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    Kenneth Wieske

    Os uritanos

    SrieLivrosDigitais

    A Reforma HojeE A ECLESIOLOGIA

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    A Reforma Hoje e A Eclesiologia 2012, Editora os Puritanos/Clire

    1 Edio em Portugus outubro 2012 - Edio Digital permido baixar e comparlhar esta publicao digitalmente, seno vedada a repro-

    duo total ou parcial desta publicao por meio impresso, sem autorizao por escrito

    dos editores, exceto citaes em resenhas.

    PALESTRA PROFERIDA PELO PR. KENNETH WIESKE NA II SEMANA DE REFLEXO

    REFORMADA REALIZADA EM ARACAJU-SE, EM 25-29 DE OUTUBRO/2005.

    EDITADO PORManoel CanutoPROJETO GRFICO E EDITORAO CAPA E MIOLO Heraldo F. de Almeida

    Wieske, Kenneth, 2012

    A Reforma Hoje e A EclesiologiaRecife: Editora Os Puritanos/Clire, 2012

    24 p.: 14 x 21 cm

    1. Reforma 2. Eclesiologia 3. Igreja 4. Marcas da Igreja

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    A ReformaHojeE A ECLESIOLOGIA

    Kenneth Wieske

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    A REFORMA HOJE E A

    ECLESIOLOGIA1

    IntroduoA Reforma Protestante do sculo XVI foi primordialmente uma reformateolgica; uma reforma daquilo que a Igreja estava ensinando. No foiuma reforma externa, uma reforma apenas da prtica, mas os reforma-dores colocaram o dedo sobre um assunto fundamental que foi o ensinoda igreja com respeito a uma questo muito importante: Como o peca-dor pode ser salvo. Seria pelas obras, pelo esforo humano? Ou seria por

    pura graa? Quando os reformadores, pela graa de Deus, levantaramde novo a bandeira do puro evangelho pregando a graa, pregando umanova vida recebida, no pela tentativa de se comprar o amor de Deus,mas pelo poder soberano do Esprito Santo, pregando a pura graa deDeus para a salvao, isso trouxe srias consequncias tanto para Igrejaquanto para a sociedade. Vamos avaliar estas consequncias.

    Consequncias da Reforma na EclesiologiaTalvez grande parte das pessoas nunca tenha ouvido esta palavraantes: Eclesiologia. uma palavra bem teolgica, mas possivelmente jtenha ouvido falar da palavra eclesistico. uma palavra que vem dogrego, eclesia. a mesma raiz da palavra eclesiologia que o estudo dascoisas que tm a ver com o conceito de igreja, ou seja, o que a igreja? uma palavra muito simples, mas ao mesmo tempo, bem profunda. Mui-tas vezes ns esquecemos de parar e refletir sobre as coisas importantes.Umas das coisas que poucas vezes pensamos sobre a doutrina da Igre-ja, o que a igreja? Por que a igreja existe? De onde ela vem? Como sedefine igreja?

    1 Transcrio da palestra proferida pelo Pastor Kenneth Wieske na II semana de Reflexo Reforma-da realizada em Aracaju-SE, em 25-29 de Outubro/2005

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    Na poca da grande Reforma foi necessrio nossos irmos parareme estabelecer o conceito de igreja. Por que? Porque pregando a graa de

    Deus contra o ensino falso de Roma de que o homem tem que ganharsua salvao, os reformadores entraram em conflito com a hierarquiaromanista. Entrando neste conflito eles foram esmagados pela mquinaeclesistica de Roma. Em poucas palavras, muitas vezes eles foram joga-dos fora da comunho da Igreja Catlica Romana. Isso foi um choquepara eles. Eles nunca procuraram fundar uma nova igreja. Esta prticaque conhecemos hoje de qualquer pessoa fundar a sua prpria igreja era

    algo desconhecido na mente dos reformadores, porque eles entendiamque Jesus tem uma s noiva, um s corpo, uma s igreja. A questoeclesistica foi muito difcil para nossos irmos na poca da Reformaporque eles no apenas foram colocados fora da comunho com Roma,mas tambm foram perseguidos at morte. Conhecemos o famosomassacre da noite de So Bartolomeu, quando os catlicos Romanosconvidaram muitos reformados em Paris para uma festa de casamento

    do rei e na ocasio mataram milhares e milhares de evanglicos. Foium massacre to grande que o rio que corre no meio da cidade de Parisficou cheio de sangue; por muitos meses os peixes morriam por causade tantos corpos de irmos mortos que ali foram jogados por causa doevangelho. Neste ambiente de perseguio, de derramamento de sangue,no era fcil se levantar e dizer: Eu creio na salvao pela graa somen-te!. Graas a Deus hoje fcil se dizer estas coisas e no custa muito

    a quem assim fala, mas naquela poca custava muitas vezes a prpriavida. Pior que isso, a Igreja Catlica Romana no somente matava com aespada, mas tambm zombava das Igrejas Reformadas dizendo: Vocsno so igreja de Jesus, vocs no so a igreja catlica de todo o mundo,de todos os lugares e de todas as pocas. Ns que somos esta igreja;temos prdios em todas as grandes cidades, somos muitos e vocs soum grupo pequeno, novo e desprezvel.

    Do outro lado havia a chamada Reforma Radical promovida por pes-soas (os Anabatistas) que em vez de retornarem para o padro de vida ede doutrina da Palavra de Deus, procuravam ensinar tudo que era con-trrio quilo que Roma fazia e ensinava. Era uma reao ultranegativacontra Roma; no era uma reforma positiva e conformada s Escrituras.

