. Administração de empresas 3. Administração de pessoal 4. Crescimento pessoal 5. Liderança 6. Trabalho (Organização) I. Quimby, Roxanne. II. Título.

11-10835 CDD-658.4

Índices para catálogo sistemático:1. Liderança : Crescimento organizacional :

Administração 658.4

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Page 6: A SABEDORIA DAS ABELHAS

Para meu cunhado Bill Samples, da Honeymoon Apiaries, que me ins-

pirou a escrever este livro com as abelhas que me deu de presente.

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Page 8: A SABEDORIA DAS ABELHAS

Lista de Ilustrações ................................................................................. 10Prefácio ....................................................................................................... 11Nota para o Leitor ................................................................................... 13Introdução ................................................................................................. 17

LIÇÕES DA COLMEIA

LIÇÃO 1Proteja o Futuro ...................................................................................... 29

LIÇÃO 2Mantenha Altos os Níveis de Energia.............................................. 33

LIÇÃO 3Deixe o Mérito Ser o seu Guia ........................................................... 39

LIÇÃO 4Promova a Comunidade, Penalize o Interesse Pessoal ............. 43

LIÇÃO 5Compartilhe a Autoridade ................................................................... 49

LIÇÃO 6Tome Decisões Realmente Boas ......................................................... 56

7

S U M Á R I O

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Page 9: A SABEDORIA DAS ABELHAS

LIÇÃO 7Ordene e Inove em meio a Constantes Imprecisas..................... 63

LIÇÃO 8Fique em Contato ................................................................................... 71

LIÇÃO 9Não Complique........................................................................................ 76

LIÇÃO 10Encontre seus Zeitgebers ...................................................................... 82

LIÇÃO 11Planeje Sistemas “Flexirrígidos” ....................................................... 89

LIÇÃO 12Mantenha um Ambiente de Trabalho Positivo............................. 96

LIÇÃO 13Mantenha seu Equilíbrio ...................................................................... 100

LIÇÃO 14Descubra e Use os Talentos Especializados de seus

Empregados............................................................................................... 105

LIÇÃO 15Desenvolva sua Equipe ......................................................................... 110

LIÇÃO 16Seja um Supercompetidor Sendo mais Astuto que os

Rivais ........................................................................................................... 118

LIÇÃO 17Prepare-se para Mudanças na Liderança ........................................ 128

LIÇÃO 18Trazendo Sangue Novo para uma Vida Nova ............................... 138

LIÇÃO 19Una-se a Outros para Tornar Boas Organizações Ainda

Melhores ..................................................................................................... 144

8 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

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SUMÁRIO • • • 9

LIÇÃO 20Despoje para Renovar............................................................................ 150

LIÇÃO 21Trate com Cuidado o que Tem Valor para Você........................... 155

LIÇÃO 22Faça o Bem Fazendo Direito ............................................................... 163

LIÇÃO 23Trate-se Bem.............................................................................................. 168

LIÇÃO 24Crie Espaços Bonitos, Funcionais..................................................... 174

LIÇÃO 25Dê às Pessoas Alguma Coisa para Elas Cuidarem ...................... 180

Conclusão .................................................................................................. 183

Agradecimentos ...................................................................................... 189As 25 Lições em Revista ........................................................................ 192Notas ........................................................................................................... 196Bibliografia ................................................................................................ 200

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Page 11: A SABEDORIA DAS ABELHAS

10

DIAGR AMA 1Mensagens Misturadas ......................................................................... 62

DIAGR AMA 2Padrões de Comunicação..................................................................... 70

DIAGR AMA 3Aprendizado Ativo “Vire-se para Trás e Olhe” ............................... 117

DIAGR AMA 4Confie em Mim: Terra ou Água........................................................... 126

I L U S T R A Ç Õ E S

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Page 12: A SABEDORIA DAS ABELHAS

Aintrigante analogia feita por Michael O’Malley entre organiza-

ções empresariais e colmeias de abelhas proporciona ótimo en-

tretenimento e boa instrução, que podem ser apreciados tanto

pelo mundo empresarial quanto por gente comum. Em 25 capítulos

breves, o leitor passará a entender como e por que uma empresa tem

êxito ou fracassa, usando como guia a imagem e a ciência das abelhas

no trabalho.

