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C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p.280 -292, set./dez. 2017 A PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DISBIOSE INTESTINAL EM PACIENTES DE UMA CLÍNICA EM TERSINA-PI Cláudia Lorena Ribeiro Lopes* Gleyson Moura dos Santps** Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho*** RESUMO A disbiose caracteriza-se como um problema sério, e consequente dos hábitos mantidos nos dias atuais, que tem grandes chances de perturbar todo o organismo e por isso deve ser bem investigada. O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sinais e sintomas de Disbiose Intestinal em pacientes de uma Clínica particular na cidade de Teresina-PI. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. A população envolvida foi composta por 57 pacientes usuários de uma Clínica particular localizada na cidade de Teresina-PI. A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2016, através da aplicação de um Questionário de Rastreamento Metabólico (QRM) do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional. Resultados: Dentre os pacientes avaliados no presente estudo, 87,72% (n=50) eram do sexo feminino e 12,28% (n=07) do sexo masculino. Quanto aos sintomas apresentados nos 57 pacientes estudados, o que demonstrou maior prevalência em nível de 95% de confiança foi o de dor estomacal e intestinal. Conclusão: Foi observada uma alta prevalência de sintomas de disbiose na população estudada. Assim é importante que se dê atenção ao equilíbrio da microbiota intestinal, pois apesar de pouco estudada, esta se tem mostrado de grande influência na saúde humana. Palavras-chave: Microbiota Intestinal. Desequilíbrio. Disbiose. Nutricionista; Pós-Graduanda em Nutrição Clínica, Ortomolecular, Biofuncional e Fitoterapia. * Nutricionista; Mestrando em Ciências e Saúde; Pós-graduando em Fitoterapia Aplicada à Nutrição. ** Nutricionista; Docente da Faculdade Maurício de Nassau; Pós- graduada em Docência do Ensino Superior e Educação à distância; Pós- graduanda em Nutrição Funcional Clínica, Fitoterápica e Esportiva. relatos de pesquisa 280

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  • C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p.280 -292, set./dez. 2017

    A PREVALÊNCIA DE SINAIS E

    SINTOMAS DE DISBIOSE INTESTINAL EM

    PACIENTES DE UMA CLÍNICA EM

    TERSINA-PI

    Cláudia Lorena Ribeiro Lopes*

    Gleyson Moura dos Santps**

    Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho***

    RESUMO

    A disbiose caracteriza-se como um problema sério, e consequente dos hábitos mantidos nos dias atuais, que tem grandes chances de perturbar todo o organismo e por isso deve ser bem investigada. O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sinais e sintomas de Disbiose Intestinal em pacientes de uma Clínica particular na cidade de Teresina-PI. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. A população envolvida foi composta por 57 pacientes usuários de uma Clínica particular localizada na cidade de Teresina-PI. A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2016, através da aplicação de um Questionário de Rastreamento Metabólico (QRM) do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional. Resultados: Dentre os pacientes avaliados no presente estudo, 87,72% (n=50) eram do sexo feminino e 12,28% (n=07) do sexo masculino. Quanto aos sintomas apresentados nos 57 pacientes estudados, o que demonstrou maior prevalência em nível de 95% de confiança foi o de dor estomacal e intestinal. Conclusão: Foi observada uma alta prevalência de sintomas de disbiose na população estudada. Assim é importante que se dê atenção ao equilíbrio da microbiota intestinal, pois apesar de pouco estudada, esta se tem mostrado de grande influência na saúde humana.

    Palavras-chave: Microbiota Intestinal. Desequilíbrio. Disbiose.

    Nutricionista; Pós-Graduanda em

    Nutrição Clínica, Ortomolecular,

    Biofuncional e Fitoterapia.

    * Nutricionista; Mestrando em

    Ciências e Saúde; Pós-graduando em

    Fitoterapia Aplicada à Nutrição.

