a proeminÊncia polÍtica de dinarte mariz no rio grande do norte
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Trata da proeminência da figura do senador Dinarte de Medeiros mariz na política do estado do Rio Grande do Norte ao longo do século XX.TRANSCRIPT
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H I S T Ó R I A D O R I O G R A N D E D O N O R T E E MR E S U M O
Contextualização histórica: O norteamento político no transcurso doSéculo XX.
Organizador: Francimar de Araújo Galvão (Bacharel em História)
A PROEMINÊNCIA POLÍTICA DE DINARTE MARIZ NO RIO
GRANDE DO NORTE.
Visando uma abordagem baseada na análise para a compreensão da
persistência imagética, política e social que favoreceu a manutenção da imagem pública deDinarte Mariz, procura-se fazer uma narrativa, (embora de forma suscinta), buscando
contextualizá-lo politicamente. Trata-se de um contexto biográfico de Dinarte de Medeiros
Mariz no cenário político estadual, a partir de suas raízes históricas e sociais, pontuando os
lances históricos de sua vida pública, enfocando os principais cargos que o mesmo assumiu ao
longo de sua carreira política. Portanto, a par dessa decisão, começamos a construção teórica
deste trabalho a partir de uma análise histórica do contexto político nacional e estadual no
momento em que a figura de Dinarte Mariz começa a ascender no contexto social e políticodo Rio Grande do Norte.
Na segunda década do Século XX ocorreram modificações na vida pública
estadual. A situação política do Rio Grande do Norte refletia a conjuntura nacional, já que
nesse período “ o sistema implantado com o regime republicano tinha como característica
principal a íntima relação do processo produtivo nacional com o mercado mundial, o que de
acordo com o ciclo da economia brasileira deslocava o polo dinâmico conforme o vento da
demanda internacional, evidenciando as diferenças regionais que se expressavam pelosconstantes conflitos entre as classes dominantes em disputa pelo poder, já que nessas
condições transferia-se o eixo político de uma região para a outra de acordo com a sua
importância econômica”. (MARIZ & SUASSUNA, p. , 2002).
Essa transferência de comando político aconteceu também aqui no Rio
Grande do Norte, devido a consolidação da cultura algodoeira no interior do estado,
impulsionada pelas necessidades do mercado interno brasileiro já que a indústria têxtil
começava a se consolidar no país como consequência da retração da indústria européia no
período da Primeira Guerra Mundial e, como também, devido ao declínio da lavoura
açucareira no litoral. Nesse período o poder político e econômico do estado passa as mãos de
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uma facção política algodoeira-pecuária, liderada por Juvenal Lamartine de Farias e José
Augusto Bezerra de Medeiros, descendentes de influentes famílias da região.
É justamente nesse cenário político que desponta a figura de Dinarte Mariz,
remanescente direto dessa oligarquia, e, um dos principais nomes da política do Rio Grande
do Norte no transcorrer do Século XX.
Dinarte de Medeiros Mariz, nasceu a 23 de agosto de 1903, na fazenda
Solidão em Serra Negra do Norte. O quinto entre catorze filhos do casal Manoel Mariz Filho
e Maria Cândida de Medeiros Mariz (filha do coronel José Bernardo de Medeiros – figura
política seridoense, cuja atuação política foi primordial no processo de transição do Império
para a República).
“A minha família toda, minha árvore genealógica,
povoadores daquela região, me dava uma sensação de que
eu deveria ser um dos continuadores daquela hierarquia
política.” (LIMA, 2003, p. 83)
Quando Dinarte desperta o interesse de ingressar na política, o Brasil estava
atravessando momentos muito difíceis em função da crise econômica de 1929 e do
movimento revolucionário que explodiu em outubro de 19301
, nos estados brasileiros do RioGrande do Sul, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco e que rapidamente, espalhou-se pelos
outros estados. No Rio Grande do Norte, o movimento eclodiu em 05 de outubro do mesmo
ano, quando
“o 29º Batalhão de caçadores, marchou sobre Natal e
efetivou a deposição sem resistência do governador
Juvenal Lamartine. No interior, os “coronéis” Dinarte
Mariz (região do seridó) e Joaquim Saldanha (região do Apodi) secundaram o levante, mobilizando homens e
armas.” (SPINELLI, 1996, p. 26).
