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A Pecaminosidade

Do Homem Em Seu

Estado NaturalThomas Boston

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Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do original em Inglês

The Sinfulness of Man’s Natural State

By Thomas Boston

Excerto do livro: Natureza Humana Em Seu Estado Quádruplo

Via: ChapeLlibrary.org • © Chapel Library

Tradução por William Teixeira

Revisão e Capa por Camila Almeida

1ª Edição: Janeiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

de Chapel Library (ChapelLibrary.org), um ministério de Mount Zion Bible Church, sob a licença

Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

ne m o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Pecaminosidade do Homem em Seu Estado NaturalPor Thomas Boston

DOUTRINA: O homem natural está agora completamente corrompido

Agora, confirmarei a doutrina da corrupção da natureza.

Levarei uma lente aos seus olhos, pela qual você possa ver a sua natureza pecaminosa; a

qual, apesar de Deus tomar particular conhecimento sobre ela, muitos inteiramente a

ignoram. Consultemos a Palavra de Deus e a experiência e observação dos homens. Como

prova Escriturística, consideremos:

Como a Escritura toma particular conhecimento da Queda de Adão, comunicando a sua

imagem à sua posteridade: “E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua se-

melhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete” [Gênesis 5:3]. Compare isto

com o primeiro versículo do capítulo: “No dia em que Deus criou o homem, à semelhança

de Deus o fez”. Eis aqui, como a imagem do homem depois da queda e a imagem em que

ele foi originalmente criado são opostas. O homem foi criado à semelhança de Deus; isto

é, o Deus santo e justo fez uma criatura santa e justa, mas o Adão caído gerou um filho, e

não à semelhança de Deus, mas à sua própria semelhança; ou seja, o corrupto e peca-

minoso Adão gerou um filho pecador e corrupto. Porque, assim como a imagem de Deus

trazia consigo a justiça e a imortalidade, como foi mostrado antes; assim esta imagem do

caído Adão trazia consigo a corrupção e morte (1 Coríntios 15:49-50; compare o versículo

22 do mesmo capitulo). Moisés, no quinto capítulo de Gênesis, dá-nos a primeira nota da

mortalidade que já existiu no mundo, ele começa o capitulo com isso, que, antes morrer,

Adão gerou mortais. Tendo pecado, se tornado mortal, de acordo com a ameaça [Gênesis

2:17]; e por isso ele gerou um filho à sua semelhança, pecaminoso e, portanto, mortal. As-

sim, o pecado e a morte passaram a todos. Sem dúvida ele gerou tanto Caim quanto Abel

à sua semelhança, assim como Sete; mas isto não é registrado de Abel, porque ele não

deixou nenhuma questão por trás dele, e sua queda gerou o primeiro sacrifício de morte no

mundo, isto foi um relatório suficiente a seu respeito, nem isso é registrado de Caim, de

quem poderia ter sido, embora peculiar, por causa da sua maldade monstruosa; e, além

disso, a sua posteridade foi afogada no dilúvio, mas é registrado sobre Sete, porque ele era

o pai da raça santa; e dele toda a humanidade desde o dilúvio descendeu, e a própria seme-

lhança do caído Adão com eles.

Isto se infere a partir do texto da Escritura: “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém” (Jó

14:4). Nossos primeiros pais eram impuros, como então podemos ser puros? Como pode-

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riam nossos pais imediatos ser puros? Como nossos filhos podem ser? A impureza aqui

referida é uma impureza pecaminosa; pois tal impureza é que enche os dias dos homens

de problemas; e é natural, sendo derivada de pais impuros: “O homem, nascido da mulher”

(Jó 14:1), “Como seria puro aquele que nasce de mulher?” (Jó 25:4). O Deus onipotente,

cujo poder não é aqui desafiado, pode trazer uma coisa pura de uma impura, e fê-lo, no

caso do homem Cristo, mas nenhum outro pode. Toda pessoa que nasce de acordo com o

curso da natureza nasce impuro. Se a raiz é corrupta, assim devem ser os ramos. Nem é o

caso reparado, embora os pais sejam santificados; pois eles são santos apenas em parte,

e isto pela graça, não por natureza, mas eles geram seus filhos como homens, não como

homens santos. Portanto, assim como o pai circuncidado gera um incircunciso, e depois

que o grão mais puro é semeado, colhemos joio com o trigo; deste modo os pais mais san-

tos geram filhos profanos, e não podem comunicar a sua graça a eles, como eles fazem

com a sua natureza; isto muitos pais piedosos encontram ser verdadeiro em sua triste

experiência.

Considere a confissão do salmista Davi (Salmos 51:5): “Eis que em iniquidade fui formado,

e em pecado me concebeu minha mãe”. Aqui, ele sobe de seu pecado atual, até a fonte do

mesmo, ou seja, a natureza corrupta. Ele era um homem segundo o coração de Deus, mas

não foi assim com ele desde o princípio. Ele foi gerado em casamento legal, mas quando o

embrião foi gerado no útero, era um embrião pecaminoso. Daí a corrupção da natureza ser

chamada de “velho homem”; sendo tão antiga quanto nós mesmos somos, mais antiga do

que a graça, mesmo naqueles que são santificados desde o ventre.