    ** Nutricionista; Docente da

    Faculdade Maurício de Nassau; Pós-

    graduada em Docência do Ensino

    Superior e Educação à distância; Pós-

    graduanda em Nutrição Funcional

    Clínica, Fitoterápica e Esportiva.

    rela

    tos

    de

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    a

    280

  • A prevalência de sinais e sintomas de disbiose intestinal em pacientes de uma clínica em tersina-pi

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p.280 -292, set./dez. 2017

    1. INTRODUÇÃO

    O termo microbiota intestinal

    refere-se a uma variedade de

    microrganismos vivos principalmente

    bactérias anaeróbias, que colonizam o

    intestino logo após o nascimento. É

    constituído por microbiota nativa e de

    transição temporária, sendo

    considerado como um dos

    ecossistemas mais complexos, com

    cerca de 1.000 bactérias distintas. Seu

    estabelecimento é influenciado por

    múltiplos fatores e chega ao ápice por

    volta dos dois anos de idade

    (GUARNER, 2007; BARBOSA et al.,

    2010).

    A microbiota intestinal é

    considerada um ecossistema

    essencialmente bacteriano que reside

    normalmente nos intestinos do homem,

    exerce o papel de proteção, impedindo

    o estabelecimento de bactérias

    patogênicas que geralmente são

    ocasionadas pelo desequilíbrio da

    microbiota (BRANDT; SAMPAIO;

    MIUKI, 2006).

    Alterações nesse ecossistema

    bacteriano intestinal podem ocorrer por

    diversos fatores, internos ou externos

    ao hospedeiro, incluindo o tipo de

    parto, a alimentação, o uso de

    antibióticos, de prebióticos e de

    probióticos, fatores genéticos, idade,

    estresse, entre outros (PENDERS et

    al., 2006; ZHANG et al., 2015). O

    desequilíbrio ocasionado por esses

    fatores se reflete na modificação desta

    microbiota, ocorrendo diminuição de

    bactérias benéficas e aumento de

    patógenos, caracterizando um quadro

    de disbiose (ZHANG et al., 2015).

    Esse desequilíbrio da microbiota

    pode levar a perda de efeitos imunes

    normais reguladores na mucosa do

    intestino, sendo associada a um

    número de doenças inflamatórias e

    imuno-mediata. Obter uma

    homeostase adequada durante o

    momento de colonização do trato

    gastrointestinal é um dos principais

    elementos para a modulação do

    sistema imune adequada e indução da

    tolerância imunológica. O não

    funcionamento desse sistema é a

    grande causa de doenças autoimunes

    ou atópicas (SATOKARI et al., 2014;

    FRANCINO, 2014).

    A disbiose apresenta um

    agravante quando associada com

    outros distúrbios, como aumento da

    permeabilidade intestinal, a

    constipação intestinal. Em uma

    microbiota anormal, a quebra dos

    peptídeos e reabsorção de toxinas do

    lúmen intestinal, ocorre de maneira

    281

  • Cláudia Lorena Ribeiro Lopes, Gleyson Moura dos Santps, Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho

    282 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    inadequada, induzindo o surgimento de

    patologias pelo não funcionamento das

    funções da microbiota intestinal

    (ALMEIDA et al., 2009).

    Em seres humanos

    considerados saudáveis, nota-se uma

    microbiota estável. Os agentes

    patogênicos quando adquiridos são

    rapidamente eliminados devido à

    presença da microbiota comensal,

    composto em sua maioria por bactérias

    anaeróbicas. No entanto, ao obter uma

    quantidade significativa de bactérias

    patogênicas como a Salmonella spp.,

    Vibrio ou Estafilococcus, podem induzir

    uma desordem na microbiota natural,

    burlando assim os mecanismos de

    defesa e gerar sintomas clínicos

    (CARLET, 2012).

    Com relação a isso, a disbiose

    caracteriza-se como um problema

    sério, e consequente dos hábitos

    mantidos nos dias atuais, que tem

    grandes chances de perturbar todo o

    organismo e por isso deve ser bem

    investigada. Gases, cólicas, diarreias e

    prisão de ventre frequentes já são

    sintomas que indicam disbiose

    intestinal, e justificam exames

    específicos para conferir o equilíbrio da

    flora intestinal (DAVIDISON;

    CARVALHO, 2008).

