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1 www.anipla.com A revista para quem pensa a agricultura. Edição nº2 Junho 2015 S Fito_Entrevista: Paula Sarmento Presidente do ICNF Mercado de PFs cresce 6,3% Os agricultores sabem que o Ambiente é um investimento PFs ilegais respresentam 10% do mercado europeu Produtos Fitofarmacêuticos e Biodiversidade

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Page 1: A revista para quem pensa a agricultura.1 A revista para quem pensa a agricultura. Edição nº2 Junho 2015 SFito_Entrevista: Paula Sarmento Presidente do ICNF Mercado de PFs cresce

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Fito_Entrevista:Paula Sarmento Presidente do ICNF

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Produtos Fitofarmacêuticos e Biodiversidade

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.

A actividade agrícola é provavelmente a actividade mais nobre da Terra. A agricultura alimenta, veste e faz mover o mundo. No entanto, para além da nobreza do seu labor, os agricultores são agentes económicos. Como qualquer agente económico necessitam de serem competitivos para verem o justo retorno do seu investimento e projectarem o ambicionado crescimento do seu negócio.

O velho continente europeu parece estar a es-quecer-se desta realidade. A Europa mostra um afogamento em sucessivas vagas legislativas que sufocam a capacidade produtiva dos agriculto-res, impedindo-os de alcançar a tecnologia e a inovação científica que tanto necessitam, para continuar a desenvolver a sua actividade, para aumentarem a produtividade e, sobretudo, para manterem a sua competitividade. Os mais afecta-dos são, obviamente, os dos países do Sul, verda-deiros artesãos da oferta variada e na quantidade necessária de hortícolas, frutas, azeite e vinho, que os países do Norte tanto precisam e apre-ciam.

Se a introdução de inovação e tecnologia for, como tudo parece, avaliada no seu perigo poten-cial intrínseco e não numa avaliação do risco da sua utilização, balanceado com o seu benefício, rapidamente os produtores agrícolas europeus vão deixar de ser competitivos e, muitos abando-narão certamente, a actividade.

Editorial

Mas a população da Europa, a tender para mais velha e mais exigente, vai continuar a precisar de ser alimentada, vestida e movida.

A consequência é elementar e já está a sentir-se. Por um lado, aumentam as importações de fora da UE (a UE já deficitária na produção agrícola), com todas as legítimas dúvidas que nós, enquan-to consumidores, podemos colocar quanto à se-gurança alimentar; por outro, o investimento dos operadores económicos, que dedicam grande parte do seu resultado financeiro e muita “massa cinzenta” à investigação e ao desenvolvimento, vai ser canalizando para outros países e conti-nentes.

O que propomos? Uma mudança de atitude por parte dos decisores políticos, que a Indústria resume em 5 passos, com vista a estancar a corrente actual e, se possível, inverter a tendência. Estas reco-mendações, integradas no documento “Visão da Indústria para o futuro da Europa”, resumem-se na promoção da Ciência, Inovação, Produtivida-de Agrícola, Melhor Regulamentação e Políticas Consistentes e Harmonizadas. Tudo para que os agricultores da velha Europa, possam continuar a ter liberdade para competir.

António Lopes Dias // Diretor Executivo Anipla

Ficha técnica

Propriedade: ANIPLA- Associação Nacional da Indústria para a Protecção das PlantasRua General Ferreira Martins Nº 10 – 6ºA 1495-137 Algés . PortugalTel.: +351 214 139 213 . e-mail: [email protected]

Diretor: António Lopes Dias

Coordenação Editorial: Mónica Onofre e Nélia Silva

Projeto Gráfico e Paginação: Musse Ecodesign

Colaboraram nesta edição: Comissão de Agricultura Sustentável; Comissão de Dados e Estatística; Comissão de Técnica de Homologação.

Estatuto EditorialA FitoSíntese é uma publicação que visa divulgar a atividade da ANIPLA, as suas opiniões e posicionamento face a questões relevantes do sector fitofarmacêutico e da Agricultura em geral. A FitoSíntese pretende ainda dar a voz a entidades e/ou personalidades que tal como a ANIPLA Pensam a Agricultura como um sector de futuro.

A reprodução total ou parcial dos conteúdos publicados é expressamente proibida sem a autorização escrita da ANIPLA.

www.anipla.com

nº2

Fito_Notícias

Fito_EntrevistaPaula Sarmento

Presidente_ICN

Fito_TemaGestão de efluentes

de produtosfitoframacêuticos

In_Anipla

Fito_GlobalOs 4 pilares da indústria

Liberdade para competir

Fito_Agenda

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.

dos alimentos vendidos da UE são seguros, contendo resíduos dentro dos LMR (Fonte: EFSA)

1/4índice de degradação dos solos à escala global (Fonte: FAO)

22533

M€

investimento necessário para desenvolver um novo produto fitofarmacêutico (Fonte: Croplife International)

97Fito_Factos 1000M€

prejuízos estimados pela falta de soluções para Usos Menores na UE (Fonte: Endure)

Os solos albergam ¼ da biodiversidade no planeta Terra (Fonte:FAO)

22M€

valor dos insetos polinizadores na agricultura da UE (Comissão Europeia)

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Visite o novo website da Anipla www.anipla.comCom o objetivo de tornar este importante canal de comunicação mais apelativo, intuitivo e eficaz, o nosso novo website segue a linha da nova identi-dade visual da ANIPLA, mais moderna e adaptada às necessidades de informação do setor. É nosso objetivo que a nova imagem de modernidade, à qual associamos utilidade, espelhe o dinamismo do setor fitofarmacêutico. Visite-nos e confirme que os conteúdos materializam uma nova forma de comunicar, utilizando uma linguagem simples, apelativa e informal. Navegue pelas novidades do nosso website e surpreenda-se!

