a percepÇÃo espacial dos alunos do ensino mÉdio … · principais áreas de risco, como beiras...

12
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 3620 A PERCEPÇÃO ESPACIAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE RISCO NA VIVÊNCIA DE NOVA FRIBURGO-RJ DENISE DE ALMEIDA GONZALEZ 1 ALEXSANDER JOSEF DA COSTA 2 Resumo: A precipitação intensa num intervalo de poucas horas, causou uma série de deslizamentos de encostas e enchentes de rios na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, especialmente no município de Nova Friburgo no mês de janeiro de 2011. Baseado na vivência dos alunos do 1º ano do Ensino Médio da rede estadual deste município, esta pesquisa se utilizará do fato desta região ter sofrido um desastre ambiental. Analisará a percepção de risco dos alunos através do que viveram e após as aplicações dos conteúdos da geografia física e das geotecnologias. Palavras-chave: desastre ambiental: percepção de risco: geotecnologias: área de risco Abstract: The perception of space of high school students from the perspective of risk in Nova Friburgo-RJ- The intense water precipitation during a short period of time caused mudslides and river floods all over the mountain region of Rio de Janeiro State, Brasil, specially in the city of Nova Friburgo on January 2011. Considering the undergraduate students from state schools of the County, this research intends to focus on their experience in response to this environmental disaster. The present work will evaluate the students’ level of risk perception, based on their past experience and after using the learned concepts of physical geography and geotechnologies. Key-words: environmental disaster, risk perception, geotechnologies, risk area. 1 Mestranda do PPGEO-UERJ. Contato por email: [email protected] 2 Docente do PPGEO-UERJ. Contato por email: [email protected]

Upload: hoangthien

Post on 13-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3620

A PERCEPÇÃO ESPACIAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE RISCO NA VIVÊNCIA DE NOVA

FRIBURGO-RJ DENISE DE ALMEIDA GONZALEZ1 ALEXSANDER JOSEF DA COSTA2

Resumo: A precipitação intensa num intervalo de poucas horas, causou uma série de

deslizamentos de encostas e enchentes de rios na Região Serrana do Estado do Rio

de Janeiro, Brasil, especialmente no município de Nova Friburgo no mês de janeiro

de 2011. Baseado na vivência dos alunos do 1º ano do Ensino Médio da rede

estadual deste município, esta pesquisa se utilizará do fato desta região ter sofrido

um desastre ambiental. Analisará a percepção de risco dos alunos através do que

viveram e após as aplicações dos conteúdos da geografia física e das

geotecnologias.

Palavras-chave: desastre ambiental: percepção de risco: geotecnologias: área

de risco

Abstract:

The perception of space of high school students from the perspective of risk in Nova

Friburgo-RJ- The intense water precipitation during a short period of time caused

mudslides and river floods all over the mountain region of Rio de Janeiro State,

Brasil, specially in the city of Nova Friburgo on January 2011. Considering the

undergraduate students from state schools of the County, this research intends to

focus on their experience in response to this environmental disaster. The present

work will evaluate the students’ level of risk perception, based on their past

experience and after using the learned concepts of physical geography and

geotechnologies.

Key-words: environmental disaster, risk perception, geotechnologies, risk area.

1 Mestranda do PPGEO-UERJ. Contato por email: [email protected]

2 Docente do PPGEO-UERJ. Contato por email: [email protected]

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3621

1 –Introdução

Eventos extremos de natureza climática e geológica sempre ocorreram em

diferentes partes do planeta. No entanto, as condições de fragilidade ambiental e/ou

socioeconômica expõem determinadas populações a um risco maior. Pode-se

averiguar que em muitos países subdesenvolvidos, (e inserido a este o Brasil) onde

ocorre o predomínio da população de baixa e baixíssima renda e com falta de

informações a respeito de risco ambiental, o desastre se repete provocando várias

mortes. Esta situação de extremos de natureza climática e geológica foi verificada

também na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, especialmente em Nova

Friburgo, no mês de janeiro de 2011. A ocorrência de precipitação intensa num

intervalo de poucas horas causou uma série de deslizamentos de encostas e

enchentes de rios, atingindo áreas rurais e urbanas de municípios serranos.

