a relevÂncia das redes sociais no desenvolvimento da
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
AMANDA DA SILVEIRA NEVES
A RELEVÂNCIA DAS REDES SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA
EMPREENDEDORA NO MUNDO GLOBALIZADO
Florianópolis
2013
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AMANDA DA SILVEIRA NEVES
A RELEVÂNCIA DAS REDES SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA
EMPREENDEDORA NO MUNDO GLOBALIZADO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais.
Orientador: Prof. José Baltazar Andrade de Osório Salgueirinho Guerra, Dr.
Florianópolis
2013
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos meus pais, Cristiane Erichsen e José
Carlos Batista Neves, e a toda a minha família pelos ensinamentos, pela dedicação e
principalmente pelo amor que tem a mim e que sempre fez toda a diferença em minha vida.
Agradeço aos meus irmãos Marcos Neves e Guilherme Neves por serem
exemplos de vida, admirados por mim desde minha infância e para sempre.
Agradeço ao meu companheiro Mateus Mira Bittencourt que nos últimos 4 anos
dividiu comigo a intensidade do amadurecimento da vida adulta, e que faz dos meus dias mais
felizes.
É com grande apreço que agradeço ao meu orientador, Professor Doutor José
Baltazar Guerra, não apenas pela orientação desta pesquisa, mas principalmente por ser uma
das maiores referências para mim, na vida acadêmica, política e como cidadão da sociedade.
Faço um agradecimento especial ao Coordenador da Endeavor em Santa Catarina,
Marcos Mueller, que de certa forma foi durante este semestre meu tutor no tema
Empreendedorismo e estendo esse agradecimento a todo o time da Endeavor Brasil com os
quais eu estou sempre aprendendo.
Aos meus amigos e colegas que acompanharam meu desenvolvimento ao longo dessa jornada, deixo meu muito obrigada, e aos não tão amigos também.
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“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará
fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis)
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RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma pesquisa
exploratória acerca da influência das redes sociais no desenvolvimento da cultura
empreendedora no mundo globalizado. Após a revolução digital, ferramentas inovadoras de
interação social foram desenvolvidas trazendo um novo olhar para a forma como enxergamos
as relações sociais. No contexto internacional, o empreendedorismo desponta como motor de
desenvolvimento social e a articulação das redes sociais perecem intensificar este processo.
De maneira a aprofundar a abordagem do tema, foram propostos os seguintes objetivos
específicos: contextualizar a Globalização e a Revolução Digital, reconhecer as Redes Sociais
como ferramenta de Empreendedorismo no contexto da Globalização e discutir a relevância
do Empreendedorismo para os países em desenvolvimento. Em suas características e formas,
a monografia caracteriza-se em sua natureza como uma pesquisa básica, analisada de forma
qualitativa, de investigação exploratória, utilizando-se de procedimentos bibliográficos e
documentais. A partir do exposto, através da investigação, foi possível entender que o
processo de criação das redes sociais digitais foi gerado por uma demanda da sociedade de se
organizar de maneira coordenada. A partir da análise a cerca do empreendedorismo, pode-se
visualizar que países com culturas empreendedoras orientadas por oportunidade ou por
inovação traduzem ambientes econômicos diferentes, e que os países desenvolvidos se
diferenciam pela orientação inovadora. Em relação ao estudo das teorias das redes socais,
pode-se identificar que através das redes sociais distribuídas a cultura empreendedora tende a
ter características inovadoras do ponto de vista econômico. Desta forma, concluiu-se que as
redes sociais possuem relevância para o desenvolvimento da cultura empreendedora nos mais
diversos aspectos.
Palavras-chave: Empreendedorismo. Globalização. Redes Sociais. Sociedade em Rede.
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ABSTRACT
The aim of this study was the development of an experimental research about the social
networks influence in the progress of capitalist culture in globalized world. After digital
revolution innovative tools were developed for the social interaction producing an additional
view in the social relations. In the international context engines for social development and
articulation of social networks emerges and intensifies this process. In order to increase the
theme several approaches were proposed with specific objectives: Contextualizing
Globalization and the Digital Revolution, Recognizing Social Networks as a tool for
Entrepreneurship in the context of globalization and discuss the relevance of entrepreneurship
for developing countries. This is characterized in its nature as a basic research, qualitatively
analyzed, exploratory research, using bibliographic and documentary procedures. From the
foregoing, through research it was possible to understand that the process of creating digital
social networks was generated by a demand of society to organize a coordinated manner.
From the entrepreneurship analysis that countries with driven analysis cultures present either
opportunity for innovation or reflect different economic environments. On the other hand,
industrialized countries differentiate by innovative orientation. Regarding theories, the study
of social networks can be identified through social network that spread the entrepreneurial
culture and tends to have innovative features of the economic point of view. Thus one can
concluded that social networks are relevant to the development of the capitalist culture in
different ways.
Keywords: Entrepreneurship. Globalization. Social Networking. Network Society.
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LISTA DE ABREVIAÇÕES
ARPANET – Advanced Research Projects Agency Network
BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
CERN – Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire
EAD – Ensino a Distância
ENIAC – Electronic Numerical Integrator and Computer
EUA – Estados Unidos da América
FMI – Fundo Monetário Internacional
GEM – Global Entrepreneurship Monitor
IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Publica e Estatística
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
OCDE – Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PIB – Produto Interno Bruto
RP – Relações Públicas
TEA – Total Entrepreneurial Activity
UNISUL – Universidade do Sul do Estado
OEA – Organização dos Estados da América
OIs – Organizações Internacionais
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SUMARIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10
1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA .................................................................... 11
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 14
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 15
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 16
1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ............................................................................................ 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 19
2.1 MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE ........................................................ 19
2.2 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................... 21
1.2.1 Emprendedorismo .............................................................................................................. 23
2.3 REVOLUÇÃO DIGITAL .................................................................................................... 27
2.3.1 O Brasil Digital ................................................................................................................... 29
2.3.2 Redes Sociais ....................................................................................................................... 31
3 DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA ............................................................................ 34
3.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OU SOCIEDADE EM REDE .................................... 34
3.2 REDES SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA EMPREENDEDORA ... 39
3.3 EMPREENDEDORISMO COMO MOTOR DO DESENVOLVIMENTO ........................ 45
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 56
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1 INTRODUÇÃO
O mundo, bem como a sociedade, está em constante processo de transformação.
Com a globalização seguida da revolução digital este processo tem se tornado cada vez mais
intenso e multidimensional, transformando a sociedade em um âmbito local e também global.
O fenômeno da globalização pode ser entendido como um processo de planificação do
mundo, aproximando países, mercados, culturas e universos coexistentes em diferentes
regiões do planeta, e a revolução digital agilizou ainda mais este processo.
Com a emergência de novas tecnologias de informação por todo o mundo, em
detrimento da revolução digital, observa-se de perto a difusão de uma cultura cibernética
comum a muitos, de cunho internacional, ou seja, costumes, ferramentas, conceitos e
significados compreendidos e vivenciados diariamente por grande parte da sociedade
internacional.
A Interação ganha força no novo mundo globalizado, novas ferramentas de
comunicação e de rede sociais virtuais são desenvolvidas, dando vez e voz para quem está por
de trás das telas de computadores, celulares, tablets, televisores inteligentes entre outros.
Nesse sentido, as articulações entre pessoas se tornam mais presentes, mudando mais uma vez
o modo como a sociedade se comporta, se organiza e se desenvolve.
Tendo em vista o processo de globalização iniciado no Brasil com a abertura
econômica em 1990, um novo conceito cresce e ganha atenção, conceito do
Empreendedorismo. A cultura empreendedora, muito difundida em países como Estados
Unidos, Canadá e Japão, possuidores altos índices de desenvolvimento socioeconômico, é tida
por diversos teóricos e economistas como um motor essencial para tal desenvolvimento.
Nesse sentido este trabalho discorre acerca da relevância das redes sociais no
empreendedorismo em países em desenvolvimento sob o prisma da globalização.
Neste primeiro capítulo, o trabalho se desenvolve com a seguinte temática: a
exposição do tema e do problema, demonstração dos objetivos gerais e específicos os quais a
pesquisa aspira alcançar, a justificativa da opção do tema, a metodologia científica a ser
utilizada no desenvolvimento do trabalho, e, por fim, a estrutura da pesquisa.
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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA
No contexto da globalização, o presente trabalho busca entender a relevância das
redes sociais para o empreendedorismo, sendo este um tema de grande relevância no cenário
internacional. Atualmente, o empreendedorismo tem sido defendido como força motriz do
desenvolvimento e da inovação.
No cenário das relações internacionais é vigente a discussão acerca da cooperação
entre os países para a promoção do desenvolvimento socioeconômico principalmente dos
países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Novos atores como ONGs e OIs buscam
nesse sentido, promover articulações e agendas envolvendo diversos atores da comunidade
internacional para entender a relevância do empreendedorismo e proporcionar interações que
fomentem a cultura empreendedora entre indivíduos da sociedade.
O presente trabalho propõe o reconhecimento das redes sociais como ferramenta
de empoderamento da sociedade, sob a luz de duas teorias. A primeira, de Granoveter1, possui
um enfoque da utilização de redes do ponto de vista mercantil, do empreendedor, das
empresas e organizações. A segunda faz parte da nova escola das redes sociais, conhecida
como teoria das redes sociais complexas, representada por Barbarasi, Strogatz e Watts2, que
buscam discutir a aplicação das redes sociais baseados em fenômenos da natureza.
Nesse sentido, tem-se, como início deste panorama internacional, o fenômeno
primordial que acelerou o processo de transformação mundial, a globalização.
O fenômeno da globalização é defendido com base em teorias econômicas como o
neoliberalismo e por entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A Globalização pode ser
analisada sob diversos ângulos. Em termos gerais, pode-se dizer que a globalização consiste
na integração da sociedade internacional em um único mercado mundial. Nesse sentido,
Castells e Cardoso (2005, p. 17) defendem que “aquilo a que chamamos globalização é outra
maneira de nos referirmos à sociedade em rede, ainda que de forma mais descritiva e menos
analítica do que o conceito de sociedade em rede implica”.
1 Mark Granoveter é um sociólogo Americano, criador de teorias da sociologia moderna. A Teoria “Stregth of weak ties” em português o poder dos laços fracos e o conceito de “Embeddedness” que a tradução literal significa Embutido. 2 Albert Barbarasi, Duncan Watts e Steven Strogatz, são pesquisadores de redes sociais reconhecidos por pertencerem a nova escola de redes que estuda redes sociais complexas.
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Segundo Thurow (2003, p. 2), “globalização tem muitos significados
diferentes para muitas pessoas diferentes”. Gonçalves (2003) expõe que nas últimas duas ou
três décadas houve importantes transformações mundiais que abrangeram as esferas
econômica, política, jurídica, institucional, social, cultural, ambiental, geográfica,
demográfica, militar e geopolítica, mas, somente na década de 90 a palavra “globalização” foi
utilizada para descrever essas transformações.
Uma destas muitas transformações aconteceu entre as décadas de 60 e 90 com o
surgimento da Internet. Segundo Almeida (2005), com o intuito de interligar dados de
computadores para fins militares, na década de 1960, a Agência de Pesquisa e Projetos
Avançados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a Advanced Research Projects
Agency Network (ARPANet), deu origem ao que é conhecido hoje por Internet, mas foi
apenas em 1990 que a Organização Europeia para Investigação Nuclear desenvolveu o World
Wide Web, uma rede de alcance mundial.
Em menção a tecnologia, Castells e Cardoso (2005, p. 17), dizem o seguinte:
Nós sabemos que a tecnologia não determina a sociedade: é a sociedade. A sociedade é que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias. Além disso, as tecnologias de comunicação e informação são particularmente sensíveis aos efeitos dos usos sociais da própria tecnologia.
É neste contexto que acontece a revolução digital, o avanço da tecnologia traz a
tona novos formatos de interação, e difusão de conteúdo. Estes formatos se estabelecem com
cada vez mais força à medida que os mais diversos atores da sociedade utilizam destas
tecnologias como fonte de conhecimento e ferramenta de comunicação. Surgem novos
formatos de interação social que são utilizados em larga escala pela sociedade, organizando-a
na esfera digital como uma sociedade em rede, portanto globalizada. (CASTELLS E
CARDOSO, 2005)
Um ponto de partida importante para reflexão é a concepção da Sociedade em
Rede de Castells e Cardoso (2005), segundo a qual a sociedade moderna é caracterizada pela
predominância da forma organizacional da rede em todos os campos da vida social. Nesse
sentido fica claro que o conceito de Redes Sociais não necessariamente relativo à Internet, é
sim um conceito muito mais antigo e referente a interação e troca social.
Segundo Oliveira (2011, p. 30), em um estudo publicado em seu site:
As redes sociais surgem exatamente dessa necessidade do ser humano em
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compartilhar com o outro, criar laços sociais que são norteados por afinidades entre eles… Dessa forma, entendemos redes sociais como qualquer grupo que compartilhe de um interesse em comum, um ideal, preferência, etc. Exemplos de redes sociais: clube de futebol, igreja, sala de aula, empresa. Quando essa interação social parte para o ambiente online, nesse momento temos as chamadas redes sociais digitais.
O tema empreendedorismo, mais especificamente cultura empreendedora, surge
neste estudo perante o cenário das relações internacionais. O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas (IBGE) no relatório de estatísticas do empreendedorismo afirma que:
O empreendedorismo tem sido apontado como altamente relevante para o crescimento econômico, a produtividade, a inovação e o emprego. Nos últimos anos, tanto governos de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento têm trazido para suas agendas questões relacionadas com o tema e enfrentado o problema da escassez de indicadores estatísticos comparáveis, necessários para o entendimento da dinâmica e promoção do empreendedorismo. (IBGE, 2008)
Tendo em vista a busca dos países em desenvolvimento por melhores indicadores
sociais, econômicos e financeiros, um estudo foi desenvolvido em 2008 pela Organização
pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mensurando indicadores,
principalmente de cunho econômico, para demonstrar a importância da cultura
empreendedora no desenvolvimento de comunidades. Dornelas (2001) também indica o
empreendedorismo como instrumento de desenvolvimento econômico e social. Com este
olhar sobre o empreendedorismo realizou-se a presente pesquisa.