Fito_Notícias

Em 2015 a Família Prudêncio vai dar vida aos su-portes de comunicação produzidos pela ANIPLA. No seguimento do sucesso que a Família Prudên-cio tem vindo a fazer na comunicação do Valorfi-to, também agora a Anipla vai comunicar através dos Prudêncio. A partir do presente ano e de for-ma coordenada, a ANIPLA vai dando voz à família Prudêncio na transmissão das importantes men-sagens relativas à utilização segura e eficaz dos produtos fitofarmacêuticos. Caracterizada por ser

O Seminário organizado a 8 de Abril pela Câmara Municipal de Lisboa sobre “Aplicação Terrestre de produtos fitofarmacêuticos em zonas urba-nas, de lazer e vias de comunicação” incluiu uma comunicação da ANIPLA e outra do Valorfito. O evento destinou-se a técnicos e operacionais das juntas de freguesias do concelho de Lisboa, das Câmaras Municipais de Almada, Cascais, Oeiras, Seixal, Setúbal e Sintra, bem como a técnicos de entidades públicas e Associações (IICT; ISA; LP-VVA; LPN; Jardins Lx, Quercos e outras), entre

outros. A ANIPLA complementou a sua apre-sentação distribuindo vários folhetos, dos quais se destaca o folheto editado em conjunto com a DGAV, sobre o uso não profissional de produtos fitofarmacêuticos. Este seminário revelou-se de importância fundamental para um público--alvo que é responsável pela fitossanidade nos espaços públicos das autarquias e que, em ge-ral, tem reduzidos conhecimentos sobre este tema. As comunicações podem ser visualizadas aqui

ANIPLA participou em Seminário da Câmara Municipal de Lisboa

uma família moderna, profissional e preocupada em produzir de forma sustentável e ambiental-mente responsável, os Prudêncio serão o modelo a seguir na aplicação eficaz das boas práticas agrí-colas preconizadas pela Indústria. Nesta primeira adaptação, a ANIPLA optou por dar prioridade a dois folhetos de interesse agrícola e económico, que explicam a necessidade de cumprimento da lei 26/2013 e alertam para os perigos da utilização de produtos fitofarmacêuticos ilegais.

Família Prudêncio anima comunicação da ANIPLA

ANIPLA e Sonae em Seminário conjuntoA Anipla, em conjunto com a Sonae e a DGAV, or-ganizou a 15 de Abril, na Faculdade de Ciências e Tecnologia, no Monte da Caparica, um Seminário intitulado “Homologação e Uso Sustentável dos Produtos Fitofarmacêuticos”. O evento contou com a presença de 80 participantes responsáveis pela produção de frutas e hortícolas comercializadas pela Sonae. As comunicações apresentadas pela Anipla, Valorfito e DGAV incidiram sobre as prin-cipais alterações que esta legislação impõe e so-bre as ações que a Indústria desenvolve com vista a informar o setor, sendo este Seminário um bom exemplo, no intuito de incentivar os seus agentes a adotar as boas práticas.

ANIPLA INFORMA SOBRE BOAS PRÁTICASNo primeiro semestre de 2015 a Anipla participou ainda em diversos eventos a nível nacional, onde se debateram as Boas Práticas associadas ao uso de produtos fitofar-macêuticos:

• Ações de sensibilização sobre a Lei 26/2013 – 5Rios – Associação de Agricultores de Valado de Frades.

• 2 Seminários “Uso sustentável de produtos fitofarmacêuticos” – DGAV.• 2 Workshop “Proteção das culturas, aplicação de produtos fitofarmacêuticos e ins-

peção de pulverizadores” – COTHN• Aula/Palestra na Escola Superior Agrária de Viseu sobre a Lei nº 26/2013; a homolo-

gação do produtos fitofarmacêuticos e os projetos em curso na Anipla e no Valorfito.

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ANIPLA tem novo associado

A empresa UPL IBÉRICA S.A. passou a integrar o grupo de empresas associadas da ANIPLA desde Dezembro de 2014. Com a entrada desta nova em-presa, o grupo de associados da Anipla passa a ser composto por: ADAMA Portugal, Lda; BAYER Crop-science Portugal, Lda ; BASF Portuguesa, S.A.; CHEMINOVA, S.A.; DOW Agrosciences Ibérica, S.A;

O Jornal Le Monde lançou há dois anos um projeto editorial chamado “Ecocídio” para detetar o tráfico ilícito de produtos, realizado pelo crime organiza-do, que origina a destruição massiva da natureza, tanto a fauna como a flora. Esta atividade crimino-sa permite às máfias diversificar as suas fontes de enriquecimento (drogas, armas, etc.) com menos risco, considerando que as penas de prisão para a destruição do ambiente são leves. Este projeto engloba a realização de 5 inquéritos em diversas áreas, onde se incluem os pesticidas Ilegais. Na exaustiva reportagem, designada por “Pesticidas, a fábrica Infernal”, foram entrevistados vários re-presentantes de entidades envolvidas na luta con-tra este negócio ilegal, entre os quais destacamos o diretor-geral da ECPA – Associação Europeia da Indústria Fitofarmacêutica:

“Pequenos riscos, grandes lucros”

