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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 855 A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE SÃO JOÃO DEL REI E SUA IMPORTÂNCIA COMO PÓLO REGIONAL DA MESORREGIÃO DO CAMPO DAS VERTENTES Bruno Henrique dos Santos Aluno de Geografia Depto de Geociências Geografia Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ e-mail: [email protected] Denise Natalia Carmo dos Santos Aluna de Geografia Depto de Geociências Geografia Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ e-mail: [email protected] Lígia Maria Brochado de Aguiar Professora Adjunta II Depto de Geociências Geografia Universidade federal de São João Del Rei UFSJ e-mail: [email protected] RESUMO Este projeto propõe a investigação das transformações ocorridas no espaço urbano de São João Del Rei MG durante o longo dos seus trezentos anos de história. No decorrer do trabalho procuramos identificar e classificar o uso do solo urbano, os problemas para a região e os agentes sociais que comandam esse processo. A identificação e a classificação do uso do solo urbano se realizaram através dos ciclos econômicos, da demografia e, da expansão da mancha territorial urbana que, envolvem a segregação e a periferização sócio-espacial, a desorganização na

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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014

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A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE SÃO JOÃO DEL REI E

SUA IMPORTÂNCIA COMO PÓLO REGIONAL DA MESORREGIÃO

DO CAMPO DAS VERTENTES

Bruno Henrique dos Santos

Aluno de Geografia

Depto de Geociências – Geografia

Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ

e-mail: [email protected]

Denise Natalia Carmo dos Santos

Aluna de Geografia

Depto de Geociências – Geografia

Universidade Federal de São João Del Rei - UFSJ

e-mail: [email protected]

Lígia Maria Brochado de Aguiar

Professora Adjunta II

Depto de Geociências – Geografia

Universidade federal de São João Del Rei – UFSJ

e-mail: [email protected]

RESUMO

Este projeto propõe a investigação das transformações ocorridas no espaço urbano de

São João Del Rei – MG durante o longo dos seus trezentos anos de história. No

decorrer do trabalho procuramos identificar e classificar o uso do solo urbano, os

problemas para a região e os agentes sociais que comandam esse processo. A

identificação e a classificação do uso do solo urbano se realizaram através dos ciclos

econômicos, da demografia e, da expansão da mancha territorial urbana que,

envolvem a segregação e a periferização sócio-espacial, a desorganização na

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ocupação do espaço, e a constituição de São João Del Rei como pólo de atração de

cidades contígua a ela. A analise teórica metodológica tem como pressuposto a

produção capitalista do espaço pelas praticas sociais, no contexto da reorganização

produtiva do capital e da divisão social do trabalho. Por fim analisamos a importância

de São João Del rei como centro de atração de cidades contiguas a si.

Palavras – chave: Expansão urbana; uso do Solo; (re) produção do espaço; espaço urbano.

ABSTRACT

This paper proposes to investigate the changes occurring in the urban space of São

João Del Rei - MG during three hundred years of its long history. Throughout the paper

we identify and classify urban land use, the problems for the region and the social

agents that govern this process. The identification and classification of urban land use

were held across economic, population cycles and the expansion of urban land spot

that involve segregation and socio-spatial periphery, disorganization in space

occupation and the establishment of São João Del Rei as a pole of attraction of cities

adjacent to it. The methodological theoretical analysis presupposes the capitalist

production of space by social practices in the context of the reorganization of

productive capital and social division of labor. Finally we analyze the importance of São

João Del Rei as cynosure of contiguous cities themselves.

Keywords: Urban Sprawl; Land Use; (re) production of space; urban space.

1. INTRODUÇÃO

Para Henri Lefebvre (1994) a cidade é uma categoria histórica porque

espacializa o tempo e se materializa por um processo social. Como condição e

produto das relações sociais, a cidade é história da cultura da mercadoria. A

dissociação entre a arquitetura e o urbanismo resulta dessa dinâmica espacial que

transforma o espaço na representação pública da vontade privada.

Esta representação do espaço, do espaço concebido, institucionalizado pelo

Estado vincula-se às relações de produção, aos signos e aos códigos. A este espaço

concebido se contrapõe o espaço vivido/percebido, o espaço de representação,

carregado de simbolismos que compõem a vida social, a identidade urbana. As

práticas sociais, no jogo dialético entre as diferentes territorialidades, são a expressão

das disputas pela apropriação do espaço.