Nesta “Tragédia”, como falam popularmente os habitantes friburguenses

sobre a grande enchente e deslizamentos devido ao grande número de mortes em

janeiro de 2011, os locais afetados não foram somente aqueles considerados como

principais áreas de risco, como beiras dos rios e áreas desmatadas da periferia de

baixa renda, mas também em áreas com cobertura vegetal, urbanas e rurais devido

à intensidade de precipitação e saturação dos solos. Junto a isto, as condições

físicas de vertentes íngremes, solos rasos e vales estreitos configuram uma

suscetibilidade maior aos processos geomorfológicos de movimentos de massa e

enxurradas. As atividades de uso e ocupação da terra podem, ou não, aumentar a

fragilidade ambiental da região. No caso de Nova Friburgo, não houve distinção de

classes sociais onde toda a população então se viu envolvida direta ou

indiretamente, pois durante uma semana grande parte do município ficou sem

comunicação, sem condições de acesso e mesmo com problemas de abastecimento

básico visto que o caos foi gerado.

A comunidade acadêmica vem desenvolvendo vários estudos focando o

monitoramento de processos geomorfológicos e mapeamentos temáticos,

mapeamento das bacias hidrográficas e uso de geotecnologias, ampliando o

conhecimento e a possibilidade de aplicação nas situações de fragilidade e risco.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3622

Entretanto, tais conhecimentos devem atingir o cidadão comum com a finalidade de

que possa fornecer uma melhor compreensão do meio em que está inserido.

A escola, como parte indispensável na formação do indivíduo/cidadão pode

incorporar ao seu currículo os avanços do conhecimento e das técnicas do setor

acadêmico com as devidas adaptações. Neste contexto, os conteúdos escolares

podem se tornar mais interessantes e incluir o aluno no “mundo digital” a partir do

momento que poderá ser utilizada a sala de informática e as geotecnologias como

ferramentas pedagógicas. Nas situações em que os conteúdos são relacionados ao

cotidiano ou ao espaço ambientado e vivido pelo aluno, a compreensão se torna

mais eficiente.

Baseado na vivência dos alunos do 1º ano do Ensino Médio de dois colégios

da rede estadual do município de Nova Friburgo-RJ (um em uma área mais rural e

outro numa área mais urbana), esta pesquisa se utiliza do fato do município ter

sofrido um grande desastre ambiental

Na referida série, os principais conteúdos ministrados referem-se à Geografia

Física, como fatores e elementos geológicos, geomorfológicos, bacias hidrográficas,

clima, vegetação, impactos ambientais, além de noções importantes de cartografia.

Pretende-se articular tais conteúdos com atividades práticas e participativas

ambientais para viabilizar a discussão de risco ambiental e promover uma maior

percepção espacial dos estudantes, à fim de que os mesmos façam uma análise

ambiental para um melhor ordenamento e planejamento territorial. Através da

elaboração de um mapa de área de risco

As atividades práticas envolverão o mapeamento de possíveis áreas de risco

natural, o uso das geotecnologias como apoio didático objetivando fazer a interação

entre o real e o abstrato, assim como elaborar entrevistas, questionários, visitas a

outros projetos ambientais e órgãos ambientais e participação em palestras

possibilitando com isso o aumento da sua percepção espacial e, ao mesmo tempo,

dinamizando as aulas. Com estas estratégias, o aluno poderá ampliar seu conceito

de espaço, identificar-se com o seu espaço com possibilidade de ser um indivíduo

atuante e não meramente expectador e vítima pois haverá a possibilidade de uma

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3623

alfabetização cartográfica, Educação Ambiental e consequentemente da formação

da cidadania. Ressalta-se que esta concepção está dentro dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) elaborados pelo MEC (Ministério de Educação e

Cultura) para o programa de Geografia. Ademais, tias procedimentos vão ao

encontro do EIRD (Estratégias internacionais de Redução de Desastres) da ONU

(Organização das nações Unidas) e firmado em 2005 o Marco de Ação de Hyogo,

que até 2015 pretende promover espaço a mais o aumento de resiliência

(reconstrução) das nações e comunidades frente aos desastres. A partir do

estabelecimento do Marco de Hyogo várias ações para a redução de desastres

foram estabelecidas ao redor do mundo. Uma delas é desenvolver programas de

risco em sala de aula, com a finalidade de preparar os estudantes a enfrentar os

eventos de desastres, reduzindo assim os riscos e o número de mortes nesta

parcela da população tão vulnerável a eles.