    Sendo assim, como na

    literatura, são escassos os trabalhos

    que demonstram a prevalência desses

    sintomas, que caracterizam a disbiose,

    o presente estudo teve como objetivo

    verificar a prevalência de sinais e

    sintomas de Disbiose Intestinal em

    pacientes de uma Clínica particular da

    cidade de Teresina-PI.

    2. MATERIAIS E MÉTODOS

    Trata-se de um estudo

    transversal do tipo descritivo, com

    abordagem quantitativa. A população

    envolvida foi composta por 57

    pacientes usuários de uma Clínica

    particular localizada na cidade de

    Teresina-PI no mês de julho de 2016.

    Foram incluídos na amostra

    pacientes da clínica em questão, que

    deram entrada na mesma

    apresentando como queixa principal

    sintomas gastrointestinais, maiores de

    18 anos, alfabetizados, e que

    consentiram em assinar um Termo de

    Consentimento Livre e Esclarecido,

    aceitando participar da pesquisa. Para

    critério de exclusão, pacientes que não

    apresentavam sintomas

    gastrointestinais e que não

    consentiram sua participação na

    pesquisa.

  • A prevalência de sinais e sintomas de disbiose intestinal em pacientes de uma clínica em tersina-pi

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017 283

    A coleta de dados foi realizada

    no mês de julho de 2016, através da

    aplicação de um Questionário de

    Rastreamento Metabólico- QRM do

    Centro Brasileiro de Nutrição

    Funcional, composto por questões

    fechadas que são preenchidas de

    forma subjetiva, com informações do

    que ocorreram com o organismo nos

    últimos 30 dias, nas últimas semanas e

    nas últimas 48 horas.

    O QRM (figura 01) é dividido em

    14 blocos referentes a pontos de

    importância do organismo e avalia

    cada sintoma baseado em seu perfil de

    saúde. Possui uma pontuação mínima

    total de 20 pontos para diagnosticar o

    paciente, sendo que deve ser dada

    máxima importância à pontuação por

    blocos.

    Figura 1- Modelo de Questionário de Rastreamento metabólico utilizado na

    pesquisa.

    Fonte: Centro Brasileiro de Nutrição Funcional.

  • Cláudia Lorena Ribeiro Lopes, Gleyson Moura dos Santps, Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    A Disbiose Intestinal é avaliada

    através da pontuação dada pelo

    participante aos sintomas que estão

    relacionados no QRM:

    náuseas/vômitos, diarreia,

    constipação/prisão de ventre,

    inchado/abdômen distendido, gases

    intestinais/eructações, azia, dor

    estomacal/intestinal. Que constituem a

    seção voltada ao trato gastrointestinal.

    Para cada sinal/sintoma pontuou-se 00

    (nunca, ou quase nunca teve o

    sintoma), 01 (ocasionalmente teve,

    efeito não foi severo), 02

    (ocasionalmente teve, efeito foi

    severo), 03 (frequentemente teve,

    efeito não foi severo) ou 04

    (frequentemente teve, efeito foi

    severo). A soma total do questionário

    caracteriza-se da seguinte forma: < 20

    pontos (pessoas mais saudáveis, com

    menor chance de terem

    hipersensibilidade), > 30 pontos

    (indicativo de existência de

    hipersensibilidade), > 40 pontos

    (absoluta certeza de existência de

    hipersensibilidade) e > 100 pontos

    (pessoas com saúde muito ruim – alta

    dificuldade para executar tarefas

    diárias, pode estar associada à

    presença de outras doenças crônicas

    degenerativas). Segundo a análise

    proposta pelo QRM, pontuações iguais

    ou acima de 10 pontos em um dos

    blocos do questionário indicam

    hipersensibilidade alimentar ou

    ambiental.

    Para a tabulação dos dados, foi

    utilizado o Excel® versão 2010. Os dados

    foram expostos em tabelas e gráfico para

    melhor visualização. Para a análise

    estatística, foi utilizado o programa

    estatístico BioEstat versão 5.0. O teste

    estatístico utilizado para verificar

    associações significativas foi o teste do

    Qui-quadrado com correção de Yates,

    com um nível de significância de 5%.

