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A RESPONSABILIDADE SOCIAL E AS AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NA REGIONAL SUDESTE DOS
SERVIÇOS COMPARTILHADOS DA PETROBRAS
Marcio Viegas de Andrade
(LATEC/UFF)
Sérgio L. Braga França
(LATEC/UFF)
Resumo: O presente estudo tem como objetivo identificar os gestores de serviços de nível tático da Regional Sudeste
(RSUD) dos Serviços Compartilhados da Petrobras e como estes percebem as questões relativas à Responsabilidade
Social e sustentabilidade em seus processos; e, por fim, como vislumbram a formação de novos “líderes sustentáveis”.
O estudo baseia-se em revisão da literatura sobre conceitos e práticas de responsabilidade social e sustentabilidade,
além da análise de experiências relatadas por lideres de empresas de classe mundial. Além da revisão da literatura, foi
desenvolvida e aplicada uma entrevista semiestruturada com os gerentes (de linha) da supracitada Unidade. Após
analise qualitativa das respostas fornecidas pelos referidos gestores, como conclusões, destacam-se, entre outros, que
a maioria dos gestores tem consciência das questões de responsabilidade social e sustentabilidade, que há
oportunidades de melhoria para que os processos fiquem aderentes aos conceitos de responsabilidade social e
sustentabilidade e, por fim, para que seja implementada de fato uma “cultura de RS” na companhia, a mesma deve ser
patrocinada pelas mais altas hierarquias da Petrobras.
Palavras-chaves: Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Gestão, Liderança, Serviços
Compartilhados.
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. Introdução
Atualmente, observa-se um movimento de reforço das empresas em sua legitimidade e imagem,
visando atuar de acordo com obrigações legais, regulamentações de Direitos Humanos, ambientais,
sanitárias e de segurança, em todas as suas atividades, garantindo que toda a sua cadeia de
fornecedores aja do mesmo modo. Além disso, observa-se um movimento de investimento em
iniciativas ecoeficientes para reduzir despesas com energia elétrica, água, materiais e descarte de
resíduos.
O mercado tem buscado e exigido empresas social e ambientalmente responsáveis, para tornarem-se
exemplos precursores na área empresarial, alavancando a transição e a consolidação da
sustentabilidade.
De acordo com Willard (2014), as empresas que não aderirem a modelos conhecidos para explicar a
relevância das estratégias de sustentabilidade, com relação às prioridades atuais, e mostrar como a
empresa pode se posicionar para capitalizar seus avanços na sua jornada rumo à sustentabilidade,
perderão uma oportunidade de negócio.
A criação de valor sustentável é um modo das empresas avançarem suas prioridades
de negócios, estimularem inovações e obterem vantagem competitiva. Para atuar dessa
maneira no contexto competitivo dos dias atuais, exige-se que as empresas mais
expressivas considerem cuidadosamente as dimensões ambientais e sociais de suas
atividades de negócios. (LASZLO, 2008).
Na figura 01, é possível observar os sete vetores da Responsabilidade Social, que, apesar de
apresentados de forma segmentada, atuam conjuntamente sobre os temas de responsabilidade social e
sustentabilidade. Tais vetores ressaltam a importância de questões ligadas ao “triple bottom line”,
enfatizando os aspectos social e ambiental, sem deixar de lado a visão econômica, sem a qual uma
empresa não consegue manter-se no mercado.
Segundo Willard (2014), as sete dimensões da sustentabilidade das iniciativas de Responsabilidade
Social Corporativa de uma empresa (considerando-a como uma organização social e ambientalmente
responsável) seriam:
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Comunidade e sociedade: exerce papel ativo na sociedade;
Governança corporativa: considera os impactos sociais, ambientais e econômicos de longo
prazo, ao tomar decisões;
Relacionamento com os clientes: é justa, respeitosa e honesta com os clientes/ compradores;
Relações com os colaboradores: os colaboradores são tratados com justiça, respeito e
honestidade;
Meio ambiente: se empenha em minimizar os impactos das suas operações e produtos/serviços;
Direitos humanos: lida respeitosamente com os direitos humanos;
Relações com os fornecedores: toma decisões de compra que levam em consideração valores
sociais e ambientais.
Figura 01: Vetores da Responsabilidade Social, adaptado de Ashley (2002).
O modelo de organização inovadora sustentável é uma resposta às pressões institucionais por uma
organização que seja capaz de inovar com eficiência em termos econômicos, mas com
responsabilidade social e ambiental (SIMIQUELI, 2013).
2. Objetivos da Pesquisa
O trabalho busca analisar e propor melhorias na gestão dos principais processos e atividades
desenvolvidos pela Regional Sudeste dos Serviços Compartilhados (RSUD), procurando investigar
como estão relacionados às questões de sustentabilidade e responsabilidade social, bem como a
importância dos gestores no fortalecimento da Responsabilidade Social (RS) na Companhia.