Os conceitos de risco, perigo, vulnerabilidade, suscetibilidade e

área de risco

Os conceitos de riscos tem sido utilizados em diversas ciências e ramos do

conhecimento que tratam assuntos ambientais de forma diferente. Vários termos são

utilizados para riscos como acidentes, áleas, desastres, hazards entre outros. Álea,

segundo VEYRET(2007), corresponde “a um acontecimento possível, decorrente de

um processo natural, tecnológico, social, econômico, havendo possibilidade de

realização.se vários acontecimentos são possíveis fala-se de um conjunto de áleas.

Em inglês, o termo equivalente é hazard.”

Na literatura sobre riscos, muitas vezes vem com o sentido de perigo

(LIEBER; LIEBER, 2002 apud RIBEIRO, 2013). No entanto, perigo e riscos são

conceitos diferentes e ao mesmo tempo complementares. Segundo os conceitos

propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), perigo é considerado como

uma circunstância que prenuncia um mal para alguém ou alguma coisa, portanto

pode causar dano, perda ou prejuízo ambiental, humano, material ou financeiro; e

risco como sendo a probabilidade (ou frequência) esperada de ocorrência dos

danos, perdas ou prejuízo consequentes da consumação do perigo. Neste sentido

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3624

DAGNINO e CARPI JUNIOR, 2007 apud RIBEIRO(2013) consideram o risco como

a probabilidade de que um evento, esperado ou não, se torne realidade.

Na visão de VEYRET e RICHEMOND (2007, P.11) apud RIBEIRO (2013) o

risco é definido como a percepção do perigo, da catástrofe ou desastre possível.

Não há riscos sem uma população ou indivíduo que o perceba e que poderia sofrer

seus efeitos.

O risco é a probabilidade mensurável de um perigo transformar-se em

desastre. Quanto à relação entre perigo e desastre (MARCELINO, 2008 p.23) apud

RIBEIRO (2013) ”definem perigo como uma situação potencial prejudicial em quanto

desastre é a materialização do perigo”. Assim, os fenômenos naturais fazem parte

da dinâmica da Terra, mas quando ocorrem sobre o sistema social, tem-se uma

circunstância de perigo visto que trata de uma situação potencial de danos a

pessoas e a bens. Caso o impacto produza danos e prejuízos extensivos e/ou de

difícil superação pelas comunidades afetadas será considerado um desastre. Os

perigos naturais são considerados segundo vários autores as enchentes, os

deslizamentos, os tornados, as erupções vulcânicas, os furacões, os vendavais, a

chuva de granizo, geadas, as nevascas, a desertificação, os terremotos etc. Como

representam eventos de grande magnitude, normalmente ultrapassam os limites dos

sistemas em que ocorrem, ou seja, geológicos, atmosféricos ou entre eles, e assim

sendo, muitos autores como MARCELINO apud RIBEIRO(2013) concluem que um

perigo não é eminentemente natural, visto promover ações que se sobrepõem tanto

o meio natural como a sociedade.

Segundo MARCELINO (2008, p.24) apud RIBEIRO (2013)“ a quantidade dos

desastres também pode estar vinculada aos elementos sociais expostos, ou seja, à

fragilidade do ambiente socialmente construído (vulnerabilidade) (...)aumentando a

frequência do perigo e a intensidade da vulnerabilidade, aumentará

consequentemente o risco de um perigo transformar-se em desastre”.

A vulnerabilidade é o grau de perda para um dado elemento, grupo ou

comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um

fenômeno ou processo. Esta é determinada por fatores ou processos físicos, sociais,

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3625

econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade aos impactos ambientais

Esta última por sua vez, indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais

e induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade

de ocorrência.

A educação, a formação profissional ou a experiência prática do indivíduo

alteram a percepção de risco do mesmo.