    A pesquisa foi realizada de

    acordo com as normas do Conselho

    Nacional de Saúde – CNS – Portaria n°

    466/2012, que contempla as diretrizes

    e normas regulamentadoras de

    pesquisa envolvendo seres humanos.

    Na qual, foi autorizada pela direção da

    Clínica, mediante apresentação da

    carta de anuência padrão. A

    participação foi voluntária, assinado

    um termo de consentimento e

    esclarecidos de todas as dúvidas.

    3. RESULTADOS

    Na figura 02 está sendo

    demonstrado que dentre os pacientes

    avaliados no presente estudo, 87,72%

    (n=50) eram do sexo feminino e

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  • A prevalência de sinais e sintomas de disbiose intestinal em pacientes de uma clínica em tersina-pi

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017 285

    12,28% (n=07) do sexo masculino.

    Figura 2- Classificação dos pacientes estudados de acordo com o sexo.

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

    Com relação aos

    resultados da soma total do QRM, para

    ambos os sexos (tabela 01) foi

    observado que, não houve pacientes

    que apresentaram valores < 20 pontos

    e > 30 pontos. Já o resultado > 40

    pontos, representou o somatório total

    do QRM de 54 pacientes, sendo estes

    06 do gênero masculino e 48 do

    feminino. Quanto ao valor > 100 pontos

    foram observados no somatório de 03

    pacientes, no qual 01 era do sexo

    masculino e 02 do feminino.

    Tabela 1- Resultado de acordo com o sexo da pontuação final da aplicação

    do QRM de 57 pacientes usuários de uma Clínica particular de Teresina-PI, 2016.

    Sexo

    Resultado da Interpretação do Questionário de

    Rastreamento Metabólico

    < 20 pontos > 30 pontos > 40 pontos >100 pontos

    Masculino - - 06 01

    Feminino - - 48 02

    TOTAL - - 54 03

    Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

    87,72

    12,28

    0

    50

    100

    Sexo

    Feminino Masculino

  • Cláudia Lorena Ribeiro Lopes, Gleyson Moura dos Santps, Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    Para a prevalência dos sintomas

    observados nos pacientes da clínica

    (tabela 02), dentre todos os sintomas

    apresentados nos 57 pacientes

    estudados, o que demonstrou maior

    prevalência em nível de 95% de

    confiança foi o de dor estomacal e

    intestinal, com valor de p < 0, 0001.

    Este foi seguido por inchaço

    abdominal, abdômen distendido,

    arrotos, gases intestinais e azia,

    observado em 36 pacientes;

    constipação e prisão de ventre,

    presente em 33 pacientes; diarreia em

    25 pacientes e náuseas e vômitos em

    27 pacientes.

    Tabela 2- Sintomas do trato gastrointestinal de 57 pacientes usuários de uma

    Clínica particular de Teresina-PI, 2016.

    Sintomas do Trato gastrointestinal

    Presença Ausência

    p valor

    n

    %

    n

    %

    Náuseas e Vômitos 27 47,37 30 52,63 0,7911

    Diarreia 25 43,86 32 56,14 0,4268

    Constipação e Prisão de ventre

    33 57,90 24 42,10 0,2893

    Inchaço abdominal/Abdômen distendido

    36 63,16 21 36,84 0, 0637

    Arrotos e/ou gases intestinais

    36 63,16 21 36,84 0, 0637

    Azia 36 63,16 21 36,84 0, 0637

    Dor estomacal/intestinal

    57 100 0 0 < 0, 0001a

    a Significativo a nível de 5%.

    Fonte: Dados da pesquisa, 2016

    .

    286

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    4. DISCUSSÃO

    Não existe na literatura um

    consenso geral mostrando prevalência

    de doenças gastrointestinais de acordo

    com o sexo, há apenas resultados de

    patologias gastrointestinais isoladas.

    Mas sabe-se que mulheres

    apresentam mais nervosismo e

    ansiedade, que são fatores de risco

    para doenças gastrointestinais.

    De acordo com Costa-Júnior e

    Maia (2009), de modo geral, as

    mulheres utilizam mais os serviços de

    saúde de maneira preventiva e, por

    isso, há uma situação de saúde

    desfavorável quando se trata do grupo

    masculino em relação ao feminino. As

    mulheres também apresentam mais

    doenças crônicas do que os homens,

    porém tais acometimentos são menos

    severos.