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O objetivo geral foi identificar as lideranças e os principais serviços que têm aderência com as
questões de sustentabilidade e que estejam sob a gestão da RSUD. Dentre os objetivos específicos,
destacaram-se:
Identificar em cada gerência de linha as ações de sustentabilidade que são realizadas ou as que
tenham possibilidade de tornarem-se;
Levantar os fatos relevantes de cada gerência que contribuem e/ou contribuíram para ações de
sustentabilidade nos últimos dois anos;
Identificar os principais sistemas corporativos aplicados, principalmente, aos processos das
gerências.
3. Estratégia da Pesquisa
O trabalho investigou o campo de atuação dos Serviços Compartilhados da Regional Sudeste, área
responsável por prover soluções e dar suporte para que as demais unidades da companhia desenvolvam
seus negócios. Portanto, a análise das principais interfaces entre as gerências e como estas se conectam
no que tangem os aspectos de sustentabilidade e responsabilidade social figuram-se no principal foco
desse trabalho, buscando descobrir oportunidades de melhorias e estratégias das lideranças para
melhor conduzir a gestão.
Os Serviços Compartilhados formam uma unidade integrada que atua na prestação de serviços para
atender às necessidades do Sistema Petrobras. A unidade tem uma estrutura central (Sede) localizada
no Rio de Janeiro e cinco Regionais: Bacia de Campos, Baía de Guanabara, Norte-Nordeste, São
Paulo-Sul e Sudeste.
O trabalho foi elaborado a partir da análise documental e processual das atividades realizadas nas
diversas gerências. Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas aplicadas junto aos
gerentes de cada área, com finalidade de verificar o entendimento e a profundidade do conceito de RS
e sustentabilidade para cada um.
As lideranças entrevistadas coordenam atividades que envolvem de 4.993 pessoas, sendo 653
empregados próprios e 4340 colaboradores contratados de forma direta ou indireta. Os critérios para a
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escolha das perguntas envolveu observação cotidiana das atividades realizadas, bem como participação
do entrevistador junto a essas gerências desde o seu inicio na companhia, em 2006.
A entrevista semiestruturada tem foco na formulação de perguntas básicas para o tema a ser
investigado (TRIVINOS, 1987; MANZINI, 2003). Para Triviños (1987) as principais características
são questionamentos básicos apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa.
Por sua vez, os questionamentos dariam origem a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos
informantes. O foco central seria estipulado pelo investigador-entrevistador. A entrevista
semiestruturada “favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a
compreensão de sua totalidade”.
Para Manzini (1990/1991, p. 154), esse tipo de entrevista tem seu cerne no assunto sobre o qual
elaboramos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outros questionamentos
inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Esse método pode fazer surgir informações de
forma mais natural, não sendo as respostas condicionadas a uma padronização de alternativas.
Ambos os autores possuem um ponto convergente no que se refere à necessidade de perguntas básicas
e principais para se atingir o objetivo estipulado pela pesquisa. Para Manzini (2003), o planejamento
da coleta das informações ocorre por meio da elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os
objetivos pretendidos. O roteiro serviria não somente para coletar as informações básicas, mas também
como meio para que o pesquisador se organize no processo de interação com o informante. Portanto,
como forma de obter informações pertinentes a esse trabalho, foi desenvolvido um roteiro de
perguntas, visando nortear a conversa para se obter informações de maneira informal, junto aos
entrevistados.
As perguntas realizadas buscaram identificar o entendimento dos gestores quanto aos conceitos de
liderança, sustentabilidade e responsabilidade social. Além disso, visaram averiguar a aplicação dos
temas nos principais processos e atividades de cada gerência. De modo complementar, os
questionamentos identificaram a inserção dos temas na formação de futuras lideranças e gerências.
4. Revisão bibliográfica: compreendendo conceitos e estratégias
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Para Simiqueli (2013), organizações inovadoras e sustentáveis inserem-se nos novos modelos de
mercado e economia e buscam vantagens competitivas por meio de produtos, serviços, processos e
negócios, novos ou modificados, com base nas dimensões socioeconômicas e ambientais. No entanto,
somente a melhoria da ecoeficiência nas ofertas de bens e serviços não seria suficiente. Seria
necessário se repensar os padrões de consumo, aumentar a eficiência e reduzir a desigualdade no uso
dos recursos.
De acordo com Voltolini (2014), as lideranças devem prever o objetivo de conectar, inspirar e educar
jovens líderes de negócios para a sustentabilidade. Líderes que sejam capazes de contestar modelos e
criar possibilidades de negócios com resultados mais justos e economicamente viáveis, e que gerem
valor e bem-estar para toda a sociedade.
Conforme Willard (2014), o capital humano é a força de trabalho da empresa, enquanto o capital social
é a boa reputação da organização aos olhos de seus stakeholders mais importantes, como clientes,
comunidades, reguladores, fornecedores e investidores e investidores. Para o autor, equacionar a
sustentabilidade à gestão de ativos, ajuda os executivos a ligar os pontos entre estratégias de negócio
inteligentes, que impulsionam o crescimento dos capitais econômico, construído, natural, humano e
social e as estratégias de sustentabilidade inteligentes, as quais promovem os mesmos benefícios.