Na visão de TUAN (1980), apud CARVALHO (2006) a “percepção ambiental é

a resposta dos sentidos do indivíduo aos estímulos externos emitidos pelo espaço

que o circunda. Podemos interpretar que esta resposta captura o indivíduo da

condição passiva de mero observador do meio ambiente e o transporta ao nível da

ação, quando este indivíduo não só utiliza a visão como também a cognição”..

A área de risco é então a “área passível de ser atingida por fenômenos ou

processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que

habitam essas áreas estão sujeitas a danos a integridade física, perdas materiais e

patrimoniais. Normalmente, no contexto das cidades brasileiras, essas áreas

correspondem a núcleos habitacionais de baixa renda.”( BRASIL.MINISTÉRIO DAS

CIDADES, 2003)

Especificamente para a pesquisa abordada, estaremos interagindo os temas

com os conteúdos programáticos para o 1 ano do ensino Médio através do Currículo

Mínimo proposto pela Secretaria Estadual de Educação a fim de que os alunos

aumentem a sua percepção de risco.

Este pensamento está de acordo com a campanha “A Redução de Desastres

começa na Escola” (BRÜGGEMAN, 2009), desenvolvida em 2006 e 2007 pela

Estratégia Internacional para Redução de Desastres – EIRD, da Organização das

Nações Unidas e pelo Unicef, que”tem como objetivo informar e mobilizar os

governos para que a redução de risco de desastres se integre plenamente aos

planos de estudo das escolas nos países de alto risco, e que os edifícios escolares

se modernizem para que possam resistir às ameaças naturais”.(BRUGGEMAN,

2009)

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3626

As geotecnologias para o planejamento ambiental

Os recentes avanços tecnológicos vividos desde a década de 1980 até os

dias de hoje, trouxeram inovações não somente para os meios de informação e

comunicação, como também para a Geografia e Cartografia. Dentre estas

mudanças, podemos apontar o desenvolvimento das Geotecnologias, que são as

tecnologias envolvidas com a aquisição de dados espaciais, processamento e

manipulação destes dados, armazenamento e apresentação de informações

espaciais. RICHTER et al., apud CARVALHO ( 2006) afirmam que “os recentes

avanços científicos vividos no campo das geotecnologias vêm trazendo outra vez à

tona a discussão do uso das representações gráficas para o ensino de geografia.

Isto porque o crescente avanço na disponibilização de imagens de sensoriamento

remoto, e de softwares que lidam com a manipulação de dados espaciais, vem

oferecendo um novo modelo de representação da realidade terrestre, ou seja, um

novo instrumento de leitura do espaço geográfico”.

O geoprocessamento utiliza programas de computador que permitem o uso

de informações cartográficas (mapas e plantas) e informações a que se possa

associar as coordenadas desses mapas ou plantas. Por exemplo, permite que o

computador utilize uma planta da cidade identificando as características de cada

imóvel, ou onde moram as crianças de uma determinada escola. Nos possibilita

também, fazer mapas que nos indiquem problemas ambientais, e por meio deles,

tomar decisões que amenizem ou solucionem os impactos

ambientais(CARVALHO,2006).

O Sensoriamento Remoto e Sistema de Informação Geográfica são conceitos

bem distintos. O primeiro é a ciência de obtenção de dados da superfície terrestre

através de imagens obtidas por sensores aerotransportados ou a bordo de satélites

orbitais, enquanto que o segundo é utilizado para armazenar, gerenciar e manipular

estes dados, a fim de revelar novas informações.

Atualmente a internet tornou possível o alcance desta tecnologia a um público

bastante amplo, com programas de SIG livres e algumas ferramentas colaborativas.

Existem SIGs livres e diversos portais na internet que disponibilizam imagens de

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3627

satélite, bases cartográficas e outros dados, o que possibilita de uma maneira cada

vez mais abrangente, reunir, processar e entender melhor as informações

ambientais de forma integrada,os quais podem ser usados no planejamento e

execução de estudos e atividades fundamentais à gestão ambiental.