A partir desse momento Dinarte Mariz dispara como uma figura
importantíssima no cenário político estadual em função de seu poder militar e de comando.
1 O movimento de 30 tratava de questionar a forma de dominação da República Velha, assentada na política dosgovernadores comandada por São Paulo e Minas Gerais e sustentada pelo voto descoberto, atas falsas everificação de poderes que aprovava os eleitos de acordo com a conveniência e excluía das mulheres e dosanalfabetos o direito de votar. (SPINELLI, 1996, p. 15)
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Envolveu-se na política muito jovem quando ingressou na Aliança Liberal2 apoiando a
candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa, ao governo federal.
“Conversando, certa vez, no alpendre da Fazenda Solidão,
perguntei a Dinarte quais os motivos que o teriam levado a
participar da Revolução de 30, sendo ele parente e
conterrâneo do governador Juvenal Lamartine de Faria,
deposto pela referida revolução. Dando uma risada,
afirmou-me Dinarte que tudo teria origem em um pedido
que ele fizera a Juvenal Lamartine, propondo-se a ser
prefeito de sua querida cidade Serra Negra do Norte. O
pedido provocou gargalhadas em Juvenal, que descartou a
pretensão do parente, pessoa que, segundo ele, não
preenchia as condições exigidas para ocupar a chefia da
edilidade.”
Depoimento sobre Dinarte Mariz feito por
Olavo de Medeiros Filho no livro Solidão,
Solidões de Diógenes da Cunha LIMA,
2003, p. 166Decepcionado com o governador Juvenal Lamartine, Dinarte juntou-se aos
conspiradores do movimento revolucionário engrossando a corrente “liberal”, “enquanto elite
emergente, procuravam abrir seu espaço e reivindicavam as mudanças jurídico – políticas
necessárias a uma maior abertura do regime.” (LINDOSO, 1992, p. 43)
O impasse instalado por um momento no Estado, foi contornado com a
instituição de uma junta governativa Militar – composta pelo coronel Luiz Tavares Guerreiro
e pelos capitães Abelardo Castro e Júlio de Perouse Pontes – que nomeou interventores e,entre outras medidas, fechou a Assembléia Legislativa e as Câmaras Municipais, além de
nomear prefeitos, como Dinarte Mariz, para a prefeitura de Caicó.
Como prefeito de Caicó, Dinarte estava também “encarregado de
supervisionar a implantação da nova ordem na região do seridó conquistando o respeito e a
gratidão das chefias ligadas a situação disposta.” (SPINELLI apud MORAIS, 1998, p. 67).
2 A Aliança liberal foi formada em 1929, por setores dissidentes da oligarquia paulista e mineira, insatisfeitoscom o sistema excludente. Eles propunha mudanças significativas no sistema eleitoral vigente e nas relações docapital com trabalho. No RN era formada por alguns integrantes da oligarquia algodoeiro – pecuária que haviamse desentendido com o governo situacionista. (idem, ibidem).
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De outubro de 1930 a março de 1932, período que esteve a frente da
administração pública de Caicó, Dinarte reivindicou ao Ministro da Aviação e Obras Públicas,
José Américo de Almeida, a construção do Açude Itans e diversas ações assistencialistas,
como socorro a enfermos desvalidos, auxílio a flagelados, além de oferecer subvenção a
hospitais, etc.
“Ainda em 1932, deixava a Prefeitura a pretexto de discordância
administrativa com o Interventor interino, mas na realidade por um dever de consciência, já
que tinha admitido os primeiros entendimentos para se integrar na Revolução
constitucionalista de São Paulo”. (MARIZ, Dinarte. A vida de um revolucionário. 1975, p.