Ouça a constatação de nosso Senhor sobre este ponto em João 3:6: “O que é nascido da

carne é carne”. Eis aqui a corrupção universal da humanidade — todos são carne! Não que

todos são frágeis, embora, isto seja uma verdade triste demais; sim, a nossa fragilidade na-

tural é uma evidência de nossa corrupção natural, mas esse não é o sentido do texto. O

significado dele é: todos são corruptos e pecadores, e isto se dá de forma natural. Daí o

nosso Senhor argumenta que porque eles são carne, portanto, eles devem nascer de novo,

ou então eles não podem entrar no reino de Deus (vv. 3-5). E assim como a corrupção de

nossa natureza mostra a necessidade absoluta de regeneração, assim a necessidade

absoluta de regeneração claramente comprova a corrupção de nossa natureza; pois, por

que um homem precisa de um segundo nascimento, se a sua natureza não fosse bastante

prejudicada em seu primeiro nascimento?

O homem certamente está mais afundado agora, em comparação ao que ele já foi. Deus o

fez, um “pouco menor que os anjos”, mas agora vamos encontrá-lo comparado aos animais

que perecem. Ele foi obedecido pelos animais, e agora tornou-se como um deles. Como

Nabucodonosor, sua porção em seu estado natural é com os animais, “que só pensam nas

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coisas terrenas” (Filipenses 3:19). Não, os brutos, em algum modo, possuemalguma vanta-

gem sobre o homem natural, que está afundado um grau abaixo do deles. Ele é mais

negligente do que lhe diz respeito, mais do que a cegonha, ou a tartaruga, ou o grou, ou a

andorinha, no que é de seu interesse (Jeremias 8:7). Ele é mais tolo do que o boi ou jumento

(Isaías 1:3). Ele é encontrado sendo enviado à escola da formiga, que não tem nenhum

chefe ou líder para ir antes dela; nem superintendente ou dominador para obriga-la ou pres-

sioná-la para o trabalho; nenhum governante, mas ela pode fazer o que enumera, não es-tando sob o domínio de ninguém; e ainda assim “prepara no verão o seu pão; na sega

ajunta o seu mantimento” (Provérbios 6:6-8); enquanto o homem natural tem tudo isso, e

ainda se expõe à fome eterna. Não, mais do que tudo isso, as Escrituras sustentam o ho-

mem natural, não só como carecendo das boas qualidades dessas criaturas, mas como um

composto das más qualidades da pior das criaturas tais como: a ferocidade do leão, o ofício

da raposa, a ignorância do jumento selvagem, a imundície do cão e do porco e o veneno

da víbora. A própria Verdade os chama de “serpentes, raça de víboras!”; sim, e mais, até

mesmo de filhos do diabo (Mateus 23:33; João 8:44). Certamente, então, a natureza do

homem é miseravelmente corrompida.

Somos “por natureza filhos da ira” (Efésios 2:3). Somos dignos e susceptíveis da ira de

Deus; e isto naturalmente, porquanto semdúvida somos, por natureza, criaturas pecadoras.

Estamos condenados antes mesmo de termos feito o bem ou o mal; sob a maldição, antes

de sabermos o que ela é. Entretanto, “rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa?” (A-

mós 3:4); ou seja, rugirá o Deus santo e justo, em Sua ira contra o homem, se este não ti-

ver, por seu pecado, se tornado uma presa para a Sua ira? Não, Ele não o fará; Ele não

pode. Isso nos leva a concluir, então, que, de acordo com a Palavra de Deus, a natureza

do homem é corrupta.

Se consultarmos a experiência, e observarmos o caso do mundo, nas coisasque são óbvias

para qualquer pessoa que não fechará os olhos contra a luz clara, perceberemos rapida-

mente tais frutos, bem como descobriremos esta raiz de amargura. Vou propor algumas

coisas que podem servir para convencer-nos deste ponto.

Quem não vê uma enxurrada de misérias transbordando do mundo? Para onde um homem

pode ir de maneira que não molhe seu pé, se, antes esta enxurrada passa a cobrir até

mesmo sua cabeça e orelhas? Todos em casa e na rua, na cidade e no campo, em palácios

e casas de campo, estão gemendo sob alguma uma coisa ou outra que lhes desagrada. Al-

guns são oprimidos pela pobreza, alguns castigados com doenças e dores, alguns estão

lamentando por suas perdas, cada um tem uma cruz de um tipo ou de outro. A condição de

nenhum homem é tão tranquila, antes há sempre algum espinho de mal-estar nela. Com a

morte vem o salário do pecado e depois desses seus arautos, e varrem tudo. Agora, não

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foi o pecado que abriu as comportas da tristeza? Não é uma queixa, um suspiro ouvido no

mundo, uma lágrima que cai de nossos olhos uma evidência de que o homem caiu como

uma estrela do céu; pois “Deus na sua ira lhes reparte dores!” (Jó 21:17). Esta é uma prova

clara da corrupção da natureza; pois aqueles que embora ainda não tenham realmente

cometido pecado, têm sua parcela dessas tristezas; sim, e a sua primeira respiração no

mundo é acompanhada de choro, como se soubessem de pronto que este mundo é um

Boquim, o lugar das carpideiras. Há sepulturas pequenas e grandes no adro da igreja; nun-

ca faltou alguém no mundo, que esteja, como Raquel, chorando por seus filhos, porque

eles já não existem (Mateus 2:18).