Como executiva que já teve criação de abelhas, posso dar teste-

munho da utilidade desse modelo comparativo. O’Malley traça as li-

nhas gerais de uma interpretação prática da produtividade das abelhas,

de sua divisão do trabalho e do importante papel desempenhado pe-

la abelha-rainha (CEO). Sem estar amarrado a planos pessoais, cada

indivíduo-abelha trabalha com firmeza e tranquilidade, sem cultos de

personalidade, ciúmes ou lutas intensas. Cada uma tem uma função

a desempenhar, incluindo o natural papel de liderança da abelha-rai-

nha da colmeia. No mundo empresarial, uma CEO ainda é raridade,

mas tenho esperança de que chegará o dia em que passaremos a seguir

o exemplo das abelhas, criando oportunidades para que haja lideran-

ça feminina em um ambiente empresarial sem limitações de gênero.

O leitor mergulhará com grande prazer no relato metafórico, de

leitura fluente, em que O’Malley descreve as melhores práticas de ne-

11

P R E FÁ C I O

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Page 13: A SABEDORIA DAS ABELHAS

gócios com base em uma cuidadosa análise do mundo das abelhas –

com um adicional de 25 anos de experiência em consultoria empre-

sarial. Depois de ler este livro, garanto que você nunca mais pensará

em sua empresa exatamente da mesma maneira. Para mim, como

CEO, as colmeias foram um lembrete inspirador, sempre presente, das

possibilidades naturais de uma excelência organizacional. Este livro

maravilhoso dá vida ao mundo das abelhas e, ao fazê-lo, mostra o que

as boas organizações são capazes de realizar.

Considere esta obra como um prolongamento do desempenho

das grandes mestras da eficiência, as abelhas, que por intermédio do

autor deste livro mostrarão o que torna as organizações eficientes.

L. L. Langstroth, o homem que inventou a moderna colmeia, talvez te-

nha dito isso melhor em seu Langstroth’s Hive and the Honey-Bee: “O

Criador pode ser visto em todas as obras de suas mãos; mas em pou-

cas mais diretamente que na sábia economia da abelha”.

A Sabedoria das Abelhas tem encanto, tem humor e, acima de tu-

do, é extremamente informativo.

Divirta-se!

– Roxanne Quimby

Cofundadora e ex-CEO da Burt’s Bees

1o de julho de 2009

12 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

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Meu cunhado Bill, que trabalha como contador de dia e faz-tu-

do à noite, chegou à cidade há sete anos. Quando faz uma

visita, é como um patriarca new age trazendo fogo para os

bárbaros: há sempre alguma coisa nova reservada para nós. Sim, ele

conserta portas que não querem fechar, computadores que estão len-

tos demais e aparelhos que perderam uma função crucial.

Nessa vinda em particular, Bill nos contou sobre seu mais novo

hobby: apicultura. Ele tinha instalado quarenta colmeias, o que é mais

que um passatempo de entusiasta, mas para nós ele explanou os bene-

fícios de ter apenas uma. Além de nos dizer que essas pequeninas cria-

turas são fascinantes, ele nos assegurou que a colheita do mel no outono

é uma doce recompensa por cuidarmos delas. Além disso, Bill conti-

nuou, os zangões, machos sem ferrão, relativamente grandes, consti-

tuem espécimes incríveis, que cativam nossa atenção pelo som que

produzem e pelo que fazem. Sem dúvida, fariam nosso filho caçula dei-

xar de ser uma criança comum para se transformar, sim, num astro.

Nosso filho impressionável de 10 anos de idade e eu, o pai im-

pressionável de 40 e uns quebrados, fomos conquistados por esses ar-

gumentos e ficamos imaginando as emoções que nos aguardavam. As

cautelosas mulheres da família, minha filha de 15 anos e minha es-

posa, já tinham experiência com esses momentos de fantasia. Embo-

N O TA PA R A O L E I T O R

13

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Page 15: A SABEDORIA DAS ABELHAS

ra, em geral, se tornassem de bom grado cúmplices dos esquemas, se

mostravam também mais alertas acerca de certos detalhes práticos co-

mo: “Quem vai tratar das abelhas?” Suas desconfianças com relação a

novos animais de estimação eram bem fundamentadas, pois elas não

tinham se esquecido de nossas recentes desventuras com uma peque-

na jiboia fugitiva (que minha sogra inadvertidamente encontrou para

nós – mas isso é outra história) e uma tartaruga d’água seriamente ra-

bugenta e fedorenta (Filbert)* que eu e meu filho compramos en-

quanto minha esposa estava fora.