    Fagundes (2010), estudando

    sobre a prevalência de sinais e

    sintomas de disbiose intestinal,

    observou que 100% dos participantes

    do seu estudo eram mulheres. Almeida

    (2004), em um estudo sobre a

    microflora intestinal de pacientes com

    retocolite ulcerativa, identificou uma

    prevalência de 60% de mulheres.

    Esses resultados corroboram com os

    demonstrados neste estudo.

    Quanto à prevalência dos

    sintomas de disbiose, no que se refere

    à presença de náuseas e vômitos,

    47,37% (n=27) dos pacientes

    apresentaram este sintoma. Dados

    semelhantes aos obtidos por Oliveira et

    al. (2006) em que 25% da população

    analisada relatou náuseas uma ou

    mais vezes em um intervalo de 30 dias.

    Ainda, 19% destacaram a presença de

    vômitos na mesma intensidade.

    No que se refere ao sintoma

    diarreia, o mesmo foi observado em

    43,86% (n=25) dos pacientes

    estudados, corroborando com o

    demonstrado no estudo de Amarante

    (2013) que ao estudar pacientes com

    síndrome do intestino irritável, a autora

    observou presença de diarreia em 25%

    dos pacientes estudados.

    Para os sintomas de

    constipação e prisão de ventre, o

    resultado de 57,90% (n=33) apresenta-

    se superior ao reportado por Sartilho et

    al. (2009) que em seu estudo

    entrevistou um grupo de mulheres com

    idades entre 15 e 73 anos, e os

    resultados mostraram que a

    prevalência de constipação intestinal

    entre as entrevistadas foi de 34,2%.

    Para Santos e Varavalho (2011) a

    absorção intestinal que normalmente

    ocorre com o auxílio das bactérias da

    287

  • Cláudia Lorena Ribeiro Lopes, Gleyson Moura dos Santps, Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    flora intestinal normal, em caso de

    desequilíbrio, apresentará absorção

    diminuída. Tal situação pode levar a

    ocorrência de quadro de constipação.

    Segundo Santos (2005) a

    constipação intestinal crônica e a

    síndrome do cólon irritável são duas

    doenças comuns e das mais

    frequentes nos consultórios médicos,

    principalmente atingindo a população

    feminina. Tal informação explica a

    prevalência deste sintoma na

    população estudada, tendo em vista os

    números significativos do sintoma e a

    quantidade do número de mulheres

    presente no respectivo estudo.

    No presente estudo, 63,16% (n=

    36) dos pacientes avaliados relataram

    sentir inchaço abdominal ou abdômen

    distendido, o que pode ser comparado

    com os resultados de Galdino et al.

    (2016) no qual foi observado uma

    prevalência de 50,58% de indivíduos

    com os mesmos sintomas.

    A presença de arrotos e gases

    intestinais nos pacientes analisados foi

    de 63,16% (n= 36). Tal resultado

    demonstra-se superior ao apresentado

    por Fagundes (2010), onde a autora ao

    estudar a prevalência de sinais e

    sintomas de disbiose em estudantes

    reportou valor de 14,6% para os

    mesmos sintomas.

    Paschoal (2007) destaca que a

    disbiose intestinal possui sintomas que

    indicam facilmente o problema, como

    gases, cólicas, diarreia e prisão de

    ventre frequentes. Desta forma, pode-

    se perceber a presença de disbiose na

    maioria dos pacientes estudados, uma

    vez que a prevalência desses sintomas

    se mostram bem significantes na

    população do presente trabalho.

    No que se refere ao sintoma de

    azia, o resultado de 63,16% (n= 36),

    demonstra-se semelhante ao obtido

    por Cardoso et al (2010) que ao

    estudar a prevalência de sintomas de

    doença do refluxo gastroesofágico em

    pacientes asmáticos, reportou valor de

    54,6% para o mesmo sintoma.

    Com relação ao sintoma dor

    estomacal e intestinal, estes foram

    observados em todos os pacientes.