Sob o olhar do Organismo Europeu de Luta Anti-fraude (OLAF) e da Europol, a polícia e a justiça es-tão a tentar travar este negócio bem-sucedido. De acordo com Jean-Charles Bocquet, diretor-geral

da European Crop Protection Association (ECPA), a organização europeia que representa a indústria fitofarmacêutica, este negócio representa cerca de 10% do mercado europeu de produtos fitofarma-cêuticos, ou seja, cerca de mil milhões de euros. A nível mundial, o comércio de produtos químicos, inseticidas, herbicidas, fungicidas é avaliado em 50 mil milhões de euros e a fraude em 5 mil milhões. Esta perda leva as grandes marcas a encomendar as suas próprias investigações. Segundo o Orga-nismo Central de Luta Contra os Ataques ao Am-biente e à Saúde Pública (OCLAESP), “uma nova forma de crime organizado desenvolveu-se devido à excecional relação “pequenos riscos/grandes lucros” associada a esta atividade”. Nos grandes mercados como a Europa do Leste, a Ucrânia e a Rússia, a África, a China, o Brasil, o Vietnam e o Japão, os produtos ilegais que circulam têm qua-se sempre a mesma origem: a China, país onde foi efetuada a última grande captura pelo OLAF, em Maio 2014. Todos os casos indicam este país como o da falsificação de moléculas com base em produ-tos fitofarmacêuticos. Ler AQUI reportagem completa

Produtos fitofarmacêuticos ilegais representam 10% do mercado Europeu

DUPONT Portugal, Lda; INDUSTRIAS Quimícas del Valles, S.A.; MONSANTO Agricultura España, S.L.; NUFARM Portugal, Lda; SIPCAM Portugal Agro-química e Biotecnologia, Lda; SAPEC Agro, S.A.; SELECTIS, S.A.; SYNGENTA Crop Protection, Lda; UPL Ibérica, S.A.

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ANIPLA patrocinou o 7º Congresso da CAP O 7º Congresso da CAP, realizado a 22 e 23 de Abril, incluiu a celebração dos 40 anos de ativi-dade desta Confederação em representação e defesa dos interesses dos agricultores portu-gueses, a nível nacional e internacional. Foram inúmeras as ilustres personalidades que com-puseram o painel de oradores deste Congresso, que englobou interessantes debates sobre temas como A Agricultura e as Exportações; A Nova Política Agrícola Comum; Ambiente e Agricultu-ra no Desenvolvimento Nacional; Investigação e Inovação no novo Quadro Comunitário de Apoio. A preocupação de produzir mais e melhor, con-siderando a previsão de crescimento exponencial da população mundial, esteve sempre subjacen-te aos vários temas debatidos. E é exatamente nesta área que a indústria fitofarmacêutica tem um papel fundamental na nossa agricultura, o de disponibilizar aos agricultores ferramentas im-portantes, seguras e eficazes que lhes permitem produzir em segurança, em quantidade e com a qualidade exigidas. A ANIPLA foi um dos patro-

cinadores do 7º Congresso da CAP e juntou-se às diversas vozes que valorizam e promovem a produ-ção nacional. Num ato simbólico ofereceu a todos os participantes enxertos-prontos da casta Touriga Nacional, uma variedade representativa do nosso país e considerada por muitos como a grande es-trela das castas nacionais.

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Até 2050, Ambiente e Agricultura têm um desafio comum: alimentar 9,5 mil milhões de pessoas. Onde reside a chave da equação “aumentar a produtividade agrícola | proteger e melhorar a biodiversidade”?

O sucesso da promoção da nossa biodiversidade e de uma agricultura competitiva e sustentável reside numa relação harmoniosa entre as duas e na adoção de práticas agrícolas mais susten-táveis que permitam salvaguardar os recursos a longo termo.Portugal é um país muito rico do ponto de vista dos valores naturais, quase todos ligados a pai-sagens humanizadas e muito relacionadas com ecossistemas agrícolas e florestais. A agricul-tura desempenha um papel chave na promoção da biodiversidade, e se no passado existia uma grande diversidade de culturas, espécies e ra-ças, bem adaptadas às condições ambientais, o que fortalecia a agricultura do ponto de vista de resiliência às adversidades climáticas, ataques de pragas e doenças, hoje em dia verifica-se uma perda da diversidade nas explorações agrí-colas, porque para produzir mais com menos re-cursos as empresas têm investido em culturas mais produtivas. Este caminho pode pôr em cau-sa a biodiversidade genética dos ecossistemas agrícolas e tornar a agricultura mais vulnerável. É preciso lembrar que o trabalho de desenvol-vimento de variedades mais produtivas e resis-tentes depende também da diversidade genética existente nos ecossistemas naturais.

A atual Política Agrícola Comum (PAC) põe uma tónica importante na preservação do ambiente, nomeadamente, através das medidas do Gree-ning. Em sua opinião esta é uma política equi-librada?

A PAC constitui um instrumento de política fundamental para assegurar o apoio público à produção dos serviços dos ecossistemas e con-sequentemente a preservação ambiental e da biodiversidade. A PAC é assim um dos principais instrumentos financeiros para o nosso capital natural. Residia sobre os pagamentos ecoló-gicos (greening) uma enorme expectativa, que acabou por não ter o sucesso que se pretendia, devido a um conjunto de exceções que foram ad-mitidas no decurso das negociações deste pa-cote ecológico. Dizer que é uma política equili-brada depende da perspetiva de quem analisa,

mas admito que todos os passos para a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis revertem a favor do ambiente e da agricultura, pois o resul-tado económico a bem da sustentabilidade será sempre compensador.

No concurso ao PDR 2020, que terminou a 29 de Maio, foram apresentadas candidaturas às medi-das agroambientais para perto de 2 milhões de hectares. Este é um sinal de que os agricultores estão empenhados em adotar práticas sustentá-veis?

Os agricultores produzem bens de interesse pú-blico, no seu dia-a-dia salvaguardam serviços dos ecossistemas, que devem ser pagos pela Socieda-de. A PAC é de longe o instrumento de apoio públi-co mais eficaz na gestão ativa dos ecossistemas.

