a psicologia do mundo mágico de mauricio de sousa

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES CAMILA FRANCO DE CARVALHO BERANGER RGM 52143 LETÍCIA TIEMI YAJIMA FRANKLIN FERREIRA RGM 39108 PATRICIA TONI FIRMINO RGM 53288 A PSICOLOGIA DO MUNDO MÁGICO DE MAURICIO DE SOUSA

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Page 1: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

CAMILA FRANCO DE CARVALHO BERANGER RGM 52143LETÍCIA TIEMI YAJIMA FRANKLIN FERREIRA RGM 39108

PATRICIA TONI FIRMINO RGM 53288   

           

A PSICOLOGIA DO MUNDO MÁGICO DE MAURICIO DE SOUSA

                

 

  

Mogi das Cruzes, SP2008

Page 2: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

CAMILA FRANCO DE CARVALHO BERANGER RGM 52143LETÍCIA TIEMI YAJIMA FRANKLIN FERREIRA RGM

PATRICIA TONI FIRMINO RGM 53288  

           

A PSICOLOGIA DO MUNDO MÁGICO DE MAURICIO DE SOUSA

    

     

Orientadores: Profa. Luci Bonini Profo Sérsi Bardari

  

   

Mogi das Cruzes, SP2008

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Pré-projeto apresentado ao Curso de Comunicação Social Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes como pré-requisito da disciplina Projeto de Produtos e Processos Midiáticos

Page 3: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Sumário

1 Introdução .............................................................................................................. 4

2 A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa ..................................... 7

2.1 História das histórias em quadrinhos ...................................................................... 7

2.2 História da animação ..................................................................................................... 9

2.2.1 História da animação no Brasil ................................................................... 10

2.3 Histórias em quadrinhos e educação infantil .................................................... 12

2.3.1 Limites e possibilidades do uso pedagógico das histórias em qua-

drinhos ............................................................................................................................................ 15

2.4 Mauricio de Sousa ........................................................................................................ 18

2.4.1Biografia ................................................................................................................ 18

2.4.2 Turma da Mônica .............................................................................................. 20

2.5 Resenhas dos livros de pesquisa e autores utilizados ................................ 24

2.5.1 Fadas no divã .................................................................................................... 24

2.5.2 A educação está no gibi ................................................................................ 25

2.6 Jean Piaget ...................................................................................................................... 26

3 Resultados ................................................................................................................................. 28

Considerações Finais ............................................................................................................... 31

Referências ................................................................................................................................... 31

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Page 4: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

1 Introdução

O tema de nosso projeto é A psicologia do mundo mágico de Mauricio de

Sousa. Acreditamos, antes de tudo, estar prestando uma homenagem ao desenhista

Mauricio de Sousa, que viveu na região de Mogi das Cruzes.

Este estudo tem importância fundamental para alunos do Curso de

Comunicação Social, principalmente Jornalismo, uma vez que as personagens de

Mauricio de Sousa estão presentes em uma série de veículos de comunicação

voltados para crianças e até mesmo em outros tipos de publicação e em publicidade.

Além dos gibis das diversas personagens, tirinhas são publicadas em suplementos

infantis que circulam encartados em jornais e diversas partes do país e do mundo.

Também no mundo audiovisual, as criações de Mauricio estão presentes e já

protagonizaram vários longas-metragens exibidos no cinema.

Compreender o modo como as crianças recebem as informações veiculadas

pelas histórias das personagens do Mauricio de Sousa contribui em muito para a

formação do comunicólogo que pretende atuar em veículos de comunicação

voltados pra crianças. Este estudo poderá contribuir também com os professores de

ensino fundamental, porque muito desse material é utilizado em sala de aula, para

facilitar as atividades didáticas. A pesquisa ajudará na nossa formação para que

possamos compreender as mídias infantis e, posteriormente, estarmos mais bem

preparadas para trabalhar com elas.

Temos como objetivo geral da pesquisa estudar a influência e a contribuição

das personagens de Mauricio de Sousa na formação psicológica e na subjetividade

da criança. Os objetivos específicos são analisar o perfil psicológico das

personagens com base em bibliografia específica. Elaborar atividades educacionais

a partir da leitura e histórias em quadrinhos e desenhos animados da Turma da

Mônica, tomando por base conceitos pedagógicos e também descrever como as

crianças reagem após as atividades, com base nos conceitos da psicologia do

desenvolvimento.

A metodologia desta pesquisa é o Estudo de recepção, pois se pretende

estudar A Psicologia do Mundo Mágico de Mauricio de Sousa. Utilizamos pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, análise de artigos jornalísticos e publicitários.

Nossa pesquisa almeja conseguir entender o quanto crianças se identificam com as

4

Page 5: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

personagens da Turma da Mônica. São crianças de 5 a 6 anos que irão assistir ao

filme “Baile Frank” e fazer uma atividade de desenho sobre o que mais gostaram

nele. Vamos buscar reconhecer por meio dessa atividade de que forma os temas

presentes no desenho, como ciúme e exclusão social, são percebidos pelas

crianças. A idéia é observar se elas têm ciúme dos colegas, dos professores e como

lidam com tal sentimento. Pedimos a professora um breve relato sobre o

comportamento de casa aluno, de modo a poder fazer algumas inferências a

respeito dos conflitos emocionais de cada um. Com isso visamos saber de que

maneira esse mundo mágico que Mauricio de Sousa criou pode influenciar as

crianças.

Nosso trabalho constituiu-se em, inicialmente apresentar para as crianças o

vídeo “Baile Frank”, cujo enredo aborda a seguinte história: No laboratório, Frank

conhece mais uma das pretendentes que seu “pai” havia arrumado para ele, mas

como todas as outras, ela se assustou com o monstrinho verde. Um dia Frank

caminhava pela rua e encontrou Mônica que estava magoada por não ter uma

companhia para o baile que Carminha Frufru daria. Eles viram que tinham muito em

comum e Mônica resolveu convidá-lo para o baile. Todos ficaram de boca aberta ao

ver Mônica com Frank. Na festa ela encontra Cebolinha, que havia negado seu

convite para irem ao baile juntos. Eles acabam brigando e todos riram da garota.

Frank, tomando as dores de sua nova amiga, causou o maior tumulto. Mônica

desmaiou e o monstrinho fugiu com ela em seus braços. A turma toda se reuniu para

salvá-la. O pai de Frank o apresenta a uma nova pretendente que gosta dele como

ele é. Cebolinha, arrependido, acaba pedindo para Mônica voltar com ele para a

festa.