Observe quão cedo esta corrupção da natureza começa a aparecer nos jovens. Salomão

observa que “até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e

reta” (Provérbios 20:11). Isso pode em breve ser discernido pela inclinação que se encontra

no coração. Os filhos do caído Adão não seguem os passos de seu pai antes mesmo que

possam andar por conta própria? Não é grande a quantidade de orgulho, ambição, curiosi-

dade pecaminosa, vaidade, teimosia e aversão ao bem que aparece neles? E quando eles

saem da infância, há uma necessidade de usar a vara da correção, para afastar a loucura

que está ligada aos seus corações (Provérbios 22:15), o que mostra que, se a graça nãoprevalecer, a criança será como Ismael: “homem feroz” (Gênesis 16:12).

Observe o surgimento grosseiro das múltiplas formas de pecado no mundo, a maldade do

homem está ainda maior na terra. Eis os frutos amargos da corrupção de nossa natureza:

“Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um

ato sanguinário segue imediatamente a outro” (Oséias 4:2). O mundo está cheio de imun-

dícia e de toda sorte de perversidade, maldade e palavrões. De onde vemo dilúvio do peca-

do sobre a terra, senão desde o rompimento das fontes do grande abismo, o coração do

homem? dos quais procedem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os

homicídios, os furtos, a avareza etc. (Marcos 7:21,22). Pode ser que você dê graças a Deus

com todo o coração, pelo fato de pensar que você não é como esses outros homens; e

deveras, você tem mais razões para isso do que, eu temo, você é consciente, pois “como

na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Provérbios

27:19). Assim como ao olhar para a água clara, você vê o seu próprio rosto, olhando para

o seu coração, você pode ver o dos outros homens ali; e, olhando para outros homens,

neles você pode ver a si próprio. Pois os desgraçados mais vis e profanos que estão no

mundo, devem servir-lhe como um espelho, no qual você deve discernir a corrupção de sua

própria natureza, e se você fizesse isso, seu coração realmente seria tocado e você daria

graças a Deus e não a si mesmo, pelo fato de você não ser como os outros homens em

suas vidas; visto que a corrupção natural é a mesma em você assim como neles.

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Lança o teu olho sobre aquelas terríveis convulsões nas quais o mundo está entregue pelas

concupiscências dos homens! Leões não são presas de leões, nem lobos matam lobos,

mas os homens são transformados em leões e lobos para seus semelhantes, assassinos

devorando-se uns aos outros. Quão rápidos os homens são para desembainharem suas

espadas uns contra os outros! O mundo é um deserto, onde o fogo mais claro que os

homens podem trazer com eles não afugentará os animais selvagens que o habitam (e isto,

porque são homens e não animais selvagens); antes de uma forma ou outra eles serão feri-

dos. Desde que Caimderramou o sangue de Abel, a terra foi transformada emum matadou-

ro; e a perseguição continuou desde que Ninrode começou sua caça; tanto sobre a terra

como no mar, o maior ainda devora o menor. Quando vemos o mundo com uma tal eferves-

cência, cada um atacando o outro com palavras ou espadas, podemos concluir que há um

espírito maligno entre eles. Esta violência ardente entre filhos de Adão mostra que todo o

corpo está corrompido, toda a cabeça está doente, e todo o coração está fraco. Estes certa-mente procedem de uma causa interior, “a saber, dos vossos deleites, que nos vossos

membros guerreiam?” (Tiago 4:1).

Considere a necessidade de leis humanas, resguardada por terrores e gravidade; para que

possamos aplicar o que diz o apóstolo: “a lei não é feita para o justo, mas para os injustos

e obstinados, para os ímpiose pecadores, para os profanos e irreligiosos, para osparricidas

e matricidas, para os homicidas” (1 Timóteo 1:9). O homem foi feito para a sociedade; e o

próprio Deus disse sobre o primeiro homem, quando Ele o havia criado, que “não é bom

que o homem esteja só” [Gênesis 2:18]; no entanto, o caso é de tal ordem que, agora, na

sociedade ele deve ser coberto com espinhos. E a partir daí podemos ver melhor a corrup-