    Estes sintomas caracterizam-se como

    um dos fatores mais importantes no

    diagnóstico da disbiose intestinal. Em

    um estudo com pacientes da atenção

    primária, Braga et al. (2013) relataram

    a prevalência de epigastralgia em

    48,97% dos indivíduos, o que é

    representado também no presente

    estudo, em que 100% dos pacientes

    avaliados relataram a presença de dor

    estomacal/intestinal.

    284

    288

  • A prevalência de sinais e sintomas de disbiose intestinal em pacientes de uma clínica em tersina-pi

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    Desta forma, todos os pacientes

    avaliados apresentaram quadro de

    disbiose. Para aqueles que o resultado

    do somatório do QRM correspondeu à

    pontuação maior que 40 pontos,

    podem ser caracterizados com

    absoluta certeza a existência de

    hipersensibilidade. Já para os

    pacientes que apresentaram um

    somatório maior que 100 pontos,

    caracterizam-se como pessoas com

    uma saúde muito ruim, com alta

    dificuldade para executar tarefas

    diárias, podendo estar associado à

    presença de outras doenças crônicas e

    degenerativas.

    Diante do exposto se faz

    necessário que estes sintomas sejam

    aliviados e o quadro de disbiose

    apresentado por estes pacientes seja

    solucionado, pois segundo Almeida et

    al. (2009) se a disbiose não for tratada,

    pode evoluir para um quadro mais

    grave, tanto para uma constipação

    intestinal crônica ou até mesmo em

    casos extremos, como a necessidade

    de efetuar com frequência lavagem

    intestinal.

    5. CONCLUSÃO

    Podemos concluir que foi

    observada uma alta prevalência de

    sintomas de disbiose na população

    estudada. Desta forma é importante

    que se dê atenção ao equilíbrio da

    microbiota intestinal, pois apesar de

    pouco estudada, esta se tem mostrado

    de grande influência na saúde humana.

    Nesse contexto, evidências tem

    demonstrado que os alimentos

    probióticos e prebióticos modulam

    positivamente a composição e a

    atividade da microbiota intestinal, com

    consequentes efeitos benéficos sobre

    a saúde. Assim, a dieta constitui,

    portanto, um dos aspectos essenciais

    que regula as espécies e a

    concentração da microbiota entérica,

    além de influenciar a atividade

    metabólica destes microrganismos.

    Em decorrência disto, podemos

    observar o quanto é importante o papel

    do nutricionista na prevenção e

    tratamento da disbiose intestinal,

    evitando assim, sinais e sintomas e o

    aparecimento de doenças

    gastrointestinais secundárias a esta.

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  • Cláudia Lorena Ribeiro Lopes, Gleyson Moura dos Santps, Fabrina Oliveira Almeida Monte Coelho

    C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017

    PREVALENCE OF SIGNS AND SYMPTOMS OF INTESTINAL DYSBIOSIS

    IN PATIENTS OF A CLINIC IN TERESINA-PI

    ABSTRACT Introduction: Dysbiosis is characterized as a serious problem, and consequent of the habits maintained in the present day, which has great chances of disrupting the whole organism and therefore should be well investigated. The objective of this study was to verify the prevalence of signs and symptoms of Intestinal Dysbiosis in patients of a private clinic in the city of Teresina-PI. Materials and Methods: This is a descriptive cross-sectional study with a quantitative approach. The population involved was composed of 57 patients using a private clinic located in the city of Teresina-PI. Data collection was performed in July 2016, through the application of a Metabolic Tracking Questionnaire (MTQ) of the Brazilian Center for Functional Nutrition. Results: Among the patients evaluated in the present study, 87.72% (n = 50) were of the female gender and 12.28% (n = 07) of the male gender. Concerning the symptoms presented in the 57 patients studied, the most prevalent at 95% confidence level was stomach and intestinal pain. Conclusion: A high prevalence of dysbiosis symptoms was observed in the study population. Thus, it is important to pay attention to the balance of the intestinal microbiota, because although it has been little studied, it has been shown to have a great influence on human health.

    Keywords: Intestinal microbiota. Imbalance. Dysbiosis.

    Artigo recebido em 09/05/2017 e aceito para publicação em 18/08/2017.

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