Segundo um estudo realizado por Vale e Guimarães (2010), as proposições
teóricas de Granoveter (1973, 1985) sobre o “poder dos laços fracos”, inserido no âmbito da
ampla literatura sobre redes sociais, são consideradas um dos marcos no nascimento da
moderna sociologia econômica e fizeram surgir diferentes abordagens para a análise do
fenômeno Empreendedor, entre as quais: Freeman, 1996; Audia e Reider, 2006; Portes e
Sensebernenr, 1993; Birley, 1986: Chell, 2000; entre outros. Prevalecendo a ideia de que,
nesse campo, a ação humana é afetada pelas relações sociais onde os atores se encontram
imersos. (MIZRUCHI, 2009)
Quando falamos em meio digital, as mudanças são muito rápidas e constantes. As
redes sociais, e principalmente as novas mídias como ferramenta para difusão de conteúdo,
são evoluções recentes e que, por isso, ainda não são tese de muitas obras literárias,
principalmente em âmbito nacional. Esse tipo de discussão, principalmente no meio
acadêmico, justifica-se pela importância que o tema reflete, não apenas na comunidade
internacional, mas também em movimentos regionais dos mais amplos aspectos.
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A proposta deste trabalho é realizar um estudo acerca da relevância das redes
sociais para o empreendedorismo, sendo esse essencial para o desenvolvimento econômico e
social dos países e da sociedade internacional. Nesse sentido, o trabalho procura responder a
seguinte pergunta de pesquisa: Qual a relevância das redes sociais para o Empreendedorismo?
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos tornam-se imprescindíveis para a realização da pesquisa,
evidenciando e identificando o que se anseia aferir no decorrer do trabalho de conclusão de
curso. Com o intuito de expor as metas que se desejam alcançar, os objetivos são
apresentados na forma de Objetivo Geral e Objetivos Específicos, expostos a seguir.
1.2.1 Objetivo geral
Considerando o desenvolvimento econômico e social da sociedade civil
transnacional em principal dos países em desenvolvimento, como tema de grande destaque
das relações internacionais e a cultura do empreendedorismo como um dos principais motores
de desenvolvimento. Este trabalho possuiu como objetivo geral investigar a relevância das
redes sociais para o empreendedorismo no contexto da globalização.
1.2.2 Objetivos específicos
De forma a atingir e complementar o objetivo geral, são apresentados alguns
objetivos específicos que se classificam como elementos a serem desenvolvidos no transcorrer
do trabalho:
• Contextualizar a Globalização e a Revolução Digital;
• Reconhecer as Redes Sociais como ferramenta de Empreendedorismo no
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contexto da globalização;
• Discutir a relevância do Empreendedorismo para os países em
desenvolvimento
1.3 JUSTIFICATIVA
É importante a percepção de que este tema é de grande influência internacional,
tanto pelo fato dos fenômenos recorrentes nas redes darem origem a um novo ator no cenário
das relações internacionais, quanto pela relevância do desenvolvimento da cultura
empreendedora em países em desenvolvimento. Durante todo processo de graduação, a autora
pôde acompanhar movimentos promovidos tanto por líderes quanto por cidadãos engajados
em causas específicas através das redes sociais. No panorama internacional, Marteleto (2001,
p. 71) afirma que “houve grande investimento acadêmico nos estudos de redes a partir do
campo das relações internacionais, tendo significação na história recente das ciências
políticas”.
A autora teve a oportunidade de se envolver em projetos de representação
estudantil frente ao centro acadêmico do curso de Relações Internacionais da Universidade do
Sul do Estado (UNISUL). Mais tarde a autora entrou para maior organização de
desenvolvimento de jovens líderes socialmente responsáveis, a AIESEC (Association
internationale des étudiants en sciences économiques et commerciales) onde foi eleita
Diretora de Relações Publicas (RP) e Comunicação no escritório da cidade de Florianópolis e
pode utilizar das rede sociais para empreender e disseminar conteúdos referentes aos temas:
liderança, empreendedorismo, inovação, responsabilidade social entre outros, observando de
perto o impacto causado pelo compartilhamento em rede. Ao completar um ano dirigindo a
área de RP e Comunicação da AIESEC em Florianópolis, a autora descobriu a grande aptidão
para atuar com desenvolvimento de cultura organizacional, o que desencadeou o início de um
estágio no Instituto Empreender Endeavor, organização internacional de vanguarda no que diz
respeito a empreendedorismo de alto impacto. Para a graduação, este tema de pesquisa surge
pioneiro abrindo portas para futuras pesquisas.
Com a somatória de suas experiências, da curiosidade de pesquisar qual a
relevância das redes sociais no desenvolvimento da cultura empreendedora e principalmente
da relevância do tema para a sociedade a nível internacional, deu-se a execução deste
trabalho.
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1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Conforme Marcantonio, Santos e Lehfeld (1993, p. 23):
Pesquisar é uma operação natural e necessária a todos os indivíduos. Nesse sentido, o termo é aplicado, genericamente, como sinônimo de busca, de indagação. Para alcançar a qualificação como um processo de investigação científica, requer o emprego da metodologia científica com o objetivo de descrever, explicar e compreender um objeto de pesquisa.
Portanto, para identificar a metodologia aplicada se faz necessário classificá-la em
suas clássicas características e formas.
Pela natureza do trabalho, o desenvolvimento concentra-se na busca de produzir
conhecimento, porém sem aplicação prática prevista, o que pode ser caracterizado como
pesquisa básica. De acordo com Jung (2003, p. 38) pesquisa básica é definida como “a
aquisição do conhecimento sobre a natureza sem finalidades práticas ou imediatas”. Entre as
suas características estão: (a) Entender os fenômenos naturais; (b) Não ser reservada; (c)
Objetiva a divulgação de conhecimento.
A classificação da pesquisa quanto à abordagem do problema, pode ser definida
como uma pesquisa qualitativa. Portanto, o estudo norteou a fonte direta por meio de coleta de
dados, resultando em um estudo descritivo da relevância das redes sociais no
desenvolvimento da cultura empreendedora. Maneen (1979, p. 520) afirma que a pesquisa
qualitativa “tem como objetivo traduzir e expressar o sentimento dos fenômenos do mundo
social, (...) reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados”. Para
complementar, Luciano (2001, p. 12), indica a pesquisa qualitativa como:
Considera a existência da relação entre realidade e o sujeito, ou seja, a indissociabilidade entre o fenômeno e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números. A interpretação do fenômeno e o seu significado é determinante no processo de pesquisa qualitativa, porém não demanda a utilização de métodos técnicos estatísticos.
Quanto ao alcance dos objetivos gerais abordados pela pesquisa, pode-se
caracterizá-la como uma pesquisa exploratória, uma vez que a temática é pesquisada com o
intuito único de levantar informações sobre o objeto. Conforme Gil (1991, p. 45):
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Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.
Para Köche (2009) o objetivo primordial de uma pesquisa exploratória consiste
em caracterizar as variáveis que o pesquisador quer estudar.
Segundo Parra Filho e Santos (2001, p. 77), o método indutivo “vai permitir, a
partir de observações, levantamentos de determinados fatos, determinadas situações, inferir
condições e situações gerais e esperadas”.
Quanto aos procedimentos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica documental. A
pesquisa bibliográfica é importante para o aperfeiçoamento de ideias e opiniões, pois é ela que
fornecerá todas as informações necessárias para referenciar os levantamentos aqui expostos.
Os autores Lakatos e Marconi (1999, p.73) mencionam que:
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, etc. até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnéticas e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas quer gravadas.
Para a complementação e o aperfeiçoamento da pesquisa torna-se necessário
também levantar o procedimento da pesquisa documental que, segundo Marconi (2001, p.
56), “refere-se a documentos de arquivos públicos em geral, como documentos oficiais e
publicações parlamentares; arquivos particulares, isto é, domiciliares; fontes estatísticas,
documentos jurídicos etc.”.
Para finalizar está introdução apresenta-se, na sequência, a estrutura da pesquisa.
1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA
O presente trabalho está estruturado em quatro grandes sessões. A primeira sessão
comporta a introdução da pesquisa, aclarando e propondo a pergunta, o objetivo geral, os
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objetivos específicos, a justificativa e a metodologia empregada para a realização da
monografia.
A segunda sessão corresponde ao referencial teórico, apresentando em princípio
os conceitos teóricos relevantes ao tema tratado. Contextualizou-se, em primeiro plano, o
momento da pesquisa ampliando o conhecimento acerca da globalização onde explicou-se
conceitos sobre empreendedorismo. Abordou-se também a revolução digital vivenciada nos
últimos anos com a abordagem da revolução digital vivenciada pelo Brasil. Finalizou-se com
a breve explanação dos principais conceitos do objeto chave do presente trabalho, as redes
sociais.
A terceira seção comporta o desenvolvimento da pesquisa que aborda em um
primeiro momento a sociedade da informação, bem como o papel das redes sociais para o
desenvolvimento da cultura empreendedora e finaliza-se com o desenvolvimento da proposta
empreendedorismo como motor do desenvolvimento, onde foi abordada a pesquisa mais
recente realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), e.
A quarta e última sessão satisfaz às considerações finais, onde se mostrou as
principais conclusões da pesquisa e ampliou-se ainda, para algumas sugestões de posteriores
aspirações de investigações relacionadas ao tema do trabalho. Após tais exposições, deu-se a
sequência de fechamento as referências utilizadas no decorrer do trabalho, e, por fim, foram
disponibilizadas nos anexos, as pesquisas referentes ao GEM.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, em primeiro momento, buscar-se-á introduzir o tema da relevância
das redes sociais em um enfoque teórico antropológico referente a questionamentos a cerca
dos modelos de organização da sociedade, seguido de uma contextualização histórica da
Globalização abordando aportes teóricos acerca do tema empreendedorismo.
Em um segundo momento estuda-se a origem da Revolução Digital, destacando se
os principais momentos históricos para o surgimento da mesma e uma breve analise da
mesma sob o ponto de vista brasileiro. Serão introduzidos os principais fundamentos acerca
do objeto de estudo deste trabalho, as Redes Sociais, enfatizando as principais propriedades
relevantes a responder a pergunta de pesquisa.
2.1 MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE
O principal ator por trás do processo de transformação no qual o mundo se
encontra hoje é a sociedade, desde sua origem primitiva à complexidade das estruturas de suas
culturas, costumes e, principalmente, suas demandas.
Antropologicamente, desde a Grécia Antiga o ser humano se posiciona através da
sociedade dentro de modelos organizados. Entende-se por modelo de organização o nome
teórico da forma como um conjunto de parâmetros respaldados em uma ideologia são postos
para organizar um grupo de indivíduos. Assim, um modelo organizador é definido como:
[...] o conjunto de representações que o sujeito realiza a partir de uma situação determinada, constituído pelos elementos que abstrai e retém como significativos entre todos os possíveis, aqueles que imaginam ou inferem como necessários, os significados e as implicações que lhes atribui, e as relações que estabelece entre todos eles. Os modelos organizadores constituem aquilo que é tido por cada sujeito como a realidade, a partir da qual elabora pautas de conduta, explicações ou teorias (SASTRE VILARRASA, MORENO MORIMÓN & FERNANDEZ, 1994, p. 19)
Da sociedade antiga até a era atual foram muitos os modelos empregados em prol
de organizar a sociedade nas suas esferas política, econômica, social, pública, privada,
nacional, internacional entre outras. Extrativismo, feudalismo, socialismo, ditadura,
capitalismo ou liberalismo, socialismo, são muitos os modelos de organização implementados
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nos grupos sociais. É possível constatar a evolução destes modelos com o crescimento das
populações e o avanço econômico dos mercados em todo o mundo. É importante ressaltar que
o conceito antropológico de evolução segundo a escola estruturalista representada por Lévi-
Strauss relativiza o pensamento evolucionista. Lévi-Strauss aceita a possibilidade de em tese
se colocar as sociedades em uma sequência de escala, mas adverte o uso de lentes para julgar
outras sociedades, para as quais nossos valores não são importantes. Em Rousseau do
Discurso sobre a origem da desigualdade entre homens, que busca sustentação:
É preciso não tomar as investigações que se podem fazer sobre esse tema por verdades históricas, mas somente por raciocínios hipotéticos e condicionais, mais próprios para esclarecer a natureza das coisas que para mostrar sua verdadeira origem, e semelhantes aos que fazem todos os dias nossos físicos sobre a formação do mundo (ROUSSEAU apud LÉVI-STRAUSS, 1975, p. 313).
Desta forma o desenvolvimento dos modelos de organização da sociedade nada mais é
do que um resultado da demanda social existente ao longo dos tempos. Demanda esta que
desencadeou a implementação dos modelos no quais nos organizamos hoje. Gestaldi, diz que
nas sociedades mais primitivas, os modelos eram organizados quase que de modo instintivo,
inexistindo teorias, doutrinas ou sistemas econômicos, que começaram a ser formados à
medida que as relações econômicas foram se tornando mais complexas, aglutinando maiores
parcelas sociais interdependentes. De acordo com Larraia (2009) a soma destes
determinismos pode ser considerado a cultura de uma sociedade, nesse sentido entende-se
cultura como um conjunto de informações armazenadas e transmitidas por um determinado
grupo. Além de transmitirem um determinado conteúdo, as interações possuem uma função
bem mais abrangente, pois as transferências estabelecem-se como parâmetro de regulação,
que visam manter um dado sistema.
Dentre todas as esferas supracitadas para contextualizar o tema de pesquisa, este
trabalho teve como objeto as esferas internacional, pela abrangência e relevância do tema no
contexto internacional, digital ou “ciberespaço”, onde todo esse universo se desenvolve num
primeiro plano e, por último, social, tanto destacando a sociedade em rede, e costumes
derivados das novas ferramentas digitais de interação, quanto pela importância da cultura
empreendedora para o desenvolvimento social e econômico dos países e consequentemente de
suas sociedades.