Recentemente, a popularização das geotecnologias tem possibilitado

mudanças nesses paradigmas, se apresentando como ferramenta com um grande

potencial para a interação e identificação dos elementos que formam a paisagem

geográfica, contribuindo para a compreensão da dinâmica apresentada pela

sociedade e dos impactos gerados pelas ações humanas nas transformações sócio-

espaciais. Neste contexto, o uso de imagens de satélite, por suas características

multiespaciais e multitemporais, pode contribuir, para a expansão dos

conhecimentos cartográficos no ensino em diferentes áreas do conhecimento, e em

particular na geografia, servindo ainda, como “ferramenta-motivacional” no processo

de ensino-aprendizagem. Em consonância com os Parâmetros Curriculares

Nacionais (1998), que apontam para a necessidade de utilização de diferentes

fontes de informação e recursos tecnológicos na aquisição e construção do

conhecimento, a utilização e difusão dessas novas tecnologias na educação básica,

pode contribuir para a melhoria na qualidade do ensino e, consequentemente, para a

formação de uma sociedade mais responsável na utilização sustentável dos

recursos naturais do planeta (CARVALHO, 2006).

Outro fator que pode ser citado a respeito das imagens orbitais, é que embora

recentes, hoje elas estão cada vez mais presentes na internet, sendo o melhor

exemplo o sucesso do aplicativo Google Earth, onde é possível observar a superfície

terrestre desde a escala mundial até a escala local, o que contribuiu para que este

site se tornasse muito popular entre as pessoas (SAUSEN, 2013).

Assim, o presente trabalho se baseia na abordagem da construção de um

mapa de área de risco pelos alunos através do Google Earth visto que este é um

software livre e gratuito onde através de informações via internet o aluno consegue

manusear.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3628

Conclusões:

O presente trabalho baseia-se no conceito de percepção de risco onde

através da vivência dos alunos do 1º ano do Ensino Médio em duas escolas da rede

Estadual de Ensino, no município de Nova Friburgo-RJ, analisará esta percepção

antes e depois dos conteúdos curriculares de geografia.

Nesta análise, pode-se utilizar como ferramenta de trabalho auxiliadora as

geotecnologias que finalizam com a elaboração de mapas temáticos como os de

área de risco. Estas geotecnologias, agilizam o trabalho e funcionam como material

de apoio e banco de dados e informações sobre o meio físico para que os alunos

com um embasamento teórico de geografia e possam ter condições de cobrar dos

nossos gestores públicos o melhor manejo e uso da terra. Assim se praticará o

planejamento ambiental exercendo então uma atuação de cidadania.

Os alunos do 1º ano do Ensino Médio, através da contribuição do estudo da

Geografia Física, poderão aumentar sua percepção de risco ao adquirirem estes

conhecimentos de Geografia. Com este trabalho elabora-se uma educação

Ambiental e condição de cidadania o que viabilizará a percepção dos alunos em

relação ao risco ambiental e auxiliando-os na prevenção e evitando-se assim o

processo de naturalização dos desastres.

Tal estudo vem de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais

elaborados pelo Ministério da Educação, assim como vem de acordo com a Política

Nacional de Redução de Desastres Naturais em consonância com as Estratégias

Internacionais de Redução de Desastres(EIRD) da ONU (Organização das Nações

Unidas) firmadas em Hyogo, Japão em 2005 por 168 Estados e incluído a este, o

Brasil. Este protocolo prioriza dentre outros, o trabalho de prevenção e preparação

da população para os riscos ambientais assim como participação nos

conhecimentos difundidos pela Defesa Civil para a construção de cidades resilientes

onde o papel da escola é fundamental para a preparação dos nossos jovens diante

da situação de risco ambiental também para sua própria sobrevivência.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3629

Bibliografia:

ALVES, Paulo Rafael; Barbosa, Zileny Nelson Tavares; Oliveira, Wellington Nunes de (2011). “ Uso de geotecnologias para mapeamento de áreas de riscos.Estudo de caso: Angra dos Reis –RJ”.Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR. Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.4940. Disponível em: www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1103.pdf. Acessado em: 10/07/2014.

BERNASCONI, Paula; Mendonça, Ricardo Abad Meireles de; Santos, Roberta dos; Scaranello, Marcos.(2011) “Uso das geotecnologias para gestão ambiental. Experiências na Amazônia Meridional”. Disponível em: www.icv.org.br/site/.../uso-das-geocnologias-para-gestão-ambiental.pdf. Acessado em: 10/07/2014.