56).
Insatisfeito com o rumo que a revolução tinha tomado, tendo em vista que os
anos de 1930 – 1932 foi marcado pelo radicalismo, repressão, fechamento de sindicatos e
proibição da imprensa oposicionista, ocorrendo inclusive violência física contra adversários,
Dinarte pediu demissão da Prefeitura de Caicó, rompendo com a corrente liberal, da qual fazia
parte com o governo revolucionário.
“ A revolução de 30 foi feita por idealistas, homens de bem
a toda prova. Em 1932, eu pedi demissão da Prefeitura de
Caicó porque Getúlio havia levado o país a ditadura.
Nosso comprimento era moralizar, entregar o país
pacificado, em um regime diferente. A verdade é que os
idealistas eram os tenentes, isso é inegável. Eles não
tinham mentalidade política, mas os idealistas foram os
tenentes” (LIMA, 2003, p. 91).
Tendo em vista que a revolução de 1930, não alterou as estruturas de poder existentes no estado, vai para o Rio de Janeiro com Eloy de Souza e Gentil Ferreira. Participa
da Revolução Constitucionalista em São Paulo. É preso por três vezes e recolhido à casa de
Detenção do Rio de Janeiro.
A 12 de fevereiro de 1933, Dinarte junta-se a José Augusto Bezerra de
Medeiros – representante da oligarquia do seridó e ex – governador do estado – e fundam o
Partido Popular (PP) no rio Grande do Norte, de caráter populista, resultante da fusão do
antigo Partido Republicano Federal do Rio Grande do Norte, dirigido por José Augusto, coma União Democrática Norte – Rio – Grandense, dirigida pelo Monsenhor João da Matha
Paiva, além de Eloy de Souza e Manoel Alves entre outras lideranças políticas e intelectuais
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do Rio Grande do Norte. “Aluízio Alves, ainda menino, redige a ata de fundação.”
(SPINELLI, 1996, p. 109) Ainda em 1933, fundou e dirigiu o jornal “A Razão”. O período do
pós – 30, ficou conhecido como um período de rearranjo políticos.
Nas eleições de 03 de maio de 1933, o Partido Popular fazendo oposição ao
governo federal, já consegue ocupar três das quatro vagas para a Assembléia Nacional
Constituinte, destinadas para o Estado. Foi também nos idos de 1933 que Dinarte Mariz
fundou o jornal A Razão, sendo seu primeiro diretor e fazendo oposição ao governo Vargas.
Para a escolha do candidato ao governo do estado nas eleições de 14 de
outubro de 1934, foi feito uma reunião em Natal na residência do “coronel” João Câmara a 23
de setembro de 1934, na qual o Partido Popular sob a presidência de José Augusto “aceitou
constrangidamente a substituição de Silvino Bezerra pela do mossoroense Rafael Fernandes
Gurjão, médico e comerciante de algodão e sal, antigo deputado federal e parente de Juarez
Távora. Segundo Dinarte Mariz “a sugestão de substituir Silvino por Rafael foi sua, a fim de
quebrar possíveis resistências na área federal.” (SPINELLI, 1996, p. 168).
De 1934 a 1935 viveu-se no Rio Grande do Norte, a agitadíssima campanha
do Partido Popular x Aliança Social – formada pelo Partido Social Nacionalista (PSN),
fundada por Café Filho e pelo Partido Social Democrático (PSD) dirigido pelo interventor
Mário Câmara, além da Ação Integralista Brasileira e o Partido da União Operária eCamponesa. Depois de muito tumulto e violência, incluindo a convocação de eleições
suplementares pelo Tribunal Regional Eleitoral na maioria dos municípios do Rio Grande do
Norte é referendado o nome do candidato da situação (o próprio interventor Mário Câmara).
Inconformado o Partido Popular denuncia irregularidades no pleito e, em outubro de 1935,
ocorre novas apurações de votos.