ção da natureza do homem, consideremos: (1) Todo homem naturalmente gosta de estar

em plena liberdade para agir segundo o que bem lhe parece; de ter sua própria vontade e

sua própria lei e, se fosse para seguir as suas inclinações naturais, ele iria colocar-se fora

do alcance de todas as leis, quer Divinas quer humanas. Por isso em alguns, o poder de

cujas mãos têm respondido à sua inclinação natural, têm, de fato, feito a si mesmos sobe-

ranos e acima das lei; conformemente ao intento inicial e monstruoso dos homens, a saber,

serem como deuses (Gênesis 3:5). (2) Não há um homem que estivesse disposto a aven-

turar-se viver em uma sociedade sem lei: portanto, até mesmo os piratas e ladrões têm leis

entre si, apesar de toda a sociedade desrespeitar a lei e o direito. Assim, os homens se

descobrem como tendo consciência da corrupção natural; não se atrevendo a confiar uns

nos outros, senão quando estão assegurados. (3) Muito embora seja perigoso romper a

sebe, ainda assima violência das concupiscências faz comque muitos se aventurem diária-

mente a correr riscos. Eles não somente vão sacrificar seu crédito e sua consciência, o qual

a última é desprezada no mundo, por um prazer de alguns momentos que são imediata-

mente sucedidos por terrores interiores, como eles vão expor-se a uma morte violenta pelas

leis do país no qual vivem. (4) As leis são muitas vezes feitas para ceder à concupiscência

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dos homens. Às vezes, sociedades inteiras incorrem em tais extravagâncias, como um

bando de prisioneiros, eles se desfazem de seus grilhões, e lançam fora seus grilhões; e

assim a voz das leis não pode ser ouvida por causa do barulho das armas. E raramente há

um tempo, no qual não há algumas pessoas tão grandes e ousadas, que as leis não se

atrevema encarar seusdesejos na face; por isso Davi disse a Joabe que havia assassinadoAbner: “Estes homens, filhos de Zeruia, são mais duros do que eu” (2 Samuel 3:39). As

concupiscências, por vezes, tornam-se muito fortes para as leis, pelo que a lei torna-se

frouxa, como o pulso de um moribundo (Habacuque 1:3-4). (5) Considere que muitas vezes

surge a necessidade de alterar leis antigas, e fazer novas, por causa do surgimento de no-

vos crimes, para os quais a natureza do homem é muito frutífera. Não haveria necessidade

de concertar a sebe, se os homens não estivessem, como bestas incontroláveis, sempre

quebrando-as. É atordoante ver o que os israelitas, que foram separados para Deus dentre

todas as nações da terra, fizeram de sua história; confusões horríveis estavam entre eles,

quando não havia rei em Israel, como você pode ver a partir do décimo oitavo ao vigésimo

primeiro capítulo de Juízes: o quão difícil era reformá-los, mesmo quando eles tinham o

melhor dos magistrados! E a rapidez com que se desviavam de novo, quando os gover-

nantes maus assumiam o poder! Não posso deixar de pensar, que um grande projeto da

história sagrada, era descortinar a corrupção da natureza do homem e a necessidade abso-

luta do Messias e de Sua graça; e que devemos, ao lê-la, nos aprimorar para este fim. Quãocortante é a palavra que o Senhor deu para Samuel, sobre Saul: “Eis aqui o homem de

quem eu te falei. Este dominará [ou, como a palavra é, restringirá] sobre o meu povo” (1

Samuel 9:17). Oh! A corrupção da natureza do homem! O temor e o pavor do Deus do céu

não os restringem; antes eles devem ter deuses na terra para fazer isso, “para leva-los à

vergonha” (Juízes 18:7).

Considere os remanescentes da corrupção natural nos santos. Apesar da graça ter sido

infundida, ainda assim a corrupção não é totalmente expulsa; ainda que haja uma nova

criatura, contudo grande parte da velha natureza corrupta permanece; e estas lutam entre

si dentro deles, como os gêmeos no ventre de Rebeca (Gálatas 5:17). Eles encontram isto

presente com eles em todos os momentos e em todos os lugares, mesmo nos lugares mais

recônditos. Se um homem tem um vizinho problemático ele pode mudar-se; se ele tem um

servo doente, ele pode afasta-lo até que melhore; se ele possui uma má companhia, ele

pode, por vezes, sair de casa, e estar livre de ser incomodado por ela, mas se o santo for

para um deserto, ou montar a sua tenda em alguma rocha remota no mar, onde jamais

pisou homem, nem besta ou ave houvesse tocado, ali a sua corrupção natural estaria com

ele. Ele poderia ser como Paulo, arrebatado ao terceiro céu, e ainda assim ele voltaria com

ela (2 Coríntios 12:7). A corrupção natural lhe segue como a sombra faz com o corpo; faz

uma mancha na linha mais fina que se possa desenhar. É como a figueira na parede, que,

embora, tenha sido bemcortada, ainda assim cresceu, até que o muro foi derrubado, assim,

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pois as raízes da corrupção natural estão fixadas no coração, enquanto o santo está no

mundo, como raízes de ferro e bronze. É especialmente ativa quando ele deseja fazer o

bem (Romanos 7:21), então as aves descem sobre os cadáveres. Por isso, muitas vezes,

nos deveres sagrados, o espírito de um santo, por assim dizer, se evapora; e ele os deixa

antes que ele esteja ciente, como Mical, com uma imagem na cama em vez de um marido.