Aliado a isso, Laszlo (2008) relaciona sustentabilidade às demandas dos stakeholders. Willard (2014)
afirma que ideias inovadoras dos funcionários, seu conhecimento em primeira mão dos fluxos de
trabalho e sua paixão para ajudar a empresa a resolver a questão da sustentabilidade constituem os
pilares dos ganhos resultantes da ecoeficiência.
Sobre o conceito de responsabilidade social, quando relacionado ao campo organizacional,
entendemos que busca fazer com que as empresas ajam com ética e transparência junto a todos os seus
públicos de interesse com os quais se relacione, alem de impulsionar o desenvolvimento sustentável da
sociedade onde estão inseridas, preservando recursos naturais e culturais para as gerações futuras,
agindo com respeito à diversidade e promovendo a redução das desigualdades. Considerando-se a
amplitude do escopo do conceito de responsabilidade social, o presente trabalho terá foco no pilar de
sustentabilidade, dentro do conceito de RS.
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O conceito mais antigo relaciona a sustentabilidade às pressões externas que acabam por influenciar as
organizações (empresas reativas); enquanto o conceito mais moderno entende que os funcionários são
um dos principais pilares de mudança das organizações rumo ao novo modelo de sustentabilidade
(empresas proativas).
Além das lideranças formais (gerentes, coordenadores, supervisores e consultores), deve-se considerar
o engajamento1 dos colaboradores. O comportamento de colaboradores engajados pode ser analisado
pelo modo como o mesmo divulga (refere-se positivamente à organização), permanece (pretende
continuar na organização) e empenha-se (esforça-se para além do que se espera de suas funções). Essa
definição apresentada por Willard (2014) norteia as investigações pretendidas nesse trabalho.
Bertoncello & Chang Junior (2007) apresentam algumas definições de Responsabilidade Social
Empresarial, de acordo com algumas instituições, o Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável (WBCSD)2, o World Bank
3 e o Instituto Ethos
4.
De acordo com o WBCSD, Responsabilidade Social Corporativa é o comprometimento permanente
dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico,
melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da
comunidade local e da sociedade como um todo.
Para o World Bank, a responsabilidade social empresarial é o compromisso de contribuir para o
desenvolvimento econômico sustentável trabalhando em conjunto com os empregados, suas famílias, a
comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida de forma que seja bom
tanto para as empresas como para o desenvolvimento.
Ainda para o Instituto Ethos, Responsabilidade Social Empresarial é definida como forma de conduzir
os negócios que torna a empresa parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social. Nesta
abordagem, as empresas não deixariam de incluir o lucro como objetivo, porém, ao invés de priorizar a
1 O engajamento é um estado de comprometimento emocional e intelectual com uma organização – à medida que a
organização conquistou o coração e a mente dos funcionários. WILLARD (2014). 2 www.wbcsd.org
3 www.worldbank.org
4 www.ethos.org.br
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maximização de lucros de curto prazo as organizações deveriam buscar lucros de longo prazo,
obedecer às leis e regulamentações, considerar o impacto não mercadológico de suas decisões e
procurar maneiras de melhorar a sociedade por uma atuação orientada para a Responsabilidade Social
Empresarial.
Analisando as definições supracitadas, nota-se que todas consideram como prioritária a qualidade de
vida de empregados e suas famílias, bem como da comunidade local e da sociedade. Outro ponto
convergente é a questão do desenvolvimento econômico sustentável. Nessa questão, o Instituto Ethos é
mais enfático e cita na sua definição que as empresas deveriam priorizar a maximização de lucros a
longo prazo, tornando seus preços mais justos.
Segundo Willard (2014), há cinco estágios que definem a jornada da sustentabilidade em uma
empresa, o pré-cumprimento legal, o cumprimento legal, além do cumprimento legal, a estratégia
integrada e o propósito/ paixão. Para a estratégia integrada, Willard (2014) explora e descreve etapas a
serem percorridas pela organização (melhorar a ecoeficiência e a marca de sustentabilidade da
empresa; melhorar as condições e os impactos da cadeia de suprimentos; criar novos produtos,
serviços e esquemas de leasing ecoeficazes; incorporar a governança sustentável).
Para além do cumprimento legal, o autor cita apenas beneficiar-se da ecoeficiência, evitar riscos
regulatórios e à imagem da empresa. O quinto estágio refere-se ao alinhamento aos valores da
empresa, ou seja, a força de trabalho movida pelo propósito/paixão.
Segundo Senge (2009), empresas de classe mundial estão convertendo as práticas de negócio
convencionais em estratégias que permitam a criação de um mundo sustentável. Essa mudança faz
com que os trabalhadores das empresas passem a vivenciar mudanças e que, a partir destas, surjam
soluções inovadoras para processos, produtos, hábitos e estilos de vida.
De acordo com Charan (2007), bons líderes são aqueles que ajudam os liderados e encontrar novos
significados, facilitando a conjugação entre os valores pessoais e os da organização. Em nível
organizacional, cabe aos lideres (formais e informais) semearem e desenvolverem a cultura de
responsabilidade social e sustentabilidade junto a suas equipes e, desta forma, a cultura se perpetuará
na organização, tornando-se um valor e passando para as gerações futuras.