Neste percurso utilizamos teorias de Jean Piaget (1896-1980), que através do

seu estudo profundo sobre a psicologia infantil, contribui para que todas as fases do

desenvolvimento das crianças, em seu sentido amplo, sejam compreendidas; Djota

Carvalho (2006), autor de A educação está no gibi, obra que apresenta de forma rica

e fundamentada a importante e relevante presença das histórias em quadrinhos nas

escolas; Diana Liechtenstein Corso e Mario Corso (2006), autores de Fadas no divã,

livro que apresenta as psicanálises nas histórias infantis e em um de seus capítulos

analisa exclusivamente alguns personagens de Mauricio de Sousa; Sidney Gusman

(2006), grande estudioso de histórias em quadrinhos e um dos contratados de

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Page 6: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Mauricio de Sousa; Luci Bonini (2008), que publicou uma postagem sobre as

histórias em quadrinhos em seu blog http://lucibonini.blogspot.com.

Espera–se, com este estudo, comprovar a hipótese de que existem influência

e contribuição das personagens de desenhos animados na formação psicológica e

na formação subjetiva da criança.

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Page 7: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2 A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.1 A história das histórias em quadrinhos

Segundo Bonini (2008), os primeiros registros de histórias em seqüência são

os desenhos feitos no interior das cavernas na idade da pedra. Na Idade Medieval,

as ilustrações apresentavam alguns relevos baixos.

Na primeira metade do século XIX, o suíço Rodolpne Topffer fez alguns

cômicos que já tinham características das Histórias em Quadrinhos (HQs) atuais. No

Brasil, Ângelo Agostini, um italiano que vivia aqui, é considerado o precursor da HQ

Brasileira. Ele criou seus primeiros quadrinhos, que eram publicados na revista Vida

Fluminense.

Em 1850, na Alemanha, Wilhelm Bush cria os primeiros personagens das

HQs, Marx and Moriz, para ilustrar seus poemas moralistas. Em 1884, surgiu a

primeira HQ de longa duração no Brasil, As Aventuras de Zé Caipora, que foi

publicada na revista Ilustração. As tirinhas de jornais nasceram nos EUA em 1894.

Nessa mesma época, um dos primeiros personagens criados foi o Yellow Kid.

Em 1905, no Brasil, surge a revista O Tico-Tico um marco do quadrinho

nacional. Ainda no século XX, nascem os primeiros personagens com características

nacionais, o Chiquinho, o Reco-Reco, Bolão e Azeitona.

7

Muitos pesquisadores das HQs, mais afoitos, atribuem que a origem delas está na Idade Média, onde se pintavam vitrais com a vida dos santos e de suas bocas saiam os filactérios, ou seja, desenrolavam-se pergaminhos que continham frases ou ensinamentos deixados por esses homens heróicos pela santidade. Outros pesquisadores acreditam que desde que o homem aprendeu a contar histórias por meio de desenhos, já se fazia HQ. (BONINI, 2008)

O primeiro personagem que, oficialmente, marca o surgimento das HQ é Yellow Kid, ele surge nas edições de domingo de um jornal norte-americano, o New York World. A ele se seguiram inúmeros personagens, espalhados pelos jornais do mundo todo: Os sobrinhos do Capitão, Little Nemo in Slumberland, Mutt e Jeff, Tintin entre outros. O século XX acelera as produções das 'daily streeps' ou seja, tiras diárias, por isso podemos observar que elas passam para uma periodicidade menor. (BONINI, 2008)

Page 8: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Nos quadrinhos cômicos surgem várias personagens e muitas destas estão

em cena até hoje, como o Gato Félix (1928), Mickey Mouse (1928), Popeye (1929) e

Betty Boop (1931).

São da mesma época, as primeiras aventuras do repórter–detetive Tintim, de Belga

Helgé.

Na década de 30, surgem historias mais bem acabadas, com traços mais

detalhados e temas mais sérios, como Tarzan, e na ficção científica, Flash Gordon.

No Brasil, Roberto Marinho, em 1937, entra na área dos quadrinhos, com o jornal O

Globo. Na década de 40, com a Segunda Guerra Mundial, surgem os maiores heróis

conhecidos no universo dos quadrinhos, Superman, Batman e Capitão América.

Já na década de 50, aparece o Spirit, de Will

Eisner, que revoluciona as HQs com desenhos que

lembram cenas de filme. A editora Abril traz ao Brasil

o Pato Donald e o Zé Carioca da Disney, em 1950.

Nessa época, surgem as adaptações dos clássicos

de romances da literatura para quadrinhos e também

surgem os heróis nacionais, para combater a

concorrência americana. Na década de 60, surgem

os heróis “humanizados”, que apresentavam

problemas do cotidiano, como por exemplo, o Homem–

Aranha. Nessa mesma época, surgem vários quadrinistas brasileiros e com eles

inúmeros personagens, como o Pererê, de Ziraldo. Foi nessa mesma época que

surgiu Mauricio de Sousa, criador da turma mais famosa do Brasil, A Turma da

Mônica.Na década de 80, entre vários nomes, surgem Miguel de Paiva, que criou a

Radical Chic, e Laerte, que trouxe Os Piratas do Tietê. A febre dos mangás

japoneses chega ao Brasil e influencia o surgimento de vários personagens com as

mesmas características. As histórias vão mudando, os autores aprimorando suas

técnicas e a galeria de personagens crescendo cada dia mais. Segundo Bonini

(2008), “o que diferencia os heróis das HQs dos da literatura, é que eles são visíveis

(nos desenhos) [...] e as tirinhas já nasceram falando, não ainda em balõezinhos,

como hoje, mas sim em legendas horizontais na base do desenho.”

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Figura 1: Will Eisner

Page 9: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.2 História da Animação

Para o site Info Escola, a história da animação perde-se nas brumas do

tempo, desde a era das imagens registradas nas paredes das cavernas antigas até

as projeções conhecidas como sombras chinesas, porém inventadas pelos alemães.

Hoje, as animações são cada vez mais sofisticadas, graças à tecnologia digital, mas

o processo original consiste na elaboração individual de cada fotograma – cada uma

das representações gravadas por meio de reações químicas no celulóide do

cinematógrafo – de uma película. Isso é realizado por meio de registros fotográficos

de figuras desenhadas; através de mínimas mutações repetidas em um protótipo

primordial, com cada resultante fotografada; ou ainda por computação gráfica. Assim

que os fotogramas são conectados, o filme é assistido à velocidade de dezesseis ou

mais reproduções por segundo, o que dá origem a uma sensação de movimento

ininterrupto e que encanta nossos olhos. Realizado da forma mais primitiva, este

procedimento se transforma em algo monótono e mecânico, daí a importância da

introdução da digitalização, que incrementa a duração da produção.