Bill prometeu tornar fácil nossa entrada nesse novo hobby. Enco-

mendaria tanto a colmeia quanto as mansas abelhas italianas. Daria

treinamento a distância durante toda a preparação e a montagem da

colmeia e nos ensinaria a tratar das abelhas assim que as recebêssemos

pelo correio. Na realidade, como as abelhas vão para onde a rainha

estiver, é fácil reuni-las na colmeia. No entanto, como anos atrás eu e

minha filha havíamos enfrentado um contratempo ao levar formigas

para um formigário, tínhamos nossas preocupações.

As peças de nossa colmeia chegaram como fora planejado, e nós

as montamos, pintamos e colocamos em um local cuidadosamente es-

colhido e protegido do quintal. Porém, à medida que a data de entre-

ga das abelhas se aproximava, percebemos que não tínhamos avisado

os vizinhos sobre nossos planos nem obtido deles a devida autoriza-

ção. Por sorte, temos vizinhos gentis e curiosos de ambos os lados de

nossa casa, mas eles tinham crianças pequenas, e ficamos sem saber

como eles reagiriam ao acréscimo de 50 mil membros à nossa família.

O fato é que os vizinhos ficaram entusiasmados ao saber das no-

vidades, acreditando que ter uma colmeia nas vizinhanças proporcio-

naria um ótimo laboratório de aprendizado para a garotada. Um dos

vizinhos viu nisso a oportunidade ideal para nos informar de que es-

14 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

*Personagem de algumas histórias em quadrinhos americanas, como a série Rocko’s ModernLife. (N. do T.)

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NOTA PARA O LEITOR • • • 15

tavam pensando em construir uma casa de morcegos no telhado. Bem,

nossas experiências com morcegos não tinham sido muito boas des-

de a noite em que minha esposa me acordou com cotoveladas dizen-

do “tem alguma coisa voando no quarto”. Digamos apenas que a

solução para aquela noite envolveu uma capa de chuva amarela, uma

raquete de frescobol, uma criança desnorteada, um cachorro pulando,

números errados e a polícia – e paremos por aqui. Nenhum dos vizi-

nhos achou que os morcegos fossem uma ideia assim tão boa, mas

conseguimos sinal de aprovação com relação às abelhas.

Dessa vez, fizemos tudo da maneira correta.

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Temos um banco de pedra no quintal, a um metro e meio da en-

trada da colmeia. É o lugar perfeito para sentar, ver as abelhas se

reunirem em seu pórtico da frente e monitorar suas decolagens

e aterrissagens. De vez em quando, uma rota de voo as leva na dire-

ção do banco, mas as abelhas rapidamente viram para cima e desapa-

recem no ar. Minha cabeça inclina-se para trás vendo-as partir e volta

a se aprumar para localizar e acompanhar outra abelha se preparando

para a próxima missão.

Foi durante um desses episódios de observação que surgiu a ideia

de escrever este livro. Fique sentado por um bom tempo vendo as abe-

lhas e você vai perceber a regularidade do comportamento delas (as ca-

dências e os padrões), assim como os inúmeros encontros entre uma e

outra, aparentemente premeditados, à medida que elas vão e vêm da

colmeia. A princípio, não é óbvio, mas, quando se olha com atenção

para a colmeia, o que mais começamos a perceber é o orgânico talento

artístico das abelhas – um desempenho vivo e a execução de uma drip

painting* de Jackson Pollack. De repente, o trabalho delas faz sentido.

Quando se observa as abelhas, mais cedo ou mais tarde tende-se

a se perguntar: Como elas fazem isso? Como milhares de abelhas tra-

17

I N T R O D U Ç Ã O

*Técnica de pintura em que a tinta é projetada, pingada ou derramada sobre a tela. (N. do T.)

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Page 19: A SABEDORIA DAS ABELHAS

balhando sem referência a um plano específico conseguem se organi-

zar de um modo significativo? O que estão tentando realizar, como se

coordenam e o que faz com que sejam tão bem-sucedidas? Pareceu-

me que as abelhas estavam lidando com o mesmo tipo de problema

que estamos tentando resolver em nossas organizações. Como grupos

grandes e diversificados trabalham juntos de forma harmoniosa e pro-

dutiva? Achei que as abelhas podiam oferecer algumas pistas úteis.