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2.2 GLOBALIZAÇÃO
O processo de maior relevância para o tema de pesquisa é o processo de
globalização, principalmente por ele ter dado origem a revolução digital que a sociedade
presencia nos tempos atuais, mas também pelo aspecto deste processo também ter
influenciado a cultura empreendedora em todo o mundo.
A globalização, em seus aspectos essenciais, não é considerada um fenômeno
novo. As relações comerciais e econômicas entre as nações são processos existente há tempos,
passando por períodos distintos da história mundial, desde as grandes navegações do século
XVI, do mercantilismo, e do processo de acumulação de capital, a globalização vem sendo
esboçada. (VIEIRA, 1999)
Na segunda metade do século XX, o sistema capitalista e o comunismo,
enfrentavam o fim da Guerra Fria, mas ainda lutavam pela hegemonia mundial. A potência
soviética URSS, dava sinais de esgotamento, causados, principalmente, por um sistema
político engessado, cuja base era o controle das populações e por uma economia que atrelada
ao planejamento estatal centralizado, não conseguia se reinventar. Com o declínio do
comunismo, as reformas implantadas neste período acabaram desencadeando transformações
radicais em todo Leste Europeu consagrando a vitória do neoliberalismo, das grandes
corporações multinacionais que, impulsionadas pela conquista dos novos mercados abertos,
não só expandiram seus negócios, mas também buscaram baratear todo o processo produtivo,
terceirizando serviços, fracionando a produção em diferentes nações ou apenas utilizando a
mão de obra de outros países.
Mais recentemente, temos vindo a testemunhar a nova dimensão do processo de globalização (Soete in Archinugi and Lundvall, 2001), com o aumento de transações intangíveis a nível internacional, englobando não só serviços, mas também, transferência de tecnologia, informação e conhecimento, ligado à manufatura de produtos. A interação just-in-time e coordenação a nível global são também já possíveis nas manufaturas. As linhas de produção estão a ser reorganizadas a nível global. Empresas multinacionais estão a centrar-se nas mais-valias produtivas baseadas em marcas e na construção de largas redes de outsourcing e deslocalização. Com a difusão do e-comércio, em particular o business-to-business, novos e-mercados estão a surgir, acelerando assim as transações globais, que podem abranger não só grandes, mas pequenas e médias empresas e que estão a descobrir oportunidades completamente novas. (CASTEL E CARDOSO, 2005, p. 393)
No contexto da globalização, duas premissas trazidas por Pankaj Khagemawat
coexistem mesmo que propondo alguma forma de oposição, e são elas: “é necessário aceitar
que a globalização existe e que, se ainda não se perfilhou totalmente é uma questão de
22
tempo”, apresentadas no livro Redefinindo a Estratégia Global. Estes dois pensamentos são
defendidos desde a Segunda Guerra Mundial e fazem menção ao reconhecimento de uma
nova formação do poder, da política e da economia.
Entretanto, as intenções de universalização são anteriores a esse período, porém
não tinham como premissa pré-estabelecida a ideia de mundialização. Um exemplo de quem
demonstrou predisposição a uma expansão geográfica foi Imannuel Kant em sua obra a Paz
Perpétua. Com mesma intenção, situada no plano científico e filosófico, a filosofia de Hegel
também tendeu à concretização da universalidade nos termos da dialética relacional. A ótica
moderna tem origem incerta, mas segundo pesquisadores brasileiros da Globalização pode ser
situada desde: a Restauration Magna de Bacon (1561-1626), da revolução filosófica de Descartes (1596-1650), das revoluções industriais na economia inglesa e da concepção conceitual da ideologia, com Antoine Destutt de Tracy, que a ideia de globalização contemporânea está sedimentada. (TONET e ENGELMANN, p. 3)
De acordo com Tanure e Duarte (2006), “a globalização já não é novidade, e não
o é há uns 20 anos ou mais. O que temos vivido é o aprofundamento de muitas das suas
condicionantes tecnológicas, políticas e econômicas”. Nos ensinamentos de Friedman (2005),
ele afirma que houve um investimento maciço global em tecnologia a partir dos anos 90,
quando se ampliaram as instalações de conectividade em banda larga combinado com uma
contínua redução nos preços dos computadores. Segundo o mesmo autor, “esses elementos
atuaram como fatores de convergência, que aproximaram povos distantes e aceleraram o
efeito de planificação do mundo.” Desde a introdução do primeiro computador doméstico em
1981, e da criação dos sistemas operacionais em 1990, como o primeiro browser para internet,
as fronteiras entre os países encurtaram ainda mais as distâncias e aumentaram o acesso a
informação.
Ainda segundo Friedman (2005), foi a convergência de três fatores essenciais que
orientou o desenvolvimento social e econômico deste novo mundo por ele denominado
mundo plano: softwares e hardwares de fluxo de trabalho utilizados de forma combinada, que
permitem a participação em tempo real via web de pessoas independente dos limites
geográficos; os sistemas operacionais inovadores combinado com a formação de um novo
modelo de fazer negócios aplicado por uma massa crítica de gerentes, consultores,
formadores, especialistas em TI, executivos e demais profissionais familiarizados e capazes
de desenvolver processos e práticas empresariais para criação de valores e hábitos no novo
mundo plano. A terceira ocorre pela entrada em cena de cerca de três bilhões de pessoas de
23
países como a China, Índia, Rússia e países do Leste da Europa, da América Latina e da Ásia,
até então alienadas do processo devido às estruturas políticas e econômicas que anteriormente
ao processo de abertura impossibilitavam esta participação. O empreendedorismo surge então
como um processo intrínseco a globalização. Apresentar-se a nesse próximo momento o
conceito de empreendedorismo para que após esta reflexão seja continuada a fundamentação
acerca da globalização.
1.2.1 Emprendedorismo
O termo empreendedorismo vem da palavra entrepreneur, adaptada para o Inglês,
mas que tem sua origem primária no idioma Francês no qual significa literalmente “estar entre
e interagir” passando a ideia de “estar no mercado, entre o fornecedor e o consumidor”.
Conforme os teóricos Dolabela (1999); Sarkar (2008); e Swedberg (2000),
Richard Cantillon, o autor da Obra Essaier sur la Nature du Commerce en General, ou Ensaio
sobre a Natureza do comércio em Geral, foi o primeiro a trazer abordagens acerca do tema no
século XVII.
Considerado o pai da Inovação e principal teórico da literatura do
Empreendedorismo, Schumpeter (1988) estabelece o Empreendedorismo com o conceito de
“destruição criativa”, onde o empreendedor tem o papel fundamental de fomentar a economia
através da inovação, desafiando o mercado e rompendo paradigmas para criar o novo o
diferente e desta forma desenvolvendo seu setor. Nas palavras de Timmons (1990), “o
empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a
Revolução Industrial foi para o século XX”.
Segundo um estudo sobre competitividade, desenvolvido em Florianópolis, Santa
Catarina, pelo E-TECH, em parceria com o SENAI, em 2012:
Schumpeter é considerado o pai dos estudos sobre inovação dentro dos estudos de economia. Ele vincula a inovação ao processo empreendedor em sua definição do capitalista, que pode ser um empreendedor no momento em que realiza a inovação, ou faz uso da inovação tecnológica – como um novo produto/serviço/mercado ou processo (SCHUMPETER, 1934), mas deixa de sê-lo na medida em que, estabelecida a mudança, passa a administra-la (SCHUMPETER, 1982). (E-TECH, 2012, p. 141)
24
O presente trabalho baseia-se também na linha de pensamento deste autor acerca
do conceito de Empreendedorismo. Em sua obra o teórico defende o Empreendedorismo
como motor do desenvolvimento:
Na sua obra clássica de 1911, Teoria do Desenvolvimento Econômico, Schumpeter argumenta que os empreendedores são a força motriz do crescimento econômico, ao introduzir no mercado inovações que tornam obsoletos os produtos e as tecnologias existentes. (BARROS e PEREIRA, 2008, p. 977)
Schumpeter não só percebeu o papel central do crescimento econômico para a
justiça social, como advertiu sobre a importância da figura do empreendedor inovador para o
desenvolvimento de uma cultura inovadora.
Além do teórico Schumpeter, houve outros teóricos que defenderam o
empreendedorismo inovador como motor de desenvolvimento econômico e social, como Peter
Drucker. De acordo com a teoria de Drucker (1987), “são empreendedores aqueles que criam
algo novo, algo diferente, eles mudam ou transformam valores”. O autor descreve o
empreendedorismo de forma a ressaltar o significado cultural, da utilização do potencial
inovador como ferramenta de criação de novos negócios.
O conceito de Empreendedorismo ganha destaque internacional a medida que a
Globalização avança os mercados se tornam mais aquecidos fomentando a cultura do
empreendedoridmo. (CASTELLS 2005 p. 22) Afirma que o processo da globalização faz
surgir uma maneira diferenciada de perceber a carreira professional pela sociedade. . A capacidade de trabalhar autonomamente e ser um componente activo de uma rede
tornou-se uma máxima na nova economia. Isto é o que eu conceptualizei como trabalho autoprogramado. As empresas procuram conservar este tipo de tra- balhador o mais possível, porque ele é a maior fonte da sua produtividade e capa- cidade de inovação. Isto parece ir contra a noção de instabilidade da força de trabalho.
A luz das grandes teorias das relações internacionais, é possível reconhecer a
relevância da globalização quando relacionamos ao desenvolvimento global. São valores
básicos defendidos pela ONU na Declaração Universal dos Direitos do Homem, a segurança e
o bem-estar da sociedade, considerados naturais, por serem garantidos e, geralmente
fornecidos diretamente pelo estado bem como o direito ao desenvolvimento. A base jurídica
do direito ao desenvolvimento se encontra também na Declaração Universal dos Direitos do
Homem. O documento, que estabeleceu o caráter de indivisibilidade dos direitos humanos,
assentou em seu art. 22 que:
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
25
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
A previsão contida na Declaração de 1948 foi reafirmada com a adoção do Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 1966, pela Assembleia
Geral das Nações Unidas. O art. 1º, parágrafo 1, do Pacto estabelece que “todos os povos têm
direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto
político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural”.
De acordo com o Relatório da Comissão sobre Governança Global, da
Universidade de Oxford (1995, p. 25): “uma das mudanças importantes dos últimos 50 anos
foi o surgimento de uma vigorosa sociedade civil global, graças aos progressos nas
comunicações que facilitaram a interação em todo o mundo”. Nesse sentido a despeito da
globalização:
Em suma o fenômeno da globalização tanto provoca como intensifica relações sociais internacionais como também provoca e intensifica relações sociais em escala mundial e desta forma vai se moldando o jogo do poder e dos protagonismos dos múltiplos atores das Relações Internacionais contemporâneas. (OLSON, 2003, p. 11)
O fenômeno da globalização como podemos perceber é um processo de difusão e
intensificação culturais, sociais e econômicas através das fronteiras internacionais, ou seja,
engloba praticamente tudo. Jackson e Sorensen acreditam ser muito difícil analisar o conceito
de globalização, nas ciências sociais. Ainda segundo Jackson e Sorensen (2003, p. 290), “é
impossível apresentar uma teoria sobre “tudo” porque aspectos variados da realidade
necessitam ser avaliados de formas diferentes”.
Embora a origem do pensamento de globalização seja controversa, o processo de
globalização é considerado um fator de suma importância para as relações internacionais. Para
este trabalho, o entendimento do processo de globalização é essencial, uma vez que é através
do processo de globalização dos avanços tecnológicos e digitais, encabeçados por este
processo, que a sociedade civil ganha cada vez mais espaço e se torna mais relevante
enquanto ator das relações internacionais.
A expressão sociedade civil abrange um grande número de instituições, organizações voluntárias e redes, associações de mulheres sindicatos, câmara de comercio, cooperativas agrícolas ou habitacionais, associações comunitárias, organizações de cunho religioso etc.. Tais grupos canalizam os interesses e as energiza de muitas comunidades, fora do âmbito governamental, desde empresários e profissionais liberais até indivíduos que lutam pelo bem estar das crianças ou por
26
um planeta mais saudável. (Relatório da Comissão sobre Governança Global, 1995, p. 25)
Sob a luz das teorias liberalistas, o processo de globalização se traduz como um
grande potencial de trazer uma maior prosperidade para todos, uma vez que segundo essa
mesma teoria a globalização econômica desafia o estado. Não obstante existem outros dois
fatores a respeito da globalização que são de suma importância para o desenvolvimento deste
estudo. O incentivo à formação de novos movimentos sociais em muitas partes do mundo ou
“identidade de resistência”, analisada por Castells (1998, p. 8), é “gerada por aqueles atores
em condições/posições desvalorizadas ou estigmatizadas pela lógica da dominação”. E o
desenvolvimento das tecnologias digitais alcançadas pela sociedade significam mais do que
um desenvolvimento da democracia:
O maior acesso a informação, no contexto da globalização, foi benefício não só para a democracia, que lucra com cidadãos mais bem informados, mas também para o desenvolvimento, a colaboração identificada entre profissionais e muitas outras atividades. (Relatório da Comissão sobre Governança Global, 1995, p. 25)
Ainda dentro das teorias das relações internacionais, as transformações advindas
do processo de globalização, evoluíram num processo caracterizado pelo aprofundamento, o
qual Keohane e Nye (1989) chamaram de “interdependência complexa”, e este ganhou uma
nova dimensão com a despolarização do sistema internacional no período posterior à Guerra
Fria. A mudança do modelo de sistema internacional obrigou, não apenas a reformulação de
posturas dos países em relação ao mundo, mas a reformulação dos conceitos que antes o
definiam.
O conceito elaborado por (GUIDDENS 1991 p. 60) reflete que: A globalização se refere essencialmente a este processo de alongamento, na medida em que as modalidades de conexão entre diferentes regiões ou contextos sociais se enredaram através da superfície da Terra como um todo…A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção anversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais através do tempo e do espaço.