“a vitória do PP foi representada pela eleição de tr~es
representantes para a Câmara Federal (entre eles José Augusto) e quatorze para a Assembléia Estadual, esse
partido elegeu o governador Rafael Fernandes e os
senadores federais Eloy de Souza e Joaquim Inácio de
Carvalho Filho.” (MORAIS, 1998 p. 70).
A derrota dos candidatos da situação foi um fato pioneiro no Brasil naquele
tempo.“A animozidade entre “perrés” e “pelabuchos”, agora
vencedores e vencidos, ainda mais se acendia após a
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instauração no novo governo a ponto de ganhar
conotações estranhas ao prosélito local, de modo como
serviria de caldo à Intentora comunista em Natal”.
O novo governo enfrentou um clima de tensão política no Estado muito
forte, com constantes enfrentamentos entre a policia e os jagunços dos coronéis, entre eles
Dinarte Mariz. Segundo SPINELLI as medidas iniciais do novo governo desagradou alguns
setores da sociedade, entre elas a substituição do comando do 21º Batalhão de caçadores. O
novo comandante ameaçou abrir inquéritos para apurar irregularidades cometidas durante o
governo anterior e ameaçava os soldados com severas punições. No dia 23 de novembro de
1935, explodiu o levante comunista.
“Os rebeldes dominaram rapidamente o quartel do 21º
Batalhão de Caçadores do Exercito e, em seguida,
tomaram a Casa de Detenção e o Esquadrão de
Cavalaria; mas no quartel da Polícia Militar enfrentaram
uma resistência que durou 19 horas. O governador, o
prefeito e outras autoridades conseguiram se refugiar.”
(SPINELLI, 1996, p. 223)
O ambiente político continuou extremamente tenso. Instalou-se um Governo
Popular Revolucionário, presidido pelo mestre – de – obras João Lopes (que visava o
codiname Santa) oriundo do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro. Dentre os
membros que formavam esse governo, cita-se o sargento Quintino Clementino Barros
nomeado como secretário de Defesa. Esse governo que durou apenas três dias.
Baixou decretos destituindo o governador Rafael Fernandes, dissolvendo a Assembléia Constituinte
Estadual, instituindo a reforma agrária e reduzindo os
preços das passagens de bondes. Requisitou todo o
dinheiro encontrado nas agências do Banco do Brasil e
Banco do Rio Grande do norte, gêneros alimentícios ao
comércio (distribuídos com a população) e automóveis e
caminhões particulares para a movimentação das tropasrevolucionarias”. (SPINELLI, 1996, p. 203).
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O Estado estava, portanto, excitado à revolução, pelas recentes lutas entre
maristas e cafeístas, de um lado, e populista de outro, e essas lutas entre facções se
combinaram com a inquietação militar e a insatisfação popular contra o governo Vargas para
produzir o clima favorável a uma rebelião.
Dinarte Mariz nos combates às forças comunistas com o auxílio do
governador paraibano Argemiro de Figueiredo, organizou a resistência e a luta para deposição
do governo comunista no Rio Grande do Norte, repondo ao cargo de governador Rafael
Fernandes. A insurreição comunista e sua derrota mudaram a qualidade do relacionamento
entre o governo estadual e o federal. Em nome da necessidade de fortalecer a autoridade de
Vargas, o Partido Popular, no congresso, se dispôs a apóia-lo, para conferir ao governo federal
poderes de exceção, reconhecendo que estes também eram necessários ao governo estadual
para consolidar suas posições.
“Esse mesmo partido sacrificou a sua ideologia liberal à
necessidade de “fortalecer a autoridade” e se subordinou
a um poder central que fazia tábua rasa dos postulados
federativos, os quais tinham sido a razão de ser e de outros
partidos regionais no pós – 30”. (SPINELLI, 1996, p. 211)
As divergências de opiniões no Partido Popular se manifestavam desde antes
do golpe de 1937 e a instituição do Estado Novo. Exemplo disso é que com a proximidade das
eleições presidenciais de 1938 as divergências assumiram caráter mais sério: enquanto Rafael
Fernandes, José Augusto e Dinarte Mariz apoiavam o candidato “oficial”, José Américo de
Almeida, Juvenal Lamartine apoiava o governador de São Paulo, Armando de Salles Oliveira.