O primeiro show de projeção de sombras foi realizado em 1795, quando se

apresentou ao público uma exibição de natureza histórica, de conteúdo fortemente

ideológico, com o auxílio de uma lanterna movediça, dando impulso a uma animação

posteriormente conhecida como 3D, embora de forma ainda rudimentar. Vários

instrumentos foram desenvolvidos para criar impressões de movimento, culminando

em 1872 com um experimento do fotógrafo Eadweard Muybridge que, assessorado

por um engenheiro, John D. Isaacs, valeu-se de uma seqüência de vinte e quatro

câmaras escuras que captavam progressivamente a passagem de um cavalo, o qual

ativava os dispositivos que, nestes aparelhos, impedem ou permitem a passagem da

luz, regulando a exposição das películas sensíveis à luz, assim que suas patas

tocavam em fios bem esticados, posicionados de forma a permitir essa operação.

Mas foram os irmãos Lumiére que aprimoraram estes equipamentos

incipientes, ao criar o Cinematógrafo, exibido ao público em uma inesquecível

sessão de cinema realizada no dia 28 de dezembro de 1895. Desta forma, não é

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Page 10: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

equivocado afirmar que a história da animação se confunde com os primórdios do

cinema mudo, persistindo até os nossos dias, se aperfeiçoando à medida que as

inovações tecnológicas se sucedem. O francês Émile Reynaud, inventor de um

aparelho chamado praxynoscópio, mecanismo que projeta na tela reproduções

desenhadas sobre fitas transparentes, foi o responsável pelo primeiro desenho

animado, produzido com doze imagens e películas contendo cerca de 500 a 600

imagens, exibido no Musée Grévin, em Paris, no dia 28 de outubro de 1892. O

primeiro desenho realizado através de um projetor moderno foi Fantasmagorie, do

diretor Émile Courtet, em 1908. Já na modalidade longa-metragem animado, o

pioneiro foi El Apóstol, criado pelo argentino Quirino Cristiani, transmitido na

Argentina, em 1917. Atualmente, as animações continuam mais que nunca no topo

das produções mais lucrativas e de maior sucesso de público.

2.2.1 História da Animação no Brasil

Segundo o trabalho de conclusão de curso dos alunos de cinema da

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a história da animação no Brasil é

relativamente recente. Na primeira metade do século XX foram produzidas algumas

pequenas experiências em animação sem muita continuidade. O cinema de

animação brasileiro tem uma história curta nos primeiros cinqüenta anos deste

século. Logo no início dos anos 10 alguns artistas realizaram cenas animadas para

compor os sonhos de personagens de filmes "live-action". Alguns dos primeiros

animadores do Brasil eram cartunistas como Fono (Eugênio Fonseca Filho), que

criou pequenas animações inspiradas nas tiras de quadrinhos americanas "Mutt and

Jeff", e Álvaro Martins, considerado o primeiro a realizar animações com

personagens e situações tipicamente brasileiros. Até então a história do cinema de

animação brasileiro é muito intermitente. Isso se deve à demora do Brasil em

encarar o cinema como uma produção industrial. Isto só veio ocorrer por volta dos

anos 30, quando foram criados os estúdios da Cinédia e nos anos 40 com o

surgimento da Atlântida, que infelizmente nunca se empenharam na produção de

filmes de animação.

Em 1939, chega ao Brasil Walt Disney, com o intuito de estreitar os laços

entre os países das três Américas e angariar simpatia para oposição à crescente

política nazista de Hitler. Na década de 50 começam a aparecer vários animadores e

10

Page 11: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

é lançado o primeiro longa-metragem de animação brasileiro, "Sinfonia Amazônica"

em 1953, de Anélio Lattini Filho. O filme foi produzido em preto e branco e consumiu

longos 6 anos de trabalho de seu realizador, que trabalhou sozinho em todas as

etapas da produção. Já na década de 60 cresce o número de animações em

produções publicitárias e em filmes didáticos. Em 1967 foi fundado no Rio de Janeiro

o Centro de Estudos de Cinema de Animação (CECA). Com sua dissolução foi

montado um novo grupo de animação experimental - O Fotograma.

Na década de 70, o jovem Marcos Magalhães se destaca com seu filme

"MEOW" de 1976, premiado nos Festivais de Brasília, Havana e Cannes. Marcos

estagiou na National Film Board of Canada onde realizou o filme "Animando" de

1972, um filme que demonstra diversas técnicas de animação. Ao voltar para o

Brasil, ele participou do acordo entre Brasil e Canadá para a criação do Núcleo de

Cinema de Animação do CTAV, projeto coordenado por ele de 1985 a 1987. Com

esse acordo foi criado o primeiro curso de Animação no Brasil. A continuação do

acordo resultou em três núcleos de animação: NACE em Fortaleza (Universidade

Federal do Ceará), o do Rio Grande do Sul (Instituto Estadual de Cinema) e o de

Minas Gerais (Escola de Belas Artes da UFMG). Junto com César Coelho, Aida

Queiroz e Léa Zagury, Marcos Magalhães iniciou em 1993 a realização do Anima

Mundi, um Festival Internacional de Animação. O Anima Mundi trouxe uma nova

perspectiva para os futuros animadores do país, tornando-se uma referência tanto

nacional quanto internacional. Os grandes nomes da animação no Brasil são: Cao

Hamburguer, Otto Guerra, Stil, entre outros.

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Page 12: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.3 Histórias em quadrinhos e educação infantil

Algumas características dos personagens de histórias em quadrinhos

explicam o fascínio que este gênero literário exerce sobre as crianças. Um deles diz

respeito à aparência física dos personagens. Gould (1989) compara a evolução

gráfica das características físicas de Mickey ao processo de neotenia observado na

evolução humana, isto é, ao fato de sermos, enquanto espécie‚ cada vez mais

semelhantes com os filhotes de nossos ancestrais. O autor lembra o argumento de

Lorenz para quem os traços juvenis desencadeiam “mecanismos inatos de

liberação” de afeto e cuidado nos humanos adultos. Esses “liberadores” seriam:

“Uma cabeça relativamente larga, predominância da cápsula cerebral, olhos grandes

e de implantação baixa, região das bochechas abaulada, extremidades curtas e

grossas, consistência elástica e saltitante e movimentos desajeitados “ ( p. 88).

Com o passar do tempo, Mickey torna-se cada vez mais jovem. O mesmo

acontece com a Mônica de Maurício de Souza (ver ilustração em “Mônica 30 anos”

Edição de Aniversário). Outra característica de alguns personagens que explica sua

atração sobre o público infantil é a possibilidade que oferecem para uma

identificação catártica. Por exemplo, “Mônica realiza o sonho de toda criança: ser

reconhecida em seu poder” (Khéde‚ 1990; p. 86). Uma outra, ainda, é a da

reiteração televisiva. Coelho (1993) considera que o interesse pelos personagens da

Turma da Mônica se duplica por serem todos garotos-propaganda. “Tornaram-se

vendedoras de produtos porque tinham sucesso, e porque são vendedoras,

aparecendo o tempo todo na TV, ensinam às crianças, o quanto são adoráveis”. A

possibilidade de entender a história apoiando-se nos desenhos é, sem dúvida, algo

que vai ao encontro das características do pensamento infantil e explica, em boa

medida, o interesse das crianças pelas histórias em quadrinhos.