Segundo Vargas (2011) na produção do espaço urbano, a terra e as

edificações representam mercadorias, portanto, têm preço e valor. Assim, na

sociedade de classes, uma classe social se apropria da terra como forma de promover

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o monopólio sobre um bem natural, que não pode ser reproduzido, ao mesmo tempo,

em que impõe o domínio sobre outra classe social desprovida desse bem.

Nesse contexto procuraremos compreender como deu – se o continuo

processo de urbanização e da cidade de São João Del Rei através da periodização da

expansão urbana, que se dará em função dos ciclos econômicos, da ampliação física

da mancha urbana, das mudanças estruturais do conjunto urbano que, envolvem a

segregação e a periferização sócio – espacial, a desorganização na ocupação do

espaço devido suas limitações físicas, e a constituição de São João Del Rei como pólo

de atração de cidades contíguas a ela.

No decorrer dos mais de trezentos anos de história do município, o modo de

ocupação do espaço e o uso do solo na formação da cidade sempre estiveram ligados

aos interesses das administrações locais e das classes dominantes.

O modo de ocupação do espaço que irá constituir a cidade está ligado à

necessidade da ação produtiva de cada período econômico, como bem explicita

Carlos:

O uso do solo ligado a momentos particulares do processo de produção das relações

capitalistas é o modo de ocupação de determinado lugar na cidade. O ser humano

necessita, para viver, ocupar um determinado lugar no espaço. Só que o ato em si, não

é meramente ocupar uma parcela do espaço; tal ato envolve o de produzir o lugar.

Essa necessidade advém do fato de se ter que suprir as condições materiais de

existência do ser humano na produção dos meios de vida. Isso varia com o

desenvolvimento das forças produtivas, que traz implícita a (re) produção do espaço.

(2009, p.45).

Dessa maneira, a produção do espaço resultará das ações humanas,

principalmente, do trabalho sobre uma parcela da superfície terrestre. Além de

produzir transformações em suas feições originais, estas transformações têm que ser

compreendidas no contexto da lógica da dinâmica social sendo, por isso, espaço

socialmente produzido e reproduzido. Assim, de acordo com Carlos (2011) a

produção/reprodução do espaço faz dele uma “obra civilizatória”, a qual, sob o

capitalismo, toma também a “forma de mercadoria.” Obra e produto tornam-se,

portanto, indissociáveis no movimento da reprodução do espaço.

A cidade resulta da concentração da produção, ao mesmo tempo em que, é

resultante da própria produção. Por isso, a cidade é local de produção, de circulação e

de consumo, mas também, é produto, circulação e consumo e palco do conflito de

classes. Portanto, a produção do espaço urbano sob a dimensão da sociedade de

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classes é desigual, os atores sociais têm perspectivas diferentes sobre como, para

que e para quem produzir espaço.

2. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE SÃO JOÃO DEL REI.

O município de São João Del Rei está localizado na mesorregião dos Campos

das Vertentes, no centro-sul do estado de Minas Gerais, São João Del Rei está

distante 181 Km de Belo Horizonte, capital do estado. Limita-se com os municípios de

Barbacena, Carrancas, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves,

Ibertioga, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados,

Ritápolis, Tiradentes e Santa Cruz de Minas como mostra o mapa 1.

A história de sua ocupação está diretamente ligada ao ciclo do minerador. De

acordo com o site do IBGE (2008), o primeiro povoado estabeleceu-se na região ainda

nos fins do século XVII, quando fixou residência às margens do Rio das Mortes

estendendo – se pelas margens do Córrego do Lenheiro com a descoberta de ouro na

Serra do Lenheiro. Nos primeiros anos do século XVIII, povoadores provenientes de

São Paulo foram se estabelecendo. Nos fins do século XVIII, a construção da estrada

de ferro (1878-1881) e a chegada, em 1886, de imigrantes italianos, aceleraram o

progresso do Município. Esses imigrantes italianos se dedicaram basicamente a

Figura 1 - Fonte: Base Cartográfica IBGE 2007 - Municípios de Minas Gerais Elaboração Cartográfica: OPUR - PROEX/PUC Minas - Rogério Sant´Anna de Souza - 2008 Mapa 1 - Fonte: Base Cartográfica IBGE 2007 - Municípios de Minas Gerais Elaboração Cartográfica: OPUR - PROEX/PUC Minas - Rogério Sant´Anna de Souza - 2008

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atividades de agricultura. Posteriormente, grande número de sírios fixou-se no

Município, dedicando-se de preferência ao comércio. Atualmente, o município São

João Del Rei possui população predominantemente urbana e sua economia é voltada

principalmente para atividades comerciais e turísticas.