Talvez pudéssemos pegar o que as abelhas fazem tão bem e aplicar em

nossas instituições para que pudéssemos fazê-lo ainda melhor. Era

uma hipótese promissora e o início deste livro.

Tínhamos ficado seis anos com nossas abelhas, e não há dúvida de

que elas são um milagre da natureza. Evocam um senso profundo de re-

verência em qualquer um que observe sua laboriosidade em ação. Abe-

lhas à procura de suprimento voam a 25 quilômetros por hora,

sacudindo as asas em ironicamente 230 batidas velozes por segundo e

cobrindo um raio territorial médio de 1,5 a mais de 3 quilômetros – mas

podendo atingir um ponto situado entre 9,5 e 13 quilômetros do ninho.

As abelhas chegam a colher mais de 22 quilos de néctar por dia e pro-

duzem de 90 a aproximadamente 140 quilos de mel por ano (o mel é

néctar regurgitado, no qual as abelhas, abanando as asas para fazer o

excesso de água se evaporar, criaram uma concentração de mais de 80%

de açúcares). Cerca de meio quilo de mel demanda aproximadamente 90

mil quilômetros de voo (um galão americano requer 1 milhão de mi-

lhas) e a visitação a 2 milhões de flores. Uma colher de chá de mel re-

presenta o trabalho de toda uma vida de mais ou menos uma dúzia de

abelhas (abelhas operárias vivem, em média, seis semanas – mais tem-

po no inverno). Conhecidas como “anjos da agricultura”, as abelhas tam-

bém polinizam noventa importantes colheitas comerciais, o equivalente

a aproximadamente 15 bilhões de dólares em produção agrícola e a um

entre cada três punhados de nosso consumo de alimentos.

As abelhas vivem em colônias com gerações que se sucedem e fa-

zem todas as coisas que fazemos: providenciam abrigo, cuidam dos

18 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

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jovens, comem, trabalham e dormem. Além disso, desenvolveram um

sistema que rivaliza com o nosso em complexidade e o ultrapassa em

eficiência. Afinal, tiveram muito tempo para refinar sua organização.

A mais velha abelha conhecida tem 100 milhões de anos. Foi encon-

trada recentemente, encerrada e preservada em âmbar, no interior do

Vale Hukawng, em Mianmar. Os cientistas têm especulado que as abe-

lhas se desenvolveram lado a lado com as plantas florescentes que es-

tavam criando raízes durante o período cretáceo, podendo ter iniciado

sua jornada evolutiva a partir da África, há não menos de 300 milhões

de anos, como um grupo saído de um racha entre as vespas. Essa pro-

gressão temporal representa uma considerável vantagem inicial sobre

outra parentela de neófitos do planeta, a do homo sapiens. E quem

quer apostar quem ainda estará por aqui daqui a 100 milhões de anos?

O uso alegórico de abelhas como janela para a gestão de nossas

próprias organizações sociais pode, à primeira vista, parecer uma coi-

sa forçada. Por exemplo, é tentador presumir que as abelhas são cons-

tituídas, ou programadas, de um modo que não é o nosso e que nossa

consciência nos concede um lugar especial no reino animal. Isso, po-

rém, ou exagera a proeza de nossa espécie ou subestima as verdadei-

ras capacidades da abelha. Na realidade, as abelhas têm duas

qualidades notáveis que fazem com que mereçam uma atenção espe-

cial: elas se comunicam e pensam. James Gould, em The Animal Mind,

chegou ao ponto de atribuir consciência às abelhas. Presumimos lidar

com decisões conscientes quando, por exemplo, damos conselhos aos

amigos sobre restaurantes com base em fatores como qualidade, dis-

tância e custo. Contudo, quando uma criatura ativa encerrada num

exoesqueleto faz sugestões semelhantes às suas companheiras sobre

flores, relutamos em lhes dar o mesmo crédito mental.