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5. Estudo de caso: a Empresa e a unidade de negócio analisada
A Petrobras é uma empresa estatal de economia mista, ou seja, é uma empresa de capital aberto, que
tem o Governo do Brasil como acionista majoritário. A empresa atua nos seguintes segmentos:
exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e gás natural, petroquímica,
distribuição de derivados, energia elétrica, bicombustíveis, além de outras fontes energéticas
renováveis.
No passado, cada área de negócio era responsável por desenvolver suas atividades de apoio (serviços
de logística, administração predial, serviços médicos), para que estas suportassem os processos-fins
(exploração, refino, comercialização, transporte). Com o passar dos anos, visando liberação das áreas
de negócios para que pudessem se dedicar a seus processos-fins, além de obtenção de ganhos de escala
com a centralização dos serviços de suporte, foi criada a unidade Serviços Compartilhados, com
finalidade de prover soluções em negócios.
Os Serviços Compartilhados estão estruturados de forma centralizada (sede) no Rio de Janeiro e são
operacionalizados por cinco Regionais que desenvolvem suas atividades com abrangência em todo
território nacional, além de dar suporte às áreas de negócio no exterior. A estrutura organizacional é
alinhada com o Plano Básico de Organização (PBO). Este trabalho buscou focar suas informações por
meio de um estudo de caso em uma das Regionais, a Regional Sudeste (RSUD) dos Serviços
Compartilhados da Petrobras (figura 04).
O primeiro ponto de análise se referiu ao quesito liderança, onde os entrevistados foram questionados
sobre quais atributos compõem a liderança e se consideravam a si mesmos líderes de suas respectivas
equipes.
Todos os entrevistados afirmaram sentirem-se líderes de suas equipes. Consideram que a liderança
reside no reconhecimento do outro, na responsabilidade em cuidar de pessoas e processos para gerar
resultados e na transmissão de conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da vida pessoal e
profissional. Além disso, a totalidade dos gestores salientou como quesito mais relevante a “liderança
pelo exemplo”, ou seja, a efetiva prática do discurso proferido, pois os colaboradores teriam alguém
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em quem pudessem confiar na condução do trabalho e das equipes, bem como alguém em que pudesse
se inspirar profissionalmente.
“Quanto à liderança, eu estou sempre presente junto à equipe, eu formo pessoas, eu
impulsiono para uma serie de ações. Então, desta forma, eu lidero pessoas. A
sustentabilidade vai desde o olhar dessas pessoas que você lidera, que você encaminha,
ate questões relacionadas a sustentabilidade do planeta. Quando eu lido com pessoas, eu
tenho obrigação de orientar para esta vertente. As pessoas influenciam e são
influenciadas.”
Figura 04: Estrutura organizacional dos Serviços Compartilhados/RSUD
Quando questionados sobre serem lideres sustentáveis, a maioria mencionou a palavra atitude, como
forma de continuidade de ações desse tema. “Eu realmente acredito nessa concepção de que você deva
sempre contribuir para a sustentabilidade do local em que você esteja e, partindo dessa atitude, deve
replicar isso junto a sua equipe”.
Fato interessante levantado pelos gestores foi o registro de que, em certos momentos, têm dificuldades
para o pleno exercício da liderança, pois esbarram em motivos como a falta de tempo para se reunir
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mais frequentemente com as equipes, principalmente em virtude da agenda de reuniões e
compromissos assumidos.
Para efeito de melhor entendimento, as perguntas 2, 3 e 4 foram analisadas de forma conjunta, visto
que versam sobre ações, fatos relevantes e medidas de controle e indicadores sobre tais ações/fatos.
Ao serem questionados sobre o entendimento e abrangência dos conceitos de sustentabilidade e
responsabilidade social, os gestores foram praticamente uníssonos ao fazerem correlações dos temas
mencionados às principais questões sociais e ambientais e os recursos a elas vinculados, como por
exemplo, recursos hídricos e energéticos, coleta seletiva de resíduos, indicadores e sistemas para
controlar tais processos, além de conceitos de ergonomia e conforto no ambiente de trabalho, onde são
levados em conta: iluminação, temperatura; anexos de SMS e de responsabilidade social nos contratos,
diálogos de responsabilidade social (DRS), divulgação do código de ética da empresa, palestras sobre
violência doméstica, palestras sobre equidade de gêneros e raças, dentre outros.
Todos os gerentes demonstraram ter conhecimento sobre os conceitos básicos de sustentabilidade e
relataram ações que realizam cotidianamente, tanto em nível pessoal (ambiente doméstico) como em
nível profissional (ambiente corporativo). A maioria afirma estar preocupada em adotar posturas
proativas quanto à coleta seletiva, à destinação social de itens recicláveis (doações para cooperativas
de catadores), utilização de equipamentos que promovam redução do consumo de água, o uso de
aeradores em torneiras e descargas sanitárias com duplo acionamento – “dual flush”; maior eficiência
energética, utilização de iluminação por Lighting Emitting Diode (LED), em substituição às lâmpadas
fluorescentes e eletrônicas, uso de equipamentos com o Selo do Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica (PROCEL); impressões utilizando a opção frente e verso, o cuidado na contratação de
serviços buscando-se sempre empresas que respeitem a legislação ambiental e realizem ações sociais.