De tal modo nosso objetivo a partir de agora é compreender como se deu a

produção do espaço urbano, quais foram os agentes produtores do espaço urbano,

por meio de quais modalidades se dá à extração da renda da terra urbana e como se

dá a relação entre o poder local e a produção do espaço urbano do município de São

João Del Rei.

2.1. A (Re)Produção do Espaço Urbano da Dinâmica São João Del Rei.

O processo de urbanização de São João Del Rei inicia – se com a descoberta

do ouro na província das Minas Gerais durante o século XVIII, conseqüentemente a

exploração do ouro possibilitou a formação do Arraial Novo do Rio das Mortes e

posteriormente a criação da Vila de São João Del Rei. Nesse período a ocupação

urbana vai concentrar – se próximo as áreas mineradora, localizadas em torno do vale

do Córrego do Lenheiro e na encosta da Serra do Lenheiro.

Com a queda da produção aurífera e a elevação de São João Del Rei como

cidade, ela torna o principal entreposto comercial da Coroa, sendo responsável pelo

abastecimento de gêneros agropastoril para as províncias do Rio de Janeiro, São

Paulo, Mato Grosso e Goiás. Durante esse período, que vigora a partir da segunda

metade do século XVIII até o final do XIX, São João Del Rei sofre uma grande

transformação no seu espaço físico, pois a cidade já não se limitava mais pelo vale do

Córrego do Lenheiro, pois ela se encontrava interligada pelas pontes do Rosário e da

Cadeia, e as duas margens do córrego encontrava – se densamente urbanizada. Alem

disso com a implantação da linha férrea a cidade começou a expandir acompanhando

os trilhos aproximando progressivamente do arraial de Matosinhos e dos núcleos de

imigração das colônias do Marçal e do José Teodoro, orientando assim seu

crescimento pela ferrovia.

Podemos observar no mapa abaixo que a área que apresentou maior

crescimento urbano a partir do final do século XIX, foi nas imediações da estação

ferroviária.

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Mapa 2 - Fonte: LIMA, Sérgio José Fagundes de Souza. Arquitetura São-Joanense do

Século XVIII ao XX. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei.

Vol. VIII. São João del-Rei: Gráfica da APAE, 1995.

Assim o crescimento da cidade no final do século XIX e inicio do XX está

diretamente influenciada pela linha férrea, pois ao redor a população passa se

organizar e estruturar, já que o para o “funcionamento era exigido um contingente

enorme de mão-de-obra na operação e nas oficinas inauguradas em 1882, estes

trabalhadores passaram a habitar o mais próximo possível do local de trabalho. Além

disso, casas comerciais dos mais variados tipos se instalaram nas proximidades da

estação, hotéis e casas comerciais de todo tipo” (CAMPOS, B. N. 2005, pag.31).

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Em consequência da implantação da ferrovia na cidade várias melhorias foram

introduzidas nos serviços urbanos. Não perdendo de vista que este período, de fins do

Império e início da República, foi, em várias regiões do país, de modernização da

indústria e da introdução de melhoramentos nos serviços urbanos. Assim a cidade

passa por uma grande transformação urbana, a qual proporciona o deslocamento do

eixo urbano da região central para, até então, zona rural da cidade. Rapidamente o

Arraial do Matozinhos e a Várzea do Marçal são ocupados pela malha urbana. Nessas

regiões encontrava – se a grande massa de operários, principalmente imigrantes

italianos, das diversas indústrias, pois suas moradias eram construídas distante do

centro da cidade.

Porém com a chegada das indústrias têxteis, em especial a Companhia

Industrial São Joanense, que preferiu instalar nas áreas com melhores condições para

seu funcionamento. E em suas proximidades foram construídas residências para

abrigar a mão – de – obra e facilitar o seu deslocamento até o trabalho. Desses

pequenos núcleos urbanos formaram – se varias vilas operarias que posteriormente

deram origem ao atual Bairro das Fabricas.