Segundo Mendes (1990/1):

12

A história em quadrinhos (...) é um meio de comunicação de massas, cujas histórias são narradas através de imagens desenhadas e textos Inter-relacionados. Sua unidade básica é o quadrinho (ou vinheta), que quando se apresentam enlaçadas encadeadamente formam a estrutura seqüencial do relato. Pode ser publicada em almanaques, periódicos e revistas. Além de informar e entreter, tem junto a outros meios de comunicação de massa um papel na formação da criança. A história em quadrinhos é transmissora de ideologia e, portanto, afeta a educação de seu público leitor (p. 25).

Page 13: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Como destacado na definição apresentada por Mendes (1990/1), as histórias

em quadrinhos transmitem ideologia. Segundo a autora, a ideologia se reproduz

através de estereótipos de classe, sexo e raça. A respeito do mundo que se

apresenta nas revistas da Turma da Mônica, Mendes (1990/1) em seus comentários

sobre a classe social diz que os personagens parecem viver numa sociedade onde

os problemas básicos de subsistência já foram superados. Eles não apresentam

problemas econômicos e pertencem à classe média tradicional ou média alta.

“Possuem tudo aquilo que o padrão pequeno burguês considera necessário para

viver bem, casa, carro, eletrodomésticos, possibilidade de consumo etc.” (p. 399).

Em relação aos estereótipos de papel sexual, Mendes (1990/1) identificou, entre

outros, a reprodução do mito de que a fragilidade é uma qualidade feminina, assim

como ser carinhosa, exageradamente curiosa, brincar de boneca, cuidar e

preocupar-se com os problemas de seus filhos, cuidarem de seu corpo, pois ser uma

mulher gorda é mais grave do que ser um homem obeso. Por outro lado, a força é

uma qualidade única e tão somente masculina e os homens devem proteger as

mulheres, que são frágeis, e tomar a iniciativa numa conquista amorosa.

Segundo a autora, por levar uma vida pouco doméstica e submissa, Mônica

rejeita o papel tradicional designado para as mulheres. Ela é uma menina hiperativa,

anda pelos espaços públicos, se relaciona com amigos, participa de aventuras em

pé de igualdade com os meninos, isso sem falar de sua extraordinária força física.

Mendes (1990/1) discute se a revista de Mônica pode ser considerada um quadrinho

feminista. Ela acredita que não, porque a personagem reproduz atitudes tidas

tradicionalmente como femininas. Além disso, “ao tentar não reproduzir uma menina

tradicional e submissa ao homem, Mônica cai no extremo oposto e reproduz o papel

de quem domina e oprime porque tem força física” (p. 414). Segundo a autora, o

feminismo não propõe uma troca de papéis, mas que as pessoas não sejam

discriminadas pelo sexo. Mulheres, negros e índios participam freqüentemente como

personagens secundários nas histórias em quadrinhos. Mônica é uma das poucas

heroínas deste tipo de literatura e, segundo Bibe-Luyten (1993), ela “tem sua

entrada barrada em vários países, justamente aqueles em que a mulher é

socialmente reprimida” (p.79). Além dos estereótipos de raça, classe e sexo, ao

13

Page 14: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

lerem histórias em quadrinhos as crianças podem construir conhecimento sobre

outros aspectos da vida social e terem a percepção do certo ou errado.

Por ocasião do trigésimo aniversário da personagem Mônica, Coelho (1993)

escreveu um artigo para a Folha de S. Paulo, com o título “Mônica 30 anos sem

‘psicologia’”. Ele afirma que, “no mundo de Maurício de Souza não há ‘psicologia’.

Mônica simplesmente bate, Cascão só não gosta de banho, Cebolinha troca as

letras. Não há fracassos, não há autocríticas, não há culpas”. Cabe notar que

Coelho (1993) usou a palavra psicologia entre aspas, no sentido de uma

personalidade que não pode ser caracterizada por traços simples. Salta aos olhos

de quem lê as histórias da Mônica às características mais marcantes de seus

personagens. Porém, ainda que os personagens tenham personalidades muito

simples, as histórias da Turma da Mônica estão cheias de psicologia. Elas refletem a

maneira como nós explicamos e prevemos o comportamento das pessoas

cotidianamente. Dito de outra forma, as histórias da Turma da Mônica são

construídas com base na psicologia do senso comum e por isso tornam-se

compreensíveis e oferecem oportunidades para as crianças aprenderem,

informalmente, sobre aspectos do mundo social. Por exemplo, ao lerem histórias em

quadrinhos as crianças têm oportunidades de ampliar seus conceitos sobre

emoções.

Cyrus (1998), identificou uma grande variedade de palavras emocionais, que

apareciam freqüentemente nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica. A

análise dos contextos de uso das palavras “alegria”, “tristeza”, “medo” e “raiva”

permitiu à autora descrever seqüências típicas de sub-eventos ligados de forma

causal (scripts), incluindo antecedentes, comportamentos expressivos (verbais e

não-verbais) e conseqüentes para cada uma dessas emoções. Seus resultados

indicam que há regularidade nos contextos de uso das palavras analisadas e que,

portanto, as crianças têm a possibilidade de abstrair as características comuns a

vários exemplos de uma mesma palavra, levando em conta aspectos contextuais,

verbais e não-verbais da interação entre personagens. Reproduzindo contextos e

valores culturais, as histórias em quadrinhos oferecem oportunidades para as

crianças ampliarem seus conhecimentos sobre o mundo social. Porém, seja pelos

assuntos veiculados, seja pela forma como os temas são tratados, as histórias em

quadrinhos foram alvo de muitas críticas e, lê-las dentro das escolas, foi por muito

tempo considerada uma atividade clandestina e sujeita a punições.

14

Page 15: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

 

2.3.1 Limites e possibilidades do uso pedagógico das histórias em quadrinhos

Abrahão (1977) resumiu as críticas e restrições feitas comumente aos

quadrinhos da seguinte forma: Quanto ao processo Dispõe para uma atitude de

preguiça mental; Retarda o processo de abstração (desprendimento dos objetos

concretos, figuras ou quadrinhos, para as representações simbólicas e abstratas da

linguagem); Dificulta o hábito da leitura de livros. Quanto ao conteúdo Linguagem

descuidada (no geral, traduções); Temas nocivos, incluindo valores de ordem moral,

política ou social, estranhos à nossa cultura; Apresenta, em geral, aspectos

materiais, pictóricos ou tipográficos falho e imperfeitos (p. 138).