As abelhas são o único animal invertebrado (animal sem uma co-

luna vertebral) que tem linguagem simbólica. Graças às sofisticadas

formas de comunicação das abelhas, alguns cientistas as batizaram de

“mamíferos honorários”. De fato, as abelhas têm pelo menos dezesse-

INTRODUÇÃO • • • 19

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Page 21: A SABEDORIA DAS ABELHAS

te sinais de comunicação diferentes, específicos (incluindo uma fa-

mosa linguagem de dança), que usam todos os seus sentidos. Têm in-

clusive sua própria versão de intranet embutida nos favos, através da

qual transmitem sinais entre 230 e 270 Hz. As abelhas apuraram um

sistema de troca de informações excepcionalmente complexo pelo

qual monitoram condições internas e externas, transmitem a situação

e as necessidades do favo de uma para a outra e dirigem atividades.

Se alguém dissesse que tenho um “cérebro de inseto”, eu toma-

ria isso como elogio se o inseto fosse uma abelha. Apesar de ter um cé-

rebro do tamanho de uma semente de capim, favorecido por apenas

950 mil neurônios, as abelhas possuem tremendas aptidões cognitivas.

O circuito altamente integrado do cérebro das abelhas lhes dá a ver-

satilidade cognitiva de que precisam para se adaptarem quando as cir-

cunstâncias mudam. Para serem bem-sucedidas, as abelhas, como nós,

têm de ser capazes de se desviar de comportamentos prescritos para

enfrentar provas ambientais e desafios imprevisíveis.

Abelhas são de fato pequenas maravilhas. Podem contar (até

quatro) e reconhecer rostos. Podem classificar estímulos visuais e

formar regras abstratas de “igual” e “diferente”. Podem recordar es-

pontaneamente informações e têm uma robusta memória de traba-

lho que as capacita a armazenar temporariamente e articular

múltiplos fragmentos de informação sensorial. Se as abelhas tives-

sem celulares, poderiam conversar e voar ao mesmo tempo sem que

ocorressem incidentes.

As abelhas viajam muitos quilômetros indo e vindo da colmeia

usando sinais celestes, referências locais e geometria básica para guiá-

-las. Abelhas enxergam o mundo em cores, podem reconhecer formas

e padrões e são sensíveis a uma ampla gama de odores. Podem visitar

até 10 mil flores por dia e informam com precisão outras abelhas so-

bre a existência de lugares de interesse. Podem armazenar e recupe-

rar dados sobre quando e onde encontrar recursos de alta qualidade

em grande quantidade e ajustam o comportamento de acordo com

20 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

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Page 22: A SABEDORIA DAS ABELHAS

isso. Por exemplo, podem ter dentes-de-leão num apetitoso desjejum,

manjerona no almoço e viperina para um jantar num final de tarde.

São criaturas complexas com impressionantes aptidões intelec-

tuais. Mesmo habilidades aparentemente simples, como recordar uma

cor, são mais complicadas do que se pode imaginar. Por exemplo, tive

dificuldade para ir até a casa de jardinagem e comprar a mesma cor de

maria-sem-vergonha (impatiens) que havia comprado na véspera. Uma

abelha não teria problema com essa pequena missão que envolve a sim-

ples tarefa de selecionar uma cor, pois é capaz de fazer distinção entre

cores alternativas um dia após uma exibição única de apenas cem mi-

lésimos de segundo. É claro, a programação genética está na base das

proezas comportamentais das abelhas. Contudo, assim como aconte-

ce conosco, se as abelhas não tivessem recebido uma licença natural pa-

ra decidir e agir conforme as condições ditam, já teriam, há muito

tempo, perdido a possibilidade de se fazerem representar na Terra. Abe-

lhas podem pensar e se comunicar, o que torna o estudo de seu siste-

ma social particularmente fascinante e significativo.