A partir da visão da teoria institucionalista liberal, este trabalho toma como ponto
de partida as ideias de Keohane e seus seguidores, que trabalham com a perspectiva de
interdependência complexa desde a década de 70, agregando os atores subnacionais, ONGs,
dentre outros, como novas formas organizacionais que influenciam as relações Internacionais
27
além do Estado nação. (ESTRE, 2011 p.3) Nesse sentido a globalização pode ser considerada
o patamar inicial para outro processo que se estudará adiante, a revolução digital.
2.3 REVOLUÇÃO DIGITAL
Com a formação de uma nova economia, baseada na planificação do mundo e na
maior interação entre os atores internacionais, surge a necessidade de que os meios de
comunicação se tornem mais ágeis e eficientes, de maneira que as transferências de capital, as
decisões de investimento e a contratação de serviços não só colocassem em contato diferentes
países, mas ocorressem em tempo real. A Internet e a telefonia móvel, dois dos maiores
ganhos da Revolução Digital, foram as respostas a tais necessidades.
A revolução Digital ou revolução da informação acontece com o desenvolvimento
das ferramentas utilizadas nos processos de produção, e processamento de informações, antes
analógicas, para uma nova plataforma, a plataforma digital. Para entendermos melhor este
processo vamos retomar o histórico da evolução eletroeletrônica.
Segundo estudos da Escola de Engenharia e Ciências Aplicada da Universidade
de Pensilvânia (SEAS), o primeiro grande computador eletrônico apresentado em 1946 foi o
Eletronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC). Funcionava com dezoito mil
válvulas eletrônicas, pesava trinta toneladas e tinha o tamanho de uma sala com cento e
oitenta metros quadrados. Foi projetado durante o curso da segunda grande guerra, com o
objetivo de calcular tábuas de bombardeamento e disparo. Foi desenvolvido em 1943 por
John Mauchly e J. Presper Eckert, na Universidade da Pensilvânia.
Um dos grandes marcos da eletroeletrônica foi a criação do transistor, em 1947,
que substituiu a válvula e deu origem ao início da miniaturização dos componentes
eletrônicos nos primeiro computadores científicos e comerciais.
De acordo com Fazano (2012), pesquisadores começaram a trabalhar na
possibilidade de conectar computadores, para que pudessem trocar informações. Em 1965,
Lawrence G. Roberts e Thomas Merril conectaram o computador TX-2, em Massachussets
com outro, chamado Q-32, na Califórnia, através de uma linha discada de baixa velocidade,
criando assim os primeiros computadores em rede do mundo. Dois anos mais tarde,
trabalhando junto a um time de engenheiros, Roberts e Merril se tornaram os precursores da
internet como ela é atualmente.
28
Um dado de suma importância para o desenvolvimento das conexões em rede, foi
o trabalho desenvolvido por Paul Baran na época da Guerra Fria. Paul Baran trabalhou na
Hand Corporation em Santa Monica, Califórnia, na década de 60, com a constante, sempre
presente, da possível colisão da terceira guerra mundial. Quando perguntado acerca da melhor
maneira de organizar as estações de comunicação para preservar as informações da
corporação, ele respondeu que existiam apenas 3 formas de organizar as estações:
centralizadas, com um centro ligado a pontos de comunicação; descentralizadas, com a
presença de diversos centros ligados a outros centros e pontos de comunicação, ou seja,
multicentralizada; e a última e melhor maneira, segundo ele, a distribuída, onde todos os
pontos ou interagem com todos os pontos ou quase todos. Este foi o princípio que mais tarde
viria a ser estudado dentro das teorias de redes. (FAZANO, 2012)
De 1970 em diante, conforme Fazano (2012), as evoluções tecnológicas se
concentram principalmente na procura de processos mais precisos de miniaturização dos
componentes internos dos microcomputadores. Esse processo permitiu a diminuição do peso
dos equipamentos e do seu tamanho; o aumento da capacidade de armazenamento;
processamento de dados, e por fim, a redução consequente do seu custo.
Em março de 1972, surgiu a primeira aplicação voltada à comunicação mediada
pelos computadores, era o que viria a ser chamado de correio eletrônico ou e-mail. Ray
Tomlinson projetou um software para envio de mensagens eletrônicas com funções de
“enviar” e “ler”, com objetivo de facilitar a coordenação dos projetos dentro da Agência de
Pesquisa em Projetos Avançados em Rede ou ARPANET - Advanced Research Projects
Agency Network. (CICCARELLI e FAULKNER, 2005)
Em julho, Roberts expandiu a utilidade do e-mail escrevendo o primeiro programa
utilitário de e-mail para listar, ler seletivamente, arquivar, encaminhar e responder a
mensagens. A partir de então, o correio eletrônico se tornou a maior aplicação de rede
existente no mundo por mais de dez anos. (CICCARELLI e FAULKNER, 2005)
O desenvolvimento tecnológico trouxe a possibilidade de conectar milhares de
computadores em uma só rede. O surgimento da Word Wide Web (WWW), na década de 90,
foi liderado pelo laboratório da Ciência de Computação do Conselho Europeu de Pesquisa
Nuclear ou CERN - Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire, por Tim Bernrs-Lee, e
consolidou-se ao fim do século XX, na Internet que conhecemos hoje em dia.
A utilização das redes era principalmente difundida entre centros acadêmicos e de
estudo por todo mundo. No Brasil, Filho (2008) diz que foi apenas durante a realização da
Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que a Internet passou a ser utilizada
29
por civis, principalmente jornalistas do meio da comunicação.
Em 1992, durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio- Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecido como ECO-92, no Rio de Janeiro - Brasil, foi disponibilizada uma infra-estrutura de acesso à Internet para servir de alternativa aos milhares de jornalistas internacionais que cobriam o evento… Neste mesmo ano de 1992, apenas algumas instituições acadêmicas (USP, UFRGS, LNCC, PUC-Rio) tinham acesso à Internet e utilizavam três conexões internacionais. Duas partiam do Rio de Janeiro e uma de São Paulo e conectavam-se às instituições acadêmicas norte-americanas. Contudo, todas eram de baixa velocidade (uma de 9.600 bps (4) e duas de 4.800 bps) e serviam, apenas, ao uso experimental e troca de mensagens (e-mail). (FILHO, 2008, p. 3)
Com a exposição das redes de Internet, acontece o aumento do interesse privado
na aquisição de tecnologias dentro do setor de informação. (FILHO, 2008) Provedores
começam a ser desenvolvidos elevando gradativamente o uso da Internet pela sociedade e
principalmente por empresas, e organizações. A revolução digital dá origem a um espaço
virtual utilizado principalmente para comunicação, depósito e busca de informações. O
processo de interação com o meio digital desenvolve nos seres humanos uma cultura
específica dentro do meio. Levy traduz a cultura advinda dos reflexos da revolução digital de
cibercultura.
O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação
digital, mas os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao
neologismo cibercultura, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de
práticas, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço. (LEVY, 1999, p. 17)
É neste ambiente cibernético, rico em conteúdo e em ferramentas de interação que
este estudo visa entender como se dá a cultura empreendedora, mais a frente estudar-se-á a
relação entre a utilização das redes sociais e o aumento dos índices de empreendedorismo dos
países. Antes disso, se faz necessário o entendimento de nosso objeto de estudo: as redes
sociais. E para tanto, o estudo segue com o panorama da realidade digital no Brasil, bem
como o entendimento desta sociedade inserida no ambiente digital.
2.3.1 O Brasil Digital
30
O Brasil surpreendeu o mundo com a receptividade tida pela internet, sendo
considerado uma das maiores redes virtuais do mundo. A principal diferença percebida está
na quantidade de computadores existentes no país. Segundo os dados de um estudo sobre
Internet realizado pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Publica e Estatística) Mídia, o
Brasil ocupa a terceira posição em quantidade de usuários ativos na internet com 64 milhões
de usuários. No primeiro e segundo lugares estão Estados Unidos com a quantidade de 198
milhões de usuários e o Japão com 69 milhões, respectivamente. Os dados, relativos a
dezembro de 2012, levam em consideração, além dos três países, os usuários da Alemanha,
França, Itália, Espanha e Suíça.
Um dos grandes avanços encabeçados no país são os sofisticados sistemas
bancários, um dos precursores no processo de inclusão digital. Este sistema desempenhou um
papel importante, já que ensinou a população quanto ao uso do banco eletrônico, facilitando a
transição da população para o comércio eletrônico.
Apesar dos altos índices de usuários demonstrados nas pesquisas, é de suma
importância a percepção do fator limitante do acesso à Internet por grande parcela da
população. Segundo um estudo das Telecomunicações Brasileiras desenvolvido pelo IPEA:
O acesso à internet é um serviço de valor adicionado, o qual é definido na LGT como a “atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações”. Independentemente dos meios e tecnologias utilizados, tais como acesso discado, digital subscriber line (DSL), 8 radiofrequência, cabo, entre outros, este serviço deverá estar associado a um serviço de telecomunicações devidamente regulamentado pela Anatel, que, por sua vez, só deverá ser explorado por empresas que possuam concessão, permissão ou autorização expedida pela agência. Por isso, o serviço de acesso à internet no Brasil requer também a contratação de um prestador de serviços de tele-comunicações que lhe dê suporte, como aqueles apresentados nas seções anteriores… Como gargalo entende-se os obstáculos e os empecilhos que reduzem a habilidade da infraestrutura de telecomunicações ser capaz de dar suporte a serviços compatíveis com os desafios contemporâneos. Os serviços analisados são aqueles tratados na subsubseção anterior: telefonia fixa, telefonia móvel, TV por assinatura e acesso à internet. (IPEA, 2010, p. 20)
Nesse sentido, entendemos que além da regulamentação exigida, os gargalos que
impedem de alguma forma o acesso de parte da população brasileira à Internet e até mesmo às
redes sociais, são os fatores econômicos referentes ao poder de compra da população de baixa
renda. Ainda segundo o estudo: No que concerne às duas primeiras destes seções, é possível perceber que há uma correlação entre a condição socioeconômica e a utilização de bens e serviços de telecomunicações. Quanto maior a renda domiciliar, maior a proporção daqueles que possuem telefones fixos e celulares, TV por assinatura, acesso à internet e meios de acesso à internet – telefones celulares com acesso à internet e computadores (gráfico
31
10). Nota-se também que estes últimos são mais sensíveis à renda domiciliar do que os telefones fixos e celulares, o que pode ser explicado pelo fato de serem, em média, itens mais onerosos, criando assim uma barreira maior para o crescimento da demanda dos serviços a eles vinculados. E mesmo quem tem meios de acesso à internet, não o fazem por considerarem o custo elevado: a pesquisa TIC Domicílios mostra que 75% dos domicílios sem computador e 54% dos que têm computador mas não acesso à internet citam o custo elevado como o motivo de não possuírem o bem, nem contratarem o serviço, respectivamente. (INTITUTO ECONÔMICO DE PESQUISA APLICADA, 2010, p. 22 apud CETIC.BR, 2009)
Um fator interessante trazido pelo estudo realizado pelo IBOPE Mídia é o
resultado das pesquisas referentes à quantidade de tempo despendido no acesso a Internet por
usuário no Brasil. Neste índice, o país ganhou primeiro lugar com a média de vinte e sete
horas por mês. Em relação ao conteúdo acessado pela sociedade brasileira, o estudo mostrou
que 36% do tempo médio despendido por mês na internet é acessando as redes sociais.
À medida que o acesso a dispositivos como Desktops, Notebooks e
principalmente celulares com tecnologia 3G aumenta, maior é a adesão da sociedade às
ferramentas de informações e às redes sociais digitais. Nesse sentido, podemos concluir que a
revolução digital e o aumento das tecnologias tiveram alto impacto no Brasil e principalmente
na forma como os brasileiros interagem, se comunicam e aprendem.
Neste momento, introduzir-se ao principal tema deste estudo, o objeto principal de
pesquisa que dará luz ao entendimento das estruturas as quais se percebe hoje como um
gigantesco complexo de interatividade, e de onde se buscará nos termos deste trabalho a
relevância ou não para o desenvolvimento da cultura empreendedora.
2.3.2 Redes Sociais
Para dar início a exposição do objeto de estudo deste trabalho é de suma
importância o entendimento de conceitos que foram brevemente abordados anteriormente,
“Redes Sociais” e “Redes Sociais Digitais”. A primeira de abordagem mais ampla e a segunda
referente às ferramentas criadas dentro do ciberespaço, também denominada de “Mídias
Sociais” para a interação entre pessoas e que dessa forma constituem em um ambiente virtual
as próprias “redes sociais”.
O estudo das redes sociais vem sendo praticado por grandes teóricos da sociologia
e da antropologia social com maior intensidade desde o final do século XX, quando o termo
passou a ser olhado como um novo paradigma das ciências sociais, vindo a ser aplicado e
32
desenvolvido no âmbito de disciplinas tão diversas como antropologia, biologia, estudos de
comunicação, economia, geografia, ciências da informação, psicologia social, sociolinguística
e, sobretudo, no serviço social. (CÂNDIDO et al, 2000) Dentro das Ciências Sociais o estudo
das redes sociais e seu conceito adquiriu opiniões divergentes como defende Regina Marteleto
(2001, p. 72):
O conceito de redes é tributário de um conflito permanente entre diferentes correntes nas ciências sociais, que criam os pares dicotômicos - indivíduo/sociedade; ator/ estrutura; abordagens subjetivistas/objetivistas; enfoques micro ou macro da realidade social -, colocando cada qual a ênfase analítica em uma das partes. Por exemplo, a antropologia estrutural entende as redes como descritivas, servindo para identificar o caráter perene das organizações e dos comportamentos sociais. Já a linha do individualismo metodológico desconstrói essa concepção, privilegiando o ponto de vista do agente que produz sentido, e as relações sociais na formação do seu agir. As redes surgem como um novo instrumento face aos determinismos institucionais.