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    Havia grupos pertencentes Reforma Radical que reivindicavam sera nica igreja pura e verdadeira neste mundo. Diziam que nem Roma

    nem os reformados eram a igreja de Deus.Isso levou a uma situao de grande confuso. Temos de entenderque antes da Reforma, por sculos e sculos, as pessoas s conheciamuma s igreja. De repente surgem grupos em vrios lugares dizendo:Ns que somos a igreja!. E as ovelhas ficavam confusas como con-fusas esto as igrejas dos nossos dias. No meio desta confuso eclesis-tica as igreja fiis, as igrejas verdadeiramente evanglicas, aquelas que

    tinham o evangelho das boas novas e que pregavam a graa de Deus selevantaram e, com seu prprio sangue, escreveram sua confisso de f. triste ver que hoje, ao se falar em confisso de f, as pessoas ficam

    logo tremendo e tapando os ouvidos. Na igreja moderna acha-se queconfisso de f coisa enferrujada, velha, coisa que realmente no temmuito a ver com a igreja dos tempos modernos. Mas devemos nos arre-pender desta atitude errada e antibblica, pois um desprezo ao sangue

    derramado pelos mrtires, nossos irmos do sculo dezesseis, que con-fessavam com convico sua f, a mesma f que defendemos. um des-prezo aos irmos reformados, presbiterianos, congregacionais e batistasdo passado, pois todos ns temos as nossas confisses que datam daque-la poca e que foram escritas com o sangue de mrtires. Essas confissesno foram escritas por telogos que no tinham o que fazer e disseram,bom, vamos entrar em nosso escritrio e vamos escrever uma confisso

    teolgica para atrapalhar a vida da igreja. No! De forma alguma! Essasconfisses sugiram e saram do corao do povo de Deus daquela poca.Homens fiis escreveram bravamente o contedo de sua f, muitas vezesarriscando suas prprias vidas para dizer: A Bblia assim ensina e assimns cremos e pregamos, mesmo que o Papa nos mate e dizime at aoltimo dos nossos homens.

    O que aconteceu? Na Holanda, por exemplo, um pas que abraou aReforma, a Rainha disse: Eu prefiro matar toda a populao para exter-mina a f evanglica; isso para mim mais importante do que a naosobre a qual eu estou governando.

    Em meio a esta confuso, em meio ao caos na sociedade, em meio violncia, as igrejas fiis de Jesus gravaram sua f no papel para teste-

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    munhar aos reis, governadores e sociedade, que era daquela forma queeles criam. Diziam: No somos uma nova igreja, no somos rebeldes,

    no somos antinomianos, no somos pessoas revolucionrias, mas so-mos apenas humildes e simples ovelhas de Jesus; queremos viver umavida santa no poder do sangue de Cristo, uma vida de santificao, umavida de louvor, de fidelidade em nosso casamento, em nossas famliase em nosso trabalho; deixem-nos em paz. Mas a resposta foi espada emais espada, morte e mais morte.

    Neste contexto foram escritas grandes confisses como a Confisso

    Belga em 1561 para ajudar as pobres ovelhas da igreja de Cristo a enxer-gar o estado em que se encontrava a igreja. A pergunta de muitos era:A qual destes muitos grupos que surgiram reivindicando o status de sera igreja verdadeira eu devo me unir?. Nesta Confisso Belga temos oartigo sobre a igreja crist Catlica ou universal. Na verdade, a designa-o de igreja Catlicapertence a ns evanglicos e no aos romanistas!No! Romanistas desculpem, mas esta palavra no pertence a vocs! A

    palavra Catlica significa do mundo inteiro e de todas as pocas e sh uma igreja que se encaixa nesta definio: A igreja do Senhor JesusCristo e no a igreja do Papa.

    Esta Confisso afirma sobre a igreja crist catlica o seguinte:

    Cremos e confessamos uma nica igreja catlica ou universal. Ela uma santa

    congregao e assemblia dos verdadeiros crentes em Cristo, que aguardam sua

    total salvao em Jesus Cristo, lavados por seu sangue, santificados e selados peloEsprito Santo. Essa igreja existe desde o princpio do mundo e existira at o fina.

    Pois Cristo o Rei eterno que no pode ficar sem sditos. Esta santa igreja pre-

    servada por Deus contra o furor do mundo inteiro, mesmo que por um tempo

    parea aos olhos dos homens muito pequena e quase extinta. Assim no perigoso

    reino de Acabe o Senhor preservou para si sete mil pessoas que no dobraram o

    joelho a Baal. Alm disso, essa santa igreja no estar confinada nem limitada a um

    lugar, Roma em particular, nem a pessoas especficas, o papa e os cardeais, mas

    estar espalhada e dispersa pelo mundo inteiro. Contudo, est integrada e unida, de

    corao e vontade, em um nico e mesmo Esprito pelo poder, da f (Confisso

    Belga Artigo 27 A Igreja Catlica ou Universal).

    Essa uma linda confisso que ecoa o ensino bblico. Paulo diz no

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    capitulo cinco de Efsios, que a igreja a noiva de Cristo. Cristo s temuma noiva e no muitas. Esta noiva o corpo de Cristo, diz Paulo em

    1 Corntios 12. Cristo s tem um corpo, e o povo de Deus proclama(Pedro em sua primeira carta no captulo 2) que essa igreja foi redimidapelo sangue de Jesus. Do lado de Deus vista como uma igreja perfeitaagora. Deus pode ver toda sua igreja como ela ser no grande dia, comoser naquele ltimo dia. Ns lemos em Apocalipse 19 sobre aquela noivaque se atavia para as bodas do Cordeiro. Esta noiva a igreja pura, semmcula e sem ruga que so todos os santos, de todos os tempos, e que

    estaro na presena de Deus; uma multido que ningum enumera e daqual ns j fazemos parte.Esta igreja gloriosa j se manifesta no tempo e no espao, j se ma-

    nifesta em nossa vida neste mundo mesmo antes da volta de Jesus. Nopodemos ver esta igreja como uma obra j completa, como uma obra jterminada, pois ainda uma obra em andamento. O apstolo (I Pedro2) fala de uma casa espiritual e cada crente como uma pedra viva deste

    edifcio. linda esta ilustrao e muito proveitosa. Serve para pararmose refletirmos sobre o templo de Salomo. Nos lembramos das normasestabelecidas para a construo daquele grande templo. No local daconstruo no se ouvia o som de nenhuma ferramenta, no se ouvianenhum barulho: Edificava-se a casa com pedras j preparadas nas pe-dreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumentoalgum de ferro se ouviu na casa quando a edificavam (I Re 6:7). Por que?