Eu não preciso permanecer por mais tempo neste assunto para provar aos piedosos a

corrupção natural que neles há, pois eles sofrem com ele; e tentar provar isto a eles é como

tomar uma vela e ir mostra-la ao sol, assim como para os ímpios, eles estão prontos a

atribuir pilhas de defeitos aos santos tão grandes como montanhas, se não considerar atodos como hipócritas. Mas considere estas poucas coisas sobre este assunto: “Se ao

madeiro verde fizeram isto, que se fará ao seco?” [Lucas 23:31]. Os santos não nascem

santos, mas são feitos assim pelo poder da graça regeneradora. (1) Eles têm uma nova

natureza, e ainda a velha permanece neles? Quão grande deve ser a corrupção nos outros,

em quem não há graça! (2) Os santos gemem sob isso, como que sob um fardo pesado.

Ouça o apóstolo: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”

(Romanos 7:24). Porque o homem carnal vive sossegado e tranquilo, e a corrupção natural

não é o seu fardo, ele está, portanto, livre dela? Não, não; é porque ele está morto que ele

não sente o seu peso lhe pressionando para baixo. Muitos gemidos são ouvidos da cama

de um enfermo, mas jamais algum foi ouvido de uma sepultura. No santo, como no homem

doente, há uma grande luta; a vida e a morte lutando pelo domínio, mas no homem natural,

como no cadáver, não há um só ruído, porque a morte tem pleno domínio. (3) O homem de

Deus resiste à sua velha natureza corrupta; ele se esforça para mortificá-la, no entanto, ela

permanece; ele esforça-se por matá-la de fome, e por estes meios enfraquece-la, ainda

assim, ela está ativa. Como deve se espalhar, então, e se fortalecer naquela alma, onde

não passa fome, mas antes é alimentada! E este é o caso de todos os não-regenerados,que “cuidam da carne em suas concupiscências” [Romanos 13:14]. Se o jardim do diligente

aguarda um novo dia de trabalho para poda e limpeza, com certeza o jardim do preguiçoso

deve necessariamente estar “todo cheio de cardos” [Provérbios 24:31].

Acrescentarei apenas mais uma observação, e esta é que, em cada homem, naturalmente,

a imagem de Adão caído se manifesta. Algumas crianças, pelas características e traços de

seu rosto, são por assim dizer, como seus pais: e, assim, nos assemelhamos aos nossos

primeiros pais. Cada um de nós carrega a imagem e impressão da queda sobre si, e para

evidenciar a verdade sobre isso, eu faço um apelo às consciências de todos, nestas se-

guintes particularidades:

Não é a curiosidade pecaminosa natural para nós? E isso não é uma cópia da imagem de

Adão (Gênesis 3:6). Não é o homem, naturalmente, muito mais ávido para saber coisas

novas, do que para praticar as antigas verdades já conhecidas? Como o velho Adão, nós

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não andamos nesta ânsia por novidades, e perdemos o gosto pelas sólidas doutrinas anti-

gas? Nós buscamos o conhecimento mais do que a santidade, e estudamos mais para co-

nhecer aquelas coisas que são menos edificantes. Nossas fantasias selvagens e errantes

precisam de um freio para contê-las, ao mesmo tempo em que os afetos bons e sólidos

precisam ser vivificados e estimulados.

Se o Senhor, por Sua santa lei e sábia providência, coloca uma restrição sobre nós, para

nos resguardar de qualquer coisa, a restrição não nos afia o gume de nossas inclinações

naturais, e nos faz mais ávidos em nossos desejos? E nisto não somos claramente denun-

ciados, pela verdade de que somos filhos de Adão? (Genesis 3:2-6). Eu acho que isso não

pode ser negado, pois a observação diária evidencia que este princípio natural, que, “as

águas roubadas são doces, e o pão tomado às escondidas é agradável” (Provérbios 9:17).

Os próprios pagãos estavam convencidos de que o homem estava possuído com este

espírito de contradição, embora eles não conhecessem a raiz dele. Quantas vezes os

homens se perderam naquelas coisas, das quais havendo Deus lhes posto em liberdade,

eles desejaram tê-las ligadas a si mesmos! Mas a natureza corrupta tem prazer no próprio

ato de saltar por cima da cerca. E não é uma repetição da loucura do nosso pai, o fato dos

homens desejarem mais o fruto proibido, do que sacudir a árvore da boa providência para

eles, embora eles tenham permissão expressa de Deus para isto?