Algumas dessas atitudes são simples e passíveis de implementação tanto em condomínios residenciais
quanto em ambientes de escritórios. Mais especificamente, no que tange a Petrobras, essas atitudes são
levadas a uma escala corporativa, levando-se um tempo ate que atitudes e ações proativas sejam
efetivamente replicadas em todos os níveis da companhia, tornando-se parte da cultura da empresa.
“Em termos ambientais, nos prédios administrativos, estamos mantendo controles e
monitoramento dos gastos energéticos. Na parte hídrica, já colocamos aeradores nas
torneiras, descargas com duplo acionamento (dual flush), monitoramos para evitar
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vazamentos, alem de cuidar também da gestão de resíduos dos prédios sob gestão da
Regional Sudeste. Nos prédios que não estão sob nossa gestão, que são geridos por
empresas de facilities management5, nossas equipes acompanham o trabalho do
condomínio.”
Com relação à diminuição da geração e consumo de papéis em diversas atividades, criou-se uma
ferramenta eletrônica, cuja função é registrar solicitações de serviços, bem como o acompanhamento
do provimento dos mesmos e a medição da satisfação dos clientes. Tal ferramenta encontra-se em
continua ampliação, gerando otimização de tempo e custos, além de reduzir o uso e o armazenamento
de papéis. Quanto às principais ações, de responsabilidade social e de sustentabilidade, citadas ao
longo das entrevistas, podemos citar como mais relevantes:
Alinhamento de conceitos sobre responsabilidade social e sustentabilidade para os gestores da
Regional, promovido a partir de uma palestra da Gerência Executiva de Responsabilidade
Social da Petrobras, a fim de capacitá-los para desdobrarem tais conceitos para suas equipes;
Criação de um Subcomitê de Responsabilidade Social da RSUD, com a função de desdobrar
diretrizes para os representantes de cada gerência, os quais tem a função de levar tais
informações para suas equipes, bem como trazer dados de suas atividades que estejam
alinhados às questões de responsabilidade social e sustentabilidade;
Gerências que promovem eventos de “troca ecológica” e intercâmbio de objetos entre as
pessoas, promovendo os 5R’s 6;
Realização de gincana interna onde equipes funcionaram como empresas a serem contratadas,
apresentando propostas de serviços e orçamentos, respeitando as cláusulas de contratos da
Petrobras, o Código de Ética e a transparência nas negociações, enquanto outra equipe
representou a Petrobras, analisando as propostas;
Elaboração de campanhas de comunicação (responsabilidade social; troca de coletores de
resíduos nas estações de trabalho e divulgação dos Diálogos de Responsabilidade Social).
Elaboração da identidade visual dos novos coletores de resíduos e campanha de comunicação
para informar colaboradores sobre a substituição do modelo anterior;
5 Facility Management: empresas especializadas na gestão da prestação de serviços relacionados a espaços,
infraestruturas, pessoas e organizações. 6 5R’s: reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar.
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Levantamento de empresas a serem contratadas para eventos de responsabilidade social, como
a contratação de um grupo teatral formado por pessoas com deficiência, para apresentar esquete
sobre questões sociais e ambientais;
Doação de banners utilizados em campanhas de comunicação corporativa para cooperativas de
catadores, a fim de promover a reciclagem desses materiais;
Realização de avaliações ergonômicas (mobiliário, luminosidade, conforto térmico) dos
colaboradores, visando propiciar as melhores condições de trabalho e saúde;
Acompanhamento, através de sistemas corporativos, de indicadores de eficiência hídrica,
energética e de gestão de resíduos, com especial atenção aos resíduos gerados pela área de
saúde ocupacional, com o acompanhamento dos manifestos de resíduos para garantir a
conformidade do transporte e correto descarte;
Programas de saúde para os empregados e programas de Serviço Social, excedendo o
cumprimento das obrigações legais e zelando pela saúde dos empregados;
Elaboração do Plano de Ação de Responsabilidade Social 2015/2016 para os Serviços
Compartilhados, em andamento. O plano inclui ações referentes a Direitos Humanos,
desdobramento e divulgação de informações de responsabilidade ambiental e sustentabilidade
para as gerencias, diagnostico de acessibilidade em todos os prédios, mapeamento do entorno;
Gestão condominial dos edifícios administrativos sob a gestão da RSUD, manutenção predial,
gestão de resíduos (coleta, segregação, armazenamento e destinação), implantação da logística
reversa de pilhas e baterias;
Ampliação do escopo de atuação dos inspetores de segurança, que além da função de segurança
patrimonial, contribuem para as questões de sustentabilidade e responsabilidade social, uma
vez que verificam possíveis não conformidades (obstruções de ambientes, possíveis