    Porque todo trabalho de preparao das pedras foi feito l na pedreira.L na pedreira que havia barulho, poeira, caos e confuso; homensgritavam dando ordens, trabalhadores levantavam e arrastavam as pe-dras, mas no local determinado por Deus para a edificao, estava sendoerguido em silncio o majestoso templo conforme o plano de Deus; edevia ser um prdio impressionante e majestoso, para a glria de Deus.

    mais ou menos isto que est acontecendo com a igreja hoje. Estamosns na pedreira, estamos no meio da confuso, do barulho, da poeira quan-do Deus est preparando as pedras para encaix-las cada uma no seu devi-do lugar, no prdio final que a igreja viva do Senhor Jesus Cristo. E quandoEle est nos lapidando e nos preparando, muitas vezes o Senhor tem quetirar alguma coisa que no deve permanecer em nossas vidas e isso, mui-

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    tas vezes, nos di. Porm, Deus faz assim para nos preparar e no adequarpara aquele lugar que ns ocuparemos no edifcio eterno que a Igreja do

    Senhor Jesus Cristo. Esta obra est progredindo at que a ltima pedra sercolocada em seu devido lugar e ento a Igreja ser completa e perfeita.

    Igreja Visvel e Invisvel

    O ensino bblico da Igreja como Deus a v espalhada por todo omundo e perfeita cu, ns podemos chamar de igreja Invisvel. Este o conceito de Igreja do ponto de vista de Deus, mas este conceito no

    pode ser usado como desculpa para no termos compromisso algumcom a igreja visvel. No podemos dizer que cremos em Cristo e por issofazemos parte do Seu corpo, que fazemos parte da igreja invisvel queum dia vai ser manifestada em sua perfeio e ao mesmo tempo usareste argumento para dizer que isso suficiente para dizermos que noprecisamos nos ligar uma igreja local, a uma igreja visvel.

    Muitos acham que pelo fato de pertencerem igreja invisvel no

    precisam ter tanta dor de cabea sendo membros de uma igreja visvel.A Palavra de Deus no Novo Testamento est repleta de ordenanas deDeus dirigida igreja visvel, a igreja militante. Estas ordenanas nose aplicam a uma igreja invisvel. Jesus falou que aqueles que O amamguardaro seus mandamentos. Ele mandou a igreja visvel pregar oevangelho s naes, batizar os convertidos e exercer disciplina sobre osrebeldes, desviados e hipcritas.

    Jesus nos ensina claramente que a igreja seu corpo e ser membrode Cristo significa ao mesmo tempo ser membro do Seu corpo que aigreja. Esse o caminho normal e natural para todos aqueles que Deuschama para ser seus filhos e ter plena unio com Jesus por meio da co-munho com sua noiva, a Igreja. por isso que ns podemos afirmarque fora da igreja, ordinariamente no h salvao. 2No existe cristofora da comunho e do corpo de Cristo, a igreja visvel. Da mesma for-ma que, se tiramos um membro do nosso corpo ele morre, um membro

    2 A Confisso de F de Westminster, cap XXV, Seo II, diz: A Igreja Visvel, que tambm catlicaou universal, sob o Evangelho (no sendo restrita a nao, como antes sob a Lei), consiste de todosaqueles que, pelo mundo inteiro, professam a verdadeira religio, juntamente com seus filhos; o Reinodo Senhor Jesus Cristo, a casa e famlia de Deus,fora da qual no h possibilidade ordinria desalvao (Nota do Editor).

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    sendo tirado do corpo de Cristo ele morrer, porque no far mais partedo corpo do Senhor que a cabea deste corpo.

    Entendendo este ensino bblico, os reformadores disseram o seguintesobre o dever do crente de se juntar igreja:

    Cremos que essa santa assemblia e congregao a assemblia dos remidos e,

    que fora dela no h salvao; por isso ningum, por satisfao egocntrica, deve se

    retirar dela seja qual for a sua posio ou reputao. Todos, porm, so obrigados a

    se juntar e a se reunir a ela, conservando sua unidade da igreja. Devem se subme-

    ter sua instruo e disciplina e tomar sobre seus pescoos o jugo de Jesus Cristo,servindo para a edificao de irmos e irms, conforme os talentos que Deus lhes

    concedeu como membros do mesmo corpo. Para que isso se cumpra eficazmen-

    te, dever de todos os crentes, segundo a Palavra de Deus, se apartarem dos que

    no pertencem igreja e se reunirem a essa assemblia em todo lugar onde Deus a

    tenha estabelecido. Devem faz-lo mesmo que governos, leis e autoridades lhe se-

    jam contrrios, e mesmo que sejam punidos fisicamente ou com a morte. Portanto,

    todo o que se aparta da igreja ou no se une a ela desobedece ordem de Deus(Artigo 28 da Confisso Belga).

    Palavras fortes, mas os que escreveram estas palavras mostraram pe-los seus testemunhos que de fato criam nisto at morte.3

    A Verdadeira Igreja de Cristo

    Se to importante e urgente que todo verdadeiro crente faa parteda igreja de Cristo, precisamos saber onde ela est. Na poca da Refor-ma havia aquela confuso entre a igreja romanista e a igreja da reformaradical (anabatistas) onde todos reivindicavam ser a verdadeira igreja deCristo. Ento os reformadores apontaram trs marcas para ajudar o fielcrente a reconhecer a verdadeira igreja de Jesus e distingui-la das falsas.Essas marcas podem ainda hoje nos ajudar quando estamos hoje no Bra-sil literalmente cercados por milhares de grupos religiosos, de seitas e

    3 Os grandes telogos de Westminster disseram, no sculo XVII: Igreja Catlica Visvel Cristodeu o ministrio, os orculos e as ordenanas de Deus, para a incorporaoe aperfeioamento dossantos, nesta vida, at ao fim do mundo, e pela sua prpria presena e pelo seu Esprito os tornaeficientes para esse fim segundo a sua promessa (Confisso de F de Westminster, cap. XXV, seoIII Nota do Editor).