Qual de todos os filhos de Adão não é, naturalmente, mais disposto a ouvir a instrução que

causa o erro? E não foi essa a pedra sobre a qual nossos primeiros pais se espatifaram

(Gênesis 3:4-6)? Quão apto é o homem fraco, desde aquela época, para negociar com as

tentações! “Antes Deus fala uma e duas vezes; porémninguématenta para isso” (Jó 33:14),

mas ele prontamente ouve a Satanás. Os homens podem, muitas vezes parecer justos

exteriormente, como se pudessem desprezar as tentações com horror, quando elas primei-

ramente aparecem; se eles pudessem esmaga-las no broto, eles logo as dissipariam, mas,

ai de mim! Ainda que víssemos um trem em chamas vindo em nossa direção permanece-

ríamos inertes até que ele visse e nos esmagasse com a sua força.

Os olhos de nossas mentes não estão muitas vezes como que cegos? E não era esse o

caso de nossos primeiros pais (Gênesis 3:6)? O homem nunca é mais cego do que quando

ele está olhando sobre os objetos que lhe são mais agradáveis ao sentido. Uma vez que

os olhos dos nossos primeiros pais foram abertos para o fruto proibido, os olhos dos ho-

mens se tornaram as portas para a destruição de suas almas; pelos quais imaginações im-

puras e desejos pecaminosos entraram no coração, ferindo a alma, prejudicando a cons-

ciência e trazendo efeitos funestos, por vezes, a sociedades inteiras, como no caso de Acã

(Josué 7:21). O santo Jó estava ciente do perigo destes dois pequenos corpos redondos,

que podem ser arruinados por uma pequena lasca de madeira; de modo que, assim como

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o rei que não ousou, comseus dez mil, sair àquele que vinha contra ele comvinte mil (Lucas

14:31-32), e mandou pedir condições de paz, assim Jó diz: “Fiz aliança com os meus olhos”

(Jó 31:1).

Não é natural para nós cuidarmos do corpo, mesmo em detrimento da alma? Este foi um

ingrediente no pecado de nossos primeiros pais (Gênesis 3:6). Quão felizes poderíamos

ser se tivéssemos metade das dores de nossos corpos sobre as nossas almas! Se essa

pergunta: “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” (Atos 16:30), apenas

passasse tão frequentemente em nossas mentes quanto esta: “Que comeremos, ou que

beberemos, ou com que nos vestiremos?” (Mateus 6:31), então, em muitos casos o pedido

se tornaria esperançoso. Mas a verdade é que a maioria dos homens vive como se fosse

nada mais do que um pedaço de carne; ou como se a sua alma não servisse para nenhum

outro uso, senão atuar como sal para guardar seu corpo da corrupção. “Eles são carne”

(João 3:6); Eles “são segundo a carne e inclinam-se para as coisas da carne” (Romanos

8:5); “e vivem segundo a carne” (v. 13). Se a carne obtiver consentimento para agir, o con-

sentimento da consciência raramente é esperado, por isso o corpo é muitas vezes servido

mesmo quando a consciência entra em protesto contra ele.

Não está cada um, por natureza, descontente com a sua presente sorte no mundo, ou com

alguma coisa ou outra nele? Este também foi o caso de Adão (Gênesis 3:5-6). Alguns estão

sempre querendo alguma coisa; pois o homem é uma criatura dada às mudanças. Se algu-

ma dúvida os permite olhar para todos os seus prazeres; e, após uma averiguação sobre

eles, ouvem os seus próprios corações, eles ouvirão um murmúrio secreto sobre a falta de

alguma coisa; embora, talvez, se o assunto fosse considerado corretamente, veriam que é

melhor para eles carecerem do que terem aquela coisa. Desde que no coração de nossos

primeiros pais voou por meio de seus olhos em direção ao fruto proibido, uma noite de

escuridão foi assim trazida para o mundo, os seus descendentes têm uma doença naturalque Salomão chama de, “vaguear da cobiça”, ou, como a palavra é: “o passeio da alma”

(Eclesiastes 6:9). Esta é uma espécie de transe diabólico, no qual a alma percorre o mundo;

alimenta-se com mil novas futilidades; arrebata a sua e as outras excelências criadas em

sua imaginação e desejo; vai aqui e ali, e em todos os lugares, exceto onde ela deveria ir.

E a alma nunca se cura desta doença, até a graça conquistadora a traga de volta ao seu

descanso eterno em Deus por meio de Cristo. Entretanto até que isso aconteça, se o

homem fosse criado novamente no paraíso, o jardim do Senhor, todos os prazeres de lá

não o impediriam de cobiças, sim, e ele saltaria sobre a sebe uma segunda vez.

Não somos muito mais facilmente impressionados e influenciados por maus conselhos e

exemplos, do que por aqueles que são bons!? Veja que está foi a ruína de Adão (Gênesis

3:6). O mau exemplo, até hoje, é um dos principais ardis de Satanás para arruinar os ho-

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mens. Embora tenhamos, por natureza, mais a ver com a raposa do que com o cordeiro;

ainda assim, aquela péssima característica desta criatura pode ser observada em alguns,

a saber, que se um cordeiro pular na água, os outros que estiverem próximos logo o se-

guem, tal característica pode ser observada também na disposição dos filhos dos homens;

aos quais é muito natural aderirem a um mau caminho, porque veem os outros andando

nele. Um exemplo frequentemente possui a força de uma correnteza violenta, para levar-

nos para longe do dever claro, mas especialmente se o exemplo for dado por aqueles por

quem temos uma grande afeição; neste caso a nossa afeição cega nosso julgamento; e o

que devemos abominar em outros, é consentido com bom humor neles. Nada é mais claro

do que o fato de que os homens geralmente escolhem fazer o que a maioria faz, em vez de

fazer aquilo que deve ser feito.