vazamentos de água e de produtos químicos, produtos armazenados de forma inadequada,
descarte de materiais fora dos padrões);
Recolhimento, registro, catalogação e armazenamento dos “achados e perdidos”, por um
período de 60 dias. Após este período, caso tais bens não sejam reclamados, são doados para a
fundação Petrovida, de cunho social. O recurso obtido ajuda no patrocínio ou manutenção de
ações sociais;
Centralização das folhas de pagamento, por meio de um sistema eletrônico, denominado
“Botão Compartilhado” com significativa redução do consumo de papéis que eram impressos e
distribuídos com os contracheques dos empregados. Se considerarmos uma média de 30
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impressões empregado/ano e um número aproximado de 60.000 empregados, teríamos uma
redução de 1.800.000 impressões/ano;
Gestão de documentos, serviços de catalogação, organização, guarda externa, controle da
temporalidade dos documentos e, após vencidos os prazos de guarda, com anuência dos
clientes contratantes, posterior disposição final respeitando a legislação ambiental e a
rastreabilidade de todo o processo;
Utilização do “Termo de Compromisso de Responsabilidade Social” em contratos;
Negociação com construtoras ou com proprietários dos prédios, em função de atendimento aos
requisitos de SMS e também de responsabilidade social, como acessibilidade das instalações
dos prédios e do seu entorno, atendimento a obrigações trabalhistas dos contratados, correto
descarte dos resíduos de obras, dentre outros;
Levantamento (em fase de conclusão) da quantidade de documentos gerados pelo plano de
saúde da Petrobras, em virtude de solicitações de exames, pareceres, autorizações, que geram
cerca de 1.800 documentos por mês;
Uso de ferramenta eletrônica para os processos de contratação de bens e serviços, com
significativa redução do volume de papéis e de custos nos processos de aquisição de bens e
serviços. Redução de impressões de documentos e armazenamento de processos, redução do
transporte de documentos e pessoas, otimização do tempo, facilidade na condução dos
processos de auditoria, maior disponibilidade da informação (eletrônica), mobilidade para
assinatura à distância;
Redução da frota de veículos contratados, reduzindo desta forma o consumo de combustíveis e
a emissão de gases de efeito estufa. Fiscalização e manutenção dos veículos, para que estejam
em conformidade com normas ambientais, gerando redução de impactos e riscos;
Montagem de ambientes corporativos, com foco nas questões de ergonomia (conforto,
luminosidade, mobiliário adequado) e segurança. Além do reaproveitamento de materiais de
escritório;
Contribuição com as questões socioambientais, com medidas de mitigação de acidentes em
obras e a correta armazenagem e destinação dos resíduos de obras, conforme legislação.
É possível notar que, em cada gerencia da RSUD, há questões que contribuem para a responsabilidade
social e sustentabilidade. No entanto, ainda são necessários pontos de melhoria a serem discutidos,
avaliados e implementados.
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Dois pontos merecem registros enfáticos. Alguns gerentes pontuaram haver uma distancia entre a
teoria e a prática, ainda incipiente por parte da companhia. Além da falta de esclarecimento acerca dos
conceitos e de diretrizes de responsabilidade social e de sustentabilidade para a força de trabalho.
Quanto ao primeiro ponto de atenção, teoria x prática, da responsabilidade social e sustentabilidade,
registra-se que alguns gestores vinculam a prática da responsabilidade social à implementação de
ações que dizem respeito ao cumprimento de obrigações legais e, portanto não se configuram como
RS. Outros observam que, alguns gestores tomaram ações por questões normativas, cumprimento de
padrões internos, mas não estão, de fato, sensibilizados e engajados pelos temas em questão.
“Vejo que alguns gestores cumprem as 15 diretrizes de SMS porque tem de cumpri-las,
mas não sei se todos já as internalizaram como valor. Acredito que a responsabilidade
social irá seguir os padrões de SMS e se tornará uma cultura corporativa, um valor. No
entanto, temos que ver as questões práticas, buscando não burocratizá-las demais. Não
pode ser apenas um quadrinho na parede, algo para inglês ver e que acaba por encarecer
o custo dos contratos. Os novos gestores já devem estar sensibilizados com esses temas.
As pessoas precisam ver que as questões sociais e ambientais têm que estar ligadas ao
negócio, haja vista o plano estratégico da empresa que já contempla tais questões. E
devido ao tamanho da empresa ser tão grande, irá tomar um tempo até que esta cultura
esteja plenamente estabelecida.”
Como já mencionado por Laszlo (2008), percebemos que grande parte dos gestores (e mesmo da
empresa) age de forma mais reativa, sendo provocados pelas necessidades de adaptação ao mercado e
não por serem proativos.