Ambas as correntes comentadas por Marteleto são de origem neomodernistas e
trazem a análise do tema para uma perspectiva atual. Sob o prisma dos estudos de Recuero
acerca da teoria das redes, a autora defende que:
Os primeiros passos da teoria das redes encontram-se principalmente nos trabalhos do matemático Ëuler que criou o primeiro teorema da teoria dos grafos. Um grafo é uma representação de um conjunto de nós conectados por arestas que, em conjunto, formam uma rede. Em cima dessa nova ideia, vários estudiosos dedicaram-se ao trabalho de compreender quais eram as propriedades dos vários tipos de grafos e como se dava o processo de sua construção, ou seja, como seus nós se agrupavam. ([Bucha- nan, 2002], [Barabási, 2003] e [Watts, 2003, 1999]) Essa forma de percepção das coisas como redes seria crucial para a compreensão das relações complexas do mundo ao nosso redor. (RECUERO, 2009, p. 2)
Entretanto o é de suma importância para este estudo entender as redes sociais
como redes sociais existentes entre os seres humanos desde o principio da sociedade nesse
sentido partir-se á da analise de Lipnack e Stamps (1992, p. 19):
O que é novo no trabalho em redes de conexões é sua promessa como uma forma global de organização com raízes na participação individual. Uma forma que reconhece a independência enquanto apoia a interdependência. O trabalho em redes de conexões pode conduzir a uma perspectiva global baseada na experiência pessoal.
Nesse sentido, reafirmar-se a importância do desenvolvimento de tecnologias de
comunicação na agilidade dos processos de conexões de redes e estruturação das mesmas em
determinados tempos e espaços gerando fluxos de informação, faz-se necessário. Desta forma,
Marteleto (2001, p. 72) conclui:
33
Desde os estudos clássicos de redes sociais até os mais recentes, concorda-se que não existe uma teoria de redes sociais e que o conceito pode ser empregado com diversas teorias sociais, necessitando de dados empíricos complementares, além da identificação dos elos e relações entre indivíduos. A análise de redes pode ser aplicada no estudo de diferentes situações e questões sociais. A análise de redes estabelece um novo paradigma na pesquisa sobre a estrutura social. Para estudar como os comportamentos ou as opiniões dos indivíduos dependem das estruturas nas quais eles se inserem, a unidade de análise não são os atributos individuais (classe, sexo, idade, gênero), mas o conjunto de relações que os indivíduos estabelecem através das suas interações uns com os outros. A estrutura é apreendida concretamente como uma rede de relações e de limitações que pesa sobre as escolhas, as orientações, os comportamentos, as opiniões dos indivíduos.
34
3 DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA
Após a apresentação do referencial teórico que embasa o desenvolvimento desta
pesquisa, elucidando os principais conceitos e também contextualizando a pesquisa
apresentar-se-á na sequencia o desenvolvimento alcançado através da busca pela real
relevância das redes sociais no desenvolvimento da cultura empreendedora dentro do contexto
da globalização.
3.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO OU SOCIEDADE EM REDE
Com o amadurecimento das tecnologias da informação e da comunicação, a micro
informática, telefonia móvel, a internet, sites da web e principalmente as rede sociais e o
conteúdo associados a estes estão presentes em todos os campos sociais e em todas as
atividades, embora a desigualdade no acesso ainda seja relevante.
A Internet e as tecnologias digitais, bem como a criação deste novo meio de
comunicação, denominado por Levy de ciberespaço, fizeram emergir um novo paradigma
social, descrito por alguns autores (COUTINHO e LISBOA, 2011). Sociedade da informação
ou sociedade em rede alicerçada no poder da informação (Castells, 2005), sociedade do
conhecimento (Hargreaves, 2003) ou sociedade da aprendizagem (Pozo, 2004). Um mundo
onde o fluxo de informações é intenso, está em permanente mudança, e “onde o conhecimento
é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e em mudança” (Hargreaves, 2003, p. 33).
Um mundo desterritorializado, onde não existem barreiras de tempo e de espaço para que as
pessoas se comuniquem. Uma nova era que oferece múltiplas possibilidades de aprender.
À luz da teoria da Sociedade em Rede, de Castells (2005, p. 227):
Vivemos num período histórico caracterizado como a «era da informação», onde nos deparamos com a possibilidade de interação com novos aparatos tecnológicos, que estabelecem novas formas de comunicação entre as pessoas e das pessoas com coisas. Estamos vivenciando uma revolução, que tem como elemento central a tecnologia da informação e da comunicação.
A revolução da qual Castells discorre, se refere principalmente a mudança de
paradigmas sociais e culturais referentes à maneira como a sociedade se organiza e interage.
Nesse sentido, a sociedade constrói novos valores embasados na experiência vivenciada
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dentro deste novo mundo.
Por consequência, estamos presenciando uma profunda alteração nas relações sociais, políticas e econômicas, impulsionadas por uma expansão permanente de hardware, software, aplicações de comunicações que prometem melhorar os resultados na economia, provocar novos estímulos culturais e incentivar o aperfeiçoamento pessoal, através do uso da tecnologia para a prática educativa. (CASTELLS, 2005, p. 227)
Pode-se dizer então que a revolução digital acelerou a planificação do mundo
iniciada pela globalização e que os resultados destas mudanças estão alterando a forma como
a sociedade entende o mundo. Ainda dentro da dialética de um novo mundo mais planificado
e com mais possibilidades de acesso à informação, pairam questionamentos acerca dos reais
vantagens e desvantagens que o contexto traz as desigualdades sociais. Desta maneira,
Castells ressalta que “Longe de cumprir com o prometido, o ciberespaço ou a sociedade da
informação – que hoje se materializa com o crescimento da internet – tem aumentado a
desigualdade entre aqueles que detêm e os que não detêm o acesso aos benefícios desta
rede”.(CASTELLS. 2005, p 227)
Nesse sentido o desafio das sociedades dos países em desenvolvimento é trabalhar
em prol da promoção de um maior acesso as tecnologias digitais, estimulando a inclusão
digital de toda a sociedade.
Segundo Friedman (2005), países em desenvolvimento deveriam avaliar seu
posicionamento diante da realidade do achatamento global para tirar vantagens das novas
plataformas. Essa avaliação corresponderia a uma introspecção que indicasse os limites para
se entrar no jogo global, combatendo a pobreza pelo crescimento econômico e do comércio.
Em sua concepção essa avaliação era necessária para formular as reformas necessárias a cada
país. Para Friedman, é necessária a busca de uma reforma que atinja quatro aspectos da
sociedade: infraestrutura, instituições reguladoras, educação e cultura.
É preciso que haja um crescimento produtivo e competitivo, adequado aos recursos disponíveis em cada país. Nessa lógica as condições básicas para evolução econômica na atualidade podem ser medidas pela facilidade em: iniciar um negócio (quanto a normas, regulamentos e taxas), contratar ou dispensar funcionários, fazer valer contratos, obter crédito e encerrar empresas. (LEITE apud FRIEDMAN, 2005, p. 74)
Nesse aspecto, Friedman se refere à internalização de valores como o trabalho
árduo, prosperidade, honestidade, paciência e tenacidade, abertura às mudanças tecnológicas e
igualdade social. O autor ressalta a abertura a novas ideias e a internalização cultural pela
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sociedade como fatores-chave para participação adequada em um mundo plano.
Pode-se concluir que a estrutura das redes no meio virtual é o ambiente no qual a
sociedade, através da interação e da busca autônoma por conteúdos de informação, internaliza
valores culturais. Estes valores são a base de uma sociedade e por consequência da atividade
desta dentro de sua comunidade. Dentro desta discussão, Cattani (2004) destaca que os meios
de interação da Sociedade da Informação, ou seja, o ambiente virtual das redes sociais
promove um maior protagonismo da sociedade em face às questões relevantes à própria
sociedade, pela sua característica estrutural. Assim, “A liberdade criadora que busca a
emancipação social se manifesta na luta contra os dogmatismos, messianismos e
determinismos estruturais, contra a servidão e violência, enfim, contra o domínio das minorias
reacionárias o tutelares”. (CATTANI, 2004, p. 15)
Existe, porém uma discussão anterior a esta, que tem relevância fundamental para
este estudo. Como se pode entender dentro de uma sociedade onde a primazia da informação
interfere diretamente no bem estar social, é imprescindível aclarar o conceito de informação.
O conceito de informação tem grande flexibilidade uma vez que a informação é
simplesmente a divulgação de um dado, porém o conhecimento se dá através de um juízo de
valor, munido de opinião com base em um aprofundamento ou estudo sobre a informação.
(SILVA, 1996) MORIN (2007, p. 24) cita que: “A informação é uma noção central, mas
problemática. Daí toda sua ambiguidade: não se pode dizer quase nada sobre ela, mas não se
pode mais deixar de levá-la em conta”.
Para tanto, releva-se aqui não só a comunicação ou informação em si, mas as
ferramentas que ganham força junto a sociedade atual e que aumentam o volume de dados
cruzados, quer a título de interação de teor meramente comunicativo ou na troca e
compartilhamento de informações em redes. Kaufman (2012) cita Castells (2009) e Lévy
(2002): A sociedade em rede, nos termos propostos por Castells (2009), introduz a coletivização das decisões, nas quais as comunidades virtuais fornecem inputs para o processo de decisão dos indivíduos, que passam a exercer suas preferências sobre consumo de produtos e serviços (novo apartamento, escola, plano de saúde etc.) ou a praticar uma inovação de qualquer natureza, com base na experiência de um conjunto muito mais amplo de referências (“Laços Fracos”). Essas novas comunidades, ao agregar os indivíduos segundo seus interesses, têm o potencial de gerar um acesso mais seletivo a informações e referências, base dos processos de tomada de decisão. Segundo Pierre Lévy (2002, p. 1010): Uma rede de pessoas interessadas pelos mesmo temas é não só mais eficiente do que qualquer mecanismo de busca, mas , sobretudo, mais eficiente do que a intermediação cultural tradicional, que sempre filtra demais, sem conhecer em detalhes as situações e necessidades de cada um. (KAUFMAN, 2012, p. 2014 apud CASTELLS, 2009 e LEVY, 2002)
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Ou seja, a sociedade a qual este estudo aborda está inserida em uma estrutura de
rede social, em especial nos espaço virtuais que funcional como “filtros humanos
inteligentes”, organizando acesso a informação e facilitando o processo de escolha dos
indivíduos. (KAUFMAN, 2012)
Um ator de grande importância no contexto da sociedade da informação,
principalmente por ser um dos principais interlocutores desta sociedade, são os jovens que
conviveram e convivem com os novos conceitos disseminados pela revolução digital e que
concentram em si muito da cultura existente no meio das redes sociais digitais. Com a
intenção de conhecer melhor o interlocutor e o seu perfil, este estudo se depara com o
conceito de Geração X e Y. Segundo (OLIVEIRA, 2010, p. 1):
Nascidos entre 1965 e 1977, esta geração observou de mudanças nas relações familiares, com mães saindo de casa para trabalhar e conquistando independência financeira. (…) Em meio ao desenvolvimento das tecnologias de comunicação, tentaram e ainda tentam equilibrar vida pessoal e trabalho. Como as famílias enfrentaram crises violentas, como a do desemprego na década de 80, tornaram-se um pouco superprotetores com os filhos. Também são conhecidos como “geração Coca-Cola”, como cantou Renato Russo, um dos ícones desta geração no Brasil: “Somos os filhos da Revolução, somos Burgueses sem religião, somos o futuro da nação...”.
A “Geração X” foi a que viveu o primeiro maior contato com as novas tecnologias
já na idade adulta, possuem conceitos de autonomia e liberdade privada bem difundidos,
geração que promoveu as maiores conquistas femininas principalmente no mercado de
trabalho, geração marcada pela contestação das guerras como modelo político, vivenciou a
primeira crise pós segunda guerra, a Crise do Petróleo. No Brasil, essa geração vivenciou os
regimes ditatoriais, conforme Oliveira (2010).
Segundo a pesquisa “O Sonho Brasileiro”, a Geração Y é a geração nascida a
partir dos anos 80. São as pessoas que desde quando saíram da barriga de suas mães têm
contato com televisão, computadores, celulares sofisticados, ou seja, já vieram ao mundo
inseridos dentro de uma cultura digital. Essa geração tem como principal característica a
busca pelo prazer e multidisciplinaridade, com a habilidade de desenvolver muitas tarefas
diferentes ao mesmo tempo, interagindo com universos diversos com muita facilidade.
Diferente da Web 1.0, essa nova geração cresceu convivendo com a interação da
Web 2.0. Segundo o Presidente e Diretor Executivo ou CEO (Chief Executive Officer) da
O’Reilly Media Tim O’Reilly, em seu artigo O que é Web 2.0, publicado no ano de 2005:
“Como muitos conceitos importantes, o de Web 2.0 não tem fronteiras rígidas mas, pelo
contrário, um centro gravitacional.” Pode-se visualizar a Web 2.0 como um conjunto de
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princípios e práticas que interligam um verdadeiro sistema solar de sites que demonstram
alguns ou todos esses princípios e que estão a distâncias variadas do centro. (O’REILLY,
2005, p. 2) A interatividade entre os usuários da internet por meio da Web 2.0, desencadeou
na possibilidade dos receptores também emitirem mensagens virtuais no ciberespaço.
Segundo uma pesquisa publicada no site Forrest Research, em 2006 o número de
criadores de páginas na internet, blogs e afins era apenas 13%, já em 2009 esse número
cresceu 12 pontos e passou para 24%. Além disso, surgiu uma nova categoria: os
conversadores, atingindo 33% da população. Eles são aqueles que atualizam status nas redes
sociais, publicam em blogs e etc.