As abelhas foram reverenciadas por gerações passadas que en-

contraram na vida da colmeia virtudes que mereciam ser importadas

para a nossa sociedade. Desde os respeitáveis rabiscos de habitantes

das cavernas, passando pela criação de histórias dos egípcios e dos

gregos, até as terras bíblicas onde jorravam o leite e o mel; desde a fo-

lia céltica sob a lua de mel, os brasões de armas da Idade Média ador-

nados com a valente abelha e o reformista utópico do século XIX, a

abelha tem sido um emissário divino do sagrado e do insondável. De

fato, através dos milênios, em um momento ou outro, as abelhas têm

se tornado símbolo de poder, saúde, imortalidade, sabedoria, valor,

eloquência e abundância. Essas vigorosas associações não se restrin-

giram a demagogos como Napoleão, que, em 1804, ao ser coroado im-

perador, abriu mão do tradicional traje imperial em favor de um

manto de coroação com botões em forma de abelha. Entretanto, sua

visão da colmeia – e a que tinha do reino – não era comunitária e de-

INTRODUÇÃO • • • 21

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mocrática. Napoleão estava se aproveitando da grandeza da abelha pa-

ra seus próprios fins e legitimando astuciosamente o momento de sua

coroação – como na colmeia, sempre haverá um monarca.

As abelhas têm convivido conosco realmente há muito tempo,

dando e ganhando poderes míticos por intermédio desse relaciona-

mento, inspirando-nos, de diversas formas, de uma geração para ou-

tra e servindo de instrumento para nossas ambições. Dentro da

colmeia se encontra tudo que admiramos e cultuamos através das eras:

a abelha heroica e resoluta, que trata produtivamente de seus assun-

tos dentro de uma comunidade devotada. É o único animal social que

permite que nos aproximemos e nos possibilita observar a beleza e a

elegância de seus movimentos. As abelhas cuidam calmamente de suas

coisas, e nós as louvamos por isso.

Há muita coisa a admirar na abelha comum. As grandes realiza-

ções das abelhas são particularmente impressionantes, em razão de

seu diminuto tamanho. As pistas para o sucesso delas devem ser en-

contradas em sua sábia organização social, que, nas palavras de Sher-

lock Holmes, “revela o mesmo número de incidentes que podem ser

encontrados nas ruas de Londres”. Não se esqueça de que Sherlock

Holmes acabou se retirando para as Colinas de Sussex, onde queria le-

var a vida de reflexão de um apicultor e completar sua magnum opus,

The Practical Handbook of Bee Culture [Manual Prático de Apicultura].

Quando mais tarde foi reintegrado ao serviço para capturar o espião

alemão Von Bork, Watson ficou surpreso com o reaparecimento de

Holmes, pois achava que ele havia se retirado do convívio social. Hol-

mes acalma as preocupações de Watson assegurando que tinha se

mantido plenamente envolvido nos detalhes da interação humana ao

passar muitas “noites pensativas e dias laboriosos” apreciando os “tra-

balhinhos de gangues”.

Como consultor empresarial e apicultor de longa data, posso con-

cordar com o sempre astuto inspetor Holmes quanto ao fato de que a

natureza colocou diante de nós um padrão admirável, que tem muito

22 • • • A SABEDORIA DAS ABELHAS

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Page 24: A SABEDORIA DAS ABELHAS

a nos ensinar. As “pequenas gangues” que servirão como nosso mo-

delo do início ao fim deste livro vêm do gênero e da espécie Apis mel-

lifera: que pode ser traduzido como “a abelha que produz o mel”.

Essas abelhas são conhecidas por suas colônias extremamente sociais

e por produzirem células de cera hexagonais. As abelhas que vemos

com mais frequência em nossos quintais são de linhagem europeia e

cientificamente conhecidas como ligusticas.

A abelha tem administrado grandes sociedades, e seria arrogân-

cia filogenética achar que nada temos a aprender com ela. Parafra-

seando Shakespeare (A Tempestade), as abelhas são os magistrados,

mercadores e soldados que ensinam a arte da ordem a um reino po-

voado. Assim, usando a sabedoria evolutiva e a excelência operacio-

nal das abelhas como modelo, desenvolvi 25 lições que podem ser

aplicadas a qualquer tipo de organização e em qualquer nível organi-

zacional com efeito benéfico. Algumas das lições parecerão familia-

res, e você pode aceitá-las como singelos lembretes da importância de

certas coisas: princípios que você sabe que são verdadeiros, mas aos

quais talvez não tenha dado suficiente destaque em sua empresa. Ou-

tras lições podem fornecer aquelas peças raras que estão faltando pa-

ra completar o sucesso empresarial.