“Na minha visão, hoje a companhia realiza ações de cunho social, cultural e ambiental
principalmente porque é demandada pelo mercado e também em função de obrigações
legais, de termos de ajustamento de condutas e de multas, do que em função do
desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade social e sustentabilidade. Acredito
que essa situação esteja mudando, porém necessitamos de maior patrocínio,
principalmente pelas lideranças de maior hierarquia da companhia e, localmente, pelo
gerente executivo dos Serviços Compartilhados, onde se teria uma ação top down, onde
todos os gestores deveriam se comprometer a desenvolver a cultura de RS e suas ações
junto a seus colaboradores”.
No que tange o segundo ponto, quanto à falta de esclarecimento sobre responsabilidade social e
sustentabilidade, os gestores acreditam que tais informações carecem de melhor disseminação, que o
posicionamento da Regional encontra-se em fase inicial e que tais temas serão desenvolvidos de forma
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crescente e permanente, tornando-se uma cultura corporativa, assim como aconteceu com as questões
de SMS.
“Na companhia a gente cuida desses assuntos de uma maneira muito segmentada,
quando na verdade eles se interligam. A gente tem que trabalhar de maneira integrada e,
assim como SMS esta em tudo que a gente faz, a Responsabilidade Social tem que ser
transversal, tem que passar por todos os processos.”
Analisando a evolução da sociedade e da economia, os gestores acreditam que será natural e crescente
o olhar para as questões sociais e ambientais, bem como a necessidade de novos líderes que possuam
essas preocupações em sua essência. Em todas as entrevistas foi percebido um ponto de convergência,
a necessidade de novos gestores que estejam comprometidos com essas questões.
Para todos os gestores entrevistados, a liderança sustentável é uma questão de cultura corporativa e,
como tal, requer um determinado tempo para que seja desenvolvida e consolidada, apesar de terem
mencionado que os novos líderes deverão estar comprometidos, alguns entrevistados mencionaram que
há uma necessidade de incentivo das lideranças de maior nível hierárquico da empresa. Afirmaram
que, hoje, a companhia avança grande parte em função de adaptarem-se aos requisitos de mercado,
como certificações internacionais de ecoeficiência, pactos globais, questões de direitos humanos,
equidade de gêneros e raças, para possam competir no mercado e manter ações nas bolsas de valores.
Essa visão esta alinhada a Laszlo (2008), o qual afirma que o desenvolvimento da sustentabilidade e
responsabilidade social ocorre no sentido de fora para dentro, ou seja, que as organizações sofrem
pressões do mercado, reagindo e se adaptando (ou não) às influências do meio externo.
Por outro lado, alguns gestores acreditam que a companhia deveria estar mais alinhada à Willard
(2014), o qual acredita que a cultura de RS e sustentabilidade ocorre de dentro para fora. Para Willard
(2014), grande parte dos gestores entendem que sustentabilidade e responsabilidade social estão
ligadas a uma questão cultural e que tais temas já vêm sendo trabalhados nas atuais gerações.
Acreditam, ainda, que tais questões já estão presentes na nova geração e serão naturalmente mantidas
nas próximas sucessões gerenciais, favorecendo a consolidação de uma cultura corporativa, com
pessoas comprometidas.
Desse modo, o mercado demandaria cada vez mais empresas comprometidas com o triple bottom line
(tripé econômico, social e ambiental da sustentabilidade). Aquelas que não estiverem alinhadas serão
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preteridas em razão de outras que contemplem tais questões em seus produtos e serviços. As
corporações que já estão alinhadas com esses princípios e desenvolvem ações desta natureza acabam
por ser valorizadas e reconhecidas por seus públicos de interesse.
“Vejo com otimismo a formação de novos sucessores com essa visão de liderança
sustentável e acredito que a companhia tem fundamental papel nisso. Quando me
formei, não se falava em segurança do trabalho. A Petrobras foi pioneira em estabelecer
essa cultura organizacional no país e, assim como no caso de SMS, ela ajudará na
implementação, desenvolvimento e consolidação de uma cultura de responsabilidade
social e sustentabilidade na empresa, na sua cadeia de fornecedores e, em ultima analise,
no país.”
“Para o gestor de hoje não basta conhecer o seu processo, pois tem que conjugar certos
fatores, certos conhecimentos que, se não os tiver, terá grandes dificuldades de
desenvolvimento na carreira. O gestor tem que ter uma visão de meio ambiente, de
sustentabilidade, de responsabilidade social e cada dia que passa, os novos gestores tem
que apresentar perfis mais diferenciados e completos. No passado, por exemplo, um
economista se dedicava exclusivamente ao seu “core business”, a Economia; hoje ele
tem que trazer uma série de complementos para exercer a sua atividade, tem que tomar
ações levando em conta as questões sociais e ambientais.”
De maneira geral, percebe-se que a companhia e, por desdobramento, os Serviços Compartilhados,
investem nas questões relacionadas à responsabilidade social e a sustentabilidade e que tal
direcionamento é crescente. “A empresa esta dando maior gás na parte de RS e o próximo passo será
incorporar esse tema na formação (dos gestores) e, uma vez que se torne rotina, será mais fácil colocar
isso na cabeça dos novos líderes”.