Com o intuito de findar a discussão a luz das teorias sobre a Sociedade da
Comunicação, far-se-á referencia a teoria de Castells onde ele aponta que:
Frequentemente, a sociedade emergente tem sido caracterizada como sociedade de informação ou sociedade do conhecimento. Eu não concordo com esta terminologia. Não porque conhecimento e informação não sejam centrais na nossa sociedade. Mas porque eles sempre o foram, em todas as sociedades historicamente conhecidas. O que é novo é o facto de serem de base microeletrônica, através de redes tecnológicas que fornecem novas capacidades a uma velha forma de organização social: as redes. As redes ao longo da história têm constituído uma grande vantagem e um grande problema por oposição a outras formas de organização social. Por um lado, são as formas de organização mais flexíveis e adaptáveis, seguindo de um modo muito eficiente o caminho evolutivo dos esquemas sociais humanos. Por outro lado, muitas vezes não conseguiram maximizar e coordenar os recursos necessários para um trabalho ou projeto que fosse para além de um determinado tamanho e complexidade de organização necessária para a concretização de uma tarefa. Assim, em termos históricos, as redes eram algo do domínio da vida privada, enquanto o mundo da produção, do poder e da guerra estava ocupado por organizações grandes e verticais, como os estados, as igrejas, os exércitos e as empresas que conseguiam dominar vastos pólos de recursos com um objetivo definido por uma autoridade central. As redes de tecnologias digitais permitem a existência de redes que ultrapassem os seus limites históricos. E podem, ao mesmo tempo, ser flexíveis e adaptáveis graças à sua capacidade de descentralizar a sua performance ao longo de uma rede de componentes autônomos, enquanto se mantêm capazes de coordenar toda esta atividade descentralizada com a possibilidade de partilhar a tomada de decisões. (CASTELLS, 2005, p. 17)
Nesse sentido, pode-se perceber que a sociedade sempre teve a informação e
comunicação como centro da sua existência e desenvolvimento. O ponto de discussão deste
estudo é como as mudanças nas estruturas de comunicação e de organização da informação no
sentido morfológico das redes trouxeram mudanças no social, não enquanto as pessoas em si,
mas na relação existente entre as mesmas e a relevância desta para o desenvolvimento
“global”. Neste sentido cabe ainda trazer outra referência da obra de Castells (2005, p.18) que
lustra esta percepção:
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A comunicação em rede transcende fronteiras, a sociedade em rede é global, é baseada em redes globais. Então, a sua lógica chega a países de todo o planeta e difunde-se através do poder integrado nas redes globais de capital, bens, serviços, comunicação, informação, ciência e tecnologia. Aquilo a que chamamos globalização é outra maneira de nos referirmos à sociedade em rede, ainda que de forma mais descritiva e menos analítica do que o conceito de sociedade em rede implica. Porém, como as redes são seletivas de acordo com os seus programas específicos, e porque conseguem, simultaneamente, comunicar e não comunicar, a sociedade em rede difunde- -se por todo o mundo, mas não inclui todas as pessoas. De facto, neste início de século, ela exclui a maior parte da humanidade, embora toda a humanidade seja afetada pela sua lógica, e pelas relações de poder que interagem nas redes globais da organização social.
O crescimento das redes sociais digitais e de outras ferramentas de comunicação é
decorrente da necessidade constante do ser humano de interagir e se comunicar com os outros,
fatores característicos da vida em sociedade, que levaram a um investimento e aprimoramento
em melhorias relacionadas a propiciar um crescimento e uma inovação tecnológica muito
grande, rápida e incessante, necessária no mundo atual.
3.2 REDES SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CULTURA EMPREENDEDORA
Segundo Christakis e Fowler (2010), uma rede social é o conjunto organizado de
pessoas que consiste em dois tipos de elementos, os seres humanos que compõem a rede e as
conexões estabelecidas entre eles, mas diferentes de modelos organizados ou hierarquizados,
uma rede social cotidiana real evolui organicamente de uma tendência natural de cada pessoa
buscar ou não conexões.
Duarte Quandt e Souza (2008) defendem que “redes não são, portanto, apenas
uma outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua
força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente”.
Para Gulati (1998), por exemplo, pode-se definir redes sociais como: “um
agrupamento de núcleos (pessoas, organizações) ligado por um leque de relações sociais
(amizades, transferências de fundo etc.) de um tipo especifico”.
Augusto de Franco (2009) de maneira simples descreve as redes sociais uma
estrutura distribuída formada por nós, que geralmente são pessoas e ligações entre nós,
também denominada laço por Granovetter (1973), representando relações entre essas pessoas.
Na teoria de Franco, as propriedades básicas de uma rede são a distância referente ao menor
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número de passos para se chegar de um extremo a outro da rede e a densidade, ou seja,
número de vínculos presentes sobre o total de vínculos possíveis.
No Quadro 1, a seguir, relembrar-se-á Paul Baran, um dos criadores da Internet e
um dos desenvolvedores do conceito de conexões em rede, criador dos “Diagramas de
Barak”. Segundo WU TIN (2010), no diagrama de “Redes Distribuídas” ou Distributed
desenvolvido por BARAN, “o engenheiro identifica múltiplos tomadores de decisão de igual
peso” conforme representada na terceira figura do quadro a seguir:
Quadro 1 – Diagramas de Paul Baran
Fonte: FIEP Paraná 2008, p.1 Apud Paul Baran
No meio virtual as redes sociais além de disporem de ferramentas para sua
constituição, dispõem de mecanismos para organização de conteúdo e principalmente de
informação. De acordo com Zuckerberg, diretor do Facebook, no prefácio que redigiu em
KANTER e FINE (2011, p. 235), “O poder que as mídias sociais fornece é o de protagonizar
e interagir de forma mais veloz na produção e consumo de informações, inovando o processo
de comunicação das sociedades”. A partir desta proposição, entende-se que ao passo que o
processo de comunicação entre a sociedade se torna mais preciso e ágil, o entendimento de
conteúdos, das mais diversas origens, por um número maior de pessoas, se torna processo
vigente no meio, ou seja, tem-se uma nova forma de organização da sociedade. Franco (2009)
traduz a cooperação como um atributo do modo como os seres humanos se organizam.
Nesse sentido, a abordagem do conceito de Netweaving bem como de outros
fenômenos que vem acontecendo com muita frequência como o Clustering o Swarming e o
Smal World Phenomenum, nas redes sociais digitais tem importante papel.
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Netweaving tem sua origem no campo educacional. Segundo Wesley (1974), teve
emprego principalmente no Ensino a Distância (EAD), onde diversos profissionais atuavam
como animadores de rede, visando sobretudo reduzir a taxa de desistência online através de
interações ou provocações motivacionais, ou seja, a atividade desempenhada para ativar ou de
certa forma animar a participação de pessoas em uma rede. Atualmente, o conceito traz uma
perspectiva diferenciada no sentido de que todos os participantes das redes podem
desempenhar o papel de netweaver, para tanto, se faz necessária a compreensão e reflexão
acerca do fato que o netweaver não é o detentor do conhecimento ou do poder, mas é o sujeito
que co-criará o conhecimento a partir de ferramentas diversas na interação com outras pessoas
da rede. Algarra (2009, p. 1) defende que:
Essa mudança epistemológica permite uma nova compreensão sobre a circularidade, que passa de uma “categoria de observação” para uma “postura de interação”, demandando do netweaver uma sensibilidade em perceber os comportamentos verbais e não-verbais dos membros da rede, assim como as nuanças de suas próprias respostas nesse contexto interacional. É importante que o netweaver esteja atento a todos os recursos disponíveis. Quanto mais astuta ou perspicaz for a observação, mais as perguntas poderão estar refinadas para perceber as respostas da rede, e mais próximos e implicados estaremos do grupo.
Os fenômenos Clustering e Swarming ou Swarming Civil são explicados por
Suzuki e Ribeiro (2007) como uma tendência independente da “vontade” de formar
aglomerados com alta capacidade de trocar informações dentro de uma mesma rede e a
capacidade de organizar e sincronizar um grande número de pessoas, respectivamente.
Denominado Small World Phenomenum, Franco (2011,p 1) explica que:
quanto mais aumentarmos a conectividade e o grau de distribuição de uma rede social, menor a distancia entre as pessoas e desta forma menor será o mundo em termos sociais e quanto mais diminuirmos o campo, mais empoderado, empreendedor, inovador e desta forma desenvolvido este será.
Outra teoria bastante difundida acerca deste fenômeno é a teoria dos Seis Graus de
Separação. Martinho (2003) discorre a respeito de dois pesquisadores. O primeiro pesquisador
foi Stanley Milgram, que em 1967 realizou um experimento entregando 160 cartas para
pessoas aleatórias do estado de Nebraska, destinadas a uma determinada pessoa de Boston,
em Massachussets. A única regra era utilizar intermediários que se conhecessem apenas pelo
nome de batismo. A população americana na época era de 200 milhões de pessoas. Ao fim do
experimento 42 cartas chegaram ao seu destino e de acordo com os cálculos de Milgram por
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intermédio de uma média de 5,5 pessoas. O segundo pesquisador foi Duncan Watts que
realizou um estudo para comprovar a teoria de Milgram, onde cerca de 61 mil usuários de 166
países participaram do experimento.
Era similar à empregada por Milgram em 1967. Desta vez, os voluntários tiveram de enviar e-mail a pessoas conhecidas de modo a fazer chegar à mensagem ao alvo especificado. Entre os alvos, encontrava-se um inspetor de arquivos na Estônia, um consultor de tecnologia na Índia, um policial na Austrália e um veterinário do exército norueguês. A pesquisa revelou que, em média, foram necessários entre cinco e sete intermediários para que o alvo fosse contatado, um número bem próximo ao que Milgram identificara 35 anos antes, sem Internet. (MARTINHO, 2003, p. 31)
Os fenômenos estudados pela teoria das redes, de certa forma buscam
exemplificar o resultado de laços e conexões propostas nas teorias supracitadas acerca das
Redes Sociais.
Dentro do tema das Redes Socais existem diversas pesquisas no campo de Redes
complexas que buscam entender e explicar como funciona a natureza onde as propriedades de
um elemento são resumidas às conexões que ele estabelece com outros elementos do mesmo
sistema, conforme Strogatz (2003).
Granovetter (1973), analisando as redes sociais, desenvolve a teoria dos “laços
fracos”, distinguindo entre os laços fracos – constituídos por contatos eventuais ou
esporádicos – e os laços fortes – que se caracterizam por contatos mais intensos e frequentes.
Nesse sentido, o autor elabora sobre o “poder dos laços fracos”. Em sua teoria “quanto fortes
os vínculos estabelecidos pelos indivíduos mais similares estes serão” (GRANOVETTER,
1973, p. 1362). Para ele enquanto vínculos fortes sugerem redes coesas e interconectadas, os
laços fracos sugerem relacionamentos eventuais, superficiais, que foram estabelecidos entre
diferentes redes. Nesse sentido, segundo Granovetter (1973), com laços fortes o indivíduo tem
uma tendência menor de dar inicio a atividades empreendedoras, uma vez que esta rede não é
capaz de articular contatos e informações diversas e diferenciadas das presentes em sua
própria rede. Já os laços fracos são propensos a desenvolver um indivíduo mais
empreendedor. Nesse sentido o estudo elaborado por (VALE E GUIMARÃES 2010, p.237)
discorre o seguinte:
Para Granovetter, os laços, por conectarem o individuo com mundos distantes daqueles existentes no seu próprio, permitem maior circulação e difusão de diferentes tipos de informações... estes seriam mais relevantes no mundo dos negócios. O autor vislumbra o empreendedor como capaz de conectar grupo sociais distintos, compostos por diferentes atores como produtores, vendedores e
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compradores que de outra maneira permaneceriam desconectados.
Em sua segunda obra, o autor desenvolve sua linha de pensamento baseando a
analise do mercado econômico em redes sociais, ou seja, nas interações sociais que os
indivíduos possuem como pressuposto para qualquer atividade econômica. O mesmo conceito
já havia sido utilizado antes por Polanyi (1985), onde a concepção das atividades mercantis e
econômicas, sem considerar as redes sociais nas quais estas ocorrem, é um erro. Pois “da
mesma forma como as relações sociais extravasam as mercantis, as relações econômicas não
podem ser analisadas abstraindo-se as suas raízes sociais”. (VALE E GUIMARÃES, 2010, p.
237) Lançando alguns fundamentos a visão da sociologia econômica, Granovetter (1985, p.
63) destaca “as transações econômicas de todo o tipo estão repletas de conexões sociais”.
Nesta mesma obra, o autor recupera a importância dos vínculos fortes para a atividade
empreendedora. Conforme Mizruchi (2009, p. 152) ”acumulam-se evidências que a ação
humana é afetada pelas relações sociais onde estão imersas”.
Fundadora da Endeavor Global, Linda Hottenberg, em uma palestra realizada
durante o Global Entrepreneurship Congress, que aconteceu no Rio de Janeiro em Março de
2013, afirmou que é através do poder das redes que a Endeavor promove o suporte a
empreendedores de alto impacto fomentando assim uma rede cada vez mais rica de
empreendedores com conhecimento para interagir e trocar experiências a fim de desenvolver
a economia e a sociedade de seu pais. (HOTTENBERG, Endeavor Global – Global
Entrepreneurship Congress 2013)
Segundo Franco (2009), o resultado desses laços ou conexões invisíveis é o
capital social. E o Capital Social, fator sistêmico do desenvolvimento nada mais é do que as
redes sociais.