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    denominaes de todo tipo, cada uma delas oferecendo o caminho paraDeus; oferecendo vida eterna, oferecendo bnos para agora e para a

    vida vindoura. As ovelhas de Jesus ficam confusas e comeam a pularde igreja em igreja procurando aquela que supostamente a igreja fiel.Vamos ouvir mais uma vez o ensino de nossos irmos mrtires do

    sculo dezesseis. Eles escreveram sobre as marcas da verdadeira igreja eda falsa igreja dizendo:

    Cremos que devemos distinguir, pela Palavra de Deus, com diligncia e muito cui-

    dado, qual a verdadeira igreja, pois todas seitas que h hoje no mundo arrogampara si o nome de igreja. No falamos aqui dos hipcritas que se misturam aos

    fiis da igreja, pois embora participem visivelmente da igreja no fazem parte dela.

    Mas falamos do corpo e da comunho da verdadeira igreja que se deve distinguir

    daquelas seitas que se dizem igreja.

    Deve-se distinguir a verdadeira igreja pelas seguintes marcas: Ela pratica a pura pregao

    do evangelho; mantm a pura administrao dos sacramentos segundo Cristo os insti-

    tuiu;exercita a disciplina na igreja para a correo e punio dos pecados. Em sntese,governa a si mesma consoante a pura Palavra de Deus, repudia tudo o que lhe for con-

    trrio e reconhece a Jesus Cristo como nico cabea. Por meio disso pode-se identificar

    com certeza a verdadeira igreja, da qual ningum tem o direito de apartar-se.

    Os que pertencem igreja devem ser reconhecidos pelas marcas dos cristos: eles

    crem em Jesus Cristo como o nico Salvador; fogem do pecado e buscam por

    justia; amam o verdadeiro Deus e o seu prximo sem se desviar para a direita nem

    para a esquerda; e crucificam a carne com as obras delas. No entanto ainda perma-nece neles uma grande fraqueza qual combatem, pelo Esprito, todos os dias das

    suas vidas. Apelam sempre para o sangue, sofrimento, morte e obedincia de Jesus

    Cristo no qual tm a remisso de seus pecados, por meio da f Nele.

    A falsa igreja, contudo, atribui mais autoridade a si mesma e s suas ordenanas do

    que Palavra de Deus; no quer se submeter ao jugo de Cristo; no administra os

    sacramentos conforme Cristo ordenou em Sua Palavra, mas acrescenta e subtrai

    deles o tanto que lhe convm; baseia-se mais nos homens do que em Jesus Cristo;

    persegue aos que vivem de maneira santa, segundo a Palavra de Deus, e aos que lhe

    repreendem os seus pecados, cobia e idolatrias.

    fcil identificar essas duas igrejas e distingui-las uma da outra (Artigo 29 da Con-

    fisso Belga).

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    AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA

    1) A pura pregao do evangelho. No suficiente a igreja ter oevangelho. Que adianta a Igreja possuir a verdade gloriosa de que Jesusmorreu para salvar pecadores miserveis e perdidos, mas no proclamare pregar essa verdade. Uma candeia colocada debaixo do alqueire nodar nenhuma luz para ningum. Ns devemos ver que a marca de umaigreja verdadeira no somente pregao do evangelho, mas a pura efielpregao deste evangelho. Tanto na poca de Paulo quanto na poca

    da Reforma, muitos em nossa poca tambm, andam falando no nomede Jesus. Mas o prprio apstolo Paulo deixa bem claro na sua carta aosGlatas que, se algum vier falando de Jesus, mas pregando verdadesmisturadas com erros, esta pessoa est pregando um outro evangelho.Paulo diz que esta pessoa antema, maldita de Deus.

    Algum poderia questionar: Esta no uma palavra dura da partede Paulo? Estas pessoas no esto falando de Jesus? verdade que elas

    misturam algumas coisas que no so bblicas, mas ser que isso tograve assim? Bem, pense em um copo dgua que lhe oferecido. Vocvem para minha casa e eu lhe ofereo um copo dgua e digo: No sepreocupe, vou colocar s um pouquinho de veneno nesta gua. Voctomaria esta gua? Sei qual seria sua resposta: De forma alguma pastor,ou o Sr. me oferece gua pura ou no tomo nada!. Assim o evangelho, uma questo de vida ou morte!

    A pregao do evangelho fundamental na existncia da igreja nestemundo. Pedrofala em sua primeira carta no captulo 2, versculos 9 e 10:

    Vs, porm, sois raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedade exclusiva

    de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua

    maravilhosa luz; vs, sim, que, antes, no reis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que no

    tnheis alcanado misericrdia, mas, agora, alcanastes misericrdia.

    A igreja proclama o evangelho. Esta a razo fundamental para aexistncia dela aqui na terra. Hoje existem muitas igrejas competindono mercado do dinheiro. A igreja hoje vista como clube social, comoassociao de carter religioso, como prestadora de servios sociais. Um

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    Kenneth Wieske

    dia eu vi em certa livraria um livro exposto com o seguinte ttulo: JesusO Maior Psiclogo Que J Existiu. A igreja tem sido um lugar onde se

    tem ajuda psicolgica da parte de Jesus e, por isso, a membresia vistacomo facultativa. Tudo porque hoje existe na igreja uma viso consu-mista, uma viso de supermercado ou de soverteria. Se este supermer-cado no est atendendo as minhas necessidades, se eu no gosto doatendimento, se no gosto das outras pessoas que esto fazendo compra,se no gosto da moa do caixa, ento, vou pra outro lugar e se eu nogosto de um tipo de sorvete vou escolher outro. Por isso vemos hoje no

    meio evanglico pessoas pulando de igreja em igreja procurando o quemais lhes interessa. Isso tem consequncias terrveis para a fidelidade daigreja de Jesus. Esse grande fluxo de membros entrando e saindo pro-curando aquilo que desejam, faz com que muitos pastores fiquem commedo de proclamar todo o conselho de Deus; eles ficam com medo deofender algum membro e que ele deixe a igreja porque a pregao nolhe agradou ou porque no gostou do culto. Assim sendo, as igrejas se

    esforam ao mximo para se tornarem atrativas para os jovens, para osnovos crentes e para todo mundo. Querendo agradar a todos, muitasvezes as igrejas acabam no agradando a ningum e especialmente noagradando a Deus. Algo de abominvel acontece quando a igreja se mo-biliza para atrair o mpio e agrad-lo oferecendo toda gama de servioe entretenimento.