Para Abrahão (1977), temas como morte, crime e luta, que aparecem com

freqüência nas histórias em quadrinhos, não são maus por natureza e podem até ser

úteis e benéficos. Entre outros argumentos, o autor considera que a identificação

com os heróis satisfaz necessidades das crianças, que se sentem vingadas da

superioridade muitas vezes hostil das pessoas que as rodeiam. Certas tendências

ou impulsos anti-sociais e nocivos podem ser purgados pela satisfação que elas

obtêm lendo essas histórias. Considera também que a agressividade, em vez da

timidez, pode ser um equipamento valioso para a vida cotidiana. Na sua opinião, “...

não é preciso suprimir a literatura em quadrinhos, nem condená-la em princípio, mas

depurá-las dos elementos nocivos, escolhendo para nossos filhos a que constitui

leitura sadia, rejeitando a que não convém” (p. 170). Em relação aos outros aspectos

do conteúdo, podemos dizer que aquelas restrições já foram, ao menos

parcialmente, superadas. Existem quadrinhos escritos por brasileiros, com valores

familiares à nossa cultura e com material gráfico de excelente qualidade. Proibir a

criança de ler histórias em quadrinhos e propor que ela leia apenas livros “sérios”,

sem figuras, em vez de ajudá-la no processo de abstração, pode, de fato, prejudicá-

la.

15

É o processo e não o conteúdo que define as histórias em quadrinhos como um tipo de literatura específico e, portanto, é ele quem deve ser julgado. “A condenação dos assuntos utilizados, mesmo quando justa, não poderia significar a condenação do próprio gênero de leitura” (p. 164), Abrahão (1977).

Page 16: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

A leitura de histórias em quadrinhos pode contribuir para a formação do “gosto

pela leitura” porque ao ler histórias em quadrinhos a criança envolve-se numa

atividade solitária e não movimentada por determinado período de tempo, que são

características pouco freqüentes nas atividades de crianças pré-escolares ou no

início da escolarização. Também porque, estando mais próximas da forma de

raciocinar destas crianças, elas podem mais facilmente lê-las, no sentido de retirar

delas significados, o que seria menos provável com outros tipos de leitura. Além

disso, pode-se esperar que uma criança para quem a leitura tenha se tornado uma

atividade espontânea e divertida, esteja mais motivada a explorar outros tipos de

textos (com poucas ilustrações, fato que atrai muito mais sua atenção), do que outra

criança para quem esta atividade tenha sido imposta e se tornado enfadonha.

Segundo Mendes (1990/1), as histórias em quadrinhos, enquanto recursos

didáticos apresentam a vantagem de serem de fácil acesso e não exigirem

mediadores técnicos para a sua leitura. Para a autora, “se por um lado o livro infantil

e a escola caminharam sempre juntos e complementando-se mutuamente, o mesmo

não ocorreu com as histórias em quadrinhos. Pelo contrário, as histórias em

quadrinhos normalmente só eram lidas às escondidas do professor, entre uma aula

e outra. Apesar de suas extraordinárias possibilidades como meio educativo, têm

sido marginalizadas, exaltando-se somente a sua faculdade de entretenimento” (p.

53). Ele destaca três possibilidades de utilização didática das histórias em

quadrinhos: 1) A análise crítica das histórias feita em conjunto com a criança; 2) O

incentivo à criação de histórias em quadrinhos pela própria criança expressando a

sua visão de mundo particular, o que poderia ser feito pelos professores de língua,

arte e história e 3) A utilização das histórias em quadrinhos como um meio de

expressão e conscientização política e social, onde a criança possa se informar.

Várias publicações nacionais, inclusive documentos oficiais como os

Referenciais Curriculares para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares

Nacionais para o Ensino Fundamental, publicados pelo Ministério da Educação, têm

apontado diretrizes e sugestões para o trabalho com as histórias em quadrinhos na

sala de aula (ex. Bibe-Luyten, 1989; Higuchi, 1997; MEC/SEF, 1997, 1998; Serpa e

Alencar, 1998, Pellegrini, 2000). Estas sugestões envolvem a utilização de histórias

em quadrinhos nas diferentes disciplinas através de atividades variadas. Hoje

também estão disponíveis programas de computador para as crianças montarem

suas próprias histórias em quadrinhos, com seus personagens favoritos. No século

16

Page 17: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

XVII, a compreensão de que as crianças tinham uma psicologia distinta da dos

adultos e o desejo de moralizá-las abrem espaço para o surgimento de uma

literatura infantil. Contar histórias através de desenhos é algo bastante antigo, mas

tal como as conhecemos hoje as histórias em quadrinhos surgiram no século XIX,

acompanhando os avanços tecnológicos da imprensa e o desenvolvimento do jornal.

Combinando imagem e texto, personagens com traços juvenis, que são heróis e ao

mesmo tempo garotos propaganda, as histórias em quadrinhos exercem um fascínio

especial sobre as crianças. Refletindo contextos e valores culturais, elas afetam,

informalmente, a educação de seus leitores, transmitindo estereótipos e ampliando

seus conhecimentos sobre o mundo social. Como qualquer outro gênero literário as

histórias em quadrinhos podem ser boas ou ruins do ponto de vista de seus

conteúdos. Considerando as características de sua linguagem, seu uso pedagógico

em contextos de educação formal tem sido recomendado por especialistas.

Dado o poder dos meios de comunicação e as condições de vida nas

sociedades urbanas contemporâneas, a criança encontra histórias em quadrinhos

em vários contextos. Para servirem como mediadores desses encontros, é desejável

que os educadores estejam informados a respeito das análises de como as histórias

em quadrinhos afetam a educação de seus leitores e como utilizá-las para promover

o desenvolvimento de sujeitos críticos e criativos.

17

Page 18: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.4 Mauricio de Sousa

2.4.1 Biografia

Segundo seu site oficial, Mauricio de Sousa

nasceu no Brasil, na cidade de Santa Isabel, em

1935. Com poucos meses, Mauricio foi levado pela

família para a vizinha cidade de Mogi das Cruzes,

onde passou parte da infância. Já outra parte foi

vivida em São Paulo. Enquanto estudava, trabalhou

em rádio, no interior. Seu sonho, porém, sempre foi

se dedicar ao desenho profissionalmente. Decidiu

então que precisava procurar emprego nos grandes centros, onde editoras e jornais

pudessem se interessar pelos seus trabalhos. Nesse período, conseguiu uma vaga

como repórter policial no jornal Folha da Manhã, onde passou cinco anos.