A iniciativa europeia Business & Biodiversity visa a introdução da biodiversidade nas estratégias e políticas das empresas. Que balanço faz desta ini-ciativa em Portugal?

A iniciativa Business & Biodiversity foi adotada du-rante a presidência portuguesa do Conselho Eu-ropeu em 2007. Nesse ano tivemos 27 empresas aderentes e hoje em dia são 72. Esta iniciativa visa tornar as empresas mais conscientes das interfa-ces da sua atividade e impactes na conservação da natureza e da biodiversidade, convidando-as a promover compromissos voluntários e públicos que lhes permitam atuar a esse nível, integrando os valores naturais e a biodiversidade nas suas estratégias empresariais. É algo diferente do me-cenato, visa que as empresas integrem a relação com a biodiversidade no seu modelo de negócio, tornando-as conscientes da relação entre a sua atividade e o meio natural com o qual interagem.

Que tipo de ações ou projetos estão a ser imple-mentados pelas empresas do setor agrícola que aderiram ao Business & Biodiversity?

Temos 17 organizações do sector agrícola aderen-tes à iniciativa Business & Biodiversity, com uma tipologia de atuação muito diversa, desde projetos de investigação sobre biodiversidade; a estudos de caracterização e monitorização de fauna e flora (ex: insetos polinizadores e seu impacto na ativi-dade agrícola); divulgação e sensibilização para os valores naturais e biodiversidade; premiar mode-los de gestão sustentável de ecossistemas; rea-

Fito_Entrevista

Fito_Entrevista

Os agricultores sabem que o Ambiente é um investimento

Portugal «deve fazer mais e melhor» para integrar a conservação da Natureza nas suas políticas agrícolas, defende a presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.).

Em entrevista à FitoSíntese, Paula Sarmento, admite que a PAC é o instrumento de apoio público mais eficaz na gestão ativa dos ecossistemas, mas lamenta que as medidas do greening tenham perdido fulgor durante as negociações.

Paula SarmentoPresidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.)

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da biodiversidade com os sistemas de produção e as boas práticas no uso dos fatores de produção. Sensibilizar os agricultores para os serviços dos ecossistemas agrícolas e para a sua valorização económica também passa pela sensibilização so-bre a utilização adequada dos produtos fitofarma-cêuticos.

A indústria está igualmente envolvida em diversos projetos de criação de zonas tampão multi-fun-cionais para atrair fauna auxiliar às explorações agrícolas, nomeadamente os insetos polinizado-res, cujo valor na agricultura da UE é de €22 mil milhões/ano. Estas ações, se replicadas em maior escala podem vir a ter um efeito positivo relevante no aumento da biodiversidade?

Não tenho dúvidas que sim, porque a polinização é um dos mecanismos mais importantes na pro-moção da biodiversidade e da vida na Terra. Tudo o que possamos fazer para promover os insetos polinizadores tem efeitos diretos na promoção da biodiversidade e no aumento da produtividade e rentabilidade das culturas agrícolas.

O comissário europeu do Ambiente, Karmenu Vella, disse recentemente no 8º Fórum para o Fu-turo da Agricultura que «os agricultores já perce-beram que proteger o ambiente é um investimento e não um custo». Sente esta afirmação como uma realidade em Portugal?

Portugal tem evoluído imenso em matéria am-biental, a consciência ambiental é cada vez maior em todos os setores de atividade económica, in-cluindo a Agricultura. Os agricultores têm cons-ciência do seu impacte no Ambiente, tanto ao nível do que promovem - a biodiversidade e os serviços que prestam ao Ambiente no global -, como do impacte negativo que podem ter algumas práti-cas menos adequadas. Os agricultores sabem que o Ambiente é um investimento e que ao protegê--lo protegem os fatores de produção (água, solo, insetos polinizadores), dos quais depende o su-cesso das suas culturas. Com uma população de agricultores cada vez mais qualificada, aumenta a consciência de que as boas práticas podem ter um retorno financeiro mesmo no curto prazo.

«O memorando assinado entre o ICNF e a ANIPLA é muito relevante, até pelo seu efeito multiplicador»

Como está Portugal em matéria de cumprimento das metas definidas na Estratégia da Biodiversida-de na UE para 2020?

Os relatórios recentemente publicados sobre o “Estado da Natureza” e “Estado e perspetivas do Ambiente na EU”, mostram que uma parte signifi-cativa dos habitats naturais - 69% - e das espécies protegidas (excluindo aves) – 40% - em Portugal ainda se encontram em estado desfavorável ou com lacunas de conhecimento que não permitem uma correta avaliação do seu estado. Apesar disso, Portugal está melhor do que a média dos países da UE, que apresentam um estado desfavorável de 77% (habitats) e 60% (espécies protegidas). No entanto, devemos fazer mais e melhor e conseguir a integração setorial da política de conservação da Natureza, em particular, em políticas chave como são a Agrícola, Florestal, Desenvolvimento Rural e Pescas.

Que passos foram dados nos últimos anos em ma-téria de Biodiversidade em Portugal?