    A eclesiologia bblica a seguinte: A igreja o povo santo, o povo

    separado do mundo e separado para servir a Deus; um povo separa-do para proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas paraa sua maravilhosa luz. A igreja um corpo, uma assemblia orgnicae, como corpo, os membros no vo trocando de lugar para lugar, maseles ficam onde Deus os colocou. Como membros de uma igreja res-ponsabilidade nossa nos manter em nosso lugar; nossa responsabilidade sair de uma igreja apenas quando ela for infiel na pregao. A tarefaprincipal que a igreja tem de proclamar o santo evangelho ao mundo,aos que esto l fora, mas tambm queles que esto dentro. Tanto paramembros como para o mundo, a igreja proclama o justo juzo de Deus,a justa ira de Deus, e aponta Cristo como nico caminho para escapardo inferno. Infelizmente ns temos esquecido disso e estamos to ansio-

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    A Reforma Hoje e A Eclesiologia

    sos de fazer o mpio se sentir bem que sempre dizemos aos incrdulos:Jesus te ama.

    A igreja hoje como um mdico excntrico. Prescreve uma medica-o dizendo: Voc est com sade, mas tome este remdio! Voc estbem, mas precisa desta cirurgia!. No, a igreja precisa enfrentar o mpioem seu estado miservel perante Deus. Precisa dizer que sem Jesus eleest debaixo da ira de Deus e Jesus no o ama. O homem natural filhoda ira, diz a Bblia em Efsios 2. A igreja precisa pregar que o mpio estem perigo, que precisa correr e jogar-se aos ps de Jesus dizendo: Jesus,

    tem misericrdia de mim, pecador. S assim ele ter vida e vida parasempre. Ao mundo, a igreja tem o papel de anunciar a ira e o juzo deDeus para levar pessoas vida e paz. Aos os membros, a igreja procla-ma o evangelho que edifica e molda suas vidas fazendo-os crescer emsantidade e se conformando imagem do prprio Senhor Jesus Cristo.

    Infelizmente, hoje no temos muito desta distino no ensino daigreja porque quase no h distino entre o mundo e a igreja. Vemos,

    no somente a igreja dizendo aos mpios que tudo est bem e que Jesusos ama, mas tambm dentro da igreja vemos o humanismo crescer. Seolharmos as estatsticas, veremos que a taxa de divrcio no meio evan-glico proporcionalmente maior do que no meio Catlico Romano.A ns que somos seguidores de Jesus, Ele nos diz: Se algum me ama,este guarda meus mandamentos. E um de seus mandamentos : O queDeus ajuntou, ningum os separe.

    Vemos uma verso perversa daquele jogo de cadeiras musicais, masno cadeiras musicais e sim de camas musicais. No meio evanglicovemos homens trocando frequentemente de esposa e s vezes at usan-do a desculpa de que fez isso porque tiveram uma revelao de Deusque dizia que eles fizessem isso. Ser que Deus se contradiz? Ser que secontradiz Aquele que diz aborrecer o divrcio? Ser que Ele vai profe-tizar que ns devemos deixar a mulher da nossa mocidade? Bem, issoe s um exemplo. Poderamos multiplicar os exemplos. Mas ns, igrejaevanglica, precisamos nos olhar no espelho; precisamos nos olhar noespelho da Lei de Deus e confessar o mundanismo que muitas vezes esttomando conta da igreja de Cristo. Estamos nos contentando com cultosbonitos, msicas alegres que nos trazem bem estar. Estamos dizendo

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    Kenneth Wieske

    que uma beno o dom da comunho dos santos. Mas no uma ben-o se esta comunho apenas uma fachada, se apenas uma camada

    rasa, mas na essncia nossas vidas no so transformadas em todos osseus aspectos pelo poder do evangelho pregado.

    2) A ministrao correta dos Sacramentos. A pura pregao doevangelho tambm nos leva segunda marca de uma igreja verdadeira:A administrao correta dos sacramentos. Jesus nos deu ferramentas emeios para guardar a igreja contra o mundanismo.

    Em parte os sacramentos servem para isso porque eles definem quemfaz parte e quem no faz parte da igreja. Mas os sacramentos esto sendonegligenciados e desprezados em nossos dias. No meio evanglico, deum lado existem igrejas que praticamente tiraram todo significado dossacramentos e do outro lado, vemos, s vezes, uma prtica to supersti-ciosa que chega a ser Catlica Romana. Vemos isso na prtica absurdade algumas igrejas carismticas enterrarem os elementos que sobraram

    da Santa Ceia depois da celebrao. Isso puro romanismo mstico.

    O Batismo

    A Bblia diz em Colossenses 2:11: Nele, tambm fostes circuncidados,no por intermdio de mos, mas no despojamento do corpo da carne,que a circunciso de Cristo. Isso nos ajuda a entender qual a essnciae o significado deste sacramento porque a circunciso sempre foi um

    sinal, uma marca da parte de Deus para confirmar a promessa da suaaliana com seus filhos. Pela administrao da circunciso Deus falavaque aquela pessoa no pertencia ao mundo, mas ela estava sendo san-tificada, separada do mundo para o servio de Deus. A circunciso erauma marca de que essa pessoa fazia parte do povo do pacto, o povo queestava em aliana com Deus. Fazendo parte deste povo o crente tinhatodas as ricas promessas de Deus. Deus lhe dizia: Eu sou teu Deus e vssois meu povo.

    Mas hoje as pessoas tratam o batismo com se fosse uma declaraoda parte do homem a Deus; at dizem: Eu vou me batizar. E como tudoparece depender do homem, o batismo tambm perde valor quando baseado em ns, em nossas decises. Muitas pessoas se batizam e se

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    desviam, mas depois voltam dizendo: Desta vez vou me batizar mesmo,esta vez vai ser pra valer. Na igreja que fiel Palavra e administrao

    do sacramento do batismo, a administrao do sacramento um sinalda aliana de Deus. A pessoa batizada recebe sobre ele a marca e sinalde Deus. Ele diz: Esta pessoa pertence a mim; a esta pessoa dou todasas minhas promessas de vida, de perdo, de justificao, de santificao.Esse batismo uma testemunha. Mesmo que o membro batizado caiaem pecado ou se desvie, o batismo continua sendo sinal e lembranapara esta pessoa.