Em 1959, ofereceu à Folha de S. Paulo uma série de tiras em quadrinhos com

um cãozinho e seu dono, Bidu e Franjinha. O que começou com uma tira de

quadrinho do personagem Bidu, publicada na década de 60 na Folha da Manhã,

transformou-se no maior sucesso editorial infantil do país. Os quadrinhos de

Mauricio de Sousa têm fama internacional, tendo sido adaptados para o cinema,

para a televisão e para os vídeo-games, além de terem sido licenciados para

comércio em uma série de produtos com a marca das personagens. Há inclusive o

parque temático da Turma da Mônica, o Parque da Mônica, em São Paulo. Já existiu

também o Parque da Mônica de Curitiba, aberto em 1998 e fechado em 2000 e o do

Rio de Janeiro, fechado no início de 2005. De 1970 — quando foi lançada a revista

Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares — a 1986, as revistas de Mauricio

foram publicadas na editora Abril, porém a partir de janeiro de 1987 foram

publicadas pela editora Globo, em conjunto com os estúdios Mauricio de Sousa.

Após vinte anos de editora Globo, todos os títulos da Turma da Mônica passaram, a

partir de janeiro de 2007, para a multinacional Panini, que detinha, na data, os

direitos das publicações dos super-heróis da Marvel e DC Comics.

Sua bem sucedida história empresarial tem contrariado o senso comum de

que a atividade artística é incompatível com a de empreendedor. A Mauricio de

18

Figura 2: Mauricio de Sousa

Page 19: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Sousa Produções (MSP) também deu origem a mais de duas centenas de desenhos

e fez das fantasias infantis uma fábrica de ganhar dinheiro no Brasil. Com negócios

distribuídos pelo mercado editorial, parque temático e licenciamento, mais de 350

marcas registradas e tiragem mensal superior a 2 milhões de exemplares a MSP,

cresce a olhos vistos. Com mais de 40 anos de existência, a empresa contabiliza

mais de 200 personagens, dez longas–metragens, comercialização de 700 mil

unidades de DVD e VHS, no segmento de home vídeo, licenciamento de cerca de

3.000 itens com a marca da Turma da Mônica para mais de 100 empresas e portal

na Internet, líder na categoria de sites infantis, com aproximadamente 1 milhão de

page views por dia. No Brasil, as marcas estão associadas a uma variada gama de

produtos, que vão de goiabadas a roupas infantis. Atualmente, as revistas vendem-

se aos milhões, o licenciamento é o mais poderoso do país e os estúdios já

trabalham com a televisão.

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Page 20: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.4.2 Turma da Mônica

Mônica é a personagem mais conhecida de Mauricio de Sousa. Representa

uma menina forte, estourada, decidida, que não leva desaforo para casa, mas ao

mesmo tempo é carinhosa e tem momentos de feminilidade. Vive em um bairro de

São Paulo, o Bairro de Limoeiro, local com muitas plantas e árvores, com um

campinho, onde os meninos brincam e um lixão, antigamente visitado pelo Cascão e

pouco asfaltado. Ela mora com seu pai, Seu Sousa, que apesar da clara referência

ao autor, não é o Mauricio, e com a sua mãe, Dona Luisa. Mônica tem um cãozinho

chamado Mônicão, que foi um presente de Cebolinha e de Cascão, com a intenção

de fazer gozação com a cara dela. Ela é a melhor amiga de Magali. É conhecida

pelos meninos como a “dona da rua”, título que Cebolinha tenta usurpar dela com

vários “planos infalíveis”. Mônica vive para cima e para baixo, agarrada a um

coelhinho de pelúcia azul, o Sansão, o qual é tratado com muito carinho, mas

20

Figura 3: Mauricio de Sousa e a Turma da Mônica

Page 21: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

também utilizado para bater nos meninos, principalmente em Cebolinha e em

Cascão, que não param de “aprontar” com ela.

Em 2007, Mônica foi nomeada embaixadora do Fundo das Nações Unidas

para a Infância (UNICEF). Foi a primeira vez que uma

personagem de histórias em quadrinhos recebeu este título. A

personagem foi escolhida pelo UNICEF devido à influência

que exerce sobre crianças, professores e famílias há mais de

44 anos, transmitindo valores como amizade, importância da

educação e convivência familiar. No mesmo evento, Mauricio

de Sousa recebeu o título inédito de primeiro Escritor da

UNICEF para as crianças do mundo.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, Em

solenidade no mês de Junho de 2008, a então ministra do

Turismo Marta Suplicy nomeou a personagem de quadrinhos

Mônica a nova embaixadora do turismo brasileiro.

Participaram do evento a presidente do Instituto Brasileiro do

Turismo (Embratur), Jeanine Pires e o escritor Maurício de Sousa, criador da

personagem. Na platéia, 80 crianças de escolas públicas de Planaltina, cidade

satélite do Distrito Federal. "É uma responsabilidade muito grande para a Mônica,

pois ela vai levar a imagem do Brasil para dentro e fora do País", destacou a ministra

Marta Suplicy. "As crianças dos outros países vão querer conhecer o Brasil, terra da

Mônica, e com isso nós vamos aumentar o turismo dentro do País. Isso é bom

porque o turismo gera emprego e emprego gera renda", destacou a ministra. "Eu

quero lançar livrinhos com a Turma da Mônica visitando as várias regiões do Brasil

para provocar o turismo interno, estimular as pessoas a conhecerem o país", afirmou

Maurício de Sousa. A escolha de uma personagem nacional, identificada com o

público infantil, é mais uma ação do MTur para estimular o turismo brasileiro. Dentro

da estratégia do Plano Nacional de Turismo, será mais um instrumento para

incentivar a inclusão do turismo na cesta de consumo dos brasileiros e tornar o País

mais conhecido no exterior. Na promoção nacional e internacional, a Turma da

Mônica poderá ser apresentada quando o objetivo for atingir o público infanto-juvenil.

Mônica e sua turma são conhecidos pelo público brasileiro infantil e adulto, por meio

das revistas com tiragem mensal de dois milhões de exemplares, dos filmes

21

Figura 4: Cartaz do UNICEF

Page 22: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

lançados anualmente, do site, dos brinquedos e jogos, vídeos, das campanhas

educativas nas diversas mídias e dos inúmeros produtos licenciados.

Mônica foi criada em 1963, baseada na filhinha do Mauricio, com o mesmo

nome. No início, era irmã mais nova de Zé Luis e saia nas tirinhas do Cebolinha.

Nessa época, Cebolinha era o personagem principal. Em 1970, Mônica ganhou a

sua própria revista. Desde daquela época, é uma das revistas que mais vendem no

país.

Mauricio de Sousa é o mais conhecido e bem sucedido cartunista brasileiro.

Seus personagens são famosos no mundo todo e são freqüentemente utilizados

para merchandising dos mais diversos tipos de produtos, de massa de tomate a

fraldas e roupas infantis. Ele já produziu vários filmes e suas revistas também são

vendidas em vários países, como França, Filipinas, Itália, Índia, China e no Japão.