Fizemos um trabalho relevante no contexto do Portugal 2020, destacando o PDR, o Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos e do PROMAR 2020. Foram da-dos passos no mapeamento e avaliação do estado dos ecossistemas e dos serviços dos ecossiste-mas, bem como na avaliação do valor económico destes serviços (no Parque Natural da Serra de São Mamede). Temos trabalho desenvolvido em relação à utilização sustentável dos recursos ge-néticos e partilha dos benefícios do seu uso (Pro-tocolo de Nagoya), estamos a desenvolver legis-lação nesta matéria para aplicar o Regulamento europeu publicado este ano. Uma última palavra para o Compromisso para o Crescimento Verde, recentemente adotado pelo Governo, que enqua-dra e promove a internalização da biodiversidade e o capital natural que ela suporta na estratégia de crescimento e desenvolvimento económico para o país. Por fim, a nossa Estratégia de Conservação da Natureza e Biodiversidade está a ser ultimada e antes das férias do Verão será aberta à discussão pública.

bilitação de ecossistemas degradados; medidas de controlo de erosão; proteção do solo contra a lixiviação de nutrientes e muitas ações dirigidas à conservação de espécies, com destaque para os peixes e aves, com estatuto de ameaça.

A ANIPLA e o ICNF assinaram um memorando de entendimento no âmbito da Business & Biodiver-sity, em meados de 2013, visando a integração do tema da conservação da biodiversidade nas ações de sensibilização realizadas pela ANIPLA no âmbi-to do Projeto Cultivar a Segurança. Que importân-cia atribui ao envolvimento da indústria fitofarma-cêutica nesta temática?

Os produtos fitofarmacêuticos são importantes para o rendimento das explorações agrícolas, mas é fundamental que sejam usados com as melho-res práticas e com conhecimento pleno que per-mita minimizar os seus impactos potenciais no Ambiente. O memorando assinado entre o ICNF e a ANIPLA é muito relevante, até pelo efeito multi-plicador que pode ter através da adesão de uma série de entidades e utilizadores à Business & Biodiversity, uma vez que se trata de uma associa-ção. É muito positivo pela abrangência territorial e

universo de utilizadores que pode envolver. O que a ANIPLA se compromete a fazer através do proje-to Cultivar a Segurança, no sentido de sensibilizar os utilizadores para a adoção de boas práticas de utilização dos produtos fitofarmacêuticos, pode ter um impacto significativo na minimização dos impactes no Ambiente e na Biodiversidade.

A indústria fitofarmacêutica europeia está empe-nhada em reforçar a biodiversidade e os habitats naturais nas paisagens agrícolas, considerando para tal essencial a formação dos agricultores. De acordo com os dados que o ICNF detém, quais os temas onde é necessário insistir com mais e me-lhor informação?

Temos que estar muito conscientes dos impactes que podem advir da utilização dos produtos fitofar-macêuticos e estudar as medidas de minimização a adotar do ponto de vista da sua utilização, divul-gando esta informação por todos os utilizadores. Há também áreas transversais como a promoção da biodiversidade na agricultura onde a formação é muito relevante. É importante que os agriculto-res percebam qual é o impacte da sua atuação nos ecossistemas onde se inserem, a compatibilização

Uma carreira ao serviço dos Recursos Naturais

Paula Alexandra Sarmento é mestre em Geo-Recursos (IST) e licenciada em Engenharia do Ambiente (FCT/ UNL). Desempenhou funções no setor privado no domínio da indústria da fileira flores-tal e no setor empresarial do estado, no domínio da indústria mineira e aprovei-tamentos hidroagrícolas e de fins múl-tiplos. Desde 2005 que exerce funções de Direção superior em várias entidades tuteladas pelos Ministérios do Ambiente e da Agricultura, ocupando desde 2012 o cargo de presidente do Conselho Dire-tivo do Instituto da Conservação da Na-tureza e das Florestas, I.P. Destaca-se a experiência profissional no domínio da gestão de recursos naturais, gestão am-biental na indústria, avaliação de impac-te ambiental e processos de consultoria na área do ambiente.

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.

Fito_Tema

Decorrente da utilização de produtos fitofarma-cêuticos são gerados efluentes, os quais se não forem geridos de forma adequada, podem cons-tituir um sério risco para a contaminação do am-biente. A manipulação e preparação da calda e a limpeza dos equipamentos de aplicação, consti-tuem momentos que necessitam de cuidado es-pecial.

A ANIPLA colaborou com a DGAV na criação de normas de conformidade técnica a aplicar aos sistemas de tratamento de efluentes fitofarmacêuticos. A proposta de Decreto-Lei está em revisão pelas autoridades competentes.

Fito_Tema

Gestão de efluentes de produtos fitofarmacêuticos

Apesar de não instituir como condição obrigató-ria, a Lei 26/2013 prevê instalações ou equipa-mentos específicos concebidos de modo a poder recolher esses mesmos efluentes, na forma em que são produzidos, para tratamento adequado.

Em Portugal estão já instalados e em funciona-mento alguns sistemas de tratamento de efluen-

tes, que ainda têm pouca expressão no território, à semelhança do que se tem observado noutros Estados-Membros. Importa dar o enquadramen-to necessário para o reconhecimento destes sis-temas, como garantia de eficácia e eficiência téc-nica na adequada gestão de resíduos resultantes das operações envolvendo produtos fitofarma-cêuticos. Criando normas que ajudem a promover as melhores práticas na sua manipulação, aplica-ção e gestão, pelos utilizadores profissionais, nas explorações agrícolas e florestais e ainda, por outras entidades publicas ou privadas, no quadro legal em vigor.

A ANIPLA e a DGAV constituíram um grupo de tra-balho com a tarefa de preparar um diploma, que

será publicado sob a forma de Decreto-Lei, com o objectivo de estabelecer as normas de reconhe-cimento de conformidade técnica de sistemas de tratamento de efluentes fitofarmacêuticos, esta-belecendo os requisitos a observar na preparação de planos de gestão de efluentes e instalação dos sistemas de tratamento de efluentes no território nacional.

O grupo de trabalho deu a sua tarefa como fina-lizada, passando o documento para a avaliação e revisão por todas as autoridades competentes. A sua publicação deve, no entanto, ficar dependen-te do actual quadro político / legislativo.