Com o golpe de 1937 e a instituição do Estado Novo, grande parte do
Partido Popular foi marginalizada, entre eles: José Augusto, Juvenal Lamartine e DinarteMariz. Rafael Fernandes passou a governar o Estado sem interferências partidárias. Na
condição de interventor, dependia apenas de Vargas.
Verificada a impossibilidade de uma reação armada, como desejava Dinarte
Mariz, ao golpe de Estado, compareceu ao Palácio do Governo, no dia 11 de novembro de
1937 para se despedir do governador Rafael Fernandes, de quem era amigo pessoal, depois de
lhe afirmar “que não estava de armas na mão porque nenhuma trincheira tinha sido aberta para
reagir ao golpe que na véspera se desfechara contra as instituições vigentes. ( MARIZ, 1975, p. 62).
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Apesar das repressões aos adversários do regime ditatorial, implantado por
Getulio Vargas de 1937 a 1945, de forma autoritária, Dinarte Mariz continuou conspirando.
“Em 1937, fiz de tudo para conseguir uma aliança com
outras Unidades da Federação e resistir ao golpe de
Estado, e tenho a convicção de que se não tivessem sido
malogradas as articulações, teria mais uma vez, aberto
uma trincheira em defesa das franquias democráticas.
Tudo isto acontecia enquanto outros setores, de maior
repercussão na opinião pública, rendiam-se à ditadura e
ficavam de cócoras, em frente aos guichês do DIP, para
receberem o pagamento das louvaminhas que estavam em
defesa do Estado Novo.” (MARIZ, 1975, p. 65)
Em 1945, Dinarte Mariz tomava parte na reconstitucionalização do País, o
presidente Vargas havia sido deposto e o país se preparava para a eleição de uma Assembléia
Nacional constituinte. Era a primeira eleição legislativa, desde 1933. Ainda em 1945 funda a
União Democrática Nacional (UDN), sendo o primeiro presidente do partido no Rio Grande
do Norte com Aluízo Alves, Djalma Marinho, José Augusto, Juvenal Lamartine, Eloy deSouza e Ferreira de Souza. Candidata-se ao Senado pela UDN e não se elege.
O primeiro teste eleitoral veio com a campanha presidencial em 1945 na qual
concorreram ao cargo de presidente o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) x o general Eurico
Gaspar Dutra (PSD – PTB). A vitória de Dutra fortaleceu a aliança PSD – PTB, criados por
políticos que deram sustentação ao presidente deposto. Na eleição para a Assembléia Nacional
constituinte, o PSD potiguar, organizado por Georgino Avelino, elegeu quatro deputados
federais: Mota Neto, Deoclécio Duarte, José Varela e Walfredo Gurgel. A UDN, organizadano estado por José Augusto, elegeu somente dois deputados: o próprio José Augusto e Aluízio
Alves, na época com apenas 26 anos de idade (TRINDADE, sd. P. 20).
Como reflexo da rivalidade a nível nacional, PSD e UDN viviam às turras
aqui no estado. Em 1954 ocorreu a primeira grande aliança política aqui no estado. A UDN, o
PSD e o PSP formavam um chapão para concorrer ao senado. Foram eleitos Dinarte Mariz
(UDN) e Georgino Avelino (PSD). Em 1955 com a aliança já desfeita o udenista Dinarte
Mariz em aliança com o seu antigo adversário, o Presidente café Filho, venceu o pessedistaJocelin Villar, na disputa pelo governo do estado. Primeira e única vez que os udinistas
governaram o Rio Grande do Norte. Nessa campanha Dinarte recebeu todo apoio possível de
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Aluízio Alves. Porém, Dinarte quando eleito, recebeu algumas sugestões encaminhadas por
Aluízio para serem postas em prática quando o amigo e protetor tomasse posse. Dinarte,
recusa-as; e ainda manda um recado a Aluízio: “que as pusesse em prática quando ele,
Aluízio, fosse governador”.