    O batismo lembra tanto das promessas de Deus que, por meio da fe arrependimento, Deus promete vida para o batizado, como tambmo batismo lembra ao membro batizado que Deus fiel Sua aliana.Mas Deus no fiel somente s promessas de beno, tambm fiel naspromessas de maldio sobre os infiis e incrdulos. Ns gostamos defalar que Deus fiel e vemos esta frase escrita at nos carros, nas lojase em outros lugares. Sempre estamos pensando em beno quando di-

    zemos que Deus fiel. Mas Ele fiel tanto s suas promessas de benoquanto s suas promessas de maldio. Devemos nos lembrar que Deusfoi um Deus fiel no paraso antes da queda. Ele disse a Ado: Eu soufiel. Vivendo em obedincia vivers, mas comendo da rvore proibidacertamente morrers. E Deus foi fiel a esta palavra.

    O batismo testifica disso. Jesus, em Mateus 8:11-12, diz que os filhosdo Reino so os filhos da aliana, pessoas batizadas, pessoas que pos-

    suem o sinal que o identificam como participantes do povo de Deus.Aqueles que no continuaram perseverantes na f sero lanados nastrevas exteriores porque nunca tiveram o batismo do corao. O batis-mo nunca vai parar de testemunhar, ou em favor, ou contra aqueles quecumpre estas coisas. O batismo sempre ser uma declarao divina.

    A santa Ceia

    A santa ceia tambm em nossos dias tem se tornado uma declaraodo crente e do homem. Muitas vezes no meio evanglico contempor-neo ns pensamos que quando tomamos os elementos da Ceia estamosdizendo, por isso, que somos pessoas que no esto em pecado, que es-tamos bem com Deus, que merecemos comungar com Ele na Sua mesa.

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    Muitos parecem declarar nesta mesa que so pessoas boas e no estovivendo em pecado. Mas a igreja fiel e verdadeira administra e pratica os

    sacramentos de uma forma corretamente bblica e pura quando afirmaque os sacramentos so declaraes da parte de Deus a ns crentes. Elenos consagra ao seu servio nos separando do mundo pelo batismo enos fazendo participantes da sua aliana. Por causa disto ele nos convidaa compartilhar do corpo e do sangue de Cristo e que isso no dependede ns, mas sim dele.

    Nos lembramos da pscoa, da sada do Egito e o significado da refei-

    o pascal que os israelitas comeram: O sangue do cordeiro morto nossalvou da morte e a carne deste cordeiro vai nos dar forca para cami-nharmos terra prometida. De uma forma mais intensa o significadoda santa ceia uma declarao de Deus dizendo: Meu Filho derramouaquele sangue e salvou os crentes e os e protege da ira vindoura de Deuscontra o pecado do mundo. Com o sangue e o corpo de meu Filho eualimento os crentes no caminho que leva cidade celestial, a nova Jeru-

    salm!.Muitas vezes pensamos que s no Antigo Testamento Deus mostravasua ira e seu juzo no meio da igreja De fato muitas vezes ns corre-mos o perigo de cair na heresia antiga de Marcio que ensinava que oDeus do Antigo Testamento era diferente do Deus do Novo Testamen-to, que o Deus do Antigo Testamento era muito chato e sempre estavapraticando e falando violncia; que matava para exercer juzo. Por isso

    pensamos que o Deus do Novo Testamento um Deus diferente, umDeus de amor. Que heresia terrvel! Isso no verdade. Em 1 Corntios11, na igreja neotestamentria, quando a santa ceia no era administra-da de uma forma pura Deus caiu sobre esta igreja de Corinto com suaira e matou vrios membros porque eles no estavam cultuando em san-tidade, no estavam celebrando a Santa Ceia em santidade e correo.

    Na igreja moderna poucas so as desejam batizarqualquer pessoaque entra no culto, claro. Mesmo algum que entre em uma igreja pe-dindo para ser batizado, esta igreja normalmente vai dizer que precisaconhecer essa pessoa e sua vida; que precisa saber se realmente a pessoatem uma vida que mostra frutos dignos de arrependimento e frutos deuma verdadeira converso; precisa pelo menos um pouco de tempo de

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    discipulado para que ela entenda o que ser membro de uma igrejae conhea a doutrina bblica, ento, ela poder se tornar um membro

    batizado. O batismo no oferecido toa mesmo pela igreja moderna.Deus nos chama a ministrar a Santa Ceia em santidade. A Ceia somente para pessoas que esto em comunho com Deus e comunhocom a igreja fiel de Jesus. Quantas igrejas hoje esto oferecendo a Ceiaa qualquer pessoa que entra no templo! Isso lastimvel! O que Deusacha disso? Os elementos da Ceia que falam do santo sangue e do santocorpo de Senhor Jesus Cristo s vezes esto sendo recebidos por pessoas

    que nem so evanglicas ou esto talvez em pecado, ou talvez venhamde uma outra igreja onde esto debaixo de disciplina. Porm elas nofalam disso e so desonestas. Portanto, cabe a igreja evanglica refletirmais sobre esta prtica que ns temos hoje em dia. Estamos presencian-do muita confuso acerca do sacramento.

    Muitas igrejas que se dizem evanglicas esto imitando os errosda igreja medieval; esto criando a cada dia mais sacramentos novos;

    criando vrios pseudo-sacramentos como a igreja de Roma na idademdia. Basta ligar a televiso e vamos presenciar igreja que se dizemevanglicas, que esto cada vez mais cheias de supersties. Algumasdelas colocam uma cruz de madeira no templo e o pastor diz: Passepor baixo desta cruz e ficar protegido contra o mal. Igrejas vendemleo ungido aos pobres, vendem sabonetes abenoados, chave abenoa-da, gua abenoada e todo tipo de coisa. Estes pseudo-sacramentos so

    miserveis tentativas de procurar a segurana da salvao e a seguranado amor de Deus, mas nunca vo alcanar o objetivo.No entanto, a verdadeira igreja se contenta e fica satisfeita com a

    verdade. No precisamos inventar novidade, pois Deus em Cristo nosprovidenciou tudo que precisamos nos sacramentos que Ele mesmo es-tabeleceu. Por isso a verdadeira igreja que est administrando os sacra-mentos de uma forma correta, pura e bblica no concede os sacramen-tos a pessoas descrentes.