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In_Anipla

Todos queremos uma grande variedade de ali-mentos de elevada qualidade e a preços aces-síveis à nossa disposição o ano todo. Queremos também uma paisagem rural próspera e ecos-sistemas saudáveis e diversificados. Uma população em crescimento e o aumento das exigências na agricultura apresenta à socie-dade um dos grandes desafios do século XXI – produzir mais com a mesma área agrícola, pro-tegendo a biodiversidade.

Aumentar a produtividade agrícola enquanto se mantém, ou mesmo se reforça, a biodiversidade, representa um enorme desafio para a humani-dade. A produção sustentável de bens agrícolas

suficientes, seguros e de elevada qualidade será alcançável se fizermos um uso eficaz dos recur-sos naturais e intelectuais disponíveis, essencial em qualquer estratégia que vise um aumento sustentável da produção. Contudo não deve-mos ignorar, ou ter medo, do poder e do valor da ciência e da inovação, assim como da enorme capacidade da nossa espécie para resolver pro-blemas complexos.

A compreensão do presente desafio exige o re-conhecimento de que a biodiversidade é funda-mental para a agricultura, como por exemplo, as abelhas que ajudam a polinização e os inverte-brados do solo que mantêm as terras saudáveis.

No entanto, alguns desequilíbrios dos ecossiste-mas locais têm origem na existência de espécies invasoras infestantes e na proliferação de pra-gas e doenças. Nestes últimos casos, uma forma válida de atenuar esses impactos passa pelo uso seguro e responsável de produtos fitofarmacêu-ticos (PF), pelos nossos agricultores e técnicos agrícolas.

Para um melhor conhecimento do importante papel que o uso responsável dos PF pode de-sempenhar na proteção dos benefícios da bio-diversidade, reduzindo, ao mesmo tempo, os impactos na agricultura provenientes dessa mesma biodiversidade, a Indústria fitofarmacêu-

tica editou uma brochura onde são descritas as medidas que visam o uso seguro e profissional de PF, assim como o seu processo de inovação e desenvolvimento, que permite uma maior com-preensão de como os produtos fitofarmacêuticos são ferramentas fundamentais no apoio a uma agricultura mais produtiva mas sustentável.

Em Portugal, a brochura “Produtos Fitofarma-cêuticos e Biodiversidade”, originalmente edi-tada pela Associação Europeia da Indústria Fi-tofarmacêutica (ECPA), foi traduzida e adaptada pela ANIPLA e teve o importante contributo do Instituto da Conservação da Natureza e Flores-tas – ICNF.

Produtos fitofarmacêuticos e BiodiversidadeA produtividade agrícola e a conservação da biodiversidade

Comissão de Agricultura Sustentável

A Indústria Europeia está empenhada em reforçar a biodiversidade e os habi-tats naturais nas paisagens agrícolas, utilizando o conhecimento especializado na proteção das culturas e promovendo a harmonia local entre a natureza e a agricultura.

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura. In_Anipla

No primeiro trimestre de 2015, o mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos aumentou 6,3% devido, principalmente, aos grupos dos Fungicidas, Inseticidas e Diversos.

6,3

Mercado de fitofarmacêuticos cresce 6,3% 1º trimestre 2015

+

Comissão de Dados e Estatística

Como surge esta lista?

De acordo com o novo Regulamento Europeu rela-tivo à homologação de produtos fitofarmacêuticos (PF), foi solicitado à Comissão Europeia a elabo-ração de uma lista de substâncias identificadas como “candidatas a substituição”, com carac-terísticas determinadas que cumprem critérios estabelecidos. Para os PF que contenham uma substância ativa (SA) identificada como “candidata a substituição”, os Estados-membro (EM) deverão avaliar se, para os usos autorizados nesses pro-dutos, existem outros PF que os possam substi-tuir.

O que significa uma substância ativa integrar esta lista?

Todas as substâncias incluídas na lista e os pro-dutos registados que as contenham, estão auto-

rizados na Europa porque as autoridades com-petentes confirmaram que o seu uso não implica riscos para o utilizador, o consumidor e o ambien-te. Qualquer substância incluída na lista não põe, portanto, em causa a sua segurança, desde que os produtos sejam devidamente utilizados. O que irá acontecer é que, aos produtos que contenham alguma dessas substâncias, será exigida uma fase adicional de revisão: a avaliação comparativa.

O que irá acontecer a esses produtos?

Como resultado desta avaliação comparativa po-derá dar-se o caso de alguns dos usos destes produtos serem cancelados, caso existam alter-nativas adequadas, que sejam significativamente mais seguras, não apresentem desvantagens prá-ticas nem económicas e que não constituam risco de desenvolvimento de resistências.

Lista de substâncias ativas “candidatas a substituição”Comissão Técnica de Homologação

12,4

-5,3

7,5

43,7

6,3

50

40

30

20

10

0

-10

%

Evolução percentual do mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos, relativa ao 1º trimestre de 2015 comparando com igual período do ano anterior

Fungicidas

Herbicidas

Inseticidas

Diversos

Total

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.

Fito_GlobalOs 4 pilares da indústria

A Indústria fitofarmacêutica assumiu compromissos em quatro áreas cruciais para a atividade agrícola e para a Sociedade - Água, Alimentação, Saúde e Biodiversidade – e está a trabalhar em parceria com entidades públicas e privadas para a sua implementação.

Ex.

Pa

ambiente respeitar as instruções de utilização.

Leia

informação relativa ao produto antes

de o utilizar.Saúde

Água

Biod

iversid

ade e

A

limentaç

ão

As substâncias “candidatas a substituição” são segu-ras?