Nos espaços informais, as redes são iniciadas a partir da tomada de consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores entre seus participantes. Entre as motivações mais significativas para o desenvolvimento das redes estão os assuntos que relacionam os níveis de organização social-global, nacional, regional, estadual, local, comunitário. Independentemente das questões que se busca resolver, muitas vezes a participação em redes sociais envolve direitos, responsabilidades e vários níveis de tomada de decisões. (MARTELETO, 2001, p. 73)
Todos os conceitos desenvolvidos dentro dos estudos das redes sociais findam por
destacar a importância das mesmas para o desenvolvimento e nesse sentido busca-se entender
qual o valor inerente as mesmas. Para Wasserman e Faust (1999), redes são vislumbradas
como canais privilegiados de transferências de recursos que circulam no seu interior, capazes
de dotar seus detentores de condições diferenciadas. Seguindo a teoria de Granovetter (1974),
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as redes mais amplas e diversificadas permitem a circulação de uma maior variedade de
recursos. Para alguns autores estes recursos enraizados nas redes são considerados um tipo de
ativo. Linn (2001, p. 6) defende que os laços e relacionamentos podem ser considerados um
tipo de capital, por representar um “investimento em relações sociais com retorno esperado”,
assim como informações diferenciadas. Vale (2010) elabora o conceito de “Capital
Relacional” defendendo as conexões como um ativo produtivo e mostrou por meio de
pesquisas empíricas a importância do mesmo para as relações econômicas e sociais
organizacionais. No caso particular de um empreendedor, o seu acesso a certos tipos de oportunidade seria canalizado e viabilizado por suas redes de relacionamento. Alguns tipos de redes ou contextos sociais poderiam se mostrar mais adequados que outros. Vários autores vêm demonstrando a importância de redes sociais pré-estabelecidas, inclusive de amigos e parentes, em estágio iniciais do processo de criação de empresas. (VALE 2010 Apud BIRLEY; ZIMMER e ALDRICH, p.326)
Estes princípios se aplicam não somente a criação de empresas, mas também a
outras atividades empreendedoras, conforme o conceito de empreendedorismo que se
desenvolveu na fundamentação teórica desta pesquisa e que será enfatizado no próximo
momento. Antes de findar esta seção trago a luz a outro conceito inovador e que faz
referencia as redes sociais, o conceito de Economia Compartilhada. A economia
compartilhada defendida por (CHIRKY, 2011) se configura por meio das novas ferramentas
de compartilhamento. Segundo ele “ Novas ferramentas possibilitam a oportunidade de criar
novas culturas de compartilhamento e a penas nessas culturas nossas capacidades de
compartilhar terão o valor que podem ter.”(CHIRKY, 2011 p.127) Ainda sobre o conceito de
economia compartilhada, o autor defende que quando menor o custo para compartilhar
conhecimento e informação maior o numero de indivíduos com conhecimento dispostos a
compartilhar. Outro teórico acerca da economia compartilhada que defende seu surgimento
através da compreensão das redes sociais e da interação entre essa foi (TAPSCOTT, 2007)
que define: A medida que os efeitos de interação permeiam a economia, e cruzam com mudanças estruturais profundas como a globalização, vemos o surgimento de um tipo totalmente novo de economia no qual as empresas coexistem com milhares de produtores autônomos que se conectam e criam conjuntamente valor em redes livremente acopladas. Chamamos isso de economia de colaboração. O crowd sorsing é um dos fenômenos da economia compartilhada que utiliza a inteligência e os conhecimento de voluntários espalhados pela internet para resolver problemas criar conteúdo ou desenvolver novas tecnologias. (TAPSCOTT, 2007 p.45)
Nesse sentido compreende-se que além do fomento a inovação e a cultura
empreendedora as redes sócias e no mundo globalizado definem hoje, uma nova forma de
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pensarmos a economia. A cerca do entendimento sobre a economia Coraggio diz que: A economia, em sua expressão mais profunda e abarcativa, é o sistema de instituições e práticas que se dão em uma comunidade ou em uma sociedade de comunidades e indivíduos para definir, mobilizar, ou gerar, distribuir e organizar combinações de recursos (relativamente escassos ou não), com a finalidade de produzir, intercambiar e utilizar bens e serviços úteis para satisfazer, da melhor forma possível e através das gerações, as necessidades que se estabelecem como legítimas para todos os seus membros. (CORAGGIO 2007d, Pág. 71)
Nesse sentido pode-se entender a os fenômenos como formas inovadoras de
empreender utilizando as redes sociais e o capital social nelas intrínseco.
No próximo capítulo desenvolveremos a pesquisa acerca do empreendedorismo
como motor do desenvolvimento no mundo globalizado.
3.3 EMPREENDEDORISMO COMO MOTOR DO DESENVOLVIMENTO
De acordo com os levantamento realizados a cerca do conceito de
empreendedorismo no referencial teórico deste trabalho pode-se concluir que o
Empreendedorismo tem grande afinidade com a inovação. Porter (1992) destaca em sua teoria
que a inovação de produtos bem como dos processos de produção está no coração da
competitividade de um país. Outro autor que discorre sobre este fato é Greco (2010),
conforme mostra o trabalho: Para a atividade empreendedora ocorrer em um país, as oportunidades para o empreendedorismo e a capacidade de empreender devem estar presentes. No entanto, é igualmente importante os indivíduos perceberem as oportunidades de iniciar um negócio no seu próprio ambiente e que são detentores de capacidade necessária para iniciar esse negócio ( LUZ et al, 2012, p. 45 apud GRECO, 2010)
Tendo o fator intrínseco em diversas teorias, Drucker sintetiza o conceito como
espírito empreendedor: A partir do estabelecimento da inovação como fator chave (RAUPP; BEUREN, 2009) para o reconhecimento do espírito empreendedor (DRUCKER, 2010), autores mais contemporâneos como Sarkar (2008) afirmam que a definição de inovação, é o mesmo que atualmente se entende por empreendedorismo. Desta forma, importa esclarecer que o empreendedorismo passa a ser tanto percebido, como medido por meio da inovação, e por isso, embora considerado um termo redundante, vem sendo chamado como “empreendedorismo inovador”. (E-TECH, 2012, p. 141)
O Empreendedorismo Inovador ou Espírito Inovador, na figura do empreendedor
interage com o meio em que está inserido, promovendo desenvolvimento econômico e social
e, acima de tudo, promove através do exemplo, a cultural empreendedora. Nesse sentido:
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muitas das inovações acontecem a partir de iniciativas individuais ou de pequenos grupos com interesses, habilidades e motivação para realizar o novo. O que possibilita reconhecer que muitos dos resultados nestes termos decorrem da existência de um ambiente geral favorável à inovação, ou seja, por meios que a condicionem (TERRA, 2010). Dentre estes aspectos promotores da inovação, destaca-se a importância de criar mecanismos de desenvolvimento e de geração de novas empresas, visto que estes podem resolver muitos problemas sociais, tais como emprego e renda. (E-TECH 2012, p.141)
Um fator muito relevante para o desenvolvimento do empreendedorismo são as
políticas públicas que interferem em setores da economia e infraestrutura dos estados
conforme: A quantidade e a qualidade das oportunidades e capacidades percebidas podem ser impulsionadas pelas condições nacionais, tais como o crescimento econômico, o crescimento da população, cultura e políticas nacionais de fomento ao empreendedorismo (BOSMA; LEVIE, 2010). (LUZ et al, 2012, p. 45)
É preciso que iniciativas voltadas para a capacitação acerca do tema
empreendedorismo sejam tomadas em todos os níveis do ensino, pois: Drucker (2005) confirma que a inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou um serviço diferente. Ela pode bem ser apresentada como uma disciplina, ser apreendida e ser praticada. Os empreendedores precisam buscar, com propósito deliberado, as fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas que indicam oportunidades para que uma inovação tenha êxito. Os empreendedores precisam conhecer e colocar em prática os princípios da inovação bem sucedida. (LUZ et al, 2012, p. 45)
Fayet (2010) defende em sua teoria que a empresa não é a única a inovar e,
portanto, não inova sozinha, pois para que a inovação aconteça deve existir um movimento
geral em busca pelo diferencial e estas fontes de informação, conhecimento e inovação podem
se localizar tanto dentro como também fora da empresa. Contudo o processo de inovação é
um processo interativo, realizado com a contribuição de vários agentes que possuem
diferentes tipos de informações e conhecimento. Revela-se então o conceito de “capital
social”, ou seja, as conexões e fluxos de informações contidas na rede social em questão. A
interação das organizações bem como a animação de uma cultura empreendedora dentro de
toda a empresa passa a ter significado estratégico, enquanto anteriormente essas organizações
eram consideradas apenas administrativas ou gerenciais, hoje são parâmetros de inovação.
A Gestão da Inovação, assim como defende Granovetter (1973) na teoria “o poder
dos laços fracos”, requer a capacidade de integrar e balancear competências relacionadas a
diversas funções da empresa. Para se aplicar e desenvolver uma inovação na empresa,
segundo Fayet (2010), deve-se considerar articulação dos três níveis: estratégico, tático e
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operacional, de forma estruturada conforme as características da empresa, para conectar e
promover integração entre seus empreendedores e o mercado em que atua. A inovação se
manifesta, antes de tudo, pela aprendizagem, pela apropriação e transformação, pelo
empreendedor ou organização, de uma ou várias ideias vindas principalmente de fora, mas
também da empresa.
Em sua obra “Empreendedorismo”, Dornelas (2008, p. 9) acrescenta que:
o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade. A chamada nova economia, a era da internet e das redes sociais, mostrou recentemente, e ainda tem mostrado, que boas ideias inovadoras, know-how, um bom planejamento e, principalmente, uma equipe competente e motivada são ingredientes poderosos que, quando somados no momento adequado, acrescidos do combustível indispensável à criação de novos negócios — o capital — podem gerar negócios grandiosos em curto espaço de tempo.
O Global Etrepreneurship Monitor mais conhecido como GEM, é uma avaliação
anual da atividade empreendedora em ambito mundial, iniciada em 1999 como uma parceria
entre a London Business School e Babson College, o programa de monitaoramento do
empreendedorismo abrange cerca de 69 países que correspondem á 74% da população mudial
e 87% do PIB mundial.
O GEM pesquisa o papel do empreendedorismo no crescimento econômico e
social dos países bem como a atividade empreendedora presente em cada um dos países
pesquisados. Entre os objetivos do GEM estão medir as diferenças no nível de atividade
empreendedora entre os países, descobrir os fatores que levam a níveis adequados de
empreendedorismo e sugerir políticas que podem aumentar o nível nacional da atividade
empresarial. Entre os índices pesquisados pelo GEM estão –Criação de Negócios, levando em
consideração atividades autônomas. – Isenção de expansão de Negócios. – Intenção de
Empreender entre outras. Nesse sentido segundo os pesquisadores do GEM:
Um dos índices medidos pelo GEM é a Atividade Empreendedora Total dos
Países . “A Atividade Empreendedora Total (TEA) é um indicador chave da GEM. Ele mede
o percentual de adultos (com idade entre 18-64) em uma economia, que são novos
empreendedores.” (GEM, 2012 p.15): O principal objetivo que orienta o GEM é medir o envolvimento individual na criação de empreendimentos. Isso diferencia o GEM de outras pesquisas pois a maioris delas mede apenas a criação e mortalidade de empresas. Através da riqueza das mensuráveis do GEM, podemos entender que tipos de pessoas estão participando do empreendedorismo. Captamos ambos os registros formais e informais Essas empresas não registradas, de fato, pode compor até 80% da atividade econômica nos países em
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desenvolvimento. O GEM, adicionalmente, mede aspirações. Estas aspirações podem ser evidente em produtos inovadores e serviços ou na busca de clientes para além das fronteiras nacionais. Eles também podem incluir as ambições de alto crescimento, contribuindo assim de forma mais acentuada para a criação de novos emprego em suas economias....Reconhecendo que os empreendedores são movidos não apenas por suas próprias percepções sobre como iniciar um negócio, mas as atitudes dos que os rodeiam, GEM considera as atitudes que representam o clima de empreendedorismo na sociedade. Os empresários precisam estar dispostos a assumir riscos e ter crenças positivas sobre a disponibilidade de oportunidades ao seu redor, a sua capacidade para iniciar negócios e o valor de fazê-lo. Ao mesmo tempo, eles precisam de clientes que estão dispostos a comprar a partir deles, os vendedores dispostos a fornecê-los e as famílias e investidores dispostos a apoiar os seus esforços. Percepções sociais positivas sobre empreendedorismo podem indiretamente estimular essa atividade.
Além da pesquisa baseada que tem como amostragem a população adulta o GEM
monitora os fatores relevantes a atividade empreendedora através de pesquisas de
especialistas em cada uma destas nove áreas. Conforme (GEM 2012 p.16):
Os dados coletados como parte da Pesquisa Nacional de Peritos GEM (NES) permite a medição de fatores que impactam a atividade empreendedora nacional - os nove Fatores Condicionais do Empreendedorismo (EFCS). Para cada um destes EFCS, são completadas por especialistas selecionados. Com base nesses resultados, os fatores são construídos a fim de resumir as percepções nacionais de especialistas para cada EFC. São eles: Finanças; As políticas do governo; Programas governamentais; Educação e treinamento empresarial; P & D de transferência; Infra-estrutura comercial e profissional; Regulação entrada; Contém dois componentes; (1) dinâmica do mercado; o nível de mudança nos mercados de ano para ano, e (2) a abertura de mercado: a medida em que novas empresas são livres para entrar em mercados existentes; Infra-estrutura física e de serviços; Normas culturais e sociais.
Segundo o GEM o índice TEA combinado com a analise das economias de cada
país, é possível entender o que motiva o empreendedorismo nas mais diferentes economias: Em economias com baixo Produto Interno Bruto – (PIB) per capita, as taxas TEA tendem a ser altas, com uma maior proporção de empreendedorismo motivados por necessidade. Os resultados por nível de desenvolvimento econômico mostram que as intenções empreendedoras são mais altas, em média, nas economias fator-driven ou motivadas por oportunidade (48%), diminuindo significativamente na fase eficiência-driven ou motivada por eficiencia (26%) e, novamente, no grupo orientada para a inovação (11%) . (GEM GLOBAL REPORT 2012, p 5 Tradução da Autora)
Acerca das categorias estabelecidas pelo GEM: Essas categorias são baseadas no Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial (FEM), que identifica fases de desenvolvimento econômico com base no PIB per capita e na participação das exportações compreendendo bens primários. De acordo com a classificação do FEM, a fase fator-driven é dominada pela agricultura de subsistência e as empresas de extração, com mão de obra não qualificada e uma forte dependência das exigências mínimas. O foco dos esforços de desenvolvimento busca a construção requisitos básicos. Na fase eficiência-driven, uma economia tornou-se mais competitiva, com maior desenvolvimento acompanhado pela industrialização e uma maior dependência de economias de escala, com grandes empresas de capital intensivo mais dominantes. Nesta fase os requisitos básico já existem e estão melhorando, e a atenção é então dirigida para o desenvolvimento de
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potencializadores de eficiência. Enquanto o desenvolvimento avança para a fase orientada para a inovação, as empresas tendem a ser mais ricas em conhecimento, e o setor de serviços se expande. Enquanto o empreendedorismo e a inovação são fatores mais dominantes nesta fase, deve-se notar que estas condições dependem de um conjunto saudável de requisitos básicos e potencializadores de eficiência. (GEM GLOBAL REPORT 2012, p 6 Tradução da Autora)
Compreendendo a profundidade da pesquisa desenvolvida pelo GEM pode-se
perceber a relevância dos diferentes fatores de orientação da atividade empreendedora para o
desenvolvimento das economia de um país. A seguir, no Quadro 2, incluir-se-a nesta pesquisa
um demonstrativo desenvolvido pelo GEM acerca categoria das economias segundo seu
último relatório.