Mauricio escolheu um enfoque diferente para as suas histórias em

quadrinhos. Enquanto a maioria dos cartunistas brasileiros, como por exemplo,

Ziraldo, buscavam elementos ligados às características da realidade brasileira, ele

optou por criar um grupo de crianças que tivesse características universais. Desta

maneira, pretendia competir com as histórias em quadrinhos estrangeiras,

provavelmente, com os quadrinhos da Disney, que naquela época já eram

considerados um grande sucesso.

O primeiro personagem criado por Mauricio foi o Bidu, que participa tanto de

historinhas junto com seu dono, o Franjinha, como das histórias em que é

personagem principal. Bidu é o símbolo da Mauricio de Sousa Produções. Em 1970,

a Editora Abril publicou a primeira edição da revista da Mônica. A essa publicação

logo se seguiram a revista Cebolinha, Cascão, Chico Bento e Magali. Para

contracenar com seu personagem principal, Mônica, uma menina baixinha, gordinha

22

Page 23: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

e com dentes grandes, Mauricio de Sousa criou uma variedade de crianças, cada

uma com características peculiares, entre os quais podem ser destacados:

Cebolinha, um garoto com apenas cinco fios de cabelo e com dificuldade para

pronunciar a letra r; Cascão, um menino que tem medo de água, e que por esse

motivo nunca tomou banho; e Magali, uma menina com um apetite insaciável. Essas

são as principais personagens da Turma da Mônica, considerada a turma mais

numerosa da família Mauricio de Sousa.

Além desses, ele também criou várias personagens para outros ambientes

temáticos. É o caso da Turma do Chico Bento, da qual a personagem principal é um

caipira do interior de São Paulo, inspirado em um tio-avô do desenhista; Papa-

Capim, a personagem principal é um indiozinho brasileiro, que vive na Floresta

Amazônica junto com sua família e mantendo as lendas e costumes dos índios;

Turma do Horácio, o personagem principal é um tiranossauro rex vegetariano, é o

único personagem desenhado e roteirizado até hoje por Mauricio de Sousa; Piteco,

a personagem principal é um homem das cavernas e vive enfrentando feras pré-

históricas e vive fugindo de Thuga, personagem românica, que sempre tenta casar-

se com ele; Pelezinho, inspirado no “rei” do futebol e em lembranças que o mesmo

tem de sua infância; O Astronauta, a personagem principal vive viajando entre os

planetas do espaço e enfrentando monstros espaciais; Turma do Penadinho, uma

turma composta por fantasmas, um vampiro, um crânio, uma múmia, um lobisomem,

um Frankenstein e pela própria morte, que vivem em um cemitério; Bidu é a primeira

criação de Mauricio de Sousa, o núcleo da turma do Bidu é composto por um pedra

e por cachorros que falam, sendo um deles o Bugu, criação de Marcio de Sousa,

irmão de Mauricio; Turma da Tina é o núcleo formado por adolescentes, as

personagens principais, Tina e sua amiga Pipa, são estudantes de jornalismo, além

das duas sempre aparecem nos quadrinhos seus amigos Rolo e Zecão. Com a

criação de tantos personagens, ninguém se surpreende quando é aplicada ao

Mauricio de Sousa a denominação de Disney brasileiro.

23

Page 24: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.5 Resenhas dos livros de pesquisa e autores utilizados

2.5.1 Fadas no Divã

Diana Lichtenstein Corso e Mario Corso reservaram

um capítulo do livro Fadas no Divã, que trata da

psicanálise nas histórias infantis, para a Turma da Mônica.

Cebolinha é o primeiro personagem a ser analisado.

Segundo os autores, apesar de ser constantemente traído

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Figura 5: As personagens principais da Turma da Mônica

Figura 6 : Capa do livro fadas no divã

Page 25: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

por sua linguagem, que o desvaloriza, a inteligência do Cebolinha com “planos

infalíveis” é voltada para derrotar sua rival, a Mônica, porque derrotar uma mulher

seria se afirmar como homem.

A Mônica seria a representação da onipotência mágica da criança. Por ser

pequena, amada e de ter adultos a seu serviço, alia a esse poder sua agressividade

que resolve tudo na base da força, como um animalzinho acuado, “[...] algo como

bato, logo existo (p. 204)”. É a exemplificação do estádio do espelho em que a

imagem da criança, para com ela, não é concebida de dentro para fora, mas do

autoconhecimento que vem de fora para dentro proveniente do olhar da mãe.

Assim, tratam também da dificuldade das crianças de saberem onde termina

o eu e começa o outro, então os tapas e as mordidas são uma afirmação do eu. No

caso da Mônica também existe o coelho de pelúcia chamado Sansão. Os objetos

transicionais são os companheiros inseparáveis que substituem a mãe, já que a

função materna está contida nesses objetos, uma espécie de cordão umbilical

simbólico.

Cascão vive fugindo de água e, segundo os autores, as crianças se

solidarizam com isso porque qualquer criança sente medo. A

fobia faz com que a criança delimite os seus espaços, se ele

fosse lavado e limpo, seria privado de sua identidade. Porém,

é explicitado que, quando crescer, Cascão provavelmente não

será mais sujo. “Uma criança fedorenta é tolerável, mas um

adulto não” (p. 207).

Magali é a comilona da turma. Caso de algumas

crianças pequenas que organiza o pensamento de modo que

não sabe o que está a afligindo e decodifica isso como fome.

A Dona Morte e o Louco dão conta da lógica do pensamento

infantil, que é fantasioso e absurdo.

2.5.2 A Educação está no Gibi

A Educação está no gibi é um excelente manual escrito

pelo professor e cartunista Djota Carvalho. O livro é o

resultado de muitas pesquisas feitas pelo autor, que decidiu

se dedicar profundamente nos estudos sobre as HQs. A obra

25

Figura 7: Diana e Mário Corso

Page 26: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

foi escrita em homenagem ao grande ídolo do escritor, Will Eisner, ícone do desenho

mundial.

A apresentação do livro é uma história em quadrinhos de quatro páginas,

desenhada pelo premiado cartunista Bira Dantas. Nela, Djota se apresenta e explica

todo o processo que o levou a se interessar por este assunto. O trabalho estrutura-

se em sete capítulos. No primeiro, são diferenciadas todas as linguagens gráficas

mais comuns no mundo dos desenhos. No segundo capítulo, conta de forma

sucinta, porém objetiva, a história das histórias em quadrinhos.

A partir do terceiro capítulo, Carvalho começa a inter-relacionar educação e

quadrinhos. Prova, de forma concreta e fundamentada, que histórias em quadrinhos

e sala de aula podem ser parceiras e terem sucesso no trabalho feito em dupla,

apesar de, antigamente, todos os influentes na área (incluindo políticos) estarem

totalmente contra essa união. O capítulo quatro dedica-se ao estudo técnico das

histórias em quadrinhos, que o autor chama de arte seqüencial. São descritas de

forma simples de serem compreendidas, todas as funções de cada recurso e

símbolo gráfico. Encontramos ainda, apresentações muitas

bem feitas sobre personagens-padrão e o conteúdo abordado

nas histórias. Sobre este assunto, o autor realizou dissertação

de mestrado para a UNICAMP.