Sim, e isso é demonstrado durante a avaliação para a sua autorização na União Europeia. Todas as substâncias ativas autorizadas na Europa são su-jeitas a um processo de avaliação prévio, que é um dos mais exigentes a nível mundial.

Então, porquê produzir uma lista de substância ativas se elas são seguras?

Esta é uma questão que a própria Indústria já colo-cou aos decisores políticos. Os critérios utilizados não são baseados em nenhuma evidência científica ou alerta e resultaram apenas de negociações po-líticas.

Por que é que simplesmente não se substituem esses produtos ou usamos apenas aqueles em que essas questões não se colocam?

Estamos a falar potencialmente de muitas SA, pro-vavelmente afectando mais de metade dos produ-tos atualmente utilizados pelos agricultores. Os produtores precisam de uma variedade de solu-ções para combater os problemas fitossanitários e fazer uma gestão adequada para evitar o desenvol-vimento de resistências.

Além disso existe uma grande quantidade de cul-turas e pequenos usos, sobretudo em frutas, hortí-colas e flores, que ainda se debatem por encontrar soluções e que ficariam ainda mais desprotegidos.

Se todos os produtos da lista de “candidatos a substituição” fossem removidos do mercado, fica-riam várias culturas muito mal protegidas e outras completamente desprotegidas.

Que consequências podem ter para a fileira alimentar (do produtor ao consumidor)?

Significa acima de tudo, que menos soluções fica-rão disponíveis para os agricultores protegerem as suas produções.

Além disso, se a lista de substâncias “candidatas a substituição” for mal interpretada e se converter numa “lista negra”, poderá ter consequências gra-ves na fileira alimentar.

A indústria não está a desenvolver produtos novos e mais seguros?

A Indústria está constantemente a trabalhar para isso, de facto. No entanto, devemos ter em conta que um novo produto demora em média cerca de 10 anos até chegar ao mercado e requer um inves-timento perto de 200 milhões de euros.

Devido ao facto de os critérios de avaliação a nível europeu estarem em constante mudança e serem cada vez mais restritivos, estima-se que, por cada SA nova que é aprovada, cerca de 140.000 ficaram pelo caminho, nos vários estádios de investigação e desenvolvimento. Num ambiente regulamentar tão imprevisível, as empresas têm cada vez mais difi-culdade em investir os recursos necessários para desenvolver novos produtos na Europa.

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ÁguaConservar os Recursos

A água é um recurso vital à vida e a Indústria fi-tofarmacêutica europeia encara a proteção e a conservação da água como um dos pilares da sua atividade, comprometendo-se a trabalhar de forma contínua para promover práticas agrícolas susten-táveis. O que estamos a fazer para preservar este recurso?

TOPPS-ProwadisProjeto que visa dar formação a agricultores e equipas de vendas e marketing das empresas de produtos fitofarmacêuticos sobre boas práticas na proteção da água, nomeadamente sobre como evi-tar a contaminação de origem pontual. Este projeto, que resulta da expansão do projeto Topps, decorre em Portugal e noutros 13 países da UE, até final de 2017. Em Portugal, a implementação do Topps está a ser projetada pela ANIPLA em parceira com ou-tras entidades ligadas ao setor agrícola nacional, como sendo a CAP, a Confagri e Companhia das Lezírias, para formar e sensibilizar os técnicos e os agricultores para as boas práticas na utilização dos produtos fitofarmacêuticos, no sentido da redução da poluição potencial das águas nas várias formas em que esta pode ocorrer.

Este projecto prevê, por exemplo, criar zonas tam-pão vegetativas junto aos cursos de água, as quais podem reduzir o escorrimento de produtos fitofar-

macêuticos entre 50% a 75%. O projeto piloto, que decorre atualmente em Espanha e na Polónia, e que chegará em breve a Portugal, ensina a insta-lar e manter as zonas tampão e explica os seus benefícios na preservação da qualidade da água e do solo.

Soluções analíticasEste projeto garante suporte a programas de monitorização da qualidade da água, fornecendo padrões analíticos fiáveis e transparentes aos la-boratórios acreditados. Ajuda a garantir a correta identificação e gestão da contaminação da água.

Alimentaçãoem quantidade e com qualidade

A Indústria fitofarmacêutica contribui para uma alimentação saudável, de qualidade e acessível para todos. Tal só é possível mantendo as cultu-ras sãs, aumentando a sua produtividade e me-lhorando as práticas agrícolas. Como estamos a acautelar as necessidades de agricultores e con-sumidores?

Gestão de ResíduosO projeto de gestão de resíduos, implementado em parceria com a estação de experimentação e investigação agrícola Cajamar Caja Las Palme-rillas, em Almería, Espanha, visa partilhar as melhores práticas com vista a minimizar o nível de resíduos de produtos fitofarmacêuticos nas cultu-ras, em concreto de tomate e pimento produzidos em estufa. Centenas de agricultores e técnicos de vários países da Europa deslocam-se a este centro para receber formação. Em Novembro de 2014 a ANIPLA convidou jornalistas portugueses a visitar as estufas em Almeria onde, numa ação dedicada à imprensa internacional, a Associação Europeia (ECPA) partilhou os objetivos e resulta-dos deste projeto.

Usos MenoresEstamos a trabalhar, em conjunto com vários parceiros, na preparação de um programa de Coordenação de Usos Menores a nível europeu, por forma a estabelecer medidas concretas que disponibilizem soluções de Usos Menores para os agricultores.