Quem de todos os filhos de Adão precisa ser ensinado na arte de coser folhas de figueira,

para cobrir sua nudez (Gênesis 3:7)? Quando nós nos arruinamos, e nos tornamos nus

para nossa vergonha, nós naturalmente procuramos ajudar a nós mesmos: mui fracos

artifícios são empregados, tão tolos e insignificantes quanto as folhas de figueira de Adão.

Que dores os homens não experimentaram para cobrir seu pecado de sua própria consci-

ência, e desenhar sobre ela todas as cores justas que podem! E quando uma vez as convic-

ções são estabelecidas sobre eles, para que eles não consigam deixar de ver a sua nudez,

é muito natural para eles que tentem encobri-la por autoengano, tão naturalmente quanto

os peixes nadam na água ou pássaros voam no ar. Portanto, a primeira questão do con-vencido é: “Que faremos?” (Atos 2:37). Como vamos nos qualificar? O que devemos reali-

zar? Não considerando que a nova criatura é a própria obra de Deus (Efésios 2:10), mais

do que Adão ponderamos e pensamos em sermos vestidos com peles de sacrifícios (Gêne-

sis 3:21).

Os filhos de Adão não seguem naturalmente os seus passos em esconder-se da presença

do Senhor? (Gênesis 3:8). Somos tão cegos nesta matéria quanto ele foi quando pensou

emesconder-se da presença de Deus, entre as árvores frondosasdo jardim. Estamos muito

provavelmente nos prometendo mais segurança em um pecado secreto, do que em um queesteja abertamente exposto. “Assim como o olho do adúltero aguarda o crepúsculo, dizen-

do: Não me verá olho nenhum” (Jó 24:15). Os homens vão livremente fazer em segredo

aquilo que teriam vergonha de fazer na presença de uma criança; como se a escuridão pu-

desse escondê-los do Deus que tudo vê. Não somos naturalmente descuidados da comu-

nhão com Deus; sim, e até mesmo avessos a ela? Nunca houve qualquer comunhão entre

Deus e os filhos de Adão, onde o próprio Senhor não teve a primeira palavra. Se Ele os

deixasse em paz estes nunca O buscariam; “escondi-me” (Isaías 57:17). Será que ele bus-

caria a Deus escondendo-se? Muito longe disso: “seguiu o caminho do seu coração”.

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Quão relutantes os homens são para confessar o pecado e para tomar a culpa e a vergonha

sobre si mesmos? Não foi assim no caso diante nós? (Gênesis 3:10). Adão confessa a sua

nudez, pois não poderia ser negada; mas não diz uma palavra a respeito de seu pecado; a

razão disso era que ele de bom grado teria escondido, se pudesse. É tão natural para nós

escondermos o pecado quanto o cometermos. Muitos exemplos tristes disto temos neste

mundo, mas uma prova muito mais clara disto será no dia do Julgamento, o dia em que“Deus há de julgar os segredos dos homens” (Romanos 2:16). Muitas bocas sujas, serão

então vistas, embora agora estes “limpem a sua boca e digam: Não fizemos nada de mal!”

(Provérbios 30:20).

Não é natural para nós atenuarmos o nosso pecado e transferirmos a nossa culpa para

outros? Quando Deus examinou nossos primeiros pais culpados, Adão não colocou a culpa

na mulher? E a mulher não colocou a culpa sobre a serpente? (Gênesis 3:12-13). Agora os

filhos de Adão não precisam ser ensinados nesta política infernal; pois antes que possam

falar bem, se eles não podem negar o fato, eles engenhosamente dirão alguma coisa para

diminuir a culpa deles, e colocar a culpa sobre outro. Não, tão natural isto é para os homens,

que nos maiores pecados, eles colocarão a culpa sobre o próprio Deus; eles blasfemarão

de Sua santa providência sob o nome equivocado de infortúnio ou duro golpe, e, assim,

colocarão a culpa de seu pecado à porta do céu. E não foi este um dos truques de Adãodepois de sua queda? “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me

deu da árvore, e comi” (Gênesis 3:12). Observe a ordem do discurso. Ele faz o seu pedido

de desculpas, emprimeiro lugar, e emseguida, vema confissão: o seu pedido de desculpas

é longo, mas a sua confissão muito curta; tudo é compreendido em uma palavra: “e comi”.