A partir da fundação das indústrias têxteis na região do Bairro das Fabricas, a

região apresenta como um novo espaço para a expansão urbana de São João del-Rei,

devido ao seu afastamento da centro da cidade.

No decorrer do século XX São João Del Rei apresentou um significativo

desenvolvimento urbano nessas regiões por onde a estrada de ferro margeava, pois

através delas o município se desenvolveu economicamente, foi fundamental para a

descentralização e para o crescimento urbano da cidade, alem disso esses bairros são

atualmente as principais vias de acesso que liga São João Del Rei as principais

cidades da Região Sudeste, onde temos no Bairro do Matozinhos a BR 265 que leva

as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e a Colônia do Marçal que liga o município

a Belo Horizonte.

Porém a partir da segunda metade do século XX, São João Del Rei reduziu

gradativamente sua importância econômica no Estado, sobretudo, com a ascensão de

outros centros mineiros como Belo Horizonte e Juiz de Fora, e com a substituição da

matriz de transporte ferroviário para o rodoviário a partir de 1960 ameaçando sua

posição hegemônica de São João Del Rei como centro regional. A diversificação das

atividades, especialmente com a valorização dos serviços de educação, saúde,

comércio e prestação de serviços (bancos, cartórios, fórum, etc) surge como opção

para a cidade manter certa influência política e econômica regional.

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3. A IMPORTÂNCIA DE SÃO JOÃO DEL REI COMO PÓLO DE ATRAÇÃO DE

CIDADES CONTÍGUAS A SI.

Em conseqüência do processo dinâmico da urbanização de São João Del –

Rei, o município consolidou – se como uma das cidades pólo da mesorregião o

Campo das Vertentes, desencadeando um processo de transformação do espaço da

microregião de São João Del Rei, onde as relações de mercado promovem as redes

de relações espaciais decorrentes da cadeia produtiva em que se entrelaçam e se

dinamizam no território, sobretudo, em escala regional e local.

Assim produzir um produto agregando um valor cultural que hoje faz parte da

economia de várias cidades da microrregião de São João Del Rei e da mesorregião do

Campo das Vertentes reorganiza o território e escreve outra paisagem do lugar,

permitindo melhor condição de vida aos seus moradores.

A Mesorregião do Campo das Vertentes é constituída de três microrregiões

que, englobam no total 36 municípios, apresentados no mapa 3.

Mapa 3: Municípios da mesorregião Campo das Vertentes Fonte: IBGE (2002).

Municípios por Microrregiões

Microrregião de Lavras

Carrancas (28) Ijaci (33 Ingaí (31)

Itumirim (32) Itutinga (29) Lavras (34)

Luminárias (30) Nepomuceno (36) Ribeirão Vermelho (35)

Microrregião de Barbacena

Alfredo Vasconcelos (8) Antônio Carlos (10) Barbacena (9)

Barroso (16) Capela Nova (4) Caranaíba (5)

Carandaí (6) Desterro do Melo (2) Ibertióga (11)

Ressaquinha (7) Santa Bárbara do Tugúrio (1) Senhora dos Remédios (3)

Microrregião de São João Del Rei

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Conceição da Barra de Minas (26) Coronel Xavier Chaves (21) Dores do Campo (17)

Lagoa Dourada (22) Madre de Deus de Minas (14) Nazareno (27)

Piedade do Rio Grande (13) Prados (19) Resende Costa (23)

Ritapólis (24) Santa Cruz de Minas (20) Santana do Garambéu (12)

São João Del Rei (15) São Tiago (25) Tiradentes (18)

Em sua formação econômica, social e espacial, São João Del - Rei teve um

papel que ultrapassa o que se enraizou nas vulgatas presentes em seus discursos

territoriais: simples local da reprodução urbana. O conteúdo das suas imagens do

passado ou do futuro não está oculto ou aparente nas suas formas: o conjunto das

formas geográficas de São João Del - Rei é a própria lógica impessoal e abstrata das

mercadorias, das trocas, do mundo das coisas que, desumanizam a vida todos os

dias.