Quadro 2 – GEM Economia por Regiões Geográficas e Nível de
Desenvolvimento Econômico:
Fonte : GEM – GLOBAL REPORT 2012
Com o exposto acima pode-se concluir que em sua maioria os países como
Estados Unidos, Japão, Finlândia, Dinamarca Itália e Suécia possuem sua atividade
empreendedora orientada principalmente pela Inovação. Já os países Palestina, Angola,
Nigéria Egito e Paquistão, tem atividades empreendedoras em sua maioria orientadas pela
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necessidade ou oportunidade. Fazendo um panorama entre os assuntos abordados nesta
pesquisa em seguida será apresentando um quadro referente ao acesso a Internet nos países
supracitados, com exceção da Palestina. As informações são provenientes do (ONU -
INTERNATIONAL COMUNICATION UNIUION- REPORT 2011) mesma base de dados
utilizada pelo IBGE Media.
Quadro 3 – Acesso a Internet Países Recorte (A Cada 100 Pessoas)
Fonte: Elaborado pela Autora a partir de (INTERNATIONAL COMUNICATION UNIUION- REPORT 2011)
É possível perceber que o acesso a internet está de alguma forma ligado aos
índices de orientação do Empreendedorismo e consequentemente ao desenvolvimento
econômico de cada país.
De acordo com os dados de uma pesquisa realizada pelo IBGE em parceria dom a
Endeavor Brasil, as empresas de alto crescimento, ou seja, as empresas que possuem um
crescimento maior ou igual á 20% por 3 anos consecutivos, são responsáveis pela geração de
50 % dos novos postos de trabalho por ano no Brasil. Para melhor entendermos esse índice é
importante destacar que as empresas com essa margem de crescimento compõem apenas 1,5
% do total de empresas do Brasil. “ O papel da Endeavor é elevar este numero a medida que
51
não seja mais necessária a existência da organização para promover o “espírito
empreendedor” na sociedade brasileira”.(ENDEAVOR, 2013 p.5)
Outro relatório que embasa o debate do Empreendedorismo como motor do
desenvolvimento socioeconômico em um mundo cada vez mais globalizado é o (DOING
BUSINESS 2013), desenvolvido pelo Banco Mundial e pelo IFC- International Finacial
Corporation, o Doing Business é um relatório que mede a regulamentação dos mercados e o
ambiente empreendedor de cento e oitenta e cinco países do mundo. O Relatório Doing
Buseinnes 2013, mostra que hoje as empresas de países em desenvolvimento encontram o
processo para fazer negócios mais fácil do que nos últimos dez anos. O relatório também
mostra que os governos em todo o mundo tem dado grande passos para melhorar o ambiente
de negócios e para diminuir a diferença entre a qualidade dos regulamentos para
empreendedores, por exemplo pelo fato de no período menor á um ano, 108 economias
implementaram mais de duzentas reformas legais. (DOING BUSINESS 2013)
O Brasil também realiza trabalhos no sentido de facilitar a atividade
empreendedora. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Industria e Comércio Exterior foi
elaborado pelo governo o Portal do Empreendedor: Um das molas propulsoras do desenvolvimento econômico e social do Brasil, a atividade empresarial amplia a capacidade produtiva, gera renda e, consequentemente, melhora as condições de vida dos brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o valor adicionado bruto pelas atividades produtivas (agropecuária, indústria e serviços) ao Produto Interno Bruto do País cresceu, no período de 2005 a 2009, de R$ 1.842.253 milhões para R$ 2.794.379 milhões (em valores correntes), correspondente a uma variação positiva de 51,68%. O Portal do Empreendedor nasce nesse contexto favorável de crescimento para dinamizar ainda mais a atividade empresarial brasileira através de informações de credibilidade e qualidade sobre os mais diversos assuntos direta ou indiretamente ligados ao setor. O portal disponibiliza informações detalhadas sobre os tipos de empresas do Brasil (naturezas jurídicas), como requisitos, benefícios e impedimentos. Constam ainda orientações sobre abertura, alteração, baixa e formalização de empreendimentos, visando criar um ambiente mais propício para negócios no País. Resultado de uma das ações da REDESIM - Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios, o Portal do Empreendedor permite a execução online dos atos necessários à formalização do Microempreendedor Individual, agilizando os procedimentos, visto que evita a necessidade de se deslocar à Junta Comercial e a outros órgãos governamentais afins. (BRASIL, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL E COMERCIO EXTERIOR, 2013)
A nível mundial diversas entidades tem se envolvido na discussão a cerca do
desenvolvimento da cultura empreendedora através da inclusão digital. A Organização dos
Estados Americanos OEA, no documento “Ciência Tecnologia e Inovação: Uma visão para as
américas”, Declarou a busca pela seguridade da igualdade de oportunidades no acesso a
tecnologias e inclusão digital. De acordo com o documento: “Concordamos que a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico
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desempenham um papel impor- tante na criação e sustentação de economias produtivas. Prosseguiremos formulando políticas e diretrizes que apóiem as associações de pesquisas públicas e privadas e promovam sua interação com os setores produtivos, levando em conta os requisitos e objetivos de nossos países. (...) No esforço para reduzir o hiato digital, tanto dentro de nossos países como entre eles,nos comprometemos com a Declaração de Princípios da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação e com a continuidade da implementação da Agenda de Conectividade para as Américas e o Plano de Ação de Quito. Por isso, reafirmamos nosso compromisso de construir uma sociedade da informação enfocada no ser humano, inclusiva e orientada para o desenvolvimento, que esteja inspirada nos objetivos de inclusão social, redução da pobreza e progresso no âmbito de um desenvolvimento econômico e social equilibrado.”(ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS E SECRETRIA EXECUTIVA PARA DESENVOLVIMENTO INTEGRAL ECRITORIO DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2005 . p15 Apud DECLARAÇÃO DE NUEVO LEÓN, 2004, Tradução BRASIL, MINISTÉRIO DE CIIÊNCIA E TECNOLOGIA)
Nesse mesmo documento a OEA identifica a infra estrutura avançada das redes de
informação e de comunicação como essenciais para impulsionar os países da região em
direção a economias competitivas baseadas no conhecimento, defendendo o desenvolvimento
de atividades empreendedoras e a ampliação ao acesso digital.( ORGANIZAÇÃO DOS
ESTADOS AMERICANOS E SECRETRIA EXECUTIVA PARA DESENVOLVIMENTO
INTEGRAL ECRITORIO DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2005)
Tendo findado o desenvolvimento da pesquisa acerca do empreendedorismo como
motor de desenvolvimento no mundo globalizado, será apresentado no próximo capitulo as
principais conclusões e considerações a respeito deste trabalho.
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4 CONCLUSÃO
Sabemos que no mundo globalizado do qual fazemos parte, pessoas se conectam e
fazem trocas constantemente através de suas redes sociais, interagindo com o meio local e
global. O designo desta monografia foi pautada na pesquisa da relevância das redes sociais no
desenvolvimento da cultura empreendedora no mundo globalizado. Sendo este um tema
complexo, com grande abrangência em sua aplicação e campos de pesquisa, é oportuna a
característica inovadora da pesquisa realizada, sendo que a inovação se relaciona diretamente
com escopo apresentado.
A primeira questão levantada fez referencia ao modelos de organização da
sociedade e como a mesma sistematiza formas de incumbir ou determinar sistemas de
organização para campos diversos. Pode-se depreender que a organização bem como
coordenação são frutos das próprias demandas da sociedade e como ela se articula afim de se
desenvolver, mas que é necessário um olhar reflexivo para minimamente compreender o
desenvolvimento destes modelos.
O presente trabalho teve como objetivo especifico contextualizar a Globalização e
a Revolução Digital. Com o avanço da globalização pode-se perceber o aumento da demanda
por melhores ferramentas de comunicação e interação tanto no âmbito social quanto
comercial. Hoje há, sem dúvida, maior intercâmbio, projetos de cooperação, discussões
globais; e a diferença entre os níveis de riqueza dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento vem, gradativamente, diminuindo. O avanço das relações comerciais no
âmbito internacional aproximaram o mundo e as realidades locais já não são mais as mesmas,
criando em todo mundo códigos, tendências e referencias auferindo a hipótese de uma cultura
internacional. As transformações advindas do processo de globalização proporcionaram a
interdependência complexa dando uma nova dimensão ao sistema internacional, marcado pela
despolarização do sistema e pela participação de novos atores subnacionais, ONGs, dentre
outros, como novas formas organizacionais que influenciam as relações Internacionais além
do Estado nação..
Ao passo que os avanços eletroeletrônicos, iniciados a partir da corrida
armamentícia que permeou durante a guerra fria, deram origem a busca pela criação de
inovações tecnológicas e posterior aumento das atividades empreendedoras e inovadoras no
mundo, estabeleceu-se uma nova planificação mundial com origem no fenômeno da
revolução digital. Este abarca todo o desenvolvimento cientifico e tecnológico descentralizado
54
alcançado nos séculos XX e XXI.
A pesquisa demonstrou também que embora ainda existam gargalos, em sua
maioria derivados da baixa infra estrutura nacional e competitividade do setor, freando o
processo de inclusão digital das sociedades, diversos atores da comunidade internacional se
movimentam no intuito de promover esta inclusão e que o Brasil apresenta índices que se
destacam no panorama internacional de utilização de meios digitais.
A partir do exposto, foi possível compreender os conceitos de redes sociais e
redes sociais digitais bem como a importância de ambas para o tema pesquisado. Através da
investigação entendeu-se que o processo de criação das redes sociais digitais foi gerada por
uma demanda da sociedade de se organizar de maneira coordenada e principalmente de
organizar a interação dos fluxos de informação que são gerados a partir das redes. Sobre as
redes sociais debateu-se ainda que embora o conceito seja anterior a própria globalização, ele
adquire uma nova percepção pois só a partir da globalização ele reconhece a independência
enquanto apoia a interdependência. O trabalho em redes de conexões pode conduzir a uma
perspectiva global baseada na experiência pessoal
A revolução digital traz como consequências o ritmo mais acelerado e novas
facilidades tecnológicas, nesse contexto pessoas estão constantemente buscando novas formas
de interagir e gerar conexões uns com os outros. Como foi apresentado na pesquisa, o
conceito de rede surge no contexto social. Pessoas estão compartilhando e cooperando em
redes. O comportamento coletivo que pode ser entendido como cultura, não depende dos
propósitos dos participantes de uma rede social mas é o resultado da função dos graus de
distribuição e conectividade ou interatividade desta rede. Nesse aspecto concluiu-se também
que é papel dos estado se posicionar diante desta nova realidade afim de utilizar as
plataformas de interação e compartilhamento de maneira estratégica.
O presente trabalho teve também como objetivos específicos, reconhecer as redes
sociais como ferramenta de empreendedorismo no contexto da globalização e discutir a
relevância do empreendedorismo para os países em desenvolvimento.
Em relação ao estudo das teorias das redes socais pode-se identificar, através do
estudos de distribuição das redes e da teoria do “Poder dos Laços Fracos” e do
“Embebdness”, que através das redes sociais distribuídas além do aumento da tendência ao
empreendedorismo, a cultura empreendedora tende a ter características inovadoras do ponto
de vista socioeconômico. A pesquisa deixa claro que o principal ativo para a aplicação destes
resultados é o capital social, que diz respeito principalmente a cultura da rede. Outros
conceitos foram apresentados na pesquisa como “small world phenomenum”, “clustering” e
55
“crowdsorsing” dando ênfase a conotação inovadora nas relações comerciais existentes em
novo momento da economia.
Acerca da relevância do empreendedorismo, pode se concluir que para a maior
parte dos autores o tema está diretamente ligado á inovação, uma vez que empreender se
traduz como a busca pelo novo pelo desafio. Iniciativas empreendedoras focadas em inovação
são demandadas em um mundo onde pessoas entendem valor das redes, como um ativo social.
A partir da analise das pesquisas exibidas sobre empreendedorismo em âmbito
global, pode-se visualizar que países com culturas empreendedoras orientadas por
oportunidade ou por inovação traduzem ambientes econômicos diferentes, e que os países
desenvolvidos em sua maioria possuem a atividade empreendedora orientada pela inovação.
Traçado o panorama a cerca do relatório de acesso a internet da União Internacional de
Comunicação, braço de operações das Organização das Nações Unidas, pode-se depreender
que existe relação direta entre os índices de acesso a internet e o ambiente econômico dos
países pesquisados. Nesse sentido o foco em inovação demonstrou ser fator relevante para
elevar as economias dos países em desenvolvimento.
Desta forma alcançou-se a resposta para a pergunta de pesquisa- “qual a
relevância das redes sociais no desenvolvimento da cultura empreendedora no mundo
globalizado?”, e concluiu-se que as redes sociais possuem relevância para o desenvolvimento
da cultura empreendedora nos mais diversos aspectos.
As recomendações que se apresentam, a seguir, caminham no sentido de ampliar,
com novas pesquisas, o estudo feito: Recomenda-se uma analise mais aprofundada do papel
das redes sociais dentro de uma abordagem no âmbito das relações internacionais tendo em
vista as teorias da interdependência complexa; E consequentemente um estudo de quem são
os principais atores subnacionais e OIs envolvidos na promoção da cultura empreendedora,
bem como as agendas e iniciativas realizadas por estes.
.
56
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ANEXOS
ANEXO A Quadro METODOLOGIA GEM – REPORT 2012
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ANEXO B – QUADRO PONTUAÇÃO PAISES/REGIÃO GEM- REPORT 2012
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