O quinto capítulo é a descrição do gênero gráfico

Mangá. A invasão dos desenhos orientais é ressaltada pelo

autor. Ele diz que o interesse infantil sobre o assunto faz deste

um trunfo na mão de professores. Até esse ponto, este que é

um livro principalmente destinado a professores, se preocupa

em contextualizar o assunto. A partir dos capítulos seis e sete, o leitor poderá

aprender como aplicar na prática tudo que absorveu com a leitura da obra. Mostra-

se como executar, em sala de aula, as atividades propostas pelo livro. Djota

Carvalho soube tocar em pontos relevantes que levam o professor a executar sem

dificuldades os exemplos de atividades propostos.

2.6 Jean Piaget

Jean Piaget era um biólogo que se dedicou à

Psicologia e foi conhecido principalmente por organizar

26

Figura 9 : Jean Piaget

Figura 8: Djota Carvalho

Page 27: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

uma série de estágios cognitivos. Piaget estudou as relações que se estabelecem

entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer, através da observação

dos seus filhos e de outras crianças, o que deu origem à Teoria Cognitiva que é

dividida em quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: sensório-

motor, pré-operacional, operatório concreto e operatório formal.

O estágio sensório-motor dura do nascimento a um ano e meio de vida. Neste

estágio, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a

rodeiam. O bebê ganha conhecimento por meio de suas próprias ações controladas

por informações sensoriais imediatas.

O segundo estágio é chamado estágio pré-operacional e coincide com a fase

pré-escolar que vai dos dois até os seis anos de idade. As características

observadas por ele, relevantes para a pesquisa são: a inteligência simbólica, os

pensamentos egocêntricos, intuitivos e mágicos e a característica do animismo (vida

a seres inanimados).

No estágio operacional concreto, que dura dos sete aos 11 anos de vida, a

criança começa a lidar com conceitos abstratos, como números e relacionamentos

que consistem numa lógica interna e na habilidade de solucionar problemas

concretos que dentre as várias características, interessa saber mesmo, que nesse

estágio, surge a capacidade de se fazer análises lógicas e que a criança ultrapassa

o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os sentimentos e as

atitudes.

O estágio operatório formal é desenvolvido a partir dos 12 anos de idade,

quando se começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido

pela habilidade de engajar-se no raciocínio abstrato. As deduções lógicas são feitas

sem apoio de objetos e o pensamento hipotético-dedutivo faz com que o ser humano

crie hipóteses para tentar explicar e solucionar problemas. O foco desvia-se do “é”

para o “poderia ser”.

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Page 28: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

3 Resultados

Participaram da atividade 18 crianças, alunos da escola municipal da cidade

de Mogi das Cruzes Antônio Nacif Salemi. Após a exposição de um desenho

animado da Turma da Mônica, foi solicitado que as crianças desenhassem a

personagem que mais chamou sua atenção. Ao final da atividade, nós abordamos

todas as crianças para que elas nos explicassem o por quê de cada desenho.

A maioria das crianças analisadas desenhou a Mônica, porque além de ser a

personagem principal, depois de colhermos as opiniões descobrimos que ela é a

mais querida. Muitos ressaltaram que gostaram de sua atitude no filme, por ela não

rejeitar Frank. Grande parte das crianças acredita que Cebolinha futuramente queira

namorar Mônica. Existiu incidência de desenhos da personagem Cebolinha e as

opiniões sobre ele foram ligadas expressamente as suas características como

personagem e não sobre sua participação no filme. Apesar de muitas opiniões

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Page 29: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

tenderem para o lado físico da personagem, de todos os alunos que desenharam

Frank, muitos disseram que acreditam que ele seja muito mais bonito por dentro do

que por fora.

.

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Figura10 : Gráfico que explica a distribuição dos desenhos feitos no dia 29/09/08, pelas crianças do colégio Antonio Nacif Salem em Mogi das Cruzes.

Figura 11: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi assistindo ao vídeo “Baile Frank”

Page 30: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

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Figura 12: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi desenhando após a exposição do filme.

Figura 13: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi assistindo ao vídeo “Baile Frank”

Page 31: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

Considerações finais

Os estudos aqui realizados nesta pesquisa procuraram compreender como as

mídias infantis são importantes para o crescimento e amadurecimento infantil e

como a criança recebe as influências das personagens criadas por Mauricio de

Sousa e até que ponto tais influências podem interferir em seu comportamento e em

sua subjetividade. Foi possível verificar nesta pesquisa que estas personagens

infantis podem contribuir positivamente no processo da formação psicológica da

criança. Os temas leves abordados nas histórias, veiculadas nos gibis e nos filmes

da Turma da Mônica, e as características universais das personagens fazem com

que a criança se identifique e aprenda com tais fatos.

Em contraponto, depois de terminada a atividade com crianças de 5 anos,

alunas de uma escola municipal, concluímos através de seus desenhos que há, de

forma embrionária na criança, os sentimentos de sexo, preconceito, rejeição e

violência. Tais “embriões” surgem quando a criança observa sua própria família e

como está ainda em processo de formação de personalidade, adquiri para si aquilo

que vê projetado nos pais. Alguns exemplos de desenhos demonstraram Mônica

pintada de vermelho vivo e em tamanho grande. Isto pode representar uma mãe

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Figura 14: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi assistindo e as integrantes do grupo Quadriônicas.

Page 32: A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

violenta, ou seja, a imagem da mulher como dominadora, porque além do tamanho

exagerado ser motivo de repressão, a cor vermelha, segundo a teoria das cores na

psicologia, representa a raiva, o sexo e a intensidade. Outros desenhos mostram

Frank (personagem principal do filme exposto), dentro de algum lugar fechado, como

uma casa ou uma caixa. Expressão de que “o feio” deve se esconder numa

sociedade onde só o belo tem espaço.

A criança na fase pré-escolar possui características próprias para mostrar tudo

o que pensa. Pode se desenvolver aos poucos e se aperfeiçoar através das

vivências adquiridas e do contato com outras crianças. Este tipo de criança atrai-se,

com louvor, pelas diferentes linguagens propostas pelo quadrinho e pelo desenho

animado, que acabam sendo os meios de comunicação que são mais direcionados a

elas.

A Indústria Cultural se aproveita deste comportamento exposto pelas crianças

e injeta, cada vez mais, em seu convívio social e em seus pensamentos assuntos

impróprios a sua idade. Mas graças à genialidade e a sensibilidade de autores como

Mauricio de Sousa, o tempo de amadurecimento da criança pode ser respeitado e

preservado.

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