    3) Disciplina Eclesistica. As marcas da igreja so a pura pregaodo evangelho, a pura administrao dos sacramentose em terceiro lugara disciplina eclesistica. De fato quase impossvel a igreja ter uma pura

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    pregao do evangelho e uma pura administrao dos sacramentos semter uma disciplina bblica. Afirmamos isso por trs razes:

    A disciplina bblica, em primeiro lugar, busca a salvao do pecador.Paulo falou aos corntios que eles deveriam entregar a Satans o pecadorque havia naquela igreja para que a alma dele fosse salva. At a excomu-nho que o ltimo passo da disciplina e que coloca algum fora da co-munho da igreja, um ato que busca o eventual arrependimento destepecador. A esperana da igreja no se livrar de um problema. No, aesperana da igreja que o pecador enxergue o perigo no qual ele est.

    Ele colocado fora da comunho dos santos da igreja de Jesus, fora doreino dos cus, para ver as consequncias disso em sua vida. Jesus disseque aquilo que os presbteros desligarem aqui na terra, Deus desligarianos cus e o que eles ligarem na terra Ele ligaria nos cus. A esperana que este pecador enxergue seu perigo, confesse seu pecado e corra devolta para comunho da igreja de Jesus.

    A disciplina bblica busca a salvao do pecador, e, com isso, busca a

    proteo e pureza da igreja em primeiro lugar. A disciplina bblica pro-cura em seu cerne, a glria de Deus; este o significado mais profundoa disciplina: a glria de Deus. A disciplina no deve ser vista como algoque destri o pecador, mas o exorta a retroceder a Deus. Lemos em He-breus 12,5: e estais esquecidos da exortao que, como a filhos, discorreconvosco: Filho meu, no menosprezes a correo que vem do Senhor, nemdesmaies quando por ele s reprovado.

    A disciplina bblica manifesta o amor de Deus. Podemos verisso tambm em Ap 3:19 Eu repreendo e disciplino a quantosamo. S, pois, zeloso e arrepende-te. Mas o conceito de que disci-plina amor, coisa desconhecida na igreja de hoje, mesmo nomeio de muitas igrejas que se chamam evanglicas e que achamque so fiis Palavra de Deus. desconhecido o conceito de quea disciplina bblica amor.

    Ns temos que parar e aprender que a disciplina faz parte do amorde Deus pelo pecador no querendo que ele permanea em seu pecado.Para a falsa igreja, a disciplina no algo importante. A falsa igreja achabom que nela haja muitas idias e prticas diferentes; para ela tudo isso saudvel. A falsa igreja no quer gastar energia e esforo para disciplinar

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    pecadores, para cham-los ao arrependimento e vida. A falsa igrejaprefere gastar seu esforo e energia perseguindo os filhos de Deus, os

    que so fiis Palavra de Deus.

    1) O primeiromotivo da disciplina o amor de Deus para com opecador desejando suasalvao. No h amor na igreja que deseja pas-tores e presbteros que no exeram disciplina.

    2) O segundomotivo da disciplina eclesistica, no somente

    a salvao do pecador, mas a pureza da igreja. A igreja quedisciplina est protegendo a vida da congregao. Isso tambm uma prtica desconhecida. Hoje desconhecemos o ensino b-blico de que a ira de Deus cai sobre a igreja inteira por causa depecado no tratado no meio dela. Talvez muitos estejam pensan-do: Pastor isso um pouco exagerado, Deus vai cobrar de cadapecador seu prprio pecado. Todo corpo sofre e isso parece uma

    novidade, mas no . A Bblia fala disso e Paulo falando da igrejade Corinto diz que l muitas pessoas esto morrendo porque acongregao est desprezando a mesa do Senhor e ocultando opecado em seu meio.

    Vemos uma ilustrao muito importante no captulo 7 de Josu.L temos a histria de Ac, um soldado que rouba e esconde coi-sas condenadas. Deus fala a Josu quando ele est abalado chorando

    porque o povo foi derrotado pelo exrcito de Ai. Deus no diz: Jo-su, Ac pecou contra mim. Mas Deus diz a Josu que os filhos deIsrael prevaricaram contra Ele. Quem pecou? verdade que foi osoldado Ac, mas a palavra de Deus diz que foram os filhos de Deusque prevaricaram nas coisas condenada e a ira de Deus se acendeucontra seu povo porque no meio do arraial havia pecado no resol-vido. O pecado de um o pecado de todos. Deus matou Ac e suafamlia para tirar a impureza do meio do Seu povo.

    Deus Deus. O Deus da poca de Josu o mesmo Deus de hoje equando h pecado no meio da igreja tenha certeza que a mo de Deuspesar sobre ela. Esse o segundo motivo da disciplina bblica: a prote-o e a pureza da igreja.

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    3) Em terceirolugar, a disciplina eclesistica busca a glria de Deus.De fato a disciplina eclesistica mostra que a igreja est falando srio.

    Mostra a gravidade de se ter os sacramentos e a pregao da Palavra semdisciplina eclesistica. impossvel a igreja administrar os sacramentosde uma forma pura e pregar a palavra de Deus fielmente sem disciplina,porque sem disciplina a igreja est dizendo com seus atos que as coisasque ela est falando no so coisas srias e verdadeiras.