“Eleito governador do Estado em 1955, posso afirmar que,
a rigor, nada recebi dos cofres públicos, durante os cinco
anos de meu mandato, residindo apenas numa casa do
Estado, pois todas as despesas com a sua manutenção de
meu bolso ... tive oportunidade de construir escolas,
ginásios, dois grandes centros educacionais, algumas
escolas superiores e, afinal, criei a Universidade, hoje
considerada por todos nós, norte – rio – grandenses a obra
do século. Isto no setor da educação ... Antes mesmo de
chegar ao Governo, já havia construído, equipado, e
achava-se em pleno funcionamento, um dos melhores
hospitais do interior do País, na minha cidade. No governo
criei mais 30 postos de saúde, disseminados pelo interior,
assistindo eficientemente sua população, além de um
hospital – modelo para psicopatas e outro para
tuberculosos, e mais um que deixei em fase de conclusão,
no bairro mais populoso da capital. No setor agrícola,
iniciei a obra de recuperação dos vales úmidos,
colonizando-os e integrando-os na produção. (MARIZ,
1975, p. 65-66).
Segundo TRINDADE, a ascensão de Aluízio Alves no seio da UDN,
representava uma ameaça para Dinarte Mariz, que não aceitava o papel de coadjuvante. O
rompimento político entre ambos se deu quando Dinarte recusou-se em aceitar Aluízio como
candidato à sua sucessão, em 1960. para Dinarte, afigurava-se melhor a candidatura de Djalma
Marinho, político experiente e com brilho próprio, mas que aceitava a sua liderança. Esse
rompimento fixou definitivamente a divisão do estado entre essas duas lideranças políticas,
iniciando-se uma nova fase de radicalização política no Rio Grande do Norte. Na eleição para o governo do estado em 1960, Dinarte apoiou a candidatura
de Djalma Marinho e Vingt Rosado, perdendo as eleições para os candidatos Aluízio Alves e
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Walfredo Gurgel, candidatos de uma aliança política composta pelo PTB, PDC, PTN e uma
dissidência da UDN. Essa coligação recebeu o nome de Cruzada da Esperança”. Aluízio
ganhou ainda o apoio do antigo líder, José Augusto. (TRINDADE, sd. P, 21).
Dinarte Mariz governou o estado do Rio Grande do Norte de 31 de janeiro de
1956 a 31 de janeiro de 1961. Elegeu-se senador da república em 1962, pela coligação UDN –
PSD. Em 1963 foi escolhido para membro das Comissões de Finanças e Comissão de
Polígono das Secas. Conspirou e participou da revolução de 1964, elegendo-se também nesse
ano primeiro – secretário do Senado, cargo que ocupou até 1969.
“Durante o período de domínio militar, ninguém no meio
civil teve maior afinidade com os militares, dos oficiais
superiores ao presidente da República. Isso não quer dizer
que não conspirou, que não instigasse, que deixasse de
fazer críticas ou duras restrições.” (LIMA, 2003, p. 43).
Em 1965, candidatou-se ao governo do Estado, nas eleições que elegeram
monsenhor Walfredo Gurgel. Em abril de 1970, é escolhido membro da Comissão de Finanças
e membro da Comissão de Assuntos Regionais do Senado, neste mesmo ano reelege-se
senador. Em 1975 é eleito novamente primeiro – secretário do Senado. Em 1978 é eleito parao quarto mandato consecutivo de senador pelo colégio eleitoral do Rio Grande do Norte. Em
1979, apresenta no Senado projeto de anistia ampla, geral e restrita, excluídos os responsáveis
por atos de sangue e terrorismo.
- A 9 de julho de 1984, falece em Brasília e é sepultado em Caicó.