A produção capitalista do espaço com a globalização ou pós-fordismo (Lipietz,

1998), não significa como é comum pensar, uma homogeneização do espaço, ao

contrário, o que ocorre é uma fragmentação, com isso, a especialização produtiva do

território. Chesnais (1997) prefere o termo mundialização à globalização que para ele

é muito vago e não refletem as mudanças na economia e no espaço, decorrentes da

busca da viabialização dos fluxos econômicos para o lucro. Para Benko (2000) a

geopolítica da produção produz um novo “mosaico de regiões”. Algumas regiões se

tornam mais competitivas que outras e determinados segmentos produtivos,

conseguem mobilizar, por conta do território recursos relacionados a aspectos sociais,

culturais, históricos, institucionais locais que vão além dos custos de mercado e de

preço, produzindo uma complexa rede de relações entre empresas, associações e

sindicatos e poder público.

Santos (1992) reconhecendo o espaço geográfico como território, considerou

que cada unidade espacial é constituída por “frações funcionais” e que a articulação

destas diversas frações se realiza a partir das atividades produtivas, portanto, o seu

estudo deve estar focado na estrutura interna de cada fração (cidades) e nas

interações entre elas. O desenvolvimento territorial, por sua vez, é um processo de

construção e organização de recursos materiais e imateriais com o objetivo de

maximizar a produtividade de cada lugar e, que não são transferidos facilmente para

outros. Os benefícios tecnológicos e de organização por meio do estímulo à

proximidade de atores, construção de redes comerciais, cognitivas, culturais e

informacionais que definem as regulações locais são aspectos importantes e

determinantes na dinâmica do desenvolvimento territorial.

Segundo George (1984) as concentrações resultantes de toda a evolução

econômica provocada pela revolução industrial acabaram reunindo nas cidades mais

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importantes certos mecanismos essenciais da vida regional. Os centros locais

perderam, com isso, a sua possibilidade de iniciativa, mas conservaram a sua

autonomia em certos domínios restritos e servem de mecanismos intermediários para

o resto. Assim, constituem-se e evoluem redes urbanas que são a verdadeira

armação de cada região. São João Del Rei é para a microrregião do Campo das

Vertentes um centro local de referência quanto à prestação de serviços às demais

cidades da região. Para Pierre a cidade quando é recolocada em duplo contexto:

regional e citadino convergem para explicar melhor a arquitetura da economia e da

sociedade.

4. METODOLOGIA

No desenvolvimento desse trabalho foi utilizando como procedimento

metodológico a pesquisa – ação. A análise teórica e metodológica desse trabalho

enfocou a produção capitalista do espaço pela ação das praticas dos agentes sociais.

Para isso realizamos levantamento de informações sobre o tema da pesquisa

abordando à área geográfica estudada, com base em leituras e discussões de artigos

acadêmicos sobre a produção capitalista do espaço, a urbanização brasileira e as

cidades médias no contexto da reorganização produtiva do capitalismo e a divisão

social e territorial do trabalho, o preço da terra, prática que nos acompanhou durante

todo o decorrer da pesquisa.

Para obtenção e manipulação de dados para a realização da pesquisa,

utilizamos as informações sobre a caracterização da expansão urbana da cidade

encontradas no banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), do Anuário Estatístico de São João Del Rei, do Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), idade Federal de São João Del Rei (LABDOC-

UFSJ), acervos particulares, etc., com a finalidade de confeccionar os mapas urbanos

referentes à dinâmica espacial/territorial de São João Del Rei que foram utilizados no

trabalho para melhor exemplificar o processo de urbanização da cidade no decorrer

dos seus mais de trezentos anos de história.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao desenvolver esse trabalho procuramos a partir da investigação das

transformações no espaço urbano de São João Del Rei, identificar e classificar o

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uso do solo urbano, os problemas para a região, as áreas preferenciais e os

agentes sociais que comandam esse processo.

Apesar da existência de vários agentes produtores na produção do espaço

urbano de São João Del Rei, não há presença de empresas de grande capital

atuantes na cidade, já que a maioria se constitui de empreendedores locais. Mas,

devido ao significativo número desses agentes modeladores do espaço, hoje

podemos destacar que o principal agente produtor do espaço urbano sãojoanense

é o poder publico municipal que é responsável pela implantação de loteamentos,

seja pela dotação de infra-estrutura urbana ou pelas relações entre o público e o

privado, permeadas pelo poder local, que determina a atual dinâmica urbana da

cidade e sua área de influencia como pólo de atração de cidades próxima a ela.

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