Produtos Fitofarmacêuticos IlegaisA ANIPLA, tal como as suas congéneres euro-peias, desenvolve um esforço proactivo e contínuo de sensibilização sobre os perigos de comerciali-zar e utilizar produtos ilegais e os riscos que tal acarreta para o agricultor, Ambiente e para a Se-gurança Alimentar.

SaúdeGarantir práticas seguras Para a Indústria é prioritário proteger a saúde dos agricultores e do público em geral, introduzindo tecnologias inovadoras e promovendo o uso seguro e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos. Por-tugal dá o exemplo:

Cultivar a Segurança - este projeto permitiu dar for-mação, essencialmente prática, a várias centenas de técnicos, distribuidores e agricultores em Por-tugal, sobre uso responsável, seguro e sustentá-vel dos produtos fitofarmacêuticos. Decorreu em quintas-modelos por todo o país, com a colabora-ção das Direções Regionais de Agricultura e outras entidades públicas e privadas.

Gestão de Embalagens Vazias - Portugal está no pelotão da frente no que se refere à recolha de embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos, com uma taxa de retoma de cerca de 40% e perto de 800 pontos de retoma em todo o país. O sis-tema VALORFITO, em funcionamento desde 2006, está a servir de modelo para alguns países euro-peus que estão em fase inicial de implementação de sistemas de gestão de embalagens vazias.

Em Novembro de 2014 a ANIPLA convidou jornalis-tas portugueses a visitar as estufas em Almeria onde, numa ação dedicada à imprensa internacional, a Asso-ciação Europeia (ECPA) partilhou os objetivos e resulta-dos do projeto de gestão de resíduos.

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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.

Fito_Agenda23 > 24 Jun.FreshAgroMashovCentro de Feiras e Convenções de Tel-AvivIsrael Saber mais

26 Jun.Workshop Equipamentos de Aplicação de Produtos FitofarmacêuticosAuditório da AFPDM/Escola Profissional do Montijo Saber mais

1 > 3 Jul.Cereais para Alimentar o MundoConferência da Associação Internacional para Ciência e Tecnologia dos Cereais (ICC)Exposição Mundial de Milão . ItáliaSaber mais

2 > 3 Set.Potato EuropeFeira Internacional do Sector da BatataKain, Tournai . BélgicaSaber mais

25 > 28 Jun.8ª Feira Nacional do MirtiloSever do VougaSaber mais

25 Jun > 5 Jul.Fórum Tecnologia em HorticulturaFeira São Pedro, Torres VedrasSaber mais

2 > 4 Set.Asia Fruit LogisticaFeira Internacional de Frutas e LegumesHong KongSaber mais

23 > 25 Set.MacfrutFeira Internacional de Frutas e LegumesRimini Expo Centre . ItáliaSaber mais

14 > 16 Out.Construir o Futuro da Segurança AlimentarConferência EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar)Exposição Mundial de Milão . Itália Saber mais

28 > 30 Out.Fruit AttractionFeira Internacional de Frutas e LegumesIfema, Madrid EspanhaSaber mais

21 > 24 Nov.Portugal AGROAlimentaria&Horexpo Lisboa Feira Internacional de Lisboa (FIL) PortugalSaber mais

BiodiversidadeReforçar os habitats naturais

Em Portugal, a ANIPLA e o Instituto de Conser-vação da Natureza e Florestas (ICNF) assinaram um memorando de entendimento no âmbito da Business & Biodiversity, em meados de 2013, vi-sando a integração do tema da conservação da biodiversidade nas ações de sensibilização reali-zadas pela ANIPLA no âmbito do Projeto Cultivar a Segurança. Leia a entrevista com a Presidente do ICNF nesta edição da FitoSíntese.

A Associação da Indústria Fitofarmacêutica Euro-peia (ECPA) está a trabalhar em diversos projetos que demonstram o compromisso da Indústria em adotar as melhores práticas para aumentar a bio-diversidade:

Quintas Modelo - visa criar uma rede europeia de quintas modelo para demonstrar e apresentar as melhores práticas de gestão e os benefícios dos produtos fitofarmacêuticos para o aumento da biodiversidade e produtividade agrícola em toda a Europa, junto dos agricultores e do pessoal de

vendas e marketing das empresas que comercia-lizam produtos fitofarmacêuticos, mas também junto de decisores políticos e opinião pública em geral.

Zonas Tampão Multi-funcionais - projeto que de-monstra as várias iniciativas das empresas fito-farmacêuticas relacionadas com a conservação de insetos polinizadores e questões mais amplas da biodiversidade.

Formação - Para incentivar a adoção das melho-res práticas de gestão, será ministrada formação às pessoas que trabalham na área comercial e marketing das empresas fitofarmacêuticas.

Indicadores - Está a ser elaborado um guia sobre os indicadores para a biodiversidade em terras agrícolas.

3 > 6 Dez.SIFEL MarrocosFeira Internacional de Frutas e LegumesAgadir Park Expo . MarrocosSaber mais

Smart Farm Os 4 pilares num projecto global

Apesar da separação, em termos de projec-tos, de cada um dos pilares alvo da Indús-tria, a sua interligação é essencial, na me-dida em que é o seu conjunto que permite garantir uma agricultura sustentável e um desenvolvimento integrado. Neste âmbito, a ANIPLA pretende criar um espaço onde seja possível conjugar os diversos projetos e desenvolver e implementar um conjunto de tecnologias, equipamentos e práticas, consideradas como “modelo” para um uso sustentável e seguro dos produtos fitofar-macêuticos.

A Companhia das Lezírias irá ser o “hos-pedeiro” deste projecto, que pretendemos seja evolutivo e esteja sempre pronto a mostrar e a demonstrar as melhores e mais modernas práticas agrícolas, a um conjunto alargado de interessados, incluin-do o grande público.

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