BRASIL. (2012). Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres.Anuário brasileiro de desastres naturais: 2012 / Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. - Brasília:CENAD.84 p.: il. color.; 30 cm. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=f22ccccd-281a-4b72-84b3-6 654002cff1e6&groupId=185960. Acessado em: 0/07/2014.

BRASIL.(1998). Parâmetros Curriculares Nacionais.Secretaria de Educação Fundamental Terceiro e Quarto Ciclos. G Geografia. Ministério da Educação. Brasília.

BRASIL.(1999). Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Média e Tecnológica. Brasília.

BRÜGGEMAN, Fábio. (2009). Percepção de risco : a descoberta de um novo olhar : livro do professor. Florianópolis : Defesa civil de Santa Catarina.144p.

CARVALHO, Vania Maria Salomon Guayaquil.(2006).Sensoriamento Remoto no ensino básico da geografia: definindo novas estratégias . Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia.Rio de Janeiro.

GUIMARÃES, Solange T. de Lima; Matos, Marcelo Pereira. “A percepção ambiental em planos de emergência: uma proposta para os estudos de sensibilidade ambiental a derrames de óleo”.Disponível em:

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3630

www.rc.unesp.br/igce/geografia/pos/downloads/.../gestao_de_areas.pdf.Acesso em 10/07/2014.

MARTINS, L. J.; SEABRA, V.S.; CARVALHO,V.M.S.G.(2013).” O uso do Google Earth como ferramenta no ensino básico da Geografia”. Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril. Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/rep/dpi.inpe.br/marte2/2013/05.28.23.11.Acessado em: 10/07/2014.

OLIVEIRA, Marcos de. (2009). Livro Texto do Projeto Gerenciamento de Desastres - Sistema de Comando de Operações. Florianópolis: Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Disponível em: http://www.ceped.ufsc.br/sites/default/files/projetos/manual_sco.pdf. Acessado em: 20/07/2014.

PEREIRA et al. (2010).“Geografia Fenomenológica: Espaço e percepção”. Caminhos de Geografia - v. 11, n. 35 . p 173 – 178 .Revista on line disponível em: http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.Acesso em : 07 de outubro de 2012.

PEREIRA, Thaís.(2007). O sensoriamento remoto como recurso didático no ensino fundamental. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia.Programa de Pós-Graduação em Geografia.

RIBEIRO, E. A.W.(2012). “Uma proposta para o uso do sensoriamento remoto na Educação Básica”.Disponível e em:revista.fct.unesp.br › ... › Vol. 1, No 12 (.Acessado em: 24/06/2014

RIBEIRO, Marta Foeppel (2013). Análise ambiental aplicada à definição da Zona de Amortecimento no Parque Estadual da Pedra Branca (município do Rio de Janeiro,RJ, com base em Geoprocessamento. Tese de Doutorado.UFRJ/COPPE/Programa de Planejamento Energético.

ROSS, Luciano Sanches; Spörl, Christiane.(2004). “ Análise comparativa da fragilidade ambiental com aplicação de três modelos”. GEOUSP - Espaço e Tempo. São Paulo, Nº 15, pp.39-49.

SANTOS, D. S.; MAIO, A. C. D.(2013). “Cinema, vídeos e Geografia: O Sensoriamento Remoto como Protagonista”. Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abri.l

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

3631

Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/rep/dpi.inpe.br/marte2/2013/05.29.00.40. Acessado em:20/07/14.

SARMIENTO, N. C. C.; ZACARIAS, A. A.(2013).” O uso de imagens de satélite no ensino de geografia”. Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril.Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/rep/dpi.inpe.br/marte2/2013/05.28.23.21.19. Acessado em: 20/07/2014.

SAUSEN, Tania Maria.(2013). “Desastre Zero-Mapa de risco em sala de aula com o auxílio do Google Earth”. Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR., Foz do Iguaçu, PR.13 a 18 de abril.Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/rep/dpi.inpe.br/marte2/2013/05.28.22.47.51. Acessado em: 20/07/2014.

TOMINAGA, Lídia Keiko; Santoro, Jair; Amaral, Rosangela do (orgs.).(2009). Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo : Instituto Geológico.Pags. 163 a 178.