Salpiquei exemplos das lições do início ao fim do texto para real-

çar sua relevância organizacional. Não obstante, como as lições gerais

pretendem ser... generalizáveis, deixei bastante espaço para sua ima-

ginação. Considerando que o leque de possíveis traduções colônia-

-para-empresa é ilimitado, não achei lógico expressar suas ideias de-

senvolvendo excessivamente as minhas. Na maior parte do tempo, vo-

cê compreenderá facilmente as implicações organizacionais do

comportamento das abelhas. Não obstante, acrescentei pensamentos

adicionais no final de cada capítulo para estimulá-lo a pensar sobre os

modos pelos quais você poderia intervir em sua organização. No es-

pírito da colmeia de abelhas, rotulei esses parágrafos de fechamento

de “Mais Pólen”: são suplementos de proteína para o cérebro, por

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assim dizer. A base racional por trás desse cabeçalho se tornará evi-

dente quando você ler o livro.

Um modo possível de se pensar nas 25 lições é imaginar uma

checklist por meio da qual você pode fazer anotações para saber até

que ponto sua organização cumpre essas lições e se seria desejável um

destaque um pouco maior ou um pouco menor de cada uma delas.

Para ajudá-lo, providenciei um sumário das lições no final do livro,

nas páginas 192-95. Está formatado de um modo que torna fácil a con-

sulta, e você poderá deixá-lo marcado para novas análises.

Organizei as lições no texto principal para apresentá-lo gradual-

mente à abelha, começando com uma informação básica e construin-

do a partir daí. Nada o impede de pular de um capítulo para outro, se

é assim que prefere ler. Existem alguns conceitos encontrados nos ca-

pítulos finais que concluem alguma compreensão do que veio antes,

mas você conseguirá captar a essência do material. No capítulo de

conclusão, discuto as lições me referindo ao tipo de demandas con-

correntes com as quais as abelhas estão tentando lidar. Essas forças

ou esses dilemas opostos proporcionam um modo taquigráfico de co-

dificar todas as lições, tornando mais fácil recuperar o significado de-

las no contexto de seu trabalho.

Em segundo lugar, o conceito de uma colmeia proporciona um

meio sistêmico de analisar e julgar o local de trabalho com suas es-

tratégias e operações institucionais. As lições apresentadas retratam

em seu conjunto os melhores exemplos das abelhas para a gestão de

uma sociedade produtiva. Se você parasse e perguntasse a si mesmo

“como minha empresa pode sobreviver e crescer consumindo o mí-

nimo possível de energia e recursos?”, a resposta estaria nas 25 lições.

Mas será que para você, que procura meios de melhorar sua empresa,

não seria esquisito dar um passo para trás e perguntar a si mesmo o

que uma abelha faria?

Na realidade, fiz recentemente, de modo enfático, essa pergunta

à gerência de um centro de atendimento ao consumidor. Um call cen-

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ter se parece muito com abelhas esperando o retorno das campeiras*

que estão a caminho da colmeia – clientes – e que precisam de ajuda

para descarregar o néctar. Como se verá, as operações da colônia mu-

dam rapidamente com base em uma medida: a extensão de tempo que

as campeiras levam para obter das abelhas receptoras a ajuda que pro-

curam. Essa observação proporcionou um ponto de partida ideal pa-

ra uma discussão sobre como o call center poderia se organizar para

melhorar a receptividade aos clientes.

A ciência apresentada no livro é simples. Nenhuma experiência

é requerida. A menos que eu diga que assim não é, as lições estão ba-

seadas no que os pesquisadores atualmente acreditam ser verdade com

relação a abelhas. Se acontecer de você se deixar seduzir por essas

adoráveis criaturas à medida que for aprendendo mais sobre elas, for-

neci uma bibliografia para promover sua exploração. Tudo que men-

ciono sobre abelhas está contido nos livros e artigos que relaciono. A

bibliografia também inclui referências aos artigos de jornais e revistas

que menciono no texto.

Por serem possuidoras, como são, da injusta reputação de agres-

soras empedernidas que dão ferroadas sem serem provocadas ou de

irritantes bandos de penetras em nossos passeios de verão, está na ho-

ra de resgatar a imagem das abelhas. Minha esperança é de que, da

próxima vez em que avistar uma abelha, você pense imediatamente:

“Que criatura notável!” – e que leve em conta o que elas discretamente

ensinam através das lições da colmeia.

*Abelhas que saem da colmeia em busca de suprimentos. (N. do T.)

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LIÇÕES DA COLMEIA

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