    Quando uma igreja tolera pecados morais e doutrinrios em seumeio, ela pode pregar e administrar os sacramentos tanto quanto quiser,

    mas na verdade est dizendo, com seus atos, que tudo que aquilo que faze diz no so coisas importantes. Deus nos chama a uma vida de santi-dade e nos deu os sacramentos para confirmar e nos assegurar seu amor.Mas se ns administramos o batismo a um casal recm chegado queest vivendo em adultrio estaremos, atravs dos nossos atos e falta dedisciplina, destruindo todo o ensino sobre a pureza na igreja. Se prega-mos uma vida de santidade e deixamos uma certa pessoa de destaque na

    igreja sem ser incomodado porque um bom contribuinte, estaremosdesfazendo aquilo que ns pregamos.Quero dar uma ilustrao. Tenho um filho de nove anos. Imagine

    que ns estamos andando l nas montanhas em algum lugar. Eu seique h um abismo nossa frente, mas eu me sento numa pedra paradescansar. Meu filho vai andado descuidadamente, mas eu digo-lheque pare porque tem um abismo sua frente. Eu falo isso, mas ele

    comea a andar mais e mais perto do abismo. Imagine se eu no fizernada. A falta de uma disciplina coerente no vai fazer sentido nacabea do meu filho. Ele vai se aproximando cada vez mais daquelelugar e eu no fao nada. De fato isso que fazemos com o pecador.Ns o amamos, mas no queremos incomod-lo ou constrang-lo,por um motivo ou outro; talvez porque ele algum que tem umafamlia muito ligada ao pastor ou porque ele uma pessoa impor-tante para algum grupo da igreja; ento pensamos que isso amor.Ns amamos tanto essa pessoa at v-la cair no abismo do inferno; isso que vai acontecer porque Deus diz que aquele que permanecerno pecado vai morrer para sempre. Melhor a ferida causada por umamigo do que um beijo dado por um inimigo.

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    A Bblia diz no livro de Provrbios que at a misericrdia do mpio cruel. E assim na igreja infiel; a misericrdia que ela demonstra muitas

    vezes uma misericrdia cruel.A marca do verdadeiro amor a disciplina fiel e bblica. Deus glori-ficado quando Sua palavra pregada e aplicada. E quando essa pregao a aplicao da disciplina, desvia o homem do caminho do inferno etransforma esse fraco pecador em um fiel servo de Deus.

    Destacamos trs marcas de uma Igreja fiel. Mas queremos terminarcom uma pergunta: Onde est a igreja verdadeira? Quando falo sobre

    esse assunto, muitas pessoas ficam pensando: Bom, ele vai agora in-dicar alguma denominao. Mas ser que conhecemos uma igreja queest manifestando perfeitamente as marcas de uma igreja verdadeira?No conhecemos. No existe igreja na face da terra que perfeitamenteesteja cumprindo estas marcas porque ela no vai existir antes da suaglorificao. Quando Jesus voltar, a igreja sempre vai manifestar fraque-za na aplicao destas marcas e no podemos encontrar uma igreja onde

    no se v nenhum erro. A mesma coisa acontece com as marcas do cren-te. Vemos que o crente tem certas marcas, mas nenhum cristo nestavida vai chegar a manifestar perfeitamente todas essas marcas. Mas elese esfora para isso. A mesma coisa com a igreja de Cristo.

    As marcas da verdadeira igreja no existem para atacamos outras igrejas,outras denominaes que no so as nossas, dizendo: Bom, eles no tmessas marcas. As marcas da verdadeira igreja no existem para denegri ou

    desprezar outros grupos. Em primeiro lugar as marcas da verdadeira igrejadevem se aplicar nossa prpria vida, nossa prpria comunho, nossaprpria congregao. Devemos pregar a Palavra de Deus como se olhsse-mos no espelho e perguntssemos: Ser que cada um de ns est procu-rando manifestar estas marcas em suas vidas pessoais? Ser que estamosmais do que nunca querendo estar em comunho com a verdadeira igrejade Deus? A igreja no uma instituio humana, no o nome de umadenominao apenas, mas, a igreja Catlica do Senhor Jesus Cristo a as-semblia de todos aqueles que confiam no Senhor Jesus para sua salvao equerem se submeter a Cristo em todas as coisas.

    Qual o motivo que faz com que nos me congreguemos a uma igre-ja? O motivo principal deve ser que ns desejamos, como o salmista no

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    Salmo 16, estar em comunho com os santos debaixo da santa pregao,debaixo das boas novas de Jesus Cristo.

    Quanto aos santos que h na terra, com eles que est meu prazer.Esse o fundamento e a essncia da nossa membresia igreja. Ou serque tem outras coisas nos ligando a nossas igrejas? Ser posio, poderou influncia? Ser que estamos querendo a membresia da igreja segun-do o ensino da palavra de Deus? Pode at ser uma igreja fiel, mas pos-svel fazermos parte desta igreja pelos motivos errados.

    Cristo disse: As minhas ovelhas reconhecem a minha voz e me se-

    guem. Onde ouvimos a voz do Bom Pastor? No plpito, porque a pre-gao da Palavra de Deus a Palavra de Cristo; ali onde a voz Dele ouvida. Ele fala estas palavras doces conosco atravs do plpito. Alidevemos estar a qualquer custo, mesmo se significar perder tudo. Ondea Palavra est sendo pregada de uma forma pura, onde est sendo seladacom a pura administrao dos sacramentos e onde est sendo aplicadaem nossas vidas e dos nossos irmos, a temos uma igreja verdadeira.

    Desta igreja devemos fazer parte a qualquer custo, porque teremos overdadeiro amor e a plena obedincia aos mandamentos do Senhor.Amm.

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    Edio Digital ospuritanos.orgFacebook/ospuritanos.org

    A Reforma Protestante do sculo XVI foi primordialmen-te uma reforma teolgica; uma reforma daquilo que aIgreja estava ensinando. No foi uma reforma externa,uma reforma apenas da prtica, mas os reformadorescolocaram o dedo sobre um assunto fundamental quefoi o ensino da igreja com respeito a uma questo muito

    importante: Como o pecador pode ser salvo. Seria pelasobras, pelo esforo humano? Ou seria por pura graa?Quando os reformadores, pela graa de Deus, levanta-ram de novo a bandeira do puro evangelho pregando agraa, pregando uma nova vida recebida, no pelatentativa de se comprar o amor de Deus, mas pelo podersoberano do Esprito Santo, pregando a pura graa deDeus para a salvao, isso trouxe srias consequnciastanto para Igreja quanto para a sociedade. Vamos avaliar

    estas consequncias.Palestra proferida pelo Pastor Kenneth Wieske na II semana deReflexo Reformada realizada em Aracaj, SE, em 25-29 deOutubro/2005Kenneth Wieske pastor e serve as Igrejas Reformadas do Brasil naplantao de igrejas e preparao de oficiais. Ao mesmo tempo,trabalha para iniciar um seminrio confessionalmente reformado emRecife.

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