Quão enfático e distinto é seu pedido de desculpas, como se ele estivesse temeroso de

dizer que ele havia sido enganado! “A mulher”, diz ele, ou “aquela mulher”, como se ele ti-

vesse apontado para o Juiz de suas próprias obras, das quais lemos (Gênesis 2:22). Havia,

então, apenas uma mulher no mundo, de modo que se poderia pensar que ele não precisa-

va ter sido tão refinado e exato em apontar para ela; mas “ela” é tão cuidadosamente acen-

tuada em sua defesa, como se houvesse dez mil: “A mulher que me deste”. Aqui ele fala,

como se ele tivesse sido arruinado pelo dom de Deus. E, para fazer o dom mais sombrio,

ele é adicionou: “me deste por companheira”, como minha companheira constante, para

ficar ao meu lado como uma auxiliadora. Isso parece como se Adão tivesse insinuado um

mau desígnio sobre Senhor, dando-lhe esta dádiva. E, afinal, há uma nova demonstração

aqui, antes que a sentença seja completada; ele não diz: “A mulher me deu”, mas “a mulher,

ela me deu”, enfaticamente; como se ele se referisse diretamente a ela, ela mesma, me

deu da árvore. Isto é muito para seu pedido de desculpas. Mas sua confissão é rapidamente

feita em uma palavra, quando ele falou isso: “e comi”. Não há nada aqui a apontar para si

mesmo e tão pouco para mostrar que ele tinha comido. Quão natural é esta arte negra para

a posteridade de Adão! Aquele que corre pode lê-lo. Então, universalmente a observação

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de Salomão se mantém verdadeiras: “A estultícia do homem perverterá o seu caminho, e o

seu coração se irará contra o Senhor” (Provérbios 19:3). Vamos, então, chamar o caído

Adão de nosso pai; não neguemos a nossa relação, posto que trazemos conosco a sua

imagem.

Para encerrar este ponto, suficientemente confirmado por concordância da evidência da

Palavra do Senhor, e da nossa própria experiência e observação; sejamos convencidos a

acreditar na doutrina da corrupção de nossa natureza; e olhemos para o segundo Adão, o

bendito Jesus, para a aplicação de Seu precioso sangue, para remover a culpa do nosso

pecado; e para a eficácia do Seu Espírito Santo, para nos fazer novas criaturas; sabendo

que “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” [João 3:3].

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitosAo conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’CheyneAdoração — A. W. PinkAgonia de Cristo — J. EdwardsBatismo, O — John GillBatismo de Crentes por Imersão, Um DistintivoNeotestamentário e Batista — William R. DowningBênçãos do Pacto — C. H. SpurgeonBiografia de A. W. Pink, Uma — Erroll HulseCarta de George Whitefield a John Wesley Sobre aDoutrina da EleiçãoCessacionismo, Provando que os Dons CarismáticosCessaram — Peter MastersComo Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção daEleição — A. W. PinkComo Ser Uma Mulher de Deus? — Paul WasherComo Toda a Doutrina da Predestinação é corrompidapelos Arminianos — J. OwenConfissão de Fé Batista de 1689Conversão — John GillCristo É Tudo Em Todos — Jeremiah BurroughsCristo, Totalmente Desejável — John FlavelDefesa do Calvinismo, Uma — C. H. SpurgeonDeus Salva Quem Ele Quer! — J. EdwardsDiscipulado no T empo dos Puritanos, O — W. BevinsDoutrina da Eleição, A — A. W. PinkEleição & Vocação — R. M. M’CheyneEleição Particular — C. H. SpurgeonEspecial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —J. OwenEvangelismo Moderno — A. W. PinkExcelência de Cristo, A — J. EdwardsGloriosa Predestinação, A — C. H. SpurgeonGuia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. PinkIgrejas do Novo Testamento — A. W. PinkIn Memoriam, a Canção dos Suspiros — SusannahSpurgeonIncomparável Excelência e Santidade de Deus, A —Jeremiah BurroughsInfinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvaçãodos Pecadores, A — A. W. PinkJesus! – C. H. SpurgeonJustificação,PropiciaçãoeDeclaração —C.H.SpurgeonLivre Graça, A — C. H. SpurgeonMarcas de Uma Verdadeira Conversão — G. WhitefieldMito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. ChantryNatureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.Pink

Oração — Thomas Watson Pacto da Graça, O — Mike Renihan Paixão de Cristo, A — Thomas Adams Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill Porção do Ímpios, A — J. Edwards Pregação Chocante — Paul Washer Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon Queda, a Depravação Total do Homem em seu EstadoNatural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon Sangue, O — C. H. Spurgeon Semper Idem — Thomas Adams Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça deDeus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.Edwards

Sobre aNossa Conversão a Deuse Como Essa Doutrinaé Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aosPropósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo deClaraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológicano Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1

2Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nemfalsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

3

4

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória5

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.6

Porque Deus,que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

7

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.8

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.9

Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;10

Trazendo semprepor toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos;11

E assim nós, que vivemos, estamos sempreentregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal.12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.13

E temosportanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos.14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco.15

Porque tudo isto é por amor de vós, paraque a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus.16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia.17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;18

Não atentando nós nas coisasque se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.