“Hoje em dia, quando sou auditado, não respondo apenas por questões de segurança
patrimonial e do entorno dos prédios no sentido de mancha criminal, mas sou arguido
sobre questões de segurança do trabalho, de meio ambiente, de relacionamento com
pessoas, de Direitos Humanos, dentre outras coisas.”
“Quanto à sucessão gerencial, acredito que os atuais líderes tem que dar o exemplo e
que a questão da liderança sustentável tem a ver com atitudes relacionadas às questões
sociais e ambientais e, mais que isso, que tem a ver com troca de experiências, com o
fazer juntos, com a energia que você coloca em cada coisa que realiza”.
5.1 Análise crítica e perspectivas
De acordo com as observações registradas in loco e a partir das entrevistas realizadas junto aos
gerentes, através da representação do Subcomitê de Responsabilidade Social da referida regional e da
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participação em fóruns de RS e sustentabilidade da Petrobras, pode-se concluir que a Petrobras avança
em direção a uma cultura de RS e sustentabilidade. A empresa sofre influências do mercado,
principalmente do externo, e também influencia o mercado, principalmente o nacional.
A RSUD sofre pressões para adequar suas soluções de serviços a modelos internacionais, como o caso
das certificações de alguns edifícios corporativos (selos Acqua, PROCEL, certificação LEED, dentre
outras). Em outros edifícios corporativos ainda não certificados, mas a empresa cria outras soluções
buscando a melhoria das condições ambientais, de saúde e segurança. Procedimentos e sistemas
também são utilizados para análise do consumo de determinados recursos naturais (água, energia,
resíduos).
Por outro lado, a Regional influencia e pressiona fornecedores, fazendo com que os mesmos
desenvolvam soluções e implementem melhorias contínuas nos serviços prestados ou produtos
fornecidos. Com a crescente conscientização da força de trabalho, além da pressão sofrida
externamente, a empresa acaba por exigir de fornecedores que desenvolvam soluções de logística
reversa, por exemplo. Tal pressão afeta o mercado a buscar alternativas para questões de qualidade,
ambientais e sociais, de modo a estarem aptos a oferecer produtos e/ou prestar serviços a Petrobras e
demais empresas.
Quando a análise se volta para atuação dos gestores, percebemos que a mudança é lenta e que alguns já
desenvolvem ações de RS e sustentabilidade em seu cotidiano, tanto dentro quanto fora da
organização. Por outro lado, há aqueles que ainda não desenvolvem ações ou mesmo que as
desenvolvem de forma ainda incipiente. Para que haja uma real cultura de RS e sustentabilidade na
empresa, será necessário um engajamento das lideranças de maior nível hierárquico da instituição, a
fim de que seja determinada a difusão da política de RS da companhia e que a mesma seja de fato
implementada.
6. Considerações finais
O presente trabalho buscou identificar as lideranças e os principais processos de serviços realizados
pela Regional Sudeste dos Serviços Compartilhados, que estivessem relacionados com os conceitos de
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RS e sustentabilidade. O autor, através de sua experiência nos Serviços Compartilhados desta regional
e do desenvolvimento deste trabalho, com a realização de entrevistas semiestruturadas com os gestores
da unidade e da analise qualitativa destas, pôde levantar insumos para que a situação problema e a
solução escolhida pudessem ser equalizadas.
Diante dos fatos analisados, foi percebido que há inúmeras oportunidades de melhoria passíveis de
implementação nos processos de soluções em serviços fornecidos pelo Compartilhado a clientes
internos (gerências do próprio Compartilhado) e externos (outras unidades da companhia). No entanto,
a análise de cada processo carece de um passo anterior, onde deve haver capacitação e
comprometimento de toda a liderança da Regional, que, em seguida, desdobrará para todos os seus
colaboradores as diretrizes de RS e sustentabilidade e garantirá que estes adequem os processos a essa
nova cultura.
Diante do exposto, verifica-se a necessidade de se implementar e consolidar a sustentabilidade e a
responsabilidade social como valores para os Serviços Compartilhados, assim como tem sido proposto
estrategicamente para toda a companhia. A solução, em particular na Regional Sudeste, deverá passar
pela capacitação das lideranças, pela revisão dos processos e pelo desdobramento de orientações para a
força de trabalho, para que atuem de forma consciente no que concerne aos temas tratados.
O Compartilhado, através de seus representantes (líderes de RS) tem participado de fóruns de
discussão da Política de RS da Petrobras, buscando trazer subsídios para que a unidade desenvolva
projetos baseados em tais orientações, ponto positivo. Os gestores, por sua vez, deverão buscar
melhoria contínua de seus processos e torná-los, na medida do possível, aderentes aos princípios de RS
e sustentabilidade que servem de balizadores para a companhia.
O aprofundamento das pesquisas relativas a essa temática, bem como o desenvolvimento de uma
cultura de RS na Regional Sudeste dos Serviços Compartilhados, são pertinentes. Outro tema relevante
e que pode ser objeto de investigação seria a aderência dos principais processos de serviços às
diretrizes e orientações corporativas voltadas para a Responsabilidade Social e a